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Indústria e Desenvolvimento: desafios e
perspectivas para os economistas
> Lia Hasenclever (IE/UFRJ)
Grupo de Economia da Inovação - Instituto de Economia da UFRJ
Aula Inaugural Instituto de Economia – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 31/08/2016
Os Cenários: 1972 e 2016
1972: Acelerada elevação da participação da
indústria no Produto Interno Bruto
2016: Forte queda da participação da indústria
no Produto Interno Bruto
Problema: Desindustrialização?
Grupo de Economia da Inovação - Instituto de Economia da UFRJ
Indústria de Transformação Brasileira (% do PIB) –1955 a 2029
Grupo de Economia da Inovação - Instituto de Economia da UFRJ
Fonte: Fiesp/Decon
Grupo de Economia da Inovação - Instituto de Economia da UFRJ
Os cenários: 1972 e 2016 e as políticas
Até meados de 1980: política cepalina de industrialização apartir de transferência de tecnologia: substituição deimportações
Entre anos 1985 e 1990: política liberalizante e ausênciade políticas industriais e tecnológicas explícitas
A partir dos anos 2000: novo contexto de globalizaçãoreduz margem de manobra para as políticas anteriores:
1. proibição do estabelecimento de tarifas;
2. proibição do controle de capitais;
3. aumento do comércio entre firmas e diminuição de suaimportância entre países – cadeias globais de valor
4. redução da difusão das tecnologias pela assinatura doTRIPS
5. mudanças tecnológicas intensas
Redução absoluta da produção industrial?
Crescimento menor da produção e do emprego
industriais em relação aos demais setores de
atividade?
Substituição da produção nacional por
importações?
Reprimarização da pauta exportadora?
Especialização regressiva da produção industrial?
Mas o que é desindustrialização?
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Redução da participação da indústria no emprego
total (Clark, 1967; Rowthorn & Wells, 1987)
Redução da participação da indústria no emprego
e no produto (Tregenna, 2009)
Doença holandesa e especialização regressiva
(Bresser-Pereira, 2008)
Coeficiente de penetração das importações e
substituição da produção nacional (Puga, 2007)
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As várias definições de desindustrialização
Desindustrialização como processo de evolução natural do desenvolvimento
Elevação de renda aumenta demanda de serviços
Avanços tecnológicos aumentam produtividade do trabalho
Deslocamento do emprego para outros setores de atividade
Desindustrialização em diferentes visões do processo de desenvolvimento
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Desindustrialização como processo precoce
Perda de participação da indústria antes da
elevação do PIB per capita
Algum fenômeno é responsável por interromper
a trajetória “natural”
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Desindustrialização em diferentes visões do processo de desenvolvimento
Participação da indústria manufatureira no PIB e PIB per capita (US$, preços constantes de 2000): Países da
OECD, 1985-2008.
Fonte: Elaboração própria com base nos World Development Indicators (2011).
Desindustrialização e renda per capita na OECD
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PIB per capita (US$, preços constantes de 2000) e participação da indústria manufatureira no PIB (%): Brasil,
1985-2008.
Fonte: Elaboração própria com base nos World Development Indicators (2011).
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Desindustrialização e renda per capita no Brasil
Doença holandesa
Vantagens comparativas em setores intensivos
em recursos naturais ou mão de obra
Saldos comerciais positivos
Apreciação cambial
Perda de competitividade da indústria
Deslocamento dos investimentos
Desindustrialização
Desindustrialização em diferentes perspectivas teóricas
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Doença holandesa “latino-americana”
Reformas do Consenso de Washington
Abertura comercial e financeira
Superávit primário
Saldos na balança de capital positivos
Mesmo processo de especialização produtiva
e desindustrialização
Desindustrialização em diferentes perspectivas teóricas
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Limitação da capacidade de crescimento e
desenvolvimento
Porque?
Indústria é o motor do desenvolvimento:
Efeitos multiplicadores do produto e do investimento
Geradora de progresso tecnológico
Economias de escala sobre a produtividade
Empregos de maior qualidade
Produtividade cumulativa
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Problema da desindustrialização para o desenvolvimento
Renda per capita do Brasil e dos países desenvolvidos de 1950 a 2011 (US$ PPC – preços constantes de 2005)
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Fonte: Fiesp/Decon
Debate em meados dos 1990
Retorno do debate a partir de 2003
Pontos em comum: câmbio valorizado
Aumento das importações: produtos
industrializados/alto conteúdo tecnológico
Aumento da especialização das exportações:
primarização da pauta
Desindustrialização no Brasil? De que tipo?
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Puga (2007), Nassif (2008), Barros e Pereira (2008)
Não houve crescimento negativo da produção industrial
Setores de alto conteúdo tecnológico (BK) não retraíram a produção
Aumento de participação da indústria extrativa e petróleo é resultado das vantagens comparativas
Importações aumentaram a produtividade
Reestruturação da indústria ao novo cenário
Autores que negam a desindustrialização no Brasil
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Bresser-Pereira (2008), Feijó (2005), etc.
Queda da participação da indústria no PIB
Reprimarização das exportações
Aumento das importações intensivas em tecnologia
Especialização regressiva da produção industrial
Queda no valor adicionado da indústria (VTI/VBPI)
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Autores que acreditam na desindustrialização do Brasil
Não há indícios conclusivos de desindustrialização
Problemas de mensuração
Indicadores de especialização não são tão expressivos
Câmbio valorizado e manutenção da tendência de especialização pode comprometer desenvolvimento futuro
Visão crítica sobre o processo de desindustrialização
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Principais problemas:
Mudanças tecnológicas e organizacionais (ilusão estatística);
Terceirização de atividades/subcontratação (anos 90).
Serviços industriais
Mudanças metodológicas e rupturas das séries:
Contas nacionais: 1989-1990 e 1994-1995.
CNAE: 1996 e 2007
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Participação da Indústria no PIB – 1ª Crítica
Desafios atuais para promoção da indústria
Nova visão da CEPAL a partir dos anos 1990:
• agregação de conhecimento,
• progresso técnico, e
• diferenciação de produtos
são essenciais para se vencer a dependência tecnológica herdada do
período de substituição de importações (Fajnzylber, 1987) no novo
contexto globalizado e de mudanças tecnológicas
Política macroeconômica pró-indústria; política comercial ativa;
políticas educacionais e de qualificação dos trabalhadores;
política de saúde e políticas de melhoria das infraestruturas
Política de gerenciamento de rendas: em que medida as rendas
criadas pelos suportes da política industrial estão sendo reinvestidas
no crescimento da produtividade, competitividade e sustentabilidade
das indústrias apoiadas?
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Considerações finais
A indústria continua sendo o motor do desenvolvimento e a
única forma de alcançar o nível de renda per capta dos países
mais desenvolvidos
Mesmo os países desenvolvidos estão buscando a
reindustrialização
E nós???? Vamos deixar a indústria morrer????
Congrego aos novos alunos e futuros economistas a virem
fazer parte da Associação Brasileira de Economia Industrial e
Inovação (ABEIN), recém criada, para pensar como superar
os novos desafios no cenário atual
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Grupo de Economia da Inovação
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Agradecimentos: Felipe Marcolino (bolsista do GEI)
e-mail: letí[email protected]
telefone (21) 3873-5274 ou 5275
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