Idealizada e organizada pela O Instituto Federal de Educação, … · Janaína Dória Líbano...
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O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Ja-neiro (IFRJ) foi criado de acordo com a Lei nº 11.892/2008, a par-tir da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química (Cefet Química) de Nilópolis (RJ) e da integração do Colégio Agrícola Nilo Peçanha, até então vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF). Amparado nos princípios da éti-ca e da cidadania, o IFRJ atua na formação de jovens e adultos trabalhadores comprometidos com o desenvolvimento sustentá-vel. Tendo como perspectiva uma educação inclusiva, a Instituição busca resgatar o direito ao conhe-cimento e à formação profissional de cidadãos, sobretudo daqueles historicamente em condição de vulnerabilidade. O IFRJ é um verdadeiro polo de conhecimento que apoia o de-senvolvimento regional e, conse-quentemente, contribui com o de-senvolvimento nacional, voltando sua atenção às tendências do mundo produtivo e aos arranjos locais e nacionais. Desse modo, desenvolve pesquisa em novos processos e produtos, bem como na formação de educadores. Para isso, a Instituição promove a par-ticipação da comunidade inter-na e atrai a comunidade externa para somar forças nessa grande tarefa de promover o desenvolvi-mento humano na sua plenitude.
Idealizada e organizada pela Pró-Reitoria de Ensino de Gra-duação (Prograd) do Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tec-nologia do Rio de Janeiro (IFRJ), a coleção Cadernos Prograd IFRJ tem o objetivo de criar um novo canal de comunicação acadêmi-ca e abordar os temas de maior relevância no que diz respeito ao ensino de graduação. Neste segundo volume da coleção, o ponto central são as experiências vivenciadas por es-tudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Ini-ciação à Docência (Pibid/IFRJ). Criado pela Capes, o Pibid é uma iniciativa que visa apoiar os licen-ciandos na iniciação à docência, fortalecendo sua formação para o trabalho em escolas públicas. Nesta publicação, são apre-sentados relatos de experiência que aproximam a teoria à prática contextualizada e fundamentada em um aporte teórico. As situa-ções reais aqui relatadas pelos au-tores são pertinentes à formação de professores para a Educação Básica, à articulação entre teoria e prática, à qualidade do ensino, à permanência e ao êxito dos estu-dantes, bem como ao desenvolvi-mento do ensino voltado a Licen-ciaturas no IFRJ. Que esta coleção, contem-plando diferentes e possíveis lei-turas no campo da graduação, estimule seus leitores a, do ponto de vista crítico e reflexivo, debater amplamente questões essenciais à vida acadêmica!
Cadernos PROGRAD
IFRJ Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - Pibid/IFRJ
Volume 2
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Ja-neiro (IFRJ) foi criado de acordo com a Lei nº 11.892/2008, a par-tir da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química (Cefet Química) de Nilópolis (RJ) e da integração do Colégio Agrícola Nilo Peçanha, até então vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF). Amparado nos princípios da éti-ca e da cidadania, o IFRJ atua na formação de jovens e adultos trabalhadores comprometidos com o desenvolvimento sustentá-vel. Tendo como perspectiva uma educação inclusiva, a Instituição busca resgatar o direito ao conhe-cimento e à formação profissional de cidadãos, sobretudo daqueles historicamente em condição de vulnerabilidade. O IFRJ é um verdadeiro polo de conhecimento que apoia o de-senvolvimento regional e, conse-quentemente, contribui com o de-senvolvimento nacional, voltando sua atenção às tendências do mundo produtivo e aos arranjos locais e nacionais. Desse modo, desenvolve pesquisa em novos processos e produtos, bem como na formação de educadores. Para isso, a Instituição promove a par-ticipação da comunidade inter-na e atrai a comunidade externa para somar forças nessa grande tarefa de promover o desenvolvi-mento humano na sua plenitude.
Idealizada e organizada pela Pró-Reitoria de Ensino de Gra-duação (Prograd) do Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tec-nologia do Rio de Janeiro (IFRJ), a coleção Cadernos Prograd IFRJ tem o objetivo de criar um novo canal de comunicação acadêmi-ca e abordar os temas de maior relevância no que diz respeito ao ensino de graduação. Neste segundo volume da coleção, o ponto central são as experiências vivenciadas por es-tudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Ini-ciação à Docência (Pibid/IFRJ). Criado pela Capes, o Pibid é uma iniciativa que visa apoiar os licen-ciandos na iniciação à docência, fortalecendo sua formação para o trabalho em escolas públicas. Nesta publicação, são apre-sentados relatos de experiência que aproximam a teoria à prática contextualizada e fundamentada em um aporte teórico. As situa-ções reais aqui relatadas pelos au-tores são pertinentes à formação de professores para a Educação Básica, à articulação entre teoria e prática, à qualidade do ensino, à permanência e ao êxito dos estu-dantes, bem como ao desenvolvi-mento do ensino voltado a Licen-ciaturas no IFRJ. Que esta coleção, contem-plando diferentes e possíveis lei-turas no campo da graduação, estimule seus leitores a, do ponto de vista crítico e reflexivo, debater amplamente questões essenciais à vida acadêmica!
ISBN: 978-85-64089-23-5ISBN: 978-85-64089-25-9©2017Direitos de publicação reservados ao:Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeirowww.ifrj.edu.br
VENDA PROIBIDA
ISBN: 978-85-64089-23-5
ISBN: 978-85-64089-25-9
©2017
Direitos de publicação reservados ao:
Instituto Federal do Rio de Janeiro
www.ifrj.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Ficha catalográfica elaborada por: Cristiane Teixeira de Oliveira
CRB 7-5592
I59 Instituto Federal do Rio de Janeiro.
Relatos de experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência: Pibid/IFRJ, volume 2 / Ismarcia Gonçalves Silva et al ; Janaína Dória Líbano Soares organizadora. – Rio de Janeiro: IFRJ, 2017.
302 p.: il. Color.; 21 cm. – (Cadernos Prograd, v. 2). ISBN 978-85-64089-25-9. Inclui bibliografia. 1. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Brasil). 2. Professores - Formação - Rio de Janeiro. 3. Prática de ensino – Rio de Janeiro. I. Silva, Ismarcia Gonçalves. II. Soares, Janaína Doria Líbano. III. Instituto Federal do Rio de Janeiro. III. Título.
CDU 377
ReitorPaulo Roberto de Assis Passos
Pró-Reitora de Ensino de GraduaçãoElizabeth Augustinho
Pró-Reitora Adjunta de Ensino de GraduaçãoCássia do Carmo Andrade Lisbôa
Diretora de Programas para o Desenvolvimento da GraduaçãoJanaína Dória Líbano Soares
Coordenadora Geral da GraduaçãoPriscila Caetano Bentin
Coordenadora de Apoio ao EstudanteLuana Ribeiro de Lima da Silva
Técnico em Assuntos EducacionaisLevy Freitas de Lemos
PedagogaLívia Cristina Veiga Rios
Assistente em AdministraçãoLeonardo Siqueira Sancier de Oliveira
Conselho EditorialCristiane Teixeira de Oliveira – Presidente do ConselhoAudrei Aparecida Franco de Carvalho – Programadora VisualClaudia Regina Corrêa Lins Vieira – Revisora de Textos
SumárioApresentação
Capítulo 1 – A Importância do Pibid na Formação
Inicial dos Licenciandos do IFRJ
Capítulo 2 – Avaliação dos Bolsistas em Relação ao
Pibid no Campus Paracambi
Capítulo 3 – Conquista de Território: Jogando com
Probabilidades
Capítulo 4 – Consolidação do Tema Tabela Periódica por
meio de Atividade Lúdica: Um Relato de Experiência do
Pibid IFRJ (CDuC)
Capítulo 5 – Construção de Miniatura de Roda-gigante
para o Aprendizado de Conceitos de Matemática e Física
Capítulo 6 – Experimentos Didáticos de Ciências: Práti-
ca e Formação Docente
Capítulo 7 – Jogo da Memória: Uma Proposta para Dina-
mizar o Ensino de Ciências e Matemática
Capítulo 8 – O Uso do Jogo Perfil Geométrico na Auxilia-
ção da Aprendizagem de Geometria
9
15
31
55
85
111
129
149
165
Capítulo 9 – Pibid, Jogos Matemáticos e suas Reflexões
Capítulo 10 – Projeto Chernobyl – 30 Anos de uma
História Nuclear
Capítulo 11 – Projeto Ciências do Amor: Usando o Dia dos
Namorados como Tema Gerador para Contextualização
de Experimentos de Matemática, Química e Física
Capítulo 12 – Como Reconhecer Figuras Geométricas
Capítulo 13 – Como Trabalhar os Polímeros com um
Olhar CTSA
Capítulo 14 – Eletricidade, Lâmpadas, Luz e
Conscientização
181
201
225
243
259
279
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 9
Apresentação
Gabriela Salomão Alves Pinho1
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (Pibid) vem se consolidando no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro (IFRJ) desde 2007, estando atualmente pre-
sente em quatro campi da instituição, a saber: Niló-
polis, Duque de Caxias, Volta Redonda e Paracambi.
Contando com 22 escolas conveniadas, distribuídas
em vários municípios da Baixada Fluminense e das
regiões Sul-Fluminense e Metropolitana do Rio de
Janeiro, o Pibid desenvolve atividades de iniciação à
docência em Química, Física e Matemática, áreas do
conhecimento justamente com maior defasagem de
professores em território nacional. No entanto, mes-
mo com a indiscutível visibilidade do impacto des-
sas ações nos últimos oito anos, o momento atual é
permeado de incertezas e questionamentos quanto à
manutenção desse programa acadêmico.
1 Coordenadora de área de gestão de processos educacionais do Pibid IFRJ.
Cadernos Prograd IFRJ 10
A tônica do Pibid no IFRJ é promover aos adoles-
centes a construção de conhecimento significativo (com
a contextualização e cenas cotidianas para aborda-
gem dos conteúdos de Ciências) e aproximá-los de
saberes relevantes à realidade vivenciada, bem como
despertar neles a curiosidade por meio de experi-
mentos e imagens, dando sentido aos conceitos tra-
balhados. Associado a isso, o projeto tem o objeti-
vo de qualificar a formação de professores da área
de Ciências – a fim de que lidem com a diversidade
de público trabalhado e de níveis de escolarização,
compreendam esses diferentes contextos e adaptem
as linguagens e metodologias para que haja não só
uma melhor interação com os alunos, como também
a construção do conhecimento.
A promoção desse diálogo constante traz à tona
reflexões acerca da formação do docente, a partir de
sua vivência em escolas públicas desde os primeiros
períodos do curso de Licenciatura. Dessa maneira,
questionamentos oriundos da prática dão ressignifica-
ções à formação e um novo sentido aos componentes
curriculares tanto da área específica quanto da peda-
gógica – o que evidencia a necessidade de uma pro-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 11
posta interdisciplinar de intervenção. Esse, contudo, é
um grande desafio a ser implementado nos cursos de
Formação de Professores e nas instituições de Ensino
Médio. Vivenciar a profissão escolhida desde o início do
curso possibilita ao licenciando a construção de uma
formação mais fundamentada, crítica e ciente de res-
ponsabilidades éticas e políticas – uma excelente alter-
nativa para a formação inicial docente. Nesse sentido,
a formação continuada dos supervisores – professores
em exercício na Educação Básica – é também um im-
portante viés para a qualidade da educação pública no
Brasil. Por um lado, possibilitar que jovens licenciandos
tenham contato responsável com a carreira escolhida é
uma ação que impacta a futura vida profissional deles
(à medida que o Pibid busca qualificar essa formação e
valorizar a docência). Por outro lado, inserir o supervi-
sor da escola de Educação Básica em novas discussões
e questionamentos cria espaços de trocas e a oxigena-
ção de ideias e práticas – o que é fundamental ao bom
andamento do programa. Muitas vezes, é possível ob-
servar um grande isolamento por parte dos professo-
res, que passam a reproduzir práticas alienantes, sem
sentido para os estudantes e para eles próprios. Sobre
Cadernos Prograd IFRJ 12
essa questão, o Pibid proporciona a desconstrução de
cristalizações. Além disso, à medida que está à fren-
te de um grupo de licenciandos, causa inquietações e
desacomodações, promovendo atividades, propostas de
ensino e aprendizagem, metodologias alternativas para
abordagens dos mais diversos conteúdos, a elabora-
ção de práticas e experimentos, a criação de materiais
lúdicos, visitas técnicas e a constante conexão entre
os conteúdos trabalhados e a vida cotidiana dos estu-
dantes. De modo geral, o Pibid tem promovido grande
desenvolvimento a todos os atores envolvidos – espe-
cialmente os estudantes das escolas conveniadas, que
lidam com metodologias alternativas na abordagem de
Química, Física e Matemática. Isso torna possível, por
vezes, o início da construção da alfabetização científi-
ca, dando outro sentido ao estudo das Ciências Exatas
e da Natureza, como pode ser observado nos diversos
trabalhos e relatórios de atividades apresentados pelo
grupo em eventos científicos daquelas três áreas e da
área do Ensino.
O Pibid nos aponta uma busca em subverter a
ideia de que o conhecimento se aprende na universi-
dade e se aplica na escola, dialetizando essa relação e
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 13
sugerindo que a formação do professor supera as no-
ções de “formação inicial” ou “formação continuada” e
se caracteriza por sua cotidianidade, permanência e
relação de subjetividade e saberes em rede. É necessá-
rio entender que a instituição escolar e os espaços não
formais de construção do conhecimento se constituem
no lócus privilegiado de formação – sobretudo docen-
te. Desse modo, torna-se urgente que as Instituições
de Educação Superior estabeleçam parcerias na for-
mação. Com isso, pretende-se superar a fragmentação
entre teoria e prática e questionar de que maneira se
chega à escola de hoje, para, a partir daí, pensar-se
em temáticas pertinentes ao cenário da Educação no
Brasil, entendendo os currículos como práticas de sa-
beres e fazeres, e não como prescrições.
A proposta é instigar a aptidão interrogativa,
orientá-la e desenvolver o pensamento crítico; é ha-
bilitar o aluno do curso de Licenciatura (bem como o
professor da Educação Básica) a compreender, pes-
quisar e intervir nas práticas educativas, consideran-
do suas dimensões políticas e éticas.
Os subprojetos do Pibid-IFRJ aqui apresenta-
dos foram planejados e executados a fim de que –
Cadernos Prograd IFRJ 14
por meio de suas atividades – professores e futuros
professores envolvidos pudessem (e possam sempre)
aprender suas práticas pedagógicas e refletir nelas.
Nos últimos anos, o impacto do Pibid tem
sido bastante evidente nos cursos de Licenciatura do
IFRJ; exemplo disso é a queda do índice de evasão
observada nos cursos contemplados. Como política
pública de formação inicial, a inserção de jovens gra-
duandos no programa possibilita a vivência com a
profissão e, muitas vezes, a desconstrução do imagi-
nário social e coletivo sobre a desvalorização da do-
cência. Outros olhares em direção ao fazer docente,
às escolas públicas, à relação entre professor e alu-
nos e às metodologias de ensino e aprendizagens po-
dem ser construídos em favor de uma formação mais
crítica, questionadora e fundamentada.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 17
Capítulo 1
A IMPORTÂNCIA DO PIBID NA FORMAÇÃO INICIAL
DOS LICENCIANDOS DO IFRJ
Ismarcia Gonçalves Silva,
Kelling Cabral Souto
Eduardo Seperuelo Duarte
RESUMO: O campus Nilópolis do IFRJ oferta cursos
de Licenciatura em Química, em Física e em Mate-
mática, visando à formação de docentes capazes de
pesquisar e refletir criticamente sua prática em sala
de aula. Nesse campus, o projeto Pibid teve início
em 2007 e, desde então, conta com licenciandos dos
três cursos. Ao todo, sete escolas da rede estadual
recebem um grupo de bolsistas selecionados das três
licenciaturas, os quais atuam no projeto desenvol-
vendo atividades interdisciplinares nas escolas con-
veniadas. Sob a supervisão de um professor regente,
eles vivenciam a possibilidade de aplicar novas me-
Cadernos Prograd IFRJ 18
todologias e utilizar recursos diversos para propiciar
a construção de conceitos relacionados com as áreas
de Química, Física e Matemática. Essa experiência
apresenta grande importância para a formação ini-
cial desses futuros docentes, pois os aproxima da
realidade da sala de aula e lhes possibilita uma me-
lhor reflexão sobre os obstáculos do processo de en-
sino e aprendizagem.
Palavras-chave: Formação docente. Interdisciplinari-
dade. Educação.
1 INTRODUÇÃO
O campus Nilópolis do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
(IFRJ) forma professores em três cursos de Licencia-
tura: em Química, em Física e em Matemática. A ma-
triz curricular de cada licenciatura foi desenhada de
modo a possibilitar um maior contato do licenciando
com questões relacionadas à realidade dos alunos
da Educação Básica. Dessa maneira, alguns compo-
nentes curriculares promovem um constante deba-
te sobre a construção do conhecimento nas áreas de
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 19
Química, Física e Matemática, que pode ser viven-
ciada durante a realização do estágio supervisionado
obrigatório, como prevê nossa legislação. Durante o
estágio, o licenciando tem contato com os alunos da
Educação Básica nas escolas conveniadas, sob a su-
pervisão do professor regente da turma, e pode obser-
var toda a dinâmica da sala de aula (BARROS; SILVA;
VÁSQUES, 2011). No Parecer CNE/CP nº 009/2001,
“destaca-se a importância do projeto pedagógico do
curso de formação na criação do ambiente indispen-
sável para que o futuro professor aprenda as práticas
de construção coletiva da proposta pedagógica da es-
cola onde virá a atuar” (BRASIL, 2001).
A Educação Básica, de acordo com a legisla-
ção vigente, está classificada em dois segmentos: o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A proposta
de organização curricular contempla grupos de dis-
ciplinas cujo objeto de estudo possibilita a promoção
de ações interdisciplinares, abordagens complemen-
tares e transdisciplinares. Ao concluir a graduação,
o licenciando do IFRJ atuará na docência de discipli-
nas que fazem parte da área de Ciências da Nature-
za, Matemática e suas Tecnologias. A grande impor-
Cadernos Prograd IFRJ 20
tância dessa área no desenvolvimento intelectual do
estudante está na qualidade e na quantidade de con-
ceitos, aos quais se busca dar significado nos com-
ponentes curriculares, cada um tendo seu objeto de
estudo e suas especificidades.
O Programa Institucional de Bolsa de Inicia-
ção à Docência (Pibid), criado em 2007, é uma inicia-
tiva do Governo Federal que visa ao aperfeiçoamento
e à valorização da formação de professores para a
Educação Básica. No projeto Pibid-IFRJ do campus
Nilópolis, que teve início também em 2007, os licen-
ciandos selecionados nas três licenciaturas (Quími-
ca, Física e Matemática) são encaminhados às esco-
las conveniadas com a proposta de elaborar e aplicar
atividades interdisciplinares pertinentes a essas três
áreas do conhecimento.
Os docentes que atuam na Educação Básica
têm experiência em regência de turmas – o que pode
em muito contribuir para a formação do licenciando.
Também é visível que, ao concluir a graduação e ini-
ciar o trabalho docente, o profissional pode acabar se
distanciando dos centros de pesquisa em virtude da
sua jornada de trabalho e/ou da localização da escola.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 21
Nesse caso, o contato com a licenciatura poderá tam-
bém contribuir para a formação do professor. A pos-
sibilidade desse diálogo entre licenciandos e docentes
coopera significativamente para a formação de ambos.
Nas disciplinas pedagógicas das licenciaturas,
evidencia-se uma maior participação nos debates e
na organização de material didático entre os licen-
ciandos que atuam como bolsistas no Pibid. Essa ex-
periência tem sido valiosa na construção do “saber
docente” e complementa substancialmente a forma-
ção desse futuro docente. Com o Pibid, torna-se pos-
sível envolver os três grandes objetivos da graduação:
ensino, pesquisa e extensão.
2 DIAGNÓSTICO
Nas licenciaturas do IFRJ, existe uma pro-
posta curricular voltada à formação de um docente
atento à necessidade de novas metodologias em sala
de aula capazes de propiciar uma aprendizagem sig-
nificativa. No entanto, ainda é necessário que o li-
cenciando aprenda com mais profundidade a desen-
volver o processo de ensino–aprendizagem dentro da
escola. Ao concluir sua formação inicial, o docente,
Cadernos Prograd IFRJ 22
além de poder atuar no ensino de conhecimentos es-
pecíficos de sua área, precisa repensar a sua prática
constantemente. É de grande importância que ele se
torne um pesquisador de sua prática; para isso, é es-
sencial a busca por uma formação continuada. Nesse
caso, o contato com os licenciandos poderá também
contribuir para a formação do professor.
Muitas são as variáveis que interferem na
aprendizagem de conceitos envolvidos nas disci-
plinas da área de Ciências da Natureza, Matemá-
tica e suas Tecnologias. Essas disciplinas necessi-
tam de recursos que, na maioria das vezes, estão
ausentes nas escolas. No ensino de Química, a
construção de conceitos requer em muitos casos
a realização de um procedimento experimental – o
que não é possível sem os materiais adequados.
Para contornar esse obstáculo, uma das etapas
iniciais do projeto Pibid é equipar uma sala de
aula em cada escola conveniada, para transformá-
-la em um laboratório didático. Em algumas esco-
las, o espaço já existente precisava apenas de or-
ganização e elaboração de roteiros experimentais.
Alguns desses roteiros indicam o uso de materiais
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 23
alternativos e de baixo custo, conhecimento que
os alunos já adquiriram nas aulas de algumas dis-
ciplinas da área de ensino de Química.
Outro fator que indica a necessidade de um pro-
jeto como o Pibid é o baixo rendimento na aprendiza-
gem, observado em disciplinas como Química, Física
e Matemática. Seja pela falta de motivação, seja pela
dificuldade na construção dos conceitos científicos, os
estudantes da Educação Básica, em geral, não alcan-
çam bons resultados nas avaliações dessas disciplinas.
Mesmo reconhecendo que fatores externos, sociais ou
familiares podem ser determinantes para o baixo ren-
dimento apontado, é preciso rever as metodologias e
os recursos utilizados na sala de aula, bem como re-
conhecer o tratamento fragmentado dos conteúdos e
distanciado da realidade. O Pibid colabora para o de-
senvolvimento científico e tecnológico ao levar para
as instâncias de ensino um profissional promotor de
aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1978).
3 RELATO DAS AÇÕES
O Pibid concede bolsas a licenciandos de Ins-
tituições de Educação Superior (IESs) em parceria
Cadernos Prograd IFRJ 24
com escolas de Educação Básica da rede pública de
ensino. No momento, no campus Nilópolis do IFRJ, o
projeto conta com um total de 39 licenciandos, sendo
16 de Licenciatura em Química, 12 de Licenciatu-
ra em Física e 11 de Licenciatura em Matemática.
Os bolsistas estão distribuídos em sete escolas es-
taduais: C. E. Vila Bela, C. E. Presidente Castelo
Branco e C. E. Pierre Plancher (em Mesquita); C. E.
João Cardoso, C. E. Mário Campos e C. E. Nutha
Bartlet (em Nilópolis); e C. E. Nelson Rodrigues (em
Nova Iguaçu). Em cada escola, um grupo de alunos
das três licenciaturas desenvolve atividades com os
conteúdos de Química, Física e Matemática, de modo
interdisciplinar, sob a supervisão de um docente da
rede estadual.
Nas escolas conveniadas, após consultar os do-
centes das turmas, cabe ao professor supervisor deter-
minar atividades e conteúdos que podem ser desen-
volvidos. Esses conteúdos são selecionados a partir do
currículo mínimo da rede estadual, que é o documento
utilizado como base para o planejamento das aulas.
Procurando dar suporte técnico aos licencian-
dos, os coordenadores de área (professores do IFRJ)
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 25
fazem o acompanhamento das atividades desen-
volvidas nas escolas – o que pode acontecer indivi-
dualmente ou em reuniões de planejamento. Nesses
encontros, os licenciandos relatam as atividades de-
senvolvidas e apontam as dificuldades encontradas.
Dessa maneira, as reuniões – e ainda a oferta de ofi-
cinas e minicursos – também representam momen-
tos de reflexão e atualização para os bolsistas.
As atividades propostas procuram utilizar ma-
teriais alternativos, de fácil acesso e baixo custo, de
modo a possibilitar sua realização em diversos mo-
mentos. Os licenciandos podem aplicar o conheci-
mento construído em seus cursos de graduação, em
especial nas disciplinas relacionadas com ensino de
Química, de Física e de Matemática.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
As atividades realizadas nas escolas buscam
utilizar materiais de baixo custo e de fácil acesso, o
que possibilita a sua reaplicação em diferentes es-
colas, mesmo naquelas sem laboratório didático. A
reflexão a respeito de como o Pibid pode interferir
positivamente no processo de ensino–aprendizagem
Cadernos Prograd IFRJ 26
nas escolas é essencial para promover mudanças de
atitudes nos atores envolvidos. Com o Pibid, os li-
cenciandos podem colocar em prática algumas pro-
postas apresentadas nas disciplinas da graduação e
ter uma melhor percepção das variáveis presentes na
construção do conhecimento em sala de aula. Além
disso, é possível que o supervisor e os demais docen-
tes da escola reflitam melhor sobre a sua prática, a
partir dos resultados observados na aprendizagem e
na motivação de seus alunos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto Pibid-IFRJ tem a possibilidade de in-
fluenciar significativamente a atuação pedagógica do
futuro docente. É de grande importância a utilização
de materiais que possibilitem a construção do conhe-
cimento por parte do aprendiz, sendo dois aspectos
fundamentais: (I) o desenvolvimento de materiais que
propiciem uma atividade reflexiva por parte do estu-
dante; e (II) a criação de ambientes em cujo contexto
a aprendizagem ocorre.
A participação em um projeto como o Pibid fa-
vorece a formação inicial e continuada de um docente
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 27
no qual a versatilidade seja uma das suas caracte-
rísticas principais, isto é, que ele seja capaz não so-
mente de aproveitar e reutilizar materiais descarta-
dos pela comunidade escolar, mas também de fazer
uso de todos os recursos tecnológicos possíveis. O
professor precisa possibilitar que o aprendiz coloque
em ação seus conhecimentos para buscar resolver
um problema ou explicar uma situação observada e
essa ideia que se busca trabalhar nas licenciaturas.
Por meio de análise e reflexão significativas sobre os
conceitos e as estratégias utilizadas para uma expli-
cação satisfatória à situação de aprendizagem pro-
posta pelo docente, o novo conhecimento poderá ser
compreendido pelo aluno. O papel do professor nes-
se contexto é singular e particularmente importante
– ele é o mediador da construção do conhecimento
pelos alunos, e não apenas o transmissor do conhe-
cimento acadêmico.
Para o professor supervisor, essa é uma opor-
tunidade de visualizar novos caminhos para motivar
a participação de seus alunos, buscando desenvol-
ver uma aprendizagem significativa, apesar de toda a
complexidade envolvida nesse processo e das adver-
Cadernos Prograd IFRJ 28
sidades encontradas. Para o licenciando, é momento
de refletir sobre sua escolha profissional e de melhor
conhecer o seu ambiente de trabalho, lidando com
os alunos e sua realidade. Para o coordenador e a
instituição, é um meio de avaliar a matriz curricular
proposta para formar esse futuro docente. As ativida-
des realizadas no projeto possibilitam o aumento da
eficácia e da eficiência da formação de profissionais
de ensino fundamental e médio das áreas de Físi-
ca, Química e Matemática capazes de romper com o
ensino fragmentado nessas áreas. O licenciando que
participa como bolsista do Pibid retorna às aulas da
graduação com um notável amadurecimento nos de-
bates sobre as questões relacionadas ao ensino de
Química, de Física e de Matemática.
Pode-se concluir que, com as atividades de-
senvolvidas no Pibid, a práxis educativa se concretiza
mediante a aplicação de metodologias de ensino, pla-
nejamento e verificação da aprendizagem em um pro-
cesso de ação e reflexão. Com isso, revela-se a educa-
ção como prática questionadora, que tem como base a
intencionalidade, a natureza social, a necessária ação
conjunta e a sua realização como trabalho humano.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 29
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view. 2. ed. Nova York: Hot,
Rinchart & Winston, 1978.
BARROS, J. D. S.; SILVA, M. F. P. de; VÁSQUEZ, S. F. A
prática docente mediada pelo estágio supervisionado. Atos de pesquisa em educação, v. 6, n. 2, p. 510-520, 2011.
Disponível em: <http://proxy.furb.br/ojs/index.php/
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out. 2016.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de
dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 10 out. 2016.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 33
Capítulo 2
AVALIAÇÃO DOS BOLSISTAS EM RELAÇÃO AO
PIBID NO CAMPUS PARACAMBI
Deumara Galdino de Oliveira
Margareth Mara Corrêa da Silva
RESUMO: Este relato pretende compartilhar a expe-
riência vivida no período de 2014 a 2016 por licen-
ciandos do curso de Licenciatura em Matemática do
IFRJ (campus Paracambi), participantes do Pibid. O
grupo envolvido no projeto constitui-se de 15 bolsistas
(licenciandos), 2 supervisores (docentes de escola mu-
nicipal), 1 coordenadora de área (docente do curso de
licenciatura) e a coordenadora do curso de licenciatu-
ra. O subprojeto é realizado em uma escola municipal
de Ensino Fundamental do município de Paracambi.
Em uma proposta de apresentar um panorama geral
da vivência (em especial dos licenciandos) do subpro-
jeto Pibid (campus Paracambi), aplicou-se um ques-
Cadernos Prograd IFRJ 34
tionário e, em seguida, fez-se a análise descritiva dos
dados. O objetivo da análise foi verificar o papel de
ser bolsista Pibid em seu contexto acadêmico, assim
como identificar, do ponto de vista didático-pedagógi-
co, o efeito das atividades realizadas com os alunos da
escola em que o subprojeto é aplicado. Por meio dessa
experiência, foi possível perceber o quanto é impor-
tante, no processo de ensino–aprendizagem, abordar
os conteúdos com jogos, atividades lúdicas e a mani-
pulação de materiais concretos.
Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsa de Ini-
ciação à Docência. Ensino de Matemática. Metodologia.
1 INTRODUÇÃO
O curso de Licenciatura em Matemática do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Rio de Janeiro (IFRJ), ministrado no campus Para-
cambi, teve início em agosto de 2011, na modalidade
presencial.
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (Pibid) foi implementado no campus em
abril de 2014. Houve grande interesse por parte dos
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 35
alunos em participar do projeto e adquirir experiência.
O Pibid do curso de Licenciatura em Matemática, no
campus Paracambi, conta ao todo com 15 bolsistas.
O curso de Licenciatura em Matemática, no
campus Paracambi, tem a maioria dos alunos resi-
dentes em outros municípios da Baixada Fluminense
e alguns bairros da Zona Oeste do município do Rio
de Janeiro. Então, além de representar um instru-
mento de enriquecimento acadêmico, a inserção do
subprojeto no campus proporciona a permanência
desses alunos no curso.
Nesse sentido, verificou-se que a possibilidade
de aplicar novas metodologias contribuiria no proces-
so de aprendizagem de conteúdos tanto da própria
série quanto de séries anteriores. A fim de elaborar as
atividades, os bolsistas encontram-se semanalmen-
te com os supervisores para estudo, planejamento e
confecção do material a ser utilizado, sempre bus-
cando adequar o que fora colocado pelo professor da
turma ao conteúdo a ser trabalhado com os alunos.
Em geral, procura-se utilizar materiais de baixo
custo na confecção de jogos, atividades lúdicas e obje-
tos concretos, para que os alunos possam reaplicá-los.
Cadernos Prograd IFRJ 36
2 DIAGNÓSTICO
A pesquisa consistiu em retratar como o Pibid
do curso de Licenciatura em Matemática, no cam-
pus Paracambi, é desenvolvido e como os bolsistas
avaliam essa experiência, por meio da aplicação de
questionário (ver Apêndice ao final do Capítulo).
Mensalmente, faz-se uma reunião com bolsistas, su-
pervisores, coordenação da área e coordenação do
curso, para que se avaliem e analisem os resultados
das atividades realizadas naquele período. Há uma
troca das experiências vivenciadas de uma mesma
atividade aplicada em diferentes turmas, e discutem-
-se sugestões de novas propostas de atividades.
Nesse contexto, observou-se que seria interes-
sante analisar o quanto a atuação como bolsista no
subprojeto Pibid representava na vida acadêmica des-
se licenciando, visto que o programa o aproxima de
sua futura realidade profissional. Para a viabilidade
desse estudo, optou-se que essa análise fosse realiza-
da por meio da aplicação de um questionário e, em se-
guida, da organização descritiva dos dados coletados.
Na elaboração do questionário, além de se ve-
rificar a importância do Pibid para os licenciandos,
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 37
elaboraram-se questões que também pudessem levá-
-los a observar, do ponto de vista didático e pedagó-
gico, o efeito das atividades realizadas com os alunos
da escola em que o subprojeto é aplicado.
A apresentação da análise descritiva ressalta
e comenta os resultados obtidos nas respostas con-
tidas no questionário, por meio de gráficos e tabelas
estatísticas, com a finalidade de descrever os dois
pontos de interesse deste estudo: a representativida-
de da atuação como bolsista Pibid na vida acadêmica
do licenciando e o olhar didático-pedagógico propos-
to nas atividades aplicadas para os alunos da escola
municipal em que o subprojeto é efetuado.
Analisada individualmente cada resposta do
questionário, apresentam-se as conclusões gerais
sobre o estudo. Cabe destacar que o questionário foi
destinado a todos os alunos que participaram ou par-
ticipam do Pibid no campus Paracambi. No entanto,
poucos egressos responderam a ele.
3 RELATO DAS AÇÕES
Em primeiro lugar, buscou-se saber se o bol-
sista tem experiência em docência (monitoria, estágio
Cadernos Prograd IFRJ 38
etc.) anterior ao ingresso no Pibid. Conforme apre-
sentado no Gráfico 1, os bolsistas foram classifica-
dos em dois tipos: aqueles com alguma experiência
(53% dos licenciandos) e aqueles que não a possuem
(47%). O Pibid proporciona uma experiência diferen-
ciada pelo fato de o projeto contar com o supervisor,
isto é, o bolsista é acompanhado por um professor.
Gráfico 1 – Experiência em docência anterior ao ingresso
no Pibid
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
O tempo de bolsa foi agrupado em três cate-
gorias, a saber: menos de um ano; entre 1 e 2 anos; e
mais de 2 anos. Pode-se verificar, na Tabela 1, que a
maioria dos bolsistas tem mais de 1 ano de bolsa.
Sim
Não
53%
47%
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 39
A fim de se investigar a motivação do licen-
ciando para atuar como bolsista no Pibid (Tabela 2),
foram levadas em consideração as seguintes catego-
rias: receber o valor da bolsa; melhorar sua formação;
melhorar seu desempenho no curso; contribuir para a
melhoria do ensino público; e outro motivo. Para essa
avaliação, foi possível o bolsista escolher mais de
uma resposta, sendo a opção melhorar sua formação
escolhida por 71% dos bolsistas. Portanto, os resul-
tados não somam 100%.
Tabela 1 - Distribuição dos alunos segundo o tempo de bolsa no Pibid
Tempo de Bolsa Porcentagem de BolsistasMenos de um anoEntre 1 e 2 anosMais de 2 anos
24%47%29%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Tabela 2 - Motivação para atuar como bolsista no Pibid
Motivação Porcentagem
Receber o valor da bolsa Melhorar sua formação Melhorar seu desempenho no curso Contribuir para a melhoria do ensino públicoOutro motivo
6%71%24%12%0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Cadernos Prograd IFRJ 40
A importância de eventos com a participação
dos bolsistas do Pibid (Tabela 3) foi destacada no
questionário a partir das categorias de respostas –
troca de experiências; divulgação do Pibid; publicação
de trabalhos; e outros –, podendo o licenciando es-
colher mais de uma categoria como resposta. Dessa
maneira, os resultados não somam 100%.
Os objetivos do Pibid (Tabela 4) foram con-
templados nessa avaliação, sendo destacados pelos
bolsistas três deles que estão/estiveram presentes
em seu período de atuação. Dessa maneira, os resul-
tados não somam 100%. Dentre os objetivos do Pibid
mais citados na pesquisa, destacam-se:
• Inserir os licenciandos no cotidiano de es-
colas da rede pública de educação, proporcionando-
-lhes oportunidades de criação e participação em
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas
Tabela 3 - Importância de eventos com a participação dos bolsistas do Pibid
Importância de Eventos PorcentagemTroca de experiênciasDivulgação do PibidPublicação de trabalhosOutros
65%47%35%0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 41
docentes de caráter inovador e interdisciplinar que
busquem a superação de problemas identificados no
processo de ensino–aprendizagem (objetivo citado por
88% dos bolsistas);
• Elevar a qualidade da formação inicial de
professores nos cursos de licenciatura, promovendo
a integração entre a Educação Superior e a Educação
Básica (citado por 71% dos bolsistas);
• Contribuir para a articulação entre teoria e
prática necessárias à formação dos docentes, elevan-
do a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de
licenciatura (citado por 65% dos bolsistas).
Daí a relevância do papel do Pibid em ofere-
cer aos alunos de licenciatura a oportunidade de ter
experiências diferenciadas, visando atender às diver-
sas demandas no processo de ensino–aprendizagem
e melhorar a qualidade da formação acadêmica des-
ses bolsistas. Sobre a relação entre teoria e prática,
Brandalise e Trobia (2011) afirmam que uma com-
plementa a outra e que se deve buscar a articulação
entre as duas na formação inicial do licenciando.
Cadernos Prograd IFRJ 42
Os bolsistas afirmam que os experimentos
produzidos pelo grupo no Pibid melhoram/melhora-
ram a qualidade do ensino ministrado nas escolas e
que, por meio do programa, conheceram a realidade
de estar em sala de aula (Tabela 5). Além disso, ob-
servaram maior interesse em aprender os conteú-
dos de Matemática por parte dos alunos da escola
conveniada. A maioria dos bolsistas respondeu que
a metodologia desenvolvida no Pibid norteará a prá-
tica deles como docentes.
Tabela 4 - Objetivos do Pibid
Principais Objetivos do Pibid PorcentagemIncentivar a formação de docentes em nível superior para a Educação Básica Contribuir para a valorização do magistério Elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre a Educação Superior e a Educação Básica Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino–aprendizagem
Incentivar escolas públicas de Educação Básica, mobilizando seus professores como conformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério
Contribuir para a articulação entre teoria e prática neces-sárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura
29%
6%
71%
88%
18%
65%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 43
Quanto à escolha dos assuntos que seriam
abordados nas atividades, a maioria dos bolsistas
alega que eram indicados pelo professor, dentro dos
conteúdos propostos àquela série (Tabela 6).
Todos os bolsistas afirmaram que a aborda-
gem nas atividades seguia uma metodologia inovada,
ressaltando o lúdico e utilizando, na maior parte do
tempo, materiais concretos (Tabela 7).
Tabela 6 - Escolha dos assuntos abordados nas atividades
Motivo da Escolha dos Assuntos PorcentagemIndicação do professor, dentro dos conteúdos propostos para aquela série Indicação do professor, abordando conteúdos anteriores aos propostos para aquela série Sugestão dos alunos e autorização do professor
Sugestão da coordenação pedagógica da escola
88%
0%
12%
0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Tabela 5 - Percepção dos bolsistas em relação à melhoriada qualidade do ensino, realidade em sala de aula e metodologia que pretende adotar (em porcentagem)
Avaliação Sim
Os experimentos produzidos pelo meu grupo no Pibid melhoram/melhoraram a qualidade do ensino ministrado nas escolas
Por meio do Pibid, conheci a realidade de estar em sala de aula
A metodologia desenvolvida no Pibid norteará a minha prática como docente
100% 0%
100% 0%
88% 12%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Não
Cadernos Prograd IFRJ 44
Em relação à confecção de jogos ou de outro
tipo de material concreto pelos alunos da escola con-
veniada, a maioria declarou que houve a construção
desses tipos de materiais concretos como facilitador
para determinado conteúdo (Tabela 8). De acordo
com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,
1997), a utilização dos jogos é uma possibilidade de
trabalho em sala de aula.
Ao ser avaliada a interação dos alunos na rea-
lização das atividades, cerca de 88% dos bolsistas
Tabela 7 - Tipo de metodologia utilizado na abordagemdas atividades
Metodologia PorcentagemTradicional, apenas reforçando as explanações da professo-ra da classe Inovada, ressaltando o lúdico e utilizando, na maior parte do tempo, materiais concretos Inovada, explorando recursos tecnológicos
0%
100%
0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Tabela 8 - Avaliação dos bolsistas em relação ao interesse e à confecção de material pelos alunos
Percepção dos Bolsistas SimObservei maior interesse por parte dos alunos da escola conveniada em aprender os conteúdos de Matemática
A confecção de jogos ou outro tipo de material concreto que o próprio aluno construiu foi um facilitador para determina-do conteúdo
94% 6%
76% 24%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Não
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 45
notaram essa interação mais significativa em ativida-
des realizadas em grupo (Tabela 9).
Em relação à mudança nos interesses acadê-
micos após ingresso como bolsista do Pibid, 82% afir-
mam que se preocupam mais com as questões do en-
sino de Matemática. Os demais bolsistas afirmaram
que passaram a ter desempenho melhor nas discipli-
nas do próprio curso de graduação (Tabela 10).
Por meio da vivência no Pibid, os bolsistas pu-
deram observar a importância de realizar atividades
que complementem as exposições de conteúdos feitas
Tabela 10 - Mudança nos interesses acadêmicos após o ingresso como bolsista Pibid
Tipo de Mudança PorcentagemFez com que eu me preocupasse mais com as questões do ensino de Matemática Fez com que eu tivesse desempenho melhor nas disciplinas do meu curso de graduação Não contribuiu em nada
82%
18%
0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Tabela 9 - Interação dos alunos na realização das atividades
Tipos de Atividades Realizadas Interação dos AlunosIndividualmente
Em grupo
12%
88%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
Cadernos Prograd IFRJ 46
tradicionalmente e de afirmar as preferências na apli-
cação de atividades diferenciadas (Tabela 11).
No questionário, um campo foi destinado ao
bolsista para destacar um experimento no qual obte-
ve resultado positivo e outro campo destinado a su-
gestões para o aprimoramento do Pibid no campus.
Em relação aos experimentos com resultados positi-
vos, destacam-se:
• Questões de lógica;
• A construção de um teodolito;
• Um dominó matemático, que contribui para
fixar melhor o conceito de operações;
• A utilização das dobraduras para a constru-
ção dos conceitos de fração e fração equivalente;
• A Corrida do X, que consiste em um tabu-
Tabela 11 - A importância na realização de atividades com-plementares às exposições de conteúdos feitas de forma
tradicional (do ponto de vista dos bolsistas do Pibid)
Preferências por Atividades PorcentagemNão, prefiro aplicar explanações tradicionais Sim, prefiro aplicar atividades diferenciadas Não, prefiro aplicar atividades diferenciadas
Sim, prefiro aplicar explanações tradicionais
0%
100%
0%
Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados da pesquisa (2016).
0%
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 47
leiro para estimular a competitividade por meio de
equações do 1° grau (com esse jogo, que trabalha com
figuras geométricas e teve a grande participação da
turma, os alunos puderam resolver as equações de
maneira lúdica);
• A aplicação do plano cartesiano para a elabo-
ração de uma planta feita pelos alunos da escola (os
quais, utilizando o conhecimento de plano cartesia-
no, distinguiram as salas, os corredores e banheiros
com distâncias coordenadas);
• O baralho das equações (que aplica um jogo
sobre equações de maneira divertida);
• A Corrida da Fatoração (jogo que desenvolve
uma aprendizagem consistente e possibilita fixar as
noções construídas de fatoração e multiplicação, bem
como a soma de expoentes; o professor demonstrou
sua satisfação em ver toda a turma participando des-
sa atividade e expondo suas dúvidas).
Portanto, diversos experimentos obtiveram re-
sultados positivos, pois possibilitaram que os alunos
compreendessem melhor os conteúdos. A pergunta
foi aberta para que os bolsistas pudessem identificar
os experimentos mais marcantes positivamente.
Cadernos Prograd IFRJ 48
Em relação às sugestões, alguns bolsistas en-
tendem que o projeto possa passar por reestrutura-
ções com algumas mudanças; no entanto, gostariam
de sugerir que se mantenha a essência do projeto
(isto é, a procura de métodos criativos e lúdicos para
o ensino da Matemática), o que contribui de tal modo
para o sucesso do programa e das atividades pensa-
das e executadas nas escolas-alvo. O ensino diferen-
ciado, buscando maneiras distintas de se aprender
determinado conteúdo, tem atraído cada vez mais
alunos da educação básica para a disciplina, desper-
tando o interesse e melhorando o rendimento do dis-
cente em sala de aula.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
O questionário aplicado contempla pergun-
tas que podem ser utilizadas em outros subprojetos
Pibid de cursos de licenciatura nos demais campi,
pois não está relacionado exclusivamente ao Curso
de Licenciatura em Matemática. Portanto, a pesqui-
sa tem plenas condições de ser reaplicada.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 49
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa contribuiu para conhecer as expe-
riências dos bolsistas que atuam no Pibid do Curso de
Licenciatura em Matemática no campus Paracambi,
bem como para apontar as diretrizes que devem per-
manecer e as que devem sofrer alterações ou ajustes.
O estudo demonstrou a importância das ativi-
dades que complementem as exposições de conteúdos
feitas de forma tradicional e a preferência em aplicar
atividades diferenciadas. Além disso, destaca-se a
mudança nos interesses acadêmicos após o ingresso
como bolsista no Pibid e os experimentos produzidos,
que melhoram/melhoraram a qualidade do ensino mi-
nistrado nas escolas.
Assim sendo, sugere-se que mais estudos com
essa finalidade sejam feitos nos cursos de licenciatu-
ra, a fim de aprimorar e fortalecer o desenvolvimento
do Pibid, compreendendo os fatores que podem in-
fluenciar na conquista desses objetivos.
Cadernos Prograd IFRJ 50
REFERÊNCIAS
BRANDALISE, M. A. T.; TROBIA,J. A prática como
componente curricular na licenciatura em Matemática:
múltiplos contextos, sujeitos e saberes. Educ. Mat. Pesq., São Paulo, v. 13, n. 2, p. 337-357, 2011.
BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior. Pibid: Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência. Disponível em: <http://www.capes.
gov.br/educacao-basica/capespibid>. Acesso em: 15 set.
2016.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC,
Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO. Projeto Pedagógico do Curso em Licenciatura em Matemática: Campus
Paracambi. Rio de Janeiro, 2014. 60 p. Disponível em:
<http://www.ifrj.edu.br/node/1755>. Acesso em: 18 nov.
2016.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL.
PIBID – UFMS: questionários de avaliação do Pibid.
Disponível em: <http://www.pibid.ufms.br/Questionarios_
Avaliacao.html>. Acesso em: 18 nov. 2016.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 51
APÊNDICE
Avaliação dos alunos bolsistas do Pibid Licenciatura em Matemática no IFRJ, campus Paracambi
Este apêndice é uma adaptação do questionário aplicado
aos bolsistas do Pibid do Curso de Licenciatura em Matemática
referente à percepção dos acadêmicos sobre sua experiência no
Pibid da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Avaliação dos alunos bolsistas do Pibid Licenciatura em Matemática no IFRJ, campus Paracambi
1) Possui experiência em docência (monitoria, estágio etc.)
anterior ao ingresso no Pibid?
a) Sim b) Não
2) Tempo de Bolsa no Pibid:
a) Menos de um ano b) Entre 1 e 2 anos c) Mais de 2 anos
3) Qual a sua motivação para atuar como bolsista no Pibid?
a) Receber o valor da bolsa
b) Melhorar sua formação
c) Melhorar seu desempenho no curso
d) Contribuir para a melhoria do ensino público
e) Outro motivo_______________
4) Como bolsista do Pibid, qual a importância de sua partici-
pação em eventos acadêmicos?
a) Troca de experiências
b) Divulgação do Pibid
Cadernos Prograd IFRJ 52
c) Publicação de trabalhos
d) Outros _____________________________________
5) A seguir estão listados os objetivos do Pibid. Destaque
TRÊS que você considera que estão/estiveram presentes du-
rante seu período como bolsista:
a) Incentivar a formação de docentes em nível superior
para a Educação Básica;
b) Contribuir para a valorização do magistério;
c) Elevar a qualidade da formação inicial de professores
nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre
a Educação Superior e a Educação Básica;
d) Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede
pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades
de criação e participação em experiências metodológicas,
tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e in-
terdisciplinar que busquem a superação de problemas
identificados no processo de ensino–aprendizagem;
e) Incentivar escolas públicas de Educação Básica, mobi-
lizando seus professores como coformadores dos futuros
docentes e tornando-as protagonistas nos processos de
formação inicial para o magistério;
f) Contribuir para a articulação entre teoria e prática ne-
cessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade
das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
6) Os experimentos produzidos pelo seu grupo no Pibid me-
lhoram/melhoraram a qualidade do ensino ministrado nas
escolas?
a) Sim b) Não
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 53
7) Por meio do Pibid, conheceu a realidade de estar em sala
de aula?
a) Sim b) Não
8) A metodologia desenvolvida no Pibid norteará a sua prática
como docente?
a) Sim b) Não
9) Observou maior interesse em aprender os conteúdos de
Matemática por parte dos alunos da escola conveniada?
a) Sim b) Não
10) Como era escolhido pelo grupo o assunto que seria abor-
dado nas atividades?
a) Indicado pelo professor, dentro dos conteúdos propostos
para aquela série.
b) Indicado pelo professor, abordando conteúdos anterio-
res aos propostos para aquela série.
c) Sugerido pelos alunos e autorizado pelo professor.
d) Sugerido pela coordenação pedagógica da escola.
11) Em geral, a abordagem nessas atividades seguia uma me-
todologia:
a) Tradicional, apenas reforçando as explanações da pro-
fessora da classe.
b) Inovada, ressaltando o lúdico e utilizando, na maior par-
te do tempo, materiais concretos.
c) Inovada, explorando recursos tecnológicos.
Cadernos Prograd IFRJ 54
12) Entre as atividades desenvolvidas, houve a confecção de
jogos ou outro tipo de material concreto que o próprio aluno
construiu como facilitador para determinado conteúdo?
a) Sim b) Não
13) A interação dos alunos na realização das atividades era
mais significativa quando as atividades eram realizadas:
a) Individualmente b) Em grupo
14) O que você acha que mudou nos seus interesses acadêmi-
cos após seu ingresso como bolsista Pibid?
a) Passei a me preocupar mais com as questões do ensino
de Matemática.
b) Passei a ter um desempenho melhor nas disciplinas do
meu curso de graduação.
c) Não contribuiu em nada.
15) Com a vivência do Pibid, você foi capaz de observar a im-
portância de realizar atividades que complementem as expo-
sições de conteúdos feitas de forma tradicional? Que tipo de
atividades você prefere aplicar?
a) Não, prefiro aplicar explanações tradicionais.
b) Sim, prefiro aplicar atividades diferenciadas.
c) Não, prefiro aplicar atividades diferenciadas.
d) Sim, prefiro aplicar explanações tradicionais
16) Destaque um experimento que você considera ter obtido
resultado positivo. Justifique.
17) Sugestões:______________________________________________
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 55
Capítulo 3
CONQUISTA DE TERRITÓRIO:JOGANDO COM PROBABILIDADES
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 57
Capítulo 3
CONQUISTA DE TERRITÓRIO: JOGANDO COM
PROBABILIDADES
Alisson Miguel de Azevedo Campos
Dorcas da Rocha Oliveira
Esttéfani Magalhães Silva
Fábio da Silva Santos
Gabriela Magalhães Lopes
Isabella Moreira de Paiva Corrêa
Magno Luiz Ferreira
Silvânia de Castro Duriguêtto
Tiago Alexandrino Ribeiro
RESUMO: Este trabalho relata a experiência dos bol-
sistas do Pibid com o jogo Conquista de Território,
aplicado para os alunos do 3º ano do Colégio Estadual
Guanabara. Com base no conteúdo de Probabilidade
(mais especificamente o conceito de ocorrências de um
evento), o jogo foi concebido e didaticamente explora-
Cadernos Prograd IFRJ 58
do a partir da perspectiva das situações que possibi-
litam alguma problematização. Neste trabalho, serão
apresentadas todas as etapas do jogo: desde a escolha
da proposta à sua produção, aplicação e avaliação. A
dimensão lúdica do jogo mostrou favorecer o envolvi-
mento e a motivação para as atividades, contribuindo
com a dimensão educativa ao estimular o raciocínio, a
argumentação e a interação entre alunos, bolsistas e
professor. A exploração do jogo, norteada pela concep-
ção de situações-problema, imprimiu certa dinâmica
à atividade e favoreceu a aquisição de conhecimento
em clima alegre e prazeroso.
Palavras-chave: Ensino de Probabilidade. Metodologia
de Jogos. Jogos Matemáticos.
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo tem como objetivo relatar a expe-
riência obtida com a aplicação do jogo Conquista de
Território, no qual o sucesso do jogador depende basi-
camente de que ele faça as melhores escolhas dos nú-
meros do tabuleiro em função das chances de cada um
deles ser o resultado da soma do lançamento de dois
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 59
dados. Em Probabilidade, diz-se que o sucesso depende
do cálculo das chances de um evento ocorrer.
Apresentado inicialmente pelo aluno Pablo José da Cos-
ta, na disciplina Matemática em Sala de Aula IV, o jogo
foi idealizado a partir da atividade intitulada A Travessia
do Rio. Quando a professora Dorcas Oliveira solicitou
aos bolsistas de iniciação à docência ideias para ativida-
des que ajudassem os alunos a compreender o conceito
de Probabilidade, o bolsista Tiago Ribeiro, que havia co-
nhecido a atividade ao cursar a disciplina, apresentou a
ideia, a qual foi prontamente acolhida.
Sob a supervisão da professora Dorcas, o jogo
foi então adaptado, desenvolvido e aplicado pelos bol-
sistas do Programa Institucional de Bolsa de Inicia-
ção à Docência do Instituto de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio de Janeiro (Pibid/IFRJ) durante a
realização do subprojeto de Matemática do campus
Volta Redonda, no Colégio Estadual Guanabara. A
atividade foi aplicada inicialmente no ano de 2015
pelos bolsistas e reaplicada em 2016. O trabalho foi
realizado com as turmas do 3º ano do Ensino Médio,
conforme previsto pelo Currículo Mínimo do Estado
do Rio de Janeiro.
Cadernos Prograd IFRJ 60
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacio-
nais (PCNs), o conteúdo de Probabilidade tem o obje-
tivo de desenvolver o pensamento e o raciocínio para
um posicionamento crítico, possibilitando previsões
e tomada de decisões, bem como a compreensão de
informações veiculadas, enfim, ajudando o cidadão a
decidir medidas que influenciam sua vida pessoal e
em comunidade.
[...] a principal finalidade é a de que o aluno compreenda que muitos dos acontecimen-tos do cotidiano são de natureza aleatória e que se podem identificar possíveis resul-tados desses acontecimentos e até estimar o grau da possibilidade acerca do resultado de um deles. As noções de acaso e incerteza, que se manifestam intuitivamente, podem ser exploradas na escola, em situações em que o aluno realiza experimentos e observa eventos (em espaços equiprováveis) (BRASIL, 2001, p. 52).
Para promover a aprendizagem da Probabili-
dade de maneira que o aluno se torne capaz de fazer
uma leitura diversificada da realidade, investigar si-
tuações, fazer conjecturas, formular hipóteses, esta-
belecer relações – enfim, resolver problemas relacio-
nados às questões de Probabilidade –, é importante
que a prática pedagógica promova a investigação e a
exploração de situações capazes de ajudá-lo tanto a
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 61
construir o significado matemático da Probabilidade
como a compreender o seu cálculo.
Para isso, o recurso didático escolhido foi o jogo,
que, segundo orientação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000), deve
ser utilizado em sala de aula, pois:
[...] oferece o estímulo e o ambiente propícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, [...] mostrando-lhes uma nova ma-neira, lúdica, prazerosa e participativa, de re-lacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos (BRASIL, 2000, p. 56).
Para Smole et al. (2008), a metodologia de jogos
está intimamente relacionada à resolução de proble-
mas se compreendemos problema como toda situação
que possibilite problematização.
A perspectiva metodológica da resolução de problemas baseia-se na proposição e no enfrentamento do que chamaremos de si-tuação-problema; devemos considerar que nossa perspectiva trata de situações que não possuem solução evidente e que exigem que o resolvedor combine seus conhecimentos e decida-se pela maneira de usá-los em busca de solução. A primeira característica dessa perspectiva metodológica é considerar como problema toda situação que permite alguma problematização (SMOLE et al., 2008, p. 13).
Cadernos Prograd IFRJ 62
Explorar um jogo a partir dessa perspectiva é
problematizar situações do jogo, de modo que o aluno
reflita sobre as jogadas que criou e por que as criou,
bem como analise outras possibilidades, pense no mo-
tivo pelo qual se tomou uma decisão, e não outra. Uma
vez que o jogo tem um objetivo a ser alcançado e as jo-
gadas dependem de certo conhecimento matemático,
essas explorações incitam a reflexão sobre o próprio
conhecimento matemático.
Smole et al. (2008) sugerem como exploração
ações didáticas como: conversas sobre o jogo; produ-
ção de registros para o jogo; e criação de situações-
-problema a partir do próprio jogo, de modo que Con-
quista do Território e a sua exploração possibilitem
que o aluno reflita sobre o que é chance, qual evento
tem maior ou menor Probabilidade de ocorrer, relacio-
nando a Probabilidade a uma situação concreta, em
que tipo de saber a Probabilidade o ajuda a fazer me-
lhores escolhas e a compreender a estratégia de jogo
mais eficaz.
O desenvolvimento da atividade exemplifica
a articulação entre a teoria e a prática, pois a ação
inicialmente discutida pelos licenciandos a partir de
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 63
parâmetros acadêmicos, respaldada pelos conheci-
mentos teóricos da disciplina, rompeu os muros do
ensino superior, foi adaptada para a realidade esco-
lar, desenvolvida, testada, aplicada e refletida pelo
grupo de bolsistas do Pibid. Ou seja, o conhecimento
acadêmico pode ser vivenciado, promovendo a inte-
gração entre a educação superior e a educação bási-
ca, fomentando a formação dos bolsistas e enrique-
cendo seu percurso acadêmico.
Outro fato importante: as contribuições dessa
experiência para a prática do professor da educação bá-
sica, que, refletindo sobre a primeira aplicação, propôs
para o ano seguinte que o jogo fosse realizado antes de
o conteúdo ser ensinado, de modo que a formalização
dele ocorresse a partir da atividade, fazendo os concei-
tos envolvidos serem mais significativos para os alunos.
2 DIAGNÓSTICO
Resultados obtidos por avaliações internas e
externas no Colégio Estadual Guanabara confirma-
ram baixos índices de aproveitamento de Matemática
e revelaram que grande parte dos alunos considerava
essa disciplina a mais difícil do currículo escolar, agre-
Cadernos Prograd IFRJ 64
gando a essa avaliação relatos de que as aulas eram
maçantes, com muitos exercícios e conceitos que não
lhes acrescentavam nada.
Entre as atividades apresentadas pelos bolsis-
tas para trabalhar com o conteúdo de Probabilidade
do 3º ano do Ensino Médio, quando foi apresentado o
Jogo Conquista de Território, percebeu-se seu poten-
cial como uma atividade interativa, prazerosa, capaz
de levar os alunos a criar estratégias e compreender
o conceito por detrás dos cálculos de Probabilidade,
de modo que não hesitaram em escolhê-lo.
As situações-problema a serem exploradas
tinham como objetivos:
• Relacionar as Probabilidades de um evento a
uma situação cotidiana;
• Conhecer os cálculos de Probabilidade por
meio de uma aula diversificada e atrativa para o aluno;
• Promover a percepção de que certos episó-
dios cotidianos poderiam ser previstos por cálculos
matemáticos, relacionando-se a teoria à prática;
• Relacionar os conhecimentos disponíveis em
situações concretas para construir argumentação
consistente com base em fatos;
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 65
• Surpreender os alunos com a descoberta de
serem capazes de controlar melhor os resultados dos
eventos;
• Desenvolver um processo de ensino-aprendi-
zagem significativo.
3 RELATO DAS AÇÕES
1ª Fase: Escolha da atividade
Dentre as propostas de atividades pesquisa-
das e compartilhadas pelos bolsistas sobre o conteú-
do de Probabilidade, o escolhido foi o jogo Conquista
de Território.
2ª Fase: Confecção do jogo
Os bolsistas definiram o material para a confec-
ção dos kits de jogo. O tabuleiro, que teve a arte criada
por meio do software Corel Draw®, foi impresso em
papel-cuchê 120g e plastificado com papel autoadesi-
vo. Foram confeccionados também 300 marcadores,
utilizando-se etileno-acetato de vinila (E.V.A.), papel-
-cartão, cola e cortadores de vários modelos.
Cadernos Prograd IFRJ 66
Figura 1 – Jogo Conquista de Território: tabuleiro e peças.
3ª Fase: Teste e elaboração dos pontos de exploração
do jogo
Nessa fase, os bolsistas jogaram várias parti-
das, testaram e discutiram as regras e as formas de
exploração do jogo. Na folha de registro, acrescenta-
ram mais uma questão, para avaliar o conhecimento
do aluno acerca do que já havia sido aprendido em
sala de aula, criando a conectividade com o conteúdo
estudado e a experiência vivenciada no jogo.
Os livros consultados para estudo e referência
do conteúdo de Probabilidade – Ribeiro (2010) e Dan-
te (2013) – foram os adotados pela escola. Além dis-
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 67
so, fez-se a leitura do texto O Ensino de Probabilidade
através de um Jogo de Dados e da Metodologia de Re-
solução de Problemas: minicurso, de Lopes (2008).
4ª Fase: Organização do Portfólio e da Folha de Regis-
tro de Resultados
Os bolsistas montaram o portfólio com as re-
gras do jogo e a folha de registro.
Figura 2 - Portfólio do jogo Conquista de Território.
As questões da Folha de Registro das Ativida-
des foram elaboradas para que, em cada etapa, fossem
alcançados determinados objetivos, os quais veremos
a seguir:
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 68
1ª atividade – Nessa fase, foi proposto ao aluno que
ele completasse a tabela com todas as possíveis somas
dos resultados do lançamento dos 2 dados. Em segui-
da, ele deveria analisar se todas as somas tinham a
mesma chance de sair e registrariam suas justificati-
vas pessoais. Essa etapa visava avaliar:
• A construção do conceito de espaço amostral
na prática;
• A capacidade de leitura e interpretação das
informações obtidas por meio da tabela;
• O registro da análise dos resultados.
Figura 3 - Ficha de Registro do jogo Conquista de Território –
Atividade 1.
2ª atividade – Durante essa etapa, as informações ob-
tidas na atividade anterior foram tratadas e organi-
zadas em tabela para a construção de um gráfico de
pontos, para a avaliação:
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 69
• Da capacidade de visualização e interpretação
de gráficos;
• Da generalização dos resultados observados
no gráfico;
• De como a Matemática, por meio dos resul-
tados obtidos, ajudaria o jogador a traçar estratégias
para ter mais chances de vencer o jogo.
Figura 4 – Ficha de Registro do jogo Conquista de Território –
Atividade 2.
3ª atividade – Nessa fase, abordou-se a linguagem
de atividades já trabalhadas em sala de aula, onde o
aluno deveria registar a Probabilidade de cada even-
to proposto acontecer no lançamento de dois dados.
Desejava-se avaliar:
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 70
• A conexão entre o conteúdo estudado em sala
de aula e a experiência vivenciada com o jogo;
• Se havia dúvidas ou dificuldades no conteú-
do tratado.
Figura 5 – Ficha de Registro do jogo Conquista de Território –
Atividade 3.
5ª Fase: Aplicação
A primeira aplicação do jogo ocorreu no ano
de 2015, sendo inicialmente idealizada e projetada
para execução após o conteúdo de Probabilidade ter
sido formalmente trabalhado pelo professor regente
da turma.
O jogo foi realizado em três etapas, e as inter-
venções foram realizadas em cada uma delas.
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 71
Figura 6 – Aplicação da atividade em 2015.
1ª etapa: A aplicação do jogo tinha como objetivo ilus-
trar na prática o que os alunos haviam aprendido em
sala sobre Probabilidade e lançamento de dois dados.
A turma foi organizada em duplas. Cada uma
delas recebeu 1 tabuleiro, 2 dados e 20 marcadores
(sendo 10 para cada jogador), além da Ficha de Regis-
tro individual para fechamento da atividade. Os bol-
sistas explicaram as regras do jogo.
Foi realizada a primeira partida, durante a qual
o aluno ficou livre para jogar sem que houvesse inter-
venções dos bolsistas.
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 72
Figura 7 – Exemplo de jogada em que o aluno colocou várias
fichas no número 2.
2ª etapa: Na segunda rodada, os bolsistas pediram
aos alunos que anotassem o resultado da soma dos
dados a cada lance efetuado pela dupla. Os alunos
então jogaram duas ou três rodadas.
Conforme o esperado, muitos alunos descobri-
ram que o número 1 nunca seria resultado da soma
das faces de dois dados e que a menor soma possível
seria 2. Durante o jogo, os alunos comentavam suas
percepções, e os bolsistas apoiavam e exploravam as
percepções dos participantes no sentido de fazê-los
refletir sobre as melhores opções, o que resultava na
mudança de apostas em cada rodada.
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 73
Figura 8 – Jogo com acompanhamento do registro das jogadas.
3ª etapa: Nesse momento, foi solicitado que os alunos
fizessem as atividades propostas na Ficha de Regis-
tro entregue a cada um deles. Nela, foram registrados
todos os possíveis resultados de soma com o lança-
mento dos 2 dados. Esses resultados foram contabi-
lizados e organizados em tabela para a construção
de um gráfico. De modo geral, a interpretação dos
resultados ocorreu sem dificuldades. Com base nos
resultados com maior Probabilidade de ocorrência,
os alunos responderam aos questionamentos que os
ajudaram na construção do conceito de Probabilida-
de de um evento.
Segundo relato dos bolsistas, quando os alu-
nos estavam preenchendo o gráfico e percebiam que
havia números com maior Probabilidade de cair, pe-
diam que jogassem novamente.
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 74
No exercício discursivo, tinham de dizer em
quais números deveriam colocar as peças para vencer
o jogo mais rapidamente, o que de fato os motivava a
querer jogar outra vez para ganhar.
Figura 9 – Ficha de Registro: atividade preenchida pelos alunos.
Na construção do gráfico, os alunos demonstra-
ram não compreender a simetria do “desenho” traçado
pelos pontos. No entanto, os bolsistas compreendiam
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 75
facilmente quando voltavam às questões anteriores e
mostravam que na tabela havia um pico, um número
com maior chance de ser a soma, e que outros núme-
ros tinham a mesma chance.
Observou-se que 60% dos alunos não conver-
teram os resultados em porcentagem ou realizaram
essa transformação, mas não obtendo o valor correto.
Portanto, ficando evidente a dificuldade na conversão
dos resultados em porcentagem, o professor regente
preparou atividades em sala de aula para fixar esse
conteúdo.
Avaliação dos alunos sobre a atividade
Ao final de cada aplicação, cada aluno recebeu
um questionário de avaliação da atividade, por meio
do qual se confirmou a aceitação do jogo. Nas respos-
tas, houve várias alusões à interatividade, à relação
da atividade com a compreensão do conteúdo e ao de-
sejo de mais atividades como essa.
Cadernos Prograd IFRJ 76
Figura 10 – Trechos da avaliação do jogo Conquista de
Território, realizada pelos alunos.
Avaliação dos bolsistas
Após avaliação das aplicações, concluiu-se que
a atividade:
• Diversificou a aula – tornando-a atrativa e co-
laborativa – e envolveu toda a turma;
• Ajudou a compreender o conteúdo de manei-
ra fácil e prazerosa;
Fonte: CAMPOS et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 77
• Exercitou a mente e esclareceu as dúvidas;
• Despertou o interesse pela matemática;
• Trouxe significado real da contribuição da
Matemática em situações cotidianas.
De modo geral, os bolsistas perceberam que os
alunos se interessaram bastante e gostaram muito
da atividade, a ponto de repetirem o jogo por várias
vezes. Observaram, ainda, que poucos alunos na pri-
meira rodada conseguiam ter a malícia de não colo-
car marcador na casa nº 1 do tabuleiro, uma vez que
a soma dos 2 dados não poderia valer 1. No decorrer
do jogo, à medida que iam percebendo essa questão,
criavam estratégias para a possibilidade de alguém
ganhar, de modo que algumas duplas recomeçaram a
rodada. Outras, quando sobravam apenas marcado-
res na casa nº 1, passavam a jogar apenas um dado.
Houve casos também em que o aluno pedia ao cole-
ga que o deixasse realocar os marcadores, e alguns
poucos desistiam e partiam para o preenchimento da
Folha de Registro.
De modo geral, os bolsistas só intervinham
quando solicitados e explicavam a dúvida somente à
Cadernos Prograd IFRJ 78
dupla que tinha observado, pois a intenção era fazer
com que os demais alunos chegassem a essa conclu-
são individualmente.
De início, os alunos não perceberam que os re-
sultados 5, 6, 7, 8 e 9 são os que mais saem, mas con-
seguiram notar esse fato durante as jogadas ou após
o preenchimento das atividades da Folha de Registro.
Por meio da construção do gráfico, foi possível visua-
lizar a maior Probabilidade de que a soma dos dois
dados correspondesse a esses valores; no momento
dessa descoberta, as duplas queriam voltar a jogar,
pois, sabendo dessa nova informação, diziam que dis-
tribuiriam os marcadores de maneira bem diferente.
Em relação à realização das atividades da Fo-
lha de Registro, os alunos responderam sem muitas
dúvidas e demonstraram boa compreensão.
Um aspecto interessante foi como a competiti-
vidade durante o jogo se mostrou produtiva. O objeti-
vo de ganhar foi um fator que colaborou para o desen-
volvimento do conteúdo. Em seu portfólio, a bolsista
Esttéfani M. Silva conclui sua reflexão sobre o jogo da
seguinte maneira:Por fim, o jogo em material é bem simples, mas, de todos os jogos que apliquei no Pibid,
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 79
Conquista de Território foi um dos que mais prendeu a atenção dos alunos. A competiti-vidade em ganhar do outro foi um fato que colaborou, porém, ao criarem a noção de lançamento de dados e as possibilidades para a soma desses resultados, eles não só tentavam ganhar do parceiro como também, quando viam algum colega de classe preci-sando de ajuda, tentavam explicar sobre o que haviam acabado de aprender. Além de os alunos conseguirem fazer pessoalmente o que fazem nos exercícios, também ficaram motivados a querer jogar mais vezes e aju-dar outros colegas (Esttéfani M. Silva, port-fólio pessoal de acompanhamento das ativi-dades realizadas no Pibid).
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Houve boa aceitação do jogo por parte dos alu-
nos, não tendo sido necessárias modificações nem em
suas regras nem na condução da atividade.
Após as reflexões com o grupo de bolsistas so-
bre as aplicações do jogo e a sua exploração, percebeu-
-se que seria mais proveitoso realizar o jogo antes que
esse conteúdo de Matemática fosse aplicado, como
uma atividade introdutória ao estudo da Probabilida-
de. Por essa razão, em 2016, o jogo foi reaplicado por
um novo grupo de bolsistas, também sob a supervisão
da professora Dorcas; no entanto, dessa vez, antes de
o conteúdo ter sido apresentado pelo professor.
Cadernos Prograd IFRJ 80
Após as aplicações, concluiu-se que os objeti-
vos também foram alcançados e tornaram as aulas
do professor mais atrativas, pois, a partir das situa-
ções vivenciadas no jogo, foi possível construir o con-
ceito de Probabilidade com a participação ativa dos
alunos. Isso ocorreu, por exemplo, ao ser conceituado
um tipo de evento como certo, impossível, unitário ou
simples, no qual o professor pôde lançar mão da ati-
vidade da Folha de Registro realizada na aplicação do
jogo, e os alunos prontamente foram capazes de rela-
cionar a definição de Probabilidade com o exemplo.
Outras atividades foram abordadas com mais
ênfase durante as aulas, e todas faziam a conexão
com as experiências vivenciadas com o jogo. Isso não
só diversificou a aula como também garantiu bons
resultados nas avaliações posteriores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta do jogo Conquista de Território partiu
da necessidade de se dinamizarem as aulas e trabalha-
rem os conceitos significativamente, levando o aluno a
compreender as chances de cada opção realizada e refletir
sobre como melhorar as estratégias para ganhar o jogo.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 81
Durante as aplicações, o diálogo entre bolsistas
e alunos foi profícuo; além disso, várias dúvidas foram
sanadas, o que melhorou a compreensão sobre o que
é Probabilidade e qual é a sua finalidade.
A vontade de ganhar – traduzida nas sucessi-
vas rodadas – e as descobertas que os alunos fizeram
evidenciam que a maneira como foi conduzido o jogo
cumpriu seus objetivos tanto em relação à metodologia
de jogos em seu caráter lúdico e motivacional como no
que diz respeito à criação de situações-problema que
incentivassem os alunos a refletir sobre o conteúdo.
A experiência também foi enriquecedora para
os bolsistas e para a professora supervisora, reforçan-
do o potencial do jogo como um modo de fomentar o
diálogo em sala de aula e promover o aprendizado a
partir das problematizações propostas.
Para os bolsistas, em especial, ter a oportuni-
dade de aplicar o jogo acompanhado de um instru-
mento como a Folha de Registro – bem como interagir
para promover a percepção e reflexão nos alunos de
maneira exitosa – é, no mínimo, uma experiência que
irá torná-los muito mais seguros para ousar e cons-
truir atividades metodologicamente novas.
Cadernos Prograd IFRJ 82
Um aspecto interessante foi perceber, ao final
da atividade realizada, as dificuldades dos alunos em
relação ao conceito de percentual e, portanto, ao cál-
culo da Probabilidade. Tal percepção levou o professor
a realizar atividades que sanassem essa lacuna. Logo,
é possível avaliar dificuldades a partir de uma ativi-
dade que não tenha sido intencionalmente construída
para fins de avaliação.
Por fim, é possível concluir que a atividade al-
cançou seus objetivos em todos os envolvidos. Os bol-
sistas vivenciaram a prática pedagógica da aplicação
de um jogo promovendo situações problematizado-
ras, intervindo na aplicação e refletindo sobre ela. Os
alunos do Ensino Médio do Colégio Guanabara reali-
zaram uma atividade diferente, por meio da qual foi
possível aprofundar os conceitos de Probabilidade de
maneira mais dinâmica, descontraída, prazerosa, di-
vertida, estimulando-os a pensar e agir. A professora
supervisora teve a oportunidade de experimentar uma
nova atividade para um conteúdo tão pouco aceito pe-
los alunos.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 83
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC, 2001.
___________. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000.
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. 3.
ed. São Paulo: Ática, 2013. 4 v.
LOPES, José Marcos. O ensino de probabilidade através de um jogo de dados e da metodologia de resolução de problemas: minicurso, 2008. Disponível em: <www.
sbembrasil.org.br/files/ix_enem/Minicurso/Trabalhos/
MC00547986807T.rtf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
RIBEIRO, Jackson. Matemática: ciência, linguagem e
tecnologia, vol. 2. São Paulo: Scipione, 2010.
SMOLE, Kátia Stocco et al. Jogos de matemática: 1° a 3°
ano. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 85
Capítulo 4
CONSOLIDAÇÃO DO TEMA TABELA PERIÓDICA POR MEIO DE ATIVIDADE
LÚDICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PIBID IFRJ (CDuC)
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 87
Capítulo 4
CONSOLIDAÇÃO DO TEMA TABELA PERIÓDICA
POR MEIO DE ATIVIDADE LÚDICA: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA DO PIBID IFRJ (CDuC)
Vanessa de Souza Nogueira Penco*
Andréa Couto de Carvalho Duque
Carolinne Souza de Amorim
Douglas Galdino dos Santos
Ianize de Novais Barreto
Mateus de Souza Mello
Vanessa Nóbrega de Medeiros
Verônica de Souza Mussoi
Gabriella Barbosa de Almeida
Gleyce dos Santos Alves
Pammella Elizienny Domingos Rodrigues
Rychard Medeiros de Oliveira Ferreira
Samuel Barbosa da Silva
Victor Hugo Moreira da Silva
Cadernos Prograd IFRJ 88
RESUMO: Este trabalho apresenta o relato de expe-
riência desenvolvido no Pibid com os estudantes do
curso de Licenciatura em Química do IFRJ – campus
Duque de Caxias –, no Colégio Estadual Professor
José de Souza Herdy. A experiência foi idealizada para
o desenvolvimento de uma abordagem lúdica sobre o
conteúdo da Tabela Periódica. A utilização de práticas
lúdicas proporciona um ambiente mais descontraído
e informal em sala de aula. Partindo dessa premissa,
bolsistas do Pibid, a coordenadora e a supervisora rea-
lizaram reuniões para planejamento de uma atividade
de consolidação do tema, após a ministração de aulas
teóricas. O objetivo foi criar um ambiente similar ao
de um supermercado, relacionando os elementos da
Tabela aos produtos desse tipo de estabelecimento.
No momento da aplicação, os alunos foram recepcio-
nados pelos bolsistas e pela supervisora (professora
regente) na sala de aula adaptada em supermercado,
onde se destacavam os elementos químicos presentes
em cada um dos produtos. A atividade incluiu a utili-
zação da sala de informática pelos alunos, para a rea-
lização de pesquisas na internet sobre os elementos
químicos. A intervenção foi aplicada em três turmas,
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 89
e todo o processo foi registrado por meio de vídeos e
fotos. De acordo com a maioria das opiniões, a ativida-
de foi considerada divertida e prazerosa, contribuindo
significativamente para a aprendizagem do conteúdo.
Do ponto de vista dos bolsistas, houve a consolidação
e ampliação dos conceitos teóricos, tornando o ensino
da Tabela Periódica mais interessante, aproximando a
Química à realidade dos alunos.
Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsa de Ini-
ciação à Docência. Tabela periódica. Atividade lúdica.
1 INTRODUÇÃO
Quando se reflete sobre o processo de forma-
ção inicial de professores nos cursos de licenciatura,
observa-se que ele ainda se caracteriza pela ausência
de integração entre as disciplinas, sendo voltado para
a passividade da transmissão e recepção de conheci-
mentos e, portanto, tornando-se ineficiente em sua
função formativa (STANZANI; BROIETTI; PASSOS,
2012). Além disso, esses cursos, em sua maioria, se-
guem um modelo tradicional de formação – caracte-
rizado pela dicotomia teoria–prática e pela falta de
Cadernos Prograd IFRJ 90
integração disciplinar –, o qual, pautado na ideia da
transmissão/recepção, confere uma visão simplista
à atividade docente, tornando esse processo pouco
eficiente em sua função formativa. Os problemas pre-
sentes na formação de professores são preocupantes
e históricos:
No caso da formação nos cursos de licencia-tura, em seus moldes tradicionais, a ênfase está contida na formação dos conteúdos da área, onde o bacharelado surge como a op-ção natural que possibilitaria, como apêndi-ce, também, o diploma de licenciado. Nesse sentido, nos cursos existentes, é a atuação do físico, do historiador, do biólogo, por exemplo, que ganha importância, sendo que a atuação destes como “licenciados” torna--se residual e é vista, dentro dos muros da universidade, como “inferior”, em meio à complexidade dos conteúdos da “área”, passando muito mais como atividade “vo-cacional” ou que permitiria grande dose de improviso e autoformulação do “jeito de dar aula” (BRASIL, 2002a, p.13).
De acordo com Maldaner (2006), diante dos
problemas apontados, é clara a necessidade de se
buscar uma reavaliação do processo de formação ini-
cial de professores de Química, que se mostra insu-
ficiente para contemplar um desenvolvimento sólido
e condizente com a realidade educacional. Sendo as-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 91
sim, torna-se imprescindível a compreensão de que a
formação de um professor acontece durante um lon-
go processo, que não termina em um curso de licen-
ciatura. No entanto, esse curso deve promover ações
formativas significativas aos licenciandos e que per-
meiem a tríade ensino–pesquisa–extensão, como, por
exemplo, projetos para a promoção dessa integração.
Visando garantir uma formação inicial aos li-
cenciandos de maior qualidade, o Programa Institu-
cional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) obje-
tiva “fomentar a iniciação à docência, contribuindo
para o aperfeiçoamento da formação de docentes
em nível superior e para a melhoria da qualidade da
Educação Básica pública brasileira” (BRASIL, 2013,
p. 2). Desenvolvido por Instituições de Ensino Supe-
rior (IESs) em parceria com as escolas de Educação
Básica da rede pública de ensino, o Pibid concede
bolsas aos alunos de licenciatura participantes dos
projetos de iniciação à docência (BRASIL, 2013).
Para Massena (2015), essa aproximação en-
tre IESs e instituições de Educação Básica possi-
bilita o diálogo mais eficaz entre a universidade e
a escola. Para Scheibe (2010), o Pibid faz parte de
Cadernos Prograd IFRJ 92
“um grande movimento nas políticas públicas com
objetivo de suprir a defasagem de formação e de
valorização do trabalho docente”.
Atualmente, o Pibid do Instituto Federal de Edu-
cação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ),
campus Duque de Caxias, desenvolve dois subproje-
tos de Química. Um deles é constituído por 1 coorde-
nadora de área, 2 supervisoras e 11 licenciandos em
Química. Duas escolas são atendidas pelo programa:
o Colégio Estadual Lia Márcia Gonçalves Panaro e o
Colégio Estadual Professor José de Souza Herdy. Du-
rante esta leitura, serão relatados o planejamento e a
execução de uma abordagem lúdica que relacionou a
Tabela Periódica com um supermercado.
2 DIAGNÓSTICO
Este trabalho surgiu da necessidade de se de-
senvolver uma atividade para a consolidação do tema
Tabela Periódica, após aulas teóricas terem sido mi-
nistradas (conteúdo para a 1ª série, no 3º bimestre
do Ensino Médio Regular, conforme o currículo mí-
nimo adotado pela rede estadual pública de ensino
do Estado do Rio de Janeiro). Iniciou-se, então, um
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 93
processo de discussão entre bolsistas, coordenado-
ra e supervisora em relação à escolha da ferramenta
metodológica que poderia ser utilizada. Após a apre-
sentação de algumas sugestões, ficou decidido que a
atividade seria uma intervenção com caráter lúdico,
relacionando o tema abordado no bimestre, Tabela
Periódica, com supermercado, em consonância com
a analogia utilizada pela professora regente, supervi-
sora do projeto, nas aulas teóricas.
A atividade deveria proporcionar uma atmosfe-
ra descontraída e informal em sala de aula, diferente
daquela das aulas tradicionais, tornando o processo
ensino–aprendizagem mais prazeroso e interessan-
te, com participação ativa dos alunos na construção
e aplicação do conhecimento. Em estudo realizado
em 2012, desenvolvido por Aquino, Santos e Silva,
investigaram-se as principais dificuldades dos alu-
nos a respeito da Tabela Periódica e constataram-se
algumas deficiências na identificação da importância
das propriedades periódicas, na associação dos ele-
mentos químicos com os seus respectivos símbolos,
entre outras. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio:
Cadernos Prograd IFRJ 94
[...] a simples transmissão de informações não é o suficiente para que os alunos ela-borem suas ideias de forma significativa. É imprescindível que o processo de ensi-no–aprendizagem decorra de atividades que contribuam para que o aluno possa cons-truir e utilizar o conhecimento (BRASIL, 2002, p. 124).
Um dos recursos de ensino utilizados são as
atividades lúdicas. De acordo com Mello (2000), uma
atividade lúdica fornece condições para a quebra da
monotonia e uma abordagem diferenciada sobre a Quí-
mica. Dessa maneira, a ludicidade almeja estimular os
alunos a raciocinar, refletir e construir o seu conheci-
mento, além de facilitar a construção do conhecimen-
to cognitivo, físico, social e psicomotor, o que o leva a
familiarizar mais facilmente o assunto abordado. Além
disso, desenvolve as habilidades necessárias às práti-
cas educacionais da atualidade. Nesse trabalho, o lúdi-
co foi associado à contextualização, através da relação
do conhecimento científico com o cotidiano dos alunos.
3 RELATO DAS AÇÕES
O planejamento da atividade teve duração de
três semanas com três reuniões realizadas para orien-
tação e acompanhamento dos bolsistas no desenvolvi-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 95
mento dos materiais didáticos e da parte pedagógica.
A ideia foi transformar a sala de aula em um super-
mercado com divisão por setores: Hortifrúti, Limpeza,
Higiene, Cereais, Laticínios e Padaria. Os bolsistas ini-
ciaram uma pesquisa na internet e em livros sobre os
elementos químicos presentes nos produtos de cada
seção listada anteriormente.
Com essas informações, o grupo elaborou um
texto informativo, utilizando o programa de computa-
dor Publisher®, com o objetivo de produzir um material
impresso, ilustrado, contextualizado com o tema Su-
permercado, contendo diversas informações sobre os
elementos da Tabela Periódica, no formato de um folhe-
to de promoções de mercado. O folheto (Figura 1) abor-
dou elementos químicos essenciais ao funcionamento
do nosso corpo – como iodo, cálcio, magnésio, man-
ganês e zinco –, destacando as características quími-
cas, a função no corpo humano, os alimentos em que
são encontrados, entre outras informações. A produção
dessa ferramenta demandou dos bolsistas pesquisa e
criatividade para a elaboração do conteúdo e da forma
de apresentação dos temas. A linguagem utilizada foi
simples e objetiva.
Cadernos Prograd IFRJ 96
Figura 1 – Primeira página do folheto informativo.
Fonte: DUQUE et al. (2016).
Paralelamente à produção do material impres-
so, os bolsistas confeccionaram uma Tabela Periódica
em uma folha do tipo quarenta quilos, com espaços
vazios nas posições de alguns elementos químicos
para possibilitar a participação dos alunos em com-
pletar a tabela com esses elementos e suas respecti-
vas informações (símbolo químico, número atômico,
massa atômica, nome do elemento) (Figura 2).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 97
Figura 2 – Processo de confecção da Tabela Periódica e
de outros materiais.
Fonte: DUQUE et al. (2016).
Painéis foram preparados para fixação dos
resultados das pesquisas dos alunos a serem reali-
zadas na sala de informática da escola, ao longo da
atividade. Placas com símbolos dos elementos quí-
micos foram confeccionadas para destacar elementos
presentes em cada um dos produtos (Figura 3).
Figura 3 – Identificação dos elementos químicos
presentes em produtos de supermercado.
Fonte: DUQUE et al. (2016).
Cadernos Prograd IFRJ 98
As etapas de mediação na aplicação da ativi-
dade foram estabelecidas, e, para melhor distribuição
de tarefas, os bolsistas que atuam no Colégio Esta-
dual Lia Márcia Gonçalves Panaro foram convidados
a participar, cabendo a eles realizar os registros (fo-
tos, vídeos, entrevistas dos alunos e transcrição de
pareceres). No dia da aplicação do trabalho, todos
os bolsistas estavam no local, ficando cada um de-
les responsável por uma função. A união das equipes
dos dois colégios proporcionou a troca de experiên-
cias entre os licenciandos e a vivência da execução de
um projeto em equipe.
Os alunos foram organizados em grupos de
quatro alunos e recepcionados no “Supermercado
José Herdy”. Os grupos foram recebidos por um dos
bolsistas, que fazia o papel de locutor do mercado;
nesse momento, o folheto informativo era distribuído.
O objetivo do “locutor” era promover (informando) os
elementos químicos presentes em cada produto e, em
outro momento, entrevistar os alunos para que re-
latassem o que aprenderam dessa experiência sobre
a relação dos elementos da Tabela Periódica com os
produtos de supermercado.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 99
Após essa etapa, os alunos sortearam um dos
elementos químicos presentes nos produtos de su-
permercado. Em seguida, eles foram direcionados à
sala de Informática da escola a fim de realizarem uma
pesquisa sobre o elemento químico sorteado, procu-
rando as fontes naturais para obtenção do elemento,
propriedades químicas e outras aplicações para além
do supermercado. Após essa pesquisa, os alunos es-
creveram em um papel reservado para isso o símbo-
lo químico, o número atômico, a massa atômica e o
nome do elemento; além disso, inseriram-no no lo-
cal correto da Tabela Periódica (Figura 4). Para isso,
disponibilizaram-se aos alunos canetinhas coloridas,
giz de cera e lápis de cor.
Figura 4 – Alunos completando a Tabela Periódica.
Fonte: DUQUE et al. (2016).
Cadernos Prograd IFRJ 100
Além disso, forneceu-se aos alunos uma folha
para montagem de uma ficha técnica sobre o elemen-
to escolhido, onde seriam incluídos os resultados de
suas pesquisas na internet e desenhos relacionados
ao tema. Essas fichas foram fixadas em um painel
(montado para cada uma das turmas). Tal atividade
foi aplicada em três turmas, tendo cada intervenção
duração de 90 minutos. A intervenção teve por obje-
tivo aproximar da realidade e do cotidiano dos alunos
os conteúdos teóricos, demonstrando que a Química,
de uma maneira concreta, faz parte do nosso dia a dia.
Detalhes da intervenção são mostrados na Figura 5.
Figura 5 – Visão geral da sala de aula e de alguns detalhes;
supervisora e bolsistas Pibid (da esquerda para a direita).
Fonte: DUQUE et al. (2016).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 101
Realizaram-se duas avaliações: uma sobre a
eficácia da atividade em relação aos alunos da Edu-
cação Básica e outra sob a perspectiva dos bolsis-
tas do Pibid. Os alunos foram entrevistados indivi-
dualmente durante o desenvolvimento da atividade,
à medida que participavam dela, com o objetivo de
conhecer a maneira como encaravam a metodologia e
o nível de aproveitamento em relação à consolidação
dos conteúdos, buscando o aprimoramento da pro-
posta aplicada.
Foram feitas as seguintes perguntas aos alunos:
1) O que você está achando da atividade?
2) O que você tem a dizer sobre o elemento
que está pesquisando?
3) Você sabia que esses produtos continham
esses elementos?
Na primeira questão, as respostas dos alunos
demonstraram como eles receberam essa atividade,
que apresentou uma abordagem diferente da tradi-
cional. De modo geral, as respostas foram positivas, o
que nos possibilita afirmar que a proposta de conso-
lidar o conteúdo de uma forma criativa e participati-
Cadernos Prograd IFRJ 102
va foi bem aceita pelos alunos. Alguns pareceres dos
alunos são transcritos a seguir:
“Estamos gostando. Aprendendo melhor que a aula normal”.“Gostamos, pois estamos aprendendo melhor, e assim é divertido”.“Está estranho, meio confuso, mas está legal”.“Acho que esta aula foi necessária”.“Por mim, podia ser assim toda aula”.“Aula assim sempre é boa. Dinâmica”.“Adorei. Gostaria que tivesse mais aulas como essa. Tive mais participação com os alunos”.“Estou gostando muito. Estou vendo que a Química não é esse bicho de sete cabeças”.“Legal, de verdade, pois estou sentindo uma parti-cipação maior com a demonstração da Química no nosso dia a dia”.
As respostas obtidas sinalizam que a apreen-
são desse tema foi facilitada quando houve associa-
ção com o cotidiano e demonstração de aplicações
práticas do conhecimento. Segundo os alunos, essa
aula diferenciada foi mais efetiva que uma aborda-
gem tradicional, e mais aulas deveriam ter esse for-
mato. Os pareceres também demonstraram a per-
cepção dos alunos de que a atividade proporcionou
maior interação entre eles.
Na segunda questão, os alunos apresentaram
informações obtidas a partir das pesquisas realiza-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 103
das na internet e no folheto. Algumas delas foram se-
lecionadas e são citadas a seguir:
“Faz parte dos moluscos e frutos do mar”. “Faz bem para a saúde, ossos e dentes. Está pre-sente no iogurte, brócolis e leite”.“Está presente no Vanish®, tem diversas funções. É usado na indústria de nome difícil lá”. “Tem manganês nas coisas, no chá, na melancia... Sua função é acelerar o metabolismo de crescimen-to, a estrutura óssea, e a falta dele causa perda de peso”. “Fazer remédios... curas... nos legumes usam al-guns elementos para determinadas doenças”.“Presente na banana, peixe e feijão”. “Muito importante para a nossa vida, para a fa-bricação de vários materiais que encontramos no nosso dia a dia”.“Assim como o cálcio, ele ajuda na formação de ossos e tecido conjuntivo”. “Bom para o metabolismo celular e a transmissão de impulsos nervosos. A falta de sódio causa per-da de peso”.
Não houve sequer uma resposta citando as-
pectos negativos em relação aos elementos pesquisa-
dos. Esse fato chamou atenção, pois há uma tendên-
cia de se encarar a Química de forma negativa.
A terceira questão teve como objetivo verificar
o conhecimento prévio dos alunos sobre os elemen-
tos da Tabela Periódica nos alimentos consumidos
em seu cotidiano. A seguir, são citadas algumas des-
sas transcrições:
Cadernos Prograd IFRJ 104
“Sabia”.“Não sabia da importância desse elemento”. “Não sabia”.“Não sabia que tinha esse elemento nos produtos, mas estou gostando”. “Está mais presente do que imaginava”. “Não sabia. O que mais gostei é que descobrimos outros elementos presentes em outros alimentos, como o amendoim, que possui cobalto”.“Já tive aula de Tabela Periódica antes, mas nun-ca parei para pensar sobre os elementos químicos da Tabela estarem inseridos no nosso dia a dia”.“Sabia que tinha na Tabela Periódica, mas não sa-bia que existia”. “Sabia que estava presente na banana, porém não ouvi falar sobre a importância desse elemento para a saúde”. “Fiquei sabendo agora sobre o fósforo e seus be-nefícios”. “Já sabia sobre os benefícios do cálcio e onde en-contrar”. “Não sabia sobre os benefícios para a limpeza”.
As respostas mostraram que: os alunos, ape-
sar das aulas teóricas sobre o tema, não haviam se
conscientizado da presença dos elementos químicos
no cotidiano; só a partir da atividade eles se apropria-
ram do conhecimento; e algumas vezes a Química se
apresenta para o aluno como algo muito distante da
sua realidade.
Durante a intervenção, alguns alunos foram
entrevistados sobre suas opiniões em relação à ati-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 105
vidade. Em seus pareceres, os alunos descreveram o
que acharam da metodologia. Alguns dos relatos são
apresentados a seguir:
“Estou gostando muito. Essa foi a primeira vez que utilizei a sala de Informática”. “Foi bem louca essa atividade da Tabela Periódi-ca no supermercado. Foi a primeira vez que tive contato com a Química. Para ser melhor, a sala de Informática tinha que estar sempre funcionando”. “Aula dinâmica e boa, pois não adianta ter um ca-derno cheio, mas a mente vazia”.“Muito mais dinâmica e divertida. Dessa vez a aula não deu sono”. “[...] a professora se esforça, ela é a mais legal do colégio, mas a matéria vai ficando chata”.
Nota-se que, além de ter proporcionado o co-
nhecimento do tema, a atividade propiciou o conhe-
cimento e a utilização de áreas da escola até então
desconhecidas pelos alunos.
Esses pareceres ilustram como os estudantes
se sentem distantes da Química (talvez pelo alto grau
de abstração da disciplina) e que acolheram bem a
proposta.
Após a análise dos pareceres dos alunos, os
bolsistas Pibid teceram seus próprios comentários
sobre a atividade. Alguns trechos são apresentados
a seguir:
Cadernos Prograd IFRJ 106
“Foi perceptível que o projeto mexeu com o modo como a escola vê o ensino. Tanto que, durante a aplicação do projeto, funcionários da escola e alu-nos de outras turmas apareceram para ver e par-ticipar da atividade. O que, para mim, já traz um grande sentimento de que é possível tornar o ensi-no mais interessante e fazer essa distância entre os alunos e a Química ser cada vez menor”.
“Ao meu ver, essa nova proposta gerou primeira-mente nos alunos um certo estranhamento ou ti-midez para a realização das atividades; porém, com o passar da aula, eles foram se adaptando e compreendendo que era possível aprender de uma maneira divertida e diferente como a que foi pro-posta”.
“A resposta dos alunos sobre ter uma atividade di-ferenciada de uma aula apenas de quadro e expli-cação foi muito positiva; acho que a melhor palavra para a reação deles ao ver a sala montada como supermercado seria surpresa, alunos que geral-mente não gostam de participar durante aulas tra-dicionais adoraram a atividade diferenciada, em que eles foram o centro da aula”.
“Pela primeira vez, realizamos uma atividade di-ferenciada e inovadora no colégio. O grupo, em outros momentos, não teve a oportunidade de realizar uma atividade de maior escala que des-pertasse o interesse dos alunos. Para os alunos, é muito importante receber esse tipo de atividade, pois os mesmos se sentiram muito confortáveis e fizeram vários questionamentos durante a aula. Foi muito prazeroso aplicar essa aula”.
“O entrosamento dos bolsistas das 2 escolas foi ótimo, visto que todos se ajudaram antes, na hora e após a mediação”.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 107
“Para mim, foi muito boa a experiência, pois foi o meu primeiro contato real com a turma; eu já tinha conversado com alguns alunos, mas nunca com uma turma inteira”.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Embora turmas e alunos difiram na sua di-
nâmica e essência, a aplicação de uma intervenção
como a relatada aqui pode obter os mesmos resulta-
dos positivos que foram observados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com essa experiência, ficou ainda mais evi-
dente a necessidade de que as equipes do Pibid dedi-
quem tempo específico e significativo ao planejamen-
to de ações. Destaca-se, também, a importância das
reuniões de grupo entre bolsistas/coordenadora de
área/supervisora, que proporcionaram momentos de
discussão das propostas, apresentação de pesquisas
bibliográficas realizadas e avaliação em conjunto das
ferramentas produzidas. Essa atividade não somen-
te foi diferente para os alunos da Educação Básica,
como também foi considerada significativa e inovado-
ra para os alunos da formação inicial de professores.
Cadernos Prograd IFRJ 108
O desenvolvimento dessa proposta propiciou aos alu-
nos Pibid colocar em prática as orientações obtidas
nas disciplinas pedagógicas, além de demonstrar que
os objetivos do Pibid estão sendo contemplados no
processo formativo dos licenciandos em Química do
IFRJ – campus Duque de Caxias.
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Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 109
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Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 111
Capítulo 5
CONSTRUÇÃO DE MINIATURA DE RODA-GIGANTE PARA O APRENDIZADO DE
CONCEITOS DE MATEMÁTICA E FÍSICA
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 113
Capítulo 5
CONSTRUÇÃO DE MINIATURA DE RODA-GIGANTE
PARA O APRENDIZADO DE CONCEITOS DE MATE-
MÁTICA E FÍSICA
Ana Carla Lima Fonseca Coutinho*
Adriano da Silva de Jesus
José Augusto Tannus Pimentel Pinto
Letícia Gonçalves Gama Silva
Thallys Reis Chagas da Silva
Sandra Correa Gomes
Viviane dos Santos
Ismarcia Gonçalves Silva
Eduardo Seperuelo Duarte
Kelling Cabral Souto
RESUMO: O desenvolvimento de trabalhos pelo Pibid-
-IFRJ/Nilópolis no Colégio Estadual Pierre Plancher
vem demonstrando que os alunos têm maior interesse
quando participam da construção e utilização do ex-
Cadernos Prograd IFRJ 114
perimento — e não apenas de sua observação. Dessa
maneira, as atividades realizadas nessa escola buscam
sempre a elaboração de experimentos para que, de
maneira lúdica, os estudantes compreendam conheci-
mentos de Física, Química e Matemática. O trabalho
aqui apresentado é uma mostra da prática, com disse-
minação em uma oficina para professores no Encontro
Pibid e, posteriormente, uma nova aplicação no colégio
de origem. Com essa atividade, pretendeu-se trabalhar
com o ensino de Matemática, abordando-se conceitos
de geometria e trigonometria por meio da elaboração
e construção de uma miniatura de roda-gigante. Para
isso, foram utilizados os seguintes materiais: palitos de
picolé e de churrasco, transferidor, compasso, régua
e cola. O objetivo inicial da construção da miniatura
de roda-gigante foi fazer com que estudantes se apro-
priassem de noções básicas de geometria e trigonome-
tria e aplicassem esses conceitos na realização de uma
construção. Não obstante, a atividade pôde ser comple-
mentada com sua extensão para o estudo de trabalho e
energia, bem como sua extrapolação para o uso de uma
roda-d’água. Dessa maneira, foi possível a integração
das disciplinas de Matemática e Física, de modo que os
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 115
alunos transitassem entre os conhecimentos de ambas
as ciências sem dicotomia entre elas.
Palavras-chave: Ensino de Matemática. Ensino de Fí-
sica. Atividade experimental. Energia. Trigonometria.
1 INTRODUÇÃO
Por meio de trabalhos desenvolvidos pelo Pro-
grama Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(Pibid) do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) – campus Nilópolis
– no Colégio Estadual Pierre Plancher, evidenciou-se
que o maior interesse dos alunos não está na observa-
ção de experimentos, mas na participação da constru-
ção e da utilização deles. Tal percepção motivou a or-
ganização dessa atividade, com o objetivo de trabalhar
com o ensino de Matemática. Para isso, abordaram-se
conceitos de geometria e trigonometria com a elabora-
ção e construção de uma miniatura de roda-gigante.
Para a confecção da miniatura, são necessários palitos
de picolé e de churrasco, bem como transferidor, com-
passo, régua e cola (Figura 1 A). Após a montagem
(Figura 1 B), há, ainda, a possibilidade de se expan-
dir a atividade com a montagem de uma roda-d’água
Cadernos Prograd IFRJ 116
(Figura 1 C) para trabalhar com o ensino de Física,
tratando tópicos relacionados a movimento circular,
trabalho e energia. A atividade inicial se destinava a
estudantes do 1º ano do Ensino Médio, com o intuito
de introduzir conceitos básicos de trigonometria — em
particular, medidas e soma de ângulos.
Figura 1 - A. Etapa inicial de construção da miniatura de
roda-gigante; B. Miniatura de roda-gigante; C. Roda-d’água
Fonte: COUTINHO et al. (2015).
Contudo, os autores expandiram gradualmen-
te a aplicação desse projeto para as aulas de Física,
mais especificamente para o estudo de movimento
angular, trabalho e conservação de energia. O obje-
tivo foi a elaboração e análise de uma roda-d’água
construída pelos alunos. O sucesso com a atividade
motivou a proposição e execução de uma oficina du-
A B C
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 117
rante o V Encontro Pibid–IFRJ, realizado no campus
Paracambi. Destinada a professores e estudantes de
Física e Matemática, a oficina (Figura 2) possibilitou
a abordagem de uma aprendizagem significativa, com
atividades concebidas para estudantes do Ensino Mé-
dio, tendo como objetivos construir o artefato de forma
lúdica e apreender os conceitos físicos e matemáticos
envolvidos na construção do experimento.
Figura 2 - Oficina realizada durante o V Encontro Pibid-IFRJ,
no campus Paracambi (2015).
Fonte: COUTINHO et al. (2015).
O material utilizado na oficina é facilmente lo-
calizável e de custo acessível. De maneira lúdica, os
alunos são levados a compreender alicerces técnico-
-científicos das construções humanas. Embora não
Cadernos Prograd IFRJ 118
seja o objetivo principal, serão aqui apresentados
mecanismos de avaliação da atividade, entendendo-a
como uma etapa processual.
2 DIAGNÓSTICO
O Pibid-IFRJ/Nilópolis está inserido no Colégio
Estadual Pierre Plancher, no munícipio de Mesquita,
na Baixada Fluminense. A unidade escolar atende a
uma população carente, muitas vezes desmotivada
para a participação e a frequência escolares. As aulas
propedêuticas e conteudistas não estimulam os estu-
dantes a romper com apatia em relação ao aprendi-
zado, particularmente o das Ciências. A fim de trans-
formar essa realidade, as atividades promovidas pelo
Pibid no colégio são, sempre que possível, voltadas à
aprendizagem de maneira lúdica e investigativa, com
a elaboração e utilização de arranjos experimentais
desenvolvidos pelos licenciandos e/ou pelos estudan-
tes. Tal prática visa promover – junto aos estudantes
de Física, Química e Matemática – a cultura de uso de
laboratório didático em suas futuras práticas peda-
gógicas, bem como propiciar aos alunos um envolvi-
mento maior na construção do conhecimento.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 119
A confecção da miniatura de roda-gigante, ini-
cialmente desenvolvida no Colégio Estadual Pierre
Plancher, entusiasmou significativamente os estu-
dantes e os levou a perceber o uso de regras de geo-
metria e trigonometria em situações cotidianas.
O sucesso da atividade levou os licenciandos e
sua supervisora a dimensionar uma oficina ofertada a
outros professores no Encontro do Pibid, com o intuito
de multiplicar a prática em outras escolas da região.
A experiência bem-sucedida está novamente
sendo executada no Colégio Estadual Pierre Plancher,
agora com outros bolsistas do Programa. A análise pre-
liminar de seu desenvolvimento tem demonstrado que
os resultados são compatíveis com a prática anterior.
3 RELATO DAS AÇÕES
Os bolsistas do Pibid-IFRJ/Nilópolis têm reu-
niões semanais com a supervisora no Colégio Esta-
dual Pierre Plancher, durante as quais são debati-
dos temas, conceitos, estratégias a serem pensadas
e organizadas para a aplicação junto aos alunos do
colégio. Em muitas ocasiões, são analisadas as de-
mandas apresentadas pelos professores e verificadas
Cadernos Prograd IFRJ 120
as possibilidades de promoção de ações que contem-
plem tanto as necessidades dos docentes e estudan-
tes quanto a formação dos alunos de licenciatura
(bolsistas). Uma das solicitações, feita pela professo-
ra de Artes da escola, dizia respeito à falta de noção
de ângulos, do círculo trigonométrico e da simetria
(oposição) de ângulos nos diversos quadrantes.
Diante desse problema, bolsistas e superviso-
ra entenderam que seria possível tratar os conceitos
com a elaboração e construção de uma miniatura de
roda-gigante. A atividade possibilitaria, ainda, a ob-
tenção de medidas e a construção de gráficos e tabe-
las para análise.
Com base nas discussões e no planejamento,
foi elaborado o roteiro a seguir, inicialmente testado
pelos bolsistas e, em seguida, aplicado em uma das
turmas da escola.
ROTEIRO UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DA MINIA-
TURA DE RODA-GIGANTE
1. Objetivo
Construir uma miniatura de roda-gigante com
palitos de picolé, apropriando-se de conceitos de geo-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 121
metria e trigonometria, além de tópicos referentes ao
ensino de Física (como movimento circular, trabalho
e energia).
2. Montagem
Materiais necessários:
• Folha de papel ofício;
• Fita-crepe;
• Régua
• Compasso
• Transferidor
• Lápis
• Borracha;
• Palitos de picolé e de churrasco;
• Pistola de cola quente;
• Bastão de cola quente;
• Estilete ou tesoura;
• Papelão cortado no formato de uma moeda de
R$1,00 e com um furo no meio;
• Copinho descartável para café;
• Barbante.
Cadernos Prograd IFRJ 122
Procedimentos:
• Prender a folha de ofício sobre a mesa, utili-
zando fita-crepe;
• Traçar duas circunferências com as seguin-
tes medidas: 10cm e 5cm de raio;
• Marcar um ponto A na circunferência;
• Com a ponta-seca do compasso em A, traçar
o ponto B sobre a circunferência; depois, com
a ponta-seca do compasso em B, traçar C, e
assim sucessivamente, até que se marquem 6
pontos sobre a circunferência;
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 123
• Com a régua, traçar os lados e as diagonais
do hexágono;
• Fazer um corte transversal em um ângulo de
60°, com tesoura ou estilete, em cada ponta de
12 palitos de picolé;
• Prender 6 palitos de picolé com fita-crepe so-
bre as diagonais do losango;
• Colar os palitos de picolé com cola quente
sobre os lados do hexágono;
• Colar o papelão, no formato de círculo, no en-
contro dos palitos que estão sobre as diagonais;
• Na circunferência menor, formar também um
hexágono;
• Cortar 12 palitos em 5cm e as pontas trans-
versalmente no ângulo de 60°; colar sobre os
lados do hexágono menor;
• Fazer outro da mesma forma;
• Com os 2 hexágonos prontos, atravessar o meio
de cada hexágono com o palito de churrasco;
Cadernos Prograd IFRJ 124
• Furar os copinhos e prender arame em cada
furo;
• Cortar 6 palitos de churrasco em 10cm;
• Pendurar os copinhos com arame nos palitos
de churrasco (10cm), colando cada ponta em
cada hexágono maior;
• Fazer 2 suportes, em formato de triângulo,
com palito de churrasco.
Após sua aplicação (Figura 3), o grupo se reu-
niu para avaliar o trabalho e fazer ajustes. Feitas as
modificações e as pequenas correções, a atividade foi
aplicada nas demais turmas do Ensino Médio.
Figura 3 – Aplicação-teste da construção de uma
miniatura de roda-gigante.
Fonte: COUTINHO et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 125
Paralelamente à aplicação da atividade, du-
rante as reuniões semanais, os autores iniciaram
planejamento para a extensão do trabalho, de modo
a utilizar os conceitos aprendidos pelos alunos nas
aulas de Física para a extrapolação da roda-gigante
em uma roda-d’água. Tal feito possibilitaria a discus-
são de conceitos como transformação e conservação
de energia, trabalho e potência, entre outros.
Também se organizou a atividade a fim de pro-
mover uma oficina no Encontro Pibid para a dissemi-
nação do trabalho e a sugestão de sua aplicação em
outras escolas.
Saliente-se que os bolsistas do Pibid tiveram
seus vínculos vencidos, e, atualmente, a supervisora
do Colégio Estadual Pierre Plancher está desenvol-
vendo a atividade com os novos licenciandos, estan-
do no momento em fase de análise e planejamento do
roteiro para sua aplicação.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Conforme relatado, a elaboração e constru-
ção da miniatura de roda-gigante requer material de
fácil aquisição e de custo bastante reduzido, o que
Cadernos Prograd IFRJ 126
a torna interessante para a execução nas escolas da
rede pública.
Também, conforme exposto, foi promovida
uma oficina para a formação de professores e dispo-
nibilizado para uso o roteiro da atividade.
Assim, os autores consideram que a reaplica-
ção desse trabalho é bastante viável.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que, para além de contribuir com
a prática docente, o Pibid deve possibilitar aos bol-
sistas – professores em formação – a percepção de al-
ternativas pedagógicas que estimulem os estudantes
a se envolver na busca pelo conhecimento. O Pibid-
-IFRJ/Nilópolis tem como objetivos:
• Discutir as ações, ideias e propostas de prá-
ticas pedagógicas relevantes ao ensino de qua-
lidade na educação básica;
• Relatar o aprendizado obtido com essa expe-
riência tanto para o curso/campus/instituição
quanto para as comunidades docente e discen-
te (interna e externa ao IFRJ) e os demais en-
volvidos com a experiência;
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 127
• Relatar, ainda, os encaminhamentos de de-
mandas identificadas ao final da experiência,
o que a experiência propiciou a seus partici-
pantes, além de reflexões pontuais sobre os se-
guintes aspectos: os impactos das atividades
propostas sobre o aprendizado dos alunos; o
relacionamento com os alunos durante a ativi-
dade proposta; as dificuldades encontradas e
as estratégias para sua solução.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação
periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro,
2005.
___________. NBR 6023: informação e documentação:
referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
___________. NBR 6024: informação e documentação:
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escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
___________. NBR 6027: informação e documentação:
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Cadernos Prograd IFRJ 128
BRASIL. Secretaria da Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília:
Ministério da Educação, 1999.
___________. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN,
2000. Disponível <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
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___________. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros
curriculares nacionais: linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília: MEC, 2002.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 129
Capítulo 6
EXPERIMENTOS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS: PRÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 131
Capítulo 6
EXPERIMENTOS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS:
PRÁTICA E FORMAÇÃO DOCENTE
Andre Ferreira Vieira
Edir Muniz
Elluan Patrick Ferreira Souza
Fabiana Santos Silva
João Campos dos Santos
Vânia Rodrigues Martins do Vale
Kelling Cabral Souto
Eduardo Seperuelo Duarte
Ismarcia Gonçalves Silva
RESUMO: As pesquisas referentes ao ensino da Fí-
sica Moderna e Contemporânea no Ensino Médio já
dispõem de um número bastante elevado de resulta-
dos, desde a sua inauguração em meados da déca-
da de 1980. Contudo, um aspecto pouco explorado
por essas pesquisas é o da formação, inicial e con-
Cadernos Prograd IFRJ 132
tinuada, de professores para o exercício da prática
desses tópicos em sala de aula. Este trabalho discu-
te a utilização de experimentos de laboratório como
estratégia que auxilie na formação de professores
capazes de desenvolver uma prática docente inter-
disciplinar, contextualizada e significativa, mesmo
diante das dificuldades operacionais, evidenciadas
pelo sistema de ensino, e das dificuldades cogniti-
vas, apresentadas pela complexidade dos conteúdos
tratados pela Física Moderna e Contemporânea. En-
tendendo a aprendizagem como compreensão e não
memorização de conteúdos, os experimentos de la-
boratório não são implementados como simples de-
monstrações da teoria, mas são atividades em que
a estratégia predizer-observar-explicar se apresenta
como uma importante ferramenta didática. Como
resultado, estudantes tornam-se mais confiantes
diante de novas situações e mais conscientes de
seus próprios processos cognitivos.
Palavras-chave: Física Moderna e Contemporânea.
Formação de professores. Experimentos.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 133
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com a abordagem de temas atuais
de Física no Ensino Médio intensificou-se em meados da
década de 1980, quando se inaugurou a linha de pes-
quisa Física Moderna e Contemporânea (FMC) em tra-
balhos na área do ensino de Física. Atualmente, os es-
tudos relacionados ao ensino de FMC no Ensino Médio
já contam com um número considerável de resultados,
de modo que ela já pode ser considerada uma linha de
pesquisa estabelecida dentro do ensino de Física. Em
contrapartida, um aspecto essencial em todo o proces-
so de inserção de FMC no Ensino Médio não tem sido
suficientemente investigado: a preparação, ou formação,
dos professores em exercício para a prática desses tópi-
cos em sala de aula (SILVA; ARENGHI; LINO, 2013).
Os currículos escolares e os livros didáticos em-
pregados no sistema educacional brasileiro são, em sua
extensa maioria, organizados por disciplinas, segundo
uma tradição positivista reducionista (CARDOSO et al.,
2008). Tal organização, no entanto, dificulta a interdisci-
plinaridade, prática pedagógica caracterizada pela com-
plementação do conhecimento entre disciplinas que se
identificam e apresentam tópicos em comum. A conse-
Cadernos Prograd IFRJ 134
quência dessa organização é um ensino apenas verbal,
impulsionado pelos livros didáticos e que deixa em se-
gundo plano os aspectos fundamentais da observação e
da experimentação, tão desejáveis na aprendizagem de
Ciências e Matemática (MOREIRA, 2012).
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (Pibid) desenvolvido no campus de Nilópo-
lis do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tec-
nologia do Rio de Janeiro (IFRJ) tem na sua essência
a formação docente em uma perspectiva interdiscipli-
nar, contextualizada e significativa, integrando seus
três cursos de licenciatura – Matemática, Química e
Física – em um mesmo cotidiano escolar, desenvol-
vendo uma prática docente nas escolas conveniadas,
a qual se apoia em atividades práticas, experimentos
e situações concretas. Portanto, a pretensão de se
implementar um programa de formação docente com
essas características nesse cenário educacional já é,
por si só, um desafio a ser superado.
É nesse contexto que este trabalho pretende
discutir como as atividades experimentais podem ser
utilizadas no Ensino Médio de um colégio estadual do
Rio de Janeiro, cujo ensino de Ciências e Matemáti-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 135
ca ainda é marcado por um número insuficiente de
aulas, as quais são do tipo expositivas e baseadas na
memorização de fórmulas.
2 DIAGNÓSTICO
Em 2012, os conteúdos de FMC foram oficial-
mente incluídos na estrutura curricular do estado
do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2012). O docu-
mento, sob o título de Currículo Mínimo, não deixa
claro o fundamento teórico da opção de colocar tópi-
cos de FMC ao longo das etapas do Ensino Médio, ao
contrário do que tradicionalmente é feito nos livros
didáticos, em que os tópicos de FMC se encontram
no final da última etapa do Ensino Médio (final do 3º
ano). Na seção de introdução do Currículo Mínimo,
têm-se as seguintes menções aos conteúdos de FCM:
Elaborou-se um currículo que contemple tanto temas de Física Moderna e Contem-porânea quanto uma abordagem históri-co-filosófica, e as escolhas feitas a partir daí deram-se pelos seguintes motivos: […] Abordamos, ao longo dos três anos, temas de FMC como forma de atrair os estudan-tes e dar maior significado para os estudos de Física. Por isso, ao começarmos com o estudo de Cosmologia, já podemos falar de temas contemporâneos sem precisar espe-rar todo o estudo da Física clássica para
Cadernos Prograd IFRJ 136
fazê-lo. Conhecer alguns tópicos de FMC é fundamental para compreender a realida-de que nos cerca a partir da nova visão de mundo que a Física do século XX construiu (RIO DE JANEIRO, 2012).
Portanto, pode-se concluir que o critério foi dar
motivação e significado ao estudo da Física no Ensino
Médio, com o tratamento de temas mais atuais.
O Currículo Mínimo é estruturado na forma
de tabela, especificando o campo de estudo e suas
respectivas habilidades/competências para cada bi-
mestre do ano letivo. Os conteúdos de cada bimes-
tre ficam implícitos nas habilidades/competências.
Portanto, trata-se de uma sequência rígida, que não
possibilita mudanças na ordem com que os assuntos
são tratados nem se articula com outros componen-
tes curriculares. Para o 1º ano do Ensino Médio, por
exemplo, a sequência é: Cosmologia – Movimento;
Forças; Relatividade Restrita e Geral; Impulso, mo-
mento linear e conservação do momento.
Ao longo dos anos, essa sequência tem-se
mostrado particularmente problemática. Na práti-
ca, ela não possibilita que se detalhe todo o pro-
cesso histórico e social que resulta na proposta e
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 137
desenvolvimento da Relatividade Restrita e Geral,
tópico da FMC reservado para essa etapa. Além
disso, a pretensão apresentada no texto introdu-
tório do Currículo Mínimo (de atrair o estudante e
dar maior significado ao estudo da Física) é con-
frontada com a imaturidade e a falta de repertório
que o estudante dessa fase do Ensino Médio nor-
malmente apresenta. Logo, o resultado é o oposto
daquele que se pretende no documento oficial. Em
um primeiro momento, os estudantes se incomo-
dam com as estranhezas que o mundo relativístico
impõe frente ao senso comum – com a mudança de
paradigma relacionada às medidas de comprimen-
to e tempo – e posteriormente se desmotivam por
não conseguirem acompanhar o raciocínio sequen-
cial apresentado para explicar tais mudanças.
Acreditando que as atividades experimentais
criam um contexto mais significativo para a transpo-
sição didática do conhecimento científico, desenvol-
vido por pesquisadores, para o conhecimento cien-
tífico escolar do Ensino Médio, foram desenvolvidos
dois experimentos introdutórios com a finalidade de
se criar um repertório cognitivo, a fim de que os es-
Cadernos Prograd IFRJ 138
tudantes tenham mais facilidade na compreensão de
conteúdos mais sofisticados, principalmente aqueles
referentes à Relatividade Restrita.
3 RELATO DAS AÇÕES
Os experimentos realizados na primeira etapa do
Ensino Médio (1º ano) foram dois simples e envolviam,
propositalmente, medidas de comprimento e de tempo.
Na primeira aula, após um breve comentário
sobre grandezas físicas e unidades de medidas, foi
conduzido o primeiro experimento. Com o título de De-
terminação Experimental do Valor de Pi, consiste em
determinar o valor da constante geométrica pi, que re-
laciona um diâmetro à sua respectiva circunferência. A
escolha do tema se deve ao fato de este ser amplamen-
te trabalhado no componente curricular de Matemáti-
ca em diferentes momentos do Ensino Fundamental;
portanto, assunto já conhecido dos estudantes do 1º
ano do Ensino Médio. Por esse motivo, não há neces-
sidade de se apresentarem os conceitos de diâmetro,
raio e circunferência. Logo, optou-se por simplesmente
revisar os conceitos e com base no conhecimento pré-
vio que os estudantes apresentavam sobre o assunto (o
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 139
valor teórico de pi, as relações entre as medidas etc.).
O conjunto das medidas diretas de diâmetros e circun-
ferências foi obtido a partir de canos de PVC de dife-
rentes calibres. Foram disponibilizados aos estudantes
pedaços de canos de PVC com aproximadamente 10cm
de comprimento, bem como trenas, réguas e fitas de
papel. A abordagem utilizada foi a do laboratório não
estruturado (MOREIRA; LEVANDOWSKI, 1983), não
sendo, portanto, fornecido roteiro para o experimento.
Durante a execução da atividade, os estudantes rece-
beram orientações diretas do professor supervisor e
dos pibidianos. A ideia foi se concentrar ao máximo na
prática, e a opção pelo não fornecimento do roteiro se
deu com o objetivo de que os estudantes realizassem
todas as anotações no caderno e não desviassem suas
atenções para uma folha, fornecida pelo professor, que
pudesse ser confundida com uma possível avaliação.
Diante do desafio de medir, registrar e realizar
o tratamento estatístico dos dados (cálculo do valor
de pi para cada par de diâmetro e circunferência),
os estudantes se comportaram dentro do esperado.
Ansiosos e tensos em um primeiro momento, o medo
do erro era evidente. No entanto, em poucos minu-
Cadernos Prograd IFRJ 140
tos, já estavam perguntando, buscando orientação,
refazendo cálculos e medidas em busca do tão falado
3,14 (valor que atribuem desde sempre ao pi e nunca
tinham se perguntado o porquê disso).
Na aula seguinte, a mesma estratégia foi ado-
tada. Após um breve comentário sobre o conceito de
queda livre e a apresentação da equação do tempo
de queda (tempo em função da altura de um objeto
em queda livre), foi proposto o experimento intitulado
Tempo de Reação – que consiste na determinação do
tempo de reação de uma pessoa pela técnica do me-
tro em queda livre. Desse modo, é possível medir, de
maneira indireta, o tempo de reação de uma pessoa a
partir da altura de queda de um metro padrão, aban-
donado na vertical. A ideia é medir o tempo que o es-
tudante leva para perceber que o metro está caindo e
reagir a isso, fechando a mão e interrompendo a sua
queda. O tempo de reação será determinado a partir
da distância que o metro andou, desde o momento
em que foi abandonado pelo professor/experimenta-
dor até o instante em que o estudante o segurou.
Nesse caso, nosso experimento foi realizado
com trenas, alinhando-se a posição de 100cm, mar-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 141
cada na trena, com a mão de quem teria seu tem-
po de reação medido. Devido à constituição da trena
(uma fita metálica enrolada dentro de um estojo), não
é possível iniciar a medida a partir do zero da esca-
la, uma vez que, na posição vertical, o estojo deve
encontrar-se na extremidade inferior da trena. Isso
faz com que a distância medida seja a diferença entre
duas posições, isto é, uma variação ou, na linguagem
das ciências, um delta, algo muito comum na descri-
ção de diversos fenômenos. Durante o experimento,
foram comentados aspectos sociológicos relaciona-
dos ao tempo de reação, tais como: a relação entre
acidentes de trânsito e o tempo de reação do moto-
rista; a importância do tempo de reação na prática
esportiva etc.
Na terceira aula, foi entregue aos estudan-
tes uma ficha para cada experimento, com tabelas
para serem preenchidas com os dados experimentais
e uma seção de análise dos resultados, com quatro
questões (para cada experimento) a respeito dos re-
sultados obtidos. Em linhas gerais, essa seção levan-
ta questões como a comparação entre os resultados
obtidos e os resultados esperados, as diferenças en-
Cadernos Prograd IFRJ 142
tre medidas diretas e indiretas, bem como a noção de
simultaneidade entre dois eventos.
A intenção, com essa sequência, é que o estu-
dante vivencie alguns aspectos da investigação cien-
tífica, compreenda o que é uma medida direta e uma
medida indireta, faça o uso correto das unidades de
medidas, identifique relações funcionais entre gran-
dezas físicas, entenda de fato o que são algarismos
significativos e, posteriormente, na análise dos resul-
tados, tenha a oportunidade de expressar, em lin-
guagem própria, suas impressões e conclusões sobre
os resultados obtidos.
Para o professor, os experimentos são opor-
tunidades de se perceberem erros conceituais e con-
cepções espontâneas que os alunos dificilmente re-
velam em uma aula expositiva. As oportunidades vão
desde acompanhar o uso da calculadora e acordar
critérios de arredondamentos até desenvolver a lin-
guagem científica.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Os experimentos foram conduzidos com três
turmas do 1º ano do Ensino Médio, com uma média
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 143
de 20 alunos cada. Tal como ocorre com toda atividade
prática, o número de alunos é um fator limitante, em
função do material disponível e da capacidade do labo-
ratório. Em termos de custo, os materiais utilizados são
baratos e de fácil aquisição pela unidade escolar que se
interessar em implementar a atividade.
A sofisticação não está nos materiais nem nas
instalações em que os experimentos foram realizados,
mas, sim, no modo como o experimento é executado,
nos seus desdobramentos e consequências, nas opor-
tunidades de interação entre aluno e professor, na rapi-
dez com que o professor pode detectar concepções pré-
vias, desvios conceituais e padrões de pensamento que
dificultam a compreensão do conhecimento científico.
Embora neste trabalho não se tenham utilizado
roteiros experimentais, as atividades estão roteirizadas
e já foram aplicadas em outros contextos. Ou seja, não
é a primeira vez que esses experimentos são aplicados
em turmas do Ensino Médio, mas, desta vez, os obje-
tivos pedagógicos foram diferentes dos de outros mo-
mentos.
O que conta aqui é a intenção. O professor que
se dispuser a reproduzir este relato com seus alunos
Cadernos Prograd IFRJ 144
não deve encará-lo como uma receita de bolo. Certa-
mente deve pensar nas suas práticas e alinhá-las com
as práticas docentes apresentadas até aqui. A reflexão
crítica sobre a prática docente é o momento fundamen-
tal na formação permanente dos professores. É pen-
sando criticamente a prática de hoje que se pode me-
lhorar a próxima prática (FREIRE, 2011).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sugestão proposta por Ostermann e Ricci
(2002) para a introdução correta da Relatividade
Restrita no Ensino Médio passa pela apresentação
do contexto histórico da questão do éter, pelo expe-
rimento de Michelson e pela interpretação dos re-
sultados nos trabalhos de FitzGerald e Lorentz. A
importância da correta compreensão da análise de
resultados experimentais só terá sentido para um
estudante na medida em que ele realizar alguns ex-
perimentos e for levado a fazer tal análise. Portanto,
para contemplar as discussões das questões de di-
latação do tempo e contração dos comprimentos, a
serem vistas no 3º bimestre do 1º ano do Ensino Mé-
dio, foram propostos dois experimentos anteriores: o
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 145
primeiro relacionado a medidas de comprimento, e o
segundo, a medidas de tempo. Não que estas sejam
medidas relativísticas ou tenham alguma relação di-
reta com a Relatividade Restrita, mas, quando che-
gar o momento de se encararem as estranhezas do
mundo relativístico, o uso de expressões típicas da
linguagem científica não será novidade. Conforme
visto na seção 3 deste trabalho (Relatos das Ações),
os experimentos de laboratório criam a situação real
em que as expressões da linguagem científica fazem
maior sentido. Ao abordar a Relatividade, o professor
deve evitar o emprego de termos problemáticos, tais
como “ver” e “observar”, em vez de “medir”, ou outras
expressões que induzam o estudante a pensar na con-
tração de Lorentz-FitzGerald como um “encurtamen-
to” material do objeto (ORSTERMANN; RICCI, 2002).
As imprecisões na linguagem encontradas nos
livros didáticos podem reforçar as concepções espon-
tâneas e os erros conceituais de estudantes e pro-
fessores. Portanto, o domínio da linguagem científi-
ca é uma competência essencial tanto para a prática
científica quanto para o seu aprendizado (VILLANI;
NASCIMENTO, 2003).
Cadernos Prograd IFRJ 146
Note que a opção pelos experimentos como es-
tratégia didática a fim de “preparar o terreno” para
conhecimentos futuros remete a uma ótica freireana
de que o ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção (FREIRE, 2011).
Chegado o 3º bimestre, e adotada a sugestão
descrita no início desta seção, os estudantes apre-
sentaram uma postura de total atenção ao assunto
tratado. Apesar de ainda ser um assunto de difícil
entendimento, os estudantes se sentiram à vonta-
de para perguntar, demostrando competência para
enfrentar novas situações e uma fluência de ideias
capaz de acompanhar a aula sem se perder e, por
consequência, sem se desinteressar pelo assunto.
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considerar. Rev. Bras. de Ens. de Ciên. e Tec., v. 1, n.
1, 2008. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários
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MOREIRA, M. A. Ensino de Ciências e Matemática:
resenhas e reflexões. Rev. Bras. de Estudos Pedagógicos,
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Cadernos Prograd IFRJ 148
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Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 151
Capítulo 7
JOGO DA MEMÓRIA: UMA PROPOSTA PARA DINA-
MIZAR O ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Bruno Tadeu Pereira da Silva*
Eduardo da Silva Correia
Evelyn Cristine Machado Soares
Matheus da Costa Barbosa da Silva
Raíssa da Silva Farias Figueiredo
Thaís Rodrigues Navis Masis
Valmir Alves de Oliveira
Príscilla Regina Pitangui Amim
Eduardo Seperuelo Duarte
Ismarcia Gonçalves Silva
Kelling Cabral Souto
RESUMO: O desinteresse dos alunos muitas vezes sur-
ge pela falta de motivação na metodologia utilizada pelo
professor ao repassar os conteúdos. Para despertar o
interesse do discente na aprendizagem, é necessário o
Cadernos Prograd IFRJ 152
uso de uma linguagem atraente, capaz de aproximá-lo
o máximo possível da realidade, transformando os con-
teúdos em vivência. Portanto, o objetivo deste trabalho
é contribuir com a educação tendo como ferramenta
um jogo da memória para, por meio dele, reforçar o
aprendizado de conteúdos aprendidos anteriormente e,
assim, facilitar o processo de ensino–aprendizagem das
Ciências e da Matemática. A atividade foi escolhida por
ser conhecida pelos estudantes e também por ser de
fácil confecção. Ao final da prática, os educandos de-
veriam compreender os conceitos de volume e conver-
são de unidades, densidade e transformações físicas e
químicas. Um mesmo questionário foi respondido pelos
estudantes em dois momentos: antes e após o término
da atividade, sendo que, na segunda vez, o índice de
acertos foi maior que na primeira. A maioria das dú-
vidas dos discentes estava relacionada às transforma-
ções físicas e à Matemática. Observou-se que os alu-
nos, após a execução dessa prática, conseguiram fixar
com mais facilidade o conteúdo explanado em sala de
aula. Com isso, o objetivo foi alcançado, pois, por meio
de uma metodologia inovadora e atraente, foi possível
ensinar de maneira mais prazerosa e interessante.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 153
Palavras-chave: Jogo da memória. Aprendizagem.
Ciências. Matemática.
1 INTRODUÇÃO
A interdisciplinaridade é um elo entre o enten-
dimento das disciplinas nas suas mais variadas áreas,
sendo importante para abranger temáticas e conteúdo,
além de possibilitar recursos inovadores e dinâmicos,
nos quais as aprendizagens são ampliadas. Ao contrá-
rio do que se pensa, a interdisciplinaridade não dilui as
disciplinas, mas mantém sua individualidade. Para isso,
não é necessário eliminar as disciplinas, mas torná-las
comunicativas entre si, além de concebê-las como pro-
cessos históricos e culturais, atualizando as práticas do
processo de ensino–aprendizagem (BONATTO, 2012).
O trabalho em questão foi desenvolvido no Co-
légio Estadual Professor Mário Campos, em Nilópolis
(RJ), por meio de uma atividade lúdica e que estimu-
lasse o diálogo entre disciplinas. Para trabalhar com
esse viés interdisciplinar, fez-se uma adaptação no
tradicional jogo da memória, ao qual denominamos
Jogo da Memória: uma proposta para dinamizar o
ensino de Ciências e Matemática.
Cadernos Prograd IFRJ 154
De acordo com Cunha (2012), “um jogo pode
ser considerado educativo quando mantém um equi-
líbrio entre duas funções: a lúdica e a educativa”.
O jogo pode ser utilizado com várias finalida-
des: introduzir um assunto novo, amadurecer um
assunto em andamento ou concluí-lo. Não importa o
momento, mas de que maneira o jogo é conduzido.
Ele não deve ser usado apenas como jogo, ou seja,
não é jogo pelo jogo; não que isso não seja importan-
te, mas pode não trazer o aprendizado que se espera.
Este deve vir acompanhado de reflexões, indagações
que o educador pode propor ao grupo de alunos. Ele
também mostra as dificuldades de aprendizagem dos
alunos, principalmente quando o educador acompa-
nha passo a passo as jogadas dos educandos, perce-
bendo exatamente o que estes não compreenderam e
intervindo sempre que necessário (QUARTIERI, 2004).
A preocupação e o interesse pela área de forma-
ção de professores têm sido crescentes, tanto para os
pesquisadores quanto para os formadores, diante da
necessidade de se responder com eficácia aos desafios
do atual sistema educativo e da sociedade. Assim, o
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docên-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 155
cia (Pibid) vem tornando-se uma das mais importantes
políticas públicas na valorização e no aperfeiçoamento
da formação inicial de professores, possibilitando aos
licenciandos experiências significativas no contexto
escolar desde o início de sua formação (PINTO, 2014).
A aplicação de atividades no decorrer da vivên-
cia dos estagiários do Pibid-IFRJ-CNIL (Campus Niló-
polis) 2014 ajuda em uma formação integrada, unindo
as Ciências Naturais e a Matemática, além de aprimo-
rar as percepções acerca das dificuldades encontra-
das pelos alunos e, consequentemente, criar métodos
de ensino facilitador da aprendizagem.
Esse relato de experiência teve a colaboração dos li-
cenciandos em Física, Química e Matemática do Insti-
tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
de Janeiro, campus Nilópolis.
2 DIAGNÓSTICO
O jogo da memória (Figura 1) foi escolhido
como ferramenta facilitadora desse ensino por ser rá-
pido, dinâmico e já conhecido pelos estudantes. Além
disso, os materiais utilizados em sua confecção são
acessíveis e de baixo custo.
Cadernos Prograd IFRJ 156
Figura 1 – Modelo do jogo da memória.
Fonte: Os autores (2015).
A série escolhida para a aplicação da atividade
foi o 2º ano do Ensino Médio, em razão das dificulda-
des de compreensão apresentadas por esses alunos
no que diz respeito aos conteúdos básicos no Ensino
de Ciências e Matemática – problemas esses diagnos-
ticados no decorrer das atividades aplicadas no Pibid
durante o ano letivo.
Optou-se por trabalhar conteúdos relaciona-
dos a conversões e cálculos de volume, transforma-
ções físicas, estado de agregação das moléculas e
densidade da água, uma vez que esses conhecimen-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 157
tos são necessários para uma melhor compreensão
de estudos futuros.
3 RELATO DAS AÇÕES
Participaram dessa atividade 83 alunos, 7 bol-
sistas integrantes do projeto Pibid-IFRJ-CNIL 2014
(todos alunos de licenciatura, sendo 2 de Física, 2
de Matemática e 3 de Química), além da supervisora
licenciada em Química. A atividade foi realizada nos
meses de agosto e setembro de 2015.
O jogo da memória foi escolhido por ser mui-
to conhecido entre os jovens e de fácil manuseio
entre eles.
Para sua confecção, foram utilizados mate-
riais alternativos – por exemplo, papel A4 colado em
papelão e envolto em laminado de PVC autoadesivo
para melhor durabilidade. O jogo é composto por 30
peças, ou seja, 15 pares (5 peças de Química, 5 de
Física e 5 de Matemática).
As turmas eram levadas ao laboratório em
grupos compostos por, no máximo, 20 alunos, e for-
mavam-se 4 grupos para jogar com até 5 participan-
tes cada.
Cadernos Prograd IFRJ 158
Após a confecção do jogo, deu-se início à apli-
cação dele com os alunos do 2º ano do Ensino Médio
do Colégio Estadual Professor Mário Campos.
Antes de cada partida, os alunos responde-
ram um questionário com perguntas relacionadas ao
tema (Figura 2).
Figura 2 – Questionário direcionado aos discentes do
2º ano do Ensino Médio.
Fonte: Os autores (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 159
Após essa etapa, os bolsistas fizeram para
os estudantes uma explanação do tema a ser abor-
dado no jogo – no caso, a água – e também relem-
braram alguns conceitos a ela relacionados. Em
seguida, a atividade foi aplicada em grupos de até
cinco alunos.
Para o início do jogo, as cartas foram distri-
buídas uma a uma, com a face virada para a mesa.
Sua acomodação podia ser feita em linhas e colunas
organizadas ou aleatórias.
O jogo se deu como o da forma tradicional,
em que cada jogador virava uma peça e, depois, ou-
tra para tentar formar o par. Esse par devia ser for-
mado por uma peça com a figura e outra contendo
o conceito relacionado a ela. Todos os jogadores ob-
servavam ambas as peças viradas. Quando elas for-
mavam o par, o participante retirava o par da mesa
e o separava; nesse caso, ele podia jogar outra vez.
Se as duas peças viradas não formassem um par,
aquela jogada era encerrada, e então as peças de-
veriam voltar aos seus respectivos lugares, com a
face virada para baixo. A posição das peças viradas
deveria ser memorizada para as posteriores jogadas.
Cadernos Prograd IFRJ 160
O término da partida acontecia quando todas
as peças tinham sido escolhidas, e o vencedor era
aquele que tinha em mãos o maior número de pares.
Em seguida, o mesmo questionário sobre o
conteúdo do jogo era reaplicado a fim de ratificar o
conteúdo trabalhado.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
O jogo da memória trata-se de um trabalho
muito fácil de ser representado, podendo ser confec-
cionado em madeira, etil-vinil-acetato (EVA), cartoli-
na, papel-cartão, couro, entre outros materiais, com
desenhos feitos à mão, impressos ou até mesmo fei-
tos com pirografia. Se houver necessidade de plas-
tificação, ela pode ser feita em lojas para plastificar
documentos.
No caso em questão, utilizou-se papel A4
colado em papelão, com as figuras produzidas em
impressora residencial, plastificadas com laminado
de PVC autoadesivo. Esses materiais foram usados
para endurecer e dar durabilidade às peças do jogo.
A confecção foi escolhida por ser econômica e de fá-
cil reprodução.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 161
É válido ressaltar, também, que o jogo apre-
sentado neste trabalho é uma adaptação do jogo da
memória convencional e pode ser adequado a outras
disciplinas, como Biologia (água e doenças), Geografia
(clima, uso na agricultura, nas indústrias), História
(comparação do consumo de água no passado e pre-
sente), Sociologia (uso racional do ser humano), Edu-
cação Física (tipos de esportes e água), entre outras.
Além disso, essa atividade pode ser executada
em todas as séries do Ensino Médio, visto que a difi-
culdade dos conteúdos relacionados nesse jogo apa-
rece em ambos os níveis desse segmento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes de se aplicar o jogo, foram distribuídos
questionários para aferição do conhecimento inicial
dos alunos em relação ao assunto. Em seguida, fez-
-se uma rápida explanação sobre o tema Água; na-
quele momento, os alunos não se sentiram tão atraí-
dos, por pensarem, a priori, que seria apenas algo
similar ao que eles estudam em sala de aula. Ao final
dessa explicação, eles puderam jogar e ficaram com a
autoestima elevada por aprenderem de maneira sim-
Cadernos Prograd IFRJ 162
ples. Nesse sentido, o jogo tornou os educandos mais
autônomos e autoconfiantes.
Após o jogo, o mesmo questionário foi aplicado,
a fim de se analisar quantitativamente o nível de apren-
dizado dos alunos. Em relação à avaliação feita antes
do jogo, observou-se que, no questionário preenchido ao
final da atividade, o número de acertos era bem maior.
A maioria dos erros ocorreu em questões de
Matemática, e muitos tiveram dúvidas em achar seus
pares correspondentes. O grau de agitação das mo-
léculas e a diferença entre os conceitos de ebulição
versus evaporação foram outras dificuldades obser-
vadas no decorrer do jogo.
Os grupos que apresentaram maior dificuldade
jogaram menos partidas, pois foi necessária maior inter-
venção dos estagiários. Notou-se que o grupo com maior
dificuldade foi o que rejeitou a explicação antes do jogo,
mas, com o decorrer da atividade, os alunos consegui-
ram superar os desafios. No entanto, em alguns casos,
os grupos quiseram jogar mais de uma vez.
Com esse jogo, os alunos aprenderam de modo
natural e agradável, facilitando o processo ensino–apren-
dizagem. Além disso, intensificou-se a interação entre os
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 163
alunos e a dissipação do conhecimento, pois houve coo-
peração, colaboração mútua e interação social entre os
jogadores em relação à atividade.
No que diz respeito aos estagiários, notou-se que
a linguagem por eles utilizada deve ser simplificada e
adequada ao grupo de alunos, para uma melhor intera-
ção entre eles – assim como a maneira de explicar costu-
ma ser diferente para cada grupo de estudantes.
Essa atividade desenvolvida com o Pibid enri-
quece a todos os participantes: a professora supervi-
sora continua aprendendo Matemática e Física, além
de relembrar alguns conceitos estudados previamen-
te (e o mais importante disso tudo: permanece em
contato com o meio acadêmico e renova suas práticas
pedagógicas); os estagiários conseguem ampliar sua
formação acadêmica integrando as Ciências Naturais
com a Matemática, bem como o Ensino Superior com
a Educação Básica, e os alunos têm a oportunidade
de aprender de maneira divertida, além de ver em seu
cotidiano a aplicação dos conteúdos dessas matérias
muitas vezes consideradas chatas; consequentemen-
te, sua conduta é diferente da apresentada em sala
de aula, e eles chegam mais receptivos.
Cadernos Prograd IFRJ 164
REFERÊNCIAS
BONATTO, A.; BARROS, C. R.; GEMELI, R. A.; LOPES,
T. B.; FRISON, M. D. Interdisciplinaridade no Ambiente
Escolar. In: Seminário de Pesquisa em Educação da
Região Sul, 9., 2012, Caxias do Sul, RS. Anais... Caxias
do Sul, RS: ANPED, 2012. Disponível em: <www.ucs.br/
etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/
view/2414/501>. Acesso em: 6 de set. 2016.
CUNHA, M. B. Jogos no ensino de química: considerações
teóricas para sua utilização em sala de aula. Química nova na escola. São Paulo, v. 34, n. 2, p. 92-98, 2012.
PINTO, E. A. T. et al. A contribuição do Pibid para a
formação de licenciandos. Mimesis, Bauru, v. 35, n. 1,
p. 75-94, 2014. Disponível em: <http://www.usc.br/
biblioteca/mimesis/mimesis_v35_n1_2014_art_05.pdf>.
Acesso em: 7 de set. 2016.
QUARTIERI, M. T.; REHFELDT, M. J. H. Jogos matemáticos
para o ensino médio. In: Encontro Nacional de Matemática,
8., 2004, Recife. Anais... Recife: SBEM, 2004. Disponível
em: <htpp://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/03/
MC41839641053.pdf>. Acesso em: 6 de set. 2016.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 165
Capítulo 8
O USO DO JOGO PERFIL GEOMÉTRICO NA AUXILIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE
GEOMETRIA
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 167
Capítulo 8
O USO DO JOGO PERFIL GEOMÉTRICO NA AUXI-
LIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE GEOMETRIA
Ana Paula Santana e Silva
Giselle Anna Oliveira Silva
Júlio Martins Moreira
Kelling Cabral Souto
RESUMO: Nos últimos anos, pôde-se perceber, nas aulas
de Matemática, o conteúdo de Geometria sendo cada vez
menos estudado pelos alunos. Isso pode estar ocorrendo
pelo fato de professores priorizarem cada vez mais a parte
algébrica do programa ou em razão de dificuldades apre-
sentadas pelos próprios alunos a respeito do referido con-
teúdo. Diante desse cenário, foi elaborado a partir do pro-
jeto Pibid um jogo denominado Perfil Geométrico, o qual
trabalha as características dos polígonos e da circunfe-
rência a fim de fixar de maneira atrativa o estudo das
características dessas figuras geométricas, possibilitando
Cadernos Prograd IFRJ 168
assim mais uma ferramenta didática para o professor. As
propostas do Pibid/IFRJ estão baseadas em uma apren-
dizagem contextualizada, interdisciplinar, significativa e
com objetivo de estimular o ensino de Ciências e de Ma-
temática apoiado nas atividades práticas, nos experimen-
tos, nas situações concretas. Dessa maneira, as ações
fundamentam-se na construção de saberes por meio da
experimentação, relacionando-o com o cotidiano dos es-
tudantes das escolas conveniadas. Ao trabalhar com um
jogo, é importante definir com que olhar ele será aplicado.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de
2008, os jogos devem ser vistos como recursos capazes
de fornecer os contextos dos problemas, como também
os instrumentos para a construção das estratégias de
resolução. Este trabalho aborda o relato de experiência
da aplicação do jogo intitulado Perfil Geométrico, que tra-
ta das características e propriedades da circunferência/
círculo e de 11 polígonos: triângulo, quadrado, losango,
retângulo, trapézio, pentágono, hexágono, heptágono, oc-
tógono, eneágono e decágono.
Palavras-chave: Geometria. Figuras Planas. Polígonos.
Jogos Matemáticos.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 169
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado no âmbito do Pro-
grama Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(Pibid) do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) – Campus Nilópo-
lis –, no 2º semestre de 2015, com turmas do Ensino
Médio do Colégio Estadual Nuta Bartlet James, situa-
do no município de Nilópolis (RJ).
Além do apoio do Colégio Estadual Nuta Bartlet
James (que participa do Pibid) e do IFRJ, que possibi-
litou a implantação do projeto, o trabalho contou com
o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O Pibid/IFRJ constitui-se em um meio de con-
tribuição do IFRJ na formação de professores para
a Educação Básica. Uma vez que um grande desa-
fio para o Ensino de Ciências e Matemática é tornar
essas disciplinas mais interessantes, a proposta do
programa está baseada em uma aprendizagem con-
textualizada, interdisciplinar e significativa, com o
objetivo de estimular o ensino de Ciências e de Ma-
temática apoiado nas atividades práticas, nos experi-
mentos, nas situações concretas.
Cadernos Prograd IFRJ 170
Rocha (2001), em seu Minidicionário, define
a palavra jogo como sendo: (1) ato de jogar; (2) di-
vertimento submetido a regras, no qual se perde ou
ganha. O Brasil incentiva sua utilização, pois descre-
ve que os jogos devem ser vistos como recursos que
podem fornecer não só os contextos dos problemas,
como também os instrumentos para a construção
das estratégias de resolução.
Neste trabalho, pensou-se no jogo como uma
ferramenta que, muito além de proporcionar recreação
aos alunos, contribui para uma melhor compreensão
dos conteúdos trabalhados em sala de aula.
2 DIAGNÓSTICO
Os bolsistas do Pibid/IFRJ na subárea Mate-
mática, atuantes no Colégio Estadual Nuta Bartlet
James (em Nilópolis), sentiram a necessidade de tra-
balhar o tema Geometria com os alunos do Ensino
Médio nas oficinas de Matemática, pois ele era pouco
tratado pelos professores, e, quando estes trabalha-
vam o conteúdo, os alunos apresentavam muitas di-
ficuldades. Com isso, foram elaborados alguns ma-
teriais, que, juntos, formam o jogo intitulado Perfil
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 171
Geométrico, cujo objetivo é trabalhar e verificar o co-
nhecimento sobre características de figuras geomé-
tricas planas.
3 RELATO DAS AÇÕES
O jogo proposto foi aplicado em turmas do 1º e do
2ºano do Ensino Médio do Colégio Estadual Nuta Bartlet
James por bolsistas de Licenciatura em Matemática do
Programa Pibid/IFRJ, juntamente com o supervisor do
respectivo colégio, durante o 3º bimestre de 2015.
Inspirada no jogo de tabuleiro Perfil®, essa versão
foi elaborada para trabalhar as propriedades de algumas
figuras planas estudadas durante a Educação Básica.
Intitulado Perfil Geométrico, o jogo é composto pelos se-
guintes materiais: 12 cartas, cada uma delas abordando
uma das seguintes figuras geométricas: circunferência/
círculo, triângulo, quadrado, losango, retângulo, trapé-
zio, pentágono, hexágono, heptágono, octógono, eneá-
gono e decágono; um tabuleiro (Figura 1); 27 fichas
cartonadas coloridas (Figura 2) (9 azuis, 9 vermelhas e
9 amarelas); e, por fim, uma cartela numerada de 1 a
9 (Figura 3), fazendo referência à numeração das dicas
contidas nas cartas.
Cadernos Prograd IFRJ 172
Figura 1 – Tabuleiro utilizado no jogo.
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Figura 2 – Fichas cartonadas coloridas.
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 173
Figura 3 – Cartela numerada.
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Cada carta contém 9 afirmativas (Figura 4),
sendo elas propriedades da respectiva figura geométri-
ca, a saber: quantidade de diagonais, soma dos ângu-
los internos, quantidade de: vértices, lados e ângulos,
objetos do cotidiano com formato semelhante, curiosi-
dades etc., além de algumas dicas que são na verdade
bônus (para o jogador avançar casas no tabuleiro) ou
penalidades (voltar casas no tabuleiro).
Figura 4 – Cartas do jogo Perfil Geométrico.
Cadernos Prograd IFRJ 174
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Além dos materiais que integram o jogo Perfil
Geométrico, foram distribuídos aos alunos os seguintes
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Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 175
materiais: lápis, borracha, régua e o roteiro do aluno
(contendo as regras do jogo). Além disso, foram utiliza-
dos giz, quadro branco e pincel atômico.
Para o início da atividade, separou-se a turma
em três equipes, cada qual sendo representada por
uma das três cores trabalhadas no jogo. O tabuleiro
foi colocado no centro da mesa, e os bolsistas do Pibid
foram os mediadores, os quais eram os responsáveis
por ler as dicas das cartas. Foi decidida a ordem de
direito de resposta entre as três equipes, distribuindo
a cada uma delas certa quantidade de fichas carto-
nadas coloridas, segundo a cor escolhida pelo grupo.
Com essas fichas, as equipes marcavam na cartela
numerada o número da dica que eles queriam ouvir
(de 1 a 9).
Após ouvir a dica, a equipe tinha o direito de
resposta e, acertando o nome da figura geométrica,
andava no tabuleiro a quantidade de casas referente
à quantidade de dicas não lidas. Caso a equipe erras-
se ou não soubesse responder, o direito de resposta
era passado ao grupo seguinte, e assim por diante.
A equipe que chegasse primeiro à última casa do ta-
buleiro era a vencedora. Durante o jogo, eram feitas
Cadernos Prograd IFRJ 176
algumas perguntas-surpresa, que, se respondidas
corretamente, davam à equipe o direito de avançar
3 casas no tabuleiro. Para isso, venceria o primeiro
grupo que respondesse certo ou cumprisse a ordem
primeiro. Essas perguntas eram escolhidas de acor-
do com o desempenho dos alunos, por exemplo: O
que significa ser isóscele? O que é um polígono re-
gular? E a ordem ou o comando eram também para
saber quais características das figuras eram conheci-
das pelos alunos, por exemplo: Desenhe um losango.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Este jogo foi elaborado para ser aplicado a
qualquer turma, tanto do Ensino Fundamental quan-
to do Ensino Médio, a fim de trabalhar as caracterís-
ticas dos polígonos (p. ex., a quantidade de vértices,
lados e ângulos internos dos polígonos regulares) ou
revisar esses conteúdos, possibilitando que os pro-
fessores verifiquem se tais conhecimentos estão sen-
do compreendidos corretamente pelos alunos.
Durante a atividade, buscou-se tratar o reco-
nhecimento de figuras planas de maneira mais atra-
tiva e desafiadora. Os anexos disponibilizados ao
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 177
final deste texto apresentam o modelo das cartas uti-
lizadas, das cartelas numeradas e das fichas, ficando
a cargo do leitor ter este trabalho como inspiração,
incrementar o material aqui exposto ou até mesmo
elaborar outros jogos sobre temas diferentes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados das aplicações, pô-
de-se observar que determinados alunos não com-
preendiam o significado de certos conceitos geomé-
tricos. Alguns deles, por exemplo, confundiram um
termo usado para uma característica de um polígo-
no com o respectivo nome da figura geométrica. Em
certa jogada, uma equipe respondeu que o nome do
polígono era isóscele, quando as características apre-
sentadas com as dicas eram referentes ao círculo.
Um fato analisado durante a aplicação da ati-
vidade foi detectar quais figuras geométricas eram
reconhecidas mais rapidamente (i.e., quais necessi-
taram de menos dicas). As figuras reconhecidas com
poucas dicas foram: hexágono, retângulo, triângulo,
círculo e quadrado. Foram necessárias cerca de 5 di-
cas para serem reconhecidas (Figuras 5 e 6).
Cadernos Prograd IFRJ 178
Figura 5 – Quadro com anotações das
respostas dos alunos.
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Figura 6 – Anotações de algumas respostas dos alunos.
Fonte: SANTANA et al. (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 179
No geral, os alunos se mostraram bem parti-
cipativos e interessados durante toda a aplicação da
atividade. No final do jogo, certos alunos queriam,
inclusive, obter dos bolsistas de Matemática o es-
clarecimento de algumas dúvidas sobre o conteúdo
de Geometria e também sobre outros tópicos a ela
relacionados.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio. Brasília:
MEC, 1999.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO. Pibid. Disponível em:
<http://www.ifrj.edu.br/node/1173>. Acessado em: 08 out.
2015.
ROCHA, Ruth. Minidicionário Ruth Rocha. São Paulo:
Scipione, 2001.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 181
Capítulo 9
PIBID, JOGOS MATEMÁTICOS ESUAS REFLEXÕES
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 183
Capítulo 9
PIBID, JOGOS MATEMÁTICOS E SUAS REFLEXÕES
Cláudia Andrade Soares de Lima
Tatiana da Silva Santos Manhãs
Tayna da Silva Vieira
Leonardo de Oliveira Pimpa da Silva
RESUMO: Este trabalho evidencia a importância da
construção do conhecimento matemático por meio de
jogos e objetos lúdicos, a fim de despertar na criança o
interesse e o prazer pela Matemática. Aqui serão des-
critas algumas atividades desenvolvidas por bolsis-
tas do Pibid na Escola Municipal Nicola Salzano – em
Paracambi (RJ) –, cujos resultados apontam para a
necessidade de jogos matemáticos no universo infan-
til. O objetivo do projeto foi apresentar aos alunos e
professores a aplicação desses jogos como estratégia
pedagógica para a aprendizagem da Matemática na
Educação Infantil. Para isso, montou-se na escola um
Cadernos Prograd IFRJ 184
stand a fim de que os estudantes tivessem acesso a
alguns trabalhos de Matemática e à proposta de re-
cursos apresentados como facilitadores para o apren-
dizado e a construção do conhecimento matemático
do aluno – o que, de maneira lúdica, recreativa e diver-
tida, promove a melhoria no rendimento escolar.
Palavras-chave: Jogos lúdicos. Aprendizagem. Cons-
trução de jogos.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado em uma escola pú-
blica no município de Paracambi, no Estado do Rio
de Janeiro. A partir das experiências vivenciadas por
estudantes do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (Pibid), foi possível desenvolver
um projeto que colaborasse para um melhor desem-
penho da aprendizagem de alunos do 6° ao 9° ano do
Ensino Fundamental. A aplicação dos jogos foi uma
oportunidade de socializar os estudantes, buscando
a cooperação mútua e a participação da equipe a fim
de elucidar o problema proposto pelo professor.
Algumas reflexões foram desenvolvidas com os
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 185
colegas da Licenciatura em Matemática e os profes-
sores participantes. Parte fundamental do processo é
que o professor precisa ter um planejamento organi-
zado de um jogo instigante para os alunos.
Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a possibilida-de de diminuir bloqueios apresentados por muitos dos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impos-sível uma atitude passiva e a motivação é grande, notou-se que, ao mesmo tempo em que esses alunos falam Matemática, apre-sentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente aos desafios apresentados (BORIN, 1996, p. 9).
Serão abordados neste trabalho alguns jogos
desenvolvidos com as turmas de alunos, com desta-
que para a Corrida da Fatoração – um jogo tradicional,
coletivo e conhecido pelas crianças. Com ele, foi possí-
vel ensinar fatoração aos alunos, bem como trabalhar
a multiplicação dos números e a soma de expoentes.
O jogo desenvolvia-se da seguinte maneira:
inicialmente, o aluno jogava o dado e tinha de fatorar
o número sorteado. Em seguida, ele precisava somar
os expoentes, e o resultado da soma correspondia ao
número de casas que deveriam ser puladas. Depois,
o mesmo processo se repetia sucessivamente com os
Cadernos Prograd IFRJ 186
outros três participantes. Na segunda rodada, o joga-
dor lançava o dado e multiplicava o valor pelo número
da casa em que estava parado; depois, faturava e so-
mava os expoentes. Durante a partida, quem errava
o cálculo voltava o número de casas referente à soma
correta dos expoentes, a qual era obtida com a ajuda
do professor. Vencia quem chegava primeiro à reta fi-
nal da corrida.
Ao levar os alunos a fatorar, o jogo estimulou
o desenvolvimento do raciocínio por meio da competi-
ção e proporcionou excelentes resultados. O objetivo
de aplicar essa atividade nas turmas foi, de maneira
prazerosa e divertida, desenvolver uma aprendiza-
gem consistente e fixar as noções de fatoração, bem
como de multiplicação e soma de expoentes. Os ma-
teriais utilizados para a confecção desse jogo foram:
cartolinas, régua, canetinhas, lápis de cor, dado, 4
tampinhas de garrafa (cada uma de cor diferente).
O resultado foi muito significativo, pois, apesar
do desinteresse inicial de alguns alunos, eles decidi-
ram participar da atividade após algum tempo. A prin-
cípio, os estudantes não sabiam como jogar; no entan-
to, quando paravam para observar os demais colegas
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participando da atividade, interessavam-se pelo jogo.
Com isso, passaram a competir quem seria o vence-
dor, o que despertou neles a curiosidade em saber
como realizar alguns problemas matemáticos simples.
Os jogos definidos para a oficina atuaram
como facilitadores no processo de construção
dos conceitos matemáticos e no desenvolvimento
cognitivo dos alunos. Em parceria com a professora
da turma, estimulou-se a participação dos alunos
em atividades conjuntas para o desenvolvimento da
capacidade de ouvir e de respeitar a criatividade dos
colegas, promovendo o intercâmbio de ideias como
fonte de aprendizagem.
2 DIAGNÓSTICO
A atividade desenvolvida pelos bolsistas do
Pibid na Escola Municipal Nicola Salzano foi aplicada
no turno da manhã em turmas com cerca de 30 alunos
com idade entre 11 e 17 anos, os quais compareceram
em massa, na companhia dos professores.
O projeto foi desenvolvido a partir de oficinas de
jogos, decididas com base na observação das turmas
durante todo o ano letivo de 2015. Na ocasião, deu-
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-se ênfase às dificuldades apresentadas pelos alunos
nas aulas de Matemática. Os jogos foram construí-
dos com recursos diversos, de acordo com o conteúdo
apresentado em sala. A razão de se buscar um modo
de complementar o ensino ministrado se deu porque,
algumas vezes, o método tradicional não proporciona
a aprendizagem do aluno. As oficinas contaram com o
compartilhamento dos materiais construídos, e os tra-
balhos foram montados no auditório da própria esco-
la, aonde as turmas foram levadas, uma a uma, para
participar das atividades durante 20 minutos. Foram
feitos rodízios dos jogos para que todos esses alunos
tivessem a oportunidade de participar. Com essa me-
todologia, revisou-se todo o conteúdo dado em sala de
aula durante o ano letivo.
3 RELATO DAS AÇÕES
Com uma proposta diferenciada de abordar
problemas de Matemática e resolvê-los de maneira
significativa, esses jogos ajudam os alunos a desen-
volver habilidades lógicas desde as séries iniciais.
Além de contribuir para o aprendizado da disciplina,
essa atividade oferece ao aluno um posicionamento
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 189
crítico e reflexivo. A maneira divertida de ensinar Ma-
temática por meio dos jogos agrega leveza a essa dis-
ciplina, a qual, na maioria das vezes, é temida pelos
estudantes. Segundo Mendonça (2001),
Ensinar e aprender Matemática pode e deve ser uma experiência feliz. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos educativos, mas é bastante evi-dente que só poderemos falar de um traba-lho docente bem-feito quando todos alcan-çarmos um grau de felicidade satisfatório (MENDONÇA, 2001, p. 14).
O pensamento do autor revela que os jogos po-
dem e devem fazer parte do cotidiano escolar como
uma importante ferramenta de aprendizagem. De ma-
neira lúdica e criativa, é possível alcançar os objetivos
do ensino de Matemática e colaborar para a participa-
ção ativa dos alunos durante o processo de aprendiza-
gem. Professores e alunos podem e devem atuar juntos
para a assimilação desses conteúdos. Com um plane-
jamento educacional bem-estruturado e com metas
claramente definidas, o professor é capaz de elaborar
e aplicar jogos em busca de apresentar desafios aos
alunos. Vale destacar que essas atividades devem ser
realizadas como apoio pedagógico, e não apenas como
uma brincadeira. O uso de jogos de maneira coesa e
Cadernos Prograd IFRJ 190
com os objetivos bem-definidos a serem alcançados
explora a ludicidade e é um modo inteligente e criativo
de promover a superação de obstáculos para o ensino
da Matemática (MONTESSORI, 1965).
Com esse pensamento, o professor deverá es-
truturar suas aulas, verificando também quais jo-
gos podem colaborar para o melhor entendimento
por parte dos alunos e a superação das dificuldades
apresentadas. É preciso haver mudança na postura
docente e renovação de suas práticas, a fim de que
ele trabalhe a Matemática de maneira mais signifi-
cativa e interessante para os alunos – o que viabiliza
melhores resultados na aprendizagem. A realização
de jogos pode ser um interessante caminho.
Os saberes profissionais dos professores são plurais, compósitos, heterogêneos, pois trazem à tona, no próprio exercício do tra-balho, conhecimentos e manifestações do saber fazer e do saber ser bastante diversifi-cados e provenientes de fontes variadas, as quais podem supor também que sejam de natureza diferente (TARDIF, 2002, p. 61).
Pensando nos jogos para a aprendizagem mate-
mática, pode-se apontar que os saberes necessários ao
docente abrangem: o caráter lúdico, o desenvolvimento
de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais.
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O jogo é o elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar o pensamento do sujeito como ação. O jogo é o elemento ex-terno que irá atuar internamente no sujeito, possibilitando-o a chegar a uma nova estru-tura de pensamento (Moura,1994, p. 20).
Ao serem escolhidos os jogos, destaca-se a
afirmação de Moura (1991), segundo o qual o jogo
se aproxima da Matemática via desenvolvimento de
habilidades de resoluções de problemas. Enfrenta-
-se atualmente o desinteresse de alguns alunos pelas
aulas dessa disciplina. Esse processo tem início com
cobranças desnecessárias e a falta de diálogo entre os
conteúdos e a vivência cotidiana dos alunos. No en-
tanto, a ausência de motivação pode ser minimizada
a partir do desenvolvimento de um trabalho lúdico,
que una a aprendizagem ao prazer e colabore para um
melhor entendimento do mundo que cerca os alunos.
Algumas reflexões foram desenvolvidas jun-
to aos colegas da Licenciatura em Matemática e os
professores participantes desse processo. A primei-
ra observação foi a de que o professor precisa pla-
nejar suas aulas, além de organizar as atividades de
maneira que a aplicação dos jogos estimule o alu-
no a uma participação efetiva. Ressalta-se que, se o
Cadernos Prograd IFRJ 192
maior objetivo é aprender, o jogo precisa ser interes-
sante e desafiador.
Dialogando com Borin (1996), aponta-se a ne-
cessidade de que o professor utilize os jogos de ma-
neira integrada nas aulas, e não isoladamente, de
modo a proporcionar a melhoria do desempenho dos
alunos. Além disso, o estudante precisa ter ciência
de que o jogo faz parte da aula, da aprendizagem.
O jogo é uma atividade que viabiliza a compreensão
dos conteúdos de maneira descontraída e lúdica. Es-
tar atento às explicações, ser participativo e propor
soluções para os problemas apresentados são ações
que fazem parte da construção do conhecimento do
aluno. Para isso, o professor precisa estar preparado
para as aulas, viabilizando um espaço de construção
de saberes.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Este projeto foi realizado com os alunos da es-
cola e contou com a parceria de alguns professores
e do conselho da escola, do orientador pedagógico e
do orientador educacional. A divulgação do projeto
ocorreu dentro da escola entre os professores, e os
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impactos foram repassados à supervisora do Pibid.
Alguns jogos foram aplicados em sala de aula e pro-
porcionaram a experiência do êxito, a autodescober-
ta, a assimilação do conteúdo e a integração entre
os alunos. Apresentam-se, a seguir, alguns jogos e
conteúdos desenvolvidos nas turmas:
• Régua de Conversão de Unidades de Com-
primento – Trabalha o conceito e as noções de
conversão;
• Ábaco – Possibilita articular e resolver ope-
rações matemáticas – Trabalha a noção de
quantidade (mais, menos, igualdade);
• Régua de conversão de unidades de compri-
mento;
• Quebra-Cabeça Algébrico;
• Tangram – Desenvolve o raciocínio lógico e
geométrico, trabalha o raciocínio espacial;
• Pingue-Pongue (Figura 1) – Explora o domí-
nio das quatro operações e o raciocínio lógico;
• Corrida da Fatoração;
• Caça-Palavras sobre Raiz Quadrada;
• Adivinhe o Número;
• Senha (Figura 2) – Trabalha noções de aná-
Cadernos Prograd IFRJ 194
lise combinatória e o valor posicional dos alga-
rismos no número;
• Dominó de Fração – Explora o conceito de
fração, a representação fracionária, a leitura e
a escrita das frações;
• Dominó de Adição – Desenvolve a habilidade
de realizar operações de adição nas quais uma
das parcelas é zero;
• Frações com Peão (Figura 3) – Explora a re-
presentação fracionária.
Figura 1 – Pingue-Pongue, um jogo que trabalha as
quatro operações e o raciocínio lógico.
Fonte: As autoras (2015).
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Figura 2 – Diversos jogos aplicados pelos bolsistas:
Ábaco, Senha e Frações com Peão.
Fonte: As autoras (2015).
Figura 3 – Alunos jogando Frações com Peão.
Fonte: As autoras (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 196
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho com os jogos revelou-se um método
diferenciado de aprendizagem matemática. Tendo em
vista que diversos fatores contribuem para a desva-
lorização da disciplina e o desinteresse por ela, os
jogos descontraíram o grupo e deram liberdade aos
alunos para perguntar e obter o esclarecimento das
dúvidas. Além disso, no decorrer das atividades, eles
mudavam as regras de alguns jogos sem perceber e
brincavam com os colegas e alguns professores. Hou-
ve muita competição entre os estudantes, que con-
versavam entre si e solucionavam as dificuldades
apresentadas.
Os bolsistas do Pibid registraram os avanços
dos alunos e a interação entre estes e os professo-
res; essa aproximação entre ambos proporcionou um
aprendizado prazeroso, divertido, e deu aos estudan-
tes a liberdade de jogar da melhor maneira possível
para a contribuição do ensino da Matemática.
Constatou-se que, por meio de jogos, a criança
constrói seu universo, criando aproximação entre a
aprendizagem e a realidade. Os jogos também desen-
volvem o discernimento estimulando o pensamento
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 197
matemático, além de capacitar o aluno a resolver os
problemas propostos em sala de aula. Observou-se
que, com o decorrer da aplicação dos jogos, as dificul-
dades apresentadas por alguns alunos foram ameni-
zadas, o que lhes conferiu segurança no aprendizado
e despertou neles um maior interesse pelo conteúdo.
Atividades como essas são alternativas impor-
tantes para a avaliação do nível de desenvolvimento
dos alunos e para o auxílio na construção do conhe-
cimento matemático de maneira concreta. Elas levam
os alunos à interação e ao êxito na realização do tra-
balho em grupo, no raciocínio lógico e na criatividade.
Proporcionar ações com jogos é investir no
desafio e no melhor desempenho discente, pois eles
possibilitam a construção do saber, deixando de ser
ouvintes passivos e se tornando mais criteriosos para
o desenvolvimento do pensamento matemático. Entre-
tanto, esses mesmos jogos devem ser utilizados com
critérios pedagógicos para que haja avanços nas prá-
ticas educativas, cabendo ao professor criar um mo-
mento adequado para a realização dessas atividades.
Com essa experiência desenvolvida durante
o Pibid, foi possível perceber que, embora os jogos
Cadernos Prograd IFRJ 198
matemáticos tenham contribuído para uma apren-
dizagem significativa, divertida e diferenciada, ainda
há necessidade de uma atenção maior por parte dos
professores. O trabalho com jogos não pode ser en-
tendido como uma atividade lúdica com o fim úni-
co de levar o aluno a “gostar” de Matemática, e sim
uma metodologia que deve transitar entre o prazer de
brincar e a habilidade de construir conhecimento.
REFERÊNCIAS
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influência dos jogos e materiais pedagógicos na construção
dos conceitos em Matemática. São Paulo: Unidas, 1993.
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para as aulas de matemática. São Paulo: IME-USP, 1996.
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1995.
GARDNER, M. Divertimentos matemáticos. Trad. Bruno
Mazza. 4. ed. São Paulo: IBRASA, 1998.
GIOVANNI, J. R.; GIOVANNI JR., J. R. Matemática pensar e descobrir: 7ª série. São Paulo: FTD, 2000.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 199
MENDONÇA, E. F. Educação e sociedade numa perspectiva sociológica: volume 3: In: Módulo I. – Curso
PIE – Pedagogia para Professores em Exercício no Início de
Escolarização. Brasília, UnB, 2001.
MONTESSORI, M. Dr. Montessori’s Own Handobok.
New York: Schocken Books, 1965. (Tradução em inglês do
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MOURA, F. Jogos e modelagem na educação matemática. São Paulo: Saraiva, 2009.
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STAREPRAVO, A. R. Jogos para ensinar e aprender matemática. Curitiba: Coração Brasil, 2006.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 201
Capítulo 10
PROJETO CHERNOBYL – 30 ANOS DE UMA HISTÓRIA NUCLEAR
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 203
Capítulo 10
Projeto Chernobyl – 30 Anos de uma História Nuclear
Giselle Almeida do Rego*1
Adriana Moreira Tavares Ribeirinha1
Helena Glaser Barbosa1
João Marcos Barbosa dos Santos Cunha1
Matheus Schuengue Pimentel1
Cristiane Maria Morais Moises Oliveira2
Maria Celiana Pinheiro Lima1
Gabriela Salomão Alves Pinho1
RESUMO: Este trabalho aborda uma atividade desenvol-
vida pelos licenciandos em Química (bolsistas do Pibid)
do IFRJ no campus Duque de Caxias junto aos alunos
do 3º ano do Ensino Médio do Ciep Aarão Steinbruch,
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ (campus Duque de Caxias). Av. República do Paraguai,120 – Sarapuí – CEP: 25051-100, Duque de Caxias – RJ – Brasil.2 CIEP 201 Aarão Steinbruch, Presidente Kennedy s/nº, São Bento, 25010-006 – Duque de Caxias – RJ – Brasil
Cadernos Prograd IFRJ 204
localizado no mesmo município. O tema do projeto teve
como base o acidente nuclear em Chernobyl. Para con-
templar a temática da radioatividade, foram utilizados
recursos diversos, como filme, vídeos/documentários,
debates, reportagens e jogo. Optou-se por privilegiar a
Química presente no cotidiano para, em sequência, se-
rem abordados os conceitos fundamentais, pois acredi-
ta-se que a ciência, entendida dessa maneira, passa a
ter uma linguagem que sirva de instrumento para leitu-
ra e interação com o mundo. Com base no retorno ob-
tido e na participação dos estudantes como agentes do
processo de construção de conhecimento, considera-se
que a atividade contemplou seu objetivo principal: edu-
car cientificamente o cidadão.
Palavras-chave: Ciência. Tecnologia. Sociedade. Meio
Ambiente. Interdisciplinaridade. Radioatividade.
1 INTRODUÇÃO
Os bolsistas do Programa Institucional de Bol-
sa de Iniciação à Docência (Pibid) em Química do Ins-
tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro (IFRJ), campus Duque de Caxias, ela-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 205
boraram em 2016 uma atividade para discutir o uso
do conhecimento científico desenvolvido pelo homem,
a tecnologia gerada e os seus impactos sobre a socie-
dade e o meio ambiente. Voltado aos alunos do 3º ano
do Ensino Médio do Centro Integrado de Educação
Pública (Ciep) Aarão Steinbruch, também em Duque
de Caxias, o projeto teve como base o acidente nuclear
ocorrido há 30 anos em Chernobyl, na Ucrânia.
Por meio dessa ação, o ensino de Ciências pas-
sa de uma fase neutra a uma visão interdisciplinar,
em que o contexto da pesquisa científica e suas con-
sequências sociais, políticas e culturais são elemen-
tos marcantes (COSTA; SANTOS, 2015).
Em uma visão de integração entre Ciência,
Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (CTSA), o cur-
rículo do Ensino Médio aponta para a necessidade
de uma proposta de trabalho que contemple essas
relações, de modo a contribuir para o aprendizado
das disciplinas do núcleo das ciências naturais. Tudo
isso com o objetivo de formar uma sociedade que
questione os impactos do desenvolvimento científico
e tecnológico no âmbito social, de modo a perceber
que certas atitudes não condizem com os interesses
Cadernos Prograd IFRJ 206
da maioria, mas, sim, de uma minoria dominante
(GARCÍA PALACIOS et al., 2003; SANTOS; MORTIMER,
2002; ROEHRIG, 2011).
Como metodologia de trabalho, foi exibido um
filme sobre o tema, pois, segundo Leite (2015),
O uso de vídeo traz a possibilidade de uti-lizar não somente palavras, mas também imagens, muitas vezes bem mais atrativas do que a fala do professor ou da professora, podendo trazer um impacto muito maior do que a de um livro ou de uma aula expositi-va. Além disso, a iniciativa permite associar a atividade escolar a um contexto de lazer e entretenimento (LEITE, 2015, p. 313).
Neste trabalho, ao ser exibido o filme que,
mesmo de maneira fictícia, retrata o acidente nu-
clear de Chernobyl, os alunos viram-se diante de di-
versos questionamentos, entre eles: Como o conhe-
cimento científico é produzido pelo homem? Uma
vez que o homem se apropria desse conhecimento,
como a tecnologia é desenvolvida? De que maneira
ela pode ser empregada tanto positiva quanto ne-
gativamente para a sociedade e o meio ambiente?
A atividade promoveu um debate acerca do
emprego da tecnologia na cura de determinadas
doenças e, em contrapartida, na confecção de bom-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 207
bas atômicas, o que, ao longo da História, dizimou
populações em diversas regiões do mundo.
Além disso, discutiu-se a importância femini-
na na área científica, com destaque para Marie Curie,
professora polonesa de Física e Matemática, a pri-
meira mulher do mundo a ganhar um prêmio Nobel,
em 1903.
2 DIAGNÓSTICO
O Ciep 201 Aarão Steinbruch, localizado no
município de Duque de Caxias, foi contemplado pelo
Pibid, grupo formado por licenciandos em Química do
IFRJ, no campus Duque de Caxias, de 2012 a 2016.
O centro de educação oferece aos alunos do Ensino
Médio regular a oportunidade de participar dessas
atividades desenvolvidas no Pibid.
Durante o planejamento para as turmas de 3º
ano, foi observada a possibilidade de se trabalhar o
tema Radiação, que, apesar de não ser habitualmente
discutido com os alunos durante o Ensino Médio, é
um assunto muito interessante e presente no cotidia-
no. Aproveitando os eventos em memória dos 30 anos
do acidente nuclear na Ucrânia, preparou-se o projeto
Cadernos Prograd IFRJ 208
Chernobyl – 30 Anos de uma História Nuclear. Vale
ressaltar o interesse dos alunos em relação a essa te-
mática, possivelmente devido aos acontecimentos his-
tóricos relacionados à Segunda Guerra Mundial.
O objetivo do Pibid é formar professores que
utilizem metodologias diferenciadas e despertem no
aluno o interesse pelo conhecimento não só da Quí-
mica, mas também das Ciências, das Artes e do mun-
do. Portanto, a partir desse objetivo geral, o projeto
Chernobyl visou trabalhar o tema Radiação utilizan-
do diferentes meios de investigação, como filme, ví-
deos/documentários e jogos, para que os alunos não
só percebessem o conteúdo da Química, mas tam-
bém pudessem relacioná-lo às tecnologias geradas e
a seus impactos na sociedade e no meio ambiente.
3 RELATO DAS AÇÕES
O projeto Chernobyl foi realizado em mais de uma
aula, cada uma com abordagens e recursos diferentes
do tradicional. No primeiro momento, houve uma sessão
de cinema, com direito a pipoca distribuída aos alunos
do 3º ano do Ensino Médio do Ciep Aarão Steinbruch. O
filme exibido foi Chernobyl: Sinta a Radiação, o qual re-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 209
lata a história de um grupo de amigos aventureiros que
optam por visitar clandestinamente a região do desastre,
mas que, depois, se encontram perdidos e rodeados de
seres humanos “mutantes”. Por relatar grande parte da
história do acidente, a película foi escolhida para que,
mesmo de maneira abstrata e fictícia, os alunos come-
çassem a compreender um pouco o assunto e se interes-
sassem pela temática (Figura 1).
Figura 1 – Alunos assistindo ao filme
Chernobyl: Sinta a Radiação.
Fonte: REGO et al. (2016).
Os alunos estavam bastante interessados
com a sessão de cinema, que durou 72 minutos.
Após assistirem ao filme, foi solicitado que eles
Cadernos Prograd IFRJ 210
pesquisassem mais sobre o acidente e a radiação.
Na ocasião, o vídeo cumpriu algumas de suas fun-
ções no ensino de Química: sensibilizar os alunos
e despertá-los à curiosidade e à introdução de um
novo assunto, motivando-os ao interesse pelo co-
nhecimento (MORÁN, 1995; LEITE, 2015).
Na aula seguinte, os educandos continua-
ram empolgados com o tema e levantaram muitas
dúvidas a respeito do que haviam lido na internet
e da veracidade ou não de seres “mutantes” e de
fatos relacionados ao acidente. Houve perguntas
do tipo: “Como e por que ocorrem essas mutações?
As pessoas continuam morando em Chernobyl?
Qual nível de radiação pode ser fatal? Depois que
alguém morre, o corpo continua emitindo radia-
ção?”. Todas essas perguntas evidenciam o quan-
to o tema e a exibição do filme cumpriram seu
papel de despertar o interesse dos alunos.
Durante as colocações dos estudantes com
seus questionamentos, os licenciandos foram res-
pondendo e gerando o debate com a turma. Ao
longo da conversa em sala de aula, foram acres-
centadas novas reportagens a respeito de outros
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 211
fatos referentes à radiação, agora no Brasil, como
o acidente de Goiânia (Césio 137) e as areias “mi-
lagrosas” de Guarapari.
Para o segundo momento, foi criado um jogo
de palavras a fim de avaliar se os métodos didáti-
cos utilizados anteriormente estavam alcançando
ou se aproximando do objetivo principal do proje-
to: gerar nos alunos conhecimento sobre essa te-
mática. Os estudantes foram separados em cinco
grupos de quatro componentes cada, e sortearam-
-se envelopes contendo, cada um deles, uma ficha
com duas palavras relacionadas ao que havia sido
abordado até o momento sobre radioatividade. Por
exemplo, o grupo 1 sorteou dois envelopes, cujos
cartões tinham as seguintes combinações: Conta-
minação/Câncer e Medicina/Raios X (Figura 2).
Com os envelopes em mãos, os grupos formaram
frases relacionadas ao tema (Figura 3), as quais
foram lidas pelos bolsistas Pibid e debatidas por
toda a turma.
Cadernos Prograd IFRJ 212
Figura 2 – Envelopes contendo a combinação de
palavras para formar as frases.
Fonte: REGO et al. (2016).
Figura 3 – Os grupos trabalhando na
construção das frases.
Fonte: REGO et al. (2016).
Foram elaboradas frases bastante interessantes
e que evidenciaram a importância da atividade realizada
com os alunos. Dentre elas, destacam-se as seguintes:
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 213
“Quando o ser humano tem contato com certo nível de radiação, pode ocorrer a con-taminação, que gera câncer.”
“Os raios X expõem o ser humano a um alto nível de radiação, porém seu uso é essencial para a medicina, pois ele oferece um diagnóstico mais preciso das fraturas e cura o câncer através da radioterapia.” “Como foi observado nos documentários, em consequência da grandiosidade do aci-dente de Chernobyl, restam ainda imensu-ráveis meias-vidas para que a zona se torne outra vez totalmente habitada.”
Essas frases trazem em si informações
importantes, tais como o risco da exposição
humana à radiação, as consequências do acúmulo
de radiação devido ao fenômeno da meia-vida dos
elementos radioativos e também os benefícios
observados na Medicina (p. ex., em procedimentos
como a radioterapia e o diagnóstico de fraturas).
Toda essa construção foi possível a partir da
exibição do filme e dos documentários, além dos
debates.
Compreendendo que grande parte das fra-
ses criadas pelos alunos tinha como foco apenas o
lado prejudicial da radioatividade, foi decidido que
os bolsistas do Pibid retornariam às turmas com
Cadernos Prograd IFRJ 214
matérias escritas e documentários em formato de
vídeos, a fim de apresentar também os benefícios
tecnológicos da radioatividade, citando principal-
mente Marie Curie, uma personagem de extrema
importância para a Química e para os avanços nos
estudos sobre os fenômenos da radioatividade, a
energia radioativa etc. Vale apontar que, quando
se escolhe uma metodologia que parta da “Quími-
ca do cotidiano” para os conceitos fundamentais,
promove-se a construção de conhecimento. “Tra-
ta-se de formar o cidadão-aluno para sobreviver e
atuar nesta sociedade científico-tecnológica, onde
a Química aparece como relevante instrumento
para investigação [...]” (MACHADO, [s.d.]).
Por fim, no terceiro e último momento, os
alunos participaram de um jogo denominado Cai
Não Cai Radioativo, uma adaptação do jogo comer-
cializado Cai Não Cai, da Estrela®. A brincadeira
original é composta por um aparato cilíndrico, con-
tendo na metade de sua altura inúmeras perfura-
ções, nas quais são inseridas horizontalmente va-
retas de quatro diferentes colorações, de modo que,
se observadas de cima, formem uma “teia”. A ideia
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 215
é introduzir bolas de gude nesse cilindro, por cima,
a fim de que elas fiquem retidas nessa rede de va-
retas e, portanto, impossibilitadas de cair.
Basicamente, o objetivo do jogo original
consiste em cada equipe retirar o máximo possí-
vel de varetas sem deixar que as bolas de gude
caiam. Para o Cai Não Cai Radioativo (Figura 4),
além das regras tradicionais, foram acrescentadas
perguntas sobre o projeto Chernobyl, distribuídas
em cartas de diversos níveis: fácil, médio, difícil e
desafio (sendo cada um desses níveis relacionado
a uma cor da vareta). Os participantes, sem saber
o grau de dificuldade das cartas, escolhem uma
delas aleatoriamente, com a finalidade de respon-
der a pergunta contida na ficha. Se a resposta for
correta, o grupo pode escolher uma das varetas de
mesma coloração do cartão e retirá-la do aparato;
entretanto, se for incorreta, a ficha é recolocada
na pilha, e o grupo passa a vez à próxima equipe
(até não haver mais varetas a serem retiradas nem
perguntas a serem respondidas).
Cadernos Prograd IFRJ 216
Figura 4 – Representação do jogo Cai Não Cai Radioativo.
Fonte: REGO et al. (2016).
É importante salientar que a competição, nesse
caso, tem o sentido de ludicidade. O objetivo é aprender
por meio da brincadeira (Figura 5). Em acordo com Soares
(2013), prefere-se a utilização de grupos de alunos contra
grupos de alunos, para que, apesar da competição, haja
a cooperação fundamentada no trabalho em equipe,
muito importante nessa fase da formação.
Figura 5 – Alunos jogando Cai Não Cai Radioativo.
Fonte: REGO et al. (2016).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 217
Cada nível (cor) contém uma pontuação de 1
(um) a 10 (dez) relacionada ao seu grau de dificulda-
de; logo, quanto mais difícil a pergunta, maior sua
pontuação. Cada bolinha de gude que cai do apare-
lho ocasiona a penalização em 1 (um) ponto no placar
da equipe que provocou a queda. Ao término do jogo,
são contabilizados os pontos ganhos e perdidos por
grupo para que se defina o time vencedor da partida.
Vale ressaltar que a aplicação do jogo aqui tem
um papel duplo: além de trabalhar a metodologia de
ensino–aprendizagem (levando em conta a ludicida-
de que ele desempenha nos alunos, o aprender as-
sociado ao prazer), é uma ferramenta para avaliar o
conhecimento produzido pelos alunos com as meto-
dologias utilizadas. Isso porque, conforme as regras
do jogo, os participantes só conseguem jogar após
responderem as perguntas sobre radioatividade. De
acordo com Kishimoto apud Santos (2013):
O jogo educativo possui duas funções que devem estar em constante equilíbrio: uma delas diz respeito à função lúdica, que está ligada à diversão, ao prazer e até ao des-prazer; a outra, a função educativa, que objetiva a ampliação dos conhecimentos dos educandos (KISHIMOTO apud SANTOS, 2013, p. 3).
Cadernos Prograd IFRJ 218
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
O projeto de radioatividade, aplicado em uma
turma do 3º ano do Ensino Médio, foi esboçado com
enfoque interdisciplinar, o que viabiliza diversas ma-
neiras de reaplicação.
A disciplina de Língua Portuguesa está pre-
sente, principalmente, quando é proposta aos alunos
a formação de frases sobre radioatividade de acor-
do com as palavras que cada grupo recebeu. Nesse
caso, está sendo avaliada a capacidade dos alunos
em formular frases que façam sentido, que tenham
um nível de complexidade mediano sobre o assunto
abordado e a ortografia dos estudantes.
Durante a atividade, aborda-se também a Bio-
logia, pois são explicados aos alunos os benefícios e
os malefícios que determinados níveis de radioativi-
dade podem causar ao corpo.
Já a História é uma disciplina que se faz pre-
sente na maior parte do projeto. Ao abordar o desastre
de Chernobyl, deve-se levar em consideração aquele
contexto histórico (o período da Guerra Fria). Cientes
disso, os alunos têm mais facilidade em compreen-
der por que a União Soviética demorou a comunicar
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 219
a gravidade do acidente ocorrido – fato que causou
sérias consequências à saúde daquela população,
que, sem saber dos riscos, ficou mais tempo exposta
a altos níveis de radioatividade. Além disso, há a im-
portância histórica da ascensão de Marie Curie como
cientista em um período em que as mulheres não
costumavam cursar o Ensino Superior. Em contraste
com o mundo atual, a figura feminina – à época – era
vista basicamente como mãe e esposa, e o homem
tinha mais oportunidades na carreira acadêmica.
A Geografia é também abordada, pois, ao falar
do acidente de Goiânia e Chernobyl, é possível ques-
tionar os alunos sobre o que eles sabem a respeito
desses locais.
Nessa atividade aplicada aos alunos de 3º
ano do Ciep Aarão Steinbruch, as disciplinas citadas
foram previamente analisadas para interligar outras
áreas à Química (o foco principal do projeto). No
entanto, existem condições de aplicação ou alteração
de enfoque, dependendo do interesse do professor e/
ou da turma.
Cadernos Prograd IFRJ 220
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Pibid tem como objetivo trabalhar para que
os bolsistas sejam, cada vez mais, conhecedores de
práticas não atreladas a metodologias tradicionais e
que os auxiliem em sala de aula, como as que foram
citadas neste trabalho. Nesse sentido, a experiência
relatada demonstra a extrema importância de um pla-
nejamento bem-feito e da aplicação dele para que o
objetivo seja alcançado. O curso de Licenciatura em
Química que proporciona essa formação aos seus alu-
nos está caminhando para torná-lo um professor co-
nhecedor de suas práticas, não apenas de Química.
É importante salientar, ainda, que este projeto
teve um cunho problematizador – isto é, ele se insere
no eixo político-científico para despertar no aluno o in-
teresse pela ciência, pelo desconhecido, levando o estu-
dante a tirar suas próprias conclusões e a ter desejo em
buscar embasamento para discussões futuras.
O projeto tratou de um tema não elencado no
currículo mínimo do Ensino Médio (a Radioatividade);
portanto, todo o conhecimento que eles obtiveram para
responder ao questionário na atividade final foi construí-
do com as atividades propostas em sala de aula. Para
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 221
isso, eles se utilizaram de recursos de Ciência, Tecno-
logia, Sociedade e Ambiente (CTSA) e de Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) como diferenciais.
Durante toda a trajetória no Pibid, percebe-se
que o maior desafio do professor é despertar a curiosi-
dade no aluno, é tentar fazê-lo despertar para a “luz”
e construir algo. Neste projeto, não foi diferente: os es-
tudantes foram muito solícitos, bem-humorados, res-
peitosos e conversadores (entre si e com os bolsistas).
O relacionamento com eles foi o melhor possível, e o
resultado da atividade foi bastante satisfatório. No en-
tanto, persiste uma dúvida: como alcançar os alunos
que ainda assim não se interessaram pela proposta?
Muito se fala que, para a Educação, não há receita de
bolo pronta; por isso, vivemos em constante formação
e acreditamos que essa atividade possa ser revista e
adaptada a uma nova estratégia para alcançar cada
vez mais alunos. Uma proposta é fazê-la com músi-
ca ou outras formas de arte (p. ex., poesia), e, assim,
construir alternativas para que em nosso meio sempre
haja espaço para o novo. Isso é o que cativa os bolsis-
tas a prosseguir e buscar a melhor maneira de cons-
truir o conhecimento – no nosso caso, químico.
Cadernos Prograd IFRJ 222
REFERÊNCIAS
COSTA, E. O.; SANTOS, J. C. O. Uma proposta para o
ensino de Química através da abordagem CTSA: uma
sequência didática para a temática água. Blucher Chemistry Proceedings, v. 3, n. 1, 2015, p. 2.
GARCÍA PALACIO, E. M. Introdução aos Estudos CTS: ciência, tecnologia e sociedade. Madri: Organização dos
Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a
Cultura, 2003, p. 126-128.
LEITE, B. S. Tecnologias no ensino de Química. 1. ed.
Curitiba: Appris, 2015, p. 311.
MACHADO, J. R. C. Considerações sobre o ensino de química. Disponível em: <http://www.ufpa.br/eduquim/
consideracoes.htm>. Acesso em: jul 2016.
MORÁN, J. M. O vídeo em sala de aula. Comunicação e educação. São Paulo, v.1, n. 2, 1995, p. 30.
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Simpósio Nacional de Tecnologia e Sociedade, 4, Curitiba,
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Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 223
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educativos como recursos facilitadores da aprendizagem de
Química Orgânica no terceiro ano do Ensino Médio. Revista Mediação, Belo Horizonte, v. 2, 2013, p. 3.
SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Uma análise de
pressupostos teóricos da abordagem CTS no contexto da
educação brasileira. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v. 2, n. 2, 2002, p. 112-113.
SOARES, M. H. F. B. Jogos e atividades lúdicas para o Ensino de Química. 1. ed. Goiás: Kelps, 2013, p. 66.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 225
Capítulo 11
PROJETO CIÊNCIAS DO AMOR: USANDO O DIA DOS NAMORADOS COMO TEMA GERADOR PARA CONTEXTUALIZAÇÃO DE EXPERIMENTOS DE MATEMÁTICA,
QUÍMICA E FÍSICA
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 227
Capítulo 11
PROJETO CIÊNCIAS DO AMOR: USANDO O DIA
DOS NAMORADOS COMO TEMA GERADOR PARA
CONTEXTUALIZAÇÃO DE EXPERIMENTOS DE MA-
TEMÁTICA, QUÍMICA E FÍSICA
Roberta Regina Andrade Costa¹(IC)
Danielle Rodrigues de Morais Dias¹(IC)
Alex de Araújo Francisco¹(IC)
André Santos da Costa¹(IC)
Emerson Rodrigues Santos¹(IC)
Simone Thurler da Silva²(FM)*
Eduardo Serepuelo Duarte¹(PQ)
Ismarcia Gonçalves Silva¹(PQ)
Kelling Cabral Souto¹(PQ)
RESUMO: Este artigo tem como objetivos relatar as
experiências obtidas em relação ao projeto Pibid reali-
¹ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ – Campus Nilópolis. ² Ciep 172 – Nelson Rodrigues – Supervisora do Pibid, formada em Biologia.IC: estudante; FM: professor de Ensino Fundamental/Médio; PQ: pesquisador.
Cadernos Prograd IFRJ 228
zado no Ciep Nelson Rodrigues, no Município de Nova
Iguaçu, e apresentar suas características no que diz
respeito às disciplinas de Matemática, Química e Fí-
sica. Além disso, busca apontar os resultados alcan-
çados com os alunos no decorrer da atividade e as ex-
pectativas obtidas pelos aplicadores do experimento em
relação a eles. Com isso, este trabalho visa ajudar na
formação dos acadêmicos como futuros profissionais
da educação e também os alunos, suprindo-lhes as fa-
lhas no ensino e na aprendizagem, de maneira que o
resultado alcançado seja visto no seu dia a dia escolar.
Palavras-chave: Ciências do Amor. Programa Institu-
cional de Bolsa de Iniciação à Docência. Experimen-
tos de Matemática. Experimentos de Química. Experi-
mentos de Física.
1 INTRODUÇÃO
Adotar um tema gerador para dar início a um
diálogo pode ser bastante eficaz. Utilizar o Dia dos Na-
morados para levantar questionamentos sobre namoro
saudável, relacionamentos abusivos e sexo seguro na
adolescência, entre outros, pode servir como um ótimo
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 229
pano de fundo para experimentos de Física, Matemática e
Química, os quais, acompanhados por tais questões, car-
regam consigo significados muito mais amplos. Isso favo-
rece a construção do conhecimento e da reflexão quanto a
conteúdos, habilidades, atitudes, cultura e ciência, além
de promover e desenvolver saberes teórico-práticos.
Como retorno à prática social, foi trazida à tona
uma maior compreensão de temas já discutidos a fim
de neles intervir e buscar uma transformação, além de
aproximar mais os alunos das disciplinas de Química,
Física e Matemática. Isso ocorre a partir de experimen-
tos que exploram exemplos práticos do cotidiano, até
os estudantes obterem a internalização dos conteúdos
e de suas aplicabilidades na compreensão da ciência
como o empreendimento humano de descrever, com-
preender, explicar e predizer os fenômenos. Surge tam-
bém das relações existentes entre as características
desses fenômenos – por meio do empirismo, do ceticis-
mo, do método científico e da tecnologia.
Realizar com alunos do Ensino Médio um traba-
lho que contemple diversas disciplinas conjuntamente
deve ser uma tarefa bem pensada e planejada para que
se alcance êxito ao final de sua aplicação.
Cadernos Prograd IFRJ 230
Os experimentos concretizados no Centro In-
tegrado de Educação Pública (Ciep) Nelson Rodrigues
tiveram seu enfoque pedagógico em conjunto com as
disciplinas de Matemática, Química e Física, apesar
de não se tratar de um tema interdisciplinar. Por meio
dessa atividade, aplicadores (bolsistas) e alunos foram
capazes de saber como uma atividade lúdica pode ser
também de grande favorecimento intelectual, inclusi-
ve em disciplinas tratadas em sala de aula, e que a
aplicação de tais ações pode contribuir na transforma-
ção da sala de aula em um ambiente mais agradável,
além de tornar mais aprazíveis aos olhos dos estudan-
tes as matérias mais temidas do Ensino Básico.
Desse modo, a atividade realizada pelos alunos
dos cursos de Licenciatura em Matemática, Física e
Química pôde abrir caminho para que os graduandos
reflitam sobre o ensino com atividades lúdicas e tor-
nem a sua aplicação recorrente após adquirirem o di-
ploma e se tornarem professores.
2 DIAGNÓSTICO
Atividades lúdicas são bastante comuns em dis-
ciplinas das licenciaturas do Instituto Federal de Edu-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 231
cação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).
Sendo assim, com o conhecimento adquirido nessas
disciplinas e na vivência que o Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) foi capaz de
proporcionar, surgiu a ideia de se estabelecer uma re-
lação entre nossos experimentos e um tema capaz de
estimular o interesse dos estudantes: o Dia dos Namo-
rados. Para isso, aproveitou-se a proximidade da data e
solicitou-se à direção da escola um local maior do que
o utilizado normalmente, onde fosse possível agrupar
várias turmas (tendo como público-alvo adolescentes
de todos os anos do Ensino Médio). Iniciado o experi-
mento, objetivou-se transmitir aos estudantes alguns
conceitos das disciplinas – o que ocorreu de modo pou-
co formal, com jogos e experimentos por meio dos quais
foi possível trabalhar o raciocínio lógico, a geometria e
diversos processos químicos e físicos.
3 RELATO DAS AÇÕES
O projeto se deu em um formato de circuito
no auditório da escola, sendo o local – desde a porta
de entrada até os fundos – ornamentado com o tema.
Para isso, aplicadores fizeram menção às disciplinas
Cadernos Prograd IFRJ 232
utilizando materiais por eles confeccionados (p. ex.,
um ímã em formato de coração, fazendo alusão ao
magnetismo), bem como expondo fotografias de al-
guns filósofos e pensadores que contribuíram para a
formação e a difusão de pensamentos matemáticos,
como Platão e Arquimedes. Junto às fotos, havia uma
pequena biografia referente a esses intelectuais, o que
prontamente chamou a atenção dos alunos, que co-
meçaram a fazer diversas perguntas a respeito de tais
personalidades.
Uma das etapas desse circuito foi o Jogo da
Matemática; em seguida, os alunos participaram de
um experimento de Química e finalizaram as ativida-
des com um experimento de Física.
O primeiro experimento apresentado foi de Ma-
temática, o qual possibilitou trabalhar as parcerias de
um relacionamento e se constituiu na formação de um
“caminho do amor”, com números do 1 ao 36 coloca-
dos desde o fundo da fileira central do auditório até
a região próxima à mesa. As casas nas quais os nú-
meros estavam foram enfeitadas com o tema Dia dos
Namorados, assim como o dado (um cubo de aresta
de 20 cm), também utilizado na atividade. Seis repre-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 233
sentantes, dois de cada ano do Ensino Médio, foram
escolhidos pelos próprios alunos para participar da
atividade. Após a decisão de qual participante iniciaria
o jogo, foram explicadas as regras: as duplas jogariam
o dado e, em seguida, retirariam de um saco exposto
pelos aplicadores um único cartão, no qual consta-
ria uma operação a ser feita com o número obtido no
dado ou uma pergunta relacionada a algum conceito
matemático, junto a uma frase romântica que deveria
ser lida para todo o grupo. Havia várias possibilida-
des: se a dupla acertasse alguma questão, eles pode-
riam andar mais do que o número obtido; se errasse,
poderia voltar algumas casas ou ser ultrapassada por
algum adversário. A atividade durou cerca de 40 mi-
nutos e, devido a seu grande interesse, causou euforia
e até certo alvoroço nos alunos.
Ao final da atividade, por meio de perguntas
e cálculos matemáticos postos pelo experimento, foi
possível notar nos alunos certo conhecimento mate-
mático, não tão evidente em sala de aula em razão de
o próprio estudante não se sentir em condições ideais
para demonstrá-lo ou até mesmo por timidez ou ver-
gonha. A atividade, no entanto, abriu caminho para
Cadernos Prograd IFRJ 234
que eles expusessem o que sabiam, e, por se tratar de
um jogo, não tiveram vergonha de admitir o desconhe-
cimento de determinado assunto, diferentemente do
que é comum ocorrer em sala de aula.
No que diz respeito à Química, os aplicadores
deram continuidade aos diálogos sobre a diferença
entre uma relação saudável e o namoro abusivo e fa-
laram sobre como esse tipo de relacionamento pode
gerar impactos que perdurem por toda a vida; por fim,
iniciou-se o experimento falando sobre o Equilíbrio
Amido-Iodo, por meio da Carta Invisível, uma expe-
riência que se vale de uma reação, a qual demonstra
o Princípio de Le Châtelier – equilíbrio químico –, utili-
zando materiais baratos e de fácil acesso. Esse experi-
mento utiliza mingau de amido com água, bem ralinho
(que serve como uma tinta invisível), papel pardo (para
a carta), pincel para escrever, vela, palitos de fósforo e
tintura de iodo, que revela o conteúdo escrito. Depois
de escrever a carta e deixá-la secar, observa-se que
não é possível ver o que se escreveu; no entanto, ao
passar a tintura de iodo, revela-se com coloração azu-
lada o que está escrito. Os aplicadores explicaram que
isso ocorre pela reação entre o íon tri-iodeto, existente
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 235
na tintura de iodo, e o amido, formando um complexo
que tem essa coloração característica. Em seguida, os
aplicadores acenderam as velas e passaram a carta em
cima da chama; então, notou-se que a cor desapareceu
e que a carta ficou invisível novamente. Isso porque,
de acordo com o Princípio de Le Châtelier, todo equilí-
brio, quando perturbado, tende a reagir de modo a mi-
nimizar essa perturbação. Tal processo de formação do
complexo é exotérmico (i.e., libera energia quando ocor-
re). O processo contrário, de dissociação do complexo,
é, por outro lado, endotérmico – absorve energia para
ocorrer. Quando se fornece energia na forma de calor, o
sistema reage de modo a tentar anular essa perturba-
ção, deslocando o equilíbrio no sentido da reação endo-
térmica, de dissociação do complexo, fazendo com que
a coloração azul praticamente deixe de existir. A carta
é um dos símbolos do amor; antes dos celulares e da
internet, ela era o meio mais usado para se comunicar
e fazer declarações de amor. Por essa razão, pensou-se
em recorrer a esse artifício tão romântico para se tra-
tar de assuntos como relação amorosa na adolescência,
ressaltando sempre seus pontos positivos, sem, contu-
do, deixar de problematizá-los.
Cadernos Prograd IFRJ 236
Dando continuidade ao circuito, os aplica-
dores executaram atividades de Física, tendo como
tema abordado as relações sexuais e os métodos de
prevenção. Para isso, foi construído um dilatômero,
com madeira e metal, uma base com dois orifícios
iguais, duas bilhas, uma lata de refrigerante e uma
camisinha. As turmas observaram o experimento,
mas, por motivo de segurança, não o praticaram; em
seguida, foram feitas considerações sobre os tipos de
dilatação. Na primeira etapa, os alunos viram que, ao
aquecer um fio de cobre, ele aumenta de tamanho.
Na segunda fase, utilizou-se uma base de alumínio
(com dois orifícios) e duas bilhas. Inicialmente, elas
não passavam pelos orifícios; no entanto, ao aquecê-
-las, elas passavam sem esforço algum.
No início desse experimento, a maioria dos
alunos não se lembrava dos conceitos nem conse-
guia explicar corretamente os efeitos físicos. No en-
tanto, após a explicação – e em razão do modo como
foi abordada, conectando situações do dia a dia aos
relacionamentos (namoro) –, os fenômenos foram
bem esclarecidos, e as turmas se sentiram à von-
tade para falar e discutir os conceitos abordados.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 237
Houve, inclusive, momentos de agitação da turma
em relação aos experimentos, mas todos gostaram
das atividades e construíram conhecimento junto
com os aplicadores. A avaliação foi oral; no entan-
to, é necessário repetir os experimentos, pois essa
interdisciplinaridade foi bem positiva, trabalhando
tanto a cooperação entre as turmas com seus re-
presentantes quanto os conteúdos construídos nos
anos anteriores.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
É possível que a atividade seja reaplicada
sempre que necessário – isso por causa: do baixo
custo da realização e da ornamentação do expe-
rimento (p. ex., o dado utilizado na atividade de
Matemática foi construído com material reciclável);
do envolvimento estabelecido no que diz respeito à
relação aluno e aplicador; e do êxito obtido com a
atividade. Ainda que tenha sido abordado de forma
temática, pode-se adaptar esse circuito a diversas
situações e temas, além de utilizá-lo até mesmo
como uma Olimpíada Escolar.
Cadernos Prograd IFRJ 238
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante toda a preparação do projeto, contou-
-se com a participação dos docentes, que muito pron-
tamente se mostraram receptivos e animados. Essa
experiência foi enriquecedora para o grupo de bolsis-
tas, que tiveram contato direto com o alunado – desde
a confecção dos ornamentos, em encontros anteriores
–, tendo a oportunidade de ouvi-los, conversar com
eles e trocar ideias para o evento. Além disso, a pro-
gramação foi de extrema importância para os alunos,
que puderam questionar, duvidar, afirmar e ajudar a
desenvolver os temas trabalhados e contidos na sua
prática diária, o que proporcionou aos aplicadores es-
tudo, reflexão e ousadia. Percebeu-se, ainda, muita
receptividade quando abordadas as reflexões sobre os
temas propostos relacionados ao Dia dos Namorados.
Por outro lado, quando se tratou dos conteúdos ado-
tados para introduzir os experimentos de cada disci-
plina, notou-se certa resistência, o que despertou os
aplicadores quanto a uma possível falta de conheci-
mento prévio sobre os assuntos. Ao final da realiza-
ção, foi possível perceber que os aplicadores tiveram
ampliada a sua zona de conhecimento sobre uma im-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 239
portante atitude pedagógica pouco tomada em sala de
aula atualmente: a ludicidade. As práticas comumente
empregadas na educação a partir dessa pedagogia de
ensino são, em sua maioria, exitosas. Pouquíssimas
dificuldades surgiram na aplicação, como o alvoroço
provocado pelos alunos, que logo foi contido.
Em futuros projetos, o planejamento das ativi-
dades deve contar com revisões de matérias em encon-
tro anteriores, bem como com uma maior aproxima-
ção com os professores que ministram as disciplinas
vinculadas. Isso para que a atividade ocorra mais efe-
tivamente como uma extensão de seu trabalho den-
tro da sala de aula, não apenas no que diz respeito
às disciplinas e aos conteúdos contidos no currículo
mínimo, mas também em relação à vida social. Desse
modo, é possível fornecer aos alunos ferramentas para
se tornarem cidadãos emancipados intelectualmente
e capazes de absorver conhecimentos que irão intervir
na realidade social em que estão inseridos e, assim,
transformá-la.
Tendo-se em mente uma estratégia de aplica-
ção preestabelecida, atividades lúdicas são ideias para
se tratarem diversos temas das disciplinas abordadas.
Cadernos Prograd IFRJ 240
Os cursos de Licenciatura em Matemática, Química e
Física do IFRJ contam com um corpo docente compe-
tente, que leva os alunos a refletir e pensar em como
aplicar tais práticas pedagógicas. Ainda assim, o mais
correto é, em todo tempo, estar ciente de que cada ati-
vidade aplicada por um estudante de licenciatura (ou
até mesmo um professor já formado), por mais suces-
so que obtenha, pode ser melhorada.
REFERÊNCIAS
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de Curso (Licenciatura)-Departamento de Matemática,
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SOLOMONS, T.W.G. Química Orgânica, v. 2. 6. ed. Rio de
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07 nov. 2016.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 243
Capítulo 12
COMO RECONHECER FIGURAS GEOMÉTRICAS
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 245
Capítulo 12
COMO RECONHECER FIGURAS GEOMÉTRICAS
Luiza Batista Borges
Nathalia de Azevedo
Cristielen Guimarães de Paula
RESUMO: Este trabalho relata uma proposta peda-
gógica realizada por bolsistas do Programa Institu-
cional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) na Es-
cola Pública Municipal Nicola Salzano, no centro de
Paracambi, em uma turma de 8º ano do Ensino Fun-
damental. A proposta é ensinar Matemática por meio
de jogos, possibilitando que o estudante adquira co-
nhecimentos matemáticos a partir de um processo
alternativo aos padrões tradicionais, agregando ca-
racterísticas lúdicas que potencializam a discussão
de ideias. O projeto pedagógico aqui relatado buscou
apresentar estratégias de reconhecimento de figuras
geométricas por meio de um jogo de tabuleiro. Des-
Cadernos Prograd IFRJ 246
se modo, buscou-se uma nova utilização de recursos
para o ensino da Matemática.
Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência. Geometria. Jogos. Ensino
de Matemática.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado em uma escola públi-
ca no município de Paracambi, no Estado do Rio de Ja-
neiro. A partir da experiência vivenciada por estudantes
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Do-
cência (Pibid), que seguiram uma das orientações dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-MEC, 1998),
o qual aponta para a necessidade de se construir uma
escola voltada à formação de cidadãos, notou-se que é
preciso ofertar aos alunos chances para um avanço no
posicionamento crítico com relação à sociedade, onde
muitas decisões e atitudes são programadas, orienta-
das e explicadas a partir de modelos matemáticos. Com
esse projeto, foi possível desenvolver reflexões que cola-
boraram para a melhoria da aprendizagem dos alunos
do 8º ano do Ensino Fundamental.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 247
Os jogos são práticas sociais que devem ser valo-
rizadas no ensino da Matemática na escola, pois levam
os alunos a conceber a Matemática como uma discipli-
na prazerosa e proporcionam a criação de vínculos po-
sitivos na relação professor–aluno e aluno–aluno. Com
os jogos matemáticos, os estudantes podem encontrar
equilíbrio entre o real e o imaginário, bem como am-
pliar o conhecimento e o raciocínio lógico-matemático.
Ensinar Matemática desse modo, por exemplo, faz do
jogo um instrumento que transforma essa disciplina
(considerada um bicho de sete cabeças) em uma fonte
produtiva de satisfação, motivação e interação social.
Uma das funções da Matemática escolar é o
desenvolvimento de competências para resolver os
problemas cotidianos que as pessoas encontram. Na
última década, intensificou-se a busca por alterna-
tivas que possibilitassem uma maior compreensão
desse ensino e um conhecimento significativo que
ocasionasse benefícios à vida profissional de qual-
quer estudante.
Proporcionar situações desafiadoras, agradá-
veis e significativas em sala de aula, motivar o aluno
ao aprendizado da Matemática e aprimorar a didática
Cadernos Prograd IFRJ 248
usada durante as aulas são atitudes que proporcio-
nam qualidade na arte de ensinar e melhoram a re-
ceptividade por parte dos estudantes.
O ensino da Matemática deve respeitar e estimu-
lar a construção do conhecimento pelo aluno, em vez
de ser interiorizado “através de exercícios individuais
e informações vindas do professor e dos objetos em si”
(KAMII; DECLARK, 1992). Devem-se propor situações
interessantes e envolventes durante as aulas de Mate-
mática para que se chame a atenção do discente, des-
pertando nele o gosto pela pesquisa e pelo estudo.
O acompanhamento do educador é essencial
para promover uma aprendizagem de conhecimento
satisfatório, capaz de despertar o interesse do aluno
em seu processo de construção de conhecimentos. O
educador pode promover que o aluno vivencie os jogos
visando ao aumento de sua motivação na disciplina de
Matemática, entre outros benefícios.
2 DIAGNÓSTICO
Este trabalho tem como proposta abordar
entre os alunos da Escola Pública Municipal Nico-
la Salzano o reconhecimento de figuras geométricas
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 249
por meio de jogos, a fim de que o estudante adquira
conhecimentos matemáticos a partir de um proces-
so alternativo aos padrões tradicionais, incorporando
características lúdicas que potencializam a discussão
de ideias.
A aprendizagem matemática ocorre de modo
significativo quando o aluno se depara com situações
que exijam investigação, reflexão e empenho, levan-
do-o a construir e desenvolver conceitos e procedi-
mentos matemáticos. Os progressos em relação ao
conhecimento desses conceitos verificam-se quando
os alunos conseguem analisar criticamente e enten-
der o sentido do que aprenderam, em um processo no
qual podem expor e discutir ideias com outras pes-
soas, negociar significados, organizar conhecimentos
e fazer registros.
Diante de tais considerações, justifica-se o
tema por sua reconhecida importância como um fa-
cilitador da aprendizagem da Matemática, principal-
mente no Ensino Fundamental.
Para o desenvolvimento do trabalho, foi utili-
zado um jogo de tabuleiro que, de maneira lúdica,
trabalha a geometria. Com o jogo, são desenvolvidos
Cadernos Prograd IFRJ 250
conceitos de geometria espacial; além disso, para a
construção dele, trabalham-se conceitos de geome-
tria plana.
Desse modo, é possível desenvolver o raciocínio
geométrico e amadurecer os conceitos de geometria
espacial. Esse jogo também possibilita que o aluno
reconheça poliedros, prismas, nomes das figuras geo-
métricas espaciais, faces, vértices e arestas.
3 RELATO DAS AÇÕES
A Matemática, cujo surgimento ocorreu na An-
tiguidade, converteu-se em um imenso sistema de va-
riadas e extensas disciplinas, o qual ajuda na constru-
ção da cidadania, tornando-se uma ferramenta para a
sociedade. No entanto, sua importância só é reconhe-
cida a partir do surgimento dos sistemas bancários
e de produção, que exigem do cidadão determinado
conhecimento matemático.
A metodologia de ensino aplicada na Antiguida-
de baseava-se na aprendizagem sistemática, transfe-
rência e reprodução de conhecimentos, condicionando
os alunos a receber informações prontas, completas,
imutáveis, construindo, com isso, a incapacidade de
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 251
decodificar os sinais presentes no cotidiano. Isso fazia
com que esses alunos ficassem à margem da socieda-
de ativa. Essa prática de ensino mostrou-se ineficaz,
pois a reprodução correta poderia ser apenas uma
simples indicação de que o aluno aprendeu a repro-
duzir, mas não aprendeu o conteúdo.
Alguns autores apontam que a Geometria fica
muitas vezes desprezada no currículo dentro dessa
metodologia de ensino. De acordo com Thomas O’
Brien (2003),
O princípio é ao mesmo tempo básico e desprezível; ele se restringe ao ensino de Aritmética. Outras áreas importantes da disciplina, que não se prestam a simples memorização, como a Geometria, ficam desprezadas. Além disso, as crianças são proibidas de usar calculadora e não têm es-paço para desenvolver o raciocínio, inventar estratégias de resolução de problemas ori-ginais. O grande talento das pessoas é pen-sar; a ela devemos pedir o que é próprio da vida humana: selecionar dados, organizar informações, elaborar hipóteses, formular questionamentos, avaliar resultados e tan-tas outras coisas desse tipo.
É importante destacar que a Matemática deve
ser vista pelo aluno como um conhecimento que pode
favorecer o desenvolvimento do raciocínio, da sua ca-
Cadernos Prograd IFRJ 252
pacidade expressiva, sua sensibilidade estética, sua
imaginação. Além disso, ela é capaz de estabelecer
relações entre objetos, fatos e conceitos, generalizar,
prever, projetar, abstrair, ou seja, apontar direções,
apresentar estratégias e alternativas para os alunos
estabelecerem múltiplas ligações e associações en-
tre significados de um conceito. É preciso mudar a
maneira mecânica de ensinar essa disciplina, pois o
momento atual requer uma matemática viva, que pos-
sa provocar nos aprendizes e educadores o gosto e a
confiança para enfrentar desafios. Segundo Pacheco e
Mendonça (2001),
Ensinar e aprender Matemática pode e deve ser uma experiência feliz. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos educativos, mas é bastante evi-dente que só poderemos falar de um traba-lho docente bem feito quando todos alcan-çarmos um grau de felicidade satisfatório.
Ensinar Matemática não é fácil; aprendê-la mui-
to menos. Por isso, surge a necessidade de que se usem
instrumentos como mediadores entre o professor, o
aluno e o conhecimento. Esses devem ser planejados
e bem-aplicados, sendo um recurso pedagógico eficaz
para a construção do conhecimento matemático.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 253
Um dos instrumentos utilizados nos dias atuais
são os jogos matemáticos, que conseguem transformar
a sala de aula em um ambiente gerador de conheci-
mentos e facilitador do processo ensino–aprendizagem.
Com isso, segundo Kishimoto (1999), “o jogo nos propi-
cia a experiência do êxito, pois é significativo, possibi-
litando a autodescoberta, a assimilação e a integração
com o mundo por meio de relações e de vivências”.
A relação entre jogos e resolução de problemas,
conforme destaca Antunes (2006), evidencia vantagens
no processo de criação e construção de conceitos por
meio da discussão de temática entre os alunos e entre
o professor e os alunos. Para ele, o jogo é um problema,
porque possibilita que o indivíduo construa conceitos de
maneira lúdica, dinâmica, desafiadora e motivadora.
Por sua vez, Aranão (1996) esclarece que o jogo é
um importante recurso metodológico, que pode ser uti-
lizado em sala de aula para desenvolver a capacidade
de lidar com informações e criar significados culturais
para os conceitos matemáticos. A utilização de jogos
nas aulas auxilia os alunos a aprender a respeitar re-
gras, a exercer diferentes papéis, a discutir e a chegar a
acordos, a desenvolver habilidade de pensar de manei-
Cadernos Prograd IFRJ 254
ra independente e a construir um conhecimento lógico
em relação à Matemática.
Ao jogar, o aluno resolve questões por meio de
tentativas e erros; além disso, pode reduzir um pro-
blema em situações mais simples, representar proble-
mas a partir de desenhos, gráficos ou tabelas, fazer
analogias de problemas semelhantes e desenvolver o
pensamento dedutivo. Desse modo, o jogo leva os alu-
nos a ter capacidade de desenvolver potencialidades,
habilidades, estímulo de raciocínio e reflexão, sendo
de fundamental importância para o desenvolvimento
integral deles, quebrando a insatisfação de educandos
e educadores, evitando que a aula se torne cansativa e
enfadonha.
Outro motivo para a introdução de jogos nas au-
las de Matemática é a possibilidade de diminuição de
bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos
que temem a disciplina e se sentem incapacitados de
aprendê-la.
Dentro da situação do jogo, onde é impos-sível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que esses alunos falam da Matemática, apresentam também um melhor desempe-nho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem (BORIN, 1996).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 255
Como se desenvolve a metodologia do jogo
Para a realização do jogo, foi necessário dividir
a turma em dois grupos: A e B. Cada representante do
grupo ficava no centro da sala, onde havia um tabu-
leiro e figuras geométricas sobre uma mesa (Figura 1).
É importante deixar claro que um representante por
vez respondia às perguntas. Retirada a carta sorteada
(Figura 2), cada representante poderia, se desejasse,
consultar seu grupo de origem. Se o grupo acertasse
a resposta, mudava-se o representante; desse modo,
todos podiam participar da atividade.
Se o representante ultrapassasse 1min30s
para responder, o outro grupo o pressionava, fazendo
contagem regressiva a partir de 10. Ao final da conta-
gem, caso o grupo não soubesse a resposta, mudava-
-se o representante, e a equipe perdia a vez. Se o grupo
acertasse, permanecia no jogo. Quando um grupo ia
responder, o outro ficava bem atento e concentrado,
pois a resposta dele poderia ajudá-lo em suas próxi-
mas perguntas. Ganhava o grupo que respondia cor-
retamente o maior número de perguntas.
Cadernos Prograd IFRJ 256
Figura 1 – Tabuleiro e figuras geométricas.
Fonte: BORGES; AZEVEDO (2016).
Figura 2 – Tabuleiro e cartas.
Fonte: BORGES; AZEVEDO (2016).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 257
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Tal atividade desenvolvida tem condições de
ser reaplicada por se tratar de um jogo com confecção
simples e de baixo custo. Por isso, acredita-se que seja
interessante apresentar essa proposta a outros cursos
de Licenciatura em Matemática, a fim de que futuros
docentes tenham acesso a novas propostas de jogos
que contemplem conteúdos de geometria.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação à aprendizagem do jogo Como
Reconhecer as Figuras Geométricas, pode-se
afirmar que os jogos possibilitaram que os alunos
desenvolvessem o raciocínio. Além disso, muitas das
falhas de aprendizagem, verificadas no desenvolver
das jogadas, foram prontamente sanadas com a
intervenção do professor. Ao final da aplicação dos
jogos, observou-se um envolvimento dos alunos com as
atividades, bem como um maior interesse e segurança
no reconhecimento das figuras geométricas, fato que
pode ser constatado por meio dos relatos dos próprios
alunos, incentivados a escrever sobre os jogos.
Cadernos Prograd IFRJ 258
REFERÊNCIAS
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inteligência espacial, v. 4. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
ARANÃO, Ivana V. D. A Matemática através de brincadeiras e
jogos. Campinas, SP: Papirus, 1996.
BORIN, Júlia. Jogos e resoluções de problemas: uma estratégia
para as aulas de Matemática. São Paulo: IME – USP, 1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetro
Curricular Nacional: Matemática. Brasília: MEC/ SEF, 1997.
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
livro03.pdf>. Acesso em: 06 fev 2017.
KAMII, C.; DECLARK, G. Reinventando a aritmética: implicações
da teoria de Piaget. 6. ed. Campinas, SP: Papirus, 1992.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a
educação. 3. ed. São Paulo: Editora Cortez, 1999.
PACHECO, Ricardo Gonçalves; MENDONÇA, Erasto Fortes. Edu-
cação, sociedade e trabalho: abordagem sociológica da educação.
Cuiabá: UFMT, 2012.
O’BRIEN, Thomas. Desafios e investigações. São Paulo: Callis, 2003.
PIOLA, Sandra. Jogos matemáticos como metodologia de ensi-
no–aprendizagem das operações com números inteiros. Londri-
na, PR: UEL, 2008.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 259
Capítulo 13
COMO TRABALHAR OS POLÍMEROS COM UM OLHAR CTSA
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 261
Capítulo 13
COMO TRABALHAR OS POLÍMEROS COM UM
OLHAR CTSA
Maria Celiana Pinheiro Lima
Elisa Barbosa de Brito
Kelly Lopes Figueira
Marcus Aurélio Gomes da Rocha
Gabriela Salomão Alves Pinho
RESUMO: A escola tem um papel formador e trans-
formador de opiniões. Cabe ao docente, por exemplo,
despertar nos alunos o interesse por certos conteúdos
de Química, que frequentemente se tornam chatos e
sem aplicabilidade no seu cotidiano. Por essa razão, li-
cenciandos em Química atuando como bolsistas do Pi-
bid do IFRJ no campus Duque de Caxias trabalharam
a temática Polímeros com alunos do 3º ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Sargento Wolff, localizado
no município de Belford Roxo (RJ). Executado em três
Cadernos Prograd IFRJ 262
momentos distintos e com uma abordagem contextu-
alizada, o projeto trabalhou com os alunos o conceito,
a origem e as aplicações dos polímeros. Inicialmente,
partindo de uma atividade lúdica, com materiais alter-
nativos e uma perspectiva interdisciplinar, abordou-
-se a relação dos polímeros com as biomoléculas e a
construção da molécula do DNA. Em um segundo
momento, realizou-se a síntese de obtenção de cola
branca a partir da caseína do leite e a síntese de
espuma de poliuretano, enfatizando-se as diferentes
aplicações e obtenções desses polímeros. A ativida-
de finalizou-se com a exibição do filme Ilha de Lixo
no Pacífico e a realização de um debate com os alu-
nos a respeito da degradação, do descarte inadequa-
do dos resíduos sólidos pelo homem e dos impactos
ambientais dos plásticos na sociedade atual. Após
esse debate, os alunos fizeram um passeio no entor-
no do colégio, com o objetivo de fotografar descartes
inadequados de resíduo plástico. Por meio dessas
ações, foi possível perceber o nível de desconheci-
mento dos alunos em relação aos impactos desses
rejeitos tanto ao meio ambiente quanto à sociedade.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 263
Palavras-chave: Formação de Professores. Polímeros.
Ensino de Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
1 INTRODUÇÃO
O ensino de Química deve auxiliar os alunos a
compreender o mundo que os cerca, levando-os a exa-
miná-lo de maneira crítica e consciente para interagi-
rem melhor com ele (POGGE; YAGER, 1987). Assim,
é vital usar métodos que levem o aluno a entender e
problematizar as relações existentes entre a Ciência, a
Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente (CTSA) em que
os alunos estão inseridos (BAZZO, 1998).
Segundo Silva e Marcondes (2014),
O ensino de ciências com enfoque CTSA delega a função aos futuros cidadãos para que participem ativamente no processo de-mocrático de tomada de decisões na socie-dade. Para tal, objetiva-se que os alunos possam compreender as interações entre ciência, tecnologia e sociedade, desenvolver a capacidade de resolver problemas e tomar decisões relativas às questões com as quais se deparam como cidadãos (SILVA; MAR-CONDES, 2014, p. 20).
Necessita-se, portanto, de uma apropriação do
conhecimento químico pelo aluno para que ele parti-
cipe efetivamente da sociedade atual, sendo capaz de
Cadernos Prograd IFRJ 264
identificar os problemas sociais enfrentados, além de
propor soluções viáveis para a sua melhoria. Logo, o
objetivo fundamental do ensino de Química é formar o
indivíduo capaz de fazer uma leitura do mundo onde
está inserido – e isso por meio do conhecimento da
ciência –, podendo ele discernir suas atitudes e pos-
síveis consequências, tornando importante o papel da
Química na sociedade (SOARES; SILVEIRA, 2008).
Desse modo, o Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência (Pibid) de Química do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Ja-
neiro (IFRJ) está inserido no Colégio Estadual Sargento
Wolff, localizado no município de Belford Roxo (RJ). Se-
gundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) de 2010, Belford Roxo apresenta um índice
de desenvolvimento humano (IDH) de 0,684 (abaixo da
média brasileira, que é 0,744). Já o índice de desenvol-
vimento da educação básica (Ideb) do Colégio Estadual
Sargento Wolff foi de 3,8 em 2011 – não sendo apresen-
tado nenhum resultado nos anos seguintes. Isso pode
ser atribuído ao fato de o colégio não ter participado da
Prova Brasil ou não ter atendido aos requisitos necessá-
rios para obter o desempenho calculado. Vale lembrar
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 265
que o Ideb vai de 0 a 10, e o Plano de Desenvolvimento
da Educação (PDE) estabelece como meta que, em 2022,
o Ideb do Brasil seja 6,0 – média que corresponde a um
sistema educacional de qualidade comparável ao dos
países desenvolvidos (Inep, 2016).
Durante um semestre, os bolsistas do Pibid de-
senvolveram metodologias com abordagem em Ciên-
cias, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) e inter-
disciplinar, a fim de promover a discussão de temas
inerentes ao cotidiano, com cunho social e/ou am-
biental (entre eles, Plásticos e Petróleo foram assuntos
abordados em diversas intervenções).
Para tratar da temática Plásticos, os alunos fo-
ram levados a refletir no seguinte questionamento: “So-
mente os plásticos são polímeros?”. Aplicou-se, então,
a atividade lúdica de construir um modelo de molécu-
la de ácido desoxirribonucleico (DNA), evidenciando-
-se, assim, a importância biológica do código genético
humano e de como os tópicos abordados em Química
estão relacionados à composição e estruturação dos ge-
nes estudados pela Biologia.
Posteriormente, houve a exibição do vídeo
Ilha de Lixo no Pacífico, para instigar o debate sobre
Cadernos Prograd IFRJ 266
o descarte do material plástico e as consequências
de sua destinação errônea para a vida marinha. Em
seguida, realizou-se com os alunos um mapeamento
do entorno da escola, para a identificação dos tipos
de polímeros jogados inadequadamente nas ruas e
de suas consequências. Por fim, encerrou-se a ativi-
dade com a seguinte questão: “Qual é o seu papel na
diminuição dos impactos ambientais causados pelo
descarte inadequado dos plásticos?”.
2 DIAGNÓSTICO
O Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janei-
ro (CM/RJ) estabelece, para o 3º ano do Ensino Mé-
dio, no 4º bimestre, o eixo temático Química Orgânica:
biomoléculas e polímeros. Uma vez que um dos objeti-
vos do Pibid é formar professores que trabalhem seus
conteúdos de maneira interdisciplinar, contextualiza-
da e problematizadora, pensou-se em aproveitar esse
contexto para elaborar a atividade, de modo que os
alunos tivessem o conteúdo de polímeros relacionan-
do-o com as biomoléculas (DNA) e percebessem que os
plásticos, tão presentes em nosso cotidiano, são uma
classe de materiais poliméricos. Além disso, o objetivo
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 267
foi conscientizá-los quanto à problemática do descarte
inadequado do resíduo sólido no meio ambiente e ao
não investimento de políticas públicas para as indús-
trias de reciclagem dos plásticos.
A finalidade principal é trabalhar a temática
Polímeros e conscientizar os alunos sobre o que são
essas substâncias, como as obter, qual a relação delas
com as biomoléculas e como as descartar corretamen-
te, sem causar tanto impacto ambiental; além disso,
possibilitar que esse aprendizado seja realizado de for-
ma interdisciplinar e com abordagem CTSA.
3 RELATO DAS AÇÕES
Diante do diagnóstico obtido, os bolsistas do
programa optaram por trabalhar com os alunos o
tema Polímeros, visando, inicialmente, saber que co-
nhecimento estes tinham a respeito desse conceito.
Portanto, na sala de aula, escreveu-se no qua-
dro a palavra polímeros, e, em torno dela, foram afixa-
das imagens de diversos polímeros, naturais e sintéti-
cos (Figura 1). Ao ver a exposição no quadro, os alunos
relacionaram de imediato os polímeros aos polissaca-
rídeos, pois a turma frequenta as atividades do Pibid
Cadernos Prograd IFRJ 268
no contraturno e tem bastante afinidade com assuntos
químicos relacionados a conceitos biológicos, tornando
assim as atividades interdisciplinares. Logo, por meio
da cadeia do amido e da celulose, foi explicado o que
é um mero e que ele é a parte que se repete (no caso
de ambos, a molécula de glicose, que se repete n ve-
zes) em uma cadeia, tornando-se assim um polímero.
Em seguida, a respeito das imagens fixadas no quadro,
os bolsistas perguntaram aos alunos quais polímeros
eram naturais e quais eram sintéticos; posteriormen-
te, discutiram entre si as vantagens e desvantagens do
uso dos plásticos para a fabricação tanto de embala-
gens quanto de produtos eletrônicos, vestuário etc.
Figura 1 – Apresentação dos tipos de polímeros
presentes no cotidiano.
Fonte: Os Autores (2015).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 269
Sem ignorar as questões biológicas concer-
nentes ao tema, produziu-se com os alunos, a par-
tir de balas de gomas (jujubas) e palitos de chur-
rasco, um modelo de estrutura do DNA (Figura 2),
enfatizando que ele é um polímero formado por nu-
cleotídeos, açúcar e fosfato. Assim, a estrutura e a
composição do código genético foram discutidas, e
os alunos, então, reproduziram a macromolécula.
Vale ressaltar aqui que a escolha da estrutura do
DNA tem como objetivo levar os alunos a perce-
ber que a Química está presente na Biologia e que
tem relação com a composição dos seres vivos. Por
meio dessa atividade, foi possível desenvolver um
trabalho interdisciplinar (entre a Química e a Bio-
logia), ação muito importante, pois frequentemente
os alunos deixam de perceber essas inter-relações
entre as ciências.
Cadernos Prograd IFRJ 270
Figura 2 – Alunos confeccionando um modelo da
estrutura do DNA com materiais alternativos.
Fonte: Os Autores (2015).
Os alunos, muito interessados com a confec-
ção de um modelo de molécula de DNA a partir das
guloseimas, fizeram associações das jujubas com as
moléculas de nucleotídeos e conseguiram identificar
suas diferentes funções orgânicas.
Foi também discutido que o Brasil – em espe-
cial, o município de Duque de Caxias (RJ) – é um im-
portante produtor de plásticos; além disso, falou-se
da produção de cola a partir da caseína, proteína pre-
sente no leite e amplamente utilizada tanto durante
a Primeira Guerra Mundial (para colar peças de ma-
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 271
deira) quanto atualmente, pelas indústrias. Em se-
guida, os alunos produziram cola a partir da caseína
(Figura 3 A) e espuma de poliuretano (Figura 3 B e
C), o que tornou mais evidente para eles a diferença
entre polímeros sintéticos e polímeros naturais.
Figura 3 – Produção de cola a partir da caseína (A) e pro-
dução de espuma de poliuretano (B e C) pela turma.
Fonte: Os Autores (2015).
Os alunos foram bastante participativos e
desenvolveram bem o tema, fazendo relações com o
conteúdo de Biologia, sempre identificando as fun-
ções orgânicas já vistas anteriormente com o con-
teúdo trabalhado. A partir dessa experimentação
prática, puderam realizar cada etapa e discutir o
processo do experimento. Ao final, a discussão não
se limitou ao experimento em si; além de abordar a
Química do dia a dia dos alunos, discutiu também
Figura A Figura B Figura C
Cadernos Prograd IFRJ 272
o papel de outras ciências, como Biologia, Física e
Matemática. Essas atividades experimentais visa-
ram ao desenvolvimento não somente de destrezas
manuais e técnicas instrumentais, como também
de habilidades cognitivas e do raciocínio lógico
(BARBERÁ; VALDÉS, 1996). O principal objetivo,
porém, foi levar o aluno a perceber as diferentes
características e aplicações dos materiais obtidos
experimentalmente.
Dando continuidade à proposta de manei-
ra a relacioná-la com o cotidiano do aluno, deu-se
posteriormente início ao debate sobre o conceito de
polímeros e a importância do descarte adequado
dos plásticos. Com o vídeo intitulado Ilha de Lixo
no Pacífico, os alunos puderam perceber o quanto
o mundo se tornou dependente do plástico, assim
como é vasta a aplicabilidade dos polímeros. Por
fim, os estudantes debateram as vantagens e des-
vantagens do uso do plástico, bem como o tempo
de degradabilidade desses materiais, explorando
assim o conhecimento crítico acerca da ciência e
da tecnologia. Eles ficaram impressionados com
o quantitativo de materiais plásticos no Pacífico e
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 273
com suas terríveis consequências para os animais
daquela região. Alguns alunos mencionaram as
inúmeras vezes em que jogavam ou viam pessoas
jogando lixo plástico no chão e que não tinham no-
ção do impacto desses atos.
Para a finalização do debate sobre políme-
ros, os alunos foram levados a explorar o entorno
do Colégio Estadual Sargento Wolff, com o objetivo
de registrar com a câmera do celular como os mo-
radores do bairro descartam os plásticos (políme-
ros) no meio ambiente, isto é, nas ruas (Figura 4).
Os alunos, em um primeiro momento do registro,
buscaram no bairro espaços com mais incidência
de resíduos sólidos (lanchonetes, supermercados,
valão), fotografando não somente sacos plásticos,
mas também pneus, papelão, espuma de colchão
etc. À medida que faziam esses registros, explica-
vam por que cada um deles é um polímero (e se de
origem sintética ou natural). Os alunos também re-
lataram um problema local, provavelmente oriundo
do descarte inadequado de materiais sólidos pelos
moradores: quando chove, o bairro é sempre alaga-
do, pois possui vários pontos de lixões a céu aberto
Cadernos Prograd IFRJ 274
(ver Figura 4); com isso, entopem os esgotos por
onde escoam as águas da chuva.
Figura 4 – Registro dos alunos sobre o descarte inade-
quado do lixo feito por moradores do bairro.
Fonte: Os Autores (2015).
Para Silva e Marcondes (2014),
A contextualização é defendida por diversos educadores, pesquisadores e grupos ligados à educação como um “meio” de possibilitar ao aluno uma educação para a cidadania concomitantemente à aprendizagem signifi-cativa de conteúdos. A contextualização se apresenta como um modo de ensinar con-ceitos das ciências ligados à vivência dos alunos. Então, trata-se de pensar numa abordagem que busque estreitar a relação entre conceitos e contextos, com vistas a ensinar para a formação do cidadão (SILVA; MARCONDES, 2014, p. 16).
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 275
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Essa atividade pode ser reaplicada em tur-
mas com até 40 alunos, trabalhando em grupos de
5 componentes. É importante que ela aconteça em 3
momentos distintos, totalizando 3 dias de aula com
2 tempos cada. É indicado trabalhar a diferença en-
tre polímero natural e polímero sintético, apresentar
as biomoléculas, mostrar como obter polímeros sin-
téticos e quais as suas aplicações, assim como abor-
dar o descarte deles e seus impactos ambientais,
sempre de maneira contextualizada, interdisciplinar
e problematizadora.
As atividades foram aplicadas em três turmas
do 3º ano do Ensino Médio, no 4º bimestre. Uma vez
que a temática foi trabalhada de maneira contextua-
lizada e com atividades experimentais, vídeos e deba-
tes, os alunos mostraram-se bastante interessados e
participativos ao longo das aulas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alunos de 3º ano do Ensino Médio do Co-
légio Estadual Sargento Wolff demonstraram que as
atividades realizadas pelos bolsistas do Pibid aju-
Cadernos Prograd IFRJ 276
daram a interligar a ciência ao seu entorno. No pri-
meiro momento, eles identificaram a diferença entre
polímeros naturais e sintéticos, e, após trabalharem
com um modelo de molécula de DNA, perceberam
que alguns polímeros estão presentes no nosso or-
ganismo: as biomoléculas, que desempenham dife-
rentes funções orgânicas.
Por meio das atividades experimentais de ob-
tenção da cola de caseína e da produção da espuma de
poliuretano, os alunos puderam verificar como se dá a
obtenção de diferentes materiais a partir de uma sínte-
se. Ao realizarem o experimento, eles entenderam que os
polímeros possuem propriedades e aplicações distintas.
Com a exibição do vídeo Ilha de Lixo no Pacífico
e o registro fotográfico do descarte inadequado de lixo
no entorno da escola, os alunos questionaram suas
ações no presente e seus impactos na sociedade e no
meio ambiente, a partir de um conhecimento científi-
co adquirido.
Observou-se, portanto, que o objetivo da pers-
pectiva CTSA se cumpriu, à medida que ocorreu o de-
senvolvimento da capacidade de tomada de decisão, vi-
sando à promoção da educação ambiental. Além disso,
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 277
situações reais, vivências, saberes e concepções trazidos
pelos alunos tiveram papel essencial na interação deles
com o conhecimento, dinamizando, assim, os processos
de construção de significados.
REFERÊNCIAS
BARBERÁ, O.; VALDÉS, P. El trabajo práctico em la ensenãnza
de las ciências: una revisión. Ensenãnza de las Ciencias, v.
14, n. 3, 1996, p. 365-379.
BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e sociedade: e o contexto da educação tecnológica. Florianópolis: UFSC, 1998. p. 319.
POGGE, A. F.; YAGER, R. E. Citizen groups perceived
importance of the major goals for school science. Science education, v. 71, n. 2, abr. 1987, p. 221-227.
SILVA, E. L.; MARCONDES, M. E. R. Contextualização no
ensino de ciências: significados e epistemologia. In: SANTANA,
E. M. de; SILVA, E. L. da (Orgs.). Tópicos em ensino de química. São Carlos, SP: Pedro e João Editores, 2014. cap. 1.
SOARES, M. A. do P.; SILVEIRA, M. P. da. Metais: uma
proposta de abordagem com enfoque ciência/tecnologia/
sociedade. <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/
arquivos/File/producoes_pde/artigo_maria_aparecida_carmo_
padulla.pdf>. Acesso em: 18 set 2016.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 279
Capítulo 14
ELETRICIDADE, LÂMPADAS, LUZ E CONSCIENTIZAÇÃO
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 281
Capítulo 14
ELETRICIDADE, LÂMPADAS, LUZ E CONSCIENTIZAÇÃO
Ana Paula Santana e Silva (ID)
Giselle Anna Oliveira Silva (ID)
Guilherme de Souza Silva (ID)
Isaias Miranda da Fonseca (ID)
Marcelo Lima do Nascimento (ID)
Paulo Victor Correa de Azevedo (ID)
Renan Rodrigues Carneiro (ID)
Thiago de Sousa Rodrigues (ID)
Julio Martins Moreira (FM)
Kelling Cabral Souto
RESUMO: O ano de 2015 foi definido como o Ano
Internacional da Luz e das Tecnologias Baseadas em
Luz. Por essa razão, este trabalho busca, de forma
interdisciplinar, discutir esse tema com alunos do
3º ano do Ensino Médio. Para isso, explorou-se o
subtema Eletricidade (uma das formas de energia
mais utilizadas por todo o mundo). Podendo ser ob-
ID: iniciação à docencia; FM: professor de Ensino Fundamental/Médio.
Cadernos Prograd IFRJ 282
tida por vários meios, a maior parte da eletricida-
de no Brasil provém de usinas hidrelétricas. A par-
tir disso, criou-se um circuito interdisciplinar que
aborda alguns conteúdos relacionados com a eletri-
cidade, a saber: a produção de energia elétrica por
meio de pilhas; os circuitos elétricos; a utilização
das lâmpadas e como se dá seu funcionamento para
a iluminação; os tipos de lâmpadas e o gasto com o
consumo delas. O circuito interdisciplinar foi elabo-
rado pelos bolsistas de Física, Matemática e Quími-
ca do Programa Pibid/IFRJ que atuaram no Colégio
Estadual Nuta Bartlet James, situado no Município
de Nilópolis, juntamente com o supervisor no res-
pectivo colégio.
Palavras-chave: Eletricidade. Lâmpadas. Pilhas.
Consumo de energia elétrica.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho foi elaborado no âmbito do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid) do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), campus
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 283
Nilópolis, no segundo semestre de 2015, com turmas
do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Nuta
Bartlet James, situado no município de Nilópolis – RJ.
O Pibid/IFRJ constitui-se em um meio de con-
tribuição do IFRJ na formação de professores para a
Educação Básica. Um grande desafio para o Ensino
de Ciências e Matemática é tornar essas disciplinas
mais interessantes; por essa razão, a proposta do
programa está baseada em uma aprendizagem con-
textualizada, interdisciplinar e significativa, com o
objetivo de estimular o ensino de Ciências e de Mate-
mática apoiado em atividades práticas, experimentos
e situações concretas.
Um dos principais nortes apresentados por este
trabalho é a abordagem interdisciplinar do tema Eletri-
cidade, estabelecendo uma relação entre alguns olha-
res da Física, Química e Matemática, tais como: energia
elétrica, circuitos elétricos, pilhas, tipos de lâmpadas e
gasto com o consumo delas. Para isso, montou-se um
circuito em três etapas, por meio do qual os conteúdos
foram abordados e os alunos puderam compreender o
conceito de eletricidade, o funcionamento das lâmpadas
e a importância do consumo consciente de energia.
Cadernos Prograd IFRJ 284
A abordagem interdisciplinar está fundamen-
tada nas concepções expressas nos Parâmetros Cur-
riculares Nacionais para o Ensino Médio, que, além
da interdisciplinaridade, incentivam a contextualiza-
ção. Esses Parâmetros Curriculares (BRASIL, 1999)
descrevem que a interdisciplinaridade:
Integra as disciplinas a partir da compreen-são das múltiplas causas ou fatores que in-tervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negocia-ção de significados e registro sistemático dos resultados (BRASIL, p. 89).
Pode-se observar que os objetivos principais
foram atingidos, tais como: definir a melhor lâmpada
a ser utilizada, promover o funcionamento da pilha e
do circuito elétrico.
2 DIAGNÓSTICO
O Ano Internacional da Luz foi celebrado durante
2015 por decisão da Assembleia Geral das Nações Uni-
das em reconhecimento à importância das tecnologias
associadas à luz na promoção do desenvolvimento sus-
tentável e na busca de soluções para os desafios globais
nos campos da energia, educação, agricultura e saúde.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 285
Com inspiração nesse acontecimento, foi ela-
borado um importante trabalho de informação e cons-
cientização dos alunos quanto à produção e ao uso da
energia elétrica. Por meio da elaboração de um circui-
to interdisciplinar, os alunos tiveram a oportunidade
de conhecer a história da descoberta da eletricidade,
bem como os tipos de lâmpadas mais comercializados;
assim, perceberam o quanto poderiam contribuir na
economia da conta de luz em suas residências.
O circuito interdisciplinar contempla con-
teúdos que relacionam a eletricidade com a geração
de luz através da lâmpada. Em específico, tratou-se
de energia elétrica, circuitos elétricos, pilhas, fun-
cionamento das lâmpadas, tipos de lâmpadas e o
gasto com o consumo delas, tendo como principais
objetivos levar os alunos a compreender o conceito
de eletricidade e o funcionamento de uma lâmpa-
da, de uma pilha e de circuitos elétricos, além de
calcular o gasto sobre o consumo de aparelhos elé-
tricos. Isso, além do desempenho e interesse dos
alunos durante o circuito, pôde ser observado por
meio de um questionário aplicado antes e depois do
circuito interdisciplinar.
Cadernos Prograd IFRJ 286
3 RELATO DAS AÇÕES
O chamado Circuito Interdisciplinar, descrito
aqui, é uma tarefa que conta com três apresentações
sequenciais sobre o tema Eletricidade, bem como
com um questionário avaliativo em que os alunos –
sendo dois grupos de 15 cada – participaram de cinco
momentos. Para além do trabalho com o questionário
avaliativo, houve constante apoio com banners elabo-
rados para o circuito interdisciplinar.
O trabalho se iniciou apresentando-se os bolsis-
tas aos alunos e a aplicação do questionário (Apêndice
1). No segundo momento (Figura 1), foram utilizados
roteiros (Apêndices 2 e 3), os quais foram entregues a
cada aluno e contemplavam as seguintes exposições:
• Fundamentos e História da Eletricidade
– explicação teórica sobre carga, tensão e corren-
te elétrica, entrelaçada com um pouco da história
da eletricidade. Etapa executada com auxílio de um
banner, conforme mostrado na Figura 1;
• A Criação da Lâmpada – breve apresentação
da história de Thomas Edson e da invenção da lâmpa-
da, falando, inclusive, do funcionamento da lâmpada
incandescente;
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 287
• A Eletricidade e Circuitos Elétricos – ex-
plicação básica sobre circuitos elétricos, por meio
de exemplos do dia a dia (como instalações residen-
ciais) e, para reforçar o conteúdo, utilizando uma
placa de circuito elétrico (Figuras 2 e 3), a fim de
que a proposta fosse exposta de modo empírico em
alguns momentos.
Figura 1 – Início do segundo momento de apresentação.
Fonte: Os Autores (2015).
Figura 2 – Circuito elétrico (uma lâmpada).
Fonte: Os Autores (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 288
Figura 3 – Circuito elétrico (duas lâmpadas).
Fonte: Os Autores (2015).
O terceiro momento (Figura 4) destaca-se pe-
las seguintes exposições:
• Geração de energia elétrica por meio de
reações químicas. No início, abordaram-se as dife-
rentes maneiras de obtenção de energia elétrica, a
partir de hidrelétricas, energia nuclear etc.; porém,
enfatizou-se a energia obtida por reações químicas.
Para isso, montou-se um tipo de pilha com os alu-
nos, o que possibilitou trabalhar os conceitos de
elétrons e o fluxo deles pela solução, oriundos dos
diferentes metais utilizados na montagem da pilha;
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 289
Figura 4 – O terceiro momento da apresentação.
Fonte: Os Autores (2015).
• Funcionamento das pilhas, em particular
a pilha de Daniell (Figura 5). Demonstrou-se o fun-
cionamento da pilha de Daniell, objetivando traba-
lhar os conceitos de oxidação e redução dos metais.
Nessa pilha, utilizam-se cobre e zinco (metais) e solu-
ções desses metais. O cobre sofre redução, e o zinco,
oxidação. Essa reação de oxirredução ocorre devido
ao fluxo de elétrons e gera energia elétrica;
Figura 5 – Pilha de Daniell.
Fonte: Os Autores (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 290
Realização de um experimento que produz
eletricidade a partir de reações eletroquímicas (Fi-
gura 6). Após a demonstração da pilha de Daniell,
montou-se uma “pilha caseira” utilizando-se fio de
cobre e parafusos de zinco, mesmos metais da pilha
de Daniell, porém com uma solução de sal de cozi-
nha (cloreto de sódio). Com isso, os alunos puderam
observar o funcionamento de uma pilha com mate-
riais encontrados na casa deles.
Figura 6 – Pilhas.
Fonte: Os Autores (2015).
Durante o quarto momento, utilizou-se tam-
bém um roteiro entregue a cada aluno contendo as
seguintes exposições:
• Apresentação das lâmpadas comercializa-
das. A princípio, mostrou-se uma lâmpada de cada
um dos três tipos mais comercializados: incandes-
cente, fluorescente e LED. Posteriormente, falou-se
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 291
um pouco sobre a história da criação das lâmpadas,
especialmente a incandescente, que aos poucos está
saindo de comercialização. Por fim, falou-se sobre o
que compõe cada uma dessas três lâmpadas;
• Análise da vida útil das lâmpadas. A partir
do que foi dito sobre quais materiais compõem cada
uma das três lâmpadas, comentou-se sobre a influên-
cia disso no tempo de vida útil de cada uma delas;
• Discussão sobre consumo e custo da ener-
gia elétrica (Figura 7). Por fim, explicou-se o que se-
ria a potência de um aparelho eletrônico, quais eram
as potências comercializadas, até o momento, de cada
lâmpada e o cálculo feito para saber o custo de se uti-
lizar um aparelho que funciona a partir de eletricidade
por determinado tempo. A partir do que se viu, foi pos-
sível decidir o tipo de lâmpada mais vantajosa.
Figura 7 – O quarto momento da apresentação.
Fonte: Os Autores (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 292
O quinto e último momento com os alunos
contou com a reaplicação do questionário avaliativo,
para, assim, ser possível verificar se os objetivos do
trabalho foram alcançados. É notório destacar que,
durante todas as apresentações, os alunos partici-
param com questionamentos e comentários (muitas
vezes espontâneos), bem como com respostas às
perguntas feitas pelos bolsistas.
4 CONDIÇÕES DE REAPLICAÇÃO
Inicialmente, elaborou-se o projeto para que
os alunos fossem separados em três grupos (com 10
alunos cada) e para que cada grupo participasse de
uma etapa do circuito, revezando-se até que todos
os alunos completassem o circuito. No entanto, para
isso, seriam necessárias três salas, uma para cada
equipe. Outra possibilidade seria adotar o mesmo
procedimento, mas em apenas uma sala, com duas
condições: que o ambiente fosse amplo para a reali-
zação simultânea das três práticas e que as vozes de
um grupo não atrapalhassem o outro.
Em razão da realidade da escola em que o
projeto foi executado, optou-se por realizar em um
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 293
mesmo ambiente (o laboratório) as três apresenta-
ções que compõem o circuito. A divisão dos alunos
foi feita dividindo-se a turma em dois grupos (com
15 alunos cada), de modo o circuito foi todo traba-
lhado com um grupo por vez.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa experiência proporcionou aos elaboradores
do trabalho uma maior maturidade em relação à neces-
sidade de adaptar projetos pedagógicos de acordo com
a realidade tanto dos alunos envolvidos quanto da es-
trutura e dos recursos disponíveis. Prova disso é que o
trabalho inicialmente foi planejado para ser executado
com três apresentações simultâneas e em salas distin-
tas, mas, ao ser adaptado à nossa realidade, foram rea-
lizadas três apresentações sequenciais e na mesma sala.
Além da equipe que desenvolveu o projeto,
também foram avaliados os alunos, pois, uma vez
que eles responderam a um questionário avaliativo
(aplicado antes e após as exposições) e participaram
com comentários, houve material suficiente para
análise e quantificação do desenvolvimento dos alu-
nos em relação à atividade.
Cadernos Prograd IFRJ 294
Na Tabela 1, pode-se fazer uma análise quantita-
tiva das respostas dos alunos. Vale ressaltar que, sobre-
tudo nas quatros questões a seguir, considerou-se como
correta a resposta do aluno que apresentou as ideias
principais do que se esperava como resposta, não neces-
sariamente com todo o rigor e detalhe da resposta ideal.
Tabela 1 – Tabela dos percentuais de respostas do
questionário antes e após as exposições
Fonte: Os Autores (2015).
Pode-se observar que os objetivos principais
desse projeto foram alcançados, principalmente pe-
los percentuais de acertos e de alunos que não res-
ponderam. Ao serem analisados somente os quesitos
acertos e não acertaram, na etapa da segunda apli-
cação do questionário, o resultado pode parecer con-
traditório ao trabalho, pois, em três das cinco per-
guntas, o percentual de alunos que não acertaram
Perguntas Acertos % Não Responderam % Não acertaram %
1) O que você entende por eletricidade?
2) Sabe como funciona uma lâmpada? Em caso afirmativo, explique com suas palavras.
3) Sabe como funciona uma pilha? Em caso afirmativo, explique com suas palavras.
4) Sabe calcular o custo de energia elétrica? Em caso afirmativo, explique com suas palavras.
Pré
5,3
26
21
5,3
Pré
36,7
64
63,9
89,4
Pré
58
10
15,1
5,3
Pós
58
31,5
31,5
47,3
Pós
0
10,5
10,5
21
Pós
42
58
58
31,7
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 295
no questionário, ao final da atividade, foi maior do
que no início. Isso porque muitos alunos que deixa-
ram de responder ao primeiro questionário responde-
ram ao segundo. Mesmo que alguns tenham errado,
isso evidencia uma melhora na autoconfiança deles.
Com isso, pode-se destacar a evolução dos
alunos em três aspectos:
• Conhecimento sobre os assuntos tratados,
comprovado pelo índice da Tabela 1;
• Conscientização sobre que tipos de lâmpa-
das usar visando à economia de energia elétrica em
médio e longo prazos, tendo como base os comentá-
rios feitos pelos alunos;
• Autoconfiança sobre o tema, pois diminuiu
significantemente o número de alunos que não
responderam.
6 AGRADECIMENTOS
Ao Colégio Estadual Nuta Bartlet James, pela
participação no Pibid, ao IFRJ, pela possibilidade de
implantação do projeto, e à Coordenação de Aperfei-
çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo
financiamento.
Cadernos Prograd IFRJ 296
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília:
Ministério da Educação, 1999.
SILVA, Mauro Costa da. Quais lâmpadas acendem? Entendendo o funcionamento dos circuitos elétricos. Física na Escola, São Paulo, v. 12, n. 1, maio 2011.
Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol12/
Num1/circuitos.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2015.
USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química volume único. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 297
APÊNDICE 1 | Questionário Aplicado no Projeto
Colégio Estadual Nuta Bartlet James
Pibid/IFRJ
Turma: _________
Questionário do Circuito “Eletricidade, Lâmpadas e Luz”
1) O que você entende que seja eletricidade?
2) Sabe como funciona uma lâmpada? Em caso afirmativo,
explique com suas palavras.
3) Sabe como funciona uma pilha? Em caso afirmativo, ex-
plique com suas palavras.
4) Você sabe calcular o custo de energia elétrica? Em caso
afirmativo, explique com suas palavras.
5)Qual dos três tipos de lâmpada (incandescente, fluorescen-
te ou LED) você considera a melhor opção de compra para a
sua casa? Por quê?
Cadernos Prograd IFRJ 298
APÊNDICE 2 | Roteiro do Experimento sobre Circuitos
Título: Painel Elétrico
Autores: Marcelo Lima do Nascimento e Renan Rodrigues
Carneiro
Conteúdo Curricular: Circuitos Elétricos e Primeira Lei de Ohm
Ano/Série: 3° Ano do Ensino Médio
Modalidade: Atividade
RoteiroEste projeto visa proporcionar ao aluno entendimento do
funcionamento dos circuitos elétricos básicos, compostos de
resistores associados em série, paralelo ou em associação
mista. Para isso, após uma breve revisão teórica do tema em
questão e da Primeira Lei de Ohm, usaremos uma placa com
um circuito elétrico (Figuras 1 e 2, a seguir) com possibilida-
de de ligar até três lâmpadas, cada aluno montando um dos
seguintes circuitos:
• Circuito simples com uma lâmpada;
• Duas lâmpadas em série;
• Duas lâmpadas em paralelo;
• Circuito misto.
Ao longo da realização das atividades, é usado um multímetro
para medir corrente e tensão, e são feitas observações sobre a
intensidade do brilho das lâmpadas.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 299
Figura 1 – Circuito elétrico sem lâmpadas.
Fonte: Os Autores (2015).
Figura 2 – Circuito elétrico com lâmpadas.
Fonte: Os Autores (2015).
BibliografiaSILVA, Mauro Costa da. A Física na Escola. Vol. 12, nº 1
- maio/2011, pp. 16 -19. Quais lâmpadas acendem? Enten-
dendo o funcionamento dos circuitos elétricos.
Cadernos Prograd IFRJ 300
APÊNDICE 3 | Roteiro do Experimento sobre Pilhas
Título: Pilha na Forma de Gelo
Autores: Isaias Miranda e Thiago Rodrigues
Conteúdo Curricular: Pilhas
Série: 2° Ano do Ensino Médio
Modalidade: Experimento Químico de Pilhas
INTRODUÇÃO: Em 1800, o cientista italiano Alessandro Volta – estu-
dando uma descoberta de Luigi Galvani, outro cientista ita-
liano, sobre eletricidade – descobriu que um fluido elétrico
poderia ser obtido pela junção de dois metais separados por
uma solução salina ou ácida. Então, ele resolveu montar uma
“pilha” com esses metais para gerar eletricidade. Daí criou-se
o primeiro tipo de pilha.
Hoje sabemos que os metais são condutores de cor-
rente elétrica. Essa propriedade pode ser explicada pela exis-
tência de elétrons relativamente livres da atração de núcleos,
que podem se movimentar pelo conjunto de átomos de um
material metálico, permitindo o fechamento de um circuito
elétrico.
Para construir uma pilha, precisamos de dois metais
diferentes e um meio condutor de eletricidade. Uma das pi-
lhas mais conhecidas é a pilha de Daniell, que utiliza cobre
e zinco como metais, e sulfato de cobre e de zinco como meio
condutor.
Relatos de Experiências do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid/IFRJ 301
OBJETIVOS:• Demonstrar aos alunos as diferentes formas de se ob-
ter eletricidade;
• Demonstrar o funcionamento de uma pilha.
MATERIAIS E REAGENTES:• Parafuso zincado;
• Fio de cobre;
• Forma de gelo;
• Água;
• Sal de cozinha (cloreto de sódio).
PROCEDIMENTO DA PILHA: Primeiro, com o fio de cobre, retirar o componente
isolante, deixando apenas o fio de cobre. Prender esse fio em
uma das extremidades do parafuso. Preparar uma solução
com água e sal, e colocar até a metade da forma de gelo. Ao
final, colocar os parafusos, com o fio de cobre, na forma de
gelo, de maneira que o parafuso fique em um quadrado da
forma e o cobre em outra, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Montagem da pilha na forma de gelo.
Fonte: Os Autores (2015).
Cadernos Prograd IFRJ 302
Dependendo de quantos parafusos com o fio de cobre
utilizar, você terá uma voltagem diferente.
SUGESTÃO: No início da aula, questionar os alunos, a fim de sa-
ber se eles conhecem como é gerada a energia elétrica que
eles usam em suas casas e se eles conhecem outras formas
de produzir energia elétrica, sem ser por hidrelétricas; então,
abordar as diferentes formas de obtenção de energia.
REFERÊNCIAS:USBERCO, João; SALVADOR, Edgard. Química volume único. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Ja-neiro (IFRJ) foi criado de acordo com a Lei nº 11.892/2008, a par-tir da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química (Cefet Química) de Nilópolis (RJ) e da integração do Colégio Agrícola Nilo Peçanha, até então vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF). Amparado nos princípios da éti-ca e da cidadania, o IFRJ atua na formação de jovens e adultos trabalhadores comprometidos com o desenvolvimento sustentá-vel. Tendo como perspectiva uma educação inclusiva, a Instituição busca resgatar o direito ao conhe-cimento e à formação profissional de cidadãos, sobretudo daqueles historicamente em condição de vulnerabilidade. O IFRJ é um verdadeiro polo de conhecimento que apoia o de-senvolvimento regional e, conse-quentemente, contribui com o de-senvolvimento nacional, voltando sua atenção às tendências do mundo produtivo e aos arranjos locais e nacionais. Desse modo, desenvolve pesquisa em novos processos e produtos, bem como na formação de educadores. Para isso, a Instituição promove a par-ticipação da comunidade inter-na e atrai a comunidade externa para somar forças nessa grande tarefa de promover o desenvolvi-mento humano na sua plenitude.
Idealizada e organizada pela Pró-Reitoria de Ensino de Gra-duação (Prograd) do Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tec-nologia do Rio de Janeiro (IFRJ), a coleção Cadernos Prograd IFRJ tem o objetivo de criar um novo canal de comunicação acadêmi-ca e abordar os temas de maior relevância no que diz respeito ao ensino de graduação. Neste segundo volume da coleção, o ponto central são as experiências vivenciadas por es-tudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Ini-ciação à Docência (Pibid/IFRJ). Criado pela Capes, o Pibid é uma iniciativa que visa apoiar os licen-ciandos na iniciação à docência, fortalecendo sua formação para o trabalho em escolas públicas. Nesta publicação, são apre-sentados relatos de experiência que aproximam a teoria à prática contextualizada e fundamentada em um aporte teórico. As situa-ções reais aqui relatadas pelos au-tores são pertinentes à formação de professores para a Educação Básica, à articulação entre teoria e prática, à qualidade do ensino, à permanência e ao êxito dos estu-dantes, bem como ao desenvolvi-mento do ensino voltado a Licen-ciaturas no IFRJ. Que esta coleção, contem-plando diferentes e possíveis lei-turas no campo da graduação, estimule seus leitores a, do ponto de vista crítico e reflexivo, debater amplamente questões essenciais à vida acadêmica!
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Ja-neiro (IFRJ) foi criado de acordo com a Lei nº 11.892/2008, a par-tir da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química (Cefet Química) de Nilópolis (RJ) e da integração do Colégio Agrícola Nilo Peçanha, até então vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF). Amparado nos princípios da éti-ca e da cidadania, o IFRJ atua na formação de jovens e adultos trabalhadores comprometidos com o desenvolvimento sustentá-vel. Tendo como perspectiva uma educação inclusiva, a Instituição busca resgatar o direito ao conhe-cimento e à formação profissional de cidadãos, sobretudo daqueles historicamente em condição de vulnerabilidade. O IFRJ é um verdadeiro polo de conhecimento que apoia o de-senvolvimento regional e, conse-quentemente, contribui com o de-senvolvimento nacional, voltando sua atenção às tendências do mundo produtivo e aos arranjos locais e nacionais. Desse modo, desenvolve pesquisa em novos processos e produtos, bem como na formação de educadores. Para isso, a Instituição promove a par-ticipação da comunidade inter-na e atrai a comunidade externa para somar forças nessa grande tarefa de promover o desenvolvi-mento humano na sua plenitude.
Idealizada e organizada pela Pró-Reitoria de Ensino de Gra-duação (Prograd) do Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tec-nologia do Rio de Janeiro (IFRJ), a coleção Cadernos Prograd IFRJ tem o objetivo de criar um novo canal de comunicação acadêmi-ca e abordar os temas de maior relevância no que diz respeito ao ensino de graduação. Neste segundo volume da coleção, o ponto central são as experiências vivenciadas por es-tudantes bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Ini-ciação à Docência (Pibid/IFRJ). Criado pela Capes, o Pibid é uma iniciativa que visa apoiar os licen-ciandos na iniciação à docência, fortalecendo sua formação para o trabalho em escolas públicas. Nesta publicação, são apre-sentados relatos de experiência que aproximam a teoria à prática contextualizada e fundamentada em um aporte teórico. As situa-ções reais aqui relatadas pelos au-tores são pertinentes à formação de professores para a Educação Básica, à articulação entre teoria e prática, à qualidade do ensino, à permanência e ao êxito dos estu-dantes, bem como ao desenvolvi-mento do ensino voltado a Licen-ciaturas no IFRJ. Que esta coleção, contem-plando diferentes e possíveis lei-turas no campo da graduação, estimule seus leitores a, do ponto de vista crítico e reflexivo, debater amplamente questões essenciais à vida acadêmica!