Hoje Macau 26 JAN 2015 #3259

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h AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau O EFEITO FONG MANIFESTAÇÃO SISTEMA DE DEPUTADOS NOMEADOS POSTO EM CAUSA As declarações de Fong Chi Keong sobre violência doméstica não só receberam a condenação geral da sociedade e inclusive da ONU como levaram a que o sistema de nomeação de deputados seja contestado nas ruas. CARLOS PITEIRA PÁGINAS 2-3 DESPORTO PÁGINA 17 ANIMAIS Sete anos a lutar por uma lei ENTREVISTA A importância de ser macaense “Cronologia da História de Macau” em nova edição DERBY Sporting empata ao cair do pano PÁGINA 4 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 26 DE JANEIRO DE 2015 ANO XIV Nº3259 PUB P.5 FACEBOOK MACAU CONCEALERS

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Hoje Macau N.º3259 de 26 de Janeiro de 2015

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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O EFEITO FONGMANIFESTAÇÃO SISTEMA DE DEPUTADOS NOMEADOS POSTO EM CAUSA

As declarações de Fong Chi Keong sobre violência doméstica não só receberam a condenação geral da sociedadee inclusive da ONU como levaram a que o sistema de nomeação de deputados seja contestado nas ruas.

CARLOS PITEIRA PÁGINAS 2-3 DESPORTO PÁGINA 17

ANIMAISSete anosa lutar por uma lei

ENTREVISTA A importânciade ser macaense

“Cronologia da História de Macau” em nova edição

DERBY Sporting empataao cair do pano

PÁGINA 4

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 6 D E J A N E I R O D E 2 0 1 5 • A N O X I V • N º 3 2 5 9PU

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2 ENTREVISTA hoje macau segunda-feira 26.1.2015

LEONOR SÁ MACHADO [email protected]

O ano de 2014 ficou mar-cado como o ano de cele- bração dos 15 anos da RAEM. Fazendo uma re- trospectiva, como vê e caracteriza o estado actual da comunidade macaense no território?De uma forma simplificada direi que ao longo destes últimos 15 anos do período pós-transição, a singulari-dade de Macau enquanto espaço da RAEM (Macau/China) saiu reforçada no que toca à sua afirmação identitária, por sua vez, já no que se refere à identidade do grupo de macaenses, prova-velmente terá sido mitigada em termos da sua especifici-dade, o que não quer dizer que a comunidade esteja enfraquecida. Perderam-se apenas algumas referências que lhes dava mais notorie-dade como grupo étnico, nomeadamente o facto de ser o grupo híbrido inter-locutor entre uma adminis-tração portuguesa e o poder chinês sempre presente no território.

Há quem diga que a comu-nidade macaense nunca será uma parte signifi-cativamente sonante em Macau. Concorda com esta ideia?Pelo menos a realidade não tem sido essa. O segmento da chamada “elite” macaen-se continua a ter um papel preponderante na sociedade civil, assim como na própria estrutura da governação directa e indirecta. A ques-tão poder-se-á colocar na fase pós geracional. A ver vamos.

Até porque há alguns ma-caenses a cumprir papéis de relevância no território. Exemplo disso são o de-putado José Pereira Cou-tinho, a ainda Secretária adjunta do Secretariado do Fórum Macau, Rita Santos, ou mesmo o novo Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. Então, na sua opinião, a ocupação de cargos deste género por macaenses é uma tendência crescente?Ora cá está a constatação da questão anterior, As personalidades que marcam o quotidiano da sociedade macaense passam imprete-rivelmente pela dita “elite” macaense, assim como de outras personalidades de origem diferente, nomea-

CARLOS PITEIRA, INVESTIGADOR DO INSTITUTO DO ORIENTE

“É preciso a presença forte de uma comunidade portuguesa influente”

damente dos portugueses aí residentes, que continuam a participar na vida colec-tiva de Macau por forma a manter e a perpetuar a singularidade que a carac-teriza. Sem eles, Macau não teria porventura essa mesma identidade nem esse modo de vida.

A Lei Básica proclama que Macau deverá ser ‘gover-nado pelas suas gentes’. Isto obriga ao envolvimen-to dos macaenses enquanto vozes activas da sociedade local?A enunciação da Lei básica é sempre relativa, depende dos interesses e dos mo-mentos, aliás forma muito subtil da governação chinesa a exemplo da questão da “harmonia social”, no en-tanto, não deixaria de referir o legado da governação do Senado que atribuía a gover-nação aos “homens bons” (da terra), onde pautaram vários macaenses na sua história.

Em 1997, disse que a comu-nidade macaense original “vai perdendo os seus refe-renciais básicos e, tal como no seu processo evolutivo, tenderá a ser aglutinada por outras culturas dominantes que tratarão de apagar os seus traços e os seus mo-dos de viver”. Continua a apoiar esta tese? Ora aqui uma questão que ilustra em certo sentido um pouco a minha posição re-

lativamente ao processo da pós transição dos últimos 15 anos. Do ponto de vista do processo histórico a longo prazo, continuo a aceitar essa premissa, ou seja, podemos dizer que é quase inevitável que tal suceda num futuro distante, ou nem tanto. Provavelmente a identidade macaense daqui a duas ou três gerações será marcada pela emergência de uma identidade local

centrada nos chineses natu-rais de Macau e enraizados nesse modo de vida. Porém, a marca dessa singularidade estará sempre associada ao referencial quer da presença portuguesa, quer do grupo originário dessa reclama-ção identitária, ou seja os macaenses de hoje. Caso ainda haja descendentes dessa origem a viver em Macau continuarão a mar-car essa particularidade no território, caso contrário só será possível ou provável manter essa linha identitária através das referências re-conquistadas pelos grupos da diáspora. Admito no entanto outras dinâmicas e variantes sobre o tema, até porque muito dependerá daquilo que a comunidade for capaz de fazer para a perpetuar.

A ‘perda identitária’ e dos traços originais é ainda um problema? Neste caso direi que é mais uma questão do processo

adaptativo do que da perda da identidade, a capacidade de reinventar e adequar os traços identitários ao contexto actual não é mais do que uma das formas de sobrevivência e de es-tratégia de continuidade, aliás, a exemplo de outras situações identitárias onde a questão da extinção (ou enfraquecimento) se possa colocar. Isto, para além da renovação implícita dos ciclos geracionais. A nova geração de macaenses não tem que ter (ou sustentar--se) nos mesmos traços identitários que marcam o passado, o património, esse porém, será sempre o que advém da história dos tempos, mesmo que passe pela reinvenção das tradições.

No ano passado, estava envolvido num projecto sobre comunidades ma-caenses espalhadas pelo mundo. A que conclusões chegou?

“É bom não esquecer que todo o macaense tem como origem a matriz lusófona, por direito, herança e vivência. Porém não é possível reduzir a este traço a legitimidadede ser ou não ser macaense, basta pensar na quantidade de macaenses que não sabem falar portuguêsou nem sequer estiveramem Portugal ou mesmo em Macau”

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 26.1.2015

“São as pessoas que (aqui) vivem que tornam esta realidade num espaço singular. Sem as pessoas que marcam a diferença do quotidiano, Macau seria por certo apenas um referencial histórico e de memórias”

CARLOS PITEIRA, INVESTIGADOR DO INSTITUTO DO ORIENTE

“É preciso a presença forte de uma comunidade portuguesa influente”

Infelizmente foi um projec-to que acabou por não ter continuidade por falta de apoio e de financiamento para que fosse minima-mente representativo. No entanto, da abordagem exploratória sobre o tema, poderia antecipar que o projecto da identidade macaense projectada na diáspora tende a perpetuar a sua razão de existência, desde que, para tal exista um referencial de convergên-cia. Isto, caso que ainda se verifica na continuidade das “romarias” a Macau por via dos chamados Encontro de

Macaenses (do Mundo). No entanto, também aqui não é pacífico percebermos o que determina o ser ou não ser macaense, pelo que a única ligação que vai perpetuando continua a ser o facto de existir um “sentimento de pertença”, ou seja, o direito a reclamar essa ligação.

Diz-se, muitas vezes, que os macaenses não se identifi-cam com nenhuma das cul-turas portuguesa e chinesa.Aqui a resposta não é pa-cífica, é bom não esquecer que todo o macaense tem como origem a matriz lu-

sófona, por direito, herança e vivência. Porém não é possível reduzir a este traço a legitimidade de ser ou não ser macaense, basta pensar na quantidade de macaen-ses que não sabem falar português ou nem sequer estiveram em Portugal ou mesmo em Macau. Situação que hoje é perfeitamente aplicável a outros contextos identitários, pode-se ter ou reclamar uma identidade africana ou angolana sem nunca ter estado em África ou em Angola, aquilo a que nós antropólogos chamamos de “Comunidades Imagina-das” cada vez mais aplicável num mundo global. Neste sentido, as culturas híbridas tomam cada vez mais a particularidade da identidade e não tanto a ne-cessidade da nacionalidade. No caso dos macaenses esse foi o seu próprio processo histórico.

Na década de 80, o ex-di-rector dos Serviços de Edu-

cação de Macau, Manuel Coelho da Silva, considerou os macaenses como “eunu-cos culturais”. O que é que se pode concluir deste con-ceito, na altura fortemente criticado pela comunidade?Se me é permitido não gos-taria de comentar esta ou ou-tras afirmações de natureza idêntica, que são obviamente da responsabilidade de quem as profere.

No que diz respeito ao bilin-guismo... Há uma opinião crescente de que só as gera-ções mais velhas da comu-nidade escrevem, ouvem e falam português e cantonês,

ao passo que os mais novos começam a aliar-se mais à comunidade chinesa local, adoptando e apropriando os seus costumes, língua e tradições. Concorda com a existência desta tendência?Voltamos um pouco a alguns dos pontos já abor-dados. Pode eventualmente ser um sinal da tal agluti-nação da cultura mais forte e dominante à qual o resi-dente de Macau não con-segue escapar, até porque é essa a sua possibilidade de adaptação, razão pela qual continuo a persistir na necessidade da presença forte de uma comunidade

portuguesa influente, capaz de contribuir para que her-deiros da matriz lusófona em Macau possam conti-nuar a querer esse modo de diferenciação.

Em termos contemporâ-neos, quais são os principais traços caracterizadores da comunidade macaense local? Aqui, vou propositadamen-te contornar a questão, ou porque não admiti-lo que não me sinto ainda capaz de o conceptualizar, mas também não é a minha preocupação central, até porque cada vez mais as ten-tativas de caracterização no domínio do social resvalam no volátil e no impreciso, em boa medida na lógica da transição de sociedades “sólidas” para sociedades “líquidas” onde o efémero pauta a par da reinvenção. Sei apenas que [a comu-nidade] existe e continua teimosamente a afirmar-se como macaense até haver um dia que deixe de existir quem o faça.

Será que estamos a assistir à diluição da sua repre-sentação e ao conceito de ‘estrangeiro em terra pró-pria’, quando comparando com 1999, por exemplo?A conotação de “estrangeiro em terra própria” foi conse-quência de um processo po-lítico-administrativo entre Estados soberanos que nun-ca tiveram a preocupação de ouvir os “macaenses”, ou seja, foi uma consequência insolúvel do ponto de vista jurídico, no entanto, não há macaense que não continue a sentir Macau como sua terra. Aliás, [esse] é um sentimento partilhado por muitos portugueses que [aqui] nasceram e/ou vi-veram, pelo que a diluição ou enfraquecimento dessa representação no território de Macau só depende da vontade em contrariar algu-mas tendências já visíveis. Para tal seria obviamente necessário uma outra po-sição ou mesmo estratégia da presença portuguesa em Macau que não seja apenas a dos interesses económicos mas também os culturais aproveitando as sinergias de quem tão bem conhece a realidade. São as pessoas que [aqui] vivem que tornam esta realidade num espaço singular. Sem as pessoas que marcam a diferença do quotidiano, Macau seria por certo apenas um referencial histórico e de memórias.

“A nova geração de macaenses não tem que ter (ou sustentar-se) nos mesmos traços identitários que marcam o passado, o património, esse porém, será sempre o que advém da história dos tempos, mesmo que passe pela reinvenção das tradições”

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4 hoje macau segunda-feira 26.1.2015POLÍTICADepois do protesto do passado sábado contra o deputado Fong Chi Keong, Scott Chiang, do grupo Macau Consciência, exige que o Executivo faça uma consulta pública sobre o sistema dos deputados nomeados

A S palavras que o depu-tado Fong Chi Keong proferiu na Assembleia Legislativa (AL) sobre

a questão da violência doméstica deram o mote para o protesto ocorrido no sábado, no qual terão participado mais de 800 pessoas, de acordo com a organização, já que dados oficiais apontam para 300 participantes.

A manifestação começou de-vido às declarações de Fong Chi Keong sobre a violência doméstica, mas teve também um sentido polí-tico: veio pedir a reformulação do sistema, que permite a existência de deputados nomeados pelo Governo.

Scott Chiang, membro do grupo e um dos rostos do protesto, reitera o pedido.

MANIFESTAÇÃO EXIGIDA CONSULTA PÚBLICA PARA SISTEMA DE DEPUTADOS NOMEADOS

Tradicionalismo e minorias

“Ele apelou à violência dentro da AL. É inaceitável. Deve pedir desculpa e demitir-se do cargo”KAM SUT LENG Professora

líticos, que não se preocupam em vir cá para fora e falar em nome do que se pode chamar minorias. A população não pode votar para a maioria dos deputados que se senta na AL”, apontou.

Esta crítica versa também a deputada Wong Kit Cheng, da As-sociação Geral das Mulheres, que não participou na manifestação, nem teve ainda qualquer comu-nicado oficial contra as palavras do deputado.

“Sobre a questão da violência doméstica, ficámos surpreendi-dos com o facto da Associação ter tido um papel muito passivo. Ontem, passámos junto ao edifí-cio e pedimos alguma reacção, mas até agora não foi feito nenhum comentário”, explicou Scott Chiang.

Em relação a Chui Sai On, que nomeou Fong Chi Keong para o hemiciclo, o membro do grupo Macau Consciência pede que fale publicamente sobre o caso. “Até agora não recebemos comentários de nenhuma das partes (AL ou Governo). Chui Sai On deveria comunicar a sua opinião pessoal sobre aquilo que aconteceu, por-que foi ele que nomeou Fong Chi Keong. Não basta dizer que existe liberdade de expressão e que o deputado pode falar como quiser”, disse, na altura. Ontem, à partida

para Pequim, o Chefe do Executivo falou sobre o assunto (ver caixa).

DEMITA-SE Face ao protesto de sábado, Scott Chiang traça um balanço positivo. “Um dia antes estávamos na rua a pedir apoio às pessoas para parti-ciparem no protesto e as pessoas primeiro ignoravam-nos, mas quando ouviam o nome de Fong Chi Keong, paravam e diziam ‘vou dar o meu apoio’. Isso mostra-nos

algo. Não é normal uma reacção tão forte a um deputado”, referiu.

A manifestação, que tinha como lema “Love me. Don’t beat me” (Ama-me. Não me batas), juntou, segundo a agência Lusa, não só apoiantes do movimento pró--democrata como também idosos.

Kam Sut Leng, professora ligada ao grupo Macau Consciência, pediu a demissão de Fong Chi Keong. “Ele apelou à violência dentro da AL. É inaceitável. Deve pedir desculpa

e demitir-se do cargo. Mas não o podem obrigar a sair. O problema é do sistema político, devemos acabar com os lugares nomeados para que todos os deputados sejam respon-sáveis perante o público”, afirmou.

Kam garante que a violência doméstica é um problema signi-ficativo em Macau, tendo conhe-cimento de vários casos entre os seus vizinhos, amigos e familiares. Mesmo quando estas situações são reportadas, a polícia desvaloriza--as, “pensa que são coisas que as pessoas podem resolver sozinhas” e que “não são graves”, relatou.

ONU CONDENA FONG CHI KEONGA directora para a China do programa Mulheres das Nações Unidas, Julia Broussard, considera “inaceitáveis” as declarações do deputado Fong Chi Keong sobre a violência doméstica. Citada pelo Ponto Final, Julia Broussard considera, além de inaceitáveis, “retrógradas” as afirmações de Fong Chi Keong. “Todos os políticos têm a responsabilidade de perceber e defender os direitos humanos e a violência doméstica é claramente uma violação do direito fundamental dos cidadãos a uma vida sem violência”, disse a responsável.

“POSTURA DO GOVERNO NÃO VAI SER ALTERADA”, DIZ CHUIO Chefe do Executivo comentou em Pequim a manifestação e o pedido de eliminação dos deputados nomeados, tendo referido que a “postura do Governo não será alterada” e que “o poder de alteração, activação e decisão do sistema político está na mão do Governo Central”, tendo recordado o processo de reforma política feito há dois anos para as eleições para a chefia do Governo e hemiciclo. Chui Sai On referiu ainda “estar satisfeito por ouvir as opiniões”, tendo lembrado que a “postura do Governo em relação à violência doméstica é de intolerância”, mas que “respeita a liberdade de expressão e os direitos do deputado” Fong Chi Keong.

“Tudo isto se deve à mentalidade tradicional dos políticos, que não se preocupam em vir cá para fora e falar em nome do que se pode chamar minorias. A população não pode votar para a maioria dos deputados quese senta na AL”SCOTT CHIANG Membroda Macau Consciência

“Gostaríamos de avançar com a reforma e queremos que o Governo comece uma ronda de consulta pública o mais cedo possível”, disse ao HM.

Para Scott Chiang, o maior problema dos deputados nomeados é o facto de não representarem as pessoas. “Tudo isto se deve à mentalidade tradicional dos po-

A mancha humana atingiu o pon-to máximo em frente ao escritório de Fong Chi Keong, onde a organização estima terem estado cerca de 850 pessoas e a polícia aponta para 230, além de 60 agentes. Aqui a palavra de ordem era “demissão”, com alguns manifestantes a envergarem lençóis com manchas de tinta vermelha, invocando o sangue das vítimas de violência doméstica.

O assunto não mobilizou só mulheres. Wilson Hong, professor universitário, juntou-se à marcha por considerar que “Fong Chi Keong chocou a sociedade de Ma-cau”, numa cidade onde “a violência doméstica é um problema sério”.

A representar a comunidade portuguesa esteve também a pro-fessora universitária Isabel Morais, residente no território há mais de 20 anos, que se manifestou “solidária com todos os pontos defendidos pela manifestação”.

“Não é a primeira vez que ele [Fong Chi Keong] tem interven-ções deste tipo, só que desta vez foram muito excessivas e de uma certa forma considero que é um boicote a uma legislação que é tão necessária para Macau”, lamentou.

Já o deputado Ng Kuok Cheong aproveitou a ocasião para fazer ‘mea culpa’ por não ter respondido a Fong Chi Keong no hemiciclo. “Naquele dia não fiz qualquer comentário ao que disse Fong, não estive bem e devo melhorar no futuro. Temos a liberdade de falar do que quisermos na Assembleia mas também temos o fardo da influência social”, co-mentou à Lusa. - A.S.S. com Lusa

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5 políticahoje macau segunda-feira 26.1.2015

FLORA [email protected]

P ESSOAS, cães e até uma tartaruga. Todos eles participaram na manifestação ocorri-

da ontem à tarde que veio a praça do Tap Seac até à As-sembleia Legislativa (AL). O “passeio pelo amor e atenção aos animais”, promovido pela Associação de Protecção dos Animais Abandona-dos de Macau (APAAM), terá juntado, segundo contas da organização, cerca de 600 pessoas, enquanto que a polícia fala em 380 pessoas.

O protesto, que culmi-nou com a entrega de uma petição com 800 assinaturas e um conjunto de opiniões junto da AL, focou-se na proposta de Lei de Protecção dos Animais, que ainda está a ser analisada pelos deputa-dos. Mais uma vez, exigiu-se urgência no processo.

“Existem pessoas que achavam que a lei já está em vigor, mas ainda não está. Esperamos que a 1ª Comis-são Permanente conclua o mais depressa possível a

S USANA Chou escreveu mais um texto no seu blo-gue a comentar a recente

detenção de Alan Ho, sobrinho de Stanley Ho, por alegadamente liderar uma rede de prostituição no Hotel Lisboa. A ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL) escreveu ter ficado “chocada” com a prisão preventiva do director-executivo do Hotel Lisboa e diz que sente “simpatia” para com as prostitutas. Susana Chou acredita ainda que “a acção da Polícia Judiciária (PJ) trouxe uma nova imagem ao novo Governo”.

“De facto as prostitutas atraíam de forma pública os

clientes no Hotel Lisboa, isso não era segredo. Era vergonho-so para todos os residentes cada vez que elas passavam no cor-redor”, apontou Susana Chou.

Apesar dos elogios à ini-ciativa das autoridades, a ex-presidente da AL aponta que a população ainda sente “preconceitos e tinha suspei-tas” quanto à sinceridade dos polícias.

VÍCIOS PRIVADOS“Durante muito tempo ouvia--se que as prostitutas do Ho-tel Lisboa tinham apoio das autoridades. Esta acção da PJ veio quebrar esse rumor. No

passado, devido à insuficiência da governação da RAEM, au-mentaram as queixas e a raiva da população. Acredito que o novo mandato do Governo vai aumentar a sua autoridade e criar uma imagem positiva”, adiantou. “Ouvi dizer que Alan Ho adorava vinho, gastronomia e roupas. Um amigo disse-me que ele recebia um salário alto mas que tinha pouca acção na Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM). Mesmo assim, os rendimentos dele deviam ser elevados, não devia ter preocupação com o dinheiro. Porque é que cor-reu riscos ao participar num

grupo ligado à prostituição?”, questionou.

Susana Chou disse ainda “desprezar” Alan Ho por não ter de se preocupar com dinheiro e, ainda assim, ter “enormes lucros dependendo das prosti-tutas”. Em relação à idade das prostitutas, que teriam entre 20 e 27 anos, a ex-presidente da AL disse sentir “simpatia e tristeza”.

“Para mim, jovens dessa idade são ainda umas crianças e deviam ter sonhos e planos para o futuro. Mas perderam o sentido da vida para ganharem dinheiro rápido, e isso arruinou as suas perspectivas”, disse. - F.F.

Alexis Tam quer educação “mais moderna e avançada”O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, referiu aos jornalistas que pretende “reforçar” os recursos a investir na área da Educação, por forma a torná-la “mais moderna e avançada”, dando assim “um contributo à formação dos futuros quadros qualificados locais”. Alexis Tam garantiu ainda que o Executivo vai “aproveitar os recursos existentes actualmente e avaliar com prudência os pedidos de apoio solicitados pelas instituições de educação, estudando a atribuição de apoios financeiros de forma imparcial e objectiva”.

MANIFESTAÇÃO PELA PROTECÇÃO DOS ANIMAIS REUNIU 600 PESSOAS

Conselhos vindos da rua

SUSANA CHOU DETENÇÃO DE ALAN HO TROUXE “NOVA IMAGEM AO GOVERNO”

Ponto final na vergonha pública

“Esperamos por uma celebração pelos resultados de uma luta de sete anos, depois de tantos protestos”JOSEPHINE LAU Vice-presidente da APAAM

A Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau organizou ontem o “passeio pelo amor e atenção aos animais” e pede uma rápida votação da nova lei na especialidade. Foram entreguesmais opiniões no hemiciclo

“Ouvi os deputados da comissão discutirem que, quando um residente encon-trar um animal na rua e achar que está perto da morte, este pode ser abatido. Isso não deve ser assim, devem ser veterinários qualificados a definir se o animal deve ser morto, ou se pode continuar vivo”, disse.

Josephine Lau garante que, quando o diploma for aprovado na especialidade, a associação já não irá or-ganizar um protesto, mas sim uma festa. “Esperamos por uma celebração pelos resultados de uma luta de sete anos, depois de tantos protestos. Esse é o resultado do nosso trabalho com todos os participantes”, concluiu.

apreciação na especialida-de, para que a Lei de Pro-tecção dos Animais possa ficar oficialmente legislada em 2015”, disse Josephine Lau, vice-presidente da APAAM.

Sobre o conteúdo do diploma, Josephine Lau afir-

mou que as normas sobre o alojamento dos animais “não podem ser inflexíveis”.

O TAMANHO NÃO É TUDO“A deputada Kwa Tsui Hang teve razão quan-do falou, não se pode regulamentar o ambiente de alojamento de forma inflexível, não se pode ape-nas contar com o tamanho de espaço que um animal precisa. Existem famílias de classe baixa com uma casa pequena, mas que têm um animal grande, mas os donos têm de ter tempo para passear o animal”, disse. Josephine Lau considera que esse espaço deve ser definido por veterinários ou treinadores de cães.

“A execução da lei será feita pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM), mas o diploma não esclarece nos casos de emergência, se se deve chamar a polícia ou avisar primeiro o IACM”, disse a vice-presidente, acrescentando que, se a lei for apenas executada pelas autoridades policiais, a sua eficácia “pode ser maior”.

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6 política hoje macau segunda-feira 26.1.2015

ANDREIA SOFIA [email protected]

A quebra das receitas do Jogo num dos anos mais difíceis para o sector não preocupa o

Chefe do Executivo. Chui Sai On partiu ontem para Pequim, não sem antes ter referido à imprensa que “a economia de Macau tem vindo a desenvolver-se a grande veloci-dade há mais de dez anos e agora é normal estar numa fase de ajus-tamento”. Citado num comunicado oficial, Chui Sai On garantiu que as políticas a adoptar são, mais uma

FLORA [email protected]

A deputada directa Song Pek Kei assegura que existe um “regime de

oferta de comissão” entre os hotéis, casinos e taxistas em Ma-cau e, numa interpelação escrita entregue ao Governo, pede ao Governo que aplique multas mais altas a estes motoristas.

Song Pek Kei criticou o serviço de alguns táxis que, diz, se torna gradualmente especiali-zado para empresas privadas, e referiu que, actualmente, o sector dos táxis não é apenas protagoni-zado por episódios de rejeição de passageiros e cobrança ilegal de tarifas, sendo que também existe o pagamento de comissões.

“Existem hotéis e casinos que pagam uma comissão aos taxistas para estes transportarem determinados passageiros. Essa comissão é muito maior por comparação ao que recebem por transportarem passageiros nor-mais ou pela entrada nos bairros antigos. Sem dúvida que existe uma enorme tentação, o que atrai

Caritas Au KamSan critica serviçode transporte

O deputado directo Au Kam San entregou uma interpelação escrita

ao Governo onde lembra que, depois do fim dos táxis amarelos, apenas o serviço de transferência médica da Caritas está disponível para transporte de deficientes físicos, idosos ou outros doentes que necessitem do serviço. Contudo, Au Kam San aponta que vários veículos permanecem parados nas instalações junto à Torre de Macau, pelo que o serviço “não desenvolve bem a sua função”.

Au Kam San frisou ainda que o mesmo serviço é apoiado pelo Instituto de Acção Social (IAS), mas que não funciona como deveria, sendo que deveria apostar-se na sua promoção para que mais pessoas saibam da sua existência. O deputado da ala pró--democrata pede também à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para cooperar o IAS por forma a criar um registo centra-lizado ou “outras medidas eficazes” para ajudar as pessoas que necessitem do serviço de transporte. O deputado escreveu mesmo que há que evitar casos de “há necessidade do serviço, mas não há automóveis”, ou “há au-tomóveis, mas não há ninguém para os [conduzir]”. - F.F.

TÁXIS PEDIDAS MULTAS PARA TAXISTAS QUE RECEBEM COMISSÕES DE HOTÉIS

Contra os pagamentos por fora

“A economia de Macau tem vindo a desenvolver-se a grande velocidade há maisde dez anos e agora é normal estar numa fase de ajustamento”

O Chefe do Executivo está em Pequim para discutir a cooperação com o continente na área da medicina tradicional chinesa. Aos jornalistas, referiu que é “normal a economia estar numa fasede ajustamento”

CHUI SAI ON GOVERNO PREPARADO PARA EVENTUAIS SITUAÇÕES DE RISCO

Tudo dentro da normalidadevez, a diversificação económica e a cooperação regional.

“Nos últimos meses as recei-tas do Jogo tiveram uma queda e o número de salas comuns e salas VIP também tiveram um ajustamento”, referiu o Chefe do Governo, que adiantou ser “normal que o desenvolvimento de qualquer actividade tenha um ciclo e uma fase de ajustamento”.

Referindo-se ainda aos projec-tos que estão em construção no Cotai, Chui Sai On disse que “não é possível falar no momento sobre o ajustamento individual de cada casi-no”, no que diz respeito ao número de mesas de jogo e aos projectos ligados à área de entretenimento. Contudo, disse esperar que “os respectivos projectos possam ser concluídos dentro do prazo previsto no sentido de estimular o sector do Jogo, para este poder ter um desen-volvimento saudável e estável na nova fase de ajustamento”.

NADA A TEMERQuanto à resposta do Executivo perante esta nova fase da econo-mia, Chui Sai On lembrou que “o

Governo da RAEM criou um re-gime de reserva financeira estável, incluindo reservas cambial, básica e extraordinária”, pelo que “está

preparado para assegurar futuros riscos da RAEM”.

Além disso, Chui Sai On frisou que “o mais importante é garantir

os taxistas a frequentarem mais os casinos e estabelecimentos nocturnos, tornando-os num instrumento especializado para as empresas privadas”, escreveu a deputada.

MULTAS MAIS PESADASA número três de Chan Meng Kam apela, por isso, a um au-mento das infracções aos taxistas

que recebem as comissões, algo que deverá constar no novo regulamento administrativo, actualmente em revisão.

Song Pek Kei afirma ainda que, como há falta de praças de táxis oficiais à entrada dos hotéis e casinos, os taxistas podem suspender o serviço de propósito para esperar pelos clientes que lhes valem comissões.

Face aos processos adminis-trativos para aplicar punições, realça, estes chegam a demorar vários meses até dois anos. Por isso, Song Pek Kei pede que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) melhore os processos, sugerindo a utilização de meios electrónicos para diminuir os processos de acusação aos taxistas.

os projectos de vida da população, de acordo com as directrizes da acção governativa, para o desen-volvimento de Macau continuar próspero e estável”.

Na área da cooperação regional, Chui Sai On confirmou que “no futuro” vai fazer-se acompanhar pelos Secretários Raimundo Arrais do Rosário e Lionel Leong, das áreas das Obras Públicas e Trans-portes e da Economia e Finanças, respectivamente, numa visita a Guangdong, por forma a “saber mais sobre o andamento da zona de comércio livre”.

O Chefe do Executivo está na capital para encontros com a adminis-tração estatal de medicina tradicional chinesa, por forma a debater os avan-ços no Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa de Guangdong e Macau na Ilha da Mon-tanha, bem como para debater com o Ministério do Comércio o protocolo suplementar do Acordo de Estreita-mento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau (CEPA) e também analisar a liberalização, reforma e inovação do comércio.

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7SOCIEDADEhoje macau segunda-feira 26.1.2015

À excepção do centro de reabilitação, o complexo do novo hospital público deverá estar pronto para receber pacientes em 2018. Isto, porque os SS asseguram quetodas as obras principais estarão concluídas até 31 deDezembro de 2017

JOANA FREITAS [email protected]

O Complexo de Cui-dados de Saúde das Ilhas vai mesmo abrir até 2017. A garantia é

dada pelos Serviços de Saúde (SS), que asseguram que a conclusão da maioria das obras está marcada para o último dia do ano. A excepção vai para o centro de reabilitação, que só deverá abrir em 2019.

Depois da abertura recente de dois concursos públicos – um para

Deficientes com subsídio para consultas gratuitasOs Serviços de Saúde (SS) vão passar a pagar o subsídio para os serviços de consulta externa gratuita, prestados por instituições sem fins lucrativos, aos portadores do cartão de registo de avaliação de deficiência. Segundo um comunicado, o Governo afirma “estar a estudar o alargamento do subsídio aos trabalhadores da Função Pública e os seus familiares, assim como aos docentes e a outros trabalhadores que desempenhem funções em instituições de ensino”.

O Governo pretende alargar a cooperação entre instituições

de saúde privadas e públicas, sendo que os responsáveis do privado pediram mesmo ao Governo que promova “o conceito de o utente pagar parcialmente os cuidados de saúde no sector privado”.

Alexis Tam teve esta semana um encontro com a Associação de Bene-ficência do Hospital Kiang Wu para reunir sobre o assunto e, de acordo com um comunicado, a ideia do Exe-cutivo é melhorar a situação no que diz respeito ao tempo de espera nos serviços de saúde públicos. “Através desta cooperação, os residentes po-derão aceder facilmente a cuidados de saúde com qualidade”, frisa um comunicado. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura revelou que os SS vão colaborar, em conjunto com o Hospital Kiang Wu, na área da aplicação de técnicas de imagiologia, de forma a adoptar o mesmo critério e a língua inglesa como língua de

aplicação. Neste contexto, o Hos-pital Kiang Wu pode proporcionar vários serviços neste âmbito, com o objectivo de reduzir o tempo de espera dos residentes que gozam de serviços de saúde gratuitos.

Os responsáveis do privado suge-riam que o Governo possa enviar alu-nos de Macau para estudar Medicina nas duas universidades de medicina de Hong Kong, de forma a alargar a formação de quadros qualificados necessários, até porque, dizem, “sempre que existem processos de recrutamento no hospital público, os recursos humanos do Hospital Kiang Wu são atingidos”. Para os responsáveis do privado, é ainda necessário que o Governo promova “de forma adequada” o regime de seguro médico. - J.F.

VAI ficar concluído este ano o edifício residencial para os

trabalhadores do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o Centro de Recuperação de Doenças In-fecciosas, no alto da Montanha de Coloane. De acordo com o balanço dos SS, citado em comunicado, as infra-estruturas vão ficar concluí-das entre Abril e Junho deste ano.

Prevê-se ainda que o Centro de Saúde de Nossa Senhora do Carmo, situado no Edifício do Lago, possa entrar em funcionamento até Maio deste ano, dois anos depois do pre-visto conforme noticiou o HM, e que o Posto de Saúde de Coloane esteja pronto até ao final do ano.

Em 2011, o Governo lançou o Projecto de Melhoramento das Infra--estruturas do Sistema de Saúde, onde os Serviços de Saúde (SS) estimaram um investimento na ordem dos dez mil milhões de patacas na construção e renovação de mais centros de saúde

e empreendimentos relacionados com esta área. Anos passados, o organismo diz não saber quanto vai ser o dinheiro alocado no total. “Só após a conclusão dos planos de con-cepção das instalações é que poderá ser concretizado o orçamento global deste projecto”, realça o organismo em comunicado.

Deste projecto, além dos em-preendimentos que deverão ficar concluídos este ano, fazem ainda parte o edifício de especialida-des do São Januário (meados de 2017), o Complexo Municipal de Serviços Comunitários na Rua da Praia do Manduco (entre Outubro e Dezembro de 2016) e o Centro de Saúde do Bairro da Ilha Verde, cuja conclusão está apontada para o terceiro trimestre de 2016.

Na lista, e atrasado, está ainda o Centro de Saúde de Seac Pai Van, em Coloane, que só deve estar a funcionar no final de 2017. - J.F.

HOSPITAL DAS ILHAS CONFIRMADA CONCLUSÃO PARA DEZEMBRO DE 2017

Pronto a receber pacientes

Governo quer alargar cooperação com privadosTrês infra-estruturas concluídas este ano. Seac Pai Van tem de esperar

a fundação por estacas do Instituto de Enfermagem e outro para o do edifício residencial – os SS vieram a público fazer ao balanço da situação no que às obras diz respeito. Actual-mente, no local onde vai nascer o hospital, no Cotai, existem apenas as fundações, motivo que já levou os deputados da Assembleia Legislati-va a questionarem o andamento das obras. Ainda assim, os SS garantem que corre tudo dentro do previsto.

“Os trabalhos relativos ao Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas estão a ser desenvolvidos

de acordo com a calendarização. Entre 2009 e 2012, os SS contrata-ram diversas empresas de consul-tadoria que procederam a estudos, planeamentos e programação das concepções de todo o complexo e [que] foram desenvolvidos em Agosto de 2013. As obras de tratamento de solos da fundação tiveram início no dia 14 de Abril de 2014 e, recentemente, foram concluídas as obras de nivela-mento do terreno e instalados os drenos”, revela o organismo em comunicado.

Os trabalhos de investigação geológica foram também concluí-dos em Dezembro do ano passado, altura em que ficaram ainda pron-tos os projectos de construção de quatro dos edifícios que integram o complexo.

ANTECIPADOSAté 2017, o edifício hospitalar, onde se incluem os serviços de urgência, as consultas externas especializadas e as enfermarias, ficará então pronto para receber pacientes, ao mesmo tempo que o edifício de serviços

logísticos, o edifício da administra-ção e o Instituto de Enfermagem, que vai ser entregue ao Kiang Wu. Também o edifício do Laboratório Central e o edifício residencial para trabalhadores ficarão concluídos, já que as obras foram “antecipadas” de acordo com o primeiro calendário dos SS.

“Para garantir que Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas possa prestar serviços de saúde de qualidade e abrangentes ao público em geral, os SS decidiram seguir as recomendações apresentadas pela empresa de consultadoria que aconselhou agregar as obras previstas da 1ª e da 2ª fase, sendo que com o novo plano serão cons-truídos em simultâneo o edifício de Urgências e o edifício hospitalar”, avançam os SS num comunicado enviado à imprensa. Na proposta inicial, as obras de construção dividiam-se em três fases.

O relatório final da avaliação ambiental dos projectos foi con-cluído e apresentado à Direcção dos Serviços de Protecção Am-biental para apreciação, como informam ainda os SS.

A obra do Hospital de Reabili-tação é mais complexa, de acordo com o que disse aos jornalistas um responsável dos SS, pelo que este estará apenas concluído até Dezembro de 2019. O calendário, contudo, está também de acordo com o inicialmente anunciado.

A semana passada foram es-timados entre 52 milhões e 113 milhões de patacas os custos com a construção do edifício do Instituto de Enfermagem e esta semana foi dado a conhecer que 15 empresas concorreram à construção do edi-fício residencial, que poderá custar entre 37,7 milhões e 88 milhões de patacas.

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hoje macau segunda-feira 26.1.20158 sociedade

FIL IPA ARAÚ[email protected]

A avaliação está fei-ta. As operado-ras de autocarros têm-se portado

melhor e prova disso é o resultado da avaliação le-vada a cabo pelo Conselho Consultivo do Trânsito da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), que se reuniu na passada sexta-feira. A avalia-ção corresponde ao terceiro trimestre do ano de 2014 e inclui pontos como a limpeza e as frequências de percurso.

Apesar das três opera-doras terem alcançado os mesmos ou melhores resul-tados comparativamente ao primeiro semestre do ano passado, foi a Transmac que mais se destacou, alcançando 73,2% em 100% e mantendo assim o lugar na liderança. Na segunda posição ficou a TCM com 70%, seguindo-se a Nova Era, que subiu quatro ponto percentuais para se fixar nos 65,5%.

“[As operadoras] obtive-ram bons resultados, melho-res que os anos anteriores. A companhia Nova Era, antiga Reolian, começou a funcio-nar há três meses e obteve uma pontuação de 65%. Re-

E STÁ em cima da mesa a pos-sibilidade de Macau reco-nhecer a carta de condução

do interior da China. Algo que, segundo assegura o porta-voz do Conselho Consultivo de Trânsito da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Kou Kun Pang, não implica a entrada de carros do continente e não deverá ser alargada a todos tipos de licenças para conduzir.

Sands Sheldon Adelson substitui Tracy. Goldstein em Macau O presidente da Las Vegas Sands, Sheldon Adelson, é quem vai assumir a liderança da subsidiária Sands China, que explora os casinos do território, substituindo no cargo Edward Tracy. Tracy, recorde-se, deixa a 6 de Março a direcção da Sands China para se reformar. Ainda que fique como consultor da empresa por algum tempo, Sheldon Adelson fica no seu lugar, ainda que, em Macau, as operações venham a ser controladas por Robert Goldstein, presidente e director de operações da operadora.

A economia vai continuar a cres-cer este ano mas a um ritmo

mais lento face a 2014, segundo as previsões da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), que antevê um crescimento a um dígito baixo, devido às incertezas no sector do turismo, em especial no Jogo.

De acordo com a rádio Macau, o organismo liderado por Anselmo Teng estima, no entanto, que o sector privado da construção e os equipamentos turísticos vão ajudar a economia. Em 2015, a inflação vai rondar os 5%, abaixo dos 6,05% do ano passado. Já a taxa de desemprego vai manter-se também abaixo dos 2%. O número de turistas vai continuar em alta, o que vai ao encontro das estimativas

dos Serviços de Turismo que ante-vêem um aumento de 5%. Aliás os turistas, diz a AMCM, são a base da economia local.

Quanto ao Jogo, considera-se positiva a redução da diferença entre as receitas dos sectores de massas e VIP, sendo que a AMCM admite a possibilidade das receitas do mercado de massas superarem o VIP, sem, no entanto, avançar quando isso pode acontecer. Nota positiva igualmente para os novos empreendimentos a abrir no Cotai, nos quais a AMCM deposita esperança: os elementos não relacionados com o jogo, avança, podem contribuir para que a economia local dependa menos dos casinos.

AUTOCARROS OPERADORAS COM MELHORES RESULTADOS NA AVALIAÇÃO

Tudo sobre rodas

73,2%em 100%, percentagem alcançada pela Transmac

GOVERNO RECONHECIMENTO DA CARTA DE CONDUÇÃO CHINESA

Autorização à vistaEconomia cresce mais devagar em 2015

Os serviços de todas as operadoras de autocarros a circular em Macau melhoraram com a Transmac a manter a liderança. O anúncio foi feito pela DSAT, que anuncia ainda para Agosto a entrada em funcionamento da via especial para autocarros da Barra à Ponte e Horta

ros, os táxis não poderão usar como locais para [apanhar] ou largar pessoas”, começou por esclarecer o porta-voz, depois de na mesma semana várias associações de taxis-tas apresentarem as suas queixas, de “falta de espaço” e “inspecção dura” à DSAT.

A criação das vias exclu-sivas é justificada pelo Con-selho por “existir um grande número de pessoas a usarem os autocarros como meio de transporte principal”.

“Todos os membros se mostraram a favor desta medida, mas vamos discutir muitas práticas em concreto, que ainda carecem de estudo”, esclareceu Kou Kun Pang.

sultado que devemos apreciar através de uma comparação, porque no início do seu fun-cionamento a qualidade não era a ideal, mas agora com o tempo, começou a melho-rar”, argumentou o porta-voz do Conselho, Kou Kun Pang, justificando o valor mais baixo da avaliação.

De acordo com o porta--voz, a avaliação contem-plou uma parte de inquéritos feitos à população.

VIA EXCLUSIVA EM AGOSTO Relativamente à via exclu-siva para os autocarros, que começa na zona da Barra e termina na Ponte e Horta, vão começar a funcionar em Agosto deste ano.

“Estas vias servirão ex-clusivamente para autocar-

“Um grupo especializado da Universidade de Macau realizou um estudo e visitou muitas asso-ciações, mas ainda é necessária maior divulgação e promoção do que efectivamente se trata esta medida e as alterações. Ou seja, o público tem que ter um conhecimento muito claro sobre esta medida”, explicou.

O responsável adiantou que a nova medida poderá “trazer

algumas confusões” em termos de tráfego, devido aos hábitos diferentes de quem possui carta de Macau e os acartados da China continental, que conduzem do lado oposto ao nosso.

“A decisão [do estudo] será mais tarde divulgada”, afirmou o porta-voz, esclarecendo ainda que “esta medida é para adoptar”, mas neste momento é preciso saber como adoptá-la.

Recorde-se que o estudo men-cionado pelo Conselho, foi iniciado em 2013 pelo director da DSAT, Wong Wan, que afirmava que estaria concluído nos primeiros seis meses de 2014.

“O reconhecimento das cartas de condução vai ser apenas para os veículos ligeiros, e não envolve mu-danças nas profissões ou na entrada dos veículos do continente. Quere-mos saber quais as preocupações e a procura ao nível das cartas de condução e depois iremos fazer uma pesquisa quantitativa”, explicou na altura Wong Wan. O director falou ainda da existência de “opiniões diferentes” sobre o assunto dentro do próprio Conselho. - F.A.

As vias terão horários de funcionamento exclusivos. “Da parte da manhã, deverá começar às 7h30 até às 9h00 e à tarde das 17h00 às 20h00”, acrescentou o responsável.

O Conselho confirmou ainda que, com a existência das vias exclusivas, os luga-res de estacionamento irão desaparecer.

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 26.1.2015

A RAEM foi a área me-tropolitana com melhor desempenho no mundo em 2014, revela um

relatório conjunto da Instituição Brookings e da JPMorgan Chase divulgado na semana passada e que estabelece uma lista de 300 cidades. De acordo com o docu-mento, “o comércio e o turismo, ancorados pela indústria do Jogo, são os responsáveis pela maior parte do crescimento” em Macau no ano passado, seguindo-se na lista as cidades turcas de Izmir, Istambul e Bursa.

O relatório “Global MetroMo-nitor 2014 - Uma Recuperação Incerta” analisa dados sobre o desempenho das 300 maiores áreas metropolitanas do mundo - que acolhem a residência ou os postos de trabalho de 20% da população

AssociaçãoComercial reuniucom Sands ChinaA operadora de Jogo Sands China reuniu na passada sexta-feira com a Associação Comercial de Macau (ACM) a fim de mostrar “apoio e continuação de diálogo” face às Pequenas e Médias Empresas (PME) do território. Estas fizeram-se representar por cem empresários, que no evento buscaram por “novas propostas de negócio e de cooperação”. Jaehong Choi, vice-presidente da área de aquisição e fornecimento da Venetian Macau Limited, referiu, citado num comunicado, que “é muito importante para a Sands China continuar a apoiar as PME locais e os fornecedores para os ajudar a crescer e a desenvolver”, acreditando ainda que “as PME são uma parte essencial da economia”.

Mais transacções suspeitas. Menos34 ‘junkets’O Gabinete de Informação Financeira (GIF) registou em 2014 um aumento do número de participações sobre transacções suspeitas. Dados cedidos à Rádio Macau revelam que foram registadas 1812 denúncias a esta entidade, mais 217 face a 2013. Nesse ano houve 1595 participações, menos do que em 2012, que foi o ano com mais denúncias, um total de 1840. Contudo, nos últimos cinco anos apenas houve duas condenações por branqueamento de capitais. O gabinete dirigido por Deborah Ng garante que a maioria das denúncias feitas tem origem nos operadores de Jogo. Em 2014, 1370 participações foram feitas a partir daí. Entretanto, a Rádio Macau avança ainda que existem actualmente menos 34 promotores de Jogo do que em 2014, altura em que havia 217 profissionais licenciados. Segundo a Rádio, 19 dos ‘junkets’ pediram para cancelar a actividade, enquanto que os restantes 15 não renovaram os pedidos de licença para operar. A queda das receitas do Jogo deverá ser de 17% no final deste mês, com receitas brutas na ordem das 23 a 24 mil milhões de patacas.

Assistentes sociais Eleição de membros da Comissão em aberto

Macau apresentou um crescimento de 8% no PIB ‘per capita’ e uma subida de 4,2% na taxa de emprego, a melhor combinação das duas categorias

Na análise conjunta da Brookings eda JPMorgan Chaseao desempenhodas 300 maiores áreas metropolitanasdo mundo a RAEM surge à frentedo rankingcom uma excelente combinaçãode dadosde crescimento

ECONOMIA RAEM COM MAIOR DESEMPENHO MUNDIAL EM 2014

No melhor dos mundos

mundial e são responsáveis por quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) global - com base nas taxas de crescimento anuais do seu PIB ‘per capita’ e de emprego e combina os dois itens.

Macau apresentou um cresci-mento de 8% no PIB ‘per capita’ e uma subida de 4,2% na taxa de emprego, a melhor combinação das duas categorias.

A análise constatou que, em geral, o PIB ‘per capita’ nas 300 principais áreas metropolitanas cresceu 1,3% em 2014, por compa-ração com 1,6% em 2013, enquanto o emprego cresceu 1,5% no ano passado, o mesmo que há dois anos.

Olhando para a economia global através de uma lente me-tropolitana “vemos quão desigual é o crescimento entre as regiões”, assinala Joseph Parilla, analista da Brookings e autor principal do estudo.

“Em economias desenvolvi-das, como a América do Norte e a Europa Ocidental, cidades como Londres e Houston voam alto,

enquanto Roterdão e Montreal estão em esforço”, exemplificou o investigador, adiantando que, no geral, os mercados em desen-volvimento estão a crescer mais depressa, mas existem grandes diferenças entre as cidades do centro e as do nordeste da China, bem como entre cidades no Peru e na Colômbia e metrópoles no Brasil e na Argentina.

MUNDO EM ANÁLISEO estudo conclui que as econo-mias que apresentam um cres-cimento mais rápido estão nas regiões em desenvolvimento da Ásia Oriental, Europa Central e Ásia-Pacífico, enquanto as que apresentam um crescimento mais lento estão localizadas na Europa Ocidental, América do Norte e nas zonas desenvolvidas da Ásia-Pacífico.

Apesar de o crescimento na-cional ter desacelerado em 2014, a China responde por mais da metade das 30 economias que mais cresceram no mundo, estan-

do Hefei (20ª posição) a liderar as áreas metropolitanas com um crescimento de 9,5% (embora o aumento do emprego se fique por 1%, o que não lhe permite um melhor lugar na tabela).

A par de vários mercados emer-gentes estão quatro áreas metropo-litanas norte-americanas (Austin, Houston, Raleigh e Fresno) e duas áreas no Reino Unido (Londres e Manchester), que figuram no ‘top 60’ das 300 metrópoles avaliadas.

No derradeiro lugar da lista surge Banguecoque, que viu a sua economia destruída pelos conflitos políticos na Tailândia.

O “Global MetroMonitor 2014 - Uma Recuperação Incerta” também analisa em que medida as economias metropolitanas voltaram aos níveis de 2007 em termos de PIB per capita e empre-go, concluindo que as metrópoles norte-americanas que tiveram uma recuperação total quase duplicou face ao relatório de 2012, com 32 (entre 80) nesta categoria em 2014, contra 17 em 2012.

Seis anos após a crise financeira global, a maioria das economias alcançou ou excedeu os seus ní-veis pré-recessão, mas 57% das áreas metropolitanas da América do Norte e 65% das da Europa Ocidental ainda têm de conseguir a recuperação completa, revela o estudo. - LUSA/HM

O Instituto de Acção Social (IAS) decidiu

prolongar até 28 de Feve-reiro a segunda consulta pública sobre o Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Fun-ções de Assistente Social, que teve início a 15 de

Janeiro. Até ao momento já foram realizadas sete sessões que contaram com a presença de 850 pessoas.

Entretanto, e depois da consulta pública onde cerca de 20 participantes levantaram cartazes soli-citando mais autonomia

na profissão e criticando a composição do Conselho para a credenciação dos assistentes sociais, o di-rector do IAS, Iong Kuong Io, afirmou que entende as solicitações do sector sobre a autonomia da pro-fissão, mas passa a bola da

composição ao Governo. “Quando o Secretário para os Assuntos Sociais e Cul-tura, Alexis Tam, disser que uma eleição na 2ª sessão da comissão é aceitável, então, os membros repre-sentantes do sector podem ser eleitos mutuamente por

assistentes sociais. Espero que isto possa ser escrito no Regime”, frisou.

O responsável acres-centou que, como os pri-meiros trabalhos da área “são muito pesados”, foi escolhido o método de nomeação. - F.F.

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10 hoje macau segunda-feira 26.1.2015EVENTOS

QUERES NAMORAR COMIGO? • João RicardoEra uma vez uma girafa de pescoço muito, muito comprido e um caracol que, apesar de pequenino, se apaixona por ela. A diferença de altura não o desencoraja, mas conseguirá ele chegar ao coração da amada? O amor, afinal de contas, tem o dom de trocar as voltas - e os tamanhos - às coisas. Com um humor quase tridimensional em que se sobrepõem colagens e desenhos, a ilustradora Ana Sofia Gonçalves dá forma ao romance improvável entre uma girafa e um caracol. O texto do actor João Ricardo, por sua vez, recria a ternura e a inocência da linguagem da infância, demonstrando que os afectos são sempre - sejam quais forem as espécies animais envolvidas - deliciosamente ridículos.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

HISTÓRIAS DE PRINCESAS • Vários autores Esta coletânea de histórias de princesas, com belas ilustrações, irá maravilhar e entreter as crianças. Inclui os maiores clássicos das histórias infantis, como a Gata Borralheira, a Pequena Sereia, a Branca de Neve e a Rapunzel, e ainda cinco histórias originais!

A segunda fase do Galaxy abre já a 27 de Maio. O anúncio foi feito

pela própria operadora, no sábado passado, sendo que a inauguração está marcada para daqui a quatro meses.

A segunda fase do comple-xo integra também as antigas instalações do Grand Waldo, um dos primeiros espaços de jogo da companhia, que agora abre portas sob a denomina-ção de ‘Broadway Hotel’.

Ao todo, a nova fase do Galaxy traz a Macau mais seis hotéis com cerca de quatro mil quartos. Destes, 250 suites per-tencem à cadeia Ritz-Carlton, o primeiro hotel da marca apenas com suites, e mil quartos da marca JW Marriot, o maior ho-tel da cadeia na região asiática.

Chef do MGM representaChina nas olimpíadas da pastelaria Micky Ma, chef de pastelaria do MGM, foi escolhido para representar a China na edição final daquelas que são consideradas as olimpíadas na área da pastelaria, “La Coupe du Monde de la Pâtisserie 2015”. No evento, os maiores chefs da área competem pelo título de melhor a nível mundial na arte da doçaria e pastelaria. Micky Ma vai colaborar com mais dois profissionais chineses, sendo que cada equipa terá de elaborar, em nove horas, nove sobremesas.

Museu da Gulbenkiané um dos melhores da Europa

O Museu Calouste Gul-benkian, em Lisboa,

é uma das 17 melhores instituições museológicas da Europa. A opinião é da edição espanhola da revista especializada Condé Nast Traveler, que reuniu uma série de “autênticos mu-seus ‘Michelin’ capazes de justificar” uma viagem às cidades onde estão.

Numa “compilação” divulgada há alguns dias, a publicação turística escreve que “o facto de estar situado no Norte” da capital portu-guesa retira a este museu “a afluência de público que merece”, mas que esta loca-lização acaba, em muitos ca-sos, por ser uma vantagem.

“Assim, é possível des-frutar do seu precioso jardim e do seu edifício surpreen-dente”, realça a Condé Nast, que considera todo o com-plexo da Fundação Calouste Gulbenkian como “um oásis

entre a clássica decadência lisboeta”.

A revista salienta, tam-bém, a “divisão” do museu em duas vertentes: uma clássica e outra moderna. “De um lado, há um importante acervo de obras de arte decorativa e arte antiga, ainda que o seu forte sejam as pinturas de Monet, Millet ou Ghirlandaio”, des-taca a Condé Nast.

O seu lado mais “mo-derno” transforma o Museu Gulbenkian “numa espécie de ‘Pompidou’ português onde cabem obras de Alvar Aalto, quadros de Kokoshka ou colagens de Tàpies”, acrescenta a publicação.

Entre os outros museus destacados pela Condé Nast estão o Städel Museum, em Frankfurt, um dos mais importantes da Alemanha, o Palais de Beaux Arts, na cidade francesa de Lille, ou o Kelvingrove, em Glasgow, na Escócia.

GALAXY NOVO COMPLEXO ABRE EM MAIO COM MONTANHA RUSSA E PISCINA DE ONDAS

Mais entretenimento e hotéis para o CotaiA maior piscina de ondas do mundo e uma montanha russa aquática. Seis hotéis e cinemas em 3D. A segunda fase da Galaxy abre daqui a quatro meses e promete trazer mais entretenimento ao território

100mil milhões de dólares

de Hong Kong, valor total

do investimento

da Galaxy no Cotai

O ‘Broadway Hotel’ terá 320 quartos, espaço de jogo e lojas.

O espaço da Galaxy vai ainda duplicar para 1,1 mi-lhões de metros quadrados a área construída no local e apresentar novas atracções como uma montanha-russa aquática ao longo de 575 metros e “a maior piscina de ondas” do mundo, no topo do empreendimento.

O local vai ainda ter mais uma arena de concertos, esta com três mil lugares, e um ci-nemas 3D, dando continuidade às salas de cinema da Galaxy.

INVESTIMENTO SEM MEDOO investimento global da primeira e segunda fases já totaliza 43 mil milhões de dólares de Hong Kong. A abertura da segunda fase

decorre numa altura em que as receitas do Jogo em casino estão em queda homóloga desde Junho de 2014 e se perspectiva a manutenção dos números negativos até Maio deste ano, mas Francis Liu, vice-presidente da com-

panhia, desvaloriza qualquer queda.

“Entramos numa fase de adaptação. Por um lado, o crescimento das receitas estava centrado no mercado vip, de grandes apostadores, e agora verificamos um ajus-tamento para o mercado de massas”, disse.

Francis Liu acredita tam-bém que a abertura de al-guns postos fronteiriços 24 horas por dia ou o próprio alargamento do horário de funcionamento das Portas do Cerco vai ajudar a atrair mais visitantes.

Por outro lado, o respon-

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11 eventoshoje macau segunda-feira 26.1.2015

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S ÃO jovens artistas e são de Macau. A partir do dia 3 de Fevereiro e até

7 de Março, a AFA – Art for All Society inaugura a expo-sição “Transcender – Traba-lhos de Lai Sio Kit e Sylvie Lei”. O público poderá ver as dez obras dos artistas, onde se incluem oito quadros de Sylvie Lei, que pertencem à colecção “Virtual Shape”, e dois trabalhos de Lai Sio Kit, inseridos na série “Elapse”.

A primeira exposição da AFA do ano terá como temas a “Luz” e o “Tempo”, “dois temas importantes tanto para a física como para a ciência”, considera a entidade. “Por coincidência, os dois artis-tas ganharam inspiração a observar as pessoas e o seu dia-a-dia em Macau. Depois de se licenciarem na China, Sylviye Lei e Lai Sio Kit regressaram a Macau há alguns anos e pas-saram pela grande mudança de viver numa pequena ci-dade, com diferen-tes pensamentos e emoções.”

Foi então que a pintura surgiu como uma resposta a essa mudança. “Como artistas, em vez de expressarem as suas ideias através das palavras, utilizaram

AFA ANO ARRANCA COM EXPOSIÇÃO “TRANSCENDER”

Luz e Tempona ponta do pincel

o pincel para pintar as suas ideias”, sendo que os con-ceitos de “Luz” e “Tempo” se destacaram de imediato.

Nos trabalhos de Sylviye

GALAXY NOVO COMPLEXO ABRE EM MAIO COM MONTANHA RUSSA E PISCINA DE ONDAS

Mais entretenimento e hotéis para o Cotai

sável manifestou-se satisfeito pelo prolongamento a presen-ça dos visitantes em Macau que acabam recorrer às di-versas unidades hoteleiras da cidade que, no caso do grupo

Galaxy registam uma taxa de ocupação de 95%.

Em todo o projecto no Cotai, a Galaxy vai investir o equiva-lente a cerca cem mil milhões de dólares de Hong Kong.

Com a nova fase, a Galaxy passa também a disponibilizar cerca de 120 restaurantes e 200 lojas, incluindo várias marcas internacionais de renome.

Lei a inspiração veio dos casinos, de onde a artista “utilizou as cores artificiais para começar a explorar a essência da luz”. Já Lai Sio Kit arranca inspiração para a sua obra da “natureza efémera da vida”, pintando “muitas ruas de cerâmica para ilustrar a essência do tempo através das mudanças imperceptíveis de cada rua”.

A abertura da exposição terá lugar nas instalação da AFA, na Estrada da Areia Preta, edifício da Fábrica de Baterias. O evento começa às 18h30 e é parcialmente patrocinado pelo Instituto Cultural. - A.S.S.

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12 CHINA hoje macau segunda-feira 26.1.2015

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M A C A U A N G L I C A N C O L L E G E

PARENTS ARE WELCOME TO ATTEND APARENTS’ INFORMATION MEETING FOR ENROLING NEW K1 PUPILS

FOR SEPTEMBER 2015AT

M A C A U A N G L I C A N C O L L E G EAV. PADRE TOMÁS PEREIRA, NO. 109-117, TAIPA, MACAU

THIRD FLOOR, SCHOOL HALLON

TUESDAY, FEBRUARY 10th 2015, 7:30 P.M.

*Four new K1 classes commence in September 2015.*100 places will be offered to new K1 pupils aged 3, in 4 classes of 25. *English and Putonghua are the main languages of instruction. *Creative teaching styles; child centred learning.*Application Days, from March 2nd to 5th 2015.*Assessment Day, Saturday, March 7th 2015, from 9:00 a.m. (Details to follow).

EXTRACTO DE AVISO Faz-se público que, de harmonia com o despacho de 18 de Dezembro de 2014 do Secretário para

a Segurança, Cheong Kuoc Vá, se acha aberto o concurso comun abaixo indicado, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento:

1. em regime de assalariamento, de um lugar de motorista de pesados, 2.º escalão, área de transporte, da carreira de motorista de pesados do Estabelecimento Prisional de Macau (Concurso n.º 2015/I01/CA/MPE).O motorista de pesados, 2.º escalão, vence pelo índice 180 (a que corresponde ao vencimento mensal de MOP$14,220.00), e usufrui dos direitos e regalias previstos no regime geral da função pública.

O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 2, II Série, de 14 de Janeiro de 2015, com o prazo de inscrição entre 15 de Janeiro e 03 de Fevereiro de 2015. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação do Estabelecimento Prisional de Macau (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website deste Estabelecimento Prisional: www.epm.gov.mo.

Para qualquer esclarecimento, é favor entrar em contacto, nas horas de expediente, através do tel. n.ºs 8896 1293 ou 8896 1218, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos.

Director do EPMLee Kam Cheong

20/01/2015

O S fundadores do movi-mento ‘Occupy Cen-tral’ foram detidos e libertados no passado

sábado, tendo o chefe da polícia defendido que a investigação aos protestos de Hong Kong não era “um espectáculo”.

Vários líderes dos protestos têm sido detidos e libertados sem acusação, com alguns a queixarem--se da investigação.

O co-fundador do ‘Occupy Central” Benny Tai disse que ele e os outros dois co-fundadores Chan Kin-man e Chu Yiu-ming foram formalmente detidos sob a acusação de organizarem e partici-parem em assembleias ilegais, mas

Um morto e sete feridosem ataque com facaUm ataque com faca na província de Hubei, no centro da China, causou sábado a morte de uma pessoa e ferimentos noutras sete, informou a polícia local, citada pela agência Xinhua. A polícia de Wuhan, capital de Hubei, recebeu o alerta do ataque com faca numa rua do distrito de Jianghan por volta das 09:40, tendo-se deslocado ao local e detido um homem de 38 anos. Oito feridos foram enviados para o hospital e um deles não resistiu aos ferimentos. As autoridades abriram uma investigação ao incidente.

Polícia de Hong Kong procura adolescente por furto de colar de diamantes

“Acredito firmemente que os residentesde Hong Kong não vão desistir”BENNY TAI Co-fundador do ‘Occupy Central”

A polícia de Hong Kong infor-mou que está à procura de

uma rapariga com idade estima-da entre 12 e 14 anos pelo furto numa joalharia de um colar de diamantes avaliado em mais de 4,1 milhões de euros.

De acordo com a polícia, a rapariga realizou o furto com a ajuda de duas mulheres e um homem, todos com idades entre os 30 e 40 anos.

Os adultos fizeram-se passar por clientes enquanto a menina furtou o colar.

Segundo o jornal South China Morning Most (SCMP), trata-se de um colar em ouro com mais de 30 diamantes. A polícia confirmou que o colar estava avaliado em 4,6 milhões de dólares de Hong Kong.

A rapariga terá conseguido roubar a chave de uma gaveta para abrir o armário enquanto os

funcionários estavam distraídos, informou o SCMP, citando uma fonte policial não identificada.

“Os três adultos fizeram-se passar por grandes compradores e pediram aos empregados para lhes mostrarem jóias numa aparente manobra para desviar as atenções dos empregados”, disse a fonte.

Os quatros abandonaram a loja antes de os funcionários se terem apercebido da falta do colar.

Meses depois do fim dos protestos que paralisaram as ruas da antiga colónia britânica, a tensão continua latente. Para dia 1 de Fevereiro está marcada a primeira manifestação desde Dezembro

HONG KONG LÍDERES DO ‘OCCUPY CENTRAL’ DETIDOS E LIBERTADOS

Espectáculo de curta duraçãoque não foram acusados. Os três foram libertados três horas depois da detenção, escreve a agência francesa AFP.

“Mostrámos alguns vídeos e artigos… Fomos libertados incon-dicionalmente”, disse.

Os protestos que ocuparam as ruas de Hong Kong durante mais de dois meses terminaram em Dezembro mediante a acção das autoridades, tendo a polícia prometido investigar os “principais instigadores” do movimento.

EM PRIVADOO chefe de polícia de Hong Kong, Andy Tsang, defendeu sábado a investigação. “A polícia tomou as diligências (para as detenções) em privado e nunca as tornou públi-cas. Como é que podem dizer que (isto) é um espectáculo? Quem é que vos disse que eles iriam para a esquadra da polícia? Devemos ser claros sobre quem é que está a fazer espectáculo”, disse aos jornalistas.

Andy Tsang confirmou que os líderes do ‘Occupy Central’ podem ser convocados novamen-te a apresentar-se às autoridades durante a investigação em curso.

Enquanto outros líderes dos protestos questionaram os motivos da polícia, Benny Tai disse que “confiava” no primado da lei.

“Eu continuo a acreditar que a polícia e a procuradoria… vão se-guir rigorosamente as leis de Hong Kong em qualquer investigação”.

Dezenas de apoiantes, incluin-do deputados, concentraram-se no exterior da esquadra com faixas e guarda-chuvas amarelos, o símbo-lo do movimento pró-democracia em Hong Kong.

“Acredito firmemente que os residentes de Hong Kong não vão

desistir”, disse Benny Tai num discurso para as pessoas no local antes de entrar na esquadra.

MANTER A PRESSÃOA tensão continua na região admi-nistrativa especial de Hong Kong, depois de meses de protestos de-sencadeados com a decisão tomada por Pequim em Agosto de aceitar o sufrágio universal para o chefe do Executivo em 2017, mas só depois de os candidatos serem pré-seleccio-nados por um comité eleitoral.

O empresário dos media Jimmy Lai e os líderes estudantis do mo-vimento ‘Scholarism” e Federação dos Estudantes, Joshua Wong e Alex Chow, respetivamente, foram recentemente detidos e libertados no âmbito da investigação.

Ambos os líderes estudantis questionaram o processo, dizendo que a polícia os devia acusar no caso de haver provas.

Benny Tai confirmou sábado que vai participar numa manifestação pró-democracia agendada para dia 01 de Fevereiro – a primeira após o fim da ocupação das ruas – com uma adesão estimada pela organização em cerca de 50.000 pessoas.

Page 13: Hoje Macau 26 JAN 2015 #3259

13REGIÃOhoje macau segunda-feira 26.1.2015

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a)Balançosdeverificaçãooubalancetesprogressivosdorazãogeral,antesedepoisdoslançamentosde rectificaçãoouregularizaçãoedeapuramentodosresultadosdoexercício;b)MapamodeloM/3dedepreciaçõeseamortizaçõesdosactivosfixostangíveiseintangíveisemapa modeloM/3Adadiscriminaçãodoselementosalienadosatítuloonerosoedosabatidosaqueserefere aalínead)don.º1doartigo13.ºdoRegulamentodoImpostoComplementardeRendimentos;c)MapamodeloM/4domovimentodasprovisõesaqueserefereaalíneae)don.º1doartigo13.ºdo RegulamentodoImpostoComplementardeRendimentos.

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5. ConformeoRegulamentodoImpostoProfissional,afaltadaentregadadeclaraçãoderendimentosedasrelaçõesnominaisdosempregadosouassalariados,ouainexactidãodosseuselementos,serápunidacomamultade500,00a5.000,00patacas.

6. OsimpressosdadeclaraçãoedasrelaçõesnominaissãodisponíveisnoNúcleodoImpostoProfissionaldoEdifício“Finanças”,noCentrodeAtendimentoTaipaenoCentrodeServiçosdaRAEM.

Aos4deDezembrode2014.ADirectoradosServiços,VitóriadaConceição

O primeiro-ministro japonês qualificou ontem de “ignóbil e imperdoável” a

execução de um refém nipónico pelos ‘jihadistas’ do Estado Islâ-mico, enquanto Obama, Cameron e Hollande condenam assassinato e expressam solidariedade.

Shinzo Abe, que falava após a divulgação de um vídeo da execu-ção que o Japão considerou credí-vel, exigiu a “libertação imediata” de um segundo refém, o jornalista Kenji Goto, raptado pelo Estado Is-lâmico em Outubro do ano passado.

“Este é um acto terrorista ignóbil e imperdoável, condeno fortemente”, declarou Shinzo Abe, que exprimiu as suas condolências à família do seu compatriota assas-sinado, Haruna Yukawa, que terá sido presumivelmente raptado na Síria em Agosto último.

“Vamos continuar a lutar contra o terrorismo ao lado da comuni-dade internacional”, prometeu o primeiro-ministro japonês.

Também os líderes dos prin-cipais partidos políticos japone-ses manifestaram ontem a sua indignação face ao assassinato de Haruna Yukawa.

SOLIDARIEDADE INTERNACIONALO Presidente norte-americano, Barack Obama, foi o primeiro

Myanmar Mais de 400 crianças soldado libertadas pelo exército

MAIS de 400 crianças soldado foram libertadas no ano passado

pelos militares de Myanmar, confir-maram sábado as Nações Unidas, um número recorde desde que o exército “Tatmadaw” assinou um pacto com a ONU sobre este tema em 2012.

Não existem dados que possam ser verificados sobre quantas crianças estão actualmente ao serviço dos militares de Myanmar, que têm sido acusados de abuso de direito, incluindo o recruta-mento forçado de menores para detectar minas humanas.

Desde que o pacto foi assinado, um total de 595 crianças foram libertadas, com 70% das libertações - 418 - a terem lugar nos últimos 12 meses, incluindo 42 na sexta-feira, adianta as Nações Unidas.

“No período de um ano, este é um número recorde de crianças que saí-ram das Forças Armadas, reflectindo os esforços acelerados do governo de Myanmar e do Tadmadaw para acabar com a prática de recrutamento e uso de crianças”, disse a coordenadora das Nações Unidas em Myanmar, Renata Lok-Dessallien.

Todos os que foram libertados pelos militares tinham menos de 18 anos.

Dois dias depois do ultimato feito pelos ‘jihadistas’ exigindo 200 milhões de dólares, um dos dois reféns japoneses foi executado. A comunidade internacional já repudiou o actoe promete continuar a lutar contra o terrorismo

JAPÃO CLASSIFICA DE “IGNÓBIL” EXECUÇÃO DE REFÉM

Acto imperdoável

a reagir, ao garantir que os Es-tados Unidos estão “ao lado do seu aliado japonês para trazer os assassinos à justiça e tomar me-didas para reduzir e, finalmente, eliminar o Estado Islâmico”.

Barack Obama ligou a Abe da Índia, onde se encontra de visita, para exprimir a sua “solidarieda-de com o povo japonês”.

O primeiro-ministro britâ-nico, David Cameron, afirmou

que esta morte e as outras ameaças do Estado Islâmico demonstram a “barbárie destes terroristas”.

Também o Presidente fran-cês, François Hollande, con-denou o “assassinato bárbaro” e congratulou-se “com a forte determinação do Japão na luta contra o terrorismo internacional e o seu papel activo a favor da paz no Médio Oriente”.

A execução do cidadão ja-ponês acontece menos de dois dias após o fim do ultimato de 72 horas feito pelos ‘jihadistas’ do Estado Islâmico, que ameaça-vam executar os dois japoneses se não recebessem 200 milhões de dólares.

Page 14: Hoje Macau 26 JAN 2015 #3259

14 hoje macau segunda-feira 26.1.2015

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

“A CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DE MACAU DE BEATRIZ BASTO DA SILVA É TAMBÉM UMA OBRA DE AFINIDADE EXISTENCIAL E INTELECTUAL COM MACAU, UM RESULTADO DE DÉCADAS DE TRABALHO HISTORIOGRÁFICO AO SERVIÇO DA CIDADE REGIÃO AUTÓNOMA E DAS SUAS MÚLTIPLAS COMUNIDADES, INSTITUIÇÕES, FACES”

U MA nova edição da Cro-nologia da História de Macau, reformulada e aumentada pela autora, Beatriz Basto

da Silva, vai ser lançada na próxima quinta-feira, dia 29, às 18 horas, no Clube Militar. A apresentação da obra será feita por António Vasconcelos de Saldanha.

A edição, com que se iniciam as celebrações dos 25 anos da editora Li-vros do Oriente, está dividida em quatro volumes, num to-tal de 1500 páginas, tratando o primeiro volume dos séculos XVI, XVII e XVIII; o segundo volume do século XIX e o tercei-ro do século XX.

O quarto volu-me inclui as rela-ções dos Papas do século XV ao sécu-lo XX; dos Reis de Portugal a partir da II Dinastia; dos Pre-sidentes da Repú-blica Portuguesa; dos Capitães-gerais e Governadores de Macau; dos Secretá-rios-adjuntos pós-25 de Abril; dos Imperadores da China; dos Presidentes da China; dos Bispos e Governadores do Bispado de Macau; dos Reitores do Colégio de S. Paulo em Macau (1564-1762); dos Vice-reis e Governadores da Índia Portuguesa (1505-1961); dos Governadores de Timor; dos Procuradores do Leal Se-nado; dos Presidentes do Leal Senado; das Autoridades que estiveram à frente

P ASSARAM-SE mais de 15 anos sobre a anterior edição, em lín-gua portuguesa, do V e último volume da Cronologia da His-

tória de Macau, e alguns anos, também, sobre a sua versão em língua chinesa.

A evolução da historiografia e a divulgação de novas fontes nesta área abrem vastas perspectivas.

Atendendo à necessidade de reeditar uma obra esgotada, e também por dese-jar dilatar o período apreciado, que ia só até à assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa e vai agora até ao final da Administração Portuguesa do Território, entendo reformular os volumes anterio-res e apresentar um todo actualizado.

Bem sei que, se a “Ciência procura, acima de tudo, gerar conhecimento”, nos seus pressupostos não se dispensa a Qualidade. Igualmente basilar é a Ho-nestidade, entre outros valores1. A fácil difusão de originais na Internet con-vida a muitas colagens sem assinatura dos verdadeiros autores. Essa nefasta prática está hoje muito generalizada, quer em publicações mais correntes quer mesmo em trabalhos académicos superiores. E isso é crime.

Ora eu vivo de contributos alheios, não sempre, mas na quase totalidade, e não posso apor todos os créditos de au-toria numa obra que, à partida, se limita à apresentação cronológica dos aconte-cimentos. Não apareço como autora, a não ser nos comentários em que é evi-dente o estudo, expressão e linguagem pessoais. Fiz, sim, a minha busca e se-lecção, por vezes com mais do que uma versão para os mesmos sucessos e, nessa circunstância, apresentei sempre as fon-tes. Procurei, em transcrições mais lon-gas, mais pitorescas, mais científicas, ci-tar os seus redactores. Para meu próprio conforto, a bibliografia que apresento é bastante extensa.

Chego mesmo a indicar bibliografia, indirectamente, isto é, citada nas fontes que credencio e sigo, mas que não pude consultar pessoalmente. Se pretendo

Beatriz Basto da silva

ajudar, entendo que essa menção, mes-mo indirecta, consubstancia auxílio e pode iluminar percursos de outrem.

A Qualidade, quesito atrás mencio-nado, diz-me que, num trabalho de Cro-nologia, há sempre a obsessão por me-lhorar. A dispersão e as informações sus-peitas obrigam a muitos anos de esforço intelectual e físico. Os olhos jovens que não crivavam sempre o erro, não vêem também agora as boas achegas que lhe escapam e o prejuízo é dobrado.

Mas, honestamente, reconheço que as limitações humanas podem com-prometer e adiar sine die a publicação. Pesando essas limitações e o mérito de tão porfiada colheita, decidi correr o risco e partilhar.

“O que não se publica não existe” 2! Deposito, nas mãos de quem se em-

penha em “gerar conhecimento”3, este contributo. Ao utilizá-lo, é mister des-fazer erros e completar lacunas. Esta-rão, em contrapartida, abertos muitos caminhos e dadas muitas respostas.

Agradeço os incontáveis apoios de natureza vária e evoco as palavras de Fr. Gaspar de São Bernardino no Iti-nerário da Índia por Terra, quando diz que “Antigo Costume É De Todos Os Que Escrevem Pedir Perdão Das Faltas e Erros Em Suas Escrituras Cometidos”.

O tempo julgará a entrega, o empe-nho desinteressado com que fiz esta ree-dição. Que a obra sirva dois propósitos:

– Permitir aos Portugueses, através de Macau, serem mais Portugueses

– Sensibilizar a China para a memó-ria-herança humana e cultural que Ma-cau representa, quer num passado secu-lar de convergência, quer no futuro de generosas perspectivas que se abrem, à escala mundial.

PP. 5-6 do Volume I

1 Oliveira, Luís Adriano (2013), Ética em Investigação Científica – Guia de boas práticas com estudos de caso, ed. DITEL – Lisboa. 2/3 Ibidem

das Ilhas; dos Capitães dos Portos de Macau; e dos Comandantes Militares.

O quarto volume insere ainda os ín-dices remissivos onomástico e temático.

O Prof. Luís Filipe Barreto, presi-dente do Centro Científico e Cultu-ral de Macau em Lisboa, que assina o prefácio desta edição, considera que “A Cronologia da História de Macau de Beatriz Basto da Silva é também uma obra de afinidade existencial e intelectual com

Macau, um resultado de décadas de traba-lho historiográfico ao serviço da cida-de região autónoma e das suas múltiplas comunidades, insti-tuições, faces. Todos os que sentem e pul-sam Macau ou seja, a sua consistência mul-tissecular a caminho do meio milénio de modernidade global, estão agradecidos à autora de um traba-lho árduo mas essen-cial para a objectiva compreensão desta terra e das suas gen-tes no passado, pre-sente e futuro”.

Por seu lado, a autora escreve numa “Nota prévia” que esta edição terá dois principais propó-sitos: “permitir aos Portugueses, através de Macau, serem mais Portugueses” e “sensibilizar a China para a memória--herança humana e cultural que Macau representa, quer num passado secular de convergência, quer no futuro de generosas perspectivas que se abrem, à escala mundial.”

Cronologia da História de Macau

“NOTA PRÉVIA”Nova edição reformulada

e aumentada da “Cronologia da História de Macau”

FIXAR A HISTÓRIA, DESPERTAR

SENSIBILIDADES

Page 15: Hoje Macau 26 JAN 2015 #3259

15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 26.1.2015

P ARECE impossível privar com a História, com intuitos cien-tíficos ou mesmo por curio-sidade, sem o apoio de uma

Cronologia. Inúmeras obras produzidas até

hoje no Extremo-Oriente, sobretudo em língua chinesa, japonesa e inglesa, apresentam esse auxílio indispensável.

Eis por que há anos venho tentando aperfeiçoar, para a História de Macau, um instrumento de trabalho desta na-tureza, na esteira de vários ensaios que outros estudiosos portugueses e eu pró-pria já demos à estampa.

Uma Cronologia de base, a apresen-tar, por hipótese, em Monografia, será necessariamente restrita ao essencial.

Porém o que pretendo oferecer agora é um cenário cronológico en-volvente mas de acesso fácil, que aju-de a enquadrar a presença de Portugal em Macau, a partir do Século XVI, e o desenrolar irradiante da sua forma de estar até ao final do Século XX.

O equilíbrio entre a importância e o desenvolvimento da notícia é sem-pre de difícil precisão, porque, por um lado não é tarefa objectiva que alicie e se entregue a um técnico desinserido da problemática histórica e, por outro, o historiador que organize Cronologia tem que combater a tendência subjec-tiva de sobrevalorizar por empatia, tem que escolher criteriosamente, tem que se espartilhar nas coordenadas tempo--espaço-interesse.

Ora o facto histórico, cientifica-mente visto como tal, não nos parece o único a interessar, portanto, à Cro-nologia; há uma área grande de flexi-bilidade ao fornecer informações que o podem esclarecer. Para o investigador que se socorre deste auxílio, os míni-mos dados são pistas preciosas.

Daí a perplexidade: até onde ir? Qual será, em Cronologia, o balanço correcto, para o utente dos nossos dias, entre pormenor e essência.

Confesso-me ainda reticente, de-pois de ter compulsado o esmagador volume de dados que concorreram para este trabalho, penitenciando-me pelas falhas que me cabem no resulta-do. De qualquer modo, uma empresa destas fica sempre em aberto para rec-tificações e acréscimos em reedições posteriores, beneficiadas pela crítica que entretanto merecer e pelas buscas pessoais que nunca se dão por findas.

As fontes que utilizei nada têm de comum entre si, nem pretendi homogeneizar estilisticamente as informações. Cotejei-as para poder credenciá-las, mas conservei muitas vezes, dado o colorido que possuíam, as expressões e a construção original das ideias.

Cronologia da História de Macau

A ABRIR

Beatriz Basto da silva

Segui documentos e espécies bi-bliográficas de épocas diferentes e de diferentes idiomas, nomeadamente em latim. Não foram poucos, dentro de cada língua, os confrontos de evo-lução semântica e ortográfica. No-mes e lugares, ultrapassadas dúvidas de identidade, aparecem pois, e fre-quentemente, escritos, nesta Crono-logia, de forma arcaica, se europeus, ou com diferente romanização, se chineses.

Na generalidade, acomodei-me à fonte, para cada caso. Mas entendi por indispensável todo o rigor possí-vel na referência uniforme a dinastias e imperadores da China, porque as propostas fonéticas são, mesmo consi-derando apenas a moldura dos dialec-tos chineses, inúmeras. Por esse moti-vo recorri a dados oficiais em vigor no então Território de Macau, consigna-dos no Decreto Lei n.o 88/85/M, de 11 de Outubro de 1985, publicado no Boletim Oficial n.o 40 (Suplemento) da mesma data.

Usei, na maioria dos casos, a cita-ção do ano, mês e dia de cada assento. Por vezes surgiram dúvidas que não consegui ultrapassar. Sempre que me apercebi de discordância ou comple-mentaridade, alertei e encaminhei para o confronto de dados. Entendi não de-ver tirar conclusões, pelo que a opção – como a crítica – ficam à consideração do leitor.

Naturalmente nem as fontes oci-dentais nem as orientais serão total-mente isentas. Mas podê-las comparar dar-nos-á matéria para, evidenciando pontos de convergência, encontrar uma posição de equilíbrio que dignifi-cará, assim o creio, ambas as partes e que, acima de tudo, nos conduzirá à verdade dos factos.

Os Séculos XVI e XVII, em espe-cial, foram iluminados pelas recentes versões, em português, de documen-tos chineses de que não dispus na primeira edição da Cronologia. Tais achegas permitiram agora uma abor-dagem mais esclarecedora, assim o desejo.

O Século XVIII revela-se muito mais documentado do que os ante-riores. Os Jesuítas da Corte de Pe-quim recebem as maiores distinções e cargos, são íntimos do Imperador que os admira. A Missão prospera, conforme relatam nas Cartas Ânuas. Traduzem, publicam e divulgam a Fi-losofia e Cultura Chinesas, até aí des-

conhecidas no exterior. A abertura e circulação de informes nos dois sen-tidos é franca e influencia a Europa das Luzes:

Multiplicam-se encomendas de porcelanas armoreadas e não só. Co-piam-se em todos os suportes artísti-cos os motivos chineses (chinoiserie). Correm a organizar-se viagens e em-baixadas. Os relatos e pinturas dessas viagens são verdadeiros quadros vivos da época. Macau, porto europeu na China, torna-se centro de paragem/descanso, muito retratado.

O Marquês de Pombal, a meio do século, atinge os jesuítas e, com eles, a Missão da China, já afectada pela Questão dos Ritos. O Ensino em Ma-cau é abalado.

Sofrendo as ondas de choque po-líticas e económicas do século prece-dente, o entreposto português vive em aperto. Mesmo assim é chamado a pro-ver diplomática e monetariamente as embaixadas que vêm do Reino à China e deverão apresentar-se ao Imperador, pomposas e luzidas.

Adensa-se o tráfego Goa-Macau-Ti-mor. A Santa Casa soma ao seu papel social-assistencial a vertente económi-co-financeira.

Assiste-se à pressão dos mandarins do sul e à diplomacia fronteiriça. Estes aspectos têm sido objecto de estudo aturado. A correspondência entre as partes é publicada. As traduções dos respectivos originais e seu cotejo ex-plicam e exibem mais convergência do que poderia pensar-se.

O Século XIX é iluminado pela pro-ximidade ao nosso tempo. Quase todas as notícias têm algum relevo histórico, retratando o seu quotidiano, tão próxi-mo e tão distante dos hábitos de hoje, tão curioso, porque cenário dos nossos antepassados recentes. Há jornais e ou-tras publicações .

Enfim, cada pessoa gostará de en-contrar factos de que ouviu falar, apre-ciará apoiar a sua imaginação em do-cumentos e gestos que desencadearam as mil e uma facetas que herdámos e conhecemos, mais ou menos desvane-cidas pelo tempo.

Fiquei perplexa no tratamento a dar à imprensa periódica. São inte-ressantíssimos os exemplares mas não tinha sentido trazê-los com pormenor para as páginas de uma Cronologia. Cabia-me apenas registar os passos essenciais para a percepção arruma-da dos factos. Por isso não esgotei os

jornais mas mencionei o seu início e termo, alguns aspectos da ideologia própria de cada um e, isso sim, as no-tícias mais marcantes que veicularam. De resto eles existem ainda em grande parte, estão microfilmados e podem consultar-se paralelamente a outras fontes – Revistas, Boletins, etc. - nos sites do Arquivo Histórico, das Biblio-tecas de Macau e Hong Kong, para lá das buscas informáticas, hoje de aces-so global.

Por força dos motivos indicados, e de alguns mais que adiantarei, a Cronologia do Séc. XIX tem um vo-lume muito maior do que os antece-dentes. Basta lembrar que à imprensa de comunicação, que desabrochou aquando do Liberalismo, se juntou toda a literatura referente aos Trata-dos e Missões Diplomáticas entre Po-tências Europeias e a China; depois, a existência – a partir de 1841 – de Hong Kong, a que a História de Ma-cau e sua gente está tão intimamente ligada, a multiplicação de feitorias no Sul da Grande Nação vizinha, e, por causa delas, o movimento, em Macau, de pessoas, embarcações e mercadorias que os documentos re-gistam, alargando o cosmopolitismo que os portugueses no Oriente sem-pre acarinharam. É no Séc. XIX que se desenvolve o tráfego de cules, que também aqui registo, se bem que, em livro indicado na Bibliografia, o de-senvolva mais por extenso.

Há ainda que contar com a Admi-nistração, acrescentada à da Penín-sula de Macau, das Ilhas da Taipa e Coloane, onde tudo estava por fazer; há que juntar todos os circunstancia-lismos que a Macau cabia atender a propósito de Timor, suas riquezas, necessidades, quer materiais, quer es-pirituais.

Os piratas viviam em redor de Ma-cau uma época de força. O Senado da Câmara atinge um ponto alto, na luta contra estes fora-da-lei, o que, somado a outras razões, lhe vale por parte de D. João VI o título de LEAL.

A organização político-adminis-trativa em Portugal tem no enclave os seus ecos, uns mais radicais, outros, pela própria determinação régia, adap-tados aos costumes e regras de viver orientais. É a época das Associações e Clubes, dos Estatutos por que se pau-tam, dos Regulamentos que regem as novas Escolas, da nova organização do funcionalismo, dos novos Códigos e Leis, com suas revisões cada vez mais precisas e objectivas.

Se a passagem breve por todas es-tas alíneas poderá falar da extensão

(Continua na página seguinte)

Page 16: Hoje Macau 26 JAN 2015 #3259

16 hoje macau segunda-feira 26.1.2015h

G. W. Leibniz (1646 – 1716) um dos maio-res historiadores do seu tempo e influente

figura da protosinologia afirma, em carta de 1692, que: “... para compreen-der distintamente a história podemos compará-la ao corpo de um animal em que os ossos tudo suportam ... por isso, considero a cronologia ou o conheci-mento do tempo como a base ou o es-queleto que forma os fundamentos de todo o resto porque a história sem ver-dade é um corpo sem vida é necessário nada afirmar sem base factual...”

A história como investigação ra-cional protocolada, de que Leibniz é um dos fundadores, é conhecimen-to da realidade sociocultural humana enquanto temporalidade. Lógica de sucessão, de antes e depois, em série relacional e processual. A história é racionalidade temporoespacial, expli-cação do humano por relacionamentos de posição e de sucessão, de possibili-dade e de necessidade.

Apre(e)nder uma cronologia é ad-quirir o primeiro saber ler, contar e escrever da lógica temporal. Sem tem-poespaço não existe historiar, nem se-quer é possível a mais elementar racio-nalidade e objetivação dos fenómenos humanos porque, “...o primeiro nível de estudo nas ciências sociais...é o das prá-ticas sociais organizadas no Tempo e no Espaço...” (Anthony Giddens/1984)

A Cronologia da História de Macau de Beatriz Basto da Silva, surgida pela pri-meira vez em 1992 a 1998, cinco volu-mes, agora acrescentada, aprofundada e reeditada é uma obra chave de im-prescindível consulta para o conheci-mento de Macau, no passado e no pre-sente. Um dos trabalhos obrigatórios a ler quer pelo grande público curioso de contactar com a situação deste ou daquele dado quer por todo e qualquer especialista em matérias de Macau. A cronologia é a tabuada do sendo so-ciocultural que possibilita, a alguns, elementares operações de adição inte-lectual e a outros complexos cálculos de probabilidade relacional.

Criar uma cronologia é um trabalho de alta precisão, atenção, pormenor. Um trabalho de acumulação, seriação, selecção de dados e de informação. De comparação de fontes afinando datas e detalhes, eliminando e corrigindo fal-sa informação ao mesmo tempo que se selecionam acontecimentos mais rele-vantes que devem compor o sentido

Luís FiLipe Barreto

Cronologia da História de Macau

PREFÁCIOestrutural e processual daquela e não doutra data e sequência temporal.

O ordenamento temporal do re-levante para uma cronologia é traba-lho historiográfico de fundamentada e criteriosa seleção: “...constrói-se no tempo, recebe do tempo a sua forma como ordem de uma sucessão e daí o seu sentido...” (Pierre Bourdieu/1980). É harmonização de diferentes ritmias temporais que se escondem e manifes-tam na aparência linear do calendário. Numa data inscrevem-se plurais e dife-renciais tempos locais e globais, sociais e culturais, próximos e distantes.

Macau é um micro-espaço em rede global, uma fronteira marítima única da Europa/Portugal com a China. Esta condição espacial de Macau, como ponto em conexão múltipla de áreas, faz com que a cronologia de Macau seja uma paradoxal e complexa mistu-ra de tempos mais próprios e internos e tempos mais externos em confluên-cia. Tempos múltiplos, mais locais ou mais globais, em fusão. O meridiano de Macau pulsa tempos locais das co-munidades e instituições da cidade portuária internacional mas, ao mes-mo tempo, pulsa tempos mais globais desde os regionais do Sul e dos Mares da China (das províncias de Guang-dong e do Fujian ao Nanyang e Quiu-xu) aos dos distantes centros estatais de Pequim, Lisboa, Madrid. Tempos locais das rotas e mercados de Can-tão, Hong Kong e tempos globais de rotas e mercados de Manila, Malaca/Singapura, Índico e Pacíficos Asiáti-co e Americano, Atlânticos Africano, Americano, Europeu.

Na lógica dos tempos de Macau inscrevem-se mil e uma sucessões tem-porais próximas e distantes porque Ma-cau é, desde cerca de 1555- 1557, um local global de tempo plural, um espa-ço-tempo da China aberta à Europa e ao resto do mundo.

A Cronologia da História de Macau de Beatriz Basto da Silva é também uma obra de afinidade existencial e intelectual com Macau, um resultado de décadas de tra-balho historiográfico ao serviço da cida-de região autónoma e das suas múltiplas comunidades, instituições, faces. Todos os que sentem e pulsam Macau ou seja, a sua consistência multissecular a caminho do meio milénio de modernidade global, estão agradecidos à autora de um traba-lho árduo mas essencial para a objectiva compreensão desta terra e das suas gen-tes no passado, presente e futuro.

deste volume, cabe-me ainda focar outro aspecto: de início, só tive aces-so, com raras excepções em que con-segui tradução, a obras escritas em línguas ocidentais, visto não dominar o chinês escrito, muito menos o chi-nês antigo, e de japonês não dominar a língua escrita nem falada. A presen-te edição beneficia, em grande parte, da actividade editorial da Fundação Macau da RAEM, que se tem desdo-brado em traduções e estudos, bem como da historiografia desenvolvida entretanto pela nova geração de em-penhados académicos portugueses, e de outras nações que têm na sua pró-pria história pontos de interesse co-mum. Nos documentos, a referência sobretudo à toponímia muda muito conforme as fontes e a sua respectiva data. Shanghai (Shangae, Xangai) é um exemplo paradigmático das dife-rentes grafias. Tais diferenças acaba-ram por ser, também, históricas. As-sim, adoptei para esses casos, como regra, a modalidade expressa em cada documento que consultei, guardando para a palavra-chave no índice remis-sivo a uniformização pela grafia mais usada, ao abrigo da qual se encon-tram referenciadas as menos comuns, sem comprometer a localização de todas, ao longo do trabalho.

A elaboração da Cronologia do Século XX foi tão penosa como gra-tificante, tantos eram os dados e no-vos filões informativos que ganhavam lugar imperativo na lista de fontes a consultar.

A meio do século há como que uma divisória sugerida pelas convulsões da II Guerra Mundial e seus ecos. No panorama oriental, observa-se, além do mais, o enquadramento na nova ordem, decorrente da implantação da República Popular da China.

Sendo certo que chegámos ao Sécu-lo XXI, o Século XX é, para a maioria dos presentes leitores, o “nosso Século”.

Carregado de memórias, familia-res ou colectivas, tem a vantagem de oferecer muito mais documentos pri-mários do que os séculos anteriores, desde os Boletins Oficiais ao panfleto político, dos processos em arquivo ao bilhete de cinema, dos port-folio com projectos ao registo fotográfico.

O nó do problema foi, assim, na alta vaga de tanto material reunido, es-colher e trazer a público, com o equilí-brio que desejo respeitar, matéria onde palpitasse o apainelamento, rico e arti-culado, da vida de Macau.

O tratamento dado em geral aos periódicos segue a posição enunciada anteriormente para o século XIX.

Sempre atendendo ao valor da História como “Mestra da Vida” pro-

curei apresentar sem sobrecarga nem leviandade o registo sóbrio mas tam-bém o pitoresco, enfim o que global-mente considerei que melhor serve à transmissão útil do passado ao pre-sente e de ambos ao futuro.

O Século XX foi também o último século de Administração Portuguesa do Território de Macau. Na edição anterior tracei como limite da Cro-nologia a Assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, por estar muito envolvida a nível pessoal e político no “Período de Transição” e considerar que a falta de perspectiva não é boa conselheira. Em nada... e muito mais num trabalho histórico. Quase duas décadas depois, consi-dero que o meu ponto de observação é livre e isento para avançar até 19 de Dezembro de 1999. Não obstan-te, ainda acolhi no trabalho anterior aquilo a que chamei “Apêndice Cro-nológico – 1988- 1996. Moderniza-ção e Internacionalização de Macau: Figuras e Factos”, um anúncio bre-ve mas que reputei como essencial enunciar, pensando um dia desdobrar a riqueza que continha.

E esse dia chegou com a presente edição da Cronologia.

A vertigem do tempo desde o início até ao fim do Período de Transição, o volume de iniciativas desencadeadas e levadas a bom termo, sob a pressão do compromisso e da honra, levam-me a dizer algumas palavras de apreciação – que desejo sejam lidas como opor-tunas e justas – a respeito do epílogo da Administração Portuguesa. Serão expressas no lugar que lhes cabe nesta Cronologia.

Também há um lugar, e creio ser este o momento, para expressar quanto me valeu o apoio, o empenho e a pa-ciência “beneditina” com que o meu marido – um biólogo – se adaptou às especificidades da História, para me ajudar. Este trabalho não é meu, mas nosso.

É sempre difícil apor a palavra Fim a um trabalho, pela simples razão de que o Homem não foi feito para possuir, mas para buscar. A insatisfação humana guarda na sua dolorosa natureza o ou-tro lado da medalha da Vida – a alegria de poder sempre progredir. Quando muito, vencemos etapas.

Sei que nunca pararei de tentar esclarecer-me e de recolher elementos sobre Macau.

Sei também que, enquanto puder, partilharei o que for descobrindo, jun-to de tantos estudiosos que se têm inte-ressado pelo meu trabalho, incitando--me a continuar.

Pp. 7-12 do Volume I

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GONÇ

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RESULTADOS2.ª JORNADA

17DESPORTOhoje macau segunda-feira 26.1.2015

GONÇALO LOBO [email protected]

P ROMETIA e valeu a pena. Quem se deslocou ao estádio da Universidade de Ciência e Tecnologia

(MUST) para assistir ao derby de matriz portuguesa teve uma tarde bem passada. À segunda jornada da Liga de Elite, Sporting e Benfica deram um espectáculo bem dispu-tado que no final se materializou num empate a um golo.

As equipas começaram o jogo com vontade de mostrar serviço. O Benfica, mais organizado e afoito, conseguia ir mais vezes até ao últi-mo reduto sportinguista. Contudo, e em contra-ataque, o Sporting metia algum medo às águias do território. Não fosse os verdes-e--brancos não terem soluções de ataque no plantel e a história da finalização na baliza de Rui Nibra poderia ter sido outra.

Muito bem disputada e leal, a primeira parte mostrou um irrequie-to Jorge Tavares, bem coadjuvado pelo criativo Bruno Brito, por parte do Sporting, e um Edgar Teixeira a encher o campo por parte do Ben-fica. Aliás, o centro-campista do Benfica terá sido, na nossa óptica, o melhor jogador em campo. Bem a defender, bem a distribuir e até bem a ir à frente, Edgar Teixeira, conseguiu fazer um excelente jogo de futebol. Do lado do Benfica, des-taque ainda para uma boa primeira parte de Fabrício, sempre rápido a abordar cada lance.

O derby de matriz portuguesa era o jogo grande da jornada e não defraudou. Disputado desde o primeiro minuto, Benfica e Sporting anularam-se com um final onde a estrelinha sorriu aos verdes e brancos, com um Dia de Reis fora de tempo

LIGA DE ELITE SPORTING EMPATA COM BENFICA NOS ÚLTIMOS MINUTOS DO JOGO

A prenda do rei Gaspard

Equilibrado, o jogo viu o guarda-redes do Sporting, Juninho, a cometer grande penalidade sobre o jogador encarnado muito perto do descanso. Aos 43 minutos, o avançado William, marcador de serviço do Benfica nos penáltis, colocou o Benfica em vantagem – à segunda tentativa, uma vez que o árbitro anulou a primeira marcação do castigo máximo. Um golo que colocou os encarnados em vanta-gem ao intervalo.

MENOS FUTEBOL E MAIS NERVONa segunda parte, mais do mesmo mas com menos intensidade. Os jo-gadores começaram a envolver-se mais em faltas e, apesar de conti-nuar a ser um jogo agradável de ser visto, nem sempre se desenrolou com a desenvoltura que se viu no primeiro tempo.

Jorge Tavares deixou de ser solução para os leões e para o seu lugar entrou a única opção avança-da do plantel Chan Kin Seng, que não tem argumentos para, sequer, estar no plantel leonino. Trata-se de um jogador lento, com pouco poder de elevação e sem técnica. Com Jardel lesionado a época inteira, o Sporting de Macau terá muitas dificuldades para chegar aos golos.

O jogo prosseguiu. A toada mais

morna que no primeiro tempo mos-trava, ora ataques do Benfica, ora ataques do Sporting. Tempo ainda para estreia na Liga de Elite de Luisinho, avançado goleador con-tratado pelo Benfica que substituiu William aos 78 minutos de jogo.

O médio ofensivo Marco Meireles e o médio internacional por Macau Tang Hou Fai também entraram para o xadrez das águias substituindo, respectivamente, o inconsequente Iuri e o esgotado Fabrício.

Ka I 6 – Chuac Lun 1

Chao Pak Kei 5 – C. Portugal 1

Monte Carlo 2 – Sub-23 1

Lai Chi 1 – Polícia 0

Sporting 1 – Benfica 1

CLASSIFICAÇÃO

J V E D GM-GS P

1. Chao Pak Kei 2 2 0 0 11-1 6

2. Monte Carlo 2 2 0 0 5-1 6

3. Benfica 2 1 1 0 3-2 4

4. Lai Chi 2 1 1 0 2-1 4

5. Ka I 2 1 0 1 7-3 3

6. Sporting 2 0 2 0 1-1 2

7. Sub-23 2 0 1 1 1-1 1

8. Polícia 2 0 1 1 0-1 1

9. Casa de Portugal 2 0 0 2 1-8 0

10. Chuac Lun 2 0 0 2 1-12 0

Do lado do Sporting, entraram ainda Alex Sampaio e Henrique substituindo, respectivamente, Pedro Maia e Éder Timba.

REI MAGO FORA DE TEMPO Quem permaneceu em campo foi Gaspard Laplaine, e o médio direito acabou por dar uma pren-da ao seu clube. Aos 90 minutos de jogo, numa jogada na grande área, e em disputa no chão com o guarda-redes Rui Nibra, o jogador verde-e-branco consegue enviar

o esférico para dentro da baliza ainda com a ajuda de um dos defesas encarnados. Estava feito o empate. A estrelinha estava no céu e ajudou o Rei Mago francês a repor a igualdade, e a nosso ver, a justiça no marcador.

No final do encontro, os treina-dores das duas equipas apresenta-ram semblantes diferentes e, leitura de jogo igualmente dispares. João Maria Pegado, do lado do Sporting de Macau, disse aos jornalistas que o resultado foi “justo”. “Sofremos até ao fim mas acho que foi justo este golo no final. Na primeira parte, o Sporting defendeu bem o jogo e criou as melhores ocasiões de golo.”

Para o treinador verde-e--branco o “Sporting tem equipa” e mesmo a falta de opções ata-cantes não o esmorece. “Temos um avançado e vamos recorrer a adaptações como sucedeu hoje com o Jorge Tavares. Não temos capacidade orçamental para ter mais opções.”

Já Bruno Álvares referiu tratar--se de um resultado “injusto” para as cores encarnadas. “Se olharmos para a primeira parte só deu Ben-fica. O Sporting procurou fechar a sua baliza com muita gente. Ten-támos ser pacientes e procurar lá entrar. Apesar de termos ido para intervalo a ganhar, na segunda parte tivemos oportunidades para fazer o 2-0 e não fizemos.”

O treinador dos encarnados fala mesmo “em coisas de futebol” e descarta alguma displicência dos seus jogadores depois do 1-0. “Longe disso. Foi um jogo disputado e nós criámos diversas oportunidades para ganhar. Não tenho ideia de qualquer relaxa-mento.”

Última palavra para o árbitro do encontro que teve uma tarde de grande nível.

“Não temos capacidade orçamental parater mais opções”JOÃO MARIA PEGADOTreinador do Sportingde Macau

“Foi um jogo disputado e nós criámos diversas oportunidadespara ganhar”BRUNO ÁLVARESTreinador do Benficade Macau

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 16 MAX 21 HUM 75-95% • EURO 8 .9 BAHT 0 .2 YUAN 1 .2

ACONTECEU HOJE 26 DE JANEIRO

João Corvo fonte da inveja

O QUE FAZER ESTA SEMANA?18 (F)UTILIDADES hoje macau segunda-feira 26.1.2015

Turquia perde territórios• A 26 de Janeiro de 1699, após terminar a guerra turco--austríaca - de 1593 a 1648 -, é escrita a ‘Paz de Karlowitz’, que determinava que os turcos só conservariam o Banato de Temesvar, região que perdem 19 anos depois. Neste dia, a Hungria, a Transilvânia e a Ucrânia deixam de pertencer à Turquia.O ‘Tratado de Karlowitz’, assinado em 1699 em Karlovci (Karlowitz em alemão; Karlofça em turco, hoje uma cidade na Voivodina), encerrou a Guerra Austro-Otomana de 1683-1697, que resultou na derrota otomana.O tratado foi assinado neste dia, após um congresso de dois meses de duração entre o Império Otomano, de um lado, e a Santa Liga (coalizão formada por diversas potências europeias, incluindo o Império Austríaco, a União Polaco--Lituana, a República de Veneza e o Czarado da Rússia). Os otomanos cederam a maior parte da Hungria, a Transilvânia e a Eslovénia à Áustria, e a Podólia à Polónia. A maior parte da Dalmácia foi entregue a Veneza, juntamente com a Moréia (a Península do Peloponeso), que os otomanos ganharam de volta pelo Tratado de Passarowitz em 1718.O Tratado de Karlowitz marcou o início do declínio otomano na Europa Oriental e fez do Império Austríaco a potência dominante no sudeste da Europa.Também neste dia, mas em 1998, o presidente americano Bill Clinton nega, pela última vez, ter mantido relações sexuais com a estagiária Monica Lewisky.Anos antes, em 1987, a Coca-Cola recebe o título de refri-gerante número um nos Estados Unidos. Isso dá início à “guerra publicitária” entre a empresa e a Pepsi na disputa pelo mercado dos refrigerantes tipo cola.

“RITUAL UNION”(LITTLE DRAGON)

Directamente de Gothenburg, Suécia, recebemos Little Dragon. Uma banda guiada pela vocalista Yukimi Nagano, que é acompanhada por Erik Bodin, na bateria, Fredrik Källgren Wallin, baixo, e Håkan Wirenstrand nas teclas. Little Dragon surgiu em 1996 durante o ensino secundário dos membros. Foi em 2006 que o grupo saltou barreiras e, desde aí, tem vindo a conquistar uma legião de seguidores da música electrónica. ‘Ritual Union’ é um dos quatro álbuns de estúdio lançados e data do ano de 2011. Yukimi, de origem sueca, de aspecto doce e frágil, arrasa com uma voz alegre e viciante em vários registos, tendo inclusive trabalhado com a banda Gorillaz. - Filipa Araújo

• AmanhãABERTURA DA EXPOSIÇÃO ‘BEPPIN’, DE ARTE JAPONESA Casa Garden, Fundação Oriente, 18h30Entrada livre

• Quinta-feiraCONVERSAS ILUSTRADAS COM MÚSICA:“O ORIENTE NA ÓPERA OCIDENTAL – LAKMÉ”Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

• Sexta-feiraBUFFET DE VINHO E CERVEJAE ESPECTÁCULOS AO VIVOSoho, City of Dreams,a partir das 19h00Bilhetes a 150 patacas

• DiariamenteEXPOSIÇÃO “PONTO DE PARTIDA: PINTURASDE DENNIS MURREL E DOS SEUS ARTISTAS” (ATÉ 31/01)Fundação Rui Cunha, 18h30Entrada livre

EXPOSIÇÃO DE SÂNDALO VERMELHO (ATÉ 22/03)MGM ResortEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “KOREAN ART”,COM OH YOUNG SOOK E KIM YEON OK (ATÉ 15/02)Galeria Iao HinEntrada livre

EXPOSIÇÃO DE DESIGN DE CARTAZES “V•X•XV:”(OBRAS DE 1999, 2004 E 2009) [ATÉ 15/03]Museu da Transferência da Soberania de Macau,10h00 às 19h00Entrada livre

EXPOSIÇÃO “TRANSMUTATION”E “FOAM TIP”(PINTURA E PORCELANA, POR CAROL KWOKE ARLINDA FROTA) Signum Living Store, 18h30 (até 31/01)Entrada livre

“SELF/UNSELF” – EXPOSIÇÃO DE TRABALHOS DE ARTISTAS HOLANDESES (ATÉ 15 DE MARÇO)Centro de Design de MacauEntrada livre

C I N E M ACineteatro

SALA 1BLACKHAT [C]Um filme de: Michael MannCom: Chris Hemsworth, Viola Davis, Tang Wei, Wang Leehom14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2INTO THE WOODS [B]Um filme de: Rob Marshall

Com: James Corden, Emily Blunt, Meryl Streep14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3AMERICAN SPINER [C]Um filme de: Clint EastwoodCom: Bradley Cooper, Sienna Miller14.315, 16.45, 19.15, 21.45

BLACKHAT

U M D I S C O H O J E

Os casinos são grandes templos ao deusdos nossos dias: o dinheiro.

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19OPINIÃOhoje macau segunda-feira 26.1.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

cartoon por Stephff

N O dia 19 de Janeiro deste ano, o site “news.qoos.com” publicou uma notícia sobre uma pessoa, que pediu para permanecer anónima, que havia generosamente doado um escritório para a associa-ção “Hong Kong Federation of Youth Groups”. O espaço está localizado na Shanghai

Street, de Hong Kong, e tem cerca de 700 pés quadrados. Ficou ainda concordado que o espaço seria arrendado por períodos de dois anos e, apesar de a propriedade valer uma renda estimada entre 50 e 60 mil dólares de Hong Kong, apenas um dólar por mês seria cobrado aquela entidade.

Os jovens desta associação, que têm ida-des compreendidas entre os 18 e os 35 anos, ficaram então de submeter uma proposta em que se comprometeriam a:

• iniciar o negócio dentro de um ano; ou então

• a especificar os ramos de negócio a explorar durante os próximos três anos

Além disto, os jovens teriam ainda de pro-meter que:

• se dedicariam apenas ao seu próprio ramo de actividade; e que

• não dispunham de fundos parainvestir no seu próprio negócio

A notícia adiantava ainda que a preferên-cia seria dada aqueles jovens que estivessem preparados para operar um restaurante nestas instalações, tendo a associação salientado que esta era a primeira vez que havia recebido um donativo deste gênero.

A oferta destas instalações insere-se no plano “Youth Business Hong Kong”, que visa ajudar os jovens do território vizinho a montar o seu próprio negócio. O candidato escolhido poderá ainda candidatar-se a empréstimos sem juros, assim como ao apoio de um mentor, a assistência para a operação diária do negócio propriamente dito e ainda solicitar acesso a uma extensa rede de contactos.

Antes de avançarmos, convém perguntar a razão para cobrar uma renda de 1 dólar de Hong Kong por mês? Que tipo de pessoa é que está disposta a abdicar de uma renda tão avultada de forma a ajudar os jovens em questão?

Na lei contratual de Hong Kong, um con-trato tem de possuir consideração (um tipo de toma lá dá cá), o que é o mesmo do que dizer que uma das partes concorda em pagar por algo que a outra parte fica obrigada a fornecer. Por exemplo, se eu for a um supermercado comprar um gelado e pagar 10 dólares de Hong Kong, a minha consideração para este contracto de compra-e-venda equivale a 10 dólares e a con-

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

O seu próprio escritório por um dólarTalvez a experiência de Macau seja benéfica para os nossos vizinhos de Hong Kong. Aqui, temos muito menos área disponível mas, nos últimos 10 anos, a população local cresceu de 0.45 milhões para cerca de 0.6 milhões. A falta de terrenos disponíveis implica que haja cada vez menos espaço para os residentes de Macau. Contudo, o Governo de Macau foi corajoso o suficiente para considerar pedir mais terrenos a Pequim

sideração da parte do supermercado é o próprio gelado. Se, por sua vez, o supermercado optar por me oferecer o gelado, não há contrato, pois eu não tive de fornecer qualquer consideração.

Contudo, a consideração fornecida por ambas as partes pode não ser igual em valor. O supermercado pode até pedir-me apenas um dólar em troco pelo gelado, mas isto representa na mesma um contrato, pois a lei contratual de Hong Kong não estipula que o valor da consideração trocada entre ambas as partes tem de ser de igual valor. Mas se eu não pagar nada pelo gelado, um contrato não chega a ser efectuado. É por esta razão que o proprietário generoso optou por cobrar uma renda de um dólar de Hong Kong por mês.

A maior parte da população de Hong Kong apoia esta iniciativa, que continua a receber muitos comentários positivos. Isto deve-se ao facto de as rendas no território vizinho serem hoje em dia muito elevadas. O site “cna.com.tw” publicou o resultado de um inquérito denominado “Demographia International Housing Affordability Survey” em que Hong Kong aparece no primeiro lugar a nível mundial dos sítios em que a população não é capaz de comprar a sua própria casa. Nesta cidade, o preço médio das casas é equivalente a 17 vezes o salário anual médio dos seus cidadãos. No segundo lugar da lista aparece Vancouver, no Canadá, onde uma casa equivale a 10.6 vezes o salário médio anual dos seus residentes. Em terceiro lugar aparece Sydney, na Austrália, onde uma casa vale o equivalente a 9.8 vezes o salário médio anual da sua população.

Um outro relatório publicado pela compa-nhia internacional de recursos humanos ECA (ver o site “news.qoos.com” do dia 21 de Janeiro deste ano) aponta Singapura como o sítio ideal para se viver, distinção que a cidade ganhou pela 16ª vez. Neste mesmo documento, Hong Kong aparece no 17º lugar no ano passado, enquanto que este ano a sua posição sofreu uma descida acentuada ao aparecer na 33ª posição.

A listagem tem em consideração critérios como a educação, infra-estruturas, (a orga-nização física e estrutural necessária para a operação de uma sociedade), clima, serviços médicos, acomodação, qualidade do ar, se-gurança pessoal e o ambiente político, entre outros. Hong Kong aparece este ano na 33ª posição devido à boa qualidade do seu sistema de ensino, infra-estruturas e cuidados médicos.

Tanto o “Demographia International Hou-sing Affordability Survey” como o relatório da ECA indicam claramente as dificuldades que Hong Kong enfrenta no presente. Podemos facilmente imaginar que se tivermos de alocar mais de 40% dos nossos rendimentos para o pagamento de uma renda, a nossa qualidade de vida vai ser extremamente afectada. Mas, na realidade, a situação é ainda mais grave do que isto. Se uma pessoa trabalhar em Hong Kong e pretender comprar a sua própria casa,

tem de passar 17 dias por mês num regime “sem comida, sem bebida e sem qualquer outra despesa” para poder suportar este investimento, o que representa uma verdadeira catástrofe. Assim sendo, a doação de um espaço para que jovens possam começar o seu próprio negócio é uma ideia muito bem recebida.

Apesar de este gesto ser positivo, represen-ta apenas uma gota num copo de água e não pode extinguir o enorme fogo que representa a realidade actual. Para superar o problema da acomodação, o Governo da RAEHK aponta

com frequência a necessidade de aumentar o volume de terrenos disponíveis para cons-trução como a melhor opção disponível para controlar o preço das casas.

O chefe do Executivo de Hong Kong, C. Y. Leung, sugeriu nas suas Linhas de Acção Governativas para 2015 que a população devia considerar mudar a legislação que protege os parque naturais de modo a permitir que aí se construíssem edifícios para fins comerciais e residenciais. Esta sugestão mereceu obvia-mente muitas críticas por parte dos grupos de defesa ambiental. Se tal medida fosse adoptada, a cidade acabaria por ter ainda menos espaços verdes, e isto faria com que a qualidade do ar viesse a sofrer ainda mais deteriorações no futuro. Não faz sentido que os cidadãos do território vizinho tenham de sacrificar o meio ambiente apenas para ter mais sítios para comércio ou habitação.

Talvez a experiência de Macau seja bené-fica para os nossos vizinhos de Hong Kong. Aqui, temos muito menos área disponível mas, nos últimos 10 anos, a população local cresceu de 0.45 milhões para cerca de 0.6 milhões. A falta de terrenos disponíveis implica que haja cada vez menos espaço para os residentes de Macau. Contudo, o Governo de Macau foi corajoso o suficiente para considerar pedir mais terrenos a Pequim, sendo exemplos disso a ilha da Lapa, de Dom João e da Montanha. Com a adição destes novos terrenos, o futuro de Macau parece ser muito promissor.

Será que o Governo de Hong Kong deve considerar fazer o mesmo?

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hoje macau segunda-feira 26.1.2015

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Stock de sangue é normal em MacauOs SS asseguraram a semana passada que não há carência de sangue em Macau. O esclarecimento surge depois de alguns rumores circularem na internet sobre o que seria falta de sangue em armazém destinado a transfusões, nomeadamente no que ao tipo A dizia respeito. Os SS negam a informação. “As reservas de sangue em Macau são normais. O stock de sangue do tipo AB existente é de 33 unidades. No Centro de Transfusões de Sangue existem de dez unidades de sangue do tipo AB, no Centro Hospitalar Conde de São Januário existem 14 unidades de sangue do tipo AB e no Hospital Kiang Wu existem nove unidades de sangue do tipo AB. Em Macau cerca de 6,5% da população possui sangue de tipo AB e, como o sangue (eritrócitos) só é válido durante 42 dias, o Centro de Transfusões de Sangue não conserva grandes quantidades do sangue de tipo AB”, realça o comunicado, que assegura ainda que as informações sobre o armazenamento de sangue estão disponíveis na internet.

SÉRGIO ANÍBALin Público

Q UANDO forem conhecidos os resultados elei-torais, começa

um novo período de tensão que, além do novo Governo grego, terá como actores principais a troika, os merca-dos e os líderes das maiores economias da zona euro.

A primeira dúvida que poderá surgir é se, das elei-ções, sai realmente um novo Governo. O partido com mais votos terá três dias para formar uma maioria parlamentar que lhe dê um mínimo de estabili-dade. Se não conseguir, serão dados os mesmos três dias ao segundo partido para tentar fazer o mesmo.

Se, no final, não houver capacidade entre as forças parlamentares gregas para chegar a acordo para um Governo, as autoridades europeias ficarão sob pres-

SYRIZA E EUROPA SUAVIZAM POSIÇÕES PARA NEGOCIAÇÃO PÓS-ELEITORAL

Encurtar distânciasO que faz as duas partes aproximarem-se, à medida quechega o momento de começar a negociação? A verdade é que ambos os lados arriscam muito comum cenário de desacordo

são para prolongar o actual programa de ajustamento, que tem o seu fecho marcado para o último dia de Feverei-ro. O anterior Governo, de Antonis Samaras, deixou a última avaliação dos técni-cos da Comissão Europeia por concluir e ainda não foi aprovada a última tranche do empréstimo.

Se não houver Governo, é preciso marcar novas eleições e a Grécia não pode ficar sem um programa vigor, uma vez que isso significaria que o BCE deixaria de emprestar dinheiro aos bancos gregos.

Se um Governo acabar por ser formado, entra-se então noutra fase, também ela cheia de incertezas. O novo executivo vai ter de negociar com as autoridades europeias não só a conclusão do actual programa como a concretização do próximo, já que não parece viável que a Grécia consiga cumprir todos os seus compromissos

de dívida com o recurso, sem apoios externos, apenas ao financiamento do mercado. Com as taxas de juro outra vez acima dos 10%, uma saí-da limpa, como a conseguida pela Irlanda e Portugal, não parece viável.

MENOS PEDRAS NO CAMINHOEstas negociações não serão fáceis. Há alguns meses pareciam mesmo quase impossíveis. De um lado, o partido que lidera as sonda-gens na Grécia e que parece ser o que mais hipóteses tem de formar Governo, o Syriza, afirmava sem hesitações que não aceitaria qualquer nova austeridade e que a dívida do país tinha de ser cortada a

metade, por via de uma rees-truturação. Do outro lado, os líderes europeus, prin-cipalmente na Alemanha, afirmavam que reestruturar a dívida estava fora de hipótese e que não havia espaço de manobra para reduzir o ritmo de consolidação orçamental. As negociações entre a Euro-pa e a futura liderança grega pareciam caminhar para o fracasso e o país para fora da zona euro.

Recentemente, contudo, parece haver uma clara suavização das posições assumidas por ambas as partes. Do lado do Syriza,

embora o fim da política de austeridade continue a ser a principal bandeira eleitoral, os seus responsáveis têm insistido que o país não irá sair do euro, mostrando-se confiantes na possibilidade de conclusão de uma forma positiva de um processo negocial com as autoridades europeias. Ao mesmo tempo, os partidos pequenos que têm mais possibilidades de participar numa coligação governamental têm afirmado que só o farão se a Grécia não arriscar uma saída do euro.

Do lado dos líderes europeus, também se têm ouvido diversas vozes a abrir caminho a um alívio da po-lítica de austeridade e a uma

reestruturação da dívida. Na sexta-feira, o primeiro mi-nistro da Finlândia, um dos países que costuma colocar mais problemas na aprova-ção de programas de apoio aos países periféricos, disse que via como possível uma renegociação dos termos da dívida pública grega com o futuro Governo.

O que faz as duas partes aproximarem-se, à medida que chega o momento de começar a negociação? A verdade é que ambos os lados arriscam muito com um cenário de desacordo.

O Syriza (no caso de este partido a formar Governo) teria muitas dificulda-des em explicar aos eleitores (que maioritariamente defendem a per-manência do euro) como é que não se concretizou o ce-nário prometido na campanha eleito-ral, de negociação bem sucedida com a Europa. O que tornaria a sua so-brevivência ainda mais difícil, num cenário económi-co extremamente

instável de default da Grécia nos mercados internacionais.

Os outros países euro-peus, apesar de haver quem defenda que os efeitos de contágio de uma saída grega poderiam ser agora menores, sofreriam perdas directas significativas e ficariam à mercê da disposição dos mercados para acreditar que a Grécia seria caso único.

É que, se é verdade que, ao contrário do que aconte-cia nos primeiros anos da crise, os grandes bancos europeus têm agora uma exposição muito menor à Grécia, não se pode esquecer que quem ficou com essa exposição directa foram os próprios Estados.