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2019 1 Prof. Davidson Nichio (Abdulah) EXERCÍCIOS DE REVISÃO EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA QUESTÃO 1 (Udesc_2018) Ao observamos mapas ou relatos de viajantes dos séculos XV e XVI, é comum encontrarmos referências a seres fantásticos, descritos, muitas vezes, como monstros sem olhos ou nariz, com uma perna ou com corpo desproporcional. A existência destes seres na África, Ásia e América foi relatada por diversos navegadores da época. Tais relatos são considerados indicativos do(a): a) a)intenção explícita dos cartógrafos que, ao fazerem os mapas, desenhavam seres monstruosos para desencorajar novos exploradores. b) b)movimento iluminista, que se estabelecia especialmente a partir do contato com novos povos e sociedades. c) c)visão de mundo da sociedade europeia da época, que ainda não era pautada pela observação científica e analítica da natureza e da cultura. d) d)influência da mitologia céltica, cujo legado pode ser fortemente observado nos vitrais que ornamentavam as igrejas e catedrais ao longo de toda a baixa Idade Média. e) e)versão evolucionista, que demarcava a especificidade da civilização europeia em relação à americana ou à africana. QUESTÃO 2 (IFBA_2018) “Ao retornar a Lisboa [depois de tratar de negócios nas “Índias”], Vasco da Gama falou com o Conde de Vimioso que, ao saber que os indianos exigiam ouro e prata em troca de seus produtos, disse: ‘Então foram eles que nos descobriram!’”. FONTANA, Josep. Introdução ao estudo da História Geral. São Paulo; EDUSC, 2000, p. 157. Acerca dessa afirmação feita pelo Conde de Vimioso, podemos interpretar sobre o contexto da Expansão Marítima Europeia que: a) Ao falar que foram os indianos que descobriram os europeus, o Conde de Vimioso queria dizer que, ao descobrir uma rota para as Índias, esperava-se que Portugal economizasse recursos, evitando todos os transtornos fiscais por passar em terras estrangeiras em busca de mercadorias.No entanto, na verdade, quem estava lucrando com aquilo eram os Indianos que “descobriram” uma forma de se beneficiarem da “descoberta” portuguesa, acumulando o ouro e a prata portuguesa. b) A Expansão Marítima Europeia se deu num contexto mais amplo de crescente mercantilização de produtos entre Ásia, Europa e África e, nesse momento, os Europeus ainda cumpriam o papel de revendedores de produtos comprados pela Europa. Depois da expropriação da prata e ouro das Américas, os europeus se fecharam economicamente e conseguiram recursos para dominarem o comércio mundial de mercadorias. c) A Expansão Marítima Europeia se deu num contexto mais amplo de crescente mercantilização de produtos entre Ásia, Europa e África e, nesse momento, os Europeus ainda cumpriam o papel de revendedores de produtos comprados pela Europa. Depois da expropriação da prata e ouro das Américas, os europeus se fecharam economicamente e conseguiram recursos para dominarem o comércio mundial de mercadorias. d) Revela o subdesenvolvimento do capitalismo europeu, que dependia de empréstimos de ouro e prata para realizar o comércio com outros territórios. A prata e o ouro americanos já eram de conhecimento dos Indianos, possuidores de maiores saberes de navegação e comércio que os portugueses, devido a sua relação com os povos muçulmanos, que, nesse período, haviam dominado muitos territórios, incluindo algumas terras da Península Ibérica. e) O metalismo como concepção econômica fez de Portugal, Espanha e outros Reinos detentores de colônias pioneiros na industrialização. HISTÓRIA DO BRASIL

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Prof. Davidson Nichio (Abdulah)

EXERCÍCIOS DE REVISÃO

EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA

QUESTÃO 1 (Udesc_2018) Ao observamos mapas ou relatos de viajantes dos séculos XV e XVI, é comum encontrarmos referências a seres fantásticos, descritos, muitas vezes, como monstros sem olhos ou nariz, com uma perna ou com corpo desproporcional. A existência destes seres na África, Ásia e América foi relatada por diversos navegadores da época.

Tais relatos são considerados indicativos do(a): a) a)intenção explícita dos cartógrafos que, ao fazerem os mapas, desenhavam seres monstruosos para

desencorajar novos exploradores. b) b)movimento iluminista, que se estabelecia especialmente a partir do contato com novos povos e sociedades. c) c)visão de mundo da sociedade europeia da época, que ainda não era pautada pela observação científica e

analítica da natureza e da cultura. d) d)influência da mitologia céltica, cujo legado pode ser fortemente observado nos vitrais que ornamentavam as

igrejas e catedrais ao longo de toda a baixa Idade Média. e) e)versão evolucionista, que demarcava a especificidade da civilização europeia em relação à americana ou

à africana. QUESTÃO 2 (IFBA_2018) “Ao retornar a Lisboa [depois de tratar de negócios nas “Índias”], Vasco da Gama falou com o Conde de Vimioso que, ao saber que os indianos exigiam ouro e prata em troca de seus produtos, disse: ‘Então foram eles que nos descobriram!’”.

FONTANA, Josep. Introdução ao estudo da História Geral. São Paulo; EDUSC, 2000, p. 157. Acerca dessa afirmação feita pelo Conde de Vimioso, podemos interpretar sobre o contexto da Expansão Marítima Europeia que: a) Ao falar que foram os indianos que descobriram os europeus, o Conde de Vimioso queria dizer que, ao

descobrir uma rota para as Índias, esperava-se que Portugal economizasse recursos, evitando todos os transtornos fiscais por passar em terras estrangeiras em busca de mercadorias.No entanto, na verdade, quem estava lucrando com aquilo eram os Indianos que “descobriram” uma forma de se beneficiarem da “descoberta” portuguesa, acumulando o ouro e a prata portuguesa.

b) A Expansão Marítima Europeia se deu num contexto mais amplo de crescente mercantilização de produtos entre Ásia, Europa e África e, nesse momento, os Europeus ainda cumpriam o papel de revendedores de produtos comprados pela Europa. Depois da expropriação da prata e ouro das Américas, os europeus se fecharam economicamente e conseguiram recursos para dominarem o comércio mundial de mercadorias.

c) A Expansão Marítima Europeia se deu num contexto mais amplo de crescente mercantilização de produtos entre Ásia, Europa e África e, nesse momento, os Europeus ainda cumpriam o papel de revendedores de produtos comprados pela Europa. Depois da expropriação da prata e ouro das Américas, os europeus se fecharam economicamente e conseguiram recursos para dominarem o comércio mundial de mercadorias.

d) Revela o subdesenvolvimento do capitalismo europeu, que dependia de empréstimos de ouro e prata para realizar o comércio com outros territórios. A prata e o ouro americanos já eram de conhecimento dos Indianos, possuidores de maiores saberes de navegação e comércio que os portugueses, devido a sua relação com os povos muçulmanos, que, nesse período, haviam dominado muitos territórios, incluindo algumas terras da Península Ibérica.

e) O metalismo como concepção econômica fez de Portugal, Espanha e outros Reinos detentores de colônias pioneiros na industrialização.

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QUESTÃO 3 (UNESP_2018) Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização. A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América,espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias.A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola,que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.

(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520:as origens da globalização, 1999. Adaptado.) As epidemias provocadas pelos contatos entre europeus e povos autóctones da América a) a)demonstraram o risco da expansão territorial para áreas distantes e determinaram o imediato

desenvolvimento de vacinas. b) b)representaram uma espécie de guerra biológica que afetou, ainda que de forma desigual, conquistadores e

conquistados. c) c)provocaram a interdição, pelas cortes europeias, da circulação de mulheres grávidas entre os dois

continentes. d) d)foram utilizadas pelos nativos para impedir o avanço dos europeus, que contraíram doenças tropicais, como

a febre amarela e a malária. e) e)levaram à proibição, pelas cortes europeias, do contato sexual entre europeus e nativos, para impedir a

propagação da sífilis. QUESTÃO 4 (UNESP_2018) As primeiras expedições na costa africana a partir da ocupação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos berberes, foram registrando a geografia, as condições de navegação e de ancoragem. Nas paradas, os portugueses negociavam com as populações locais e sequestravam pessoas que chegavam às praias, levando-as para os navios para serem vendidas como escravas. Tal ato era justificado pelo fato de esses povos serem infiéis, seguidores das leis de Maomé,considerados inimigos, e portanto podiam ser escravizados,pois acreditavam ser justo guerrear com eles. Mais ao sul,além do rio Senegal, os povos encontrados não eram islamizados,portanto não eram inimigos, mas eram pagãos, ignorantes das leis de Deus, e no entender dos portugueses da época também podiam ser escravizados, pois ao se converterem ao cristianismo teriam uma chance de salvar suas almas na vida além desta.

(Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.)

O texto caracteriza a) o mercado atlântico de africanos escravizados em seu período de maior intensidade e o controle do tráfico

pelas Companhias de Comércio. b) o avanço gradual da presença europeia na África e a conformação de um modelo de exploração da natureza e

do trabalho. c) as estratégias da colonização europeia e a sua busca por uma exploração sustentável do continente africano. d) o caráter laico do Estado português e as suas ações diplomáticas junto aos reinos e às sociedades

organizadas da África. e) o pioneirismo português na expansão marítima e a concentração de sua atividade exploradora nas áreas

centrais do continente africano.

QUESTÃO 5 (Enem (Libras) 2017) Os cartógrafos portugueses teriam falseado as representações do Brasil nas cartas geográficas, fazendo concordar o meridiano com os acidentes geográficos de forma a ressaltar uma suposta fronteira natural dos domínios lusos. O delineamento de uma grande lagoa que conectava a bacia platina com a amazônica já era visível nas primeiras descrições geográficas e mapas produzidos por Gaspar Viegas, no Atlas de Lopo Homem (1519), nas cartas de Diogo Ribeiro (1525-27), no planisfério de André Homem (1559), nos mapas de Bartolomeu Velho (1561).

KANTOR, Í. Usos diplomáticos da ilha-Brasil: polêmicas cartográficas e historiográficas. Varia Historia, n. 37, 2007 (adaptado). De acordo com a argumentação exposta no texto, um dos objetivos das representações cartográficas mencionadas era a) a)garantir o domínio da Metrópole sobre o território cobiçado. b) b)demarcar os limites precisos do Tratado de Tordesilhas. c) c)afastar as populações nativas do espaço demarcado. d) d)respeitar a conquista espanhola sobre o Império Inca. e) e)demonstrar a viabilidade comercial do empreendimento colonial.

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QUESTÃO 6 (UDESC_2017) Apesar das conhecidas interferências provocadas pelos mais de 300 anos de contato, muitas vezes violento, com os povos europeus, até o início do século XIX, o Continente Africano contava com poucos territórios sob domínio externo.

A respeito do Continente Africano no período que antecede o século XIX, assinale a alternativa correta. a) Até o século XVII, as rotas comerciais, existentes nos reinos e impérios africanos, eram exclusivamente

externas. As riquezas, como tecidos, plantas medicinais e, especialmente, ouro, só circulavam por via marítima.

b) Até o século XVII, a imposição da condição de escravidão aos homens e às mulheres, na África, ocorria apenas entre os Iorubas.

c) Os reinos africanos contavam com práticas de auxílio mútuo que garantiam crescimento e prosperidade. Eis porque inexistiam, até o século XIX, exércitos ou efetivos militares.

d) A língua preponderantemente falada no Continente Africano era o Khoisan, proveniente da região Sul, a partir do século XV foi substituída pelas línguas francesa e portuguesa.

e) No século XV, o Continente Africano apresentava grande diversidade. Politicamente, organizava-se em inúmeros reinos e impérios dentre os quais o dos Songai, Monomotapa, Congo, Daomé e o Ioruba. Grande parte destes povos recebia, direta ou indiretamente, influência da cultura árabe e da religião mulçumana.

QUESTÃO 7 (FAMEP_2017)

Considerando o mapa e o contexto histórico, é correto constatar que essas viagens a) estabeleceram as bases de uma economia planetária, com plena integração comercial entre as diversas

partes do mundo. b) contribuíram para a globalização, ao conectar partes do mundo que até então se ignoravam ou não se

ligavam diretamente. c) resultaram de equívocos e erros de navegação, mais do que de cálculos ou de um projeto

expansionista organizado. d) representaram a ampliação da hegemonia romana sobre o planeta, iniciada na Antiguidade Clássica. e) tiveram por objetivo a aquisição de escravos, daí privilegiarem rotas na direção da África e da Ásia.

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QUESTÃO 8 (FGV_2017) A colonização do Novo Mundo na época moderna apresenta-se como peça de um sistema, instrumento da acumulação primitiva, da época do capitalismo mercantil. Na realidade, nem toda colonização se desenrola dentro das travas do sistema colonial, pois a colonização inglesa na América do Norte, colônias de povoamento, deu-se fora dos mecanismos definidores do sistema colonial mercantilista.

Fernando Novais. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial, 1989. Adaptado. A partir do texto, é correto afirmar que a) coexistem, no processo de colonização na Idade Moderna, dois tipos de colônias: as de exploração e as de

povoamento, sendo estas as mais encontradas, uma vez que se baseiam em pequena propriedade, trabalho livre e mercado interno; além disso, o Antigo Sistema Colonial garantia super lucros às respectivas metrópoles.

b) dois tipos de colonização significam a coexistência de dois processos históricos diferentes, um ligado à Idade Média e outro ligado à Idade Moderna, com características semelhantes, como o comércio triangular, a grande e a pequena propriedades, o autogoverno e o exclusivo metropolitano.

c) a colonização de povoamento, típica do Sistema Colonial Mercantilista, baseia-se em grande propriedade, trabalho escravo e produção voltada para o mercado externo, o que implica o exclusivo metropolitano como base das relações entre Metrópole e Colônia.

d) os dois tipos de colonização, de exploração e de povoamento, explicam-se por processos diferentes: a de exploração está ligada à acumulação de riqueza para a Metrópole moderna, com grande propriedade e trabalho escravo, enquanto a colonização de povoamento liga-se à Metrópole industrializada.

e) o sentido profundo da colonização moderna é comercial e capitalista, pois as colônias de exploração, típicas do Antigo Sistema Colonial, nasceram para as Metrópoles acumularem riqueza; e é dentro desse processo de análise de conjunto que se torna inteligível a existência do outro tipo, a colonização de povoamento.

QUESTÃO 9 (FUVEST_2017)

Encontram-se assinaladas no mapa, sobre as fronteiras dos países atuais, as rotas eurasianas de comércio a longa distância que, no início da Idade Moderna, cruzavam o Império Otomano, demarcado pelo quadro. A respeito dessas rotas, das regiões que elas atravessavam e das relações de poder que elas envolviam, é correto afirmar que a) a China, com baixo grau de desenvolvimento político e econômico, era exportadora de produtos primários

para a Europa. b) a Índia era uma economia fracamente vinculada ao comércio a longa distância, em vista da pouca demanda

por seus produtos. c) a Europa, a despeito do poder otomano, exercia domínio incontestável sobre o conjunto das atividades

comerciais eurasianas. d) a África Ocidental se encontrava em posição subordinada ao poderio otomano, funcionando como sua

principal fonte de escravos. e) o Império Otomano, ao intermediar as trocas a longa distância, forçou os europeus a buscar rotas alternativas

de acesso ao Oriente.

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QUESTÃO 10 (PUCCAMP_2017) Do Brasil descoberto esperavam os portugueses a fortuna fácil de uma nova Índia. Mas o pau-brasil, única riqueza brasileira de simples extração antes da “corrida do ouro” do início do século XVIII, nunca se pôde comparar aos preciosos produtos do Oriente. (...) O Brasil dos primeiros tempos foi o objeto dessa avidez colonial. A literatura que lhe corresponde é,por isso, de natureza parcialmente superlativa. Seu protótipo é a carta célebre de Pero Vaz de Caminha, o primeiro a enaltecer a maravilhosa fertilidade do solo.

(MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides − Breve história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 3-4) Comprova-se a formulação geral do texto dado, no que diz respeito aos nossos primeiros tempos, o seguinte segmento de um documento da nossa história: a) O estado de inocência substituindo o estado de graça que pode ser uma atitude de espírito. O contrapeso da

originalidade nativa. b) Pretendemos também focalizar a linha divisória que nos põe do lado oposto dos demais estrangeiros. c) Contra as histórias do homem, que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem

Napoleão. Sem César. d) Nem separatismo nem bairrismo. Precisamos de uma articulação inter-regional. Elogio do mucambo. e) Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por

bem das águas que tem.

BRASIL PRÉ-CABRALINO (SOCIEDADES BRASILÍNDIAS) PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1532)

QUESTÃO 1 (ABVEST_2015)

Vão completamente nus, homens e mulheres, como suas mães os pariram... Este rei e todos os seus andavam nus como tinham nascido, assim como suas mulheres, sem nenhum embaraço... as mulheres, pelo menos, podiam ser mais cuidadosas.

TODOROV, T. Diários de Colombo. In. A Conquista da América. A Questão do Outro. São Paulo: Martins Fontes, 1983, p. 41.

A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador.

CAMINHA, P. V. Carta de Pero Vaz de Caminha. Biblioteca Nacional, 1500. Acervo digital. Disponível em: <https://www.bn.gov.br/tags/pero-vaz-caminha>. Acesso em: 21 set. 2016.

Os fragmentos dos textos do navegador Cristóvão Colombo e do cronista Pero Vaz de Caminha tratam dos povos e das culturas indígenas. Embora ambientados e datados em locais e épocas diferentes, ambos podem ser classificados como a) sexista b) patriarcais

c) anacrônicos d) xenofóbicos

e) etnocêntricos

QUESTÃO 2 (ABVEST_2018) Uma questão acadêmica, mas interessante, acerca da “descoberta” do Brasil é a seguinte: ela resultou de um acidente, de um acaso da sorte? Não, ao que tudo indica. Os defensores da casualidade são hoje uma corrente minoritária. A célebre carta de Caminha não refere a ocorrência de calmarias. Além disso, é difícil aceitar que uma frota com 13 caravelas, bússola e marinheiros experimentados se perdesse em pleno oceano Atlântico e viesse bater nas costas da Bahia por acidente.

Rejeitado o acaso como fonte de explicação no que tange aos objetivos da “descoberta”, fica de pé a seguinte pergunta: qual foi, portanto, a finalidade, a intenção da expedição de Cabral?

Adaptado de LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil colonial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.

Concordando com os teóricos que criticam a teoria da casualidade sobre o achamento do Brasil, conclui-se que a viagem de Cabral ao litoral brasileiro fez parte a) da Bula Inter Coetera de 1493, assinada pelo Papa Alexandre VI, que garantia posses no Atlântico Sul aos

portugueses. b) de um projeto para o reconhecimento das novas terras, que pertenciam a Portugal desde 1494, quando do

Tratado de Tordesilhas. c) de um experimento científico que tinha por objetivo provar que as Grandes Ilhas do Oriente, na verdade,

tratavam-se de um grande continente. d) do progresso tecnológico alcançado pelos lusitanos no século XV, que, com o uso da bússola e do astrolábio,

já possibilitava viagens longas com precisão. e) de uma experiência náutica portuguesa desenvolvida pela Escola de Sagres, que almejava alcançar o Oriente

por meio de arcos espaçados do continente africano.

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QUESTÃO 3 (PUCPR_2017) Leia o texto a seguir.

A primeira missa no Brasil é um momento emblemático do início da colonização portuguesa na América, celebrada poucos dias após a chegada e desembarque dos portugueses na costa brasileira, imortalizada pela narrativa na Carta de Pero Vaz de Caminha e no óleo sobre tela de Victor Meirelles. A ocupação de fato demorou um pouco mais a acontecer, dentre as razões para seu início, temos a) o aumento do comércio de especiarias com o Oriente, levando à maior necessidade de

mercados consumidores. b) a descoberta de metais preciosos na colônia portuguesa, acelerando o interesse da metrópole na exploração

de sua colônia. c) a probabilidade da tomada das terras por corsários ingleses que vinham atrás do contrabando de escravos

indígenas para outras colônias. d) a necessidade de tomar posse e defender suas terras para evitar a vinda de exploradores sem o

conhecimento da coroa portuguesa. e) a construção das feitorias para armazenar pau-brasil e carregar navios, promovendo a migração de um grande

contingente de portugueses para povoar e cuidar das novas vilas. QUESTÃO 4 (UFU_ 2017) Refiro-me à destruição que pudemos fazer da grande (20 40× metros) e velha maloca taracuá [...] Sabe V. Rvma. que para o índio a maloca é cozinha, dormitório, refeitório, tenda de trabalho, lugar de reunião na estação de chuvas e sala de dança nas grandes solenidades. [...] A maloca é também, como costumava dizer o zeloso dom Bazola, a “casa do diabo”, pois que ali se fazem as orgias infernais, maquinam-se as mais atrozes vinganças contra os brancos e contra outros índios...

Monsenhor Pedro Massa, início século XX. In: ZENUN, K. H. e ADISSI, V. M. A. Ser índio hoje: a tensão territorial. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1999, p. 70. (Adaptado).

Com a chegada dos europeus ao continente americano, teve início a subjetivação da figura do índio, delineando-se, gradativamente, a imagem do nativo ocioso, preguiçoso, indisciplinado e desorganizado. Esse ponto de vista atravessou séculos e sobrevive em nossos dias. Dessa maneira, de acordo com a citação, derrubar a maloca seria uma ação necessária, pois a moradia indígena representava o(a) a) tradição da cultura pagã que contrariava os planos de conversão e domínio espiritual. b) baluarte de expressão da organização tribal, influência do contato com a cultura africana. c) símbolo de superioridade da cultura indígena, quando comparada à europeia. d) obstáculo que impedia o trabalho de catequese no espaço conhecido como reduções.

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QUESTÃO 5 (UPE-SSA_2017) Na bacia do Rio São Francisco, nas paleolagoas conhecidas hoje como tanques, foram achados ossos de animais extintos da fauna pleistocênica, que conviveram com o homem em diversas áreas da região, como Salgueiro e Alagoinha, em Pernambuco. Pesquisas mais recentes assinalaram, também, a presença de megafauna, como o mastodonte e a preguiça-gigante, como é o caso da Lagoa Uri de Cima em Salgueiro.

MARTIN, Gabriela; PESSIS, Anne-Marie. Breve Panorama da Pré-História do Vale do São Francisco no Nordeste do Brasil. Revista FUMDHAMentos, Volume 1 – Número 10 – Ano 2013, p. 14, adaptado.

O trecho acima propõe uma leitura da História do Brasil, que se caracteriza pela a) presença essencial dos europeus no continente americano. b) inexistência de exemplares da megafauna em território brasileiro. c) carência de estudos paleoantropológicos e sítios arqueológicos no Nordeste. d) antiguidade da presença humana no país, anterior à chegada dos portugueses. e) existência de répteis de porte avantajado, popularmente conhecidos como dinossauros. QUESTÃO 6 A riqueza cultural do povo brasileiro advém da pluralidade de etnias que nos formaram, produzindo um patrimônio cultural diversificado. Assinale a alternativa correta: a) Os grupos indígenas encontrados no litoral pelo português eram principalmente tribos de tronco tupi que,

havendo se instalado uns séculos antes, ainda estavam desalojando antigos ocupantes oriundos de outras matrizes culturais.

b) Na época da chegada da esquadra cabralina, as tribos do tronco tupi eram as únicas que tinham uma organização social de classes, e a presença do Estado já era uma realidade.

c) A instituição social que dificultou a formação do povo brasileiro foi o cunhadismo, velho uso indígena que proibia a incorporação de estrangeiros à sua comunidade.

d) O surgimento de uma etnia brasileira não anulou as identificações étnicas dos índios e africanos consolidando a democracia racial que vivemos na contemporaneidade.

e) Desde os primeiros dias da colonização, o projeto jesuítico se configurou como única alternativa de garantia das culturas indígena e africana, respeitando suas crenças e representações.

QUESTÃO 7 (IFBA_ 2014) “A conquista do Brasil pressupunha também o domínio ideológico dos povos das regiões colonizadas pela Coroa lusitana. Havia que provar pelo convencimento e pela força – a superioridade do modo oficial português de ser. Era necessário convencer as populações nativas e os recém-chegados da inferioridade e do 'bestialismo' dos hábitos americanos. A opção de europeus pela cultura material e social tupinambá causava tensões insustentáveis na férrea camisa-de-força vivencial em que as elites civis e religiosas ibéricas enquadravam as classes subalternas – metropolitanas e coloniais.”

MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral. Conquista portuguesa e agonia tupinambá no litoral brasileiro. (século 16). POA: Editora da Universidade/UFRGS, 1994. p. 61.

O texto acima e seus conhecimentos sobre as relações de dominação entre europeus e as populações indígenas na América Portuguesa permitem afirmar que a) os missionários analisavam o sistema cultural indígena, seus costumes, seu cotidiano, etc., segundo a

moralidade cristã. b) a adaptação dos europeus aos Trópicos e a assimilação de certos costumes indígenas foi estimulada pela

Coroa e pela Igreja Católica. c) os colonizadores, os missionários e os agentes portugueses compreendiam os costumes indígenas de forma

idealizada, tolerante e idílica. d) os primeiros anos de colonização do território brasileiro foram marcados pela miscigenação e tolerância

acerca do sistema cultural tupinambá. e) embora na colônia os europeus tenham adotado práticas de intolerância, na metrópole possuíam postura com

maior respeito à diversidade cultural e religiosa. QUESTÃO 8 (PUCSP_2014) "Descoberto o Novo Mundo e instaurado o processo de colonização, começou a se desenrolar o embate entre o Bem e o Mal."

Laura de Mello e Souza. Inferno Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 22-23. Na percepção de muitos colonizadores portugueses do Brasil, uma das armas mais importantes utilizadas nesse “embate entre o Bem e o Mal” era a a) retomada de padrões religiosos da Antiguidade. b) defesa do princípio do livre arbítrio. c) aceitação da diversidade de crenças.

d) busca da racionalidade e do espírito científico. e) catequização das populações nativas.

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QUESTÃO 9 (UNESP_2013) [Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...]; mas faltam-lhe três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade [...].

(Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil em 1587, 1987.) Os comentários de Gabriel Soares de Souza expõem a) a dificuldade dos colonizadores de reconhecer as peculiaridades das sociedades nativas. b) o desejo que os nativos sentiam de receber orientações políticas e religiosas dos colonizadores. c) a inferioridade da cultura e dos valores dos portugueses em relação aos dos tupinambás. d) a ausência de grupos sedentários nas Américas e a missão civilizadora dos portugueses. e) o interesse e a disposição dos europeus de aceitar as características culturais dos tupinambás. QUESTÃO 10 (UNESP_2013) O texto destaca três elementos que o autor considera inexistentes entre os tupinambás, no final do século XVI. Esses três elementos podem ser associados, respectivamente, a) à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às relações familiares. b) à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia política. c) ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito pelos diferentes. d) à estrutura política, à anarquia social e ao desrespeito familiar. e) ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à aceitação dos estrangeiros. QUESTÃO 11 (PUCSP_ 2012) Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam por mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos, mel, figos-passa. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provaram alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca, não gostaram dele nada, nem quiseram mais.

“A carta de Pero Vaz Caminha”, maio de 1500. Extraído de Dea Ribeiro Fenelon. 50 textos de história do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1986, p. 23.

O documento mostra um dos primeiros contatos entre portugueses e nativos do atual Brasil. Podemos dizer, entre outras coisas, que a carta, na sua íntegra, demonstra a a) superioridade técnica dos europeus em relação aos indígenas e os motivos de a conquista portuguesa não ter

enfrentado resistência. b) necessidade de reeducar os hábitos dos indígenas, cuja alimentação cotidiana era muito menos diversificada

que a dos conquistadores. c) importância da chegada dos portugueses ao continente americano, pois eles trouxeram melhores alimentos e

melhores hábitos de vestimenta. d) variedade de hábitos culturais de europeus e indígenas, ao expor diferenças nas vestimentas, nos utensílios e

na alimentação. e) harmonia plena com que se deram as relações entre conquistadores e conquistados, que se

identificaram facilmente.

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QUESTÃO 12 (UEPA_ 2012) Os povos tupi correspondiam no século XV a um enorme conjunto populacional étnico-linguístico que se espalhava por quase toda a costa atlântica sul do continente americano, desde o atual Ceará, até a Lagoa dos Patos, situada nos dias de hoje no Rio Grande do Sul. De acordo com registros de missionários jesuítas e de exploradores portugueses dos primeiros anos da colonização portuguesa, os povos tupi se disseminaram pelo que é hoje a costa brasileira, numa dinâmica combinada de crescimento populacional e fragmentação sociopolítica. Ao mesmo tempo, uma utopia ancestral cultivada pelos diversos grupos tupi da busca de uma “terra sem males”, teria contribuição para sua expansão territorial. Os tupi chegaram no início do século XVI à Amazônia, ocupando a Ilha Tupinambarana como ponto final de sua peregrinação. No caminho percorrido, os povos tupi viviam numa atmosfera de guerra constante entre si e com outros povos não-tupi. Guerras, captura e canibalização dos inimigos alimentavam a fragmentação, a dispersão territorial e o revanchismo.

Em termos simbólicos, o sentido da antropofagia, resultante do enfrentamento entre indígenas pouco antes do início da colonização portuguesa, tem relação com: a) a necessidade de exterminar os inimigos na totalidade, inclusive pela ingestão física, de modo a interditar-lhes

qualquer forma de sobrevivência ou resquício material. b) o interesse em assimilar as potencialidades guerreiras e a bravura dos inimigos, bem como incorporar seu

universo social e cosmológico adicionado ao grupo do vencedor. c) a profunda diferença sociocultural entre os povos tupi, que ao longo da expansão tendiam a considerar-se

como estrangeiros, habitando regiões contíguas. d) a interferência de navegadores europeus que alimentavam as dissensões entre os povos indígenas como

meio de conquistá-los posteriormente. e) a disputa territorial com os povos não-tupi, que foram praticamente expulsos da costa e obrigados a adentrar o

interior do continente. QUESTÃO 13 (ABVEST_2014)

22 de Abril de 1500

A charge de Laerte a) faz um jogo entre passado e presente por meio da fala do indígena que expõe, de maneira crítica, a

expectativa de moradia, algo próprio do Brasil contemporâneo. b) o comentário conformista do indígena mostra a docilidade com que as populações nativas receberam os

conquistadores portugueses, uma vez que não apresentaram resistência. c) tem conotação anacrônica, já que atribui ao índio brasileiro do século XV valores contemporâneos como a

língua falada, no caso o português, e o sonho da casa própria. d) apenas apresenta os índios como reféns do processo de colonização portuguesa sobre o Brasil, o que reforça

a perspectiva histórica tradicionalista e eurocêntrica. e) faz alusão à religiosidade animista dos índios pré-cabralianos, que tinha como principal base a premonição, o

que pode ser observado na charge quando o indígena prevê a dominação portuguesa.

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QUESTÃO 14 (ABVEST_2016)

Na obra Adoração dos Magos, há um indígena retratado fora de seu contexto original, transportado para a cena bíblica da visita dos Reis Magos a Jesus. Já em O Inferno o próprio diabo, sentado em um trono, tem um cocar em sua cabeça. Ao analisarmos esses quadros, individual ou conjuntamente, é possível pensar que a) retratar indígenas do Brasil era proibido pelo governo português e pela Igreja durante o século XVI, por isso os

artistas preferiam não se identificar ou assinar a obra. b) no quadro Adoração dos Magos, o indígena que substitui um dos reis magos, pode ser interpretado como a

possibilidade de mostrar aos europeus que os índios adaptavam-se facilmente ao Cristianismo. c) no quadro O inferno, atributos indígenas no demônio, como o cocar, podem ser interpretados como uma

associação entre a imagem dos índios e o mal, justificando, assim, práticas genocidas na América. d) na obra Adoração dos Magos o artista procurou demonstrar a onipresença de Deus, que se manifestou

também na América corporificando-se sob a forma de Jesus. e) as duas imagens expressam pontos de vista diferentes sobre os indígenas na América, mas, em ambas, há

um ponto comum: os ameríndios aparecem estilizados, em contextos cristãos e retratados do ponto de vista do europeu.

QUESTÃO 15 (ABVEST_2016)

(…) Aspecto fundamental na formação de alianças na determinação das políticas coloniais – mesmo em áreas ‘centrais’ como no México ou no Peru, diga-se de passagem – a tendência de definir grupos étnicos em categorias fixas serviu não apenas como instrumento de dominação, como também de parâmetro para a sobrevivência étnica de grupos indígenas (...) (...) É preciso prestar mais atenção às novas categorias constituídas no bojo da sociedade colonial, sobretudo os marcadores étnicos genéricos, tais como ‘carijós’, ‘tapuios’ ou, no limite, “índios”. Se estes novos termos no mais das vezes refletiam as estratégias coloniais de controle e as políticas de assimilação que buscavam diluir a diversidade étnica, ao mesmo tempo se tornaram referências importantes para a própria população indígena. Assim os índios coloniais buscavam forjar novas identidades que não apenas se afastavam das origens pré-coloniais como também procuravam se diferenciar dos emergentes grupos sociais que eram frutos do mesmo processo colonial, o que se intensificou com a rápida expansão do tráfico transatlântico e o correspondente aumento de uma população africana e afrodescendente.

MONTEIRO, John Manuel. Tupis, tapuias e historiadores. Estudos de história indígena e do indigenismo. Tese de Livre Docência, área de Etnologia, Unicamp, 2001.p. 57-59. Disponível em: http://cutter.unicamp.br/document/?code=000343676

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A leitura do excerto permite concluir que o antropólogo e historiador John Manuel Monteiro propôs uma nova leitura sobre o resultado do processo de colonização europeia na América. Monteiro propõe que a) a busca por afastar-se de outros grupos foi um fator determinante para a construção de identidades étnicas

entre os indígenas e para promover o isolamento e a estigmatização na América Portuguesa. b) os novos estudos sobre as identidades étnicas indígenas lançam seu olhar para as classificações específicas

desses grupos, refutando as classificações generalizadas antes perpetuadas por uma historiografia tradicional. c) a construção das identidades indígenas não são resultantes da relação entre as origens pré-coloniais e o

contato com a diversidade dos conquistadores e de outros grupos que fizeram parte do processo de colonização.

d) a classificação dos indígenas em categorias genéricas foi importante para o projeto colonizador na América, mas também atendeu a interesses dos grupos nativos envolvidos.

e) uma nova análise sobre a atmosfera colonizadora na América permite concluir que o europeu foi vítima no processo colonial, não o contrário, como se convencionou postular tradicionalmente.

QUESTÃO 16 (ABVEST_2017)

Quem chorou por Vitor, o bebê indígena assassinado com uma lâmina enfiada no pescoço? Um menino de dois anos foi assassinado. Um homem

afagou seu rosto. E enfiou uma lâmina no seu pescoço. O bebê era um índio do povo Kaingang. Seu nome era Vitor Pinto. Sua família, como outras da aldeia onde ele vivia, havia chegado à cidade para vender artesanato pouco antes do Natal. Ficariam até o Carnaval. Abrigavam-se na estação rodoviária de Imbituba, no litoral de Santa Catarina.

[...] E o Brasil não parou para chorar o assassinato de uma criança de dois anos. Os sinos não dobraram por Vitor.

Pertences do garoto permaneciam no local do crime na quarta

(30) (Foto: Gabriel Felipe/RBS TV)

Essa foto é um documento histórico. Tanto pelo que nela está quanto pelo que nela não está. Nela permanece o descartável, os objetos de plástico e de pet, os chinelos restados. Nela não está aquele que foi apagado da vida. A ausência é o elemento principal do retrato.

Elaine Brum, “1500, o ano que não terminou”, El País, 04 jan. 2016. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/04/opinion/1451914981_524536.html

Sobre a foto entendida como documento histórico, é possível afirmar que a) expressa apenas partes visíveis como os chinelos e os brinquedos de plástico. b) não possibilita a discussão sobre a necessidade de se debater as condições dos grupos indígenas

no presente. c) a autora se equivocou ao tratar a foto como documento histórico, uma vez que não há elementos escritos

em questão. d) é reveladora de um longo processo de invisibilidade dos povos indígenas no Brasil, pois na foto nem a vitima

é exibida. e) diferente do que afirma a jornalista, na foto não há a presença da vitima e assim ela não pode documentar o

que aconteceu.

QUESTÃO 17 (UESF_2018) O “coração” econômico da época, Veneza, tem cada vez mais dificuldades em assegurar a competitividade de seus produtos. Em 1504, os navios venezianos já quase não encontram pimenta em Alexandria. As especiarias desta proveniência se revelam muito mais caras do que as que são encaminhadas da Índia portuguesa: a pimenta embarcada pelos portugueses em Calicute é quarenta vezes menos onerosa do que a que transita por Alexandria.

(Jacques Attali. 1492, 1991. Adaptado.) O início da colonização efetiva do Brasil por Portugal, historicamente condicionado pelos fatos referidos pelo excerto, a) teve início assim que os navegadores chegaram às novas terras. b) projetou a hegemonia portuguesa no comércio atlântico. c) enriqueceu a Metrópole com a descoberta de metais preciosos. d) atardou-se devido aos lucros auferidos com o comércio oriental. e) foi financiado pelos lucros gerados pelo comércio de especiarias.

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QUESTÃO 18 (COL. NAVAL_ 2016) Observe a charge a seguir:

A charge acima representa os primeiros anos logo após a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

É correto afirmar que entre as principais características desse período temos a a) a)extração do Pau-Brasil por meio do estanco (troca), onde os indígenas realizavam o corte da madeira e

recebiam em troca objetos vistosos, mas de estimado valor, como espelhos, armamentos e tecidos diversos. b) b)extração das drogas do sertão por meio de trabalho escravo, pelo qual os exploradores aproveitaram para

iniciar o processo de ocupação territorial do Brasil a partir da construção de feitorias. c) c)construção das primeiras feitorias com a finalidade de estimular a vinda de colonos para a produção de

riquezas, como a cana-de-açúcar, e consequentemente efetivar a ocupação do território brasileiro garantindo a presença portuguesa.

d) d)extração do Pau-Brasil por meio do escambo (troca), onde os indígenas realizavam o corte e o transporte da madeira recebendo em troca objetos de pouco valor, como espelhos, miçangas e instrumentos de ferro.

e) e)distribuição das primeiras sesmarias, por meio de Estanco, aos donatários que estavam se instalando no Brasil, destacando-se, nesse processo, o arrendatário Fernando de Noronha, que se notabilizou na extração do Pau-Brasil.

QUESTÃO 19 (Espcex (Aman) 2015) “Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem, no entanto, traçar um plano de ocupação efetiva. […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio, após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”.

Berutti, 2004. Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a) a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos tratados

comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a oeste de Greenwich.

b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias. c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que dificultavam

o desembarque e o reconhecimento das novas terras. d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia

metropolitana portuguesa. e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente

inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as expedições.

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QUESTÃO 20 (UDESC_ 2015) Leia com atenção o fragmento retirado da Carta de Pero Vaz de Caminha. “E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles [os índios] se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado; e então tornaram-se a assentar como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim todos, como nós estávamos com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.”

Pero Vaz de Caminha. In: OLIVIERI, A. C. e VILLA, M. A. Crônicas do descobrimento. São Paulo: Ática, 1999, p. 23. Em relação à Carta de Caminha para o Rei de Portugal, pode-se dizer que é: a) Uma narrativa que projeta sobre as populações nativas uma visão de mundo cristão, como se o Brasil fosse

uma espécie de paraíso edênico. b) Um relato imparcial sobre as populações indígenas, porque o autor narra exatamente o que viu e viveu

no Brasil. c) Uma narrativa capaz de identificar a verdadeira essência das populações indígenas brasileiras que já

conheciam o cristianismo, e traziam no seu íntimo um conhecimento prévio dos ensinamentos pregados por Cristo a seus discípulos.

d) Um relato que expressa total ignorância e despreparo do cronista sobre o caráter dissimulado e estratégico das populações indígenas, que desejavam tão somente ganhar a confiança dos viajantes europeus para obter lucros e fazer alianças políticas para derrotar seus inimigos.

e) Um relato sem valor histórico, pois está marcado por uma perspectiva eurocêntrica e preconceituosa sobre os habitantes nativos do Brasil.

QUESTÃO 21 (PUCRJ_2012) “Eu, El-Rei, faço saber aos que este meu regimento virem, que sendo informado das muitas desordens que há no sertão do pau-brasil, e na conservação dele, de que se tem seguido haver hoje muita falta, cada vez será o dano maior se não se atalhar e der nisso a ordem conveniente (...): mando que nenhuma pessoa possa cortar, nem mandar cortar o dito pau-brasil, por si ou seus escravos, sem expressa licença do provedor-mor da minha Fazenda (...); e quem o contrário fizer incorrerá em pena de morte e confiscação de toda a sua fazenda.” Felipe III, Regimento do pau-brasil, 1605. No contexto da colonização das terras do Brasil, o regimento do rei Felipe III apresenta medidas associadas: a) à afirmação do poder da Coroa espanhola, em detrimento dos comerciantes e colonos portugueses. b) ao caráter monopolista da extração do pau-brasil, pois era necessária autorização expressa da Coroa para

atividade extrativista. c) às preocupações da Coroa na preservação da Mata Atlântica, que estava sendo devastada pelos colonos. d) à importância do pau-brasil no comércio colonial como principal produto de exportação da América

Portuguesa, em inícios do século XVII. e) à afirmação da política absolutista dos reinos europeus cerceadora de todas as iniciativas dos colonos

nas Américas. QUESTÃO 22 (PUCSP_2011) “O Brasil é uma criação recente. Antes da chegada dos europeus (...) essas terras imensas que formam nosso país tiveram sua própria história, construída ao longo de muitos séculos, de muitos milhares de anos. Uma história que a Arqueologia começou a desvendar apenas nos últimos anos.”

Norberto Luiz Guarinello. Os primeiros habitantes do Brasil. A arqueologia pré-histórica no Brasil. São Paulo: Atual, 2009 (15ª edição), p. 6 O texto acima afirma que a) o Brasil existe há milênios, embora só tenham surgido civilizações evoluídas em seu território após a chegada

dos europeus. b) a história do que hoje chamamos Brasil começou muito antes da chegada dos europeus e conta com a

contribuição de muitos povos que aqui viveram. c) as terras que pertencem atualmente ao Brasil são excessivamente grandes, o que torna impossível estudar

sua história ao longo dos tempos. d) a Arqueologia se dedicou, nos últimos anos, a pesquisar o passado colonial brasileiro e seu vínculo com

a Europa. e) os povos indígenas que ocupavam o Brasil antes da chegada dos europeus, foram dizimados pelos

conquistadores portugueses.

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QUESTÃO 23 (PUCSP_ 2008) Leia as duas estrofes a seguir:

"Pindorama, Pindorama É o Brasil antes de Cabral Pindorama, Pindorama É tão longe de Portugal Fica além, muito além Do encontro do mar com o céu Fica além, muito além Dos domínios de Dom Manuel.

Vera Cruz, Vera Cruz Quem achou foi Portugal Vera Cruz, Vera Cruz Atrás do Monte Pascoal Bem ali Cabral viu Dia vinte e dois de abril Não só viu, descobriu Toda terra do Brasil."

Pindorama, de Sandra Peres e Luiz Tatit, in "Palavra Cantada", Canções Curiosas, 1998. Entre as várias referências da letra da canção à chegada dos portugueses à América, pode-se mencionar a) a preocupação com os perigos da viagem, a distância excessiva e a datação exata do momento

da descoberta. b) o caráter documental do texto, que reproduz o tom, a intenção informativa e a estrutura dos relatos

de viajantes. c) a dúvida quanto à expressão mais adequada para designar a chegada dos portugueses, daí a variação

de verbos. d) o pequeno conhecimento das novas terras pelos conquistadores, indicando sua crença de terem chegado

às Índias. e) a diferença entre os termos que nomeavam as terras, sugerindo uma diferença entre a visão do índio e a

do português. QUESTÃO 24 (ABVEST_2017)

Tocadas em 1500 pelos homens de Pedro Álvares Cabral, as terras que hoje são brasileiras foram desde então oficialmente incorporadas à Coroa portuguesa. Se haviam sido frequentadas antes, como sugere o Esmeraldo de Situ Orbis, e defendem alguns historiadores portugueses, disso não ficou maior registro, e não há, pois, como fugir da data consagrada e recentemente celebrada – para o bem e para o mal – por brasileiros e portugueses. Descoberto oficialmente, pois, em 1500, sob o pontificado de Alexandre VI Bórgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos dessa não existência.

(Adaptado de: SOUZA, L. M. O nome do Brasil. Revista de História. São Paulo, 2001. n.145. p.61-86. Disponível em: <http://revhistoria.usp.br/images/stories/revistas/145/RH-145_-_Laura_de_Mello_e_Souza.pdf>. Acesso em: 7 jun.2013.)

Laura de Mello e Souza, ao propor que em 1500 “não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros”, sugere que a) no século XV, a historiografia ainda não havia se desenvolvido a ponto de analisar, criteriosamente, a

formação política e étnica do Brasil. b) Os historiadores portugueses não reconhecem a expedição de Cabral como o evento principiador da formação

do Brasil e do seu povo. c) as sociedades pré-cabralinas não haviam desenvolvido Estado complexo nem adquirido maturidade

civilizacional antes do processo de colonização europeia. d) é anacrônico supor a existência do Estado e do povo brasileiro ainda no século XV, visto que esses elementos

são resultados de uma construção histórica posterior. e) o Brasil e o seu povo só podem ser compreendidos a partir da chegada dos portugueses, uma vez que as

sociedades pré-cabralinas não constituíram civilização. QUESTÃO 25 (ABVEST_2015)

Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que aprendam a falar.

COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984. O documento destaca um aspecto cultural relevante em torno da conquista da América, que se encontra expresso em: a) Necessidade de imprimir sobre os ameríndios a educação e a cultura a partir de modelos ocidentais. b) Coisificação do ameríndio, que por não ter religião foi torturado e escravizado. c) Encantamento do homem branco diante do comportamento selvagem e infantil das tribos autóctones. d) Violência militarizada do europeu diante da necessidade de imposição de regras aos ameríndios. e) Compromisso dos agentes religiosos diante da necessidade de respeitar a diversidade social dos índios.

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PERÍODO COLONIAL (1532-1822) QUESTÃO 1 (ABVEST_2014)

A partir da análise da aquarela, é correto afirmar que o artista apresenta os a) africanos livres e suas belas roupas. b) negros displicentes e suas múltiplas funções. c) serviçais urbanos e suas diferentes moradias. d) negros após a abolição da escravidão no Brasil. e) escravos de ganho e suas variadas atividades. QUESTÃO 2 (ABVEST_2015)

"Pouco tempo depois do desembarque [na Bahia], fui recomendado pelo Capitão a um homem muito honrado, semelhante ao mesmo capitão, que tinha o que vulgarmente se chama um Engenho, isto é, uma plantação e uma manufatura de açúcar. Vivi alguns tempos em sua casa e por este meio me instrui no modo de plantar e fazer o açúcar. Ora, vendo que comodamente viviam estes cultivadores e com rapidez se enriqueciam, resolvi-me a estabelecer-me e a ser cultivador como os outros, se fosse possível obter licença; bem entendido que procuraria o meio de me fazer vir à mão o dinheiro, que tinha deixado em Londres [...] [Importei da Inglaterra] panos, sedas, meias e outras coisas extraordinariamente estimadas e procuradas neste país [e...] achei o segredo de as vender por alto preço, de sorte que posso dizer que, depois de sua venda, ajuntei mais de quatro vezes o valor da minha carregação [...] o ano seguinte tive toda a sorte de vantagens na minha plantação; colhi na minha própria terra cinquenta rolos de tabaco [que] estavam bem acondicionados e prontos para quando a frota voltasse para Lisboa."

DEFOE, Daniel. "Vida, e aventuras admiráveis de Robinson Crusoé, que contem a sua tornada à sua Ilha, as suas novas viagens, e as suas reflexões". Lisboa: Impressão de Aucobia, 1815. v. 1, p. 68-69 e 74. (Adaptado)

Robinson Crusoé é um romance escrito por Daniel Defoe e publicado originalmente em 1719 no Reino Unido. Levando em consideração o trecho do romance em questão, conclui-se, a partir dele, que a) no contexto em questão, o nordeste do Brasil era o destino preferenciado pelos aventureiros que vinham

fazer riqueza. b) a narrativa permite visualizar práticas muito comuns no período colonial, como a naturalização de

estrangeiros. c) embora, no contexto tratado, a principal economia colonial fosse a mineração, o açúcar ainda figurava como

principal produto exportado. d) as práticas vislumbradas por Crusoé em terras brasileiras são típicas de países de economia liberal,

contrariando os princípios do Mercantilismo. e) em consonância com os paradigmas mercantilistas da época, Crusoé realizava as exportações por meio das

suas próprias embarcações.

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QUESTÃO 3 (ABVEST_2015)

O desenho retrata a fazenda de São Joaquim da Grama com a casa-grande, a senzala e outros edifícios representativos de uma estrutura arquitetônica característica do período escravocrata no Brasil. Esta organização do espaço representa uma a) herança evidente da organização feudal que se perpetuou na América Portuguesa. b) forma de segregação racial, separando por completo senhores e escravos. c) particularidade das minas de exploração de ouro e de diamante. d) arquitetura social que promoveu a hierarquização e o patriarcalismo. e) tática preventiva para evitar roubos e agressões por escravos fugidos.

QUESTÃO 4 (ABVEST_2017)

Não foi essencialmente demográfico no sentido de que o movimento colonizador não foi impulsionado por pressões demográficas (como na Antiguidade, a colonização grega), mas tem dimensão demográfica no sentido de que envolve amplos deslocamentos populacionais (...). A colonização moderna foi um fenômeno global, no sentido de envolver todas as esferas da existência, mas seu eixo propulsor situa-se nos planos político e econômico.

NOVAIS, F. Condições de privacidade na colônia. História da vida privada no Brasil.Cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 18.

Comparando processo de colonização da Antiguidade ao Moderno, iniciado com as Grandes Navegações, o autor propõe que a) as colônias gregas foram formadas em razão da pressão exercida pelos cidadãos dos demos. b) o processo colonial das antigas cidades-estados gregas não envolvia deslocamentos populacionais. c) a baixa densidade demográfica dos países da Europa Moderna impediu a formação de colônias de grandes

dimensões territoriais. d) mesmo demograficamente limitados, os colonizadores europeus da Modernidade promoveram o povoamento

das terras conquistadas. e) a colonização moderna diferenciou-se da Antiga, visto que o propósito da Expansão Marítima iniciada no

século XV era promover apenas esvaziamento populacional.

QUESTÃO 5 (ABVEST_2018)

ERRO DE PORTUGUÊS Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio

Que pena! Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido O português. Andrade, O. In: Faraco & Moura. Língua e Literatura. v.3São Paulo: Ática, 1995. p. 146-147.

A análise do poema do modernista Oswald Andrade apresenta a) uma crítica à versão eurocêntrica sobre a relação dominador-dominado no processo de colonização do Brasil. b) fatores externos como chuva e sol como os responsáveis pelo delineamento das relações de poder no

período colonial. c) o europeu como dominador ideológico e projeta o índio como um inocente, cuja religiosidade animista o

relegou à condição de dominado. d) uma linguagem metafórica em que a “bruta chuva” representa os tiros de canhões e dos arcabuzes, armas

responsáveis pela subjugação dos índios. e) uma relação com acontecimento colonial brasileiro em que a cultura do branco se sobrepôs à cultura do

indígena, devido inocência do índio que andava nu.

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QUESTÃO 6 (ABVEST) A realidade religiosa de hoje em dia na América Latina demonstra à evidência o caráter superficial da cristianização autoritária conduzida outrora pelo poder colonial. No Brasil, especialmente, cultos clandestinos subsistiram – e agora afloram novamente – entre os índios e, sobretudo entre os negros trazidos da África. Os escritores e os viajantes dos séculos XVI-XVIII não puderam deixar de assinalá-los. Ao lê-los, percebe-se que o dia pertencia aos brancos e a noite, aos escravos. Posto o sol, os caminhos do Brasil se fechavam aos brancos que se trancafiavam em suas vastas moradas por temor dos escravos.

DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 266-267 (Adaptado). A catequese, indissociável do projeto colonizador português, jamais conseguiu subverter totalmente o diversificado conjunto de crenças e costumes dos indígenas e dos negros.Tal processo pode ser considerado uma forma de a) subversão b) resistência

c) aculturação d) inculturação

e) etnocentrismo

QUESTÃO 7 (FUVEST_ 2015) Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.

ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas.São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado. O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar. b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole. c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu

início, era maior. d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas. e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua

inserção em mercados internacionais. QUESTÃO 8 (Mackenzie 2019) “A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se com o uso extensivo da mão de obra indígena (...) Do ponto de vista dos portugueses, no período de escravidão indígena, o sistema de relações de trabalho era algo que fora pormenorizadamente elaborado. Tal período foi também aquele em que o contato entre os europeus e o gentio começou a criar categorias e definições sociais e raciais que caracterizaram continuamente a experiência colonial.”

(Schwartz, Stuart B. Segredos Internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 2005, p. 57) Sobre o trabalho escravo durante o período colonial é correto afirmar que a) o uso da mão de obra indígena estendeu-se durante todo o período colonial. No primeiro momento, durante a

extração do pau-brasil, os portugueses utilizavam o escambo. No segundo momento, a partir da produção canavieira, foi organizada a escravidão dos povos indígenas.

b) desde o primeiro contato com os portugueses, os indígenas foram submetidos ao trabalho escravo. Seja na extração do pau-brasil seja na grande lavoura canavieira, o sistema escravista baseado na mão de obra nativa predominou diante de outras formas de trabalho.

c) a partir da necessidade de mão de obra para a produção canavieira, os povos indígenas foram submetidos à escravidão. Porém, a partir da chegada dos primeiros grupos de africanos, a escravidão indígena foi paulatinamente abandonada até chegar ao fim em meados do século XVII.

d) a escravidão indígena foi implantada durante o chamado Período Pré-colonial e tinha como objetivo usar o máximo de mão de obra para a extração do pau-brasil. Com a implantação da grande lavoura e a chegada dos africanos, a escravidão indígena perdeu força e foi abandonada no século XVIII.

e) após utilizar o trabalho indígena com o escambo, os portugueses recorrem à sua escravização. Isso se deve à necessidade portuguesa de mão de obra para a grande lavoura e à indisposição indígena para o trabalho aos moldes europeus. No século XVII, é substituída definitivamente pela escravidão africana.

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QUESTÃO 9 (FATEC_2019) Observe a imagem.

A imagem retrata a festa em homenagem à santa padroeira da irmandade religiosa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Minas Gerais,no século XVIII. Segundo o historiador Caio Boch,“as irmandades foram amais viva expressão social das Minas Gerais do século XVIII”. De modo geral,as irmandades são definidas como associações constituídas por religiosos leigos e fiéis de diferentes classes sociais que se dedicavam ao culto de um padroeiro. Na região das Minas Gerais, no século XVIII,essas associações se caracterizavam pela a) organização da vida social, construção de igrejas e de cemitérios, organização de festas, cuidados com os

necessitados e formação profissional com o ensino dos ofícios mecânicos e das artes. b) organização da vida econômica, construção e manutenção de estradas, criação dos órgãos de fiscalização e

cobrança de impostos, e administração dos seminários coloniais, responsáveis pela formação de novos padres.

c) c)organização da vida política, construção de hospitais e de escolas de educação básica, administração do patrimônio do Vaticano no Brasil e organização de bazares e feiras para arrecadação de donativos para os necessitados.

d) criação e fiscalização do cumprimento das leis referentes à moral e aos costumes dos moradores de Minas Gerais, celebração semanal do rito da missa e administração de sacramentos, como o batismo, o casamento e a extrema unção.

e) criação dos órgãos de controle metropolitano sobre a população de escravos e libertos, regulamentação das práticas do Candomblé, construção de casas para os irmãos de baixa renda e desenvolvimento de sistemas de ensino religioso ecumênico.

QUESTÃO 10 (UECE_ 2019) Segundo nos informa Darcy Ribeiro (1995, p.194), em fins do século XVI, a colônia possuía 3 cidades, a maior delas, Salvador, então sede do Governo Geral, contava com aproximadamente 15 mil habitantes; no final do século XVII, salvador tinha em torno de 30 mil habitantes e Recife tinha 20 mil. Ao final do século XVIII, enquanto cidades centenárias como Salvador e Recife tinham por volta de 40 mil e 25 mil habitantes, respectivamente, a jovem cidade de Vila Rica, hoje Ouro Preto, elevada à categoria de Vila somente em 1711, já possuía cerca de 30 mil habitantes.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 194. O fenômeno demográfico do rápido crescimento populacional de Vila rica (Ouro Preto) no século XVIII é atribuído a) a)ao processo de interiorização da colonização portuguesa no Brasil a partir da expansão da atividade pecuarista,

por meio das correntes do sertão de dentro, oriunda da Bahia, e do sertão de fora originária de Pernambuco. b) b)à grande migração de colonos e de pessoas oriundas de Portugal para a região que hoje é Minas Gerais, em

função das descobertas de jazidas de ouro e pedras preciosas, o que fez surgirem vários centros urbanos na área. c) c)ao estímulo ao desenvolvimento da colônia, promovido por Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês

de Pombal, secretário de Estado do Reino, sob o reinado de D. José I, que incentivou a indústria e a educação no Brasil.

d) d)à ocupação de vastos espaços do território da colônia por colonos espanhóis das regiões do Potosi e do Rio da Prata, quando ocorreu a União Ibérica (1580-1640), época em que reis hispânicos governaram o reino de Portugal.

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QUESTÃO 11 (UNCAMP_ 2019) Tanto que se viu a abundância do ouro que se tirava e a largueza com que se pagava tudo o que lá ia, logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às Minas Gerais o melhor que chega nos navios do Reino e de outras partes. De todas as partes do Brasil, se começou a enviar tudo o que dá a terra, com lucro não somente grande, mas excessivo. Daqui se seguiu, mandarem-se às Minas Gerais as boiadas de Paranaguá, e às do rio das Velhas, as boiadas dos campos da Bahia, e tudo o mais que os moradores imaginaram poderia apetecer-se de qualquer gênero de cousas naturais e industriais, adventícias e próprias.

(Adaptado de André Antonil, Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia-Edusp, 1982, p. 169-171.) Sobre os efeitos da descoberta das grandes jazidas de metais e pedras preciosas no interior da América portuguesa na formação histórica do centro-sul do Brasil, é correto afirmar que: a) A demanda do mercado consumidor criado na zona mineradora permitiu a conexão entre diferentes partes da

Colônia que até então eram pouco integradas. b) A partir da criação de rotas de comércio entre os campos do sul da Colônia e a região mineradora, Sorocaba e

suas feiras perderam a relevância econômica adquirida no século XVII. c) O desenvolvimento socioeconômico da região das minas e do centro-sul levou a Coroa a deslocar a capital da

Colônia de Salvador para Ouro Preto em 1763. d) Como o solo da região mineradora era infértil, durante todo o século XVIII sua população importava os

produtos alimentares de Portugal ou de outras capitanias. QUESTÃO 12 (UNICAMP_2019) Entre os séculos XVII e XVIII, o nheengatu se tornou a língua de comunicação interétnica falada por diversos povos da Amazônia. Em 1722, a Coroa exortou os carmelitas e os franciscanos a capacitarem seus missionários a falarem esta língua geral amazônica tão fluentemente como os jesuítas, já que em 1689 havia determinado seu ensino aos filhos de colonos.

(Adaptado de José Bessa Freire, Da “fala boa” ao português na Amazônia brasileira. Ameríndia, Paris, n. 8, 1983, p.25.) Com base na passagem acima, assinale a alternativa correta. a) Os jesuítas criaram um dicionário baseado em línguas indígenas entre os séculos XVI e XIX, que foi

amplamente usado na correspondência e na administração colonial nos dois lados do Atlântico. b) O texto permite compreender a necessidade de o colonizador português conhecer e dominar a língua para

poder disciplinar os índios em toda a Amazônia durante o período pombalino e no século XIX. c) O aprendizado dessa língua associava-se aos projetos de colonização, visando ao controle da mão de obra

indígena pelos agentes coloniais, como missionários, colonos e autoridades. d) A experiência do nheengatu desapareceu no processo de exploração da mão de obra indígena na Amazônia e

em função da interferência da Coroa, que defendia o uso da língua portuguesa. QUESTÃO 13 (FAMERP_2018) A Bahia é cidade d’El-Rei, e a corte do Brasil; nela residem os Srs. Bispo, Governador, Ouvidor-Geral, com outros oficiais e justiça de Sua Majestade; [...]. É terra farta de mantimentos, carnes de vaca, porco, galinha, ovelhas, e outras criações; tem 36 engenhos, neles se faz o melhor açúcar de toda a costa; [...] terá a cidade com seu termo passante de três mil vizinhos Portugueses, oito mil Índios cristãos, e três ou quatro mil escravos da Guiné.

(Fernão Cardim. Tratados da terra e gente do Brasil, 1997.) O padre Fernão Cardim foi testemunha da colonização portuguesa do Brasil de 1583 a 1601. O excerto faz uma descrição de Salvador, sede do Governo-Geral, referindo-se, entre outros aspectos, à a) incorporação pelos colonizadores dos padrões culturais indígenas. b) ligação da atividade produtiva local com o comércio internacional. c) miscigenação crescente dos grupos étnicos presentes na cidade. d) existência luxuosa da nobreza portuguesa na capital da colônia. e) dependência da população em relação à importação de produtos de sobrevivência.

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QUESTÃO 14 (UNESP_ 2018) Na colônia, a justiça era exercida por toda uma gama de funcionários a serviço do rei. A violência, a coerção e a arbitrariedade foram suas principais características. [...] Nas regiões em que a presença da Coroa era mais distante, os grandes proprietários de terras exerciam considerável autoridade administrativa e judicial. No sertão, os potentados impunham seus interesses à população livre.

(Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação, 2008.)

Ao analisar o aparato judiciário no Brasil Colonial, o texto a) identifica a isonomia e a impessoalidade na administração da justiça e seu embasamento no direito romano. b) explicita a burocratização do sistema jurídico nacional e reconhece sua eficácia no controle interno. c) indica o descompasso entre as determinações da Coroa portuguesa e os interesses pessoais dos

governadores-gerais. d) distingue o sistema oficial da dinâmica local e atesta o prevalecimento de ações autoritárias em ambas. e) diferencia as funções do Poder Judiciário e do Poder Executivo e caracteriza a ação autônoma e

independente de ambos. QUESTÃO 15 (IFBA_ 2018) No processo de colonização, os capitães donatários tinham alguns direitos oferecidos pela coroa portuguesa: podiam escravizar e vender até 24 índios por ano, direito sobre a morte de escravos, gentios e homens livres de menor qualidade. Podiam, em alguns casos, deportar (degredo) colonos sem apelação ao rei. O senhor donatário, como grande proprietário de terras (latifundiário), podia também ceder pedaços de terra para outros colonos desenvolverem plantações e podiam ainda deter o comando militar e o direito de alistar colonos e formar milícias.

Com base nesse texto, qual questão é a certa? a) Esse texto revela que o Rei em nada mandava na administração colonial portuguesa. Os verdadeiros

governantes eram os capitães donatários. b) Os capitães donatários eram homens da pequena fidalguia portuguesa ou mesmo da nascente burguesia.

Eram homens ávidos por lucros e por subir na vida. Por isso o sistema de capitania hereditária falhou, afinal eles não se preocuparam com o sistema como um todo, mas com seu próprio enriquecimento, deixando de lado as tarefas de representantes da coroa.

c) Os capitães donatários tinham tarefas voltadas para a segurança interna (contra os indígenas não submetidos) e externa da colônia (contra invasores europeus); monopolizavam o controle da terra, o que produzia uma distribuição de acesso à terra desigual; e eram os responsáveis pela organização da produção das matérias-primas brasileiras, voltadas para a exportação.

d) As violências acima descritas inviabilizaram a continuidade das capitanias, já que as pessoas não queriam se subordinar a indivíduos com tamanho poder.

e) O fato de poderem conceder terras para outros sesmeiros gerou uma política de acesso à terra que beneficiou portugueses pobres que habitavam o Brasil.

QUESTÃO 16 (PUCPR_2018) Observe a obra O jantar de Debret.

A sociedade patriarcal brasileira retratada na imagem tem como características a) a mobilidade social presente nas regiões açucareiras

e mineradoras, em que os escravos poderiam receber ou comprar sua liberdade e serem aceitos pelo status quo desde que estabelecidos como proprietários de terras ou negócios.

b) a herança cultural portuguesa e muçulmana, presenciada no âmbito privado e não no público, em que o patriarca era o chefe da família, visto que a Península Ibérica já havia sido de domínio mouro.

c) o controle dos grandes fazendeiros sobre suas terras e regiões vizinhas, mais tarde observado também no coronelismo, modelo político combatido após a Proclamação da República.

d) a extensão do poder do senhor de engenho não somente sobre sua propriedade e empregados, mas também sobre sua família e a região ao redor de suas terras.

e) a centralização na figura do pai, chefe não somente da família, mas dos negócios e da política local, padrão do nordeste açucareiro entre os séculos XVI e XVII, e do sudeste nos séculos XVIII e XIX.

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QUESTÃO 17 (FGV_ 2018) A agromanufatura da cana resultaria em outro produto tão importante quanto o açúcar: a cachaça. Alambiques proliferaram ao longo dos séculos coloniais. A comercialização da bebida afetava profundamente a importação de vinhos de Portugal. Esse comércio era obrigatório, pois por meio dos tributos pagos pelas cotas do vinho importado é que a Coroa pagava as suas tropas na Colônia. A cachaça produzida aqui passou a concorrer com os vinhos, com vantagens econômicas e culturais. Essa concorrência comercial entre colônia e metrópole se estendeu para as praças negreiras e rotas de comercialização de escravos na África portuguesa. A cachaça brasileira, por ser a bebida preferida para os negócios de compra e venda de escravos africanos, colocou em grande desvantagem a comercialização dos vinhos portugueses remetidos à África. A longa queda de braço mercantil acabou favorecendo afinal a cachaça, porque sem ela, nada de escravos, nada de produção na Colônia, com consequências graves para a arrecadação do reino.

(Ana Maria da Silva Moura. Doce, amargo açúcar.Nossa História, ano 3, nº 29, 2006. Adaptado) A partir dessa breve história da cachaça no Brasil, é correto afirmar que a) essa produção prejudicou os negócios relacionados ao açúcar, porque desviava parte considerável da mão de

obra e dos capitais, além de incentivar o tráfico negreiro em detrimento do uso do trabalho compulsório indígena, que mais interessava ao Estado português.

b) esse item motivou recorrentes conflitos entre as elites colonial e metropolitana, condição em parte solucionada quando as regiões africanas fornecedoras de escravos tornaram-se também produtoras de cachaça, o que desestimulou a sua produção na América portuguesa.

c) essa bebida tem uma trajetória que comprova a ausência de domínio da metrópole sobre a América portuguesa, porque as restrições ao comércio e à produção de mercadorias no espaço colonial não surtiam efeitos práticos e coube aos senhores de engenho impor a ordem na Colônia.

d) esse produto desrespeitava um princípio central nas relações que algumas metrópoles europeias impunham aos seus espaços coloniais, nesse caso, a quebra do monopólio de grupos mercantis do reino e a concorrência a produtos da metrópole.

e) essa mercadoria recebeu um impulso importante, mesmo contrariando as determinações metropolitanas, mas, gradativamente, perdeu a sua importância, em especial quando o tabaco e os tecidos de algodão assumiram a função de moeda de troca por escravos na África.

QUESTÃO 18 (FGV_2018) Como a sociedade do reino e as dos núcleos mais antigos de povoamento – a de Pernambuco, Bahia ou São Paulo – seguiam, em Minas, os princípios estamentais de estratificação, ou seja, pautavam-se pela honra, pela estima, pela preeminência social, pelo privilégio, pelo nascimento. A grande diferença é que, em Minas, o dinheiro podia comprar tanto quanto o nascimento, ou “corrigi-lo”, bem como a outros “defeitos” (...) Como rezava um ditado na época, “quem dinheiro tiver, fará o que quiser”.

(Laura de Mello e Souza. Canalha indômita. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 1, nº2, ago. 2005. Adaptado)

No Brasil colonial, tais “defeitos” referem-se a) aos que fossem acusados pelo Tribunal da Santa Inquisição e aos que estivessem na Colônia sem a

permissão do soberano português. b) ao exercício de qualquer prática comercial desvinculada da exportação e à condição de não ser proprietário de

terras e escravos. c) aos que explorassem ilegalmente o trabalho compulsório dos indígenas e aos colonos que não fizessem parte

de alguma irmandade religiosa. d) aos colonos que se casavam com pessoas vindas da Metrópole e aos que afrontassem, por qualquer meio, os

chamados “homens bons”. e) aos de sangue impuro, representados pela ascendência moura, africana ou judaica, e aos praticantes de

atividades artesanais ou relacionadas ao pequeno comércio. QUESTÃO 19 (UECE_2018) Ocorridos entre os meados do século XVII até as primeiras décadas do século XVIII, os movimentos nativistas apresentam-se como os primeiros sinais de uma crise do sistema colonial.

Sobre esses movimentos, é correto afirmar que a) tinham como principal objetivo a separação política entre colônia e metrópole, com a autonomia administrativa

e a formação de novas nações livres nas regiões onde ocorriam. b) em Minas Gerais, com a Guerra dos Emboabas e a Revolta de Felipe dos Santos, no Maranhão, com a

Revolta dos Beckman, e em Pernambuco, com a Insurreição Pernambucana e a Guerra dos Mascates, aparecem as divergências entre os interesses dos colonos e os da metrópole.

c) ocorreram somente em locais que vivenciavam crises econômicas, como o Rio Grande do Sul (Farroupilha 1835-1845) e Pernambuco (Revolução Pernambucana de 1817).

d) somente a Confederação do Equador, ocorrida no nordeste brasileiro, pode ser tomada como um legítimo movimento nativista, uma vez que não pretendia a separação política em relação a Portugal, mas, somente, maior autonomia administrativa.

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QUESTÃO 20 (UPF_ 2018) “Não é fácil saber de onde foi que Jorge Velho partiu para ir combater Palmares, se de São Paulo ou do Piauí. Tanto se pode admitir uma versão como a outra, já que ambas se apoiam em documentos de igual autoridade [...]. Há também muita controvérsia sobre os seus efetivos. Em diferentes documentos o número de indígenas oscila entre 800 e 1.300, e o de brancos entre 80 e 150, não falando nas mulheres e crianças que costumava levar consigo. A marcha de seiscentas léguas até Pernambuco foi uma estupenda façanha. Custou-lhe a perda de 396 pessoas, das quais 196 morreram de fome ou doença e 200 desertaram.”

(FREITAS, Décio. Palmares: a guerra dos escravos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984, p. 145-146) O bandeirante Domingos Jorge Velho foi contratado pelo governo português para destruir o quilombo de Palmares. Isso se deu porque a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste, queriam aí estabelecer pontos

de comércio, sendo impedidos pelos quilombos. b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais, aliados aos negros de Palmares, ameaçavam

o governo com movimentos milenaristas. c) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no Nordeste, ameaçando a continuidade

da produção açucareira e da dominação colonial. d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído brancos e mestiços pobres,

organizassem um movimento de independência da colônia. e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra a metrópole, visando trazer

novamente o Nordeste para o domínio holandês. QUESTÃO 21 (UECE_2018) Atente para os excertos apresentados a seguir.

“(...) No Brasil atual, ainda se acredita que os amuletos estão associados a cultos afro-brasileiros, o que nem sempre é verdadeiro. Um caso clássico é o da figa. Vinculada a um passado escravista e, por isso, a uma origem africana, é um amuleto antiquíssimo, provavelmente da Europa mediterrânica, e que não teve só a função que hoje se conhece, de trazer sorte e proteger o usuário:(...) E mesmo vindo do Mediterrâneo, foi perfeitamente incorporado aos amuletos afro-brasileiros, evidenciando assim uma mistura de culturas”.

PAIVA, Eduardo França. Pequenos objetos, grandes encantos. In: Revista Nossa História. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, ano 1, nº 10, agosto 2004. p.58-59

“(...) A abundância diversificada e o recrudescimento do devocionário privado no Brasil antigo explicam-se, antes de mais nada, pela multiplicidade dos estoques culturais presentes desde os primórdios da conquista e ocupação do novo mundo, onde centenas de etnias indígenas e africanas prestavam culto a panteões os mais diversos. Por se tratar de crenças e rituais condenados pelos donos do poder espiritual, tiveram de ocultar-se no recôndito das matas ou no secreto das casas”.

MOTT, Luiz. Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu. in: História da vida privada no Brasil: Cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras,1997, p.220.

A partir dos excertos acima, é correto afirmar que a) não houve uma miscigenação cultural no Brasil, tão forte foi a predominância da cultura europeia e do

catolicismo na construção da cultura brasileira. b) o sincretismo religioso é uma marca da cultura brasileira, pois os cultos brasileiros adotaram, desde a

colonização, matrizes europeias, africanas e indígenas. c) apesar de diversas etnias indígenas e africanas terem participado da formação cultural brasileira, resta apenas

a religiosidade cristã católica europeia em nossa cultura. d) todo o conjunto de crendices e amuletos que ainda hoje são utilizados na crença dos brasileiros é originário só

dos cultos afro-brasileiros e foi incorporado à fé cristã.

QUESTÃO 22 (Enem PPL_2018) Os próprios senhores de engenho eram uns gulosos de doce e de comidas adocicadas. Houve engenho que ficou com o nome de “Guloso”. E Manuel Tomé de Jesus, no seu Engenho de Noruega, antigo dos Bois, vivia a encomendar doces às doceiras de Santo Antão; vivia a receber presentes de doces de seus compadres. Os bolos feitos em casa pelas negras não chegavam para o gasto. O velho capitão-mor era mesmo que menino por alfenim e cocada. E como estava sempre hospedando frades e padres no seu casarão de Noruega, tinha o cuidado de conservar em casa uma opulência de doces finos.

FREYRE, G. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985 (adaptado).

O texto relaciona-se a uma prática do Nordeste oitocentista que está evidenciada em: a) Produção familiar de bens para festejar as datas religiosas. b) Fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites. c) Circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas. d) Criação artesanal de iguarias para assegurar as redes de sociabilidade. e) Comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa.

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QUESTÃO 23 (UEFS_2018) Do ponto de vista econômico, a concessão mais onerosa para os interesses da colônia foi a tarifa de 15% ad valorem a ser cobrada sobre as mercadorias inglesas entradas nos portos brasileiros, em navios ingleses ou portugueses [...]. Situação agravada pelo fato de a Carta de Abertura dos portos fixar a taxa de 16% ad valorem para os navios portugueses e 24% para todas as demais nações.

(José Jobson de Andrade Arruda. Uma colônia entre dois impérios, 2008.) O excerto refere-se aos tratados de 1810 assinados entre os governos português e inglês, que tiveram como uma de suas consequências a) o estímulo ao desenvolvimento das manufaturas no Brasil. b) o fortalecimento do controle metropolitano sobre o comércio colonial. c) a ligação das atividades econômicas coloniais com uma economia industrial. d) a crise das exportações de produtos primários do Brasil para a Europa. e) a adoção no conjunto do Império português da política do livre-cambismo. QUESTÃO 24 (UEL_2018) Leia o trecho do poema a seguir.

– Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. – É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe neste latifúndio.

– Não é cova grande. é cova medida, é a terra que querias ver dividida.

(MELO NETO, J. C. Morte e Vida Severina. Universidade da Amazônia, NEAD – Núcleo de Educação à Distância. p.21-13.

Disponível em: <www.nead.unama.br>. Acesso em: 28 ago. 2017).

O poema trata da relação entre o homem e a terra no Brasil. Com base nos conhecimentos sobre propriedade e usos da terra, assinale a alternativa correta. a) No decorrer do segundo Reinado, a Lei de Terras, promulgada em 1850, possibilitou o livre acesso das terras

devolutas aos primeiros imigrantes europeus, garantindo-lhes a sobrevivência. b) Na Colônia, as terras doadas como sesmarias garantiam privilégios aos senhores de engenho, mas

restringiam a prática de certas atividades econômicas. c) No Império, formaram-se os primeiros quilombos cuja propriedade dessas terras foi reconhecida legalmente

durante a primeira República. d) Em 1964, João Goulart realizou desapropriações das pequenas propriedades no entorno das metrópoles para

o cultivo de sobrevivência por parte dos trabalhadores. e) No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995- 2002), retomou-se a política econômica de estatização das

propriedades agrícolas resultando em elevadas taxas de crescimento econômico. QUESTÃO 25 (PUCCAMP_2018)

Tiradentes era alguém com todas as características e ressentimentos de um revolucionário. Além do mais, ele se apresentava para o martírio ao proclamar sua responsabilidade exclusiva pela inconfidência. Era óbvia a sedução que o enforcamento do alferes representava para o governo português: pouca gente levaria a sério um movimento chefiado por um simples Tiradentes (e as autoridades lusas, depois de outubro de 1790, invariavelmente se referiam ao alferes por seu apelido de Tiradentes).

MAXWELL, Kenneth. A devassa da devassa. A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808. São Paulo: Paz e Terra, 1995, p. 216. O texto de Kenneth Maxwell, ao se referir a Tiradentes, nos remete à Inconfidência Mineira. Sobre a Inconfidência Mineira, é correto afirmar que a) o fracasso do movimento deveu-se, entre outros, à precária organização do movimento e à falta de coesão

efetiva entre os conspiradores. b) a conjuração resultou em reuniões nas quais se travaram debates políticos e filosóficos sem que com isso

resultasse em proposta de revolta. c) a ausência de princípios iluministas, como os de liberdade e igualdade jurídica, deu ao movimento um caráter

verdadeiramente revolucionário. d) o êxito da conspiração deu-se em função de ser formada, principalmente, pelas camadas médias e urbanas e

dos grupos pobres da população. e) as ideias do despotismo ilustrado deram origem a um movimento conspiratório e libertário no processo de

ruptura política do país.

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QUESTÃO 26 (PUCSP_ 2017)

“A presença africana está de tal maneira mesclada a formas de ser, fazer e viver europeias e ameríndias, que é difícil distinguir o que é puramente africano. O que é certo é que os nossos antepassados africanos trouxeram para o Brasil os conhecimentos e as técnicas que desenvolveram ao longo dos séculos.”

Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 154-155. Entre os conhecimentos citados no texto, é correto citar: a) técnicas de navegação, como o barco a vela, e o desenvolvimento do sistema de irrigação por canaletas. b) técnicas de preparação do solo, como as chinampas, e o domínio da escrita pictográfica. c) técnicas de cultivo, como a coivara, e a edificação de grandes obras, como as pirâmides. d) técnicas de extração de metais nobres, como o ouro, e o cultivo do quiabo e do dendê. QUESTÃO 27 (UECE_2017) Atente ao seguinte enunciado: “Em seu governo, Maurício de Nassau incentivou a produção de açúcar, que havia decaído durante a conquista, com a concessão de financiamentos; também estimulou a agricultura de subsistência, sobretudo da mandioca, para que não faltassem alimentos aos mais pobres. Homem culto e amante das artes, seu governo foi um período de tolerância religiosa entre católicos e protestantes. Seu retorno à Europa e sua substituição por um ‘triunvirato’ – que alterou suas práticas administrativas – fez surgir reações e insurreições por parte dos senhores de engenho”.

O enunciado se refere ao período histórico marcado a) pela implantação do Governo-Geral, em 1548, como forma de resolver o fracasso administrativo das

Capitanias Hereditárias e garantir a posse e a pacificação da Colônia. b) pelo domínio francês no Maranhão, no qual o governo do Conde Nassau trouxe grandes avanços à cultura

canavieira daquela região e o desenvolvimento da cidade de São Luís. c) pelo domínio francês no Rio de Janeiro, que teve na figura de Maurício de Nassau seu grande nome,

responsável por desenvolver a economia e a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. d) pelo domínio holandês no Nordeste do Brasil, que se estendeu desde a Bahia até o Maranhão e que teve na

administração de Nassau seu período de maior desenvolvimento. QUESTÃO 28 (FGV_2017) Leia o excerto de uma peça teatral, de 1973.

Nassau Como Governador-Geral do Pernambuco, a minha maior preocupação é fazer felizes os seus moradores.

Mesmo porque eles são mais da metade da população do Brasil, e esta região, com a concentração dos seus quase 350 engenhos de açúcar, domina a produção mundial de açúcar. Além do mais, nessa disputa entre a Holanda, Portugal e Espanha, quero provar que a colonização holandesa é a mais benéfica. Minha intenção é fazê-los felizes… sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos ou pobres, protestantes ou católicos romanos e até mesmo judeus.

Senhores, a Companhia das Índias Ocidentais, que financiou a campanha das Américas, fecha agora o balanço dos últimos quinze anos com um saldo devedor aos seus acionistas da ordem de dezoito milhões de florins. Moradores

Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva! Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o elogio da traição, 1976. Adaptado.

Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz referência, é correto afirmar que a) as bases religiosas da colonização holandesa no nordeste brasileiro produziram uma organização

administrativa que privilegiava a elite luso-brasileira, ao oferecer financiamento com juros subsidiados e parcelas importantes do poder político aos grandes proprietários católicos.

b) a grande distância entre as promessas de tolerância religiosa e a realidade presente no cotidiano dos moradores da capitania de Pernambuco deu-se porque os dirigentes da companhia holandesa impuseram o calvinismo como religião oficial e perseguiram as demais religiões.

c) a presença da Companhia das Índias Ocidentais no nordeste da América portuguesa trouxe benefícios aos proprietários luso-brasileiros, como o financiamento da produção, mas reproduziu a lógica do colonialismo, ao concentrar a riqueza no setor mercantil e não no produtivo.

d) a felicidade prometida pelos invasores holandeses não pôde ser efetivada em função da lógica diplomática presente na relação entre Portugal e Holanda, pois se tratava de nações inimigas desde o século XV, em virtude da disputa pelo comércio oriental.

e) as promessas dos invasores holandeses se confirmaram, e a elite ligada à produção açucareira e ao comércio colonial foi amplamente beneficiada, principalmente pelo livre comércio, o que explica a resistência desses setores sociais ao interesse português em retomar a região invadida pela Holanda.

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QUESTÃO 29 (UECE_2017) O início do Séc. XVIII marcou uma importante mudança no processo de colonização do Brasil pela metrópole portuguesa. A descoberta de jazidas de pedras e metais preciosos, no interior do território, promoveu interiorização do povoamento e diversas alterações na administração colonial.

Sobre esse período, é correto afirmar que a) apesar de a capital da colônia permanecer no litoral, diversos núcleos urbanos surgiram nas regiões de

exploração mineira tais como Vila Rica, Diamantina, Sabará e Mariana. b) a mais importante alteração administrativa foi a transferência da capital da colônia, de Salvador, na Bahia,

para Ouro Preto, em Minas Gerais. c) a cobrança de impostos sobre a mineração, como o “quinto”, praticada pela Intendência das Minas, era

tolerada pois todos os recursos eram usados na educação e na saúde pública e gratuita para os colonos. d) na atividade mineradora, o uso de trabalho escravo, muito amplo na economia açucareira, era quase

inexistente, sobressaindo-se o trabalho livre de imigrantes europeus. QUESTÃO 30 (FGV_ 2017)

O que queremos destacar com isso é que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade colonial: apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao mesmo tempo, observa-se a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas. Na Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o início do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos passou a ser controlado pelas comunidades mercantis locais (...).

João Fragoso et alii. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), 1998. O texto permite inferir que a) o tráfico atlântico de escravos prejudicou a economia colonial brasileira porque uma enorme quantidade de

capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida para a África e para Portugal. b) as transações comercias envolvendo a África e a América portuguesa deveriam, necessariamente, passar

pelas instâncias governamentais da Metrópole, condição típica do sistema colonial. c) a monopolização do tráfico negreiro nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o

desenvolvimento das atividades manufatureiras nas regiões mais ricas da América portuguesa. d) as rivalidades econômicas e políticas entre fidalgos e burgueses, no espaço colonial, impediram o crescimento

mais acelerado da produção de outras mercadorias além do açúcar e do tabaco. e) nem todos os fluxos econômicos, durante o processo de colonização portuguesa na América, eram

controlados pela Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia das elites coloniais em relação à burguesia metropolitana.

QUESTÃO 31 (UECE_2017) Leia atentamente os excertos a seguir:

“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo com que se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço”;

André João Antonil. Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas. Belo Horizonte. Itatiaia, 1982. p. 89.

“A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas”.

Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Rio de janeiro. José Olímpio editora, 1984. p. 119. Considerando os vários aspectos da formação social do Brasil, pode-se afirmar corretamente que os dois trechos acima tratam a) da inclusão do negro e do pobre no processo democrático que rompeu com os direitos e privilégios das

classes dominantes. b) da integração social ocorrida ainda na colonização com o processo de miscigenação étnica que tornou iguais

todos os brasileiros. c) da condição de exploração e exclusão a que estava sujeita uma parcela significativa da população brasileira

em razão dos interesses das elites. d) da perfeita inclusão dos negros libertos e da população pobre em geral na sociedade brasileira, com a criação

da República e da democracia no Brasil.

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QUESTÃO 32 (Fac. Albert Einstein _Medicin 2017) Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e depois que desbastou o mais grosso, toma o maço, e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afia-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos: aqui desprega, ali arruga, acolá recama: e fica um homem perfeito, e talvez um santo, que se pode pôr no altar.

VIEIRA, Antônio. Sermões. Porto: Lello & Irmão, 1959. O texto, escrito no século XVII, pode ser interpretado como a) o reconhecimento da humanidade intrínseca dos indígenas e africanos, que deveriam possuir os mesmos

direitos dos europeus. b) uma analogia entre o trabalho de evangelização desenvolvido nas colônias e a criação do homem por Deus. c) a exigência da escravização dos indígenas que, através do trabalho forçado, poderiam alcançar a

salvação eterna. d) um discurso contra o trabalho desenvolvido nas missões jesuíticas implantadas pelos europeus nas

colônias americanas. QUESTÃO 33 (UECE_2017) Leia atentamente o excerto a seguir:

“Há duas Brancas Dias: uma real, outra imaginária. A primeira pode ser conhecida consultando-se os documentos históricos e os estudos já escritos a respeito; a outra está nos romances e peças de teatros inspirados pelo personagem real. [...] Enquanto seu marido, Diogo Fernandes, instalava-se em Pernambuco, [...] Branca, que havia permanecido em Portugal, era denunciada e presa pela Inquisição. Acusada de judaísmo pela própria mãe e por uma irmã, que já se encontravam presas, Branca admitiu a dita heresia, sendo assim libertada, [...]. Com a morte do marido, além de administrar a parcela que restava do engenho Camaragibe após um fracasso parcial de sua exploração, Branca manteve em sua casa da Rua Palhares, em Olinda, com a ajuda das filhas, uma escola para ensinar meninas a cozinhar, bordar e fazer rendados. Mal imaginava que, trinta anos depois, já morta, suas ex-alunas a denunciariam ao visitador inquisitorial por práticas judaizantes no Brasil”.

Bruno Fleiter. Duas faces de um mito. Nossa História. Ano 1, nº 10, ago. 2004. p. 48. O aspecto da colonização do Brasil tratado no trecho acima diz respeito a) ao processo de inclusão social dos praticantes de religiões não católicas, respeitando o direito ao culto e suas

tradições religiosas. b) à perseguição religiosa, por parte do Tribunal do Santo Ofício, que trouxe a inquisição até as terras brasileiras

no período colonial. c) à condição de liberdade de culto e manifestação religiosa presentes na História do Brasil desde a colonização

até os dias atuais. d) à perfeita inclusão na sociedade brasileira dos negros libertos, dos judeus e da população pobre em geral,

com a criação da República e da democracia no Brasil. QUESTÃO 34 (PUCCAP_2017) As colônias que se formaram na América portuguesa tiveram, desde o século XVI, o caráter de sociedades escravistas. Como passar do tempo, consolidaram-se em todas elas algumas práticas relacionadas à escravidão que ajudaram a cimentar a unidade e a própria identidade dos colonos luso-brasileiros. Dentre essas práticas, ressalta-se a combinação entre um avultado tráfico negreiro gerido a partir dos portos brasileiros e altas taxas de alforria.

BERBEL, Márcia; MARQUESE, Rafael e PARRON, Tâmis. Escravidão e política. Brasil e Cuba, c. 1790-1850. São Paulo: Hucitec/Fapesp. 2010. p. 178-179.

Os holandeses, durante o governo de Maurício de Nassau, lançaram mão de algumas estratégias ao se relacionarem com os colonos luso-brasileiros durante o período em que dominaram parte do Nordeste brasileiro, no século XVII. Dentre essas estratégias, incluem-se a) a busca do controle do tráfico negreiro a partir de um entreposto na África do Sul, a expropriação dos

engenhos de açúcar mais produtivos e a difusão do calvinismo aos colonos luso-brasileiros. b) o estímulo à imigração holandesa para o nordeste brasileiro, a limpeza étnica da porção urbana da região

ocupada e a expansão da cultura canavieira para o Suriname. c) o controle das rotas comerciais no Atlântico, a implantação do trabalho livre em sua área de influência, e a

formação de uma colônia judaica na região do Maranhão. d) o estabelecimento de redes de comércio com os produtores de uma vasta região da costa nordestina, certa

tolerância religiosa e a manutenção das relações escravistas. e) a formação de um exército antilusitano de alforriados em Recife, o estabelecimento de alianças com os

espanhóis e a concessão de créditos aos colonos protestantes.

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QUESTÃO 35 (PUCCAMP_2017) Luiz Gama (1830-1882) foi um dos raros intelectuais negros brasileiros do século XIX, o único autodidata e também o único ater sofrido a escravidão antes de integrar a república das Letras,universo reservado aos brancos. Em São Paulo, em 1859, lançou a primeira edição de seu único livro – Primeiras trovas burlescas de Getulino –, uma coletânea de poemas satíricos e líricos até bem pouco rara. Pela primeira vez na literatura brasileira, um negro ousara denunciar os paradoxos políticos, éticos e morais da sociedade imperial. (...) Jamais frequentou escolas, pois, como afirmara, “a inteligência repele os diplomas, como Deus repele a escravidão”. Luiz Gama converteu-se no incansável e douto “advogado dos escravos”. O poeta então se eclipsa, cedendo lugar ao abolicionista e militante republicano.

FERREIRA, Lígia Fonseca. “Luiz Gama por Luiz Gama: carta a Lúcio de Mendonça”. Revista Teresa de Literatura Brasileira (8/9). São Paulo: Editora34/Universidade de São Paulo, 2008, p. 301.

Em relação à proposição “Deus repele a escravidão”, sabe-se que os jesuítas a) defenderam enfaticamente que essa forma de trabalho fosse abolida na América hispânica uma vez que

consideravam que todos eram iguais perante Deus, sendo, por essa razão, expulsos, primeiro pela Coroa Portuguesa e, em seguida, pela Coroa Espanhola, após décadas de trabalho missionário.

b) apresentaram, gradativamente, postura cada vez mais complacente em relação aos indígenas, argumentando que estes não deveriam ser submetidos ao regime da agricultura nos moldes ocidentais, uma vez que, diferentemente dos negros, eram frágeis fisicamente e detinham suas próprias técnicas de subsistência, como o extrativismo e a coivara.

c) dividiram-se em dois grupos com opiniões divergentes, sendo um defensor do trabalho compulsório aos indígenas e africanos, contanto que combinado à catequese e a um tratamento humanista desses cativos, e outro favorável ao estabelecimento de missões que atraíssem espontaneamente índios e negros que ali poderiam trabalhar em comunidade e estudar.

d) discutiram efusivamente essa questão, desafiando as orientações superiores em nome da piedade cristã aos índios e negros, até o momento em que o trabalho compulsório se mostrou indispensável para sua fixação e sobrevivência nas colônias, etapas que venceram com êxito, a ponto de se transformarem em uma ameaça político-econômica à dominação das coroas hispânicas.

e) consideravam a escravidão um mal necessário para a colonização do novo mundo, sendo especialmente admissível no caso da população africana, que já adotara essa prática em suas próprias terras e se mostrava arredia à adoção do cristianismo, bem como nos casos de indígenas hostis, aos quais cabia a aplicação dos princípios da “guerra justa”.

QUESTÃO 36 (Fuvest_2016) Eu por vezes tenho dito a V. A. aquilo que me parecia acercados negócios da França, e isto por ver por conjecturas e aparências grandes aquilo que podia suceder dos pontos mais aparentes, que consigo traziam muito prejuízo ao estado e aumento dos senhorios de V. A. E tudo se encerrava em vós, Senhor, trabalhardes com modos honestos de fazer que esta gente não houvesse de entrar nem possuir coisa de vossas navegações, pelo grandíssimo dano que daí se podia seguir. Serafim Leite. Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil, 1954. O trecho acima foi extraído de uma carta dirigida pelo padre jesuíta Diogo de Gouveia ao Rei de Portugal D. João III, escrita em Paris, em 17/02/1538. Seu conteúdo mostra a) a persistência dos ataques franceses contra a América,que Portugal vinha tentando colonizar de modo efetivo

desde a adoção do sistema de capitanias hereditárias. b) os primórdios da aliança que logo se estabeleceria entre as Coroas de Portugal e da França e que visava a

combater as pretensões expansionistas da Espanha na América. c) a preocupação dos jesuítas portugueses com a expansão de jesuítas franceses, que, no Brasil, vinham

exercendo grande influência sobre as populações nativas. d) o projeto de expansão territorial português na Europa, o qual, na época da carta, visava à dominação de

territórios franceses tanto na Europa quanto na América. e) a manifestação de um conflito entre a recém-criada ordem jesuíta e a Coroa portuguesa em torno do combate

à pirataria francesa. QUESTÃO 37 (PUCCAMP_2018) Se a obra historiográfica de Sérgio Buarque de Hollanda foi um olhar para o passado brasileiro a partir da História de São Paulo (as monções, as entradas e bandeiras, os caminhos e fronteiras) entre a generalidade do ensaio, em Raízes do Brasil, e a sistematização acadêmica de sua produção na USP, a cidade do Rio de Janeiro funda um universo poético e um horizonte criativo inteiramente novos em Chico Buarque, no cruzamento das atividades do “morro” (o samba, sobretudo) com as da “cidade” (A Bossa Nova e a vida intelectual do circuito Zona Sul).

FIGUEIREDO, Luciano (org). História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013, p. 451.

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As entradas e bandeiras, durante o Período Colonial, foram expedições a) contratadas pelos donatários das capitanias, a fim de mapear as populações indígenas que habitavam a

região e instalar missões e aldeias visando à sua pacificação, etapa indispensável para o sucesso do empreendimento colonial.

b) idealizadas por autoridades coloniais e pelos primeiros moradores instalados na Vila de São Paulo, com o objetivo principal de combater os colonizadores espanhóis que vinham desrespeitando os limites do Tratado de Tordesilhas e tomando-lhes as minas de ouro e prata.

c) planejadas pelos brancos colonizadores, empreendedores particulares ou encarregados da Coroa, compostas de dezenas de índios e mestiços contratados para desbravar o “sertão” e viabilizar rotas comerciais de minérios, especiarias e gado entre as isoladas vilas do interior.

d) articuladas e executadas pelos bandeirantes, a mando da Coroa, da Igreja Católica ou por iniciativa própria, a fim de assegurar o controle português das minas de ouro e o plantio em terras férteis, dizimando índios hostis e fundando vilas jesuíticas para o branqueamento da população.

e) organizadas e financiadas, respectivamente, pela Coroa Portuguesa e por particulares, em busca de metais preciosos, do apresamento de indígenas e da efetivação da posse das terras por colonizadores portugueses.

QUESTÃO 38 (MACKENZIE_2015)

“Meu avô foi buscar prata, mas a prata virou índios. Meu avô foi buscar índio, mas o índio virou ouro. Meu avô foi buscar ouro, mas o ouro virou terra.

Meu avô foi buscar terras e a terra virou fronteira. Meu avô, ainda intrigado, foi modelar a fronteira: E o Brasil tomou a forma de harpa.” (Martim Cererê - Cassiano Ricardo)

O autor, no seu poema Metamorfoses se refere às várias transformações verificadas no território brasileiro. Tais “metamorfoses” presentes acima se referem a) à importância do indígena brasileiro na composição étnica e cultural do povo brasileiro. b) às dimensões continentais adquiridas pela nação brasileira e sua semelhança com um instrumento musical. c) ao processo histórico de penetração e ocupação do território nacional e a delimitação das nossas fronteiras. d) à conquista do território nacional, realizada pelos nossos indígenas, graças à navegação dos nossos rios. e) à enorme diversidade de ecossistemas e paisagens naturais presentes no nosso vasto território. QUESTÃO 39 (CPS_2015) Há caminhos e cidades brasileiras que nasceram a partir de rotas comerciais ou de exploração do território, que homens percorreram por rios, por terra e por mar, perfazendo longas distâncias de diversas formas, muitas vezes se aproveitando de caminhos já utilizados pelos povos indígenas. Uma dessas rotas ligava, entre os séculos XVIII e XIX, Viamão, no atual Rio Grande do Sul, a Sorocaba, no atual estado de São Paulo, formando, ao longo do trajeto, povoados a partir dos pousos – locais de descanso. Assinale a alternativa que corresponde corretamente aos agentes e ao movimento referido. a) Cavaleiros transportando mercadorias do Pantanal. b) Bandeirantes à procura de índios, ouro e pedras preciosas. c) Tropeiros, com mulas, cavalos e bois, transportando mercadorias. d) Viajantes em cavalos e mulas, para transportar ouro e pedras preciosas. e) Navegantes em pequenas embarcações, para explorar a costa do sul do Brasil. QUESTÃO 40 (UFG_2013) O Tratado de Madri (1750) pretendeu atender à disputa de territórios entre Portugal e Espanha, representando também uma estratégia para melhor administrar os domínios ibéricos na chamada região das Missões. A tentativa de impô-lo gerou uma guerra que, ao seu final, terminou por definir o controle sobre as colônias que ocupavam a região dos Pampas. Esse tratado a) determinou a troca entre os sete povos das missões, no Uruguai, e a colônia de Sacramento, no Brasil. b) redefiniu as fronteiras territoriais na América do Sul, com base no uti possidetis. c) permitiu aos jesuítas exercer um domínio que se estendeu por toda a região do Prata. d) garantiu a consolidação da chamada “República dos Guaranis”, sob influência da Igreja Católica. e) possibilitou a anexação da região das Missões ao território argentino e do Chaco ao Uruguai.

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QUESTÃO 41 (UECE_ 2018) Atente ao seguinte fragmento da obra da historiadora Emília Viotti da Costa, a respeito do processo de independência do Brasil:

“A ordem econômica seria preservada, a escravidão mantida. A nação independente continuaria subordinada à economia colonial, passando do domínio português à tutela britânica. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava a miséria e a escravidão da maioria dos habitantes do país. Conquistar a emancipação definitiva da nação, ampliar o significado dos princípios constitucionais seria tarefa relegada aos pósteros”.

COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política do Brasil. In: MOTA, Carlos Guilherme (Org.). Brasil em perspectiva. 16. ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1987. p.125.

Considerando o processo de independência do Brasil, assinale a afirmação verdadeira. a) Não ocorreu nenhuma ocultação dos reais problemas sociais e econômicos do país após a independência, já

que a elite local buscou solucioná-los imediatamente. b) Apenas ocorreu a independência econômica do Brasil, mas não a política, pois a elite nacional europeizada

submeteu-se aos interesses da Inglaterra. c) Pelo fato de a monarquia ter sido logo adotada como forma de governo, a independência não representou

mudanças sociais significativas, pois estas ficariam a cargo de gerações futuras. d) Não houve acordo de independência com os Britânicos, que reagiram o quanto puderam à independência do

Brasil, já que ela representaria a real autonomia econômica do país. QUESTÃO 42 (FGV_ 2018) Encontro, teoricamente inexplicável, de dois fenômenos que deveriam em princípio repelir-se um ao outro: o Mercantilismo e a Ilustração. Entretanto, ali estavam eles juntos, articulados, durante todo o período pombalino.

FALCON, F. J. C., A época pombalina. São Paulo: Ática, 1982, p. 483. Entre as medidas implementadas durante o período em que o Marquês de Pombal foi o principal ministro do rei português D. José I, é correto apontar: a) A anistia aos mineradores da colônia que possuíam débitos tributários com a metrópole portuguesa. b) A implementação de medidas liberalizantes e a extinção das companhias de comércio monopolistas. c) O estabelecimento do Diretório dos Índios, que significou uma tentativa de enfraquecer o poder dos jesuítas. d) A intensificação das perseguições aos judeus e cristãos-novos bem como o fortalecimento do Tribunal do

Santo Ofício. e) O fortalecimento da nobreza e do clero em detrimento dos setores financeiros e mercantis da

sociedade portuguesa. QUESTÃO 43 (ABVEST_2018) Ao estudar a condição feminina no Brasil colonial não se pode ter a ingenuidade de crer numa solidariedade de gênero, acima de diferenças de raça, credo e segmento econômico.

(Adaptado de Mary del Priore, A mulher na história da colônia, em Ao sul do corpo: condição feminina, maternidade e mentalidades no Brasil colônia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993).

Considerando a mentalidade portuguesa no período mencionado, pode-se inferir que o papel da mulher branca no processo de colonização era a) endossar o patriarcalismo de forma dissimulada apenas para manter intactos os valores ligados ao gênero e

à religião. b) compartilhar com as mulheres de outros grupos étnicos, como as africanas e as indígenas, o sentimento de

submissão que as unia. c) aceitar a condição de subalterna, porém opondo-se aos maus tratos cometidos pelos seus pais e ou maridos

contra as afrodescendentes. d) colaborar para a preservação da etnia dominante por meio da procriação, para transmitir à prole os conceitos

e valores presentes na sociedade escravista. e) irromper o comportamento patriarcal por meio de laços de fraternidade, de religiosidade e de desprestígio que

dividiam com mulheres de outras etnias.

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QUESTÃO 44 (ABVEST_2016)

Dizem que a língua banta tem uma estrutura parecida com o português, devido ao uso de muitas vogais e sílabas nasais ou abertas. Deve ser verdade, observe os sons da palavra "moleque" e de "gangorra". Parece também que o jeito malemolente (isto é, devagar e cheio de ginga) de falar facilitou a integração entre o banto e o português.

A verdade é que hoje a gente usa tantas palavras africanas que nem repara em sua origem. Quer ver? O que seria do Brasil sem o "samba"? E tem mais: "cachaça", "dendê", "fuxico", "berimbau", "quitute", cuíca", "cangaço", "quiabo", "senzala", "corcunda", "batucada", "zabumba", "bafafá" e "axé". Para quem não sabe, "bafafá" significa confusão. E "axé" é uma saudação com votos de paz e felicidade.

Disponível em: < http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/vocabulario-brasileiro-culturas-africanas-influenciaram-nosso-idioma.htm>. Acesso em 03 de jun. 2013.

O uso contemporâneo de expressões africanas herdadas do período colonial é resultado da a) inferiorização e da banalização dos costumes negros ao longo da história. b) dívida com o passado escravista, que faz com que tais expressões sejam verdadeiras retratações com o

negro marginalizado. c) industrialização e da mercantilização da cultura negra, fenômeno observado no Brasil e no mundo. d) composição multiétnica e do sincretismo cultural que marcaram os processos históricos no Brasil. e) simples associação entre a capoeira, luta rítmica e gingada, com os blocos carnavalescos de rua. QUESTÃO 45 (ABVEST)

A raça africana constitui uma parte grande da população dos países da América, e principalmente no Brasil, um elemento essencial da vida civil e das relações sociais que não teremos dúvida em consagrar grande parte desta obra aos negros, a seus usos e costumes. Compreende-se ainda melhor que assim o façamos escrevendo uma viagem pitoresca. Entretanto, se alguém julgar que em semelhante viagem dois cadernos de figuras de pretos são demais, queira considerar que o único lugar da terra em que é possível fazer semelhante escolha de fisionomias características, entre as tribos de negros, é talvez o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro; é, em todo caso, o lugar mais favorável a essas observações. Com efeito, o destino singular dessas raças de homens traz aqui membros de quase todas as tribos da África. Num só golpe de vista pode o artista conseguir resultados que, na África, só atingiria através de longas e perigosas viagens a todas as regiões dessa parte do mundo.

Adaptado de RUGENDAS, J. M. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. Rugendas foi um dos integrantes da expedição dirigida pelo naturalista Barão de Langsdorff, que percorreu o Brasil entre 1824 e 1828. A obra Viagem pitoresca através do Brasil, publicada em 1835, é resultado dessa experiência. A partir das imagens e do texto, observa-se que um aspecto valorizado por Rugendas foi a a) variedade étnica dos africanos. b) aliança universal existente entre os afrodescendentes. c) superioridade demográfica da população negra sobre a branca na América. d) grande diversidade de fisionomia dos afro-brasileiros, que superou a africana. e) maior facilidade de se viajar pelo Brasil do que contornar o continente africano.

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QUESTÃO 46 (ABVEST_2018)

Vou falar hoje, neste bicentenário, da conjuração mineira, menos sobre as consequências desta prisão do que sobre as causas da chamada Inconfidência Mineira, designação de que francamente não gosto, e que não uso; a palavra inconfidência vem dos donos do poder e não da oposição. Vem da contrarrevolução e não da revolução; e, enfim, o objeto das nossas comemorações é uma revolução frustrada, não uma repressão bem-sucedida. É bom que estejamos bem claros sobre isto.

MAXWELL, K. Conjuração mineira: novos aspectos. Estudos Avançados. v. 3. n. 6. mai/ago, 1989, p. 4. Para Maxwell, brasileiros, hoje, não devem tratar o movimento separatista ocorrido em Minas Gerais em 1789 como uma “Inconfidência”, pois este é um termo a) regionalista e vulgar b) lusofóbico e apatriótico c) eurocêntrico e anacrônico

d) nacionalista e determinista e) antiacadêmico e etnocêntrico

QUESTÃO 47 (ABVEST_2016)

Após a emancipação política do Brasil, a nova nação independente buscava a afirmação da sua identidade por meio de uma representação simbólica de sua nacionalidade. A escolha do indígena, por parte da elite política e intelectual, como legítimo representante simbólico da nacionalidade brasileira, como se observa na escultura de Francisco Pinheiro, está relacionada às ideias de a) bravura e heroísmo. b) passividade e inocência. c) primitivismo e ignorância. d) religiosidade e misticismo. e) miscigenação e simplicidade. QUESTÃO 48 (ABVEST_2017)

Antônio Parreiras. Os Invasores, 1936. Óleo sobre tela. 194,5 × 281 cm. Museu Antônio

Parreiras. Niterói, Rio de Janeiro. Retirado de: http://warburg.chaa-unicamp.com.br

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A tela do pintor carioca, Antônio Diogo da Silva Parreiras, Os Invasores (1936), é sua última obra de cunho histórico. Essa pintura pode ser dividida em dois planos. No primeiro plano observa-se um grupo formado por cinco pessoas, quatro aventureiros (denominação dada pelo próprio pintor) que subjugam uma índia. A índia, de tez mais clara que seus captores (possivelmente uma forma do pintor indicar sua pureza), encontra-se nua com os braços imobilizados e seus pés presos por uma corda. Há uma atmosfera de possível violência na forma como se aproximam dela. No segundo plano observamos outro grupo de possíveis aventureiros que se encaminham para o plano principal.

Sobre a obra de Parreiras e possível afirmar que a) remete a ação dos jesuítas no período colonial brasileiro. b) a pele mais clara da mulher evidencia a sua origem europeia. c) o artista critica uma certa imagem heroica atribuída aos

bandeirantes ao longo da história. d) não apresenta conteúdo crítico, apenas evidenciando, sob o

prisma artístico, dois planos distintos. e) Sua principal intenção foi demonstrar a ação dos

holandeses no litoral nordestino no período da formação da Nova Holanda (1630-1654).

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QUESTÃO 49 (ABVEST_2017)

DEBRET, Jean-Baptiste - Diferentes nações negras. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Volume 2, Prancha 36.

“Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios

‘africanos’ (...) trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. (...) Há razões para pensar que representantes desses povos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos.”

SLENES, Robert. “Malungo, ngoma vem!”: África coberta e descoberta no Brasil. Revista USP. no 12, dez 1991 / jan-fev 1992, p. 49. Os africanos vendidos como escravos no Brasil vinham de diferentes partes do continente africano e por isso, eram de diferentes etnias. Assim sendo, eles não apresentavam uma identidade cultural comum, apresentando mesmo conflitos interétnicos nas suas regiões de origem. Todavia, como observa Robert Slenes, percebe-se a constituição de elos culturais entre os africanos e seus descendentes escravizados no Brasil, destacando-se como exemplo a) a capoeira e as irmandades religiosas. b) o escravismo entre os próprios cativos e as senzalas. c) o casamento entre escravos e a ladinização dos cativos no Brasil. d) as associações de escravos de ganho e o escravismo nos quilombos. e) a associação de escravos domésticos e as corporações de escravos de aluguel. QUESTÃO 50 (ABVEST_2017)

A Independência do Brasil, em 1822, na perspectiva do chargista, indica a) perspectiva eurocêntrica – crise das instituições de ensino. b) britanização do Brasil no século XIX – patriarcalismo político. c) manutenção da dependência econômica – alienação política do povo. d) apoio inglês imediato – participação popular nos processos históricos. e) novas oportunidades econômicas – descaso popular com as transformações.

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QUESTÃO 51 (ABVEST_2016)

Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e imperial, da a) maior aceitação do cristianismo pelas populações indígenas e

negras. b) relação de integração entre Estado e Igreja. c) liberdade de culto e expressão nos ambientes públicos e privados. d) experiência imigratória, sobretudo alemã, que reforçou o

catolicismo. e) influência das religiões de origem africana e indígenas. QUESTÃO 52 (ABVEST_2019)

A Inconfidência Mineira foi aborda da por estudiosos de várias maneiras diferentes. Há quem a defina como um movimento que buscava a liberdade da colônia portuguesa frente à metrópole. Outros já esboçam contornos mais regionais atribuindo sua "quase" eclosão ao descontentamento da população de Minas para com o excesso da carga tributária imposta pelo governo português. Teremos ainda pesquisadores que tomam os interesses particulares como propulsores do movimento. É fácil perceber que o tema é, ainda hoje, polêmico, principalmente no que diz respeito ao papel de cada um dos envolvidos.

ALMEIDA, Raphael R. A Inconfidência Mineira de 1789. Disponível em <http:// www.fafich.ufmg.br/pae/apoio/ainconfidenciamineirade1789.pdf>. Acesso em: 24 de abr. 2016.

Uma leitura das divergentes narrativas acerca da Inconfidência Mineira demonstra a) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa sublevação. b) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Conjuração. c) a dificuldade de se elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa conjura. d) a superficialidade da História que, por não se valer de métodos objetivos, invalida-se enquanto ciência. e) que o estudo da história é um mero ensaio intelectual que não assume, necessariamente, um compromisso

com a verdade. QUESTÃO 53 (ABVEST_2016)

"Embora seja evidente a influência das ideias liberais europeias nos movimentos ocorridos no país desde os fins do século XVIII, não se deve superestimar sua importância. Analisando-se os movimentos de 1789 (Inconfidência Mineira), 1798 (Conjuração Baiana), (...) percebe-se logo (...) No Brasil as ideias liberais teriam um significado mais restrito, não se apoiariam nas mesmas bases sociais, nem teriam exatamente a mesma função."

(COSTA, Emília Viotti da, "Da monarquia à república: momentos decisivos". São Paulo, Livrarias Ciência Humanas, 1979, pp.27-29) Baseando-se nos estudos sobre as grandes conjuras coloniais e no texto de Emília Viotti, pode-se entender que no Brasil a) nenhum movimento colonial levou em consideração causas sociais, diferentemente do que ocorreu na

Revolução Francesa. b) o socialismo e o anarquismo são exemplos de movimentos liberais que inspiraram as conjurações no Brasil,

mas de forma moderada. c) a ausência de universidades limitou a intelectualização da sociedade colonial, diminuindo a força ideológica

dos movimentos reacionários. d) o liberalismo foi apropriado por uma elite agrária que tinha como principal objetivo manter as tradicionais

estruturas fundiárias de posse da terra. e) os movimentos liberais europeus tinham como primordial causa a implantação de repúblicas democráticas, o

que não se observou no Brasil.

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QUESTÃO 54 (ABVEST_2015)

Sem formação acadêmica específica em artes visuais, Heitor dos Prazeres, que também é compositor e instrumentista, é reconhecido artista popular do Rio de Janeiro. Suas pinturas de perspectivas imprecisas e com traços bem demarcados são figurativas e sugerem movimento. Essa obra retrata a) o organização de um revolução social típica dos subúrbios cariocas. b) a elitização da população rural brasileira manifestadas nos trajes finos. c) as festividades de uma população marginalizada socialmente. d) o mito da passividade do povo brasileiro. e) o folclore da população nordestina marginalizada. QUESTÃO 55 (ABVEST_2015) Imagens como a abaixo, cujo interior é oco, foram comuns na região das Minas Gerais durante o século XVIII.

Sobre ela pode-se dizer que a) se trata de uma escultura barroca feita em madeira, cujo traço

marcante era o fato de serem inexplicavelmente ocas. b) representava a ostentação da elite mineradora, que usava

esculturas de santos ocas como cofres para guardar joias. c) era utilizada por fiéis que guardavam relíquias em seu interior para

servir aos propósitos da venda de indulgências. d) o uso atual da expressão “santo do pau oco” deriva da utilização

desse objeto para a transgressão da lei nas áreas mineradoras. e) é provavelmente uma escultura neoclássica do século XVIII que

fora importada da Europa durante o período áureo da mineração no Brasil.

QUESTÃO 56 (ABVEST_2015)

“Ilha do Bananal, atual Estado de Tocantins, ano de 1750. Um grupo de homens descalços, sujos e famintos se aproxima de uma aldeia carajá. Cautelosamente, convencem os índios a permitirem que acampem na vizinhança. Aos poucos, ganham a amizade dos anfitriões. Um belo dia, entretanto, mostram a que vieram. De surpresa, durante a madrugada, invadem a aldeia. Os índios são acordados pelo barulho de tiros de mosquetão e correntes arrastando. Muitos tombam antes de perceber a traição. Mulheres e crianças gritam e são silenciadas a golpes de machete. Os sobreviventes do massacre, feridos e acorrentados, iniciam, sob chicote, uma marcha de 1500 quilômetros até a vila de São Paulo – como escravos.”

TORAL, A. e BASTOS, G. Os brutos que conquistaram o Brasil. In: Revista Superinteressante, abril de 2000. Fonte: http://super.abril.com.br/historia/brutos-conquistaram-brasil-441292.shtml. Acesso em 29/08/2012

Ações desse gênero, ocorridas na América Portuguesa, eram frequentemente empreendidas pelos a) bandeirantes paulistas. b) jesuítas ibéricos.

c) funcionários da coroa portuguesa. d) invasores franceses.

e) líderes quilombolas.

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QUESTÃO 57 (ABVEST_2015)

Em 2014, foram comemorados os 200 anos da morte do criador das belíssimas peças em pedra sabão, uma das quais é apresentada na imagem acima, sendo a mesma de autoria do mais importante artista brasileiro do período colonial: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814). Ele nasceu em Vila Rica, atual Ouro Preto, e antes dos 50 anos, foi acometido por uma doença degenerativa que atrofiava seu corpo. Mesmo assim, tornou-se um dos maiores mestres do Barroco no Brasil.

O Barroco teve terreno fértil para a expansão em Minas Gerais, pois a) a pouca presença de protestantes na região, por causa da distância do litoral, fez com que não houvesse forte

influência desse ramo religioso, deixando caminho livre para a expansão do Barroco, tão ligado ao catolicismo. b) fortaleceu-se com os altos investimentos feitos pelo governo português na região, já que por causa da

produção aurífera, buscava-se fazer de Minas, e principalmente de Vila Rica, a referência americana para a Europa.

c) a decadência da produção açucareira no Nordeste e a descoberta do ouro em Minas levaram os principais artistas da Colônia a migrarem para Vila Rica, em busca de financiamento para suas obras e apoio para novos empreendimentos.

d) o bandeirismo ampliou o contato dos colonos brasileiros com os índios, o que proporcionou o intercâmbio cultural entre diferentes povos, levando à criação do Barroco, um estilo artístico autenticamente mineiro.

e) o enriquecimento provocado pela mineração e a forte religiosidade dos povos das Minas, conjugados com a intensa vida cultural ligada ao catolicismo, favoreceram o desenvolvimento desse estilo artístico na região.

QUESTÃO 58 (ABVEST_2014)

A obra em questão foi produzida por Debret no início do século XIX e tem por título “Visita a uma fazenda”. Com base nessa imagem, conclui-se que a) os filhos dos senhores eram afastados dos escravos e

educados unicamente com as referências da cultura europeia. b) a escravidão no Brasil não se restringiu a uma simples

exploração econômica da mão de obra cativa, interferindo nas relações privadas e na organização da vida familiar.

c) havia igualdade de condições entre mulheres cativas e livres na sociedade escravista, pois ambas estavam submetidas ao poder patriarcal.

d) no Brasil escravista, os senhores enclausuravam todos os seus escravos em senzalas e não lhes permitiam uma convivência social.

e) ao contrário do que afirmou durante décadas a historiografia tradicional, os casamentos entre cativos e aristocratas era uma prática permitida e comum.

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QUESTÃO 59 (ABVEST_2014) Sobre o contexto da Independência do Brasil, a charge a seguir

a) associa D. Pedro I a um personagem dos quadrinhos estadunidense, correlacionando, de maneira bem humorada, o caráter heróico de ambos.

b) ironiza o descompromisso dos brasileiros com a própria memória, ao fazê-los assumir para si elementos da identidade histórica de outros povos.

c) critica o sistema educacional do Brasil, apontando a escola como a grande responsável pela crise identitária dos brasileiros.

d) apenas trata de maneira cômica o universo simbólico das crianças, que sempre estão mais comprometidas com a diversão do que com os estudos.

e) ridiculariza o papel do primeiro Estadista do Brasil, D. Pedro, acusado de má habilidade política no curso histórico do Primeiro Reinado Brasileiro.