Grécia poderia deixar a zona do euro

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Grécia poderia deixar a zona do Euro; ENTENDA a origem da crise País enfrenta 'queda de braço' com credores para receber ajuda. FMI, BCE e UE exigem reformas que o governo grego se recusa a fazer. A Grécia enfrenta "uma queda de braço" com os credores de sua dívida (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu). O impasse tem gerado o temor de que o país deixe a zona do euro e até mesmo o bloco da União Europeia. Na última década, a Grécia gastou bem mais do que podia e pediu empréstimos volumosos para financiar suas despesas. O resultado é que o país ficou refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos dispararam, com os salários do funcionalismo praticamente dobrando. A arrecadação do governo não acompanhou o ritmo, com evasão de impostos. Atualmente, a dívida grega supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto assinado pelo país para fazer parte da zona do euro. Atualmente, a Grécia deve um total de € 271 bilhões, segundo a BBC. A origem da atual crise se deu há dez anos, quando foi revelado por autoridades da Europa que o país havia maquiado suas contas ao longo de vários anos para conseguir entrar na zona do euro. Por que ainda há risco de calote grego? A Grécia tem uma dívida já vencida e sem pagar de € 1,6 bilhão de euros com o FMI ( venceu no dia 30 de junho). O valor se refere a um empréstimo pedido pelo país para financiar seus gastos. Porém, o governo grego não tem esse dinheiro em caixa. Por isso, para fazer esse pagamento depende de ajuda financeira. A Grécia poderia ter ajuda da União Europeia para fazer esse pagamento? Sim. No entanto, uma parcela de € 7,2 bilhões em ajuda financeira à Grécia esta bloqueada há meses. Essa quantia é a parte final de um pacote de € 240 bilhões de ajuda da internacional obtido pela Grécia após a crise de 2008. Mas um acordo que a Grécia se viu obrigada a aceitar no dia 13 de Julho, por pressões principalmente da Alemanha. Por que a Europa não ajudou logo a Grécia? Para liberar a ajuda financeira, da qual a Grécia depende para pagar sua dívida e se salvar do calote, os credores exigem que o país faça uma reforma econômica, cortando gastos sociais e aumentando impostos. O esforço fiscal seria da ordem de € 2 bilhões. O sistema de aposentadoria da Grécia é visto pelo FMI como muito “caro” aos cofres públicos do país. “Os fundos de pensões gregos recebem transferências do orçamento de cerca de 10% do PIB por ano – contra a média do resto da zona do euro de 2,5% do PIB. A pensão padrão na Grécia é quase do mesmo nível da Alemanha e as pessoas, de novo na média, se aposentam quase seis anos antes na Grécia que na Alemanha. E o aumento do PIB per capita, claro, é menos da metade do nível alemão”, disse o porta-voz do FMI, Gerry Rice, em 15 de junho. Por que a Grécia convocou um referendo?

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Grécia poderia deixar a zona do Euro; ENTENDA a origem da crise

País enfrenta 'queda de braço' com credores para receber ajuda.

FMI, BCE e UE exigem reformas que o governo grego se recusa a fazer.

A Grécia enfrenta "uma queda de braço" com os credores de sua dívida (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco

Central Europeu). O impasse tem gerado o temor de que o país deixe a zona do euro e até mesmo o bloco da União Europeia.

Na última década, a Grécia gastou bem mais do que podia e pediu empréstimos volumosos para financiar suas despesas. O resultado é

que o país ficou refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos dispararam, com os salários do funcionalismo praticamente

dobrando. A arrecadação do governo não acompanhou o ritmo, com evasão de impostos.

Atualmente, a dívida grega supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto assinado pelo país para fazer parte da zona

do euro. Atualmente, a Grécia deve um total de € 271 bilhões, segundo a BBC. A origem da atual crise se deu há dez anos, quando foi

revelado por autoridades da Europa que o país havia maquiado suas contas ao longo de vários anos para conseguir entrar na zona do

euro.

Por que ainda há risco de calote grego?

A Grécia tem uma dívida já vencida e sem pagar de € 1,6 bilhão de euros com o FMI ( venceu no dia 30 de junho). O valor se refere a um

empréstimo pedido pelo país para financiar seus gastos. Porém, o governo grego não tem esse dinheiro em caixa. Por isso, para fazer

esse pagamento depende de ajuda financeira.

A Grécia poderia ter ajuda da União Europeia para fazer esse pagamento?

Sim. No entanto, uma parcela de € 7,2 bilhões em ajuda financeira à Grécia esta bloqueada há meses. Essa quantia é a parte final de um

pacote de € 240 bilhões de ajuda da internacional obtido pela Grécia após a crise de 2008. Mas um acordo que a Grécia se viu obrigada a

aceitar no dia 13 de Julho, por pressões principalmente da Alemanha.

Por que a Europa não ajudou logo a Grécia?

Para liberar a ajuda financeira, da qual a Grécia depende para pagar sua dívida e se salvar do calote, os credores exigem que o país faça

uma reforma econômica, cortando gastos sociais e aumentando impostos. O esforço fiscal seria da ordem de € 2 bilhões.

O sistema de aposentadoria da Grécia é visto pelo FMI como muito “caro” aos cofres públicos do país. “Os fundos de pensões gregos

recebem transferências do orçamento de cerca de 10% do PIB por ano – contra a média do resto da zona do euro de 2,5% do PIB. A

pensão padrão na Grécia é quase do mesmo nível da Alemanha e as pessoas, de novo na média, se aposentam quase seis anos antes

na Grécia que na Alemanha. E o aumento do PIB per capita, claro, é menos da metade do nível alemão”, disse o porta-voz do FMI, Gerry

Rice, em 15 de junho.

Por que a Grécia convocou um referendo?

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O governo convocou um referendo para que o povo grego diga se aceita as exigências de FMI, UE e BCE para receber ajuda financeira. A

votação aconteceu em 5 de julho, e os gregos decidiram não aceitar as condições dos credores do país em troca de ajuda financeira.

O "não" ficou com 61,31% dos votos.

O governo da Grécia esperava que esse resultado desse mais poder de barganha ao país na negociação com os credores. Mas o

primeiro ministro não resistiu à pressão e aceitou um acordo, como aquele que a UE queria desde o início.

Por que os bancos gregos foram fechados?

O governo do país mandou fechar as agências por alguns dias em Julho e vai liberou saques de até € 60 nos caixas eletrônicos. A medida

foi tomada porque a crise gerou uma corrida aos bancos, que corria o risco de "secar" o sistema financeiro e quebrar as instituições. Não

houve limite de saque, no entanto, para turistas e para quem tem cartão de crédito emitido em outros países.

O que aconteceria se não houvesse o acordo e a Grécia desse o calote?

O país poderia declarar sua própria moratória – semelhante ao que foi feito na Argentina em 2002. Uma das consequências para a

Grécia poderia ser a saída do país da zona do euro, o que seria inédito na história do grupo europeu. Nesse cenário, teríamos pela

primeira vez um caso de ruptura, em que a Grécia seria desligada do sistema de créditos bancários do BCE. Todos os bancos gregos

dependem da contínua assistência do BCE.

A saída, de um país da ZONA DO EURO não é automática, pois não existe mecanismo oficial de "expulsão" de um país. O que pode

acontecer é a suspensão da Grécia do Eurogrupo e do Conselho do BC europeu, incentivando o país a deixar a região.

A situação poderia desencadear uma “corrida” das pessoas aos bancos para retirar seu dinheiro, com medo de que as instituições

quebrem ou que comecem a haver impedimentos para fazer saques.

Qual seria a consequência para outros países da zona do euro se a Grécia saísse do grupo?

Se a Grécia for obrigada a deixar a União Europeia, ela abrirá a porta de saída que poderá ser utilizada para países que também têm

dificuldades econômicas”, afirma Santos, citando outros exemplos de países da UE com a economia mais frágil,

como Portugal, Espanha e Irlanda. O fato desses países estarem em situação muito melhor que a da Grécia é ignorada pelo mercado.

Se a Grécia sai, por que não outro?

Isso poderia afetar o Brasil?

Especialistas apontam que uma sequência de dificuldades impostas à União Europeia poderia prejudicar países que são parceiros

comerciais do Brasil, em um momento em que o país passa por uma necessidade de aumentar suas exportações.

Wilber Colmerauer, diretor do Emerging Markets Funding, afirmou à BBC que o Brasil, "por estar em uma situação econômica

complicada, está na linha de frente dos países que podem sofrer com qualquer marola na economia internacional".

Como ficaria a situação econômica da Grécia fora da zona do euro?

A maioria dos analistas acham que, independente do que vai acontecer aos outros [países], para a Grécia vai ser um desastre. Muita

gente acha que vai ser o caos, corrida aos bancos, e muito provavelmente o governo vai cair.

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Independentemente se a Grécia ficar ou sair da zona do euro, “reformas são necessárias.” “Mas fora [do grupo europeu] vai perder todos

os recursos que tem recebido desde que entrou para o ‘clube’. Está na hora de os gregos reconhecerem de fato que a economia deles

precisa de reforma. Isso é duro, mas o Estado precisa de receita para financiar seus gastos.

Para modernizar a economia da Grécia e oferecer um padrão de qualidade de vida que é o europeu, o país precisa se modernizar. O que

o FMI está exigindo é reformar o setor público, privatizar algumas empresas. Se fizerem isso, já seria um grande avanço. Os gregos têm

aceitar que pagar imposto faz parte da vida. Ninguém gosta, mas faz parte da vida.

Outro ponto preocupante apontado pelos especialistas seria a necessidade de adoção de uma nova moeda, que já nasceria desvalorizada

e desencadearia um processo de inflação no país.

Como foi o acordo assinado pela Grécia no dia 13 de Julho e que ”salvou” sua economia?

Os líderes da zona do euro alcançaram nesta segunda-feira (13.07.2015) um acordo para começar a negociar um novo programa de

resgate com a Grécia, que impõe ao governo do Primeiro Ministro Alexis Tsipras uma série de medidas draconianas e grandes sacrifícios

para a exausta economia do país.

Após 17 horas de negociações difíceis, marcadas pela desconfiança e pela s divisões, assim como pela ameaça de uma saída da Grécia

da união monetária, os 19 países da Eurozona chegaram a um acordo "por unanimidade". O Parlamento grego deve aprovar agora as

reformas negociadas com os sócios europeus, uma série de medidas duras de ajuste em termos de pensões, aumento de impostos e

ampliação do programa de programa de privatizações.

Tsipras afirmou que batalhou "até o fim" para obter um acordo, que os sócios da zona do euro defenderam que fosse "mais rigoroso" pela

falta de confiança após seis meses de negociações infrutíferas. Mas para a chanceler Angela Merkel, "o caminho será longo e difícil",

como evidenciou a longa negociação precedida por uma reunião de ministros das Finanças iniciada no sábado e encerrada no domingo

com vários pontos em suspenso.

Questionada se o acordo representa um novo Tratado de Versalhes (que significou a humilhação da Alemanha após a I Guerra Mundial),

Merkel disse: "Não sou partidária das comparações, exceto quando eu mesmo as faço".

Crédito de emergência - Agora a urgência é fazer com que a Grécia consiga honrar o pagamento de 4,2 bilhões de euros ao Banco

Central Europeu até 20 de julho.

FONTES: BBC, G1, LE MONDE DIPLOMATIQUE.

Adaptado pelo professor de Geografia: Carlos Eduardo R. de Oliveira em 19.07.15