Formação e rompimento dos laços
date post
26-Nov-2015Category
Documents
view
101download
67
Embed Size (px)
Transcript of Formação e rompimento dos laços
UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO
UNESP/FCL - Araraquara
Formao e rompimento dos laos afetivos
ARARAQ UARA 2010
Formao e rompimento dos laos afetivos
Monografia apresentada para o Curso de
Psicopedagogia Clnica e Institucional para
obteno do Ttulo de Psicopedagoga Clnica e
Institucional
Discente: Alessandra Fabiana Giliolli Goos
Orientador: Prof. Dr. Paulo Rennes
ARARAQ UARA
2010
DEDICATRIA
Dedico este trabalho aos meus queridos pais Vicente e Nadir Meca, sem os quais
eu no teria conseguido concluir meu curso de ps-graduao; ao meu orientador Prof.
Dr. Paulo Rennes cuja pacincia e compreenso foram indispensveis para a concluso
deste trabalho; ao meu marido Luis Fernando Giliolli Goos e minha filha Jlia Meca
Giliolli Goos pela tambm pacincia e compreenso da minha ausncia nesse perodo; e
a todos os amigos que direta ou indiretamente contriburam para que essa monografia se
realizasse, em especial minha grande amiga Cristiane Guzzi.
Os artistas nos permitem permanecer vivos quando
as experincias da vida ameaam destruir nosso
sentido de uma existncia real e viva.
D.W.Winnicott
RESUMO: Esse trabalho tem por objetivo expor as consequncias das formaes dos
vnculos afetivos para a vida de uma criana em desenvolvimento. Baseando-se em
pesquisas bibliogrficas, autores como Dolto, Dowlby, Campos e, principalmente,
Winnicott foram explorados. Segundo Winnicott, os vnculos afetivos que so formados
desde o nascimento do beb so de extrema importncia para o desenvolvimento
emocional sadio de uma criana e, consequentemente, para que ela se torne um adulto
completo e sem problemas. O papel que a me desempenha primeiramente com o beb
de maneira insubstituvel, o papel da famlia com um todo, da escola e, por conseguinte,
da interao da criana com a sociedade de fundamental importncia para seu
crescimento saudvel. Entre esses papis, o de maior grandeza dar-se com a famlia
estruturada e sem desajustes conflitantes para a criana. De acordo com Dolto, a
separao do casal na famlia constitui o maior eixo de desajuste ao qual a criana
reagir de maneira problemtica, acarretando consequncias srias em sua vida futura.
At mesmo o luto teria um papel menor do que o problemtico resultado de uma
separao; principalmente, se esta no for pacfica. Campos, na sequncia, vem
colaborar na teoria de anlise do desenho onde possvel investigar e reconhecer os
retratos da famlia na expresso que a criana cria com a folha em branco, expresso
esta reveladora e conclusiva em muitos casos de investigao de transtornos de
aprendizagem e personalidade. Nesse sentido, com esse estudo ser possvel no s
observar melhor as condutas dentro de uma famlia, desde o nascimento da criana, e
conduzir de modo mais assertivo o seu desenvolvimento emocional produzindo, desta
forma, adultos mais saudveis em suas emoes, como tambm solucionar problemas
quando os vnculos afetivos sofreram deficincias ou mesmo rupturas em seu
desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: vnculo afetivo; me; famlia; desenvolvimento emocional;
separao; desenho.
SUMRIO
1. Introduo..........................................................................................................01
2. A formao da criana Os laos afetivos..............................................................03
2.1. Como so construdos os vnculos afetivos no mundo da criana...........................03
2.2. A deficincia na formao dos vnculos afetivos e/ou seu rompimento..................18
3. Quando os pais se separam..................................................................................24
4. Conseqncias para a vida da criana na escola e ou no meio social em que est
inserida.................................................................................................................33
5. Problemas e transtornos de comportamento decorrentes da deficincia da formao
e/ou rompimento dos laos afetivos.........................................................................39
6. A personalidade da criana e sua estrutura familiar percebida atravs da anlise do
desenho feito pela criana.......................................................................................44
7. Consideraes finais...........................................................................................56
8. Referncias Bibliogrficas.....................................................................................58
1. Introduo
Esse estudo tem por objetivo estudar como os laos afetivos se formam desde o incio
da vida do indivduo; sua construo ao longo dos anos; sua boa formao; deficincias
nessa construo e at mesmo as conseqncias de uma ruptura desses laos,
principalmente, nos casos de separao dos pais e destruio da estrutura familiar to
necessria criao dos vnculos afetivos saudveis.
Nesse estudo ser mostrado como so formados os laos afetivos desde antes do
nascimento do beb e quais as consequncias que podemos consequentemente, observar
na criana maior ou mesmo no adolescente quando esta formao teve um bom
embasamento e, portanto, obteve sucesso ou quando negligenciada essa formao,
esperamos graves consequncias, delinquncia juvenil e, at mesmo adultos com srios
problemas de personalidade e transgresso s leis e que acabam desenvolvendo a
insanidade mental em casos mais especficos. Outros problemas aparecem j na vida
escolar da criana, comprometendo seu desenvolvimento tanto no aspecto emocional,
como tambm no que concerne s dificuldades de aprendizagem, em especial o
transtorno de dficit de ateno que contribui muito para o agravamento do referido
problema.
Como embasamento terico dessa pesquisa foi utilizado as teorias de D. W. Winnicott
sobre a formao dos laos afetivos na vida da criana, desde o seu nascimento at a
fase escolar; a famlia como principal personagem atuante nessa formao e a vida em
sociedade, principalmente na escola onde o papel da criana, dos colegas e do professor
no foi esquecido. Freud, antes mesmo de Winnicott, j abordava o tema dos vnculos
afetivos, no to especificamente, mas j tateando esse terreno, uma vez que a estrutura
da famlia e o papel da criana nesse contexto eram diferentes e,
portanto, talvez por essa razo, a abordagem no tenha sido to especfica em relao
interao da famlia com a criana.
Franoise Dolto, mais especificamente, nos fornece materiais quanto ao problema da
separao dos pais, inferindo, assim, um desfazimento da estrutura familiar, acarretando
graves problemas para a criana principalmente se mal administrado.
Outro autor de importncia a ser considerado John Bowlby que trata tambm da
formao e rompimento dos laos afetivos, em especial os problemas de comportamento
que isso acarreta.
No que concerne a anlise do desenho, o principal embasamento terico veio de Dinah
Martins de Souza Campos usando o teste do desenho como instrumento de diagnstico
da personalidade auxiliando, assim, todos os envolvidos na pesquisa quando mostrava-
se necessrio mais dados sobre a criana para entender seu processo de sofrimento por
conta de muitos fatores em sua vida, principalmente em relao desconstruo dos
laos afetivos. Essa desconstruo muitas vezes cria bloqueios na criana que s
consegue expressar-se atravs da folha em branco. Sua expresso oral muitas vezes
reprimida pelo turbilho avassalador de emoes pelas quais atravessa em casa, na
escola e na sociedade.
2. A formao da criana Os laos afetivos
2.1. Como so construdos os vnculos afetivos no mundo da criana
Um adulto normal, mentalmente e emocionalmente saudvel, o que todos
desejamos ser. A construo deste indivduo comea, segundo Winnicott, desde o
nascimento do beb e seu primeiro contato com sua me. (WINNICOTT, 2008)
Refiro-me, aqui, exclusivamente, a me, mas sei perfeitamente que principalmente com
as grandes mudanas que ocorrem atualmente na sociedade, afetando principalmente as
relaes familiares, poderamos chamar essa me de cuidador ou cuidadora,
simplesmente aquele que cuida do beb. Entretanto, como a boa ou a m formao dos
vnculos afetivos da criana dependem da dedicao constante e ininterrupta daquela
que cuidar do beb, Winnicott (2008) atribui me quem melhor realizar essa
recompensante tarefa como veremos mais a seguir.
Contudo, acontecimentos fatais durante uma existncia nos acometem e para tanto
quando uma me vier a faltar, no por negligncia, mas por uma fatalidade, o pai ou
mesmo a av ou ainda algum outro membro da famlia que se dispuser a tomar conta do
beb que ficou sem a me e o fizer com total dedicao, no poder ser acusado,
inconsequentemente, de no ter cumprido sua tarefa de maneira que a me, ela mesma,
tivesse realizado esse feito. Nesse sentido e entendendo da mesma forma que Winnicott
(2008) afirmara, usarei, aqui, a palavra me para designar aquela que cuida do beb,
prov seu sustento fsico e emocional.
A mulher est grvida. Antes mesmo que ela tome conhecimento desse novo mundo
que surge em sua vida, o beb j comea a ganhar vida, forma e percepo das coisas
que o cerca e, quando mais desenvolvido, do