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FACULDADE MERIDIONAL – IMED
Análise do impacto das crises financeiras nas vendas de
joias da empresa Ouro Scheffer
Gabriela Debortoli Scheffer
Passo Fundo
2013
Gabriela Debortoli Scheffer
Análise do impacto das crises financeiras nas vendas
de joias da empresa Ouro Scheffer
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Escola de Administração da Faculdade Meridional –
IMED, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Administração, sob orientação do
Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio.
Passo Fundo
2013
Gabriela Debortoli Scheffer
Análise do impacto das crises financeiras nas vendas de
joias da empresa Ouro Scheffer
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Daniel Knebel Baggio
Prof. Me. Antônio José Grison
Prof. Me. Adriano José da Silva
Passo Fundo
2013
Ao meu orientador Daniel Knebel Baggio, pelo
apoio, paciência e dedicação. Por seus ensinamentos,
que foram indispensáveis para a conclusão deste
trabalho;
Aos professores da IMED, que fizeram parte desta
jornada e contribuíram com seus ensinamentos;
Aos meus pais Eliane e Pedro, por todo o amor e
dedicação, pelo apoio incondicional e por
acreditarem na minha capacidade. Amo muito
vocês!
Às minhas irmãs Mariana e Emanuela, pela
compreensão e pelo incentivo;
Ao meu esposo Sadi, pelo companheirismo e apoio
durante todos os meses de realização deste trabalho.
Obrigada por tudo. Te Amo!
À minha sogra Iara, pela preocupação e cuidados
comigo durante esta etapa do meu trabalho;
A todos os meus colegas da Faculdade, que tornaram
esta jornada mais divertida.
RESUMO
Este trabalho aborda as crises financeiras e os principais tipos de investimentos financeiros,
tendo como objetivo geral analisar o impacto que as crises financeiras causam na compra de
joias na empresa Ouro Scheffer. Para isso, fez-se necessário rever os conceitos dos principais
tipos de investimentos em renda variável e renda fixa, histórico do ouro e mapear as
principais crises financeiras. Para alcance do objetivo deste estudo, foi realizada uma pesquisa
de caráter causal, quantitativa, com análise de três séries temporais: Ouro, Ibovespa e Receitas
de vendas de joias da empresa Ouro Scheffer. Os resultados encontrados demonstram que as
principais crises financeiras de 1999 e 2008 tiveram impacto na série temporal vendas de
joias. Também foi possível conhecer o impacto que as crises causaram nas séries temporais
Ouro e Ibovespa.
Palavras-chave: Investimentos. Ouro. Crises financeiras.
ABSTRACT
This work approach the finances crises and the main kind of investiment finances. The
objective general this work is analyze the impact that the finances crises cause in the buy
jewelry at gold’s Scheffer private. For this to do necessary to check the concept of mains
kinds investment in variable income and fixed income, historical of gold and to analyze the
main crises finances. The objective this study came the research of character cause quantity
whit analysis of three series storms: Gold, Ibovesp and income of sale jewerly of private
Golld’s Scheffer. The results find demonstrate if the finances crises of one thousand nine
hundred and ninety-nine and two thousand and eight had the impact at series storms sale
jewelry. Also went possible to know the impact that the crises caused in the series storms gold
and Ibovesp.
Words -key: Investment. Gold. Finances Crises.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Principais ações da carteira do Ibovespa ................................................................ 18
Tabela 2 – Características do ouro físico.................................................................................. 26
Tabela 3 – Valores do coeficiente de correlação ...................................................................... 33
Tabela 4 – Modelos encontrados para a série do patrimônio ................................................... 49
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ibovespa e crises ..................................................................................................... 36
Figura 2 – Ouro e crises ............................................................................................................ 37
Figura 3 – Vendas e crises ........................................................................................................ 38
Figura 4 – Ibovespa, ouro e crises ............................................................................................ 39
Figura 5 – Ibovespa, vendas e crises ........................................................................................ 40
Figura 6 – Ouro, vendas e crises............................................................................................... 41
Figura 7 – Ibovespa, ouro, vendas e crises ............................................................................... 42
Figura 8 – Gráfico da série original .......................................................................................... 43
Figura 9 – Gráfico da série modificada .................................................................................... 44
Figura 10 – FAC da série original ............................................................................................ 45
Figura 11 – FACP da série original .......................................................................................... 46
Figura 12 – FAC da série modificada ....................................................................................... 47
Figura 13 – FACP da série modificada .................................................................................... 48
SUMÁRIO
1 Introdução .............................................................................................................................. 10
1.1Justificativa e delimitação do problema de pesquisa ........................................................... 11
1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 12
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 13
2 Referencial teórico ................................................................................................................. 14
2.1 Histórico ............................................................................................................................. 14
2.2 Sistema financeiro brasileiro .............................................................................................. 15
2.2.1 A bolsa de valores do Brasil ............................................................................................ 17
2.3 Investimentos ...................................................................................................................... 18
2.3.1 Renda fixa ........................................................................................................................ 19
2.3.2 Renda variável ................................................................................................................. 21
2.3.3 Fundos de investimento ................................................................................................... 22
2.3.4 Mercado futuro ................................................................................................................ 23
2.4 Ouro .................................................................................................................................... 24
2.4.1 Propriedades físicas do ouro ............................................................................................ 25
2.4.2 Mercado de ouro .............................................................................................................. 26
2.5 Crise .................................................................................................................................... 28
3 Método ................................................................................................................................... 31
3.1 Concepção da pesquisa ....................................................................................................... 31
3.2 População e amostra ........................................................................................................... 32
3.3 Coleta de dados ................................................................................................................... 32
3.4 Tratamento de análise de dados .......................................................................................... 33
4 Resultados .............................................................................................................................. 36
4.1 Ibovespa e crises ................................................................................................................. 36
4.2 Ouro e crises ....................................................................................................................... 37
4.3 Vendas e crises ................................................................................................................... 38
4.4 Ibovespa, ouro e crises........................................................................................................ 38
4.5 Ibovespa, vendas e crises .................................................................................................... 39
4.6 Ouro, vendas e crises .......................................................................................................... 40
4.7 Ibovespa, ouro, vendas e crises .......................................................................................... 41
4.8 Análise das séries temporais ............................................................................................... 43
5 Conclusões ............................................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 52
10
1 Introdução
As pessoas possuem uma diversidade de opções de investimento para o seu capital,
seja em investimentos imobiliários, abertura de novas empresas ou aplicações no mercado
financeiro. Ao realizar um investimento, deve-se levar em consideração o binômio risco-
retorno, isto é, quanto maior o retorno esperado, maior será a aceitação e exposição ao risco
pelo investidor (BODIE; KANE; MARCUS, 2000).
Os produtos financeiros de renda fixa atraem investidores, devido aos baixos riscos e
retornos praticamente certos, pois, no momento da aplicação, consegue-se conhecer
antecipadamente o retorno que será recebido no final da aplicação, no caso de um
investimento pré-fixado (HISSA, 2012).
Neste sentido, existem vários tipos de investimentos de renda fixa, como, por
exemplo: Caderneta de Poupança, Certificado de Depósito Bancário (CDB), Títulos Públicos,
Letras de Câmbio e Fundos de Investimentos. A Caderneta de Poupança é o investimento de
renda fixa mais simples e tradicional da população brasileira, devido a sua liquidez imediata,
baixo risco e isenção de imposto de renda (CERBASI, 2008). Portanto, conforme explica
Cerbasi (2008), a poupança é um dos investimentos mais populares e conservadores,
principalmente entre as pessoas com pouco recurso para investir.
Hoje, para sair da remuneração de renda fixa em busca de uma rentabilidade maior, os
investidores procuram por alternativas mais arriscadas e ingressam na renda variável,
podendo enfrentar variações positivas ou negativas do seu patrimônio investido. Os
investimentos em Ações, que são considerados produtos de renda variável, poderão
possibilitar um ganho maior que o alcançado nas aplicações de renda fixa, no entanto, os
retornos poderão ser incertos, em razão dos riscos envolvidos na operação.
Os riscos de um investimento em renda variável podem ser ainda maiores quando
analisados em uma perspectiva macro econômica, posto que estão expostos tanto a riscos de
abrangência nacional quanto internacional, isto é, as empresas e os países encontram-se
conectados e uma alteração nos Estados Unidos da América poderá causar impacto no Brasil
e nos investimentos da Bolsa de Valores Brasileira, além da Americana.
Portanto, pode-se observar que essa visão macro econômica analisa também as crises
financeiras que podem repercutir e impactar nos investimentos de renda variável, causando,
assim, mudanças no mercado financeiro, como a baixa nas cotações das ações, levando o
investidor a repensar seus investimentos neste tipo de renda.
11
Neste sentido, os efeitos que as crises financeiras causam nestes investimentos de
renda variável têm uma repercussão direta nos investidores que tendem a proteger suas
reservas e acabam procurando um refúgio para os capitais nos momentos de instabilidade
financeira.
A renda variável deixa, então, de ser um bom investimento nestes momentos e os
investidores acabam aplicando suas reservas em investimentos considerados mais seguros,
como, por exemplo, a renda fixa e ouro. Segundo Cerbasi (2008), o ouro é o porto seguro dos
investidores durante as crises econômicas, principalmente as que têm um forte impacto no
sistema financeiro, mesmo que este não seja considerado um investimento de renda fixa.
Apesar de não ser uma forma de investimento tradicional, pode-se considerar a
compra de joias como um investimento alternativo para quem quer investir em ouro. Mesmo
que existam diferenças entre o preço do ouro e de uma joia, nos momentos de crise, as joias,
assim como o ouro, tendem a não perder o valor, caracterizando, assim, um investimento de
preservação e de segurança.
Dentro deste contexto, o objetivo deste estudo é analisar o impacto que as crises
financeiras causam nas vendas de joias da empresa Ouro Scheffer.
Esta pesquisa está organizada em uma breve introdução do tema, justificativa,
delimitação do problema de pesquisa e objetivo geral e específicos do estudo. Para um melhor
entendimento da pesquisa, parte-se para o segundo e terceiro capítulos que delineiam o
referencial teórico e o método utilizado por esta. No capítulo 4, mostram-se os resultados para
uma melhor compreensão da pesquisa realizada. Por fim, no capítulo 5, apresentam-se as
considerações finais da pesquisa, retomando qual o impacto das crises financeiras nas vendas
de joias da empresa Ouro Scheffer.
1.1Justificativa e delimitação do problema de pesquisa
Conforme o Ministério da Fazenda (2013), no Brasil e nos países mais avançados,
como Grécia, Portugal e Espanha, ainda, podem existir desafios a respeito das crises
econômicas internacionais, principalmente a crise iniciada em 2008, que não chegou a seu
capítulo final, podendo causar uma grave recessão nestes países, com severos impactos na
economia mundial.
As crises financeiras podem ter impactos em diversas áreas, como na bolsa de valores
e de mercadorias, nas operações com contratos futuros e opções de compra (FARIA, 2009).
12
Diante disso, alguns estudiosos, como Pochmann (2009), realizaram estudos para avaliar os
reflexos que estas crises financeiras causam no sistema econômico internacional e seus efeitos
no Brasil.
Faria (2009) observa que a crise financeira decorre tanto de fatores inéditos como de
arbitragem com taxas de juros e taxas de câmbio, políticas de remuneração, opacidade de
fundos de investimento, entre outros impactos.
Justifica-se neste estudo que este cenário de incertezas do mercado financeiro, como
nos momentos de crise, acaba direcionando os investidores a procurar outras oportunidades de
investimento que possam originar mais segurança, menos riscos e que apresentem uma
rentabilidade maior, como, neste caso, o ouro.
Conforme notícia publicada no site Extra (2013), o ouro valorizou 15,3%, nos últimos
12 meses, sendo que, no ano de 2012, foi o ativo com melhor retorno, batendo o índice de
referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que chegou a 7,40% no período.
De acordo com uma notícia publicada no site do Ministério da Fazenda (2013), a partir
desta valorização do ouro e por ser uma reserva de valor, os pequenos investidores compram
joias de ouro pensando em aliar beleza e rentabilidade, pois as joias não são apenas mais um
artigo de luxo e, sim, um bom investimento para quem procura proteger seu capital.
Sobre o tema pesquisado, foi possível constatar a escassez de estudos, pois, até o
momento, não há pesquisas que investigam os impactos das crises financeiras especificamente
na compra de joias. Dentro deste contexto, torna-se relevante compreender esta pesquisa.
Também é importante ressaltar a relevância profissional que este estudo poderá trazer para a
empresa Ouro Scheffer e para a região. Esta pesquisa facilitará o entendimento da empresa,
frente à oscilação do valor do ouro, que se dá através das crises financeiras e seus impactos,
consequentemente, atingindo a parte das vendas de joias.
Diante dos argumentos expostos, apresenta-se o problema de pesquisa deste estudo:
Qual o impacto das crises financeiras nas vendas de joias da empresa Ouro Scheffer?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
Analisar o impacto das crises financeiras nas vendas de joias da empresa Ouro
Scheffer.
13
1.2.2 Objetivos específicos
Apresentar os principais tipos de investimentos financeiros;
Apresentar o histórico da cotação do Ouro, Ibovespa e Vendas de Joias na empresa
Ouro Scheffer;
Mapear a ocorrência de crises financeiras.
14
2 Referencial teórico
Neste capítulo, é apresentado o referencial teórico e, para isto, primeiramente, é
descrito o histórico da empresa Ouro Scheffer, em seguida, é analisado o sistema financeiro
brasileiro, seguido dos principais tipos de investimentos usados no mercado. Para
compreensão do trabalho, segue a explicação e história do ouro e seu mercado atual,
abordando a compra de joias para investimento financeiro e finalizando com as crises
financeiras, que são um fator importante para os investidores deste mercado de investimentos
futuros.
2.1 Histórico
No ano de 1980, por sugestão do amigo Mario Borella, Pedro Scheffer aprendeu a
trabalhar com ouro. Mario tinha um pequeno estabelecimento comercial na cidade de Passo
Fundo e atuava com compra de relógios, ouro e prata. A parte de sucatas de ouro (joias
quebradas, coroas de dentes, fivelas de cintos, entre outras) Mario passava para Pedro
revender. Pedro, um jovem sonhador e muito inteligente, rapidamente aprendeu a conhecer,
comprar e vender ouro.
Na época, os recursos eram poucos e Pedro não tinha dinheiro para investir no seu
negócio, então, achou uma solução para não acabar com seu sonho. Como tinha pouco
dinheiro, comprava e pedia para o cliente aguardar alguns instantes até que ele fosse no banco
retirar o dinheiro, mas, na verdade, muitas vezes, corria até a Caixa Econômica Federal para
penhorar o ouro que havia comprado e poder pagar seu cliente.
Pedro, então, revendia as cartelas que comprovavam que o ouro estava no penhor da
Caixa Econômica Federal, o lucro era pouco, mas indicador de um bom futuro. Com o lucro,
Pedro passou a guardar alguns gramas de ouro e negociar somente no momento de alta da
cotação, com isso, os lucros começaram a aumentar.
Em 1983, Pedro iniciou seu próprio negócio na cidade de Passo Fundo e deu o nome à
empresa de Ouro Scheffer, a qual comprava, além de qualquer objeto de ouro, cartelas da
Caixa Econômica Federal. Neste ano, alugou uma pequena sala com um amigo contador, com
o qual dividia os móveis e todas as despesas. Seu primeiro grande negócio foi a compra de
uma cartela da Caixa Econômica Federal, a qual continha ouro sucata e alguns anéis com
15
pedras de diamantes. Para esta compra, Pedro gastou todo seu capital, pois o valor desta
cartela era muito alto.
A compra deu certo e Pedro teve um ótimo resultado com este negócio e, a partir deste
fato, a empresa Ouro Scheffer iniciou sua trajetória e está completando 30 anos de história.
A empresa está situada no mesmo lugar na cidade de Passo Fundo e continua seu
negócio de compra e venda de ouro e cartelas da Caixa Econômica Federal. E, com a grande
valorização do ouro e das joias, a empresa cresceu e se tornou referência na região, atendendo
fábricas e joalherias com ouro sucata e também o público em geral com joias compradas nos
leilões feitos em todo o Brasil.
2.2 Sistema financeiro brasileiro
O sistema financeiro, de acordo com Bodie e Merton (2000), inclui mercados,
intermediários, empresas de serviços e outras instituições que se dedicam à geração e
canalização das decisões financeiras das famílias (indivíduos), das empresas e dos governos.
No entanto, em muitos casos, o mercado financeiro não tem um local específico, como
os mercados extra-bolsa. O mercado extra-bolsa é definido como o conjunto de transações
com ações, títulos e moedas estrangeiras, principalmente implementadas por meio de redes de
telecomunicação conectados por ordenadores que mantêm relacionadas as agências de valores
mobiliários e seus clientes (BODIE; MERTON, 2000).
Pode-se definir o Sistema Financeiro Nacional do Brasil como o conjunto de
instituições financeiras ou não, cujas funções são de intermediar e captar os recursos
financeiros da economia, de forma coordenada e em estrutura organizada (NEWLANDS
JUNIOR, 2011).
Conforme descreve o artigo 192 da Constituição Federal de 1988 (2009, p. 179):
O Sistema Financeiro Nacional, estruturado de forma a promover o
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em
todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será
regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do
capital estrangeiro nas instituições que o integram.
O Sistema Financeiro Nacional é composto por entidades supervisoras que atuam no
mercado nacional, compreendendo os bancos comerciais, múltiplos, de investimento e de
16
desenvolvimento, as sociedades de crédito, financiamento e investimento, as sociedades de
crédito imobiliário, cooperativas de crédito, associações de poupança e empréstimos, entre
outros (MARQUES, 2003).
Segundo Newlands Junior (2011), o Sistema Financeiro Nacional do Brasil é formado
também por componentes importantes dentro deste sistema, como o Conselho Monetário
Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional
de Previdência Complementar (CNPC).
O órgão máximo do Sistema Financeiro Brasileiro é o Conselho Monetário Nacional,
que elabora as políticas do sistema monetário, crédito público e operações cambiais do País,
estabelecidas através de resoluções, circulares e instruções do Ministério encarregado das
políticas econômicas, as quais guiam o Banco Central em sua atividade de fiscalizar,
inspecionar e regular a representação dos intermediários financeiros (BACHA, 2004).
Rippel (2002) refere que o Banco Central do Brasil exerce junto ao Conselho
Monetário Nacional a fiscalização das instituições financeiras autorizadas. É também
responsável pela produção do dinheiro que circula no País e pode realizar operações bancárias
de outras instituições financeiras. Assim, o Banco Central é denominado o banco dos bancos,
prestando assistência financeira às instituições financeiras nos momentos de crise.
Para Antonovz (2012), o Conselho Nacional de Seguros Privados, órgão criado pelo
Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, tem como principal atribuição a normatização
de atividades securitárias do País e a fixação das diretrizes e normas da política
governamental para os segmentos de Seguros Privados, Previdência Privada (entidades
abertas) e Capitalização.
O CNSP é composto pelo presidente do Ministério de Estado da Fazenda, por um
representante do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência e Assistência Social,
Vice-Presidente da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e um representante da
Comissão de Valores Mobiliários e do Banco Central (MENESES; MARIANO, 2011).
No Sistema Financeiro Nacional do Brasil, destaca-se também o Conselho Nacional de
Previdência Complementar, conforme referido acima. Segundo Moreira (2008), o CNPC é o
órgão colegiado que regula e coordena as atividades das entidades fechadas. Este órgão é
integrado por conselheiros como: Ministro da Previdência Social (presidente), secretário de
Previdência Complementar, representantes de entidades como Secretaria de Previdência
Social, Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre outros.
17
Depois de apresentar como é composto o Sistema Financeiro Nacional, será abordada
na próxima seção deste capítulo a Bolsa de Valores Brasileira, seus programas de
responsabilidade social corporativa e os principais índices do mercado de ações brasileiro.
2.2.1 A bolsa de valores do Brasil
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) iniciou suas atividades em 1890, chamada
de Bolsa Livre, mas não foi até 1965/1966, seguindo as mudanças na legislação do mercado
de capitais brasileiro, quando todas as Bolsas brasileiras obtiveram autonomia administrativa,
financeira e patrimonial (LUQUET; ROCCO, 2005).
Em 1967, com o surgimento de empresas de valores mobiliários, as corretoras
começaram a usar seu nome atual: Bolsa de Valores de São Paulo. Três anos depois, em 1970,
todas as negociações foram registradas por meio eletrônico, substituindo o meio anterior
(LUQUET; ROCCO, 2005).
Luquet e Rocco (2005) destacam que os avanços na tecnologia permitiram, em 1990,
que se conduzissem os negócios por meio eletrônico através da internet. Em 1997, todas as
negociações começaram a ser executadas eletronicamente e, em 1999, os investidores de suas
casas podiam comprar e vender ações através de uma ferramenta chamada de Home
Broker.(NEWLANDS JUNIOR, 2011).
Em 2000, houve a integração de todas as Bolsas de Valores no Brasil. Em 2008, a
Bovespa se integrou com a Bolsa de Mercadorias e Futuros do Brasil, originando a Bolsa de
Valores, Mercadorias e Futuros do Brasil (BM&FBOVESPA S.A.) a partir desta fusão, a
BM&FBOVESPA passou a ser a terceira maior Bolsa de Valores do mundo. Os principais
índices da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo são o Ibovespa e o Índice
Brasil (IBrX) (NEWLANDS JUNIOR, 2011).
De acordo com o site da BM&FBOVESPA (2013), o índice Ibovespa foi criado em
1968 através de um investimento hipotético e tornou-se a ferramenta de monitoramento do
mercado financeiro brasileiro até o momento, sem sofrer modificações metodológicas desde
sua implementação em 1968. É uma carteira teórica composta por 80% de todas as ações
brasileiras mais líquidas e negociadas, é ainda o indicador do desempenho médio das cotações
do mercado financeiro brasileiro de ações mais importantes.
18
Para mostrar as principais ações que compõem a carteira do Índice Bovespa, segue a
tabela 1 com o nome destas, os códigos e a participação percentual de cada uma das principais
ações válidas para 13/11/2013.
Tabela 1 – Principais ações da carteira do Ibovespa
Código Ação Participação (%)
AEDU3 ANHANGUERA 0,702
BBAS3 BRASIL 3,201
BBDC4 BRADESCO 4,005
BISA3 BROOKFIELD 0,397
BVMF3 BMFBOVESPA 2,844
CIEL3 CIELO 1,789
CRUZ3 SOUZA CRUZ 0,633
DTEX3 DURATEX 0,649
ELET6 ELETROBRAS 0,791
EMBR3 EMBRAER 0,745
GGBR4 GERDAU 2,459
GOLL4 GOL 0,792
HGTX3 CIA HERING 0,945
ITUB4 ITAUUNIBANCO 4,985
LAME4 LOJAS AMERIC 0,829
LREN3 LOJAS RENNER 0,941
NATU3 NATURA 0,983
OIBR4 OI 1,345
PETR4 PETROBRAS 8,705
SANB11 SANTANDER BR 1,141
TIMP3 TIM PART S/A 1,261
TRPL4 TRAN PAULIST 0,194
USIM5 USIMINAS 2,453
VALE5 VALE 8,738
Fonte: Adaptado de BM&FBOVESPA, C. (2013).
2.3 Investimentos
Segundo Hoji (2007), um investimento em linguagem financeira é a aplicação atual de
capital ou de outros recursos na expectativa de receber um benefício futuro maior ao aplicado.
Investimento pode referir-se à aplicação em ativos reais, isto é, bens e serviços, como
construção de casas, aquisição de máquinas e terrenos, ou também o investimento em ativos
financeiros, como fundos de ações, títulos públicos e outros papéis. Os ativos financeiros são
considerados intangíveis (BODIE; KANE; MARCUS, 2000).
19
Os mercados financeiros são, tradicionalmente, uma rede formada pelo mercado
monetário e mercado de capitais (BODIE; KANE; MARCUS, 2000). O mercado monetário
ou mercado de moeda é composto por bancos e financeiras de crédito que concedem
empréstimos de baixo risco e curto prazo, já o mercado de capitais é um conjunto constituído
pelas sociedades corretoras, bolsa de valores e instituições financeiras, que inclui títulos de
médio a longo prazo considerados mais arriscados (FULGENCIO, 2007).
Explica Luquet (2007) que o investidor busca nas figuras básicas do investimento
prazo, retorno e proteção, avaliando a maior rentabilidade, a liquidez e o nível de risco que
pode correr, otimizando um lucro maior ou menor. Para satisfazer dos investidores mais
meticulosos até os mais ostensivos, existe uma carteira diversificada de investimentos criada
pelo próprio mercado financeiro e, para escolher a melhor aplicação, é necessário saber seus
objetivos e ver o capital disponível (LORENZATO, 2008).
2.3.1 Renda fixa
Aplicações em renda fixa são investimentos financeiros em títulos de renda fixa, que
podem determinar a rentabilidade no ato da aplicação ou no momento do resgate, isto é, são
considerados como títulos pré-fixados aqueles que antecipam a taxa que o investidor irá
receber pelo tempo que seu capital ficou aplicado, enquanto que, nos títulos pós-fixados, o
rendimento está vinculado a uma variação de algum indexador, então, o retorno só é
conhecido no final da aplicação (CERBASI, 2008).
Uma das principais e tradicionais modalidades de investimento financeiro do mercado
é a Caderneta de Poupança, por ser uma aplicação de baixo risco. Contudo, este investimento
apresenta baixo retorno e sua remuneração é feita a cada 30 dias, assim, recursos resgatados
antes da data de aniversário perdem a remuneração do mês em curso. O rendimento da
Caderneta de Poupança para pessoas físicas é isento de imposto de renda e se o banco em que
foi feita a aplicação “quebrar”, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante o dinheiro do
investidor até um valor estimado de R$ 60.000.00 (CERBASI, 2008; PASCHOARELLI, R.
2009; MOREIRA, 2008; MENEZES, 2012).
Conforme notícia publicada no site G1 (2013), no ano passado, o governo mudou as
regras de remuneração para poupanças novas. Quando a Selic, taxa básica de juros, ficar em
8,5% ou abaixo disso, o rendimento é equivalente a 70% da taxa, mais a Taxa Referencial
20
(TR). Quem já tinha investimento na Caderneta de Poupança continuou recebendo uma média
de 0,5% por mês mais a TR.
Marques (2003, p. 139) observa que a “Selic é o Sistema Especial de Liquidação e
Custódia que funciona no Banco Central e registra eletronicamente todas as transações de
compra e venda de títulos federais que são feitas entre as instituições financeiras”. A taxa
Selic é a taxa básica da economia que reajusta os preços unitários dos títulos públicos
federais, estaduais e municipais (BERK; DEMARZO, 2009).
Outra opção de investimento em renda fixa são os títulos privados Certificados de
Depósitos Bancários (CDBs), exclusivamente emitidos pelos bancos que têm como principal
objetivo tomar o dinheiro emprestado de poupadores para novamente emprestar. Os bancos
pagam uma remuneração ao investidor pelo período do empréstimo e estes ganhos não são
isentos de imposto de renda. Como a Caderneta de Poupança, os CDBs são garantidos pelo
Fundo Garantidor de Crédito (PASCHOARELLI, R. 2009; LUQUET, 2007).
Gallagher (2008) lembra que os títulos privados CDBs podem ser aplicados com a
taxa de rentabilidade pré-fixada ou pós-fixada, sendo que, no caso da taxa pré-fixada, é
determinada uma taxa fixa e, na pós-fixada, a taxa é criada com base em um indexador e o
investidor tem um baixo risco nesta aplicação, pois depende da solidez da instituição em que
investiu o dinheiro.
Debênture, por sua vez, é um título de crédito que capta recursos no mercado de
capital para financiar projetos de empresas, como investimentos em máquinas e instalações
ou, até mesmo, financiamentos de capital de giro. Os debenturistas, como são chamados os
titulares de debêntures, esperam ser remunerados através de juros fixos ou variáveis,
conforme especificado na escritura de emissão. As debêntures podem ser convertidas em
ações, classificadas como simples ou conversíveis (CAVALCANTE; MISUMI; RUDGE,
2009; GALLAGHER, L. 2012).
Conforme explica Bacha (2004), títulos públicos são investimentos emitidos pelo
governo federal, estadual e municipal, com o propósito de obter dinheiro para financiar
pagamento da dívida pública e atividades na saúde, infraestrutura, entre outras áreas.
Quem controla os títulos públicos, na área do governo federal, é a Secretaria do
Tesouro Nacional. Existem vários tipos de investimento em títulos públicos com juros pré-
fixados ou até por um indexador, também com diferentes prazos e rentabilidade. A venda
destes títulos é feita pela internet, leilões ou através de instituições financeiras, chamadas de
Agentes de Custódia, que operam no Tesouro Direto (PEREIRA, 2009; MARQUES, 2003;
LUQUET, 2007).
21
No mundo dos investimentos, risco e retorno andam juntos, quando se correm mais
riscos, os ganhos podem ser maiores e, quando se correm menos riscos, ganha-se menos. No
caso dos investimentos em renda fixa, como visto nos parágrafos acima, a caderneta de
poupança, o certificado de depósito bancário, os títulos públicos são considerados de baixo
risco e com uma remuneração pequena (LUQUET, 2007).
2.3.2 Renda variável
A renda variável é bastante conhecida pelos investimentos em ações, aplicações
características de investidores que assumem riscos maiores para obter lucros altos, pois a
remuneração é obtida através dos resultados que as empresas alcançam da respectiva
aplicação. Na renda variável, não se sabe o lucro nem o prazo de resgate e, geralmente, este
investimento é de longo prazo (PASCHOARELLI, 2008; MARQUES, 2003).
Fulgencio (2007, p. 553) destaca que:
Renda variável é o tipo de investimento no qual a rentabilidade não pode ser
determinada na data da realização do investimento, uma aplicação é considerada
renda variável quando o retorno ou rendimento desta aplicação é pouco previsível,
pois está sujeito a variação de acordo com o mercado.
O mercado de ações é uma das principais alternativas para investimento a longo prazo.
Nestas situações, não se empresta dinheiro para as empresas e, sim, se compra parte delas,
tornando-se, assim, acionista destas, que, por sua vez, também estão captando recursos
financeiros para gerir seus negócios. O dividendo neste investimento tanto pode ser resultante
de participação nos lucros como da própria valorização das ações da empresa (RASSIER,
2011; FURTADO, 2011).
Segundo Rassier (2011), pode-se dizer que as ações são divididas em ações
preferenciais e ordinárias. Nas ações preferenciais, o investidor tem preferência no pagamento
dos lucros de uma empresa no momento em que está liquidada, mas não tem direito a voto. Já
a ação ordinária dá direito a voto ao acionista, mas este fica em “segundo plano” na hora da
distribuição dos lucros. Em compensação, se o controle acionário da empresa é vendido, os
investidores podem receber até 80% do valor pago aos sócios majoritários desta (RASSIER,
2011; ELDER, 2011).
22
A valorização das ações é outra forma de retorno de um investimento, que pode ser
favorável ou desfavorável, de acordo com as perspectivas do mercado (PASCHOARELLI,
2008; RASSIER, 2011; ELDER, 2011).
2.3.3 Fundos de investimento
Esclarecem Calado (2011) e Macedo Junior (2010) que um fundo de investimento é
um condomínio que reúne recursos de um conjunto de pessoas que investem (cotistas), com o
objetivo de adquirir ganhos financeiros a partir da compra de valores mobiliários ou de
carteira de títulos.
A gestão da carteira do fundo de investimento, de acordo com o regulamento e a
política de investimento do fundo, pode ser feita pelo próprio administrador ou ser
terceirizada, isto é, realizada por uma pessoa física ou jurídica (CALADO, 2011; LUQUET,
2007; SANTOS, 2009).
Os fundos podem ser organizados em abertos ou fechados. No aberto, permite-se a
entrada de novos investidores (cotistas), o aumento de participações e a saída de antigos
cotistas. Já, nos fundos organizados como fechado, não é permitida a entrada ou saída de
cotistas e também não é possível resgatá-lo antes do encerramento do fundo (MACEDO
JUNIOR, 2010; LUQUET, 2007).
Conforme Santos (2009), a diversificação de investimentos é possível através dos
fundos e de aplicações em suas diferentes classes, como: fundo curto prazo, fundo
referenciado, fundo renda fixa, fundo multimercado, fundo cambial e fundo de ações, visando
diminuir o risco e intensificar o potencial de retorno.
Atualmente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é que comanda os fundos e
investimento, sendo responsável por autorizar, regulamentar e fiscalizar os fundos de
investimento, buscando a proteção do investidor (CALADO, 2011; LUQUET, 2007;
SANTOS, 2009).
As empresas que atuam no mercado de capitais brasileiro podem contar com a
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (ANBIMA), que,
associada a entidades públicas como o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores
Mobiliários CVM, tem como objetivo desenvolver o mercado de títulos privados e ações no
Brasil, promover o aperfeiçoamento tributário nos mercados financeiro e de capitais,
estimular a transformação do mercado com maior foco na distribuição e incentivar a educação
23
financeira do investidor, garantindo, assim, que nada saia do controle (GALLAGHER, L.
2012).
Para apresentar os principais tipos de investimento, como CDB/RDB, debêntures,
ações, ouro, poupança, títulos públicos, entre outros, abordando a sua rentabilidade, risco e
liquidez, segue abaixo o Quadro 1.
Quadro 1 - Principais tipos de investimento e suas características
Tipos de investimento Rentabilidade Risco Liquidez
Ações de grandes empresas Média Médio Alta
CDB/RDB Baixa Muito baixo Média
Debêntures Média Baixo Média
Derivativos Muito alta Muito alto Alta
Dólar ou outras moedas Média Alto Muito alta
Fundos de ações Alta Médio Alta
Fundos de renda fixa Baixa Baixo Média
Fundos multimercado Média Médio Média
Imóveis Média Baixo Muito baixa
Obras de arte e antiguidades Baixa Médio Muito baixa
Ouro Média Médio Alta
Poupança Muito baixa Muito baixo Muito alta
Previdência privada Média Baixo Média
Títulos públicos Baixa Baixo Alta Fonte: Adaptado de Folha de São Paulo (2008).
2.3.4 Mercado futuro
O mercado em que são negociados contratos de compra e venda é chamado de
mercado futuro, uma vez que os contratos serão realizados somente no futuro. Nestes
contratos, uma das partes se compromete a vender e a outra parte se compromete a comprar
uma determinada mercadoria, por um preço específico a ser cobrado em uma data futura. Os
produtos negociados são ativos financeiros, como ações de uma empresa, ou commodities, e o
objetivo deste tipo de negócio não é receber o produto final, mas ganhar dinheiro com a
variação dos preços, que mudam diariamente (FULGENCIO, 2007; FONSECA, 2009).
Em se tratando de mercado futuro, Paz e Bastos (2012, p. 4) definem que:
24
É uma ferramenta essencial para a economia de um país, porque sua principal
função é auxiliar os produtores, cooperativas, torrefadoras, agropecuárias, indústrias
e demais envolvidos do setor em conseguir se proteger das oscilações dos preços das
commodities. O mercado futuro atrai os mais variados participantes, e a Bolsa tem
por objetivo criar mecanismos que o tornem atraente, pois se faz necessário manter
uma liquidez saudável, para que sempre que alguém quiser comprar ou vender,
consiga contraparte a preços justos para o momento.
Para Hall e Lieberman (2003, p. 56), define-se mercado como o “grupo de
compradores e vendedores que têm potencial para negociar uns com ou outros”.
Fonseca (2009) acrescenta que as funções do mercado futuro são basicamente:
Cobrir seus custos e sua margem de lucro;
Saber com antecedência se o produto terá preço que garanta a rentabilidade;
Usar como colateral de garantia de empréstimo junto a instituições financeiras;
Corrigir distorções de preços.
Devido à semelhança dos produtos, a clareza, rapidez das informações e a livre
variabilidade de recursos, possibilita que os preços variem conforme as leis de mercado, ou
seja, a demanda de oferta e procura (FONSECA, 2009).
2.4 Ouro
No fim do século XVII, no Brasil, a produção açucareira passou por uma forte crise,
devido à grande quantidade dos engenhos açucareiros nas colônias francesas, holandesas e
inglesas da América Central. Estas colônias pagavam impostos para Portugal que dependia
destes, então, a Coroa passou a incentivar seus operários e demais habitantes a explorar as
terras ainda desconhecidas em busca de pedras preciosas e ouro (VALENTE, 2012; BAER,
2002; RONCARI, 2002).
A descoberta de ouro no Brasil ocasionou uma verdadeira “corrida do ouro” da
história moderna. Portugueses e, até mesmo, brasileiros de todas as partes começaram a
migrar para as regiões auríferas a procura do enriquecimento fácil e rápido (VALENTE,
2012; BAER, 2002; RONCARI, 2002).
Porém, a decepção tomou conta de brasileiros e portugueses, pois a exploração de
minas de ouro dependia de altos investimentos em mão de obra, como contratar escravos
africanos, ter equipamentos e aquisição de terrenos, assim, somente os grandes comerciantes e
proprietários rurais conseguiram adquirir e investir neste lucrativo mercado do ouro
(VALENTE, 2012; RONCARI, 2002).
25
Quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto para a Coroa portuguesa, que
lucrava com a cobrança de impostos e taxas. Estes impostos eram cobrados nas Casas de
Fundição, onde se derretia o ouro, transformava-o em barras e se retirava um quinto (20%)
para enviar a Portugal (BAER, 2002; RONCARI, 2002).
A região Sudeste desenvolveu-se muito com a exploração do ouro, enquanto o
Nordeste começou a enfrentar crises, então, partindo deste contexto, a Coroa portuguesa
resolveu transferir a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, a fim de que a
capital ficasse perto do novo polo de desenvolvimento econômico. Isso permitiria, ainda, um
grande crescimento demográfico e o estabelecimento de um mercado interno, pois os produtos
da colônia não eram mais apenas para exportação, como ocorria com o açúcar do nordeste, e
fez com que surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna que pudesse suprir
as carências dos novos habitantes (VALENTE, 2012; BAER, 2002).
2.4.1 Propriedades físicas do ouro
O ouro é conhecido desde a antiguidade e é utilizado de forma geral na fabricação de
joias, eletrônicos, material para uso em consultório odontológico, entre outros fins, e como
reserva de valor. É um metal de transição brilhante, maleável, de cor amarela, denso, dúctil e
que não tem reação com uma grande quantidade de produtos químicos, mas é vulnerável ao
cloro e ao bromo. Por ser maleável, é de fácil manuseio, assim, com apenas um grama de
ouro, pode-se produzir um fio de três quilômetros de extensão e 0,005 milímetros de diâmetro
(NERY; SILVA, 2001).
“O ouro, símbolo químico Au, possui número atômico 79 na tabela periódica dos
elementos, tem valência igual a 1,3 e peso atômico 197, sendo um metal mole que, em contato
com superfícies duras, pode arranhar e perder seu lustro” (NERY; SILVA, 2001, p. 1).
Segundo Nery e Silva (2001), o ouro puro é um metal mole demais para ser utilizado,
por essa razão, normalmente, é misturado com ligas metálicas de prata e cobre para que seja
endurecido. Tem uma boa resistência à corrosão, boa condutividade elétrica e uma ótima
combinação de propriedades físicas e químicas. O ouro pode ser encontrado em pequenas
quantidades em alguns minerais, como quartzo e rochas metamórficas. Como já dito, esse
metal é muito usado na indústria, fabricação de moedas, em joalherias e também como padrão
monetário em diversos países.
26
Cerbasi (2008) atesta que, durante séculos, o ouro foi uma das principais referências
de valor e lastro para os países emitirem seu papel moeda. Para compreender melhor, as
características do ouro físico, quanto ao peso, pureza e cor, apresenta-se a Tabela 2.
Tabela 2 – Características do ouro físico
Peso
1 grama = 0,03215 onças troy
1 onça troy = 31,1035 gramas
1 quilo = 32,151 onças troy
1 tonelada métrica = 32.151 onças troy
100 onças troy = 3,11 quilos (contrato Comex, Nova Iorque)
400 onças troy = 12,44 quilos (barra Good Delivery, Londres)
Pureza/quilate
999,9 (100% puro) 24 k – (puro)
916,6 (91,60%) 22 k – (algumas moedas e joias para investimentos)
750 (75%) 18 k – (mais usado em joias da Europa e do Brasil)
583,3 (58,50%) 14 k – (maioria das joias da América do Norte)
416 (41,60%) 10 k – (maioria das joias do Reino Unido)
Cor e elementos
Ouro amarelo Ouro, cobre, prata
Ouro vermelho Ouro, cobre
Ouro verde Ouro, cobre, prata, zinco
Ouro branco Ouro, cobre, zinco, níquel
Fonte: Adaptado de Banco Central do Brasil (2013).
Nery e Silva (2001) explicam que, embora o ouro seja importante fisicamente na
indústria, também possui um status singular entre todas as mercadorias comercializadas, uma
vez que foi valorizado através dos tempos e considerado um metal fundamentalmente
monetário. A maior parte do ouro produzido foi transferida para os tesouros nacionais ou
bancos centrais dos diversos países.
2.4.2 Mercado de ouro
O primeiro passo para os investidores que querem aplicar em ouro é escolher a
maneira como querem aplicar, posto que existem maneiras diretas e indiretas de apostar no
mercado de ouro como um investimento. As mais aconselháveis e comuns são: fundos de
investimento, contratos futuros e o ouro físico em barras (GALLAGHER, 2008;
NEWLANDS JUNIOR, 2011; ROBERTS, 2000).
27
Antes de investir em contratos futuros na BM&FBOVESPA, é essencial procurar uma
empresa cadastrada nesta como corretora de valores ou banco, para fazer o contrato e permitir
a negociação. Neste tipo de negociação, o investimento em ouro se iguala à aplicação em
renda variável (GALLAGHER, 2008; NEWLANDS JUNIOR, 2011).
De acordo com Roberts (2000), para obter maior liquidez na compra e venda de
contratos, este sistema permite a negociação de contratos fracionários de 0,225 gramas até 10
gramas ou, nos contratos cheios, de 250 gramas, fica por conta da corretora a custódia e
somente é paga a taxa de corretagem pela negociação do investimento. Esta modalidade é
recomendada para investidores que pretendem aplicar no curto e médio prazo, de maneira
especulativa sobre o valor da moeda.
Para comprar ouro em barras, é preciso encontrar uma empresa ou banco que venda o
produto. Esta parte do processo é um pouco mais burocrática, pois necessita de um cadastro
com comprovação de renda nas compras acima de R$ 10.000,00. Também é necessário
encontrar um banco que possa guardar o ouro em barra, isto é, um banco custodiante, para
isso, paga-se um valor de taxa mensal sobre a quantidade em volume financeiro guardado, o
qual pode variar de 0,07% a 0,15% (NEWLANDS JUNIOR, 2011; ROBERTS, 2000).
Gallagher (2008) diz que, para a compra de ouro físico, outra opção é contatar uma
distribuidora do metal para fazer a negociação e manter a custódia em casa. Neste tipo de
investimento, o risco de perda do ativo é maior, pois o ouro não estaria mantido dentro da
empresa responsável pelo produto, que tem seguro e a segurança necessária para os ativos
financeiros em custódia. Uma das desvantagens deste tipo de investimento é a liquidez baixa
na hora da venda, porque é mais difícil encontrar alguém disposto a pagar o preço do
mercado.
Paz e Bastos (2012) referem que o fundo de investimento em ouro é uma das opções
mais acessíveis do mercado para a maioria dos investidores que aplicam em ouro, haja vista
que esta modalidade elimina preocupações com a parte burocrática de comprar o ouro em
barra e com as oscilações do mercado futuro, pois terceiriza a gestão deste ativo a um
administrador profissional. O fundo de investimento pode tanto ser ativo, que compra e vende
o ouro com objetivo de rentabilidade maior, sendo que esta varia conforme o momento de
mercado, ou passivo, que adquire o ouro e simplesmente sofre as variações no preço.
Conforme resenha eletrônica do Ministério da Fazenda (2003), a compra de joias é
outra opção de investimento em ouro, os consumidores compram joias de ouro de olho
também na rentabilidade, comprar joias deixou de ser apenas um luxo e pode ser um bom
investimento, para quem vive do metal, no entanto, existe uma procura por peças assinadas e
28
exclusivas, que têm bom valor de revenda e joias comercializadas em leilões da Caixa
Econômica Federal que acabam aliando beleza e rentabilidade.
Informações da revista publicada no site do Ministério da Fazenda (2003) demonstram
que as pessoas estão em busca de opções mais seguras para preservar o patrimônio e, ao
mesmo tempo, querem obter alguma remuneração, os investidores tendem a direcionar suas
aplicações no ouro, por ser uma commodity tradicional, com mercado regulamentado, que
oferece proteção e a possibilidade de apresentar uma valorização em casos de crise
econômica, posto que, quando as economias estão frágeis, a busca pelo ouro aumenta, já que
é um ativo seguro.
2.5 Crise
Bêrni (2000) conceitua crise financeira como a ocorrência de situações súbitas, nas
quais os ativos financeiros ou instituições financeiras e corporações não financeiras perdem
confiança na moeda e no sistema bancário, o que induz a uma desvalorização repentina e,
assim, expõem as economias afetadas a fragilidades financeiras.
A ocorrência destas crises pode estar associada aos fatores de desequilíbrios e solidez
do sistema financeiro de um país. Estas crises se caracterizam pela quebra do mercado de
ações, estouro de uma bolha financeira ou até especulativos ataques às moedas dos países,
fatores, que, em conjunto, determinam a vulnerabilidade de um país frente às crises (BÊRNI,
2000).
Segundo Cooper (2009) e Aglietta (2004), não há um concenso entre os economistas
para evitar as crises financeiras, deste modo, estas continuam a ocorrer por todo o mundo e
com certa regularidade, como consequência do funcionamento da economia de um país.
O mundo enfrenta crises mundiais desde o início do sistema capitalista, uma das
maiores e mais famosas crises foi a de 1929, que começou quando ocorreu a quebra da Bolsa
de Valores de Nova York, resultando em um enorme dano para a economia mundial e
mercado financeiro como um todo (COOPER, 2009).
Modenesi et al. (2012) mencionam que as principais crises financeiras nacionais e
internacionais são:
Tulipamania: ocorreu na Holanda em (1634 a 1637);
A Bolha do Mississipi: ocorreu na França em (1716 a 1720);
The South Sea Bubble: ocorreu na Grã-Bretanha em (1717 a 1720);
29
A Grande Queda da Bolsa: ocorreu nos Estados Unidos em (1929);
A Crise de 1987: ocorreu nos Estados Unidos em (Outubro de 1987);
A Crise Japonesa: ocorreu no Japão em (Junho de 1990);
A Crise Mexicana: ocorreu no México em (1994 a 1995);
A Crise Asiática: ocorreu na Ásia em (1997 a 1998);
A Crise Russa: ocorreu na Rússia em (Agosto de 1998);
A Crise Brasileira – Mercosul: ocorreu no Brasil/Mercosul em (1999);
A Crise Argentina: ocorreu na Argentina em (2001);
A Crise Global: ocorreu no Globo em (2008 a 2010).
A Crise do Real de 1999 e a Crise Global de 2008 serão detalhadas para melhor
compreenssão, posto que serão utilizadas como base da pesquisa das séries temporais Ouro,
Ibovespa e Vendas de Joias da empresa Ouro Scheffer.
A baixa cambial de 1999 e a Crise do Real estão ligadas a problemas estruturais do
Plano implantado no Brasil contra a inflação. A sobrevalorização do real perante o euro, yen,
dólar e outras moedas fortes geraram consequências ruins, como o decrescimento da indústria
nacional e o aumento dos déficits comerciais (MODENESI, 2005).
Afirma Dezordi (2010) que esta Crise provocou várias consequências positivas e
negativas. Dentre as consequências positivas, citam-se o fim do escoamento de dólares gastos
para sobrevalorizar o real, o controle da dívida pública e a redução do déficit na balança de
pagamentos, mostrando a longo prazo, que, diferentemente de outas crises, foi positiva para a
economia brasileira.
Modenesi (2005) lembra que, no curto prazo, empresas que adquiriram empréstimos
no exterior tiveram um prejuízo maior, pois o valor a ser pago pelos empréstimos se
multiplicou rapidamente em reais. O aumento da tensão entre Brasil e Argentina foi outra
consequência, já que a Argentina implementou a circulação de dólar como moeda corrente da
economia interna, além da paridade fixa. E, com a desvalorização cambial, o Brasil passou a
ter no comércio da Argentina um enorme superávit, agravando, no período de 1999 a 2000, a
situação das contas externas argentinas.
O estouro da crise financeira internacional em 2008, por sua vez, iniciou-se a partir da
quebra do Banco Lehman Brothers naquele ano, mas a origem da crise se deu em 2007, com a
deterioração do mercado hipotecário, os famosos subprimes dos EUA (ALÉM, 2010).
Além (2010) diz que em 2008 a crise financeira internacional global foi considerada
uma das piores crises desde a Grande Depressão de 1929. As suas consequências foram tão
30
ruins que, para se ter uma ideia, a Federação Mundial das Bolsas de Valores desvalorizou-se
no mercado de ações em US$29,5 trilhões, do ano de 2007 para o ano de 2008.
Em virtude da Crise de 2008, algumas instituições financeiras quebraram, por falta de
liquidez, originária da falta de pagamento de seus devedores. O reflexo foi imediato para os
bancos que concediam créditos, que, por sua vez, aumentaram as taxas de juros,
inviabilizando os empréstimos (POSNER et al., 2012).
Bruner (2010) esclarece que o dólar comercial de venda no Brasil vinha seguindo uma
boa tragetória desde outubro de 2002, quando era cotado a 3,95 R$/US$ e, no período de
agosto de 2008, chegou a atingir a cotação de 1,55 R$/US$. Devido às perdas que os
investidores interancionais tiveram, além do medo de uma recessão mundial, ocorreu uma
grande saída de dólares do mercado brasileiro, o real, então, foi fortemente desvalorizado,
chegando de agosto a outubro de 2008 a um percentual de 35%.
Perdas próximas a R$ 5 bilhões foram causadas por uma série de operações com
derivativos cambiais, para centenas de organizações brasileiras de pequeno, médio e grande
porte. A crise foi uma coisa tão inusitada que nem especialistas e conomistas do ramo
conseguiram prever este desastre econômico (BRUNER, 2010).
Na visão de Bruner (2010), os primeiros reflexos desta Crise Global de 2008,
proveniente de operações cambiais, foram as demissões executivas, as reestruturações nas
empresas, os cortes nos investimentos internacionais e as revisões de procedimento na área de
risco dos bancos comerciais.
31
3 Método
O método coloca à disposição um grupo de diretrizes para ajudar na coleta e
organização de conteúdos e dados científicos (FONSECA, 2009). Para atender os objetivos
estabelecidos nesta pesquisa, este capítulo mostra como este estudo foi realizado.
3.1 Concepção da pesquisa
Esta pesquisa é de caráter causal e tem como objetivo verificar os impactos que as
crises financeiras causam na compra de joias na empresa Ouro Scheffer. Este tipo de
pesquisa, no entendimento de Malhotra (2004, p. 108), “é usado para obter evidências de
relações de causa e efeito” e tem como função analisar quais das variantes são a causa e quais
são o efeito de um determinado fenômeno.
A análise da pesquisa é classificada como quantitativa, pois as informações e dados
coletados foram traduzidos em números. Ou seja, esta pesquisa é caracterizada pelo uso da
quantificação tanto no tratamento das informações analisadas quanto na coleta dos dados
(REIS, 2008; GIL, 1999).
Em relação ao corte temporal, esta pesquisa é compreendida como corte longitudinal,
permitindo a avaliação e acompanhamento de mudanças por um tempo maior e não apenas
uma vez, como no corte transversal. Malhotra (2004) refere que os dados longitudinais
permitem a verificação de mudanças no comportamento de certas unidades individuais que
liguem mudanças em variáveis comportamentais.
Para compreender o impacto que as crises financeiras causam nas vendas de joias da
empresa Ouro Scheffer, esta pesquisa é também um estudo de caso, por ter sido elaborada a
partir dos dados de vendas totais mensais de joias da empresa. “Estudo de caso é o
circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas como uma pessoa, uma família, um
produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país” (VERGARA,
2000, p. 49).
32
3.2 População e amostra
Explica Malhotra, K. (2012) que população é um grande grupo de indivíduos ou
objetos dos quais os pesquisadores gostariam de extrair conclusões válidas, o que pode ser
muito difícil ou impossível, devido à complexidade de extrair em sua totalidade. Já a amostra
corresponde a uma parcela da população selecionada para participar de um determinado
estudo (MALHOTRA, K. 2012). Uma amostra poderá corresponder, em um estudo de série
temporal, a um intervalo de tempo de uma série.
O presente estudo analisou três séries temporais: Ibovespa, Ouro e Receitas de Vendas
de Joias da empresa Ouro Scheffer. O período de análise compreende de janeiro de 1997 até
agosto de 2013, totalizando 200 dados por variável e 600 dados no geral. Trabalhou-se com
cotações mensais do Ibovespa (em pontos) e do Ouro (em Reais) e com a última cotação de
cada mês. Com relação às Vendas de Joias, os dados correspondem às vendas totais mensais
de Joias da empresa Ouro Scheffer.
Entende-se que a população do estudo é representada por toda cotação histórica das
três séries temporais analisadas, desde a sua criação até os dias atuais, enquanto que a amostra
pelo período escolhido para análise, isto é, de janeiro de 1997 até agosto de 2013.
Observa-se, ainda, que foi definido este período de tempo para estudo, porque, ao
longo destes anos, ocorreram crises importantes, o que poderia ser verificado na análise
histórica dos dados. Além disso, buscou-se trabalhar a partir do momento em que se dispôs de
dados da empresa Ouro Sheffer e após a criação do Plano Real, em 1994.
3.3 Coleta de dados
Neste estudo, foi utilizado o método de coleta de dados secundários externos, com
base em publicações e bancos de dados computadorizados. Como explica Honorato (2004, p.
97), “dados secundários são os dados coletados a partir de fontes já publicadas, podendo ser
de fontes internas e externas”.
Os dados utilizados neste estudo foram obtidos no banco de dados da
BM&FBOVESPA (http://www.bmfbovespa.com.br), Banco Central do Brasil
(http://www.bcb.gov.br) e GOLD.ORG. (http://www.gold.org/). Nestes sites, foi possível
obter as cotações do Ibovespa e do Ouro.
33
Também foram utilizados na coleta de dados secundários internos relatórios e registros
de venda de joias da empresa Ouro Scheffer, através dos quais foram obtidos os valores totais
das vendas mensais de joias da empresa.
3.4 Tratamento de análise de dados
A análise e o tratamento dos dados ocorreram da seguinte forma: em um primeiro
momento, foram coletadas as informações das três séries temporais nos sites financeiros da
BM&FBOVESPA, Banco Central do Brasil e Gold.Org, e nos relatórios da empresa Ouro
Scheffer. Posteriormente, eles foram organizados para a geração dos resultados e análises.
Todos os dados foram analisados a partir do software Excel.
A primeira análise realizada foi a descritiva histórica dos dados, a partir de gráficos
históricos. Em cada uma das séries, apresentou-se o momento em que ocorreram as duas
crises financeiras mundiais destas últimas duas décadas e buscou-se analisar o impacto delas
nas séries temporais.
Em seguida, realizou-se a análise gráfica comparativa das séries Ibovespa e Ouro,
Ibovespa e Vendas de Joias, Ouro e Vendas de Joias e, finalmente, fez-se uma análise gráfica
com as três séries conjuntamente.
Foi ainda realizada a análise do coeficiente de correlação de Person, a fim de verificar
o grau de correlação entre estas três variáveis. Para saber se duas ou mais variáveis estão
associadas, é preciso que exista uma covariação entre elas. O coeficiente de correlação é
usado para identificar essa associação e, se este coeficiente for grande, é provável que exista
alta covariação e uma forte relação, mas, se o coeficiente for menor, indica que há pouca
covariação e uma fraca relação (HAIR JR. et al., 2003). A tabela abaixo mostra quando estes
coeficientes têm uma grande ou uma pequena relação.
Tabela 3 – Valores do coeficiente de correlação
Variação do coeficiente Força de associação
0,91 - 1,00 MUITO FORTE
0,71 - 0,90 ALTA
0,41 - 0,70 MODERADA
0,21 - 0,40 PEQUENA MAS DEFINIDA
0,01 - 0,20 LEVE, QUASE IMPERCEPTÍVEL
Fonte: Adaptado de Hair Jr. et al., (2003).
34
Segundo Hair Jr. et al. (2003), para usar o coeficiente de correlação de Person, deve-se
ter várias suposições sobre os dados. Primeiro, supõe-se que as variáveis foram mensuradas
usando medidas métricas, outra suposição é que foram usadas medidas nominais ou ordinais e
uma terceira suposição é de que as variáveis são de uma população normalmente distribuída.
Em um último momento, realizou-se a análise de intervenção da série temporal Venda
de Joias, com o objetivo de verificar se as crises financeiras proporcionaram modificações
nesta série temporal. Para tanto, foi usado o modelo de análise de intervenção e de previsão
proposto por Box e Jenkins.
A metodologia Box e Jenkins refere-se ao método sistemático de identificação,
regulação, controle e uso de autorregressivo integrado de média móvel ou, simplesmente,
modelos ARIMA. A gestão dos modelos ARIMA é uma poderosa solução para muitos
problemas de previsão e pode fornecer previsões muito precisas de séries temporais (BOX;
JENKINS; REINSEL, 2008).
Para realizar a análise de intervenção, utilizou-se o Software Econométrico Eviews
5.0. Inicialmente, foi gerado o gráfico com a série temporal Venda de Joia, a qual, na
sequência, foi transformada para se conhecer a sua tendência.
Com a nova série temporal, foi possível gerar os gráficos de Função de Autocorrelação
(FAC) e da Função de Autocorrelação Parcial (FACP), que permitem verificar a presença de
autocorrelação dos dados da série, ou seja, analisar a existência de dependência significativa
entre os dados da série Venda de Joias. É possível detectar a autocorrelação através de um
decaimento lento dos lags dos gráficos das Funções.
Uma vez que foi verificada a existência de tendência e autocorrelação na série Venda
de Joia, esta foi novamente modificada com a inserção de componentes autorregressivos e/ou
médias móveis. A partir da inserção destes componentes, foi possível gerar novos gráficos
FAC e FACP e, seguidamente, fazer a análise de intervenção. Deve-se ressaltar que os novos
FAC e FACP deveriam apresentar um decaimento rápido, demostrando, então, a inexistência
de autocorrelação.
Finalizados os testes de autocorrelação e ajustadas as séries, foi possível realizar a
construção do modelo de análise, isto é, a estimação dos parâmetros do modelo ARIMA (p, d,
q) e a indicação dos momentos de intervenção na série temporal. Observa-se que o melhor
modelo é o que apresentar o melhor Critério de Informação de Akaike (AIC).
Depois de detectados os momentos da intervenção, pode-se analisar o que ocorreu
neste instante nesta série temporal ou em momentos anteriores. Espera-se que estes momentos
de intervenção tenham ocorrido logo após o período das crises de 1999 e 2008. Caso tenham
35
ocorrido antes das crises ou em períodos longos de tempo após as crises, pressupõe-se que
não existe uma relação entre as crises financeiras mundiais e as vendas de joias na empresa
Ouro Scheffer.
36
4 Resultados
Neste capítulo, são apresentados os resultados do estudo, com base em análises
gráficas e descritivas das séries temporais e suas comparações.
4.1 Ibovespa e crises
A Figura 1 mostra o gráfico do Ibovespa em azul e as setas indicam o momento em
que ocorreram as crises de 1999 (Crise Brasileira – Mercosul) e de 2008 (Crise Global).
Figura 1 – Ibovespa e crises
Fonte: Autora (2013).
As duas crises ocorreram durante o período de 1999 e 2008, sendo que a de 2008
provocou um impacto negativo no Ibovespa, uma vez que as ações tiveram uma grande
depreciação, como pode-se verificar no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2009. Já a
crise que ocorreu em 1999 não teve um impacto significativo no Ibovespa neste período.
0,00
10000,00
20000,00
30000,00
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60000,00
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0
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1
jan/1
2
jan/1
3
IBOVESPA E CRISES
IBOVESPA
CRISE
CRISE
37
O Ibovespa caiu de 59490,40 pontos em janeiro de 2008 para 39300,79 pontos em
janeiro de 2009, como mostra a Figura 1.
4.2 Ouro e crises
A Figura 2 mostra o gráfico do ouro em azul e as setas indicam o momento em que
ocorreram as crises de 1999 e 2008.
Figura 2 – Ouro e crises
Fonte: Autora (2013).
Pela figura acima, é possível perceber que, em 2008, ocorreu um impacto positivo no
ouro, pois o valor do grama aumentou, passando de R$ 50,62 em janeiro de 2008 para R$
63,50 em janeiro de 2009.
Em janeiro de 1999, o grama do ouro também teve um aumento significativo,
passando de R$ 11,17 para R$ 16,91 em janeiro de 2000.
O ouro vem se valorizando ao longo dos anos, em janeiro de 1997, o grama deste
metal valia em torno de R$ 11,95, já, em agosto de 2013, passou a ser R$ 97,01. Neste
período, o ouro teve altas e baixas, mas, no ano de 2012, deu um grande salto, passando de R$
74,14, em janeiro de 2011, para R$ 96,37, em janeiro de 2012. E não parou por aí, atingindo
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
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0
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jan/1
0
jan/1
1
jan/1
2
jan/1
3
OURO E CRISES
OUROCRISE
CRISE
38
seu maior pico em outubro de 2012, quando o valor do grama quase chegou em R$ 116,00,
ficando em R$ 115,71.
4.3 Vendas e crises
A Figura 3 mostra o gráfico das vendas em azul e as setas indicam o momento em que
ocorreram as crises de 1999 e 2008.
Figura 3 – Vendas e crises
Fonte: Autora (2013).
No gráfico acima, pode-se perceber que houve um aumento nas vendas da empresa
Ouro Scheffer no período de 1999, já que, de janeiro para dezembro de 1999, estas subiram de
R$ 9.380,96 para R$ 31.643,69.
No ano de 2008, levando em consideração a alta do ouro verificada no gráfico
anterior, as vendas também tiveram um aumento significativo, passando de R$ 63.275,00 em
janeiro de 2008 para R$ 117.663,00 em dezembro deste ano.
4.4 Ibovespa, ouro e crises
A Figura 4 mostra o gráfico do Ibovespa em azul e o Ouro em vermelho, as setas
indicam o momento em que ocorreram as crises Brasileira e Global.
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
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0
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jan/1
2
jan/1
3
VENDAS E CRISES
VENDAS
CRISE
CRISE
39
Figura 4 – Ibovespa, ouro e crises
Fonte: Autora (2013).
Como pode-se verificar nos gráficos anteriores, o Ibovespa, durante o período de 2008
a 2009, teve uma significativa queda, passando de 59490,40 pontos, em janeiro de 2008, para
39300,79 pontos, em janeiro de 2009. E, neste mesmo período, o grama do ouro teve um
aumento considerável, passando de R$ 50,62, em janeiro de 2008 a R$ 63,50, em janeiro de
2009.
Este gráfico mostra o momento em que o índice do Ibovespa (linha azul) teve a queda
e que o Ouro (linha vermelha) teve o aumento, durante o período em que ocorrem as crises de
1999 e 2008.
Pode-se observar que, em 2012, quando o ouro teve um grande aumento em relação ao
ano anterior, chegando a subir R$ 41,00 por grama, o Ibovespa se manteve instável, oscilando
de 68,000 para 55,000 pontos neste mesmo período.
4.5 Ibovespa, vendas e crises
A Figura 5 mostra o gráfico do Ibovespa em azul e as Vendas em vermelho, as setas
indicam o momento em que ocorreram as crises de 1999 (a Crise Brasileira – Mercosul) e de
2008 (a Crise Global).
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
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0
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3
IBOVESPA, OURO E CRISES
IBOVESPA
OURO
CRISE
CRISE
40
Figura 5 – Ibovespa, vendas e crises
Fonte: Autora (2013).
Observa-se nos gráficos anteriores, as Vendas tiveram um aumento no ano de 1999 e
2008, enquanto que o Ibovespa teve uma queda significativa em 2008. E, a partir deste
gráfico, pode-se visualizar pela linha vermelha que as vendas aumentam de R$ 41.836,20, no
período de agosto de 2008, para R$ 117.663,00, em dezembro de 2008, enquanto que a linha
azul do Ibovespa, em agosto de 2008, passou de 55680,41 para 37550,31 pontos, em
dezembro do mesmo ano.
4.6 Ouro, vendas e crises
A Figura 6 mostra o gráfico do Ouro em azul e as Vendas em vermelho, as setas
indicam o momento em que ocorreram as crises em 1999 e em 2008.
0,00
50,00
100,00
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/13
IBOVESPA, VENDAS E CRISES
IBOVESPA
VENDAS
CRISE
CRISE
41
Figura 6 – Ouro, vendas e crises
Fonte: Autora (2013).
O gráfico mostra que tanto o ouro quanto as vendas, no período de 1997 a 2013,
tiveram um crescimento significativo. Em 1999, quando a Crise Brasileira ocorreu, o ouro
teve uma pequena queda, passando de R$ 11,95, em janeiro de 1997, para R$ 10,41, em
janeiro de 1998, oscilando entre estas cotações por mais um ano. As vendas também
enfrentaram baixas, variando de R$ 11,95 a R$ 10,00 durante janeiro de 1997 a janeiro de
1999.
Enquanto que as vendas de joias tiveram um grande aumento de janeiro de 2007 para
janeiro de 2008, como visualizado no gráfico. As vendas aumentaram em R$ 20,000.00 de um
ano para o outro, mantendo gradativamente este aumento até o ano de 2013.
4.7 Ibovespa, ouro, vendas e crises
A Figura 7 mostra o gráfico do Ibovespa em azul, o Ouro em vermelho e as Vendas
em preto, as setas indicam o momento em que ocorreram as crises em 1999, Crise Brasileira –
Mercosul, e em 2008, Crise Global.
0,00
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0
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3
OURO, VENDAS E CRISES
OURO
VENDAS
CRISE
CRISE
42
Figura 7 – Ibovespa, ouro, vendas e crises
Fonte: Autora (2013).
A partir deste gráfico, observa-sepode-se observar que as vendas, no período de 2008,
em relação ao Ibovespa e ao Ouro, tiveram uma oscilação maior, variando os valores mês a
mês, sendo Jan: R$ 63.275,00; Fev: R$ 51.430,00; Mar: R$ 65.029,80; Abr: R$ 48.725,00;
Mai: R$ 58.404,00; Jun: R$ 60.837,50; Jul: R$ 62.312,50; Ago: R$ 41.836,20; Set: R$
46.959,00; Out: R$ 58.994,00; Nov: R$ 99.548,00; Dez: R$ 117.663,00.
O Ibovespa e o ouro tiveram baixas e altas neste período, como observou-se no
gráfico. A linha vermelha do ouro sobe, mostrando, assim, uma valorização do grama do ouro
e a linha azul do Ibovespa desce, indicando uma queda das ações neste momento.
A correlação foi avaliada entre todas as variáveis (Ibovespa, Ouro e Vendas de Joias),
chegando-se às seguintes correlações: Ibovespa – Vendas de Joias: (0.735461); Ibovespa –
Ouro: (0.829979); e Ouro – Vendas de Joias: (0.906637).
Pode-se perceber que, dentre as variáveis analisadas, o Ouro – Vendas de Joias
apresentou uma maior correlação (r = 0,906637), indicando uma relação muito forte entre
estas variáveis. As variáveis Ibovespa – Ouro (r = 0,829979) e Ibovespa – Vendas de Joias (r
= 0,735461) também apresentaram correlação, o que indica uma associação alta entre os
coeficientes.
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
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0
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0
jan/1
1
jan/1
2
jan/1
3
IBOVESPA, OURO, VENDAS E CRISES
IBOVESPA
OURO
VENDAS
CRISE
CRISE
43
4.8 Análise das séries temporais
Na Figura 8, apresenta-se o gráfico da série original das vendas de joias.
Figura 8 – Gráfico da série original
Fonte: Autora (2013).
44
Conforme explicado anteriormente, a série original foi transformada, sendo retirada a
sua tendência, para que esta pudesse ser analisada, resultado que pode ser visto na Figura 9.
Figura 9 – Gráfico da série modificada
Fonte: Autora (2013).
45
As próximas figuras representam, respectivamente, os gráficos da função de
autocorrelação e função de autocorrelação parcial série original, em que é possível perceber
que os LAGS apresentam um caimento lento, não ficando, assim, dentro dos pontilhados em
vermelho.
Figura 10 – FAC da série original
Fonte: Autora (2013).
46
Figura 11 – FACP da série original
Fonte: Autora (2013).
As próximas figuras representam, respectivamente, os gráficos da função de
autocorrelação e função de autocorrelação parcial da série modificada, em que pode-se
perceber que os LAGS da série modificada têm um caimento mais rápido, ficando, assim,
dentro do horizonte vermelho.
49
A próxima tabela representa a Identificação do Modelo Apropriado, Parâmetros, AIC,
tipo de Intervenção e o instante em que ela ocorreu.
Tabela 4 – Modelos encontrados para a série do patrimônio
Modelos Parâmetros P-valor AIC Intervenção
Instante
de
Intervenção
ARIMA(1,2,1)
p(1)= -0,5324
q(1)= 0,98753
Om(1)= -
0,546E2
0,0000
0,0000
0,0064
20,068 Abrupta
temporária 180
ARIMA(2,1,0)
p(1)= 0,35497
q(2)= 0,83715
Om(1)= 37595,0
Del(1)= -,5180
0,0001
0,0000
0,0078
0,0056
19,69 Abrupta
Temporária 180
ARIMA(1,2,1)
p(1)= -0,5326
q(1)= 0,98740
Om(1)= -546E2
Del(1)= 0,98648
0,0000
0,0000
0,0079
0,0000
20,08 Abrupta
Temporária 180
Fonte: Autora (2013).
Analisando-se as funções de autocorrelação do gráfico 12 e autocorrelação parcial do
gráfico 13 da série temporal de estudo, entende-se que o modelo ARIMA (2,1,0), com uma
intervenção abrupta temporária, que ocorreu no dado 180, é o que melhor apresentou
resultados.
Este dado 180 corresponde a novembro de 2011, como verificou-se nos gráficos das
séries temporais, e as principais crises financeiras ocorreram nos anos de 1999 e 2008, o que
indica que estas não foram significativas para a série analisada.
A empresa Ouro Scheffer, no ano de 2011, em função da cotação do ouro ser
favorável para a venda, ampliou sua área de abrangência, atendendo mais indústrias e
joalheiros, expandindo, com isso, suas vendas.
Conforme foi visto, o dado 180 se deu em 2011 e as crises ocorreram em 1999 e 2008,
o que mostra as vendas não ter vínculo nenhum com as crises financeiras ocorridas nestes
períodos, com a ampliação da empresa no ano de 2011 faz com que a intervenção ocorrida
seja fruto do crescimento que a organização passou nesta época.
50
5 Conclusões
Com a grande diversidade de opções que as pessoas possuem para aplicar seu capital,
seja em abertura de novas empresas, investimentos imobiliários, mercado financeiro ou, até
mesmo, em ouro e joias, e levando em consideração a repercussão que as crises financeiras
têm sobre estes investimentos, tornou-se relevante estudar o impacto destas crises na compra
de joias. Devido a isso, este trabalho teve como objetivo analisar o impacto das crises
financeiras nas vendas de joias da empresa Ouro Scheffer.
Através das análises apresentadas nos resultados, foi possível verificar a aceitação do
pressuposto deste estudo, ou seja, as séries temporais Ouro, Ibovespa e Vendas de Joias
podem ser explicadas, em partes, pelos antecedentes analisados e apresentados neste trabalho.
Para desenvolver este estudo, foi usada a metodologia de intervenção de Box e
Jenkins. E, em relação à série temporal vendas de joias, indicada em um ponto de intervenção
da série no dado 180, correspondente à data de novembro de 2011, constatou-se que este dado
não teve impacto em relação às crises financeiras apresentadas no trabalho, pois não ocorreu
em datas próximas às crises financeiras de 1999 e 2008.
Portanto, pode-se concluir que a intervenção ocorrida no dado 180 correspondete á
data de Novembro de 2011 na variável vendas de joias não tem relação direta com as crises
financeiras de 1999 e 2008 e, sim, com algum acontecimento da empresa. Mesmo assim, os
gráficos demostraram que as vendas de joias da empresa vêm apresentando um crescimento
constante e um alto grau de correlação com a variável ouro.
Em relação às duas séries temporais Ouro e Ibovespa, o impacto das crises financeiras
foi analisado a partir dos gráficos das cotações. E estes demonstraram que, após a Crise
Global de 2008, a série temporal Ibovespa teve uma acentuada queda e a série temporal Ouro
teve uma forte valorização. Diante disso, pode-se verificar que estas duas séries temporais
tiveram um impacto quando a Crise Global ocorreu em 2008.
Quanto às contribuições teóricas, o estudo mostrou a importância dos principais tipos
de investimentos, bem como os riscos e liquidez que cada um destes gera. Também
apresentou o histórico do ouro, dando ênfase nas joias e abordou as crises financeiras,
detalhando as de relevância para o estudo, sendo estas a Crise Brasileira de 1999 e a Crise
Global de 2008. Com base nisso, espera-se que possa contribuir com a teoria, ao passo que
não existem trabalhos analisando o impacto que as crises financeiras causam na venda de
joias no Brasil.
51
Outro fator importante é que, a partir deste trabalho, foi possível perceber que os
investimentos, independente das crises financeiras ocorrerem ou não, sempre apresentam
riscos e retornos, sendo que, investimentos em renda fixa têm risco menor, enquanto que, em
renda variável, como ações, por exemplo, têm um risco maior.
52
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