FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS VI semestre de Enfermagem Matutino 2011.2.
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Transtornos Orgânicos e Alimentares
FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIASVI semestre de Enfermagem
Matutino 2011.2
Disciplina: Saúde mentalDocente: Eliane Velame
Transtornos mentais Orgânicos e Alimentares
DiscentesAnselmo Nolasco
Helena Rafaela RochaMárcia Rogéria
Maria do Carmo BarbosaMirian Martins
Norma Lúcia PereiraRicardo Carvalho
Sonia NovaisVinícius Flores
DSM-IV – publicado em 1994, vigora nos EUA. Na
Europa, utiliza-se a décima revisão da Classificação Internacional de Doenças – a CID-10. Segundo Kaplan, todas as categorias usadas no DSM-IV se encontram na CID-10, mas nem todas as categorias da CID-10 estão no DSM-IV; contudo, as diferenças são pouco expressivas. Mudança realmente maior ocorreu na passagem da CID-9 para a CID-10 – com o abandono de certos termos e distinções tradicionais na clínica psiquiátrica, como neuroses e psicoses.
QUADROS PSIQUIÁTRICOS ORGÂNICOS CID-10 F.00 – F.09 Principal característica clínica:
Prejuízo primariamente cognitivo (de inteligência e memória e/ou nível de consciência), derivado de causa orgânica constatável.
Demências.
Delirium.
Formas principais
F00 a F03 (demências)
F00: Demência na doença de Alzheimer F00.0 F00.1 F00.2 F00.9
F01: Demência vascular F01.0 F01.1 F01.2 F01.3
Transtornos mentais Orgânicos
F01.8 F01.9
F02: Demência em outras doenças classificadas em outra parte. F02.0 F02.1 F02.3 F02.4
F02.8
Demência (na) (no) (nos) Deficiência de:
Niacina [pelagra] Vit. B12
Degeneração hepatolenticular Epilepsia Esclerose múltipla Hipercalcemia Hipotireoidismo adquirido Intoxicações Lipidose cerebral Lupus Eritematoso Sistêmico Neurossífilis Poliarterite nodosa Tripanossomíase
F03: Demência não especificada
Demência: degenerativa primária SOE pré-senil SOE senil:
SOE forma depressiva ou paranóide SOE
Psicose: pré-senil SOE senil SOE
F04 Síndrome amnésica orgânica não induzida
pelo álcool ou por outras substâncias psicoativas. F05 Delirium não induzido pelo álcool ou por
outras substâncias psicoativas. Inclui:
estado confusional (não-alcoólico) psicose infecciosa reação orgânica síndrome:
Cerebral Psicoorgânica
F05.0 F05.1 F05.8 F05.9
F06: Outros transtornos mentais devidos a lesão e disfunção cerebral e a doença física F06.0 F06.1 F06.2 F06.3 F06.4 F06.5 F06.6 F06.7 F06.8 F06.9
F07: Transtornos de personalidade e do comportamento devidos a doença, a lesão e a disfunção cerebral F07.0 F07.1 F07.2 F07.8 F07.9
F09: Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado. Psicose:
orgânica SOE sintomática SOE
Os delirium são também chamados de estados
confusionais, porque as alterações do nível de consciência constituem um quadro de confusão mental. (Secretaria do estado de Minas,2006) Muito frequentes são os delirium relacionados à ingestão
abusiva ou abstinência de drogas psicoativas; Seus sintomas estão relacionados a uma diminuição da
acetilcolina, principalmente na formação reticular. Pode-se constatar uma lentificação no
eletroencefalograma. Os delirium costumam ter início súbito e curso breve e
flutuante, com melhoras e pioras ao longo do dia. São frequentes as perturbações no ritmo do sono.
Delirium
Diferentemente dos delirium, as demências são
quadros caracterizados por um prejuízo progressivo da inteligência ou da capacidade intelectual, relacionado à perda também progressiva da memória. (Secretaria do estado de Minas,2006) Envolvem sempre alterações neuroanatômicas do
Sistema Nervoso Central: atrofia difusa do cérebro, perda neuronal no córtex, e outras ainda. Algumas formas de demência, como a doença de Alzheimer, apresentam lesões cerebrais características, como as placas amilóides.
Demências
Costumam manifestar-se, em pessoas idosas.
Alzheimer é a causa mais comum de demência: 50 a 60% dos casos; demências vasculares, com 10 a 20% dos casos; outras causas, como as doenças neurodegenerativas (de Pick, de Parkinson, de Hutington), ou as massas intracranianas (tumores, abscessos), traumatismos crânio-encefálicos, respondem pelo restante. É importante lembrar que a AIDS pode causar quadros demenciais.
DELIRIUM DEMÊNCIA
Etiologia freqüentemente extra-encefálica
A participação etiopatogênica do cérebro é primária
Geralmente não há substrato cerebral histopatológico
O substrato histopatológico cerebral costuma ser
irreversível
Costumam ser quadros agudos e reversíveis
São quadros crônicos, com agravamento progressivo
Afetam sobretudo o nível de consciência (orientação e
atenção)
Afetam sobretudo a inteligência e a memória
Exemplo: delirium consequente à abstinência de substâncias
psicoativas
Exemplo: doença de Alzheimer
QUADRO DIFERENCIAL ENTRE DELIRIUM E DEMÊNCIA
Fonte: Manual- programa saúde em casa- saúde mental -1ª edição, secretaria do estado de Minas Gerais, Belo horizonte, 2006, pág. 113.
Transtornos alimentares
Os Transtornos Alimentares são definidos
como desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo (caquexia) ou à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades. (Ballone, GJ 2007)
Transtornos alimentares
Geralmente apresentam as suas primeiras
manifestações na infância e na adolescência. Podemos dividir as alterações do
comportamento alimentar neste período em dois grupos. Os transtornos alimentares mais precoces Os transtornos alimentares mais tardios
Transtornos alimentares
Aqueles transtornos que ocorrem
precocemente na infância e que representam alterações da relação da criança com a alimentação. Estas condições parecem não estar associadas a uma preocupação excessiva com o peso e/ou a forma corporal, mas podem interferir com o desenvolvimento infantil. (José C. Apolinário, Angélica M. Claudino, 2000)
Os mais precoces
Transtorno alimentar da primeira infância;
Pica;
Transtorno de Ruminação.
Os mais precoces
O segundo grupo de transtornos tem o seu
aparecimento mais tardio e é constituído pelos transtornos alimentares propriamente ditos: Anorexia Nervosa Bulimia Nervosa
(José C. Apolinário, Angélica M. Claudino, 2000)
Os mais tardios
A Anorexia Nervosa é um transtorno emocional que
consiste numa perda de peso derivada e num intenso temor da obesidade. Esses sentimentos têm como consequência uma série de condutas anômalas. A Anorexia Nervosa acomete preferentemente a mulheres jovens entre 14 e 18 anos. (Ballone, GJ 2007)
Apesar de cerca de 45% das crianças de ambos os sexos em idade escolar quererem ser mais magras e 37% tentarem perder peso, somente uma pequena proporção delas desenvolvem um transtorno alimentar. (José C. Apolinário, Angélica M. Claudino, 2000)
Anorexia Nervosa (DSM-IV 307.1)
Sintomas
Medo intenso de ganhar peso; Pouca ingestão de alimentos; Distorção da imagem corporal; Sentimento de depreciação por ter
comido; Hiperatividade; (exercício físico); Amenorreia; Extrema sensibilidade ao frio; Mudanças do caráter.
Anorexia Nervosa
O modelo etiológico mais aceito atualmente para
explicar a gênese e a manutenção dos transtornos alimentares é o modelo multifatorial que baseia-se na hipótese de que vários fatores
biológicos, psicológicos e sociais estejam envolvidos, interrelacionando-se.(José C. Apolinário, Angélica M. Claudino, 2000)
Anorexia Nervosa
Entre os fatores predisponentes, destacam-se a história de transtorno alimentar e (ou) transtorno do
humor na família, os padrões de interação presentes no ambiente familiar, o contexto sociocultural, caracterizado pela extrema
valorização do corpo magro, disfunções no metabolismo das monoaminas centrais e traços de
personalidade. A dieta é o comportamento precursor que geralmente antecede a instalação de
um transtorno alimentar. Contudo, a presença isolada da dieta não é suficiente para desencadear o transtorno alimentar, tornando-se necessária uma interação entre os fatores de risco e outros eventos
precipitantes. Por último, o curso transitório ou crônico de um transtorno alimentar está
relacionado à persistência de distorções cognitivas, à ocorrência de eventos vitais significativos e a
alterações secundárias ao estado de desnutrição.( Christina M Morgan, Ilka Ramalho Vecchiatti e
André Brooking Negrão, 2002)
Possíveis fatores desencadeantes
Fatores gerais para os transtornos psiquiátricos; Influência da “cultura do corpo”; Determinadas profissões;
Anorexia Nervosa
Evolução da Doença
Inicia geralmente na infância ou na adolescência; Restrição dietética progressiva com a eliminação
de alimentos considerados “engordantes”; Os pacientes passam a se sentir obesos; Passam a viver exclusivamente em função da
forma corporal; Gradativo isolamento social; Perda de peso progressiva e continuada
Anorexia Nervosa
Tipos (DSM-IV 307.1)
Tipo Restritivo:
Tipo Compulsão Periódica/Purgativo:
Anorexia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.1)
A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (p. ex., perda de peso levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou incapacidade de atingir o peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado).
Anorexia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.1)
B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, mesmo estando com peso abaixo do normal.
C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual.
Anorexia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.1)
D. Nas mulheres pós-menarca, amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos. (Considera-se que uma mulher tem amenorréia se seus períodos ocorrem apenas após a administração de hormônio, p. ex., estrógeno).
Anorexia Nervosa
Complicações
Anemia; Alterações endócrinas; Osteoporose; alterações hidroeletrolíticas (especialmente
hipocalcemia, que pode levar a arritmia cardíaca e morte súbita);
Dentre outras
Anorexia Nervosa
Diagnóstico Diferencial
Deve ser feito tanto com doenças físicas como psiquiátricas que podem cursar com anorexia e emagrecimento.
Bulimia Nervosa
Anorexia Nervosa
Devido a sua etiologia multifatorial, a AN é
considerada uma condição de difícil tratamento. A integração das abordagens médica, psicológica e nutricional é a base da terapêutica. A constituição de uma equipe multiprofissional é fundamental para o sucesso terapêutico e os profissionais envolvidos devem trabalhar de forma integrada. (José C. Apolinário, Angélica M. Claudino, 2000)
Anorexia Nervosa
Tratamento
A internação hospitalar deve ser considerada para as pacientes com peso corporal abaixo de 75% do mínimo ideal;
O tratamento ambulatorial deve ser indicado quando a paciente tem um bom suporte social;
Anorexia Nervosa
Tratamento
Apesar de não existir um agente farmacológico específico, vários medicamentos têm se mostrado úteis. antidepressivos ou ansiolíticos pode ser adequado em
pacientes que desenvolvem uma comorbidade psiquiátrica associada;
Os agentes inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) parecem mais seguros;
A fluoxetina poderia auxiliar na manutenção do peso pós-internação em alguns pacientes;
A psicoterapia em suas diversas modalidades (cognitivo-comportamental, interpessoal e a terapia de família) ainda é um dos pilares centrais do tratamento.
Anorexia Nervosa
A Bulimia Nervosa é um transtorno
mental que se caracteriza por episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos num curto espaço de tempo (as crises bulímicas), seguido por uma preocupação exagerada sobre o controle do peso corporal, preocupação esta que leva a pessoa a adotar condutas inadequadas e perigosas para sua saúde. (Ballone, GJ, 2007)
Bulimia Nervosa (DSM-IV 307.51)
É característico das mulheres jovens e
adolescentes, com prevalência de 1,1% a 4,2% neste grupo.
O episódio de compulsão alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer.
Bulimia Nervosa (DSM-IV 307.51)
Sintomas
Comer compulsivamente; Preocupação constante em torno da comida e
do peso; Condutas inapropriadas para compensar a
ingestão excessiva; Erosão do esmalte dentário; Mudanças no estado emocional.
Bulimia Nervosa
Evolução da Doença
Costuma surgir no decorrer de uma dieta para emagrecer;
No inicio pode-se achar relacionado à fome; Instalação do ciclo compulsão alimentar-
purgação; Sentimentos negativos; Sensação de falta de controle com o próprio
comportamento; Indução de Vômito;
Bulimia Nervosa
Tipos
Tipo Purgativo;
Tipo Não-Purgativo
Bulimia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.51)
A. Crises bulímicas recorrentes. Uma crise bulímica é caracterizada por ambos os seguintes aspectos: (1) ingestão, em um período limitado de tempo de
uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria durante um período similar e sob circunstâncias similares.
(2) Um sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio.
Bulimia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.51)
B. Comportamento compensatório inadequado e recorrente, com o fim de prevenir o aumento de peso, como indução de vômito, uso indevido de laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos, jejuns ou exercícios excessivos.
C. A crise bulímica e os comportamentos compensatórios inadequados ocorrem, em média, pelo menos duas vezes por semana, por 3 meses.
Bulimia Nervosa
Critérios Diagnósticos (DSM-IV 307.51)
D. A auto-imagem é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso do corpo.
E. O distúrbio não ocorre exclusivamente durante episódios de Anorexia Nervosa.
Bulimia Nervosa
Complicações
As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras compensatórias para perda de peso: Erosão dos dentes; Alargamento das parótidas; Esofagites; Hipopotassemia; Alterações cardiovasculares.
Bulimia Nervosa
Diagnóstico Diferencial
Anorexia Nervosa do tipo purgativo
Bulimia Nervosa
Tratamento
O tratamento da BN deve ser conduzido por uma equipe multiprofissional;
A necessidade de internação hospitalar está relacionada com a presença de complicações médico-psiquiátricas, de ciclos incoercíveis de compulsão alimentar-vômitos, de abuso de laxativos e/ou outras drogas e de outros comportamentos de risco.
Bulimia Nervosa
Tratamento
Psicoterapia cognitivo-comportamental, o aconselhamento nutricional e o uso de psicofármacos, o que pode conduzir a uma melhora das pacientes.
Os estudos utilizando a fluoxetina no controle dos episódios de compulsão alimentar têm gerado um grande entusiasmo em relação à eficácia destes agentes no tratamento da BN (José Carlos Appolinário e Angélica M Claudino, 2000)
Bulimia Nervosa
O transtorno da
compulsão alimentar periódica (TCAP);
Outros Transtornos Alimentares
Síndrome do Gourmet;
Transtorno Alimentar
Noturno;
Síndrome de Prader-
Willy;
Transtorno do Comer
Compulsivo;
Drunkorexia;
Vigorexia.
Tendo em vista que os transtornos alimentares
surgem com grande frequência na infância e na adolescência, o profissional de saúde envolvido com o atendimento deste grupo etário deve estar bem familiarizado com suas principais diretrizes clínicas. O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições. (José Carlos Appolinário e Angélica M Claudino, 2000)
Manual- programa saúde em casa- saúde mental -1ª edição, secretaria do estado de Minas Gerais, Belo horizonte, 2006
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID-10, disponível em: http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm, acessado às 20h do dia 22/09/2011.
Ballone, GJ - Transtornos Alimentares, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007
Referências Bibliográficas
Transtornos alimentares, José Carlos Appolinário e Angélica M
Claudino, Rev. Bras. Psiquiatr. vol.22 s.2 São Paulo Dec. 2000, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600008, acessado às 19:30 do dia 10/09/2011
DSM-IV tr (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed. texto revisado)
Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais, Christina M Morgan, Ilka Ramalho Vecchiatti e André Brooking Negrão, Rev. Bras. Psiquiatr. vol.24 suppl.3 São Paulo Dec. 2002, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462002000700005, acessado às 20:00 do dia 11/09/2011