Estudos das habilidades Sociais em Fumantes Universitários
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UNIVERSIDADE FUMEC- FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Metodologia de Pesquisa Qualitativa
ESTUDO DAS HABILIDADES SOCIAIS
EM FUMANTES UNIVERSITÁRIOS
César Pinto Coelho, Gabriela Souza,
Paloma Nuñez, Soanne Rezini, Vania Freitas
BELO HORIZONTE
2010
César Pinto Coelho, Gabriela Souza
Paloma Nuñez, Soanne Rezini, Vania Freitas
ESTUDO DAS HABILIDADES SOCIAIS
EM FUMANTES UNIVERSITÁRIOS
Projeto de pesquisa qualitativa apresentado
no Curso de Psicologia da Faculdade de
Ciências Humanas da Universidade FUMEC,
como requisito parcial para conclusão da
matéria Metodologia em Pesquisa
Qualitativa.
Orientador: Jacques Akerman
BELO HORIZONTE
2010
SUMÁRIO
I – APRESENTAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA .................................................. 3
II – HIPÓTESE ............................................................................................................ 4
III – OBJETIVOS ......................................................................................................... 4
III. 1 – OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 4
III. 2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 4
IV- JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 5
V – DISCUSSÃO TEÓRICA ........................................................................................ 5
Breve história do tabaco .......................................................................................... 5
Habilidades sociais x fumantes ................................................................................ 6
VI – METODOLOGIA ................................................................................................ 11
VII - CRONOGRAMA ................................................................................................ 12
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 13
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................... 14
I – APRESENTAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA
Para o homem moderno, desligado dos ritos de passagens primitivos, o
cigarro seria uma maneira de estabelecer algum tipo de vínculo individual e social,
só que de uma maneira mais profana e destrutiva.
Com o uso diário do cigarro se estabelecem padrões comportamentais,
associando a experiência dos efeitos do cigarro às situações diárias do indivíduo.
Automatismos se estabelecem de forma que o uso acontece por associação de
padrões estabelecidos, sem a consciência ou mesmo a escolha do fumante.
A problemática do uso do tabaco é bastante complexa, cabendo algumas
questões, como os fatores que podem predispor um indivíduo à dependência, ou
fatores que facilitem o abandono de certas substâncias.
Para que se possa compreender, prevenir e tratar o problema da dependência
do tabaco é preciso abordar os fatores sociais, culturais, psicológicos,
neuroquímicos, que levam ao ato de fumar e ao mesmo tempo tentar inter-relacioná-
los.
Neste trabalho sugerimos uma investigação sobre o uso do cigarro e sua
relação entre o individuo fumante, sociedade e dificuldades individuais; tentando
buscar características de fumantes e suas relações com os diversos grupos sociais.
II – HIPÓTESE
Os estudantes Universitários usam o cigarro como forma de vínculo social,
característica de habilidades sociais, justificando o vício pelo tabaco como uma
escolha individual.
III – OBJETIVOS
III. 1 – OBJETIVO GERAL
Compreender a função social de vínculo grupal que o cigarro exerce entre os
estudantes universitários.
III. 2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar outros estudos e/ou relatórios sobre o consumo do cigarro
relacionados ao uso do tabaco como forma de habilidade social;
Compreender os fatores subjacentes e comportamentos que levam os jovens
universitários ao uso do cigarro.
Conhecer as diferentes perspectivas de tratamento sobre o tabagismo.
Analisar como a mídia aborda o ato de fumar nos tempos atuais.
IV- JUSTIFICATIVA
Essa pesquisa objetiva contribuir para o conhecimento científico a partir da
avaliação bibliográfica e pesquisa de campo, verificando a relação com dificuldades
de habilidades sociais. Podendo auxiliar programas de tratamento ao tabagismo
junto às instituições e Ministério da Saúde, assim como o treinamento de habilidades
sociais como meio de intervenção, ajudando o fumante iniciante a desenvolver
estratégias de enfrentamento diante de situações que o levam a fumar.
V – DISCUSSÃO TEÓRICA
Neste projeto de pesquisa iremos abordar o uso de tabaco por jovens
universitários, assim como a relação de vínculos sociais produzidas pelo ato de
fumar. Para isso é preciso conhecer a historia do tabaco identificando o significado
que a sociedade dá para o fumo. Após a apresentação destes dados será discutido
a relação do uso do tabaco como forma de habilidade social.
Breve história do tabaco
Acredita-se que a palavra "tabaco" venha do nome da ilha de Tobago ou da
região de Tabasco, no México, alguns dos lugares onde a planta foi primeiramente
encontrada; enquanto que "cigarro" deriva da palavra maia que nomeava o objeto,
"sik´ar", que significa "fumar".
Originário do Novo Mundo, o tabaco tomará conta da Europa entre os séculos
XVI e XVII através da expedição de Colombo, descrito pelos cronistas da época com
aspecto de grande novidade: “Encontraram muitas pessoas, homens e mulheres,
que iam para suas aldeias, com um tição aceso na mão, com o qual acendiam ervas,
cujas fumaças aspiravam” (Mahn-lot, 1992). Já nas sociedades indígenas do
Continente Americano era atribuído condições místicas e sagradas ao tabaco, sendo
ingrediente indispensável nas cerimônias de Santidade. Para os indígenas norte-
americanos, o tabaco era fumado com o uso do cachimbo, símbolo da união do
homem com o universo e sua fumaça a alma em comunhão com Deus. (Souza
2004)
No Brasil Colônia o fumo era utilizado com propriedades medicinais no
combate de algumas doenças e verminoses, sendo fornecido para doentes e para
escravos que exerciam trabalho insalubre. (Souza 2004)
Em 1674, com a criação, por parte da Coroa, de uma Junta do Tabaco, é
atribuído uma dimensão de importância ao produto. O tabaco passa a ser utilizado
como moeda de troca no tráfico de escravos, o que permite entendermos sua
inserção na economia colonial. Sua produção e comercialização gerou uma camada
de lavradores enriquecidos, mas desprovidos do status que os senhores de engenho
possuíam, talvez pelo fato de estar diretamente ligado ao comércio com a África.
(Souza 2004)
Maximiliano (1940) refere-se a algumas características do hábito de fumar no
Brasil imperial como o uso do cachimbo pelas mulheres pobres e o hábito de fumar
cigarros de papel colocados atrás da orelha. Neste período o uso do tabaco
sofisticou-se: entrou na moda, tornou-se requisito para pessoas elegantes, embora o
mais utilizado fosse o charuto, e não mais o cachimbo, comum entre os negros e,
por isso, mal visto nos salões do período. E isto embora o cachimbo já fosse usual
entre os indígenas antes da chegada dos escravos ao Brasil.
Durante o Império, fumar passa a ser um rito de passagem: significava a
passagem do adolescente para a idade adulta. Fumar na presença de adultos
significava ser aceito como um deles; de certa forma, significa ainda hoje.
Habilidades sociais x fumantes
O Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-IV), incluiu
em sua classificação e descrição do abuso de substâncias, como a nicotina
encontrada no cigarro, capaz de levar a alterações importantes de comportamentos
e causar dependência, podendo levar a dois grupos de transtornos. O primeiro com
efeitos mais imediatos, decorrente de seu uso. Esses efeitos podem ser
circunstanciais ao uso, mas acarretam, em muitos casos, abuso ou dependência da
substância. O segundo grupo de transtornos resulta de alterações mais ou menos
permanentes cujas conseqüências transcendem aos efeitos imediatos do uso.
A dependência fisiológica é definida pela tolerância à substância e pela
síndrome de abstinência. Assim, podemos distinguir entre os abusadores e os
dependentes do cigarro. Os abusadores usam o cigarro como uma “muleta” que os
auxilia a enfrentar determinadas situações e para lidar com o estresse, frustrações,
raivas e outras emoções ou por condicionamento a determinados estímulos
externos. Diferente dos dependentes que apresentam predisposição para a
dependência e, em geral, tem três ou mais parentes com problema similar. São
severamente dependentes físicos da substância. (McMullin, 2005)
Os usuários do cigarro sempre foram considerados iguais, mas os resultados
dos tratamentos de tabagismo indicam mudanças ou diferenças no processo ou na
trajetória de abandono da substância.
De acordo com Gigliotti, Carneiro e Ferreira (2001) são vários os fatores que
predispõem ao uso do primeiro cigarro. A imitação do comportamento de pais ou
colegas fumantes, a mídia e fatores hereditários relacionados à variação dos efeitos
da nicotina e do humor. Estimam que um terço das pessoas que experimentam o
cigarro venha a se tornar dependentes.
Avalia-se, a partir dos estudos de McMullin (2005), Caballo (2003), entre
outros, que muitos dependentes percebem a si mesmo como incapazes de lidar com
situações sociais de conflito. Subestimam a si próprios como agentes eficazes de
resolver confrontos e buscam saídas idealizadas ou imaginárias para tais conflitos.
Encontrando no uso de substâncias psicoativas uma saída, se não ideal, mas a que
se configura possível para diminuir ansiedade e dificuldades. Minimizar suas
inabilidades sociais e maximizar o potencial de ação da substância pode estar na
base da aderência às drogas no caso de abusadores.
Introdução ao conceito de Habilidades Sociais.
É um axioma bem conhecido aquele que diz que os seres humanos são
animais sociais. É essencial, para nós, o estabelecimento de vínculos interpessoais,
os quais poderão nos dar suporte social e emocional no decorrer da vida. Não é por
menos que, quase o tempo todo em que estamos acordados, estamos também em
algum tipo de interação social. Nosso sucesso pessoal e social, assim como nosso
bem estar, são em grande parte determinados pelas nossas habilidades em iniciar e
manter interações sociais saudáveis; e nas consequências que estas relações
geram para nós.
De acordo com Caballo (2003), muitos problemas humanos podem ser decorrência
de um déficit de habilidades sociais. Elas formam um elo entre o indivíduo e as
pessoas que o cercam. Se este elo está enfraquecido ou é disfuncional, podem não
ser geradas consequências reforçadoras o suficiente para que o indivíduo tenha o
que se chama de “vida satisfatória” ou “vida feliz”.
Diante da quantidade de transtornos psicológicos em que déficits de
habilidades sociais estão envolvidos, muitas vezes, o treinamento destas mostra-se
como uma saída simples e eficaz no tratamento psicoterápico. Caballo (2003) cita,
por exemplo, problemas como depressão, ansiedade social, problemas conjugais,
delinquência, onde o treinamento de Habilidades Sociais apresenta resultados muito
promissores.
Segundo Caballo (2003), habilidade social pode ser definida como a
habilidade de expressar-se honestamente causando o mínimo de incômodo possível
aos outros e a si mesmo. Considerando que o comportamento socialmente hábil é
aquele conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto
interpessoal específico, expressando sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou
direitos, de modo adequado à aquela situação; respeitando os demais e,
geralmente, resolvendo os problemas imediatos da situação ao mesmo tempo em
que minimiza a probabilidade de problemas futuros.
É importante frisar que habilidade social não é uma característica da pessoa,
mas de seu comportamento; não é universal, trata-se de uma característica do
comportamento daquela pessoa naquela situação em específico; o que significa que
o significado de uma determinada conduta poderá variar de acordo com a situação
ou com a pessoa que a adota. Ao falar de habilidade social, o contexto cultural do
indivíduo deve ser contemplado do mesmo modo que quaisquer outras variáveis
situacionais. É um padrão de resposta aprendido e mantido pelas suas
consequências, e pode ser alterado.
O estudo de Caballo (2003) enfatiza, mais especificamente, que a falta de
habilidades sociais pode contribuir para a dependência, especialmente pelo uso
instrumental que as substâncias psicoativas aparentam propiciar em contextos
sociais. De acordo com esse autor, evidências empíricas sugerem que não possuir
habilidades sociais suficientes poderia estar relacionado ao uso de outras drogas
além do álcool, ou seja, independentemente do que leva a um repertório diminuto de
habilidades sociais, o uso de drogas fica associado, em sociedades ocidentais, como
um meio para enfrentar a vida diária ou fortes pressões externas. Em problemas de
dependência química, os usuários, com freqüência, enfrentam as situações sociais
que consideram difíceis com a ajuda de alguma substância, ao invés de manifestar
comportamento assertivo.
Segundo Caballo (2003), habilidades sociais são comportamentos emitidos
por um indivíduo em um contexto interpessoal que expressa sentimentos, atitudes,
desejos, opiniões ou direitos de modo adequado à situação, respeitando esses
comportamentos nos demais, e que geralmente resolve problemas imediatos da
situação, minimizando a probabilidade de futuros problemas.
No caso específico dos transtornos associados ao uso de substâncias, podem
existir dificuldades em habilidades sociais entre os quais, o enfrentamento de
situações de risco à autoestima e a resolução de problemas. Isso pode ocasionar a
fuga, aumentando o uso de substâncias psicoativas, gerando ainda mais
perturbações no desempenho social.
Oliveira (2002) afirma que o aprendizado de novas habilidades interpessoais
capacita os indivíduos com dificuldades para serem assertivos a defender seus
direitos de forma mais efetiva quando houver a pressão de outras pessoas para
consumirem substâncias.
Treinamento em Habilidades Sociais (THS), de acordo com Caballo (2003),
pode ser compreendido como um procedimento básico de tratamento dirigido com o
intuito direto e sistemático de ensinar estratégias e habilidades interpessoais aos
indivíduos, com a intenção de melhorar a sua competência interpessoal e individual
em classes específicas de situações sociais.
Em função do que foi aqui exposto, cabe propor algumas questões: que
fatores podem predispor um indivíduo à dependência? Que fatores podem facilitar o
abandono de certas substâncias? Por que alguns usuários de substâncias químicas
se tornam dependentes? Por que alguns apresentam grande dificuldade para largar
o vício?
A problemática do uso do tabaco é algo muito complexo. Para que se possa
compreender, tratar e prevenir o problema da dependência química é preciso tratar a
questão a partir de diferentes perspectivas e, ao mesmo tempo, empreender um
esforço para integrá-las de maneira compreensiva.
Parece ser importante, portanto, investigar mais cuidadosamente como as
habilidades sociais individuais se relacionam com a dependência química. Elas
poderiam ser facilitadoras das mudanças que se fazem necessárias para o paciente
acabar com a dependência?
Para responder a essa pergunta, o presente estudo busca conhecer algumas
características de fumantes e seus níveis de habilidades sociais.
VI – METODOLOGIA
O método qualitativo possibilita uma maior aproximação com as teorias e
abordagens existentes sobre o tema “O tabagismo como forma de habilidade social”
e permite conhecer a representação dada pelos estudantes universitários fumantes.
Esta pesquisa se divide em duas etapas. A primeira etapa consiste na
pesquisa bibliográfica sobre o tema, possibilitando a construção de um
conhecimento básico sobre o tabagismo como forma de habilidade social e
compreender o comportamento do jovem iniciante ao hábito de fumar e identificar os
fatores que levam a este ato.
Na segunda etapa da pesquisa, serão realizadas entrevistas semi-
estruturadas com os estudantes da universidade FUMEC, escolhidos por
conveniência, para colher dados com o objetivo de conhecer e compreender a visão
e a representação moral dos estudantes em relação ao ato de fumar. Para avaliação
das entrevistas será realizada a análise de discurso com enfoque ao tema proposto.
VII - CRONOGRAMA
SEMANAS
ATIVIDADES S1 S2 S3 S4 S5 S6
Pesquisa Bibliográfica
Realização da pesquisa de campo
Análise de dados
Elaboração do relatório
REFERÊNCIAS
CABALLO, V. E. Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais. São
Paulo: Livraria Santos editora, 2003.
PRETTE, Zilda A. P. Del; PRETTE, Almir Del. Psicologia das habilidades sociais. 3. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002
GIGLIOTTI A, Carneiro E, Ferreira M. Tratamento do Tabagismo. In Rangé, B.
Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre:
Artmed, 2001
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MAHN-LOT, Marianne. Retrato histórico de Cristóvão Colombo. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar,1992, p.56.
MCMULLIN, R. E. Manual de técnicas em terapia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2005.
PINHO, Vanessa Dordron de y OLIVA, Angela Donato. Habilidades sociais em fumantes,
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SEGAT, F. M.; Santos, R. P.; Guillande, S.; Pasqualotto, A. C. & Benvegnu, L. A. Fatores
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SOUZA, Ricardo Luiz de. O uso de drogas e tabaco em ritos religiosos e na sociedade
brasileira: uma análise comparativa. Saeculum, Revista de História, João Pessoa. 2004, 11,
p.85-102.
WIED-NEUVID, Maximiliano de. Viagem ao Brasil. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1940, p.95.
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. O que você percebe do ato de fumar?
2. Como foi a sua descoberta com o uso do cigarro?
3. Existe histórico de fumantes na família?
4. No seu grupo de relacionamento social existem fumantes?
5. Quais os momentos e qual a regularidade diária do uso do tabaco?
6. Você se considera um dependente do tabaco?
7. Você tem ou teve algum problema de saúde relacionado ao fumo de tabaco?
8. A proibição de fumar em locais públicos alterou de alguma forma o seu
convívio social nestes ambientes?