Estudo-Vida de Lucas - Vol. 2

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    ESTUDO-VIDA DE LUCAS

    MENSAGEM QUARENTA E UM

    O MINISTÉRIO DO SALVADOR-HOMEMEM SUAS VIRTUDES HUMANAS

    COM SEUS ATRIBUTOS DIVINOSDA GALILEIA PARA JERUSALÉM

    (19)

    Leitura Bíblica: Lc 18:9-30

    Em 18:9-30 temos o ensinamento do Senhor sobre a entrada no reino de Deus. O que é abordadonesses versículos pode ser considerado a condição e os requisitos para entrar no reino de Deus. Aqui oSenhor menciona três passos:1) humilhar-se diante de Deus como pecador, percebendo a necessidade deSua propiciação (vs. 9-14); 2) ser como criancinha, sem qualquer sentimento de preocupação (vs. 15-17); 3)seguir o Salvador vencendo o risco de ficar ocupado pelas riquezas e por todas as outras coisas materiais (vs.

    18-30). Vamos considerar cada um desses aspectos do ensinamento do Senhor.

    HUMILHAR-SE

    Em 18:9-14 vemos que, para entrar no reino de Deus, precisamos humilhar-nos. No versículo 14 oSenhor diz: “Todo o que a si mesmo se exalta, será humilhado; mas o que a si mesmo se humilha, seráexaltado”. Não devemos pensar que somos alguém; pelo contrário, devemos humilhar-nos e considerar-noscomo ninguém e nada.

     A oração do fariseu

    Nos versículos 10-14 O Senhor conta uma parábola de dois homens que “subiram ao templo paraorar: um, fariseu, e o outro, cobrador de impostos” (v. 10). O Senhor sempre usava cobradores de impostose fariseus corno exemplos. Os versículos 11-12 relatam a oração do fariseu: “O fariseu, posto em pé, oravaconsigo mesmo desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque não sou corno os demais homens, roubadores,injustos, adúlteros, nem ainda corno esse cobrador de impostos; jejuo duas vezes por semana e dou odízimo de tudo quanto ganho”. A palavra do fariseu no versículo 11, em que ele agradece a Deus por não sercorno os demais homens, não soa corno oração de modo nenhum; antes, soa corno acusação aos outros. Demodo semelhante, sua palavra no versículo 12 sobre jejuar e pagar o dízimo não soa corno oração, mascomo arrogante jactância para com Deus. Por isso, em sua oração, o fariseu acusava os outros e se gabava

     junto a Deus.

     A oração do cobrador de impostos

    No versículo 13 vemos que um cobrador de impostos desprezado, acusado e condenado orou deforma a humilhar-se ao máximo: “O cobrador de impostos, porém, estando em pé, de longe, não querianem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”. Essapalavra implica a necessidade de um Redentor e também de propiciação. O cobrador de impostos perceberacomo sua pecaminosidade ofendia a Deus. Assim, pedia a Deus que lhe fosse propício, que fosse apaziguadocom relação a ele mediante a propiciação, de modo que lhe fosse misericordioso e concedesse graça.

    Romanos 3:25 diz que Deus enviou Cristo Jesus corno propiciatório (lit.) por meio da fé em Seusangue. A palavra grega para propiciatório é  hilastérion, diferente de hilasmós (propiciação) em 1 João 2:2e 4:10,   e   hiláskomai   (propiciar) em Hebreus 2:17.   Hilasmós   é aquilo que propicia, isto é, sacrifíciopropiciatório pelos pecados. O Senhor Se ofereceu a Deus como sacrifício por nossos pecados (Hb 9:28) nãosó para nossa redenção, mas também para a satisfação de Deus. Nele, corno nosso Substituto, por meio deSua morte vicária, Deus está satisfeito e apaziguado. Daí Ele ser a propiciação entre Deus e nós.

     Hiláskomai   (verbo) significa apaziguar, reconciliando-se mediante a satisfação do outro, ou

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    seja,propiciar. Em Hebreus 2:17, o Senhor Jesus fez propiciação por nossos pecados para reconciliar-noscom Deus satisfazendo Suas justas exigências sobre nós. O Senhor Jesus fez propiciação por nossos pecadospara apaziguar ajustiça de Deus, reconciliar-nos satisfazendo a exigência da justiça de Deus.

    Em Romanos 3:25 hilastérion é o propiciatório, o lugar de propiciação. Assim, em Hebreus 9:5, essapalavra é usada para a tampa da arca no Santo dos Santos e, em Êxodo 25:16-22 e Levítico 16:12-16, aSeptuaginta também usa essa palavra para a cobertura da arca. A lei dos Dez Mandamentos estava na arca,expondo e condenando pelas suas justas exigências o pecado do povo que ia contatar Deus. Pela tampa daarca com o sangue da expiação espargido sobre ela no dia da expiação, toda a situação do lado do pecadorestava plenamente coberta. Por isso era sobre essa tampa que Deus podia encontrar-se com o povo quequebrara Suas leis justas sem, governamentalmente falando, qualquer contradição com Sua justiça, mesmosob a observação do querubim que carregava Sua glória ofuscando a tampa da arca. O propiciatório ousacrifício expiatório, que prefigurava Cristo, satisfazia todas as exigências da justiça e glória de Deus. É aisso que Romanos 3:25 se refere. Assim, a palavra  hilastérion é usada para revelar que o Senhor Jesus é olugar de propiciação, o propiciatório. Como sacrifício propiciatório, Ele foi feito plena propiciação na cruzpelos nossos pecados e satisfez plenamente as exigências da justiça e glória de Deus.

    É significativo, portanto, que o cobrador de impostos em Lucas 18:13 dissesse: “Deus, sê propício amim, pecador!”. Ele percebia que ofendera a Deus e precisava que alguém fosse sua oferta para propiciação

    de modo que Deus pudesse ser apaziguado. Essa humilde pessoa percebera que nada era senão pecador. Visto que fez uma oração baseada na propiciação de Deus, ele” desceu justificado para sua casa” (v. 14).

    Humilhar-se e ser subjugado

     A palavra do Senhor no versículo 14 sobre ser justificado refere-se ao estágio inicial da salvação.Toda pessoa salva deve humilhar-se tanto quanto o cobrador de impostos. Na verdade, arrepender-se econfessar os pecados é humilhar-se. Todos os salvos são os que se humilharam e foram subjugados.

    Quando jovem, eu era orgulhoso e arrogante, nunca disposto a admitir que estava errado. Mas, umdia, o Espírito me capturou e fui convencido, humilhado e subjugado. A mim parecia que ninguém era tãopecador quanto eu. Minha atitude foi exatamente a oposta do que tinha sido antes. Posso testificar pela

    experiência que uma pessoa salva é humilde, submissa. Precisamos humilhar-nos a tal ponto que nosconsideramos ninguém e nada.

    SER COMO CRIANCINHAS

    Depois de nos humilhar, precisamos ser como criancinhas (vs. 15-17). Nos versículos 16-17 o SenhorJesus diz: “Deixai vir a Mim as crianças e não as impeçais, porque das tais é o reino de Deus. Em verdade

     vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de modo algum entrará nele”. Por não estarcheia de velhos conceitos e ocupada com eles, uma criança pode facilmente receber novas ideias. Assim, aspessoas precisam receber o reino de Deus como algo novo, com coração desocupado, como criança.

    Todos nascemos no reino de homem e nele estamos. A fim de entrar do reino de homem para o reino

    de Deus, ser transferidos do reino humano para o reino divino, precisamos aceitar algumas ideias novas.Quem é capaz de recebê-las? Somente os que são bebês, sem preocupações, são capazes de recebê-las.Entretanto muitos salvos não querem ser como bebês. Pelo contrário, gostam de se considerar inteligentes ecultos, pensando que sabem tudo. Os que têm essa atitude estão acabados no que diz respeito a entrar noreino de Deus. Embora sejam salvos, será difícil entrar no desfrute do jubileu. Um requisito para entrar noreino de Deus é tornar-nos como criancinhas.

    RENUNCIARA TUDO E SEGUIR AO SALVADOR-HOMEM

    Em 18:18-30 vemos que, se quisermos entrar no reino de Deus, precisamos renunciar a tudo e seguiro Salvador-Homem. Especificamente precisamos renunciar às posses, aos bens materiais.

    Herdar a vida eterna e ter a vida eterna

    Lucas 18:18 diz: “Certo homem de posição perguntou- lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vidaeterna?”. Herdar a vida eterna é diferente de ter a vida eterna. De acordo com o Evangelho de João, ter a

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     vida eterna é ser salvo com a vida incriada de Deus de modo que vivamos por ela hoje e na eternidade. Masherdar a vida eterna é ter parte na manifestação do reino da era vindoura. O homem de posição em 18:18aparentemente buscava a vida eterna na era vindoura.

    Em 18:19 o Senhor Jesus disse a esse homem de posição: “Por que Me chamas bom? Ninguém é bomsenão um só, que é Deus”. Somente Deus é bom. Isso salienta não só que o que fez a pergunta não é bom,mas que também o Senhor Jesus é Deus, que é bom. Se Ele não fosse Deus, também não seria bom.

     A suprema exigência para entrar no reino de Deus

    No versículo 20 o Senhor prosseguiu dizendo ao homem de posição: “Sabes os mandamentos: Nãoadulteres, não mates, não furtes, não digais falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe”. O homem deposição respondeu: “Tudo isso tenho observado desde minha juventude” (v. 21). Quando o Senhor Jesusouviu isso, disse-lhe: “Uma coisa ainda te falta: Vende tudo o que tens e reparte-o aos pobres, e terás umtesouro nos céus; depois vem e segue-Me” (v. 22). Aqui o Senhor chega a uma questão que Ele enfatizaraanteriormente: a renúncia às coisas materiais. Por exemplo, em 14:33, o Senhor disse: “Assim, pois, todoaquele dentre vós que não renuncia a todos os seus bens, não pode ser Meu discípulo”. Aqui vemos queseguir o Senhor exige que O amemos acima de todas as coisas. Essa é a suprema exigência para entrar noreino de Deus.

    Em 18:22 o Senhor Jesus disse ao homem de posição: “Uma coisa ainda te falta”. Esse homem deposição pode ter observado os mandamentos da velha lei, mas ainda lhe faltava uma coisa. Ele não estavadisposto a vender o que tinha, ter um tesouro nos céus e seguir ao Senhor.

    Lucas 18:23 diz: “Mas, ouvindo ele isso, ficou muito triste, porque era riquíssimo”. Amar possesmateriais acima do Senhor entristece a pessoa, mas os que amam a Cristo acima de todas as coisas sãocheios de alegria por perder suas posses (Hb 10:34).

    Os versículos 24-25 dizem: “E Jesus, vendo que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmenteentram no reino de Deus os que têm riquezas! Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de umaagulha, do que entrar um rico no reino de Deus”. O termo grego para “agulha” aqui é diferente do que estáem Mateus e Marcos. O termo aqui salienta uma agulha de cirurgião. A palavra aqui indica a

    impossibilidade de entrar no reino de Deus pela vida natural.

     A salvação e o reino de Deus

    No versículo 26 vemos que os que ouviram a palavra do Senhor disseram: “Então quem pode sersalvo?”. Os ouvintes, como a maioria dos cristãos hoje, confundem salvação com o reino de Deus. A palavrado Senhor ao homem de posição dizia respeito a entrar no reino de Deus, mas os discípulos pensavam quese referia à salvação. Eles tinham o conceito natural e comum de ser salvo. Eles não se agarravam àrevelação do Senhor sobre entrar no reino de Deus.

    No versículo 27 o Senhor prosseguiu: “As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus”. Pela vida humana é impossível entrar no reino de Deus, mas é possível pela vida de Deus, a vida divina, que é o

    próprio Cristo transmitido a nós de modo que tenhamos o viver do reino. Podemos cumprir as exigênciasdo reino por Cristo, que nos fortalece para fazer todas as coisas (Fp 4:13).

    No versículo 28 Pedro disse ao Senhor: “Eis que nós deixamos as nossas próprias coisas e Teseguimos”. Pedro aqui, de forma jactanciosa, dizia: “Senhor, deixamos tudo para Te seguir. Deixamos

     barcos, redes e o mar da Galileia. Deixamos tudo para trás e agora estamos Contigo a caminho de Jerusalém.Senhor, que vamos ganhar com isso? Que nos pagarás por deixar tudo, até mesmo nosso país, para Teseguir? Até aqui, nada recebemos. Que nos darás, Senhor?”.

    Nos versículos 29-30 temos a resposta do Senhor: “Em verdade vos digo que ninguém há que tenhadeixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba em trocamuitas vezes mais neste tempo, e no século vindouro a vida eterna”. No versículo 29 o Senhor diz: “porcausa do reino de Deus”, mas Mateus 19:29 diz: “por causa do Meu nome”. Isso demonstra que o Salvador éequivalente ao reino de Deus. Como vimos, isso é também salientado pela palavra do Senhor em Lucas17:21, onde Ele diz aos fariseus: “eis que o reino de Deus está no meio de vós”, referindo-se a Si mesmo. Oreino de Deus é o próprio Salvador. Onde quer que o Salvador esteja, aí está o reino de Deus.

    Em Lucas 18:30 o Senhor fala de receber a vida eterna na era vindoura. Essa é a vida que os crentes

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     vencedores desfrutarão no reino vindouro. Entrar nesse desfrute na era vindoura é entrar no reino vindouroe participar em seu desfrute da vida eterna.

    Quando Pedro fez a afirmação registrada no versículo 28, ele ainda não estava no reino, mas estavapelo menos pisando o limiar. Ele estava muito próximo de entrar no reino; porém ainda estava um poucoorgulhoso e precisava de uma palavra adicional do Senhor.

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    MENSAGEM QUARENTA E DOIS

    O MINISTÉRIO DO SALVADOR-HOMEMEM SUAS VIRTUDES HUMANAS

    COM SEUS ATRIBUTOS DIVINOSDA GALILEIA PARA JERUSALÉM

    (20)

    Leitura Bíblica: Lc 18:31-19:10

    Nesta mensagem abordaremos 18:31-19:10, trecho que aborda três questões: o Senhor desvenda Suamorte e ressurreição pela terceira vez (vs. 31-34), cura um cego perto de Jericó (vs. 35-43) e salva Zaqueuem Jericó (19:1-10).

    O SENHOR DESVENDA SUA MORTE E RESSURREIÇÃO

    PELA TERCEIRA VEZ

    Enquanto o Salvador-Homem fazia a longa jornada da Gali1eia para Jerusalém, Ele falou aosdiscípulos sobre muitas coisas. Em 18:31 Ele tomou os doze à parte a fim de falar- lhes em particular. Essapalavra proferida em particular aos discípulos dizia respeito à Sua ida a Jerusalém para morrer.

    Nos versículos 31-33 essa palavra é registrada com alguns detalhes: “Eis que subimos paraJerusalém, e se cumprirá tudo o que foi escrito por intermédio dos profetas a respeito do Filho do Homem;pois será Ele entregue aos gentios, e escarnecido, ultrajado e cuspido; e, depois de o açoitarem, matá-Lo-ão;ao terceiro dia ressuscitará”.  É  significativo que no versículo 31 o Senhor não diga: “Eis que subo paraJerusalém”; antes, Ele diz: “Eis que subimos para Jerusalém”.

    Essa foi a terceira vez que o Senhor Jesus revelou Sua morte aos discípulos. A primeira foi em

    Cesareia de Filipe, antes de Sua transfiguração (9:22). A segunda foi na Galileia, depois de Suatransfiguração (9:44-45). Dessa vez, a terceira, foi a caminho de Jerusalém. Essa revelação era uma profecia,totalmente estranha ao conceito natural dos discípulos, e ainda assim cumprida literalmente em cadadetalhe.

     Vimos que o Salvador-Homem já predissera Sua morte e ressurreição duas vezes. Visto que a horade Sua morte havia chegado, Ele ia para Jerusalém. Essa era Sua obediência a Deus até a morte (Fp 2:8), deacordo com o conselho de Deus (At 2:23), para o cumprimento de Seu plano redentor (Is 53:1  O). Ele sabiaque por meio de Sua morte seria glorificado em ressurreição (Lc 24:25- 26) e Sua vida divina seria liberadapara produzir muitos irmãos para Sua expressão (Jo 12:23-24; Rm 8:29). Em troca da alegria que Lheestava proposta, Ele desprezou a vergonha (Hb 12:2) e voluntariamente se entregou aos líderes dos judeususurpados por Satanás para ser condenado por eles à morte. Por causa disso, Deus O exaltou aos céus, fê-Loassentar à Sua direita (Me 16:19; At 2:33-35), deu-Lhe o nome que está acima de todo nome (Fp 2:9-10), fê-Lo Senhor e Cristo (At 2:36) e O coroou com glória e honra (Hb 2:9).

    Lucas 18:34 diz: “Mas eles nada entenderam dessas coisas; e essa palavra era-lhes oculta, e nãosabiam o que se lhes dizia”. Podemos comparar a palavra do Salvador-Homem aos discípulos sobre Suamorte a uma música maravilhosa tocada para quem não a aprecia muito. Os discípulos não eram capazes deapreciar a “música” “tocada” para eles pelo Senhor. Eles não compreenderam nada do que Ele dissera.Embora usasse palavras simples, eles não podiam compreender o que Ele dizia.

    Por que os discípulos não eram capazes de assimilar a palavra do Senhor sobre Sua morte eressurreição? O motivo era que estavam totalmente em outro reino, em seu próprio reino. Uma vez elesestavam em seu próprio reino, não tinham coração dedicado às coisas do reino de Deus.

     A CURA DE UM CEGO PERTO DE JERICÓ

    O fato de o Senhor desvendar Sua morte e ressurreição pela terceira vez está relacionado com a curado cego perto de Jericó. Na verdade, Seus discípulos estavam cegos e necessitados de cura. Não conseguiam

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    compreender o que o Senhor dizia sobre Sua morte e ressurreição porque lhes faltava percepção esensibilidade. Por isso, depois da terceira revelação de Sua morte e ressurreição, temos o caso da cura deum cego.

    Uma sequência de acordo com a moralidade

    Lucas 18:35 diz: “Aconteceu que, ao aproximar- se Ele de Jericó, estava um cego assentado à beira

    do caminho, mendigando”. Aqui parece haver um problema com respeito a Jericó. No capítulo dez, oSenhor foi recebido na casa de Marta, e seu lar era em Betânia. Em Sua jornada da Galileia para Jerusalém,o Senhor teria vindo a Jericó antes de chegar a Betânia, e depois teria ido de Betânia para Jerusalém. Porque, então, Betânia é mencionada no capítulo dez e Jericó claramente é mencionada no dezenove? Será queisso significa que Ele veio a Betânia e depois voltou a Jericó? Não; na verdade, Ele fora recebido por Martadepois de ter passado por Jericó. Mas no capitulo dez Lucas não se importa com a geografia ou com asequência histórica; importa-se com o alto padrão de moralidade. Essa é evidência categórica para mostrarque a narrativa de Lucas não está de acordo com a sequência dos eventos históricos, mas de acordo com amoralidade.

     Vista e salvaçãoJá enfatizamos que o versículo 35 diz que o Senhor se aproximou de Jericó. Os versículos seguintes

    dizem que perto de Jericó o Salvador-Homem curou um cego. Isso quer dizer que Ele curou o cego antes deentrar em Jericó, mas, de acordo com Mateus 20:29 e Marcos 10:46, a cura ocorreu quando Ele saía deJericó. A narrativa de Lucas possui significado espiritual. A salvação de Zaqueu em 19:1-9 veio logo depoisde o cego recuperar a vista. Isso indica que, para receber a salvação, é preciso primeiro recobrar a vista para

     ver o Salvador. Esses dois casos, que ocorreram em Jericó um após o outro, devem ser considerados,espiritualmente, como um caso completo. Um pecador em trevas precisa recobrar a vista para perceber quenecessita de salvação (At 26:18).

    O que é abordado em 18:35-19:10 mostra como alguém pode preencher as condições reveladas nos

     versículos 9-30 para entrar no reino de Deus: primeiro, deve recuperar a vista por meio do Salvador (vs. 35-43) e, em seguida, deve receber o próprio Salvador como salvação dinâmica (19: l- 10). Desse modo, o cegopôde ser como o cobrador de impostos arrependido e como a criança livre de preconceitos, e receber oSalvador; e Zaqueu pôde renunciar a todas as suas riquezas e segui-Lo.

    O cego representa os discípulos

    Quando o cego próximo de Jericó ouviu que Jesus passava, gritou: “Jesus, Filho de Davi, temmisericórdia de mim!” (v. 38). “Jesus, Filho de Davi” é o título real de Cristo para os filhos de Israel.Somente os filhos de Israel tinham o privilégio de se dirigir ao Senhor dessa forma.

    Os versículos 40-41Continuam: “Então, parando Jesus, mandou que lho trouxessem. E, tendo ele se

    aproximado, perguntou-lhe: Que queres que Eu te faça? Respondeu ele:Senhor, que eu recupere avista”. A pergunta do Senhor no versículo 41 mostra amor para com essenecessitado. Isso expressa a humanidade do Salvador-Homem a um ponto inimaginável. O Senhor, então,disse ao cego: “Recupera a tua vista; a tua fé te salvou” (v. 42). Literalmente a palavra grega traduzida por“salvou” também pode significar curou. No mesmo instante o homem recuperou a vista e seguia o Senhor,glorificando a Deus (v. 43).

    Depois que o Senhor revelou Sua morte e ressurreição aos doze pela terceira vez, eles ainda estavamcegos, Assim, foram representados pelo cego perto de Jericó. O fato de o Senhor curar o cego representaque Ele lidou com a cegueira dos doze discípulos.

     Aqui eu gostaria de dizer novamente que não é fácil entender a Bíblia. Para se compreender asEscrituras, não basta conhecer as letras pretas no papel branco. Se quisermos compreender a Bíblia,

    precisamos conhecer o espírito do livro específico que estamos lendo. O encargo no espírito de Lucas nessaparte do capítulo dezoito foi mostrar-nos que todos os seguidores do Senhor, até mesmo os doze escolhidos,estavam cegos. Os fariseus não eram os únicos incapazes de ver a realidade espiritual do reino de Deus.Podemos dizer que os doze eram os principais carentes dessa capacidade. Três deles: Pedro, Tiago e João,

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    estiveram com o Senhor no monte da transfiguração. Embora tivessem visto muito no monte, na verdade,num sentido espiritual, não viram nada porque estavam cegos. Por isso o cego não era somente o que erahomem perto de Jericó; todos ao redor do Senhor também o eram.

    Nossa necessidade de receber a cura do Senhor

    Estou preocupado com a situação dos crentes hoje, inclusive a nossa. Alguns de nós podem ainda

    estar espiritualmente cegos. Talvez precisemos orar: “Ó Senhor, tem misericórdia de mim. Preciso de Tipara curar minha cegueira. Senhor, quero receber minha vista”.

    Marcos 4:12 salienta que podemos ver e não perceber, ouvir e não compreender. Uma vez que essapode ser nossa condição, precisamos orar para que o Senhor tenha misericórdia de nós. Tambémprecisamos esvaziar-nos a fim de ver a realidade espiritual do reino de Deus.

    Os fariseus pensavam que viam muito e se consideravam alguém. Na verdade, não eram ninguém.Eram até mais vazios do que os cobradores de impostos. De modo semelhante, embora os discípulosseguissem o Senhor Jesus desde o início de Seu ministério e vissem as coisas que nele ocorreram, elescontinuavam cegos. Como já enfatizamos, podemos também ser espiritualmente cegos. Alguns de nós têmestado no Senhor por anos a fio. Subconscientemente podemos pensar que sabemos muito, mas na verdadeprecisamos ver de fato. Por isso precisamos da cura do Senhor. Em Sua presença precisamos ter a profundaconvicção de que nada somos, nada sabemos e precisamos Dele para dar-nos vista.

    Em nossa leitura do Evangelho de Lucas, podemos imaginar por que o caso da cura de um cegoperto de Jericó é registrado tão longe na narrativa. Podemos pensar que esse caso pertence a um episódio

     bem anterior no livro, talvez no setor que relata o ministério do Senhor na Galileia. Todavia, em Lucas 18,quando o Senhor estava muito próximo de Jerusalém, temos a narrativa dessa cura. Esse caso indica que osseguidores do Salvador-Homem precisavam Dele para curar sua cegueira,

     A SALVAÇÃO DE ZAQUEU EM JERICÓ

    Em 19:1-10 temos o relato do Senhor salvando Zaqueu em Jericó. O versículo 1 diz: “Tendo entrado

    em Jericó, atravessava Ele a cidade”. Vimos que Jericó era uma cidade de maldição (Js 6:26; 1 Re 16:34).Lucas 19:2 diz: “Eis que havia ali um homem chamado pelo nome de Zaqueu; era ele chefe doscobradores de impostos e era rico”. Os cobradores de impostos coletavam os impostos arrecadados pelosromanos. Quase todos abusavam do ofício, exigindo mais do que deviam mediante falsa acusação (Lc 3:12-13; 19:8). Pagar impostos aos romanos era muito amargo para os judeus. Os que se envolviam na cobrançaeram desprezados pelo povo e reputados como indignos de qualquer respeito (Lc 18:9- 10). Eles sempredefraudavam as pessoas. Assim, eram classificados como pecadores (Mt 9:10-11).

    De acordo com Lucas 19:3-6, a fim de ver o Senhor Jesus, Zaqueu, que era de baixa estatura, subiunum sicômoro. Quando o Senhor chegou ao lugar, olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa,pois importa que eu fique hoje em tua casa” (v. 5). Zaqueu desceu e recepcionou o Senhor, jubiloso. Mas osque viram isso “murmuravam, dizendo: Ele entrou para hospedar-se com um homem pecador” (v. 7).

    Em 19:8 Zaqueu disse: “Senhor, eis que dou aos pobres a metade dos meus bens; e, se alguma coisatomei a alguém mediante falsa denúncia, restituo-a quatro vezes mais”. Aqui vemos que, uma vez que umpecador recebe o Salvador, o resultado dessa salvação dinâmica é resolver a questão dos bens materiais eclarificar a vida pecaminosa passada.

     A expressão grega para “alguma coisa tomei” no versículo 8 é a mesma palavra empregada em 3:14.É uma maneira amena de dizer “extorqui”. Os cobradores de impostos atribuíam valor mais elevado a umapropriedade ou renda, ou aumentavam o imposto dos que não podiam pagar, e, então, praticavam a usura.

    Zaqueu disse ao Senhor que, se tivesse tomado qualquer coisa por meio de falsas acusações, elerestituiria quatro vezes mais. Isso estava conforme os requisitos da lei para restituição (Êx 22:1; 2Sm 12:6).

    Em Lucas 19:9 o Senhor Jesus prossegue dizendo a Zaqueu: “Hoje veio a salvação a esta casa, poisque também este é filho de Abraão”. Por mais maligno que fosse esse cobrador de impostos, ele era, nãoobstante, filho de Abraão, herdeiro escolhido da herança prometida por Deus (GI3:7, 29).

    No versículo 10 o Senhor diz: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido”.Isso salienta que a ida do Salvador a Jericó não fora acidental, mas proposital. Ele foi a Jericó de propósitopara buscar esse único pecador perdido, assim como Ele buscou a mulher pecadora em Samaria (Jo 4:4).

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    ESTUDO-VIDA DE LUCAS

    MENSAGEM QUARENTA E TRÊS

    O MINISTÉRIO DO SALVADOR-HOMEMEM SUAS VIRTUDES HUMANAS

    COM SEUS ATRIBUTOS DIVINOSDA GALILEIA PARA JERUSALÉM

    (21)

    Leitura Bíblica: Lc 19:1-27

     Vamos considerar nesta mensagem 19:1- 2 7. Esse trecho de Lucas aborda duas questões: a salvaçãode Zaqueu em Jericó (vs. 1-10) e o ensinamento do Senhor sobre fidelidade (vs. 11-27).

     A SALVAÇÃO DE ZAQUEUUm dos maiores pecadores

    Lucas 19:1-2 diz: “Tendo entrado em Jericó, atravessava Ele a cidade. Eis que havia ali um homemchamado pelo nome de Zaqueu; era ele chefe dos cobradores de impostos, e era rico”. Como chefe doscobradores de impostos, Zaqueu era um dos maiores pecadores, um grande pecador. Ele se tomou rico pormeio de sua pecaminosidade como cobrador de impostos.

    Em sua confissão ao Senhor, relacionada com a restituição e clarificação do passado, Zaqueu Lhedisse: “Eis que dou aos pobres a metade dos meus bens; e, se alguma coisa tomei a alguém mediante falsadenúncia, restituo-a quatro vezes mais” (v. 8). Podemos considerar as palavras “se alguma coisa tomei”como eufemismo, uma maneira suave de se referir a extorsão. Os cobradores de impostos imputavam alto

     valor à propriedade ou aumentavam o imposto daqueles incapazes de pagar e, então, impunham altos juros.Essa era a maneira de extorquir os outros. Como Zaqueu procurava restituir, ele se referiu a essa extorsão.

    O que Zaqueu fez, restituindo quatro vezes mais a quantia extorqui da, era muito honesto. Entretanto eleainda se referiu a seus atos de extorsão de maneira eufemística. Visto que ficou rico sendo pecador, Zaqueuagora queria fazer plena restituição a fim de limpar seu passado pecaminoso.

    Buscava ver Jesus

    Lucas 19:3-4 diz: “Procurava ele ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque erade pequena estatura. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-Lo, porque era de pequenaestatura”. Embora Zaqueu subisse a uma árvore para ver o Senhor Jesus, é-nos dito não que ele viu oSenhor, mas que o Senhor o viu: “Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu,desce depressa, pois importa que eu fique hoje em tua casa” (v. 5). Foi o Senhor quem viu, e não Zaqueu.

    Novamente vemos o alto padrão de moralidade do Salvador-Homem ao salvar pecadores. Nada foi feitopelo pecador; tudo foi feito pelo Salvador, até mesmo ver. No versículo 6 é-nos dito que Zaqueu “desceu atoda a pressa e O recebeu com alegria”.

    O Salvador-Homem ficou na casa de Zaqueu

    Zaqueu com certeza era alguém isolado. Era desprezado ao máximo pela comunidade judaica, maisisolado ainda que um leproso. Principalmente os fariseus, os campeões em hipocrisia na religião judaica,não se importavam com ele. À  sua ótica, ele era mais impuro do que um leproso. Entretanto, diante de umagrande multidão, o Salvador disse a Zaqueu: “Hoje veio a salvação a esta casa”. Que grande surpresa foipara Zaqueu e para todos na multidão! A cidade inteira de Jericó deve ter ficado abalada por isso. O

     versículo 7 diz: “Vendo isso, todos murmuravam, dizendo: Ele entrou para hospedar-se com um homempecador”.

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    O resultado espontâneo do poder dinâmicoda salvação do Senhor

    Nos versículos 1-7 não lemos que o Senhor falou muito com Zaqueu. Zaqueu, porém, respondeu deforma muito vigorosa, reconhecendo o Salvador como seu Senhor:“Zaqueu, levantando-se, disse ao Senhor: Senhor, eis que dou aos pobres a metade dos meus bens” (v. 8).Zaqueu pôde proferir essa palavra, embora não tivesse ouvido o ensinamento do Salvador-Homem sobre

     bens materiais. A caminho da Galileia a Jerusalém o Salvador falou sobre bens materiais várias vezes. A primeira vez foi no capítulo doze. Quando alguém fora da multidão Lhe pediu que dissesse a seu irmão que dividissea herança, Ele disse: “Tende cuidado e guardai-vos de toda cobiça; porque a vida de um homem nãoconsiste na abundância dos bens que ele possui” (12:15). Depois, em 14:33, o Salvador prosseguiu: “Assim,pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a todos os seus bens, não pode ser Meu discípulo”. Em Lucas16 Ele falou aos discípulos sobre o  mamam da injustiça e depois fez uma advertência aos ricos. No capítulodezessete Ele falou sobre bens materiais com relação ao arrebatamento dos vencedores: “Naquele dia, quemestiver sobre o eirado e tiver os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, de igual modo, o que estiverno campo não volte para as coisas que deixou atrás” (v. 31). Depois disso, em 18:22, Ele disse ao homem deposição: “Vende tudo o que tens e reparte-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem e segue-

    Me”. Em todos esses exemplos vemos que o Salvador-Homem falou repetidamente sobre bens materiais.Zaqueu, é claro, não ouvira nada disso. Contudo, reagindo à palavra do Senhor, disse que metade de seus

     bens daria aos pobres. Vimos que no versículo 8 Zaqueu prosseguiu dizendo ao Senhor: “Se alguma coisa tomei a alguém

    mediante falsa denúncia, restituo-a quatro vezes mais”. O que Zaqueu fez aqui estava de acordo com asexigências da lei da restituição (Êx 22: I; 2 Sm 12:6). Esse foi o resultado espontâneo do poder dinâmico dasalvação do Senhor.

    No caso da salvação de Zaqueu em Jericó, vemos que a salvação do Senhor é na verdade o próprioSenhor. No versículo 5 Ele diz: “Importa que eu fique hoje em tua casa”. Mas no versículo 9 Ele diz aZaqueu: “Hoje veio a salvação a esta casa”. Quando juntamos esses versículos, vemos que “eu” no versículo

    5 é igual a “salvação” no versículo 9. Isso indica que a salvação é na verdade o próprio Senhor. Quando Ele vem, a salvação vem. Onde quer que Ele fique, lá fica a salvação.

    Um cativo sob opressão

    Já enfatizamos que a forma como Zaqueu reagiu ao Salvador-Homem foi causada pelo poderdinâmico de Sua salvação. O Salvador-Homem tem um poder dinâmico, que é o Espírito Santo. Eleministrou o jubileu pelo Espírito Santo. Em Lucas 4 Ele proclamou que o Espírito do Senhor estava sobreEle porque fora ungido para proclamar libertação aos cativos. O Senhor fora designado e ungido paraproclamar o jubileu a todos os oprimidos.

     À vista dos religiosos, principalmente dos fariseus, Zaqueu era um pecador principal porque era

    chefe dos cobradores de impostos, mas, aos olhos do Salvador-Homem, ele era um cativo sob opressão. Antes de ter subido à árvore para ver o Salvador, Zaqueu pode ter refletido muito sobre como ser liberto desua condição pecaminosa. Como judeu, ele deve ter sido condenado pela consciência por trabalhar comocobrador de impostos a fim de ajuntar tributos para os imperialistas romanos. Assim, ele foi condenado porsua consciência como traidor de seu país. Por isso ele pode ter tentado sair de sua condição pecaminosa,mas era incapaz de fazê-lo por ser cativo e oprimido.

    Buscar e salvar o perdido

    Lucas 19:10 diz: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido”. Aqui vemosque Zaqueu não só era pecador, mas também perdido. O Salvador foi a Jericó de propósito para buscar e

    salvar o perdido. A busca do Senhor por Zaqueu em Lucas 19 pode ser comparado à Sua busca pela mulhersamaritana em João 4. O Salvador disse a Zaqueu: “Importa que eu fique hoje em tua casa”, e João 4:4 dizque “era-Lhe necessário atravessar a província de Samaria”. Era-Lhe necessário passar por Samaria a fimde encontrar uma samaritana perdida. O Senhor foi lá buscá-la e salvá-la. O mesmo aconteceu em Lucas 19.

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    O Senhor tinha de ficar na casa de Zaqueu a fim de salvar sua pessoa perdida.

     A salvação, o jubileu e o reino

    Em 19:1-1 O vemos que, onde quer que o Salvador-Homem estivesse, aí estava também a salvação,porque Ele mesmo é salvação. Além disso, quando essa salvação está presente, o reino de Deus também está,e o reino de Deus é o jubileu. Por isso, quando o Senhor entrou na casa de Zaqueu, isso foi um jubileu não

    só para um indivíduo, mas para a casa inteira. Quando o Senhor entrou em sua casa, a salvação foi àquelacasa.

    Podemos dizer que o caso da cura do cego próximo de Jericó e o caso da salvação de Zaqueu emJericó são um só. No primeiro caso, o cego recupera a vista da parte do Salvador e, no segundo, Zaqueurecupera o Salvador como salvação dinâmica. Isso indica que primeiro recuperamos a vista da parte doSalvador e depois O recebemos. Esse Salvador é salvação, e salvação é o reino de Deus como o jubileu.

     Agora podemos perceber que em 19:1-10 um pecador principal é introduzido no jubileu da graça. Hoje elepode desfrutar o Salvador e o reino de Deus porque está no reino de Deus e o desfruta como seu jubileu.

    O ENSINO ACERCA DA FIDELIDADE

    Lucas 19:11 diz: “Ouvindo eles essas coisas, acrescentou Jesus uma parábola, visto estar Ele perto deJerusalém e julgarem eles que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente”. Essa parábolaadicional é espiritualmente continuação do caso anterior de salvação. Ela descreve como os salvos devemservir o Senhor a fim de herdar o reino vindouro.

    Um homem de nobre nascimento

    O versículo 12Continua: “Disse pois: Certo homem de nobre origem partiu para uma terra distante, afim de tomar posse de um reino e voltar”. Esse homem de nobre nascimento representa o Salvador, quepossui a posição mais elevada, a posição de Homem-Deus. A palavra “partiu” representa a ida do Salvadoraos céus depois de Sua morte e ressurreição (24:51; 1Pe 3:22), e “voltar” representa a volta do Salvador como reino (Dn 7:13-14; Ap 11:15; 2Tm 4:1).

     A porção comum dada a cada escravo

    No versículo 13 a parábola continua: “Chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes:Negociai até que eu venha”. Na parábola de Mateus 25:14-30 os servos receberam um número variado detalentos segundo a habilidade de cada um; aqui a parábola enfatiza a porção comum dada igualmente acada servo com base na salvação comum. Todavia a questão abordada pelas duas parábolas é a mesma: afidelidade dos servos determinará a porção, isto é, o galardão, que receberão no reino vindouro.

    De acordo com o versículo 13 o homem de nobre nascimento deu dez minas aos servos. Essa somade dinheiro é igual a cem dracmas, ou o salário de cem dias.

    Os judeus incrédulos

    O versículo 14 diz: “Mas os seus cidadãos o odiavam, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo:Não queremos que este reine sobre nós”. Os cidadãos representam os judeus incrédulos. Sua declaração deque não queriam que o Senhor reinasse sobre eles foi cumprida em Atos 29.

    Os bons escravos e o mau escravo

    Os versículos 15-17 prosseguem: “E aconteceu que, quando ele voltou, depois de haver tomado possedo reino, mandou chamar a si aqueles servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber o que eles tinham

    ganhado, negociando. Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. Disse-lhe osenhor: Muito bem, servo bom, porque foste fiel no mínimo, terás autoridade sobre dez cidades”. Terautoridade sobre dez cidades representa o reinar dos vencedores sobre as nações (Ap 2:26; 20:4, 6).

    Os versículos 18-19 dizem: “Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina produziu cinco minas. A 

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    este também disse: Sê tu também sobre cinco cidades”. Isso indica que haverá diferenças na extensão dogalardão dos santos vencedores no reino vindouro.

    Os versículos 20-21 dizem: “E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que eu mantiveguardada num lenço; pois tinha medo de ti, porque és homem severo: tiras o que não depositaste e ceifas oque não semeaste”. A palavra “guardada” no versículo 20 significa como os crentes infiéis mantêm suasalvação de maneira ociosa em vez de usá-la produtivamente. A palavra “tinha medo” no versículo 21 énegativa. Devemos ser positivos e intrépidos em usar o dom do Senhor.

    Os versículos 22-23 continuam: “Respondeu-lhe: Servo mau, pela tua boca te julgarei. Sabias que eusou homem severo, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei; por que, pois, não puseste o meudinheiro no banco? e eu, ao vir, o receberia com juros”. A obra do Senhor sempre parece começar do zero.

     Aparentemente Ele exige que trabalhemos para Ele sem nada, tirando o que Ele não depositou e ceifando oque Ele não semeou. Isso não deve ser desculpa para negligenciar o uso de nosso dom; pelo contrário, deveforçar-nos a exercitar a fé para usar nosso dom ao máximo.

    Colocar o dinheiro no banco significa usar o dom do Senhor para salvar pessoas e ministrar Suasriquezas a elas. “Juros” no versículo 23 representa o resultado lucrativo que ganhamos para a obra doSenhor usando Seus dons.

    Os versículos 24-26 continuam: “E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que

    tem as dez minas. Responderam-lhe: Senhor, ele já tem dez minas. Digo-vos que a todo o que tem se lhedará; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”. Esse tirar a mina significa que o dom do Senhorserá tirado dos crentes preguiçosos no reino vindouro. Dar as minas a alguém que já tem dez significa que odom dos crentes fiéis será aumentado. Todo cristão que obtém lucro na era da igreja obterá mais dons naera vindoura do reino. Mas do que não teve lucro na era da igreja até o dom que tem lhe será tirado na era

     vindoura do reino.No versículo 27 a parábola conclui: “Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que

    eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha presença”. Isso significa que todos os judeusincrédulos que rejeitaram o Salvador perecerão.

     A necessidade de servir fielmente

    Precisamos compreender por que a parábola adicional em 19:11-27 segue o caso de Zaqueu. Omotivo é que, depois de salvos, precisamos servir ao Senhor fielmente. Vemos a mesma coisa no capítulodez, onde o caso de Marta e Maria segue a parábola do bom samaritano. Isso indica que, depois da salvação,precisamos servir. A mesma ideia ocorre nos capítulos 14, 16 e 17. Agora, outra vez no capítulo dezenove,

     vemos que depois da salvação precisamos cuidar do serviço do Senhor.Como vimos, essa parábola começa com uma palavra sobre “certo homem de nobre nascimento”.

    Sem dúvida, esse é o Homem-Deus. Ele com certeza tinha nobre nascimento. Gosto da expressão “nobrenascimento”. Nenhum de nós teve nobre nascimento. O Senhor Jesus é o único cujo nascimento foi nobreporque Seu nascimento foi o de um Homem-Deus.

     A parábola em 19:11-27 lembra a de Mateus 25:14-30. Contudo em Mateus 25 o Senhor deu talentos

    a Seus escravos segundo a capacidade de cada um (Mt 25:14- 15), mas em Lucas 19:11-27 os dons, as minas,são dadas igualitariamente, uma vez que a parábola enfatiza a porção comum dada igualitariamente a cadaescravo, com base na salvação comum. Porém cada parábola ressalta que, depois de salvos, precisamosservir fielmente. Precisamos usar o que nos foi dado. Recebemos a vida divina com seus atributos e oEspírito Santo com Seus dons. Como os que receberam os dons da vida divina e o Espírito Santo,precisamos usar esses dons como o “capital” para “fazer negócios” e ter “lucros” para o Senhor.

    Ter lucro e receber galardão

    De acordo com 19:16-19, os que têm lucro recebem galardão. O que ganha dez minas terá autoridadesobre dez cidades, e o que ganha cinco minas terá autoridade sobre cinco cidades. Isso é uma indicaçãocategórica de que os santos vencedores serão galardoados com o poder governante no reino vindouro. Essegalardão será grande parte do seu desfrute da herança perdida como seu jubileu. Governar sobre dez oucinco cidades é parte do desfrute do jubileu, parte do desfrute do direito de primogenitura recuperado.

    Como já enfatizamos, o jubileu hoje é um antegozo e o da próxima era será um desfrute mais pleno.

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    Na era vindoura, os vencedores desfrutarão a terra, herdando-a, como diz o Senhor em Mateus 5:5. Herdara terra e governar sobre cidades será nosso desfrute do reino de Deus, Cristo e o jubileu.

    Essa parábola também indica que alguns perderão o galardão. Isso quer dizer que alguns dos salvosgenuínos não terão parte no jubileu que há de vir. Na era do reino, não governarão sobre a terra.

    O ensinamento entre os cristãos hoje ignora o fato de que alguns dos salvos não participarão no jubileu na era vindoura do reino. Lucas, porém, enfatiza isso repetidas vezes, nos capítulos 14, 16, 18 e uma vez mais no 19. O Evangelho de Lucas claramente revela que os salvos precisam ser fiéis em servir aoSenhor. Senão, perderão o galardão no reino vindouro. Alguns dos salvos perderão o desfrute do jubileu naera do reino. Isso deve ser uma advertência para nós e deve fazer-nos cuidadosos ao servir o Senhor.

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    MENSAGEM QUARENTA E QUATRO

    O SALVADOR-HOMEM APRESENTOU-SE À MORTE

    PARA REALIZAR A REDENÇÃO(1)

    Leitura Bíblica: Lc 19:28-48

    Nas mensagens anteriores abordamos as três primeiras seções do Evangelho de Lucas: a introdução(1:1-4), a preparação do Salvador-Homem em Sua humanidade com Sua divindade (1:54:13) e o ministériodo Salvador-Homem em Suas virtudes humanas com Seus atributos divinos (4:14-19:27), tanto na Galileia(4:14-9:50) como no caminho da Galileia para Jerusalém (9:51-19:27). Agora chegamos à quarta seçãodesse evangelho: o Salvador-Homem apresentando-Se à morte para redenção (19:28- 22:46). Depois que oSalvador terminou Seu ministério em 19:27, chegou a hora de Ele subir a Jerusalém a fim de apresentar-Se

    à morte ordenada por Deus para o cumprimento da redenção eterna. A transfiguração do Senhor no cimo do monte ocorreu já no fim do Seu ministério na Galileia. Oobjetivo da transfiguração, conforme relata o Evangelho de Lucas, era mostrar aos discípulos que, para odesfrute do jubileu, há a necessidade da transformação tipificada pela transfiguração. Depois de completarSeu ministério na Galileia, o Salvador-Homem começou a fazer a longa jornada da Galileia para Jerusalém.

     A SALVAÇÃO, O SERVIÇOE O DESFRUTE DO JUBILEU

    Enquanto fazia a jornada da Galileia para Jerusalém, o Senhor teve muitas conversas com Seusdiscípulos, nas quais certas coisas principais foram abordadas. Primeiro, Ele lhes mostrou como receber a

    salvação de Deus. Depois revelou-lhes como servir a Deus. Receber a salvação de Deus é desfrutar Seu jubileu hoje na era da graça. Servir a Deus nos qualifica a entrar no reino vindouro para desfrutar o jubileuna próxima era. Pelo menos cinco vezes no Evangelho de Lucas, o Senhor fala sobre como segui- Lo e servi-Lo de modo que estejamos qualificados a entrar no reino vindouro e desfrutar o jubileu na próxima era. Elefala disso nos capítulos 14, 16, 17, 18 e 19, em que conta a parábola dos servos que receberam dons com osquais servi-Lo (19:11-27). Como servos que receberam dons do Senhor, precisamos obter lucro para Ele afim de estar qualificados para herdar a terra e governar como reis. Participar do jubileu vindouro nomilênio, portanto, será um galardão para os santos vencedores.

    O ministério do Salvador-Homem foi levado a cabo primeiro na Galileia. Ele começou com aproclamação do jubileu da graça e continuou até Sua transfiguração. A transfiguração do Senhor significaque todos os Seus seguidores precisam ser transformados a fim de partilhar o desfrute do jubileu. Depois de

    completar Seu ministério na Galileia, o Senhor a deixou e foi para Jerusalém. A caminho da Galileia paraJerusalém, Ele repetidamente ensinou Seus discípulos e seguidores sobre como tomar a salvação de Deus,isto é, como receber o reino de Deus que na verdade é o próprio Salvador-Homem, a fim de entrar nodesfrute do jubileu hoje. O Senhor também os ensinou que, para segui- Lo e servi-Lo, precisamos renunciaràs coisas materiais. Precisamos vencer todas as distrações e estorvos a fim de amá-Lo ao máximo e servi-Lofielmente. Então estaremos qualificados para entrar no reino na era vindoura e teremos a plenaparticipação do jubileu no milênio.

    Todos precisamos ver que desfrutar Cristo como o reino de Deus nesta era nos qualifica a desfrutá-Lo como o jubileu na próxima era. Em outras palavras, o desfrute atual de Cristo nos qualifica a desfrutá-Lode maneira adicional na era vindoura. Todavia milhares e até milhões dos que creem no Senhor ereceberam Sua salvação não O desfrutam. O fracasso em desfrutá-Lo hoje os desqualificará de desfrutá-Locomo o jubileu na era vindoura. Precisamos ficar impressionados com o fato de que o desfrute de Cristohoje nos qualifica a ter o desfrute do jubileu na próxima era e até nos conduz a esse desfrute. Por issoaprendamos a desfrutar Cristo na vida da igreja a fim de estar qualificados a desfrutá-Lo na era do reino.

    O jubileu proclamado pelo Senhor Jesus em Lucas 4 tem três estágios:1) o estágio da graça nesta era,

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    2) o estágio do reino na era vindoura, 3) o estágio da Nova Jerusalém no novo céu e nova terra pelaeternidade. Esses são os três estágios do desfrute do jubileu. O jubileu nesta era é um antegozo. O jubileu naera vindoura será mais pleno do que o de hoje. Por fim, na Nova Jerusalém, desfrutaremos o jubileu aomáximo pela eternidade. Lá todos os crentes desfrutarão Cristo como o jubileu. Pela eternidade haverá umtestemunho de que o Senhor Jesus é nosso jubileu, que Ele nos libertou do cativeiro e nos introduziu nopleno desfrute do Deus Triúno processado.

    O SACERDOTE E AS OFERTAS

    O Evangelho de Lucas pode ser dividido em sete seções: a introdução: (1:1-4), a preparação doSalvador-Homem em Sua humanidade com Sua divindade (1:5-  4:13), o ministério do Salvador-Homemem Suas virtudes humanas com Seus atributos divinos (4:14-19:27), o Salvador-Homem apresentando-Se àmorte para redenção (19:28-22:46), a morte do Salvador-Homem (22:47- 23:56), Sua ressurreição (24:1-49) e Sua ascensão (24:50- 53). Nesta mensagem começaremos a considerar a quarta seção desse livro: oSalvador-Homem apresentando-Se à morte para redenção.

    O Senhor Jesus fez a longa jornada da Galileia para Jerusalém com o objetivo de ser levado à morte.Ele sabia que em Jerusalém Ele Se apresentaria a Deus no altar. No livro de Levítico as ofertas feitas noaltar prefiguram Cristo e, no cumprimento do Novo Testamento, o altar é a cruz.

     A Bíblia revela que Cristo não é somente as ofertas, mas também o Sacerdote ofertante para fazer ossacrifícios a Deus. Isso quer dizer que Ele é o Sacerdote e as ofertas. Como Sacerdote ofertante, Ele Seapresentou no altar, na cruz. A ideia de que Cristo é tanto a oferta como o Sacerdote é revelada claramentena Epístola de Hebreus. Em Hebreus, vemos que Cristo é o Sumo Sacerdote que Se ofereceu a Deus como osacrifício eterno (Hb 9:11,14). Agora, no Evangelho de Lucas, vemos que Cristo foi da Galileia, o lugar ondefazia a obra, para Jerusalém, o lugar onde seria levado à morte. Em Jerusalém, Ele seria a oferta e oSacerdote que a apresentou a Deus na cruz.

     A ENTRADA TRIUNFAL EM JERUSALÉM

    O Senhor Jesus não foi preso pelos fariseus na Galileia e depois levado por eles a Jerusalém para sermorto. Antes, Ele foi a Jerusalém por iniciativa própria. Além disso, não penetrou sorrateiramente emJerusalém como ladrão, mas entrou na cidade de forma pública. Quando se aproximou da cidade,preparou-Se para entrar como Rei. Todavia Ele não entrou na cidade como Rei em esplendor, mas emhumildade. Em vez de montar um cavalo, montou um jumentinho soberanamente aprontado para Ele.

    Como esse jumentinho foi preparado para o uso do Senhor é um mistério. O Senhor simplesmentedisse a dois dos discípulos: “Ide à aldeia que está defronte de vós e ali, ao entrar, achareis preso um

     jumentinho, no qual homem algum jamais montou; desprendei-o e trazei-o” (19:30). O Senhor ainda disseaos discípulos que, se lhes perguntassem por que estavam desprendendo o jumentinho, eles deviam dizer:“Porque o Senhor precisa dele” (v. 34). Eles então levaram o jumentinho a Jesus “e, lançando as suas vestessobre o jumentinho, fizeram com que Jesus montasse” (v. 35).

    Pode parecer que a preparação do jumentinho não foi grande coisa. Na verdade, essa preparaçãomisteriosa do jumentinho foi algo grandioso. Somente o Criador do universo poderia fazê-lo. Sem dívida oSenhor Jesus é o verdadeiro Rei. Ele falou uma palavra breve aos discípulos sobre o jumentinho. Quandoeles tomaram Sua palavra e agiram baseados nela, tudo aconteceu exatamente como Ele dissera que seria.

    Lucas 19:37-38 diz: “E quando já se aproximava da descida do monte das Oliveiras, toda a multidãodos discípulos começou a alegrar-se e louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto,dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!”. Osdiscípulos que levaram o jumentinho ao Senhor Jesus podem ter sido os primeiros a ficar entusiasmadosporque criam que a entrada triunfal na capital visava tomar o controle do país.

    De acordo com João 12, a ressurreição de Lázaro foi um grande milagre que atraiu pessoas aoSenhor. Esse milagre ocorreu um pouco antes da festa da Páscoa, que era a hora de o Senhor Jesus comoCordeiro de Deus ser levado à morte. Pouco antes de ser morto, Ele ressuscitou Lázaro e esse milagre fezcom que muitos se ajuntassem a Seu redor. Lucas, porém, não relata esse milagre.

    Houve grande celebração quando o Senhor foi de Betânia para Jerusalém. O templo em Jerusalémfoi construído no monte Moriá (mais tarde chamado Sião), o lugar onde Abraão ofereceu Isaque, e Betânia

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    está localizada no sopé do monte das Oliveiras. Entre esses dois montes, há um vale. Ele foi seguido poruma longa parada de celebrações. Os participantes dessa celebração estavam empolgados e até mesmo forade si de alegria. Os fariseus, que não eram capazes de fazer nada sobre a situação, ficaram grandementesurpresos e diziam uns aos outros: “Eis aí vai o mundo após Ele” (Jo 12:19).

    O LAMENTO SOBRE JERUSALÉM

    Quando se aproximou de Jerusalém, o Senhor Jesus não estava alegre. Antes, lamentou sobre acidade. Dentre todos na multidão, Ele deve ter sido o único que lamentou; os demais celebravam,regozijavam-se e gritavam louvores a Deus. Os discípulos podem ter dito uns aos outros: “Que celebração!Nosso Rei breve tomará o controle do país. Somos Seus seguidores e participaremos de Seu governo”. Essepode ter sido o pensamento dos seguidores do Senhor, mas certamente não foi o Seu. “Quando chegou perto,

     vendo a cidade, chorou sobre ela” (v. 41).Em 19:42-44 vemos o que o Senhor disse enquanto chorava sobre a cidade: “Se também tu

    conhecesses neste dia o que é para a tua paz! Mas agora isso está oculto aos teus olhos. Pois dias virão sobreti em que os teus inimigos levantarão uma paliçada diante de ti, e te cercarão, e te apertarão por todos oslados, e te arrasarão a ti e aos teus filhos dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque nãoconheceste o tempo da tua visitação”. A paz no versículo 42 será na restauração de Israel (At 1:6) depois da

     volta do Salvador. O verbo grego traduzido por “arrasar” no versículo 44 também pode traduzido como“derrotar”. Jerusalém foi arrasada, derrotada até o chão em 70 d.C. por meio de Tito e seu exército romano.

     A palavra “visitação” no versículo 44 se refere à primeira vinda do Salvador para visitá-los na graça do anoaceitável do Senhor (Lc 2:10-14; 4:18-22).

    Em Sua lamentação o Senhor parecia dizer:   “Ó   Jerusalém, pobre Jerusalém! Queria queconhecesses teus dias. Este é o dia de tua visitação, mas tu não a reconheces. Não és grata pela visitação quete faço. Precisas perceber que, pouco depois de Eu morrer, ressuscitar e ascender aos céus, um dia diferente

     virá sobre ti, no qual serás arrasada até o chão”. Mais tarde o exército romano destruiu a cidade deJerusalém. A narrativa de Josefo mostra em detalhes essa terrível destruição.

    No meio da celebração do Salvador-Homem havia pesar em vez de alegria. Ele estava prestes a fazer

    uma entrada triunfal em Jerusalém, mas foi movido de compaixão pela cidade.

    PURIFICAR O TEMPLO E ENSINAR NELE

    Lucas 19:45-46 diz: “Entrando Ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam, dizendo-lhes:Está escrito: A Minha casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de salteadores”. O Senhor entrouno templo com o objetivo de purificá-lo. Você sabe o que havia no templo? Estava cheio de  mamam e coisasmateriais, de coisas para se comprar e vender. Foi por isso que o Senhor o purificou.

    Em Sua jornada da Galileia para Jerusalém, o Senhor enfatizou a necessidade de vencer  mamam eos bens materiais. Ele até disse que, para segui-Lo, precisamos renunciar a nossos bens e permanecer longedos efeitos entorpecedores das coisas materiais. Visto que o que Ele requeria que Seus discípulos

    renunciassem predominava no templo, Ele entrou nele para purificá-lo.O Senhor purificando o templo indica que, ao apresentar- Se na cruz para Deus, isso era para

    produzir um templo purificado. Isso quer dizer que Sua morte tem o efeito de produzir a igreja como umtemplo purificado, limpo. Nossa base para dizer isso é a revelação clara no Novo Testamento, que revela queo Senhor Jesus morreu para produzir muitos grãos que seriam formados num único pão, que é o Corpo (Jo12:24; 1Co 10:17). Esse Corpo é a igreja (Ef 1:22-23) e a igreja é o templo de Deus (Ef 2:21; 1Co 3:16). Essetemplo, em contraste com o covil de salteadores, é uma casa purificada e limpa para a habitação de Deus.

     A entrada triunfal do Salvador-Homem em Jerusalém não foi com o propósito de tomar o controledo país. Ele entrou em Jerusalém para Se apresentar a uma morte todo- inclusiva, à morte ordenada porDeus. Essa morte não introduziria apenas o jubileu, mas também produziria um lugar purificado e limpopara Deus.

    Quando jovem, eu só sabia que o Senhor entrou em Jerusalém e purificou o templo; não sabia osignificado disso. Agora posso declarar categoricamente que a verdadeira preocupação do Senhor era cuidardo templo. Quando tinha doze anos, Ele foi encontrado no templo (Lc 2:46) e, quando Ele saiu a ministrarna idade de trinta anos, Ele purificou o templo (J0 2:14-16). Porquanto estava preocupado com os

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    interesses do Pai, Ele disse a Seus pais: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de Meu Pai?”. (Lc 2:49).Isso indica que Ele se importava com o templo, a habitação de Deus, composto dos Seus escolhidos deacordo com Sua eterna economia. Por isso o templo é o ponto central, o foco, da economia de Deus. OSenhor estava preocupado com isso quando tinha doze anos, quando começou a ministrar na idade detrinta e quando atingiu o fim de Seu ministério terreno. O Salvador-Homem entrou em Jerusalém para Seapresentar a Deus como a oferta todo-inclusiva, mas antes disso Ele novamente expressou Seu cuidadopelos interesses do Pai, pela habitação do Pai.

    Em contraste com os discípulos, o Senhor Jesus não se importava em ganhar um reino para Si. Suaúnica preocupação era que o povo de Deus se tornasse a habitação de Deus. De acordo com a plenarevelação do Novo Testamento, a preocupação do Senhor em entrar em Jerusalém era produzir um templopurificado para ser a habitação de Deus.

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    ESTUDO-VIDA DE LUCAS

    MENSAGEM QUARENTA E CINCO

    O SALVADOR-HOMEM APRESENTOU-SE À MORTE

    PARA REALIZAR A REDENÇÃO(2)

    Leitura Bíblica: Lc 20:1-21:4

    Lucas 19:2822:46 é uma seção concernente ao Salvador-Homem apresentando-Se à morte pararedenção. Vimos que o Senhor entrou em Jerusalém triunfalmente (19:28-40), lamentou sobre a cidade (vs.41-44) e purificou o templo e ensinou nele (vs. 45-48). Então, em 20:1-21:4, vemos que Ele passou peloexame dos principais sacerdotes, escribas e anciãos (vs. 1-19), dos fariseus e dos herodianos (vs. 20-26) edos saduceus (vs. 27-38). Ele confundiu os examinadores (vs. 39-44), advertiu contra os escribas (vs. 45-47)e elogiou a viúva pobre (21:1-4).

    Depois que entrou em Jerusalém e visitou o templo, o Senhor saiu da cidade e permaneceu emBetânia. Então, de manhã, foi novamente ao templo. Lucas 20:1 diz que Ele ensinava o povo no templo epregava as boas-novas. Ele ainda levava a cabo o ministério de apresentar o jubileu aos necessitados.

    MORRER NO LUGAR E HORA PREORDENADOSPORDEUS

    Enquanto o Senhor estava no templo a ensinar e pregar, “sobrevieram os principais sacerdotes e osescribas, juntamente com os anciãos, e Lhe perguntaram: Dize-nos:Com que autoridade fazes essas coisas? ou quem é que Te deu essa autoridade?” (20:1-2). Aqui vemos queos líderes da comunidade judaica estavam preparados para testá-Lo. Na verdade, esse teste não foi iniciado

    por eles; foi iniciado pelo Salvador-Homem. Ele sabia que, de acordo com a profecia, tinha de ser morto naPáscoa como o Cordeiro de Deus. As profecias no Antigo Testamento especificavam tanto a época como olugar em que Ele haveria de morrer.

    O Salvador-Homem ministrara por mais de três anos na região desprezada da Galileia, longe dotemplo santo e da cidade santa, o lugar onde Lhe era necessário morrer para o cumprimento do planoeterno de Deus. Como o Cordeiro de Deus (Jo 1:29), Ele tinha de ser oferecido a Deus no monte Moriá,onde Abraão ofereceu Isaque e desfrutou da provisão divina na forma de carneiro como substituto para seufilho (Gn 22:2, 9-14) e onde o templo foi construído em Jerusalém (2 Cr 3:1). Era lá que Ele devia serentregue, segundo o conselho determinado pela Trindade da Divindade (At 2:23), aos líderes judeus e serrejeitado por eles como os edificadores do edificio de Deus (At 4:11). Também era lá que Ele tinha de ser

    crucificado conforme o modo romano de punição (Jo 18:31-32; 19:6, 14-15) para cumprir a prefiguraçãorelativa à espécie de morte que haveria de ter (Nm 21:8-9; Jo 3:14). Além disso, aquele era o ano em que oMessias (Cristo) seria cortado (morto) segundo a profecia de Daniel (Dn 9:24-26). Ainda mais, como oCordeiro Pascal (1Co 5:7), Ele tinha de ser morto no mês da Páscoa (Êx 12:1-11). Daí Ele ter de ir paraJerusalém antes da Páscoa (Jo 12:1; Mc 14:1) a fim de morrer ali no dia da Páscoa (Jo 18:28), na época e nolugar preordenados por Deus.

    De acordo com a profecia no Antigo Testamento, o lugar e a época da morte do Senhor estavamdefinidos. Daniel 9:25-26a diz: “Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificarJerusalém, até o Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as circunvalaçõesse reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e jánão estará”. Aqui vemos que o Messias, o Cristo, seria morto no fim da sexagésima nona semana. O ano no

    qual o Salvador-Homem subiu a Jerusalém para morrer foi o ano exato profetizado em Daniel 9. Maisespecificamente ainda, o Senhor tinha de ser morto na Páscoa, isto é, no décimo quarto dia do mês. Elesabia que Lhe era necessário estar em Jerusalém nessa época para morrer na Páscoa. Além disso, de acordocom a profecia sobre o cordeiro pascal, Ele precisava ser examinado por quatro dias. Por isso Lhe eranecessário estar em Jerusalém pelo menos quatro dias antes da crucificação.

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    Nos evangelhos vemos que o Senhor Jesus foi muito cuidadoso para não ser morto nem antes nemdepois do tempo determinado. Se tivesse sido morto antes da Páscoa, não haveria como a profecia secumprir. Nesse caso, Ele não teria sido o verdadeiro Cordeiro da Páscoa, mas, uma vez que Ele o era,preservou-Se até que chegasse a hora de ser oferecido na cruz.

     Assim como o Senhor devia ser morto numa hora definida, também tinha de morrer num lugarespecífico: o monte Sião, anteriormente chamado de Moriá.

    Se tivermos compreensão apropriada da hora e do lugar da crucificação do Senhor, saberemos porque Ele foi cauteloso em Suas ações naqueles dias decisivos em Jerusalém. Ele sabia que, se fosse mortoainda que um dia antes, teria perdido o foco relativo ao cumprimento da profecia do Antigo Testamento.Por isso Ele foi muito cuidadoso ao voltar ao templo cada dia. Seu propósito em voltar ao templo eraapresentar-Se aos judeus para eles O examinarem completamente. Temos o relato desse exame em 20:1-21:4.

    EXAMINADO PELOS PRINCIPAIS SACERDOTES,ESCRIBAS E ANCIÃOS

    Em 20:1 vemos que, enquanto o Senhor ensinava no templo e pregava as boas-novas, os principaissacerdotes, os escribas e os anciãos foram até Ele. Os sacerdotes eram os que serviam no templo, os escribastinham conhecimento completo da lei mosaica e os anciãos eram autoridades entre os judeus. Essas trêscategorias de pessoas constituíam os líderes mais proeminentes na comunidade judaica. Eles forampreparados para levar a cabo um exame completo do Senhor como o Cordeiro pascal.

    Lucas apresenta o exame do Senhor Jesus de um ângulo diferente do que é encontrado em Mateus eMarcos. A apresentação de Lucas é do ângulo do mais alto padrão de moral idade. No capítulo vinte temosum quadro do Salvador-Homem comportando-se no mais alto padrão de moralidade. É claro, em todos oscapítulos anteriores vimos o alto padrão de moralidade do Senhor produzido por Sua essência divina comos atributos divinos e Sua essência humana com as virtudes humanas. Agora, no capítulo vinte, temos umretrato mais detalhado do mais alto padrão de moralidade do Salvador-Homem.

    Os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos disseram ao Senhor: “Com que autoridade fazes

    essas coisas? ou quem é que Te deu essa autoridade?” (20:2). Eles pensavam que podiam pegar o Senhorfazendo-Lhe perguntas sobre a origem de Sua autoridade. Como Aquele que era examinado, o homem-Deusfoi franco, genuíno, sábio e digno. Mas os que O questionavam eram vis, sutis, traiçoeiros e desonestos. Elesnão foram com atitude adequada nem espírito apropriado.

     Ao responder à pergunta levantada pelos principais sacerdotes, escribas e anciãos, o Salvador-Homem foi sábio. Quando perguntado quem Lhe dera autoridade, Ele não disse: “Meu Pai Me deu estaautoridade”. Responder dessa maneira não seria errado, mas seria carente de sabedoria. Em Sua sabedoriao Senhor lhes disse: “Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me: O batismo de João era do céu ou doshomens?” (vs. 3-4). Essa pergunta os colocou num dilema e eles debateram si sobre isso, dizendo: “Sedissermos: Do céu, Ele dirá: Por que não crestes nele? Mas se dissermos: Dos homens, o povo todo nosapedrejará; porque está convicto de ser João um profeta” (vs. 5-6). Por fim, não tendo sabedoria para lidar

    com a situação, nada puderam fazer exceto mentir: “E responderam que não sabiam donde era”. Sabendoque mentiam, o Senhor lhes disse: “Nem Eu vos digo com que autoridade faço essas coisas” (v. 8). Issoindica que o Senhor sabia que os líderes judeus não Lhe diriam o que sabiam. Assim, Ele tampouco lhesdiria o que lhes perguntaram. Eles mentiram dizendo que não sabiam, mas o Senhor lhes falou a verdadesabiamente, expondo sua mentira e evitando sua pergunta.

    Nesse incidente podemos ver quão vis e insidiosos eram os principais sacerdotes, os escribas e osanciãos. Ao mesmo tempo, vemos quão puro, sábio e digno é o Salvador-Homem. Que contraste marcante!

    EXAMINADO PELOS FARISEUS E HERODIANOS

    Depois que os principais sacerdotes, escribas e anciãos foram derrotados pelo Salvador-Homem, osfariseus e os herodianos O testaram (20:20-26). Os fariseus, um grupo religioso, eram patriotas e fiéis àcomunidade judaica. Os herodianos ficavam do lado do regime do rei Herodes e participavam com ele datentativa de levar os judeus a adotar os costumes gregos e romanos. Eles se alinhavam com os saduceus,mas se opunham aos fariseus. Aqui, porém, juntaram-se aos fariseus para engodar o Senhor Jesus. Eles

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    MENSAGEM QUARENTA E CINCO   193

    trabalharam juntos na tentativa de executar uma trama para apanhar o Salvador-Homem numa armadilha.De acordo com os versículos 21-22, os herodianos e os fariseus questionaram o Senhor: “Mestre,

    sabemos que falas e ensinas corretamente, e não consideras a aparência dos homens, antes ensinas ocaminho de Deus em toda a verdade. É-nos lícito pagar tributo a César ou não?”. Essa foi pergunta foirealmente capciosa. Os judeus se opunham a pagar tributos a César. Se o Senhor Jesus dissesse que eralícito fazer isso, ofenderia os fariseus, mas, dissesse que não era lícito, daria aos herodianos, que estavam dolado do governo romano, base para acusá-Lo. Fazendo ao Senhor essa pergunta, eles se expuseram como vis,desonestos e insidiosos.

     Ao lidar com esse dilema, o Senhor foi outra vez honesto, puro e sábio. Percebendo sua argúcia, Elelhes disse: “Mostrai-Me um denário. De quem é a efígie e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.Então lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (vs. 24-25). Dar a César oque é de César é pagar tributo a César de acordo com seu regulamento governamental. Dar a Deus o que éde Deus é dar-Lhe o meio siclo de acordo com Êxodo 30:11-16 e oferecer-Lhe todos os dízimos de acordocom Sua lei.

    Em 20:20-26 vemos dois padrões totalmente diferentes de moralidade. Os fariseus e herodianoseram vis, desonestos e insidiosos, mas o Salvador-Homem era genuíno, franco, honesto e sábio.

    EXAMINADO PELOS SADUCEUSEm 20:27-38 o Salvador-Homem foi examinado pelos saduceus. O versículo 27 diz: “Aproximando-

    se alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, perguntaram- Lhe”. Eles prosseguiramapresentando ao Senhor um caso de um homem que morreu deixando a esposa sem filhos: “Mestre, Moisésnos deixou escrito: Se morrer o irmão de alguém, tendo mulher, e não deixar filhos, o irmão dele tome amulher e suscite descendência a seu irmão. Havia, pois, sete irmãos: o primeiro tomou mulher e morreusem filhos; o segundo e o terceiro também a tomaram; igualmente os sete não deixaram filhos, e morreram.Por fim morreu também a mulher. Essa mulher, pois, na ressurreição, de qual deles se tornará esposa?porque os sete a tiveram por esposa” (vs. 28-33). Os saduceus pensavam que eram sábios em apresentaressa questão ao Senhor. Eles por certo foram muito sutis.

    Nos versículos 34-36 o Senhor replicou: “Os filhos deste século casam-se e dão-se em casamento;mas os que são julgados dignos de alcançar aquele século e a ressurreição dentre os mortos, nem casam,nem se dão em casamento; pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos, e são filhos de Deus,sendo filhos da ressurreição”. O Senhor aqui indica que o casamento é algo desta era, mas os que são dignosda era vindoura e da ressurreição dos mortos serão iguais a anjos, e não haverá casamento entre eles. Semdúvida, os saduceus nunca imaginaram que haveria essa era, uma era de ressurreição.

    Em 20:35 o Senhor fala dos que eram reputados como dignos de obter a era vindoura e aressurreição dos mortos. A era vindoura do reino (13:28-29; 22:18) e a ressurreição da vida (Jo 5:29; Lc14:14; Ap 20:4, 6) são as bênçãos e desfrutes eternos na vida eterna para os crentes que são reputados comodignos (Lc 18:29-30; Mt 19:28-29).

    Em 20:37-38 o Senhor prosseguiu: “Mas que os mortos ressuscitam, até mesmo Moisés o indicou no

    trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para Ele todos vivem”. Uma vez que Deus é o Deusdos vivos e é chamado Deus de Abraão, Isaque e Jacó, isso indica que os mortos Abraão, Isaque e Jacó serãoressuscitados. Senão, Deus seria Deus de mortos. Mas o fato de Ele ser o Deus dos vivos implica que um diaos três patriarcas ressuscitarão. Com isso, vemos que o título divino: o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e oDeus de Jacó, implica a verdade da ressurreição.

    Na resposta do Senhor aos saduceus vemos Sua sabedoria não só ao responder à sua pergunta sutil,mas também compreendendo as profundezas da Palavra de Deus. É preciso ter sabedoria paracompreender as profundezas do título divino. O Salvador-Homem com certeza conhecia a Palavra de Deus.Diferentemente dos saduceus, que eram muito superficiais, Ele tinha a sabedoria para penetrar nas

    profundezas da Palavra sagrada.De acordo com o relato em Mateus e Marcos, a pergunta feita pelos saduceus é seguida por umaquarta pergunta, a pergunta levantada por um doutor da lei sobre o grande mandamento na lei. O fato deLucas não registrá- Ia é mais uma evidência de que sua preocupação é com o mais elevado padrão demoralidade do Salvador-Homem. A questão sobre qual mandamento é o maior de todos não envolve

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    moralidade. Esse, creio eu, é o motivo de Lucas não incluir essa pergunta.Lucas 20:39-40 simplesmente dizem: “Respondendo alguns dos escribas, disseram: Mestre, falaste

     bem. E não ousavam mais interrogá-Lo sobre coisa alguma”. As perguntas insidiosas dos opositorespechosos desmascararam a perversidade, a sutileza e a maldade deles, que eram exatamente o oposto daperfeição, da sabedoria e da dignidade do Salvador-Homem. Isso evidenciou a perfeição humana doSalvador com Seu esplendor divino, e os fez calar-se em sua maquinação odiosa e em sua conspiraçãoinstigada por Satanás.

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    ESTUDO-VIDA DE LUCAS

    MENSAGEM QUARENTA E SEIS

    O SALVADOR-HOMEM APRESENTOU-SE À MORTE

    PARA REALIZAR A REDENÇÃO(3)

    Leitura Bíblica: Lc 20:1-21:4

     A PERGUNTA ACERCA DE CRISTO

    Em 20:1-38 o Salvador-Homem é examinado pelos principais sacerdotes, escribas e anciãos (vs. 1-19), pelos fariseus e herodianos (vs. 20-26), e pelos saduceus (vs. 27- 38). Em 20:39-44 Ele confunde todosos examinadores. Os escribas responderam e disseram: “Mestre, falaste bem” (v. 39). É-nos dito que “nãoousavam mais interrogá-Lo sobre coisa alguma” (v. 40). Em 20:41-44 o Senhor prosseguiu perguntando aosexaminadores sobre Cristo.

    Em 20:1- 38 o Senhor foi rodeado pelos principais sacerdotes, anciãos, fariseus, herodianos esaduceus, que tentaram engodá-Lo fazendo perguntas capciosas. Primeiro, os principais sacerdotes,escribas e anciãos, representando a autoridade da religião e do povo judeu, perguntaram- Lhe sobre Suaautoridade (v. 2). Essa foi uma pergunta de acordo com o conceito religioso. Segundo, os fariseusfundamentalistas e os herodianos políticos perguntaram- Lhe sobre política. Terceiro, os saduceusquestionaram-No sobre a ressurreição. Depois de responder a todas as suas perguntas sabiamente, oSenhor lhes fez uma pergunta sobre Cristo. Essa é a pergunta das perguntas. Suas perguntas estavamrelacionadas com religião, política e crenças. A pergunta Dele era a respeito de Cristo, que é o centro detodas as coisas. Eles sabiam sobre religião, política e crenças, mas não atentavam para Cristo.

    Nos versículos 41-44 o Senhor disse a Seus examinadores: “Como dizem que o Cristo é filho de Davi?

    Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à Minha direita, atéque Eu ponha os Teus inimigos por estrado dos Teus pés. Davi, pois, Lhe chama Senhor, e como é Ele seufilho?”. Como Deus em Sua divindade, Cristo é o Senhor de Davi. Como homem em Sua humanidade, Ele éo Filho de Davi. Seus examinadores tinham somente metade do conhecimento bíblico sobre a Pessoa deCristo, que Ele era o Filho de Davi segundo a humanidade. Eles não tinham a outra metade, sobre adivindade de Cristo como o Filho de Deus. A intenção de Deus em 20:41-44 era ajudar Seus examinadores a

     ver que Aquele que eles questionavam era na verdade o Senhor.

    O EXAME DO HOMEM-DEUS

    Precisamos perceber que Aquele que foi examinado aqui era o Homem-Deus. Sim, naquela situação

    o Salvador-Homem era um homem, mas era também Deus. Isso quer dizer que, como Deus, Ele estavarodeado por opositores que O examinavam. Quão tolos, cegos e ignorantes eles eram! Não perceberam que

     Aquele que eles examinavam era o próprio Deus.Se tivermos essa compreensão, veremos que paciencia o Homem-Deus exercitou ao ser examinado

    pelos principais sacerdotes, escribas, anciãos, fariseus, herodianos e saduceus. Embora fosse franco, reto esábio, Ele não estava zangado com eles. Ele era Deus, mas estava disposto a ser examinado por Suascriaturas.

    Precisamos ficar profundamente impressionados com o fato de que Aquele que foi examinado era oHomem-Deus.   a  próprio Criador de tudo estava rodeado pelas criaturas e era examinado por elas demaneira insidiosa e insultuosa. Ele, porém, era paciente e de modo nenhum ficou zangado. Ele respondeu-lhes adequada e sabiamente.

    Nesse capítulo temos um quadro claro do mais alto padrão de moralidade, que é expressa nas virtudes humanas do Senhor com Seus atributos divinos. Aqui vemos as riquezas das virtudes humanas doSalvador-Homem com Seus atributos divinos. Depois de questionado por Seus examinadores, Ele tentouajudá-las, criaturas Suas, a perceber que Ele era homem e Deus, tanto filho do homem como o Senhor Deus.

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    Sua pergunta sobre Cristo os fez calar.Nessa tipologia o cordeiro pascal era examinado por quatro dias antes de ser morto (Êx 12:3-6). O

    Salvador-Homem, como o verdadeiro Cordeiro pascal (1Co 5:7), foi examinado por quatro dias antes de sermorto. Ele veio a Betânia seis dias antes da páscoa (J o 12:1; Me 11:1) . No dia seguinte, entrou emJerusalém e voltou para Betânia (Jo 12:12; Me 11:11). No terceiro dia, foi a Jerusalém outra vez (Me 11:12-15) e começou a ser examinado pelos líderes dos judeus de acordo com a lei judaica (Me 11:27-12:37; 14:53-65; Jo 18:13, 19-24) e por Pilatos, o governador romano, de acordo com a lei romana (Jo 18:28-19:6) até odia da Páscoa, quando foi crucificado (Me 14:12; Jo 18:28). Esse exame insidioso e capcioso, de muitosângulos, levou exatamente quatro dias.   a  Salvador-Homem passou por esse exame, provando que estavaperfeitamente qualificado para ser o Cordeiro exigido por Deus para o cumprimento de Sua redenção, paraque Deus pudesse passar sobre os pecadores, tanto judeus como gentios.

     A ADVERTÊNCIA CONTRA OS ESCRIBAS

    Em 20:46-47 o Senhor adverte Seus discípulos acerca dos escribas: “Acautelai-vos dos escribas, quegostam de andar com vestes talares, e amam as saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas eos primeiros lugares nos banquetes; que devoram as casas das viúvas e, como pretexto, fazem longasorações; estes sofrerão juízo mais severo”. Depois de confundir a boca de todos os Seus opositores, oSalvador advertiu Seus discípulos sobre a hipocrisia e maldades dos escribas. Isso indica que eles foramcondenados por Aquele em quem procuravam de todas as maneiras encontrar defeito.

    Que você teria feito se fosse um dos escribas? Ousaria mostrar a cara? Não acho que eles soubessemo que dizer. Nas palavras de Judas 19, pareciam não ter espírito, eram vazios de espírito.

    O ELOGIO À VIÚVA POBRE

    Em 21:1-4 temos o Salvador-Homem elogiando a viúva pobre. Ele viu os ricos colocar ofertas nogazofilácio e “viu também certa viúva indigente lançar ali duas pequenas moedas” (v. 2). A palavra gregatraduzida por “indigente” é um termo mais enfático do que  pobre, indicando situação de penúria.

    Nos versículos 3-4 o Senhor disse: “Verdadeiramente vos digo que esta viúva pobre lançou mais doque todos; porque todos estes lançaram para as ofertas do que lhes sobejava; esta, porém, da sua carência,lançou todo o sustento que tinha”. O Salvador-Homem era Deus vivendo na humanidade. Como tal, Ele seimportava em ver como o povo de Deus expressava sua lealdade em ofertar a Ele. Dessa forma, Ele elogiou alealdade da viúva para com Deus. A observação do Salvador-Homem é mais penetrante do que a do homem.

    Lucas 21:1-4 não deve ser separado do capítulo vinte. Na advertência contra os escribas e no elogio àpobre viúva, Lucas outra vez nos mostra alto padrão de moralidade. A moral idade dos escribas era muito

     baixa, mas a da pobre viúva era muito elevada.Por que Lucas colocou esses dois exemplos logo após o exame dos opositores ao Salvador-Homem?

    Ele fez isso porque o princípio governante de seu evangelho é o mais alto padrão de moralidade. Esseprincípio controla o escrito desse livro. Por isso os primeiros quatro versículos de Lucas 21 devem ser

    considerados junto com o capítulo vinte, para que tenhamos uma visão clara do mais alto padrão demoralidade. Os que examinaram o Senhor tinham baixo padrão de moralidade, mas, como quem secomportava no mais alto padrão de moralidade, o Salvador-Homem elogiou a viúva pobre porque elatambém vivia de acordo com alto padrão de moralidade.

     A POSIÇÃO TRÍPLICE DO SALVADOR-HOMEM

    De acordo com Êxodo 12, cada família devia tomar o cordeiro sem defeito para a Páscoa (Êx 12:3-5).Podemos dizer que o Senhor Jesus era o Cordeiro pascal designado para morrer pela família dahumanidade. No Antigo Testamento o cordeiro tinha de ser examinado para determinar se era sem defeito.Em Lucas 20 os principais sacerdotes, escribas, anciaos, fariseus e saduceus examinaram o verdadeiro

    Cordeiro pascal, mas não perceberam que Aquele que era examinando era o Cordeiro fornecido por Deuspara morrer por eles. Esse Cordeiro tinha o mais alto padrão de moralidade. Nas palavras de Êxodo 12, Eleera sem defeito; ou seja, era totalmente perfeito, sem mácula, sem mancha. Por isso o termo “sem defeito”equivale à expressão “o mais alto padrão de moralidade”.

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    MENSAGEM QUARENTA E SEIS   197

    Reflitam sobre quem era Aquele que foi examinado em Lucas 20. Ele era o Homem-Deus como oCordeiro pascal. Como tal, o Senhor tinha posição tríplice: de Deus, de homem e de Cordeiro pascal. Ele erao Cordeiro ordenado por Deus e provido por Ele tanto para a família judia como para a gentia. Ele era oúnico Cordeiro ordenado antes da fundação do mundo. Assim, foi examinado não só pelos fariseus, o gruporeligioso, mas também pelos herodianos, o grupo político. Isso significa que o Cordeiro pascal foiexaminado pelos judeus e pelos gentios. Além disso, antes de morrer, foi examinado não só pelo Sinédrio

     judeu, como também por Pilatos, o governador romano, e por Herodes, o rei.

    Como o Homem-Deus, o Senhor Jesus é único. Ele tem a essência divina e a humana. A essênciadivina está em Sua humanidade. Deus constitui na verdade um elemento essencial do ser do Senhor. Assim,como o Cordeiro pascal, Ele era composto essencialmente de dois elementos: o divino e o humano. Comoalguém humano e divino, Ele é o Homem-Deus.

    Esse Homem-Deus era o Cordeiro único, universal, examinado pelas duas grandes famílias dahumanidade: a judia e a gentia. Esse exame provou que esse Homem tinha o mais alto padrão demoralidade. Também expôs a sutileza, a maldade e a insídia dos que O testaram. Enquanto Seusexaminadores eram expostos, o Senhor era revelado em Sua sabedoria, genuinidade e honestidade. Oexame relatado no Evangelho de Lucas manifesta a perfeição desse Cordeiro pascal único.

    TÉRMINO E GERMINAÇÃO

     Vimos que o Senhor Jesus desvendou Sua morte e ressurreição aos discípulos três vezes (9:22; 9:44-45; 18:31-34). Por que o Salvador lhes desvendou Sua morte e ressurreição? A resposta completa a essapergunta requer as quatorze epístolas de Paulo.

     A morte do Senhor envolve o término de Seus seguidores. Os seguidores do Salvador-Homemestavam na velha criação, e era necessário que essa velha criação fosse levada à cruz e tivesse um término.Depois do término da cruz, há a germinação. Para a germinação há a necessidade de ressurreição. Por issoera necessário que o Senhor morresse e fosse ressuscitado. Ele morreu para introduzir Seus seguidores naterminação e ressurgiu para introduzi-los numa nova vida.

    Quando o Senhor desvendou Sua morte e ressurreição aos discípulos, Ele parecia dizer-lhes: “Se vocês permanecerem na velha criação, não poderão desfrutar o jubileu. Para desfrutá-lo, vocês precisam sernova criação. Precisam ser recriados. Para isso, primeiro precisam ser terminados e depois precisam

    germinar. Dessa forma se tomarão nova criação. O jubileu não é para a velha criação; é para a nova criação.Se vocês quiserem participar do jubileu, precisam ir Comigo à cruz”.Em Marcos temos o conceito da substituição universal, mas em Lucas temos o conceito de término e

    germinação. Quando tivermos o término da velha criação e a germinação dos redimidos para ser novacriação, estaremos no jubileu.

    RENUNCIAR ÀS POSSES TERRENASRECEBENDO O SALVADOR-HOMEMCOMO NOSSA SALVAÇÃO DINÂMICA 

    No Evangelho de Lucas o Salvador-Homem enfatiza o tratamento com as riquezas e bens materiais.

     Vemos essa ênfase no caso de Zaqueu, que disse ao Senhor: “Eis que dou aos pobres a metade dos meus bens; e, se alguma coisa tomei a alguém mediante falsa denúncia, restituo-a quatro vezes mais” (19:8).Zaqueu pôde renunciar a riquezas e coisas materiais porque recebera o Salvador vivo como sua salvaçãodinâmica. Isso indica que não é por nossa velha criação que conseguimos renunciar às coisas materiais.Mesmo que conseguíssemos fazê-lo pela velha criação, nada significaria. O modo de renunciar aos bensterrenos é receber o Salvador vivo para ser nossa salvação dinâmica.

    Zaqueu não ouviu as mensagens do Senhor sobre dinheiro e bens materiais. Ele não estava presentequando o Senhor falou sobre isso nos capítulos 12, 14, 16, 17 e 18. Porém recebeu o Salvador-Homem comosua salvação dinâmica. Por isso automática e espontaneamente ele pôde dar metade dos seus bens aospobres.

    Hoje os pecadores todos precisam do Salvador-Homem infundido neles como o Espírito todo-inclusivo. Quando o Senhor é infundido nas pessoas dessa forma, Ele se torna sua salvação dinâmica.

    O caso de Zaqueu ilustra a riqueza e a todo-inclusividade do Evangelho de Lucas. Nestas mensagens,não posso fazer mais do que lhe dar alguns indícios de como estudar esse livro. Encorajo-o a despendermais tempo para se aprofundar nas riquezas desse evangelho.

  • 8/19/2019 Estudo-Vida de Lucas - Vol. 2

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  • 8/19/2019 Estudo-Vida de Lucas - Vol. 2

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    ESTUDO-VIDA DE LUCAS

    MENSAGEM QUARENTA E SETE

    O SALVADOR-HOMEM APRESENTOU-SE À MORTE

    PARA REALIZAR A REDENÇÃO(4)

    Leitura Bíblica: Lc 21:5-38

    Lucas 19:28-22:46 é uma seção concernente ao Salvador-Homem apresentando-Se à morte pararedenção. Em 21:5-22:46 o Senhor prepara os discípulos para Sua morte. Em 21:5-36 Ele faz isso falando-lhes das coisas por vir, coisas essas que incluem a destruição do templo (vs. 5-6), as pragas entre Suaascensão e a grande tribulação (vs. 7-11), a perseguição dos discípulos na era da igreja (vs. 12-19), a grandetribulação e Sua vinda (vs. 20-27), e a redenção dos discípulos e o arrebatamento dos vencedores (vs. 28-36).

    O Salvador-Homem veio a Jerusalém com o objetivo de apresentar-Se à morte para redenção.Depois de passar por um exame feito pelos opositores, Ele usou algum tempo para preparar Seus discípulospara Sua morte. Ele fez isso porque eram ignorantes e despreparados. Por isso, naqueles últimos dias emJerusalém, o Senhor os preparou para receber Sua morte e até mesmo para participar dela. Essa prep