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Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
LABORATÓRIO DE FARMACOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS
NATURAIS DO SEMIÁRIDO
STEFÂNIA EVANGELISTA DOS SANTOS
ESTUDO DO MECANISMO DE AÇÃO DO MONOTERPENO
BORNEOL NO SISTEMA CARDIOVASCULAR
PETROLINA
2013
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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Stefânia Evangelista dos Santos
ESTUDO DO MECANISMO DE AÇÃO DO MONOTERPENO
BORNEOL NO SISTEMA CARDIOVASCULAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Naturais do Semiárido do
Laboratório de Farmacologia da Univasf da
Universidade Federal do Vale do São Francisco,
para obtenção do grau de MESTRE EM RECURSOS
NATURAIS DO SEMIÁRIDO. Área de Concentração:
FARMACOLOGIA
ORIENTADOR: Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo
Ribeiro
Petrolina
2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO
SEMIÁRIDO
Stefânia Evangelista dos Santos
ESTUDO DO MECANISMO DE AÇÃO DO MONOTERPENO BORNEOL
NO SISTEMA CARDIOVASCULAR
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais do Semiárido dos Materiais, pela Universidade Federal do Vale do São Francisco.
Aprovado em / / 2013
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo Ribeiro
Orientador
___________________________________________
Profa. Dr. Raimundo Campos Palheta Junior
Examinador Interno
__________________________________________
Prof. Dr. Fabrício Souza Silva
Examinador Interno
__________________________________________
Prof. Dr. Luís Alberto Valotta Suplente Externo
__________________________________________
Prof. Dr. Julianeli Tolentino de Lima Suplente Interno
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Dedico este trabalho a minha mãe, minha grande
incentivadora e amor maior, meu primo Alysson que
tanto me acompanha na minha jornada, ao meu amor e
amigo Diogo Barros, minha família e a todos os meus
amigos, inclusive Martapolyana, tão queridos que em
todas as fases da minha vida compartilham junto
comigo. Ao meu querido professor Luciano Augusto pela
oportunidade de um sonho concretizar-se. Ao Deus
maior pela felicidade da sua presença viva em minha
vida, luz e força em cada dia.
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Ao Prof. Dr. Luciano Augusto de Araújo Ribeiro pela oportunidade, paciência,
dedicação, entusiasmo e conforto sempre e fundamentais nos momentos críticos, pelos
ensinamentos e amadurecimento na visão acadêmica. Muito obrigada, professor!
A Profa. Dra. Edigênia Cavalcanti Cruz por ter me apresentado a Univasf.
A Profa. Dra. Glória Isolina Duarte Pinto, por ter me iniciado no mundo da pesquisa,
meu muito obrigado.
Ao Prof. Dr. Saad Lalhou, primeira pessoa a me da oportunidade na iniciação científica,
abrindo leque para novas conquistas, como esta. E a todos que fazem o grupo de
fisiologia e farmacologia cardiovascular da UFPE. Anos saudosos vivi ali.
A minha mãe, Maria do Carmo, amor maior e incondicional, em todas as fases da
minha vida, sempre comigo, me apoiando, confortando e motivando. Te amo!
Ao meu primo-irmão Alysson por toda dedicação, correria em atender meus pedidos,
me acompanhando em todos os dias bons e ruins, nas conquistas do mestrado. Meu
muito obrigado simplesmente te amo!
A Diogo Barros, meu noivo, meu amor, por todos os dias sempre comigo, sendo meu
maior incentivador, por compartilhar todos os dias de lutas e de vitória juntos, muito
obrigada amor por ser tão único, tão para mim. Te amo, príncipe!
As minhas caras companheiras de luta de laboratório Morganna Thinesca, Pedrita
Sampaio e Yonara meu eterno obrigado, parte do meu aprendizado fez-se da autoria
de vocês. Sucesso!
As minhas companheiras de sala e de trajetória Raquel Loura, Fernanda Ribeiro, Ana
Claúdia Teixeira, Keidy Costa muito bom esses dois anos divididos com vocês.
A amiga Martapolyana Torres Menezes, pelo apoio, presença em todas as etapas
deste processo juntas, sempre, desde o processo seletivo a esse momento tão único. A
amiga Paula Matos pelo apoio nas primeiras etapas. A Dr. Salles pela oportunidade de
novo trabalho, uma vez que foi possível conciliar com o mestrado. A minhas amigas de
trabalho Mirelly Leite, Graziela Caxias, Deilla Patrícia, Marileide Lopes, e tantas outras
que contribuíram com meu trabalho para que conseguisse conciliar trabalho e
mestrado. A todos os meus queridos amigos do SAMU que tanto amo pelo apoio nas
trocas de plantão para que fosse possível que eu assistisse às aulas teóricas. A minha
eterna amiga Neylanne Lima pelo incentivo.
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Aos técnicos Euda Freire e Helenildo pela manutenção do Biotério Central da Univasf.
E a Leonardo pela disponibilidade dos animais.
A Francisca e demais funcionários por disponibilizar as chaves do laboratório.
Aos tantos amigos e colegas do Laboratório de Farmacologia da UNIVASF, por toda a
ajuda.
A instituição UNIVASF por ter disponibilizado todo arsenal de materiais e equipamentos
para que essa pesquisa concretiza-se.
A Domingos Savio por toda disponibilidade em viajar comigo levando e trazendo-me do
Piauí a Pernambuco, nos primeiros meses, para que eu assistisse às aulas. Meu muito
obrigado por se fazer tão especial.
Aos membros da Banca Examinadora, pelas correções e sugestões que ajudaram a
enriquecer este trabalho.
E a todos aqueles que fazem parte do Laboratório de Farmacologia da Univasf, dos
mais variados setores, meu mais sincero e profundo obrigado pela ajuda durante estes
quase 02 anos de convivência.
E ao Jesus da Cruz, que tanto me conforta e torna um ser humano melhor. Pela sua
sublime presença posso afirmar que sou bem melhor e mais realizada.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. XII
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XIII
LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................... XIV
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................ XVII
RESUMO.............................................................................................................. XIX
ABSTRACT ........................................................................................................... XX
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... ......2
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................ 5
2.1 Plantas Medicinais............................................................................................. .5
2.2 Sistema Cardiovascular.....................................................................................10
2.3 Doenças Cardiovasculares................................................................................11
2.4 Plantas Medicinais com atividade no Sistema Cardiovascular.......................13
2.5 Óleos Essenciais seus constituintes e suas atividades.....................................15
2.6 Borneol .............................................................................................................18
2.7 Contração e Relaxamento do Músculo Liso......................................................20
3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 25
3.1 Geral................................................................................................................ 25
3.2 Específicos ...................................................................................................... 25
4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 24
4.1 MATERIAL ...................................................................................................... 27
4.1.1 Animais ......................................................................................................... 27
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4.1.2 Aspectos Éticos ............................................................................................ 27
4.1.3 Objeto de estudo .......................................................................................... 28
4.1.4 Substâncias e Sais ....................................................................................... 29
4.1.5 Soluções Nutritivas ....................................................................................... 31
4.1.6 Aparelhos ..................................................................................................... 32
4.2 MÉTODOS ...................................................................................................... 35
4.2.1.1 Estudo do efeito vasorelaxante do borneol em aorta isolada de rato ........ 35
4.2.1.2 Preparação dos anéis de aorta isolada de rato ......................................... 35
4.2.1.3 Investigação da participação de fatores derivados do endotélio no efeito do (-)-
borneol .................................................................................................................. 37
4.2.2 Investigação da participação do óxido nítrico no efeito do ( ) borneol .......... 37
4.2.2.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME.....................37
4.2.3 Investigar a participação de prostanóides no efeito do ( ) borneol.................38
4.2.3.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de indometacina..............38
4.2.4. Avaliação da participação da via do óxido nítrico associado aos canais para
potássio no efeito relaxante do (-)-borneol em aorta isolada de rato.......................39
4.2.4.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME e TEA...........39
4.2.5 Avaliação da participação de canais para potássio no efeito do ( ) borneol em
anéis sem endotélio funcional..................................................................................40
4.2.5.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de TEA............................40
4.2.5.2 Efeito vasorelaxante do borneol na presença de 4 AP................................41
4.2.5.3 Efeito vasorelaxante do borneol na presença de glibenclamida.................42
4.3 Análises de Dados ............................................................................................ 42
5 RESULTADOS .............................................................................................. .....45
5.1 Estudo do efeito vasorelaxante do (-)-borneol em aorta isolada de rato............45
5.1.1 Investigação da participação de fatores derivados do endotélio no efeito do (-)-
borneol......................................................................................................................45
5.1.2 Investigação da participação do óxido nítrico no efeito do ( ) borneol............53
5.1.2.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME.....................53
5.1.3 Investigação da participação de prostanóides no efeito do (-)-borneol..........58
5.1.3.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de indometacina.............58
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5.1.4 Avaliação da participação da via do óxido nítrico associado aos canais para
potássio no efeito relaxante do (-)-borneol em aorta isolada de rato.......................63
5.1.5 Avaliação da participação de canais para potássio no efeito do (-)-borneol em
anéis sem endotélio funcional.................................................................................65
5.1.5.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de TEA ...........................65
5.1.5.2 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de 4-AP...........................71
5.1.5.3 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de glibenclamida.............72
6 DISCUSSÃO ............................................................................................... .......78
7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Rattus norvegicus ................................................................................... 27
Figura 2. Estrutura química do 1,7, 7-Trimetilbiciclo [2.2.1] heptanol-2 ................. 29
Figura 3. Transdutor de força .................................................................................. 32
Figura 4. Banho de órgãos. ...................................................................................... 33
Figura 5. Fotos do sistema de aquisição de dados digitais .................................... 33
Figura 6. Amplificador de sinais ............................................................................... 33
Figura 7. Balança Semi-analítica modelo MARK300 (Bel, Brasil) ....................... 34
Figura 8. Balança Analítica modelo FA2104N (Celtac, Brasil) ........................... 34
Figura 9. Aorta de rato .......................................................................................... 36
Figura 10. Anel de aorta em haste metálica ......................................................... 36
Figura 11. Registro original representativo do efeito relaxante do borneol em anéis de
aorta na presença do endotélio. ............................................................................ 45
Figura 12. . Registro original representativo do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis
de aorta na ausência do endotélio ...........................................................................46
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Substâncias, sais e seus fornecedores ................................................... 30
Tabela 2. Composição da solução de Krebs ........................................................... 31
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na presença e na ausência de endotélio
funcional.........................................................................................................................47
Gráfico 2. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de
endotélio funcional........................................................................................................ 47
Gráfico 3. Fases do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na presença e na ausência de endotélio funcional.
.....................................................................................................................................49
Gráfico 4. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na presença e na ausência de endotélio
funcional.........................................................................................................................50
Gráfico 5. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de
endotélio funcional para sua 1ª fase de relaxamento. ............................................ .....51
Gráfico 6. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na presença e na ausência de endotélio funcional. .. 52
Gráfico 7. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de
endotélio funcional para sua 2ª fase de relaxamento. ................................................. 53
Gráfico 8. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de L- NAME ............ 54
Gráfico 9: Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol, em anéis aórticos com endotélio
funcional, na ausência e na presença de L NAME................... ................................... 55
Gráfico 10. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
L-NAME. ...................................................................................................................... 56
Gráfico 11. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
L-NAME ....................................................................................................................... 57
Gráfico 12. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional e
na presença de L-NAME. ............................................................................................ 58
Gráfico 13. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de Indometacina. ..... 59
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Gráfico 14. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol, em anéis aórticos com endotélio
funcional, na ausência e na presença de indometacina ..................................... .........60
Gráfico 15. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
indometacina ............................................................................................................... 61
Gráfico 16. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
Indometacina .............................................................................................................. 62.
Gráfico 17. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional e
na presença de indometacina . ................................................................................... 63
Gráfico 18. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na presença de L-NAME e na presença de L
NAME+TEA . ............................................................................................................... 64
Gráfico 19. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de 1 mM de TEA ... .. 65
Gráfico 20. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
TEA (1 mM).. ............................................................................................................... 67
Gráfico 21. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
TEA (1 mM)...................................................................................................................68.
Gráfico 22. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de 10 mM de TEA
.......................................................................................................................................69
Gráfico 23. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
TEA (10mM)...................................................................................................................70
Gráfico 24. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de
TEA (10 mM)..................................................................................................................71
Gráfico 25. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de 1 mM de 4
AP...................................................................................................................................72
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Gráfico 26. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional,
pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência e na presença de 3 mM de
glibenclamida .................................................................................................................73
Gráfico 27. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência de
glibenclamida..................................................................................................................74
Gráfico 28. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional e
na presença de glibenclamida........................................................................................75
Gráfico 29. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência de
glibenclamida..................................................................................................................76
Gráfico 30. . Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com
endotélio funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na presença de
glibenclamida..................................................................................................................76
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LISTA DE ABREVIATURAS
M micromolar (10-6 mols/L)
[Ca2+]i concentração de Ca2+ livre intracelular
4-AP 4-aminopiridina
AA ácido araquidônico
AC ciclase de adenilil
ACh acetilcolina
AMPc 3’, 5'-monofosfato cíclico de adenosina
ATP 5’-trisfosfato de adenosina
ATPase enzima 5’-trisfosfato de adenosina
AVC Acidente vascular cerebral
Born Borneol
BKCa canais de potássio de grande condutância ativados pelo Ca2+ e voltagem
Ca2+ íon cálcio
CaM calmodulina
CaV canais de cálcio abertos por voltagem
CE50 concentração de uma substância capaz de produzir 50 % de seu efeito máximo
possível
COOV Canais de cálcio operado por voltagem
COX enzima ciclooxigenase
DAG Diacilglicerol
DMSO dimetilsulfóxido
e.p.m. erro padrão da média
EDRF fator de relaxamento derivado do endotélio
Emax efeito máximo
FEN L(-)-fenilefrina
GMPc 3',5'-monofosfato cíclico de guanosina
GTP 5’-trisfosfato de guanosina
HAS Hipertensão arterial sistêmica
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva
IKCa canais de potássio de condutância intermediária ativados pelo Ca2+
IP3 1,4,5-trisfosfato de inositol
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K+ íon potássio
KATP canais de potássio sensíveis ao trifosfato de adenosina
Kir canais de potássio retificadores de entrada
KV canais de potássio abertos por voltagem
MLCK cinase da cadeia leve da miosina
MLCP fosfatase da cadeia leve da miosina
L-NAME Nitro L-Arginina éster metílico
M concentração molar (mols/L)
mM milimolar (10-3 mols/L)
n número de experimentos realizados
nM nanomolar (10-9 mols/L)
NO óxido nítrico
p probabilidade
Pi íon fosfato
PKA proteína cinase dependente de AMPc
PKG proteína cinase dependente de GMPc
PLC Fosfolipase C
ROK cinase ligante para resíduos de serina e treonina
RS Retículo sarcoplasmático
TEA Cloreto de tetraetilamônio
vs versus
OBS: As abreviaturas e símbolos utilizados neste trabalho e que não constam nesta
relação, encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas universalmente.
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RESUMO
Os produtos naturais de plantas com atividade sobre a musculatura lisa espasmolíticas, têm uma vasta aplicação em vários processos fisiopatológicos como hipertensão e outros. O borneol é o monoterpeno da família de plantas Dipterocarpaceae, Lamiaceae, Valerianaceae, Asteraceae. O objetivo deste trabalho deu-se em investigar o efeito do (-)-borneol em aorta isolada de rato, sobre o mecanismo de ação do efeito relaxante, eficácia e potência em músculo liso vascular. Os testes foram feitos tanto na ausência quanto na presença de glibenclamida, Tetraetilamônio, 4-aminopiridina, indometacina e L-NAME. O (-)-borneol apresentou ação relaxante com forte dependência do endotélio. Feito os testes com L-NAME, inibidor do óxido nítrico sintetase, na ausência (CE50 2,1+ 1,1x10-4M, n=7) e na presença de L-NAME 10-4M (CE50 0,28 ± 0,11x10-4M N=7). Na ausência (CE50 2,3 ± 1,1X10-4M, n=11), quanto na presença de indometacina (10µM) (CE50 8,3 ± 3,3 x10-4M n=5). Na presença de L-NAME (2,4 ± 1,0x10-3M n=7), quanto na presença de L-NAME com TEA (10 mM) (CE50 1,2 ± 0.4 x10-3 M n=6). Na investigação de TEA 10 Mm, não houve participação dos canais de potássio. Como também na presença de TEA (1 mM). Também na presença dos canais Kv na concentração de 1 mM, não houve contribuição para o efeito o relaxante do (-)-borneol. Quando investigado os canais de KATP observou-se uma forte participação relaxante do (-)-borneol, sem a dependência do endotélio; na ausência (CE50 6,5+ 3,0x10-4M, n=9) e na presença de glibenclamida (10-3M) (EC50 4,9 + 1,2x10-4M, n=6). Foi observado nos resultados que o (-)-borneol tanto relaxa na presença do endotélio quanto em alguns momentos sem esta dependência, de tal forma que tal efeito pode ser devido à presença ativa dos canais de KATP. Os canais de potássio pouco contribuem na sua ação relaxante em aorta. Em
grande parte sua ação relaxante justifica-se pela presença dos fatores endoteliais com NO e fatores prostanóides. Palavras-chaves: -(-) borneol; músculo liso vascular; canais de potássio; óxido nítrico; prostanóides.
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ABSTRACT The plant natural products with activity on smooth muscle spasmolytic , have a wide application in various pathophysiological processes such as hypertension and others. The borneol is the monoterpene family Dipterocarpaceae plants, Lamiaceae , Valerianaceae , Asteraceae . The objective of this work was given to investigate the effect of ( - ) - borneol in isolated rat aorta , about the mechanism of action of the relaxing effect , efficacy and potency in vascular smooth muscle . Tests were made both in the absence and in the presence of glibenclamide, Tetraethylammonium , 4- aminopyridine , indomethacin and L- NAME. The ( - ) - borneol showed relaxant action with strong dependence on the endothelium . Tests done with L-NAME , an inhibitor of nitric oxide synthase in the absence ( EC50 2,1 x10-4M + 1.1 , n = 7) and in the presence of L -NAME 10-4M ( EC50 0.28 ± 0 11x10 -4M N = 7). In the absence ( EC50 2.3 ± 1.1 X10- 4M , n = 11) , and in the presence of indomethacin ( 10 µm ) ( EC50 8.3 ± 3.3 x10-
4M n = 5). In the presence of L-NAME (2.4 ± 1.0 x 10-3M n = 7 ) and in the presence of L -NAME with TEA ( 10 mM) ( EC50 1.2 ± 0.4 x10-3 M n = 6). In the investigation of 10 mM TEA , no participation of potassium channels . As well as in the presence of TEA (1 mM). Also in the presence of Kv channels in a concentration of 1 mM, no contribution to the relaxing effect of (-)- borneol . When investigating the KATP channel showed a strong participation relaxing (-)- borneol , without depending on the endothelium ; absence ( EC50 6,5 x10-4M + 3.0 , n = 9) and in the presence of glibenclamide ( 10-3M ) ( EC50 4,9 x10-4M + 1.2 , n = 6). It was seen from the results that the (-)- borneol relaxes both in the presence of the endothelium and in some moments without this dependence , so that this effect may be due to the presence of KATP channels active . Potassium channels contribute little in its relaxing action on the aorta . Largely its relaxing action is justified by the presence of endothelial factors with NO and prostanoids factors . Keywords: Borneol; vascular smooth muscle; potassium channels, nitric oxide prostanoids.
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1.0 INTRODUÇÃO
Dentre os vários sistemas biológicos, que podem servir de modelos
experimentais para a realização de ensaios farmacológicos pré-clínicos, com objetivo
ulterior de descobrir novos fármacos, um é de especial interesse: o sistema
cardiovascular. Alterações na homeostasia desse sistema estão envolvidas em
processos fisiopatológicos que levam ao surgimento de patologias de grande impacto
social e econômico. São exemplos dessas patologias, de grande interesse para
desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos, as doenças cardiovasculares,
como hipertensão arterial, insuficiência cardíaco-congestiva, infarto agudo do
miocárdio, coronariopatias, dentre outras. Assim sendo, a contração do músculo liso
vascular possui um papel crítico na regulação e na manutenção da pressão sanguínea,
em mamíferos, sendo que doenças como a hipertensão e a coronariopatias estão
associadas a uma regulação anormal da contratilidade do músculo liso vascular e/ou
do funcionamento cardíaco, e por consequência a autoritmicidade cardíaca e a
contração do miocárdio.
O interesse em investigar produtos de plantas com atividade relaxante sobre a
musculatura lisa ou cardíaca reside no fato de que essas substâncias espasmolíticas
têm uma vasta aplicação em vários processos fisiopatológicos. Assim sendo, o
músculo liso e o cardíaco apresentam-se como ferramentas úteis para a investigação
de atividades biológicas de substâncias de qualquer fonte, natural ou sintética, onde
através de uma triagem farmacológica preliminar podemos determinar se essas
substâncias químicas apresentam algum efeito relaxante em músculos estimulados
com diferentes agentes contráteis, simulando assim o processo fisiopatológico, por
exemplo, da vasocontração associado à hipertensão arterial ou coronariopatias, o que
o torna indispensável no processo de descoberta de novos fármacos úteis para o
tratamento dessas patologias.
Assim sendo, o músculo liso apresenta-se como uma ferramenta útil para a
investigação de atividades biológicas de substâncias de qualquer fonte, natural ou
sintética, onde se pode realizar uma triagem farmacológica preliminar para determinar
se extratos frações ou substâncias químicas isoladas apresenta algum efeito relaxante
em músculos lisos estimulados com diferentes agentes contráteis, simulando assim o
processo fisiopatológico, por exemplo, da vasocontração associado à hipertensão
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
23
arterial (GULLO, HUGHES, 2005), o que o torna indispensável no processo de
descoberta de novos fármacos úteis para o tratamento dessas patologias. Além disso,
como os mecanismos de contração e relaxamento muscular são semelhantes nos
mamíferos em geral, envolvendo os mesmos sinalizadores endógenos, os mesmos
receptores farmacológicos, as mesmas vias de sinalização celulares, o modelo do
músculo liso, isolado de animais de laboratório, se apresenta como meio relativamente
simples para se investigar mecanismos de ação de substâncias de origem naturais
terapeuticamente promissoras (FURA, 2006).
Dentre os vários produtos naturais com potencial terapêutico podemos citar os
monoterpenos. Estes são encontrados em muitas plantas conhecidas por possuírem
atividades terapêuticas. Além disso, os monoterpenos exibem uma variedade de efeitos
farmacológicos como atividade ansiolítica, antinoceptiva, sedativa, antidepressiva e
anticonvulsivante, mas ainda são pouco registradas atividades relacionadas com o
sistema cardiovascular (MELO et al., 2010).
O 1,7,7-Trimetilbiciclo-[2.2.1]-heptanol-2, conhecido como borneol, é o
monoterpeno predominantemente encontrado em muitos óleos essenciais de plantas
da família de Dipterocarpaceae (Dipterocarpus turbinatus C. e Dryobalanops spp.),
Lamiaceae (Rosmarinus officinalis L., Salvia officinalis L. e Lavandula officinalis Chaix
& Kitt.), Valerianaceae (Valeriana officinalis L.), Asteraceae (Matricaria chamomilla L. e
Blurnea balsamifera L. (HORVTHOV et. al., 2009), sendo o principal monoterpeno que
compõe os óleos essências de muitas plantas usadas pela Medicina Tradicional
Chinesa.
Estudos prévios têm demonstrado que o borneol é responsável por várias das
atividades biológicas atribuídas a várias plantas que o possuem na composição de
seus óleos essenciais, como por exemplo, atividades como antimicrobiana, no alívio da
dor, da ansiedade, da fadiga, ação anti-hipertensiva (SILVA FILHO, et. al.; 2012).
Assim, apesar de já haver na literatura relatos de atividade vasorelaxante do borneol,
ainda há lacunas em seu mecanismo de ação que devem ser preenchidas e desta
forma novas abordagens para o estudo de seu efeito e ação são necessárias para uma
melhor compreenção de seu potencial terapeutico.
Neste trabalho focamos na caracterização do efeito relaxante do (-)-borneol em
aorta isolada de rato, destacando alguns aspectos de seu mecanismo de ação que
justificam seu efeito relaxante.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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REVISÃO DA LITERATURA
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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2.0 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Plantas Medicinais
Por um longo tempo, os únicos medicamentos disponíveis para a humanidade
foram os extratos de plantas medicinais, muitos dos quais permanecem como sendo o
principal meio para os cuidados em saúde para a maioria da população de muitos
países em desenvolvimento. Os relatos vêm desde as escrituras e Papiro de Éberes
que citam o uso de plantas medicinais (ARGENTA, et. al. 2011). Documentos antigos
referem também á descoberta feita por Aristóteles sobre a Papaver somniferum, planta
cujo princípio ativo é a morfina, que até hoje é utilizado como opióide potente para
analgesia. Até evidências arqueológicas demonstram o uso de drogas vegetais nas
culturas antigas (ARGENTA, et. al. 2011). Saciando a necessidade de conhecimento
sobre a natureza, na Grécia, Hipócrates, pai da medicina moderna, desenvolveu seus
estudos com foco no tratamento medicamentoso através das plantas, que muito
contribuíram para cura de várias afecções da época, mesmo que empiricamente.
Hoje a utilização da medicina tradicional está sendo largamente suplantada pelo
uso de medicamentos à base de substâncias químicas ativas (os fármacos), de origem
natural, semissintéticas ou sintética, produzidos em larga escala pelas indústrias
farmacêuticas e comercializadas em todo o mundo. Assim, a natureza tem evoluído, ao
longo do tempo, para produzir uma desconcertante diversidade de metabólitos
secundários que têm contribuído enormemente para a descoberta e o desenvolvimento
de notáveis fármacos de importância terapêutica utilizados atualmente na medicina
moderna (CRAGG, et. al., 1997; DESMET, 1997).
Entretanto, o isolamento e caracterização dos compostos ativos de plantas
medicinais continuam em alta, com a padronização de técnicas e formulações de
fitoterápicos. Desta forma surgiu a ciência que estuda os produtos naturais pelo seu
isolamento, à farmacognosia, que envolve o amplo estudo de produtos naturais a partir
de várias fontes, incluindo plantas, bactérias, fungos e organismos marinhos. (
GONZALEZ-COLOMA et. al., 2010; TIDGEWELL et. al., 2010; IMHOFF; LABES e
WIESE, 2011; NIKAPITIYA, 2012).
Assim o uso de plantas como fonte de medicamentos tem envolvido o
isolamento de compostos químicos ativos com importância terapêutica isoladas de
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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fontes naturais são eles a cocaína, codeína, digitoxina, e quinino, salicilatos, onde
alguns desses ainda estão em uso atualmente (NEWMAN et. al., 2000; BUTLER, 2004;
SAMUELSSON, 2004) e mais exemplos de fármacos isolados de fontes naturais, com
grande relevância na terapêutica, surgem a cada ano, como por exemplo, o taxol, a
artemisinina, o plaunotol, a arglabina, a sinvastatina, o captopril, entre outras dezenas
de exemplos (HARVEY, 2000; 2008; FURA 2006; GANESAN, 2008).
Desta forma, no Brasil, a pesquisa por novos medicamentos com base em
fármacos de origem natural refloresceu e hoje ocupa um espaço privilegiado na
indústria fitoterápica, com a rica flora do Brasil associado ás práticas dos curandeiros,
índios, dos antepassados que muito orientam o espirito científico em busca de
descobertas. Os estudos com plantas medicinais no Brasil iniciaram com a produção
de um Tratado Descrito do Brasil, 1587, falando sobre plantas com valor medicinal
utilizado pelos índios, mas o desenvolvimento da utilização de plantas medicinais como
regime terapêutico no Brasil ganhou maior ênfase com a presença e regulamentação
dos boticários, na época da chegada da Família Real ao Brasil, em 1808. A
regulamentação da fitoterapia no Brasil ganhou um reforço significativo quando foi
elaborada a primeira edição da farmacopeia Brasileira produzida por Rodolfo Albino
(PEREIRA et. al., 1989).
Conhecimentos acumulados durante milênios sobre a fitoterapia estende-se em
muitos países como China, Brasil e outros se tornando uma fonte importante de
produtos naturais biologicamente ativos, que podem resultar em novos fármacos.
Cerca de 13.000 plantas eram usadas como fármacos ou para a síntese de moléculas
medicinais, atualmente. Utilizada das diversas formas como em tinturas, chás,
emplastros, pós e outras (SAMUELSSON, 2004). Em 2001 e 2002, cerca de um quarto
das melhores drogas em todo o mundo tratava-se de drogas fitoterápicas ou derivados
de produtos de naturais (BUTLER, 2004).
Apesar desses exemplos de sucesso muitas das grandes empresas
farmacêuticas têm diminuído progressivamente os esforços na utilização de recursos
naturais como fonte para a descoberta de novos fármacos. Isso tem sido causado
devido às desvantagens percebidas em utilizar os produtos naturais como fonte de
fármacos como as dificuldades de acesso e fornecimento, as complexidades de
química de produtos naturais, a lentidão inerente de trabalhar com produtos naturais e
preocupações sobre os direitos de propriedade intelectual (HARVEY, 2000). Embora,
nos dias atuais, essas grandes companhias farmacêuticas terem reduzido
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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significativamente, ou mesmo eliminado, a busca por novos agentes terapêuticos a
partir de fontes naturais (GULLO, HUGHES, 2005), diversos trabalhos e revisões foram
escritos e descrevem a importância de substâncias de fontes naturais para tratar
doenças, bem como o papel altamente significativo que os produtos naturais possuem
no processo de descoberta e desenvolvimento de novos fármacos (NEWMAN et. al.,
2003).
A descoberta de um novo fármaco é um jogo de números. Milhares de
substâncias químicas devem ser avaliados para encontrar uma que seja
terapeuticamente promissora. Os fármacos de interesse, identificados como produtos
naturais, decorrem do fenômeno da biodiversidade, ou seja, da riqueza e da variedade
de organismos na ecosfera. Uma consequência da interação dessa rica variedade de
organismos uns com os outros e com seu meio ambiente é a evolução de diversos
complexos químicos naturais que são úteis para a sua sobrevivência e competitividade
dentro de seu bioma (WATERMAN, 1992). Há literalmente milhões de estruturas
químicas naturais desconhecidas, que são resultado do esforço comum dos
organismos em se adaptarem ao seu meio, fornecendo assim um verdadeiro
laboratório de química combinatória que é capaz de produzir uma inimaginável
diversidade química, com estruturas complexas, estereoquimicamente diversas,
contendo diferentes grupos funcionais, que podem ser as moléculas ideais para a
interação específica com receptores biológicos, fornecendo assim promissores alvos
terapêuticos para importantes doenças que acometem a população mundial. Assim, os
produtos naturais têm apontado o caminho para o futuro, fazendo renascer o interesse
em se pesquisar a atividade biológica de substâncias com origem nessa
biodiversidade, usando-as como modelo para a síntese total de novos fármacos
(MCCHESNEY et. al., 2007).
Depois da industrialização a sociedade tomou rumos, na qual o estilo de vida é
muito voltado para uma rotina de trabalho cansativa, associada a uma má alimentação
e sedentarismo, aumentando a faixa de morbimortalidade por doenças crônico-
degenerativas. Tanto é que agora a sociedade tenta um retorno á prática de vida
saudável com estímulo às atividades físicas, alimentação e enfrentamento aos conflitos
de forma leve. Dentre tais evoluções um estilo de vida saudável está sendo muito
associada à utilização de medicina de fitoterápicos, a “cura” pelas plantas, tanto é que
Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou compromisso em estimular o uso da
medicina tradicional e complementar para o período 2002-2005. No Brasil, em 2006, foi
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
28
aprovado o decreto o nº 5.813 que formulou a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos introduzindo os medicamentos de plantas naturais, proporcionando
melhorias à população Brasileira.
O uso de fitoterápicos já tem seu uso bastante expandido, seja pela facilidade do
acesso, baixo custo, pela popularidade, principalmente em países em desenvolvimento
(OMS, 1999). Porém a produção de fitoterápicos enfrenta muitas dificuldades como na
extração do princípio ativo das plantas, uma vez que se trata de vários metabólitos
secundários, plantas que alteram sua produção de metabólitos de acordo com os
fatores ambientais e genéticos e mecanismos de ação ainda não elucidados. Além do
alto custo na produção e a concorrência desleal da indústria farmacêutica de sintéticos
e semissintéticos, como discutido antes.
Embora com inúmeras dificuldades, mas a farmacognosia tem acrescentado
bastante à saúde pública com descobertas ilustres como, por exemplo, as drogas
antitumorais vinblastina e vincristina que foram isolados a partir Catharanthus roseus
(L.), também a antimalárica como a produzida da extração de artemisina, um
sesquiterpeno lactone isolado de Artemisia annua L. (Asteraceae) (BALUNAS;
KINGHORN, 2005).
2.2 Sistema Cardiovascular
O sistema cardiovascular permite a circulação de sangue, de forma a haver
suprimento de oxigênio e remoção de dióxido de carbono no organismo (GUYTON,
2002). Todas as células de nosso corpo necessitam de oxigênio para viver. O papel do
coração é enviar sangue rico em oxigênio a todas as células que compõe o nosso
organismo. Para tanto é necessário um sistema de propulsão, no caso o coração, que
propele o volume sanguíneo para os órgãos do corpo utilizando-se de um sistema de
vasos, os quais podem ser veias ou artérias. As artérias são as vias por onde o sangue
oxigenado é enviado. A aorta é a maior de todas as artérias, e se origina no ventrículo
esquerdo. As artérias dividem-se em ramos cada vez menores, até os capilares
sistêmicos, que são vasos extremamente finos através dos quais o oxigênio sai para os
tecidos (KLABUNDE, 2005; RANDALL, BURGGREN et. al., 2000).
Após a retirada do oxigênio e o recebimento do gás carbônico que se
encontravam nos tecidos, os capilares levam o sangue até as veias. As veias
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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transportam sangue com baixa quantidade de oxigênio e alto teor de gás carbônico,
desde os tecidos de volta ao coração e daí aos pulmões, chegando aos capilares
pulmonares, onde o sangue volta a receber oxigênio e a ter o gás carbônico removido,
sendo o processo reiniciado (KLABUNDE, 2005).
As artérias apresentam forma cilíndrica e são constituídas por 3 camadas
denominadas túnicas (túnica íntima, túnica média e túnica adventícia) e a uma
cavidade por onde passa o fluxo, chamada de lúmen. A túnica adventícia é a capa
externa limitante essa camada contem fibroblastos e colágeno, além disso, é onde se
liga os nervos do sistema nervoso autônomo. (RANDALL, BURGGREN et. al., 2000;
KLABUNDE, 2005).
A túnica média fica entre a adventícia e a íntima, é constituída por músculo liso
circular e longitudinal, são organizadas dessa forma para reduzir o diâmetro do vaso ao
realizar a sua contração. A túnica íntima é a camada mais interna que está em contato
com o lúmen, e é constituída por células endoteliais e fibras elásticas. Através das três
camadas forma-se a constituição da artéria com intuito de fornecer resistência e
elasticidade, mantendo o tônus vascular e manutenção da pressão arterial.
2.3 Doenças Cardiovasculares
Sabe-se que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morbidade e
mortalidade em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS,
GENEBRA, 2006), as doenças cardiovasculares causam mais de 17 milhões de mortes
no mundo a cada ano. Além da mortalidade, muitas doenças cardiovasculares
prejudicam a capacidade de levar uma vida normal diária, resultando em enormes
custos de saúde para a sociedade e prejuízos individuais para o cidadão. Doenças
cardiovasculares são mais prevalentes que a incidência combinada de todas as formas
de câncer, diabetes, asma e leucemia (KUMAR et. al., 2007).
As doenças cardiovasculares constituem-se em um dos mais importantes
problemas de saúde da atualidade. Segundo a WHO (2002), as doenças
cardiovasculares lideram como as maiores causas de mortalidade e são responsáveis
por um terço dos óbitos no mundo. Estima-se, para o ano de 2020, que mais de 24
milhões de pessoas morrerão por estas causas, das quais 45% por doenças
isquêmicas do coração e 31% por doenças cerebrovasculares (OLIVEIRA; KLEIN;
SILVA, 2003).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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No Brasil, as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte
em todas as regiões do país, em ambos os sexos (BRASIL, 2010). No ano de 2005
elas foram responsáveis por 31,5% dos óbitos em todas as faixas etárias, sendo que as
doenças cerebrovasculares foram à primeira causa de morte, com coeficiente de
mortalidade de 48,9/100.000 habitantes, seguidas pelas doenças isquêmicas do
coração, com 35 mortes por 100.000 habitantes. O padrão brasileiro de
morbimortalidade tem as doenças cerebrovasculares como a primeira causa de morte e
a principal causa de gastos com internações hospitalares (MALTA et. al., 2006).
Dentre as doenças cardiovasculares mais prevalentes temos a hipertensão
arterial, coronariopatias, acidentes vasculares cerebrais (AVC), insuficiência cardíaca
congestiva (ICC), valvulopatias, cardiopatia reumática, entre outras. Nestas as doenças
de origem vasculares são as predominantes, como as coronariopatias em que há um
prejuízo de continuidade do fluxo sanguíneo no vaso, ocasionando as obstruções no
trajeto do sangue.
A Hipertensão Arterial é um termo que se aplica a qualquer adulto com uma
pressão sanguínea sistólica superior a 140 mmHg e/ou pressão sanguínea diastólica
superior a 90 mmHg (CLARK, PYNE-GEITHMAN, 2005). A hipertensão arterial é o
ponto-chave inicial para o desenvolvimento de outras patologias associadas às
doenças cardiovasculares, tendo grande contribuição na estatística como preditora
para o desenvolvimento das coronariopatias.
Associado à hipertensão, há vários fatores de risco que facilitam o
desenvolvimento das complicações com AVC, a coronariopatia e outros como
tabagismo, dislipidemia, hipertensão, diabetes, da obesidade abdominal, do estresse,
da falta de consumo diário de frutas e verduras e da falta de pratica de exercícios
físicos. A maioria das doenças cardiovasculares está ligada a distúrbios vasculares.
Atualmente, os fármacos usados na terapêutica da HA têm três alvos: (1) o
coração, para que ele funcione com menor força de contração e com uma frequência
de contração relativamente baixa, diminuindo assim o débito cardíaco e
consequentemente a pressão arterial; (2) os rins, para aumentar o volume de líquidos
excretados na urina, com o objetivo de diminuir o volume de sangue circulante e assim
reduzir o volume bombeado pelo coração; (3) vasos sanguíneos, sobretudo as artérias
e arteríolas, induzindo o relaxamento do músculo liso vascular e assim reduzindo a
resistência à passagem do sangue por este (CLARK, PYNE-GEITHMAN, 2005).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
31
Embora já estabelecida, e contando com fármacos das mais variadas classes e
com os mais variados mecanismos de ação, a terapêutica da hipertensão arterial ainda
carece de alternativas outras e assim a busca por novas entidades químicas com
potencial terapêutico é uma realidade e uma tendência mundial.
2.4 Plantas medicinais com atividade no sistema cardiovascular
A percepção sobre o poder curativo de algumas plantas é uma das formas de
relação entre populações humanas e plantas. As práticas relacionadas ao uso
tradicional de plantas medicinais são o que muitas comunidades têm como alternativa
para a manutenção da saúde ou o tratamento de doenças. Muitas plantas possuem
ação primordial no sistema cardiovascular, contribuindo bastante para a reversão das
complicações cardíacas ou prevenindo-as. Uma vez que estas estão dentro das
doenças que constituem a principal causa de morte em todas as regiões do país, por
isso é tão importante à investigação de produtos naturais que propiciem um regime
terapêutico eficaz para as doenças cardiovasculares.
Dentre as plantas com atividade no sistema cardiovascular existem o trevo
(Melilotus officinalis Lam.) tradicionalmente utilizada no tratamento de afecções por
insuficiência venosa crônica, o cratego (Crataegus monogyna Jaquin emend.) ação
antiarrítmica, a dedaleira ou digitalis (Digitalis purpúrea L.) seu uso difundido com
cardiotônico e outros mais (SIMÕES et. al.; 2004). Também foi demonstrado que o
extrato de fruta de Terminalia pallida possui efeito cardioprotetor, reduzindo lesão
miocárdica em ratos (SHAIK, 2012). Há relatos na literatura da ação do resveratrol, um
polifenol extraído de uvas, tem como principais efeitos a atividade antioxidante,
cardioprotetora (GAMBINI et. al., 2013). A espécie Juniperus excelsa tem seu uso
associado à redução na pressão arterial e ação vasodilatadora, comprovada em
estudos em aorta de ratos anestesiados, e efeito cardiomodulador (KHAN et. al., 2012).
No trabalho de Gorzalczany, Moscatelli & Ferraro (2013) o extrato aquoso de
Artemísia copa foi observada ação vasorelaxante e hipotensora em anéis de aorta de
rato (in vitro) e níveis pressóricos (in vivo) por influxo de cálcio por canais de cálcio e
intracelular. Tal efeito está associado à presença de luteolina, chrysoeriol e ácido p-
cumárico encontrado nesta planta.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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Em estudos com compostos isolados de Lonchocarpus xuul da península de
Yucatán, México. O dihydrospinochalcone-A isolado desta planta demonstrou ação
vasorelaxante e hipotensora, mediada por ação do óxido nítrico via guanilato ciclase
solúvel e proteína cinase C e também dependências da abertura dos canais de
potássio (AVILA-VILARREAL et. al., 2013). Bastante comum ação vasorelaxante e
hipotensora em aorta em estudos com produtos naturais.
Vitex cienkowskii, de folha caduca, planta comum na medicina popular de
Cameroon demonstrou ação vasorelaxante, investigou-se a dependência do NO e
GCs, que foi confirmada como tais vias participantes do efeito relaxante e hipotensora
(DONGMO et. al., 2011). Os fatores endoteliais neste trabalho contribuem bastante
para tal efeito mediado pela Vitex cienkowskii.
Em trabalho com Cocos nucifera Linn. (Arecaceae), fruto utilizado comumente
na medicina tradicional para tratamento de cardiopatias avaliou-se a capacidade
vasorelaxante e anti-hipertensiva em anéis de aorta de ratos e ratos hipertensos. Os
resultados demonstraram dependência de fatores endoteliais, NO, prostaglandinas, e
também participação da GC para sua ação relaxante e anti-hipertensiva (BANKAR et.
al., 2011).
Em estudos com Euphorbia humifusa Willd. (EH) o seu extrato metanólico
produziu ação vasorelaxante em anéis de aorta de rato com dependência do endotélio
via de sinalização eNOS -NO- cGMP e abertura de canais KCa (WANG, 2013).
Em trabalhos com frutos de Nitraria sibirica Pall. estudou-se sua ação
vasorelaxante, uma vez que a mesma é utilizada popularmente na hipertensão, nos
experimentos houve redução da sua ação relaxante quando bloqueado a via do NO,
quando investigado os canais de potássio e inibidores das prostaglandinas não teve
contribuição na sua relaxante (SENEJEOUX et. al., 2012).
Estudos com Euterpe oleracea Mart (Acaí) fruto bastante consumido na
Amazônia em que demonstrou ação relaxante em leito vascular mesentérica de rato via
NO-cGMP e pode também envolver hiperpolarizante fator derivado do endotélio
(EDHF). Com potencialidades para ação no sistema cardiovascular (ROCHA et. al.,
2007).
Alpinia zerumbet (K. Schum), uma planta medicinal de origem oeste da Ásia, é
usado no nordeste e sudeste do Brasil, como infusões ou decocções como um
diurético, anti-hipertensivo. Provavelmente, o efeito vasodilatador de Alpinia zerumbet
(AZE) é dependente da activação da via NO-cGMP e independente da activação dos
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
33
canais de ATP-dependente, dependente da voltagem, e dependente do cálcio de K +.
Receptor de bradicinina também pode participar do efeito vasodilatador do AZE.
Justificando sua ação diurétca e anti-hipertensiva (MOURA et. al., 2005).
2.5 Óleos Essenciais, seus constituintes e suas atividades.
Bastante divulgado na aromaterapia os óleos essenciais são utilizados com
função terapêutica e farmacológica (EDRIS, 2007). Os óleos essenciais são voláteis,
de origem natural, formados por componentes complexos caracterizados por um forte
odor, e são formados pelo metabolismo secundário de plantas aromáticas (JOCA,
2012; MACHADO et. al., 2011; BERG & LUBERT, 2008). Os óleos essenciais são
constituídos pelos elementos voláteis contidos em vários órgãos das plantas e assim
são classificados devido à sua composição lipofílica, que apresentam quimicamente
diferentes da composição glicerídica dos verdadeiros óleos e gorduras. Apresentam
sabor geralmente ácido e picante, coloração incolor, também tendem a serem estáveis.
Estão associados a várias funções necessárias à sobrevivência do vegetal em seu
ecossistema, exercendo papel fundamental na defesa contra microorganismos e
predadores, e também na atração de insetos e outros agentes fecundadores (WINK,
2013). Além do papel de defesa em que desempenha os metabólitos secundários
desempenham função de adaptação e como ferramenta farmacológica. Embora o
metabolismo secundário nem sempre seja necessário para que uma planta complete
seu ciclo de vida, ele desempenha um papel importante na interação das plantas com o
meio ambiente, como também atividade farmacológica. (PEREIRA & CARDOSO, 2012;
BOURGAUD et. al., 2001;).
De acordo com a família a que pertencem, as diversas espécies de plantas
acumulam esses elementos voláteis em órgãos anatômicos específicos. Do ponto de
vista de exploração da biodiversidade vegetal, quando esse órgão representa um
substrato renovável (exemplo resina, folha, flor, fruto, semente), é possível extrair-se a
essência sem eliminar a planta. (ZOGHBI et. al. 1998).
Dentre as funções biológicas que desempenham, já foram relatadas a atividade
anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, antioxidante, analgésica,
anticarcinogênica, entre outras (FREIRE, et. al., 2005; KARKABOUNAS et. al., 2006;
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
34
MATOS, 2007). Como também ação larvicida, atividade antioxidante, ação analgésica
e anti-inflamatória, fungicida e atividade antitumoral. (CARMO et. al., 2008; SILVA,
2008; MENDES et. al.; 2010; RAJKUMAR et. al., 2010; WANNES et. al., 2010;).
Também são descritos efeitos antidepressivos, sedativos, relaxantes
musculares e anestésicos. Alguns produtos secundários exercem suas funções pela
semelhança com metabólitos endógenos, receptores, hormônios, moléculas da
transdução de sinais ou neurotransmissores, e por isso possuem efeito benéfico nos
homens graças a sua similaridade com moléculas do sistema nervoso central, sistema
endócrino, etc. (BRISKIN, 2000).
Pelissari et. al. (2010) relatam como resultados a atividade antibacteriana in vitro
do óleo essencial de Melampodium divaricatum (Rich) DC., com total inibição do
crescimento de cepas Gram positivas, como S. aureus e B. subtillis.
Em estudos com óleo essencial de Croton argyrophylloides os resultados
demonstraram forte atividade vasorelaxante em anéis de aorta quanto em mesentérica
(FRANÇA-NETO et. al., 2012). Magalhães et. al. (2008) relata o efeito vasorelaxante do
óleo essencial de Croton nepetaefolius em aorta de rato e leito de mesentérica com
dependência parcial do endotélio. A administração do óleo essencial Mentha x villosa
em ratos promove uma redução na pressão arterial (LAHLOU et. al., 2002). A
administração intravenosa de óleo essencial da Aniba canelilla (EOAC) e seu principal
constituinte 1-nitro-2-feniletano (NP) em artéria mesentérica superior isolada de ratos
espontaneamente hipertensos (SHR) levou a um efeito vasorelaxante, que não foi
relacionado com a participação do óxido nítrico (NO), mas com a participação dos
canais iônicos (INTERAMINENSE et. al., 2013). Em estudos com ratos normotensos foi
avaliada a participação do metileugenol no efeito relaxante nos níveis pressóricos
causando hipotensão (LAHLOU et. al., 2004). Pires et. al. (2012) demonstrou que o
óleo essencial de Ocimum gratissimum teve sua ação vasorelaxante, dependente da
presença do endotélio vascular, em aorta e mesentérica isoladas de ratos. Em
trabalhos em que se testou a leptina em artéria mesentérica, foi observado o efeito
vasorelaxante dependente na participação do NO (MOHAMMED et. al., 2007).
Quanto a sua composição, os óleos essenciais são ricos em constituintes
terpênicos, fenilpropanóides, acrescidos de moléculas menores, como álcoois, ésteres,
aldeídos e cetonas de cadeia curta. Como também alcalóides, terpenos, compostos
fenólicos, flavonóides, tantos outros (FRANZ, 2010). É possível ressaltar que as
substâncias majoritárias encontradas nos óleos essenciais nem sempre são os
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
35
componentes responsáveis pelas propriedades que estes demonstram. (BANDONI;
CZEPAK, 2008).
Terpenos (ou isoprenóides, ou terpenóides) formam uma subdivisão de classe
dos prenil-lipídios (terpenos, prenilquinonas, e esteróis) também definidos como um
grupo de moléculas cuja estrutura está baseada em um número definido de unidades
de isoprênicas. Terpenóides podem ser descritos como terpenos modificados onde
grupos metila são rearranjados ou removidos, ou são adicionados átomos de oxigênio,
oxidados (BOHLMANN; MEYER-GAUEN & CROTEAU, 1998). Estes são distribuídos
em plantas superiores, fungos, organismos marinhos e ferormônios de insetos.
Dentre os constituintes terpênicos dos óleos essenciais, os mais prevalentes são
os monoterpenos, principalmente dentre os com atividade sobre o sistema
cardiovascular (SANTOS et. al., 2011). Monoterpenos e sesquiterpenos são os
principais componentes dos óleos essenciais, enquanto os outros terpenos são
componentes de bálsamos, resinas, ceras e borrachas (BOHLMANN; MEYER-GAUEN
& CROTEAU, 1998).
Os terpenos são descritos como possuidores de uma diversidade considerável
de propriedades biológicas entre estas inúmeras têm a ação antimicrobiana, fungicida,
antiviral, anti-hiperglicêmica, anti-inflamatória, atividade antiparasitária e vasorelaxante.
(PADUCH et. al., 2007; SILVA-FILHO et. al. 2012). A literatura cita como um deles o
timol, um óleo com ação vasorelaxante e carvacrol ação hipotensora e relaxante
(PEIXOTO-NEVES et. al., 2010).
Em estudos in vivo com ratos foi avaliada a atividade antioxidante,
antiinflamatória, anticancerígena e antibacteriana do óleo essencial de sementes de
Nigella sativa e seus principais terpenos (p-cimeno, γ-terpineno, thymoquinone, β-
pineno, carvacrol, terpinen-4-ol e longifolene), em que a atividade anticancerígena,
antioxidante e antibacteriana destacaram-se e pode ser principalmente devido à ação
dos terpenos thymoquinone e longifolene (BORGOU et.al., 2010).
O óleo essencial de Pectis brevipedunculata (EOPB), um erva aromática
brasileira, que é caracterizada pelo seu alto teor de citral (81,9 %; 32,7 % e neral
geranial 49,2%), limoneno (4,7%) e α - pineno (3,4%). Esta mistura de terpenos são
responsáveis, EOPB e citral, por uma vasodilatação em anéis de aorta de rato com
dependência do NO/GMPC ativando influxo de cálcio pelos canais operados por
voltagem (PEREIRA, 2013).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
36
Alpinia zerumbet (K. Schum) planta utiizada no nordeste do Brasil com ação anti-
hipertensiva, diurética e antiulcerogênica. A ação vasoreaxante é mediada pela
ativação do NO-GMPc, com dependência dos canais de ATP, de cálcio, canais de K
operados por voltagem e receptores de bradicinina propiciando atividade anti-
hipertensiva (MOURA et. al., 2005).
2.6 Borneol
O borneol , 1, 7,7-Trimetilbiciclo [2.2.1] heptanol-2, é o monoterpeno
predominantemente encontrado em muitos óleos essenciais de plantas da família de
Dipterocarpaceae, Lamiaceae, Valerianaceae, Asteraceae (HORVTHOV et. al., 2009).
Borneol, um álcool monoterpenóide bicíclico, é um componente de muitas plantas com
atividades antimicrobianas, antioxidantes e anti-inflamatórias. Este monoterpeno é uma
substância, valiosa, presente em compostos aromáticos, divulgado pelo uso em
especiarias, materiais químicos. . Bastante utilizado na aromaterapia, na indústria de
cosméticos em fragrância, de forma decorativa, perfumes finos, shampoo, sabonetes e
outros produtos de higiene pessoal, bem como em produtos não cosméticos, como
produtos de limpeza e detergentes (BHATIA, MCGINTY, LETIZIA & API, 2008).
O borneol tem seu uso bastante difundido na China e em países do Sudeste
Asiático. Utilizado dentre suas inúmeras funções, para prevenção de doenças
cardiovasculares e atividade antitrombótica conferido no trabalho de Li (2008).
Presente na Farmacopéia da República Popular da China e tido com um dos principais
componentes dentre as ervas dos 63 produtos inclusos nela (CHEN et. al., 2011).
Existem dois tipos diferentes de borneol, borneol sintético que é uma mistura de
(+) / (-)-borneol (ou D/L-borneol) e isoborneol, em que o teor de (+) / (-)-borneol deve
ser de pelo menos 55,0%, e o borneol natural (extraído da matéria prima), cujo principal
componente é o (+)-borneol (D-borneol), o qual deve ter um teor maior que 95,0% de
(+)-borneol na mistura (SILVA-FILHO et. al., 2012).
Muitos dos efeitos biológicos são atribuídos ao borneol são de ação sedativa,
anti-inflamatórios, analgésicos, anti-nociceptiva e vasorelaxante (ALMEIDA et. al. De
2013, BUCHBAUER, JAGER, JIROVETZ, MEYER & DIETRICH, 1992; EHRNHOFER-
RESSLER et. al., 2013, SILVA-FILHO et. al., 2011), porém pouco se sabe sobre o
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
37
mecanismo de ação do monoterpeno que determina muitos desses efeitos. Também
contribuem na analgesia, insônia, no tratamento de problemas gastrointestinais, em
uso como cicatrizante, para dores reumáticas, hemorróidas, doenças de pele e úlceras
(SVOBODA; HAMPSON, 1999; ZHENG et. al., 2008). Em estudos percebe-se sua
ação inibitória em gram-positivos e gram-negativos, atividade antifúngica, ação
antioxidante, imunomodulador, antitrombótico e antiplaquetário (KNOBLOCH, 1989;
TABANCA, 2001; KORDALI, 2005; CANDAN, 2003; JUHA, 2008; LI et. a., 2008). Tem
também ação como inibidor eficaz de reabsorção óssea in vivo e in vitro,
provavelmente através de um efeito direto sobre a formação de osteoclastos,
principalmente em células hematopoiético (HORVTHOV, 2009).
Dentre estas atividades temos também as exercidas no sistema cardiovascular,
atividade vasorelaxante em músculo liso de aorta (GUIMARÃES et. al., 2013; ALMEIDA
et. al., 2013; SANTOS et. al., 2011; SILVA-FILHO; 2012).
Assim, apesar de já haver na literatura relatos de atividade vasorelaxante do
borneol, ainda há lacunas em seu mecanismo de ação que devem ser preenchidas e
desta forma novas abordagens para o estudo de seu efeito e ação são necessárias
para uma melhor compreenção de seu potencial terapeutico.
2.7 Contração e Relaxamento do Músculo liso
A contração do músculo liso vascular possui um papel crítico na regulação e na
manutenção da pressão sanguínea (SONKUSARE et. al., 2006). Sendo que doenças
como a hipertensão e a asma estão associadas a uma regulação anormal da
contratilidade do músculo liso, tanto nos vasos sanguíneos como na traquéia (LEI et.
al., 1993; BARNES, 1998; OGUT, BROZOVICH, 2003; SALAMANCA, KHALIL, 2005;
BARNES, 2006).
Fisiologicamente, a contração do músculo liso é, em última
instância, dependente do aumento na [Ca2+]i(SOMLYO, SOMLYO, 1994), seja
pela liberação de Ca2+ dos estoques intracelulares ou por sua entrada através de
canais de Ca2+ na membrana plásmatica. (THORNELOE, NELSON, 2005). Enquanto a
liberação de Ca2+dos estoques intracelulares, mediado por ativação por agonistas,
contribui para o inicio do desenvolvimento da força de contração, a manutenção desta
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
38
contração depende absolutamente do influxo sustentado de Ca2+ através de canais na
membrana plasmática (SOMLYO, SOMLYO, 1994).
O retículo sarcoplasmático (R.S.) representa a principal fonte de Ca2+
intracelular, onde a liberação de Ca2+ desta organela é principalmente decorrente da
ativação de receptores de 1, 4,5 trifosfato de inositol (IP3R), que são canais de Ca2+
ativados pelo IP3, e também pelos receptores de ryanodina (Rur.), que são canais de
Ca2+ que são ativados pelo próprio Ca2+. Ambos receptores permitem a liberação de
Ca2+ do R.S. para o citosol aumentando a [Ca2+]i (DELLIS et. al., 2006). O IP3
responsável pelo aumento na [Ca2+]i ativa a fosfolipase C (PLC) e consequentemente
promovem hidrólise de fosfolipídios presentes na membrana produzindo o IP3 e
diacilglicerol (DAG) (PAYNE et al., 1986; BERRIDGE, 2005). A principal porta de
entrada para o Ca2+ que vem do meio extracelular são os CaV (CATTERALL, 2000), e
como a abertura de tais canais é controlada por variações no Vm das células da
musculatura lisa, a contração no músculo liso está intimamente relacionada com o Vm
dessas células, onde eventos de despolarização levam à contração, enquanto eventos
de repolarização ou hiperpolarização levam ao relaxamento deste músculo (NELSON
et. al., 1990; KNOT et. al., 1996; THORNELOE; NELSON, 2005). Uma das vias que
podem também contribuir na contração do músculo liso é a inibição da fosfatase da
cadeia leve da miosina (MLCP) (SOMLYO; SOMLYO, 2000). A MLCP é inibida
principalmente pela pequena proteína ligante de GTP, a RhoA, e por uma cinase
associada, a ROK, que é uma proteína cinase específica para resíduos de serina e
treonina (SOMLYO; SOMLYO, 2000).
Não importando a fonte, o Ca2+ quando em quantidades elevadas no meio
intracelular liga-se a uma proteína reguladora chamada calmodulina formando um
complexo [(Ca2+)4-CaM] que ativa a cinase da cadeia leve da miosina (MLCK). O
complexo [(Ca2+)4-CaM-MLCK] constitui a forma ativa da MLCK, que tem como função
fosforilar a cadeia leve da miosina (MLC), e esta adição do grupo fosfato permite o
desencadeamento do mecanismo de ciclização das pontes cruzadas entre os
filamentos de actina e miosina favorecendo um deslizamento entre esses filamentos,
com o consequente desenvolvimento da contração. (SOMLYO, SOMLYO, 1994;
SOMLYO, SOMLYO, 2003). A energia liberada pela hidrólise da adenosina trifosfato
(ATP) em adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico (Pi). A contração é regulada
diretamente na miosina, pois seu aparato contrátil, diferente do músculo esquelético,
não possui troponina (BERNE et al., 2004).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
39
Se o aumento na [Ca2+]i é o sinal que leva à contração, o relaxamento do
músculo liso se dá pelo retorno dos níveis de Ca2+ livre no citosol aos níveis basais
(SOMLYO et. al., 2004). Esta diminuição na [Ca2+]i pode ocorrer pelo mecanismo
eletromecânico de relaxamento, que é a repolarização (ou hiperpolarização) de
membrana, ou pelo mecanismo fármaco-mecânico, que se dá pela ativação de
receptores de membrana e inibição das vias bioquímicas que levam a contração
(WOODRUM, BROPHY, 2001).
O mecanismo envolvido no acoplamento eletromecânico de relaxamento envolve
a abertura de canais de K+, que neste contexto, desempenham um papel chave na
regulação do potencial de membrana e na excitabilidade celular, sendo que a
contração no músculo liso depende do balanço entre o aumento da condutância ao K+,
levando a uma hiperpolarização, enquanto a diminuição de sua condutância levaria a
uma despolarização (KNOT et. al., 1996).
Os canais de K+ conduzem íons K+ através da membrana plasmática a favor de seu
gradiente eletroquímico, que normalmente constitui uma corrente de saída (positiva),
no sentido do meio intracelular para o meio extracelular. A condução ao K+ determina
vários processos celulares incluindo controle do volume celular, secreção hormonal e
controle da formação e propagação de sinais elétricos em células excitáveis
(MACKINNON, 2003).
Sabe-se, até o momento, que em células da musculatura lisa, há pelo menos
quatro diferentes famílias de canais de K+ identificados. Esses incluem os KATP, os KCa,
os KV e os Kir (NELSON, QUAYLE, 1995). Dentre estas famílias de canais de K+, a
repolarização ou hiperpolarização de membrana ocorre devido, principalmente, a
ativação dos KV, em decorrência à despolarização de membrana, e a ativação dos KCa,
que são ativados quando a [Ca2+]i se eleva na ordem de M (LEDOUX et. al., 2006),
onde a ativação de ambos causa uma redução no influxo de Ca2+ através dos CaV por
sua inibição e consequentemente leva a uma redução das. [Ca2+]i(LEDOUX et. al.,
2006; LIN et. al., 2006).
Já os mecanismos de relaxamento envolvidos no acoplamento fármaco-mecânico
incluem a adição do grupo fosfato via PKG (proteína cinase dependente de GMPc) ou
PKA de vários substratos, podendo promover: (1) o aumento na atividade da Ca2+
ATPase tanto do R.S. (SERCA) como da membrana plasmática (PMCA), levando a um
aumento do seqüestro e da extrusão de Ca2+, respectivamente, diminuindo assim a
[Ca2+]i; (2) a inativação dos IP3R, reduzindo assim a sua capacidade de liberar de Ca2+
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
40
do R.S.; (3) a diminuição da formação do IP3 e consequente diminuição da liberação de
Ca2+ do R.S.; (4) a inibição da MLCK, reduzindo sua afinidade pelo [(Ca2+)4-CaM], e a
adição do grupo fosfato na teloquina, que por sua vez ativa a MLCP, ambos os
processos causando uma redução nos níveis de MLC fosforilada e assim da própria
contração; (5) a inibição dos CaV, causando uma redução da [Ca2+]i por diminuir o
influxo de Ca2+; (6) a ativação de canais de K+, que indiretamente, por repolarização ou
hiperpolarização, causam a desativação dos CaV (WOODRUM; BROPHY, 2001;
DUTTA et al., 2002; DANILA; HAMILTON, 2004).
Outro caminho de vasorelaxamento mediado no músculo liso dá-se pela
presença do endotélio nos vasos sanguíneos. Este desempenha um papel fundamental
no mecanismo no músculo liso, de tal forma que na sua ausência o percentual é
abolido consideravelmente. Sua ação é dependente de fatores como o fator de
relaxamento derivado do endotélio (EDRF) tido como óxido nítrico (NO) mais tarde
(IGNARRO et. al., 1987), como também os fatores prostanóides.
De posse desses conhecimentos, e relembrando que o músculo liso é o principal
tipo de músculo que controla ou regula o funcionamento da maioria dos órgãos do
corpo, possuindo assim um papel importante na maioria dos sistemas biológicos,
estudos in vitro envolvendo a mensuração da contração e do relaxamento do músculo
liso são relevantes na tentativa de se descobrir novos fármacos terapeuticamente úteis.
.
Assim, com base nas premissas supracitadas em relação aos efeitos do
borneol em vários músculos lisos, foi proposto um aprofundamento no estudo do
mecanismo de ação pelo qual o borneol exerce efeito relaxante em aorta isolada de
rato.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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3.0 OBJETIVOS
3.1 Geral
Investigar o mecanismo de ação relaxante do (-)-borneol, um monoterpeno
presente em muitos óleos essenciais de diversas espécies de plantas aromáticas, em
aorta isolada de rato, com intuito de fornecer novas perspectivas sobre o efeito e a
ação farmacológica desse monoterpeno.
3.2 Específicos
3.1. Investigar a participação de fatores derivados do endotélio no efeito do
(-)-borneol;
3.2. Investigar a participação do óxido nítrico no efeito do (-)-borneol;
3.3. Investigar a participação de prostanóides no efeito do (-)-borneol;
3.4. Avaliar a participação de canais para potássio no efeito do (-)-borneol;
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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4.0 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 MATERIAL
4.1.1 Animais
Foram utilizados ratos Wistar machos (Rattus norvegicus) pesando entre 250 e
350 g do, todos procedentes do Biotério Setorial da Universidade Federal do Vale do
São Francisco (UNIVASF). Os animais foram mantidos sob rigoroso controle alimentar
com uma dieta balanceada a base de ração tipo “pellets” com livre acesso a água, com
temperatura controlada e constante (22 1C), exaustão continua, submetidos
diariamente a um ciclo claro-escuro de 12 h, sendo o período claro das 06:00 às
18:00 h. Todos os experimentos foram realizados no período de 07:00 às 20:00 h.
4.1.2 Aspectos éticos
Todos os experimentos previstos foram executados de acordo com os princípios
éticos de experimentação animal do Comitê de Ética em Experimentação Animal da
UNIVASF aprovado pelo protocolo 0005/17092012 e da Sociedade Brasileira de
Ciência em Animais de Laboratório.
As drogas e substâncias utilizadas nos procedimentos experimentais bem como
algum material de consumo e outros materiais (seringas, agulhas, luvas de látex
descartáveis, restos de vísceras de animais, lâminas de bisturi, etc.) receberam o
mesmo tratamento do lixo hospitalar do município de Petrolina-PE, segundo a RDC 306
Figura 1. Rattus norvegicus
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
45
de 07 de dezembro de 2004 da ANVISA, que dispõe sobre o regulamento técnico para
o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, sendo recolhidos semanalmente
por empresa especializada, de acordo com contrato específicos.
4.1.3 Objeto de estudo
Neste trabalho foi utilizado um monoterpeno predominantemente encontrado em
muitos óleos essenciais de plantas da família de Dipterocarpaceae (Dipterocarpus
turbinatus C. e Dryobalanops spp.), Lamiaceae (Rosmarinus officinalis L., Salvia
officinalis L. e Lavandula officinalis Chaix & Kitt.), Valerianaceae (Valeriana officinalis
L.), Asteraceae (Matricaria chamomilla L. e Blurnea balsamifera L.), o
1,7,7-trimetilbiciclo-[2.2.1]-heptanol-2, conhecido como borneol.
Existem dois tipos diferentes de borneol: (1) borneol sintético, que é uma mistura
de (+)/(-)-borneol e isoborneol, em que o teor de (+)/(-)-borneol deve ser de pelo menos
55,0%; e o borneol natural (extraído da matéria prima), cujo principal componente é o
(+)-borneol (D borneol), o qual deve ter um teor maior que 95,0% de (+)-borneol na
mistura.
Neste trabalho, o borneol utilizado foi o (-)-borneol (ou L-borneol), que foi
fornecido pelos nossos colaboradores do Laboratório de Farmacologia Pré-Clínica
(LAPEC) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), adquirido da Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA).
Figure 2. 1,7,7-trimetilbiciclo [2.2.1]-heptanol-2
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
46
4.1.4 Substâncias e Sais
Foram utilizadas as seguintes substâncias, cloridrato de acetilcolina (ACh),
cloridrato de L(-)-fenilefrina (FEN), glibenclamida, cloreto de tetraetilamônio (TEA),
indometacina, N-(G)-nitro-L-arginina metil éster (L-NAME), 4-aminopiridina (4-AP),
cloreto de sódio (NaCl), bicarbonato de sódio (NaHCO3), glicose anidra (C6H12O6),
cloreto de magnésio hexa-hidratado (MgCl2.6H2O), cloreto de cálcio di-hidratado
(CaCl2. 2H2O), sulfato de magnésio heptahidratado (MgSO4.7H2O), ácido clorídrico
(HCl), cloreto de potássio (KCl), fosfato diácido de potássio monohidratado
(KH2PO4.H2O), álcool etílico absoluto (C2H5OH).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
47
Tabela 1. Substâncias, sais e seus fornecedores
Substância Fabricante
Bicarbonato de sódio (NaHCO3) Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Cloridrato de Acetilcolina (ACh) Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Cloreto de L(-)-Fenilefrina (FEN) Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Cloridrato de glibenclamida Cloreto de Sódio (NaCl) Cloreto de Tetraetilamônio (TEA)
Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Glicose Anidra Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Indometacina Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Nitro L-Arginina éster metílico (L-NAME) Sigma-Aldrich (St.
Louis, MO, EUA)
Fosfato diácido de potássio monohidratado (KH2PO4.H2O) ISOFAR (Duque de
Caxias, RJ, Brasil)
Cloreto de cálcio bi-hidratado (CaCl2.2H2O) ISOFAR (Duque de
Caxias, RJ, Brasil)
Sulfato de magnésio heptahidratado (MgSO4 7H2O) PROQUIMIOS
(RJ,BRASIL)
Bicarbonato de Sódio (NaHCO3)
Etanol Absoluto C2H5OH
PROQUIMIOS
(RJ,BRASIL)
PROQUIMIOS
(RJ,BRASIL)
Cloreto de Magnésio hexahidratado (MgCl2.6H2O) Dinâmica ind. Brasil)
Cloreto de potássio (KCl) Dinâmica (ind. Brasil)
4-aminopiridina (4-AP) Fluka and Riedel-de
Haën (Seelze,
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
48
Alemanha)
Todos os sais e substâncias apresentadas foram dissolvidas e/ou diluídas em
solventes indicados pelos fabricantes.
4.1.5 Soluções Nutritivas
Foi utilizada a solução nutritiva de Krebs, aerada com mistura carbogênica (95%
de O2 e 5% de CO2), com seu pH ajustado para 7,4 e cuja composição é apresentada
na Tabela 2.
Tabela 2. Composição da Solução de Krebs
Substância Concentração (mM)
NaCl 118
KCl 4,6
MgSO4.7H2O 5.7
KH2PO4.H2O 1,1
CaCl2.2H2O 2,5
NaHCO3 25
Glicose 11
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
49
4.1.6 Aparelhos
Para o registro das contrações isométricas e isotônicas os segmentos dos
órgãos isolados foram suspensos em cubas (10 mL) de um sistema de banho para
órgãos isolados modelo EFF-321 (InsightInstruments, Brasil). Para o monitoramento
das contrações isométricas e isotônicas foram utilizados transdutores de força modelo
TRO015 (Panlab, S.L., Espanha) acoplados a um amplificador de força do tipo “bridge
system” (InsightInstruments, Brasil), conectado a um computador, onde foram
observados e armazenados os registros de contração e relaxamento através do
software WinDaq© (DATAQ Instruments, Inc., Akron, Ohio, EUA).
Para aferição do pH das soluções nutritivas foi utilizado um pHmetro digital de
bancada modelo pH250 (Policontrol, Brasil). Todas as substâncias foram pesada em
balança analítica, modelo FA2104N (Celtac, São Paulo, Brasil) ou semi-analítica
modelo MARK300 (Bel, São Paulo, Brasil) e os animais em balança comum modelo
9094C/4 (Toledo, São Paulo, Brasil).
Figura 3. Transdutor de força
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
50
Figura 4. Banho para órgão isolados
Figura 5. Sistema de aquisição de dados digitais
Figura 6. Amplificador de sinais
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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Figura 7. Balança Semi-analítica
Figura 8. Balança Analítica
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
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4.2 MÉTODOS
4.2.1 Estudo do efeito vasorelaxante do borneol em aorta isolada de
rato
4.2.1.2 Preparação de anéis de aorta isolada de ratos
Os ratos foram anestesiados com tiopental sódico na dose de 40mg/Kg, após
anestesia – para que a nocepção e o estresse sejam suprimidos, bem como
conduzindo a inconsciência, para que o método de eutanásia seja indolor – foram
sacrificados por deslocamento cervical seguido por secção dos vasos cervicais. O tórax
do animal foi aberto e dissecado, a aorta torácica foi retirada cuidadosamente, limpa de
tecido conectivo e adiposo, seccionada em anéis medindo de 3 a 5 mm, sendo obtidos
anéis aórticos.
Para obtenção das respostas isométricas, os anéis foram suspensos
individualmente por hastes de aço inoxidável presas através de fios de algodão a
transdutores de força, em cubas de vidro (10 mL) contendo solução de Krebs a 37ºC e
aerados com mistura carbogênica (95% de O2 e 5% de CO2).
Os anéis aórticos foram deixados por um período de 60 min de estabilização,
durante o qual foram mantidos sob uma tensão inicial de 1 gF. Durante esse período, a
solução nutritiva foi trocada a cada 15 min, para prevenir a interferência devido ao
acúmulo de metabólitos (ALTURA; ALTURA, 1970).
Após o período de estabilização, foi induzida uma contração com FEN (10-6 M).
A integridade do endotélio vascular foi verificada pela adição de ACh (10-6 M) à cuba
durante a fase tônica da primeira contração induzida por FEN (FURCHGOTT;
ZAWADZKI, 1980).
Anéis sem endotélio funcional foram obtidos pela remoção mecânica da camada
endotelial, através do atrito provocado pela haste metálica em contato com a parede
interna do vaso. A retirada do endotélio foi confirmada pela ausência de relaxamento
induzido por ACh, o mesmo será considerado íntegro quando os anéis aórticos
apresentarem relaxamento induzido por ACh igual ou superior a 50% (em relação à
força máxima da contração inicial) e, ou quando esse for inferior a 10%.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
53
Após a verificação da presença, ou não, do endotélio, as soluções de banho
foram trocadas, sendo as preparações lavadas a cada 15 min com solução de Krebs
durante um período total de 30 min. Decorrido este tempo, uma segunda contração foi
induzida pela adição de 10-6 M de FEN e durante a fase tônica e sustentada dessa
segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a cuba de maneira cumulativa e seu
efeito foi avaliado.
Todos os relaxamentos estão expressos como a percentagem reversa da tensão
máxima obtida pela adição da FEN a cuba, onde o relaxamento máximo foi obtido
quando a tensão registrada era reduzida aos níveis basais iniciais.
Figura 9. Aorta de rato
Figura 10. Anel de aorta em haste metálica
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
54
4.2.1.3 Investigação da participação de fatores derivados do endotélio
no efeito do (-)-borneol
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
item 4.2.1.2. Após 60 minutos de estabilização e verificado a presença ou ausência do
endotélio funcional, as preparações foram lavadas a cada 15 minutos, durante um
período de total de 30 min e então uma segunda contração foi induzida pela adição de
FEN. Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba de maneira cumulativa, de 3x10-8 a 3x10-4 M, em anéis aórticos com e sem
endotélio funcional, sendo os dados obtidos comparados entre si.
4.2.2 Investigação da participação do óxido nítrico no efeito do
(-)-borneol
4.2.2.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a integridade do endotélio vascular foi verificada pela adição de
ACh (10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira
contração induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos com endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi igual ou superior a 50% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado às cubas um
inibidor da enzima Sintase do Óxido Nítrico (eNOS), o L-NAME, na concentração de
100 μM, que permaneceu pré-incubados por 20 minutos antes da indução da contração
(OLIVEIRA et. al. 2012; KANG, Y. H, 2012; PINTO et. al., 2009). Durante a fase tônica
dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a cuba, de maneira cumulativa,
em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M, contendo anéis aórticos com
endotélio funcional, tanto na ausência como na presença de L-NAME, sendo os dados
obtidos nas diferentes situações comparados.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
55
4.2.3 Investigar a participação de prostanóides no efeito do
(-)-borneol
4.2.3.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de indometacina
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a integridade do endotélio vascular foi verificada pela adição de
ACh (10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira
contração induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos com endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi igual ou superior a 50% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado às cubas um
inibidor não seletivo da enzima Ciclooxigenase (COX), a indometacina, na
concentração de 10 μM (OLIVEIRA et. al., 2012; PINTO et. al.; 2009; SKIKER et. al.,
2010), que permaneceu pré-incubados por 20 minutos antes da indução da contração.
Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba, de maneira cumulativa, em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M,
contendo anéis aórticos com endotélio funcional, tanto na ausência como na presença
de indometacina, sendo os dados obtidos nas diferentes situações comparados.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
56
4.2.4. Avaliação da participação da via do óxido nítrico associado aos
canais para potássio no efeito relaxante do (-)-borneol em aorta
isolada de rato
4.2.4.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME e
TEA
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a integridade do endotélio vascular foi verificada pela adição de
ACh (10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira
contração induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos com endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi igual ou superior a 50% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado em algumas
cubas um inibidor da eNOS, o L-NAME, na concentração de 100 μM, e um inibidor não
seletivo de canais para potássio, o TEA+, na concentração de 3 mM, que
permaneceram pré-incubados por 20 minutos antes da indução da contração.
Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba, de maneira cumulativa, em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M,
contendo anéis aórticos com endotélio funcional, tanto na ausência como na presença
da mistura de L-NAME e TEA+, sendo os dados obtidos nas diferentes situações
comparados.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
57
4.2.5 Avaliação da participação de canais para potássio no efeito do
(-)-borneol em anéis sem endotélio funcional
4.2.5.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de TEA
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a ausência do endotélio vascular foi verificada pela adição de ACh
(10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira contração
induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos sem endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi ausente ou inferior a 10% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado em cubas distintas
diferentes bloqueadores de canais para potássio, como: TEA (1 mM), nesta
concentração específica, um bloqueador dos canais para potássio de grande
condutância ativados por cálcio e voltagem (BKCa) e canais para potássio de
intermediaria condutância ativados por cálcio e voltagem (IKCa) (HANNER et al., 1997;
DOUGHTY et al., 1999); TEA (10 mM), nesta concentração, um bloqueador não
selectivo de canais para potássio (ROCHA, 2009; SILVA-FILHO et. al., 2012), que
permaneceu pré-incubado por 20 minutos antes da indução da segunda contração.
Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba, de maneira cumulativa, em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M,
contendo anéis aórticos sem endotélio funcional, tanto na ausência como na presença
de TEA+, nas concentrações de 1 e 10 mM, sendo os dados obtidos nas diferentes
situações comparados.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
58
4.2.5.2 Efeito vasorelaxante do borneol na presença de 4-AP
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a ausência do endotélio vascular foi verificada pela adição de ACh
(10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira contração
induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos sem endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi ausente ou inferior a 10% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado em algumas
cubas um bloqueador não seletivo de canais para potassio abertos por voltagem (KV), a
4-AP, na concentração de 1 mM (COLE et al., 1996; BERG, 2002; SILVA-FILHO et al.
2012), que permaneceu pré-incubado por 20 minutos antes da indução da segunda
contração.
Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba, de maneira cumulativa, em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M,
contendo anéis aórticos sem endotélio funcional, tanto na ausência como na presença
de 4-AP, sendo os dados obtidos nas diferentes situações comparados.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
59
4.2.5.3 Efeito vasorelaxante do borneol na presença de glibenclamida
Os anéis aórticos foram montados de acordo com os procedimentos citados no
protocolo 4.6.1.2, onde após 60 minutos de estabilização, foi induzida uma contração
com FEN (10-6 M) e a ausência do endotélio vascular foi verificada pela adição de ACh
(10-6 M) à cuba, após ser estabelecida a fase tônica e sustentada da primeira contração
induzida por FEN (FURCHGOTT; ZAWADZKI, 1980). Só foram usados neste
experimento anéis aórticos sem endotélio funcional, onde o relaxamento induzido por
ACh foi ausente ou inferior a 10% (em relação à força máxima da contração inicial).
Antes da segunda contração induzida por FEN, foi adicionado em algumas
cubas um bloqueador seletivo de canais para potassio sensíveis ao ATP (KATP), a
glibenclamida, na concentração de 3 mM (SKIKER et. al., 2010;. MISHRA;
AARONSON, 1999 ), que permaneceu pré-incubado por 20 minutos antes da indução
da segunda contração.
Durante a fase tônica dessa segunda contração, o (-)-borneol foi adicionado a
cuba, de maneira cumulativa, em concentrações que foram de 3x10-8 a 3x10-4 M,
contendo anéis aórticos sem endotélio funcional, tanto na ausência como na presença
de glibenclamida, sendo os dados obtidos nas diferentes situações comparados.
4.3 Análises dos Dados
Todos os dados obtidos foram expressos como média ± erro padrão da média
(SEM). O valor de “n” se refere ao número animais utilizados em cada experimento em
um dado protocolo.
Para os experimentos in vitro, usando órgãos isolados, as curvas mostrando a
relação concentração-resposta de uma substância foram ajustadas por uma regressão
não-linear (MOTULSKY; CHRISTOPOULOS, 2003), quando possível, ou são
mostradas como segmentos de reta ponto-a-ponto.
Através da regressão não-linear, calculada pela equação
Y=100/(1+10^((LogEC50-X)*HillSlope)), onde X é o log da concentração de (-)-borneol,
Y é a resposta relaxante em percentagem e o Slope de Hill é a inclinação do segmento
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
60
reto da curva, foram calculados os valores de CE50 (concentração molar de uma
substância em que ela é capaz de causar 50% de seu efeito máximo), servindo como
parâmetro de potência relativa de uma substância, e o Emax (valor médio, em
percentagem, do efeito máximo obtido por uma substância em relação ao maior valor
possível num dado tecido) servindo como parâmetro de eficácia relativa de duas
substâncias (NEUBIG et al., 2003).
Diferenças entre as médias foram comparadas estatisticamente usando o teste
“t” de Student não-pareado, onde essas diferenças foram consideradas significantes
quando o valor calculado de “p” for menor que 0,05.
As análises estatísticas foram realizadas usando o programa Graph-PadPrism
5.0 (GraphPad Software Inc. San Diego, CA, EUA).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
62
FEN
5.0 RESULTADOS
5.1 Estudo do efeito vasorelaxante do (-)-borneol em aorta isolada de rato
5.1.1 Investigação da participação de fatores derivados do endotélio no
efeito do (-)-borneol
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos com FEN
(10-6 M), de maneira dependente da concentração (de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na
presença (n=11) como na ausência (n=9) de endotélio funcional (Figuras 11 e 12).
Figura 11. Registro original representativo do efeito relaxante do borneol em anéis de aorta na
presença do endotélio (n=11), em doses cumulativas pré-contraídos com 10-6M de FEN. Os
números e representam os pontos, durante o curso temporal do efeito vasorelaxante, onde o
borneol foi adicionado nas seguintes concentrações: () 10-7 () 3 x 10-7, () 10-6, () 3 x 10-6,
() 10-5, () 3 x 10-5, () 10-4 e () 3x10-4 M.
Figura 12. Registro original representativo do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis de aorta
na ausência do endotélio (n=9), em doses cumulativas pré-contraídos com 10-6M de FEN. Os
números e representam os pontos, durante o curso temporal do efeito vasorelaxante, onde o (-
)-borneol foi adicionado nas seguintes concentrações (M): () 10-7, () 3 x 10-7, () 10-6,
() 3 x 10-6, () 10-5, () 3 x 10-5, () 10-4 e () 3x10-4 M.
FEN
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
63
Na presença do endotélio funcional o (-)-borneol apresentou um Emax de
74,7±5,9%, atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor estimado de CE50 de
1,3±0,5x10-4 M. Já na ausencia de endotélio, o (-)-borneol apresentou um Emax de
63,7±9,7%, atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de estimado de CE50 de
6,6±3,0x10-4 M (Grafico 1).
Comparando-se as curvas concentração resposta, pode-se observar um
deslocamento para a direira da curva na ausência de endotélio, em relação a curva na
presença de endotétio funcional, o que pode ser confirmado comparando-se os valores
de CE50, onde na presença de endotélio temos um valor aproximadamente cinco vezes
maior que na sua ausência, mas que apesar disso, não apresentou diferença
estatisticamente significante quando caomparado ao valor de CE50 na ausência de
endotélio, utilizando-se o teste t de Student não-pareado como teste estatistico padrão
(Grafico 2).
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2
0
20
40
60
80
100
**
**
**
*
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 1. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos
com 10-6M de FEN, na presença (, n=11) e na ausência (, n=9) de endotélio funcional. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: sem endotélio vs endotélio).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
64
Com endotélio Sem endotélio0
2.0×10-4
4.0×10-4
6.0×10-4
8.0×10-4
1.0×10-3
CE
50(M
)
Gráfico 2. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de endotélio
funcional. As colunas e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
Neste ponto, foram enfrentadas as seguintes dificuldades no entendimento e na
escolha da metodologia adequanda para o tratamento dos dados obtidos: (1) apesar
de, no geral, o (-)-borneol apresentar um efeito relaxante dependente de concentração,
esse monoterpeno, numa certa faixa de concentrações (de 10-6 a 10-5 M), apresenta
efeito contrátil transitório (Gráfico 3); (2) observando a representação gráfica do efeito
do (-)-borneol percebe-se um padrão típico de resposta composta (ou
multicomponente), onde, a despeito da influência da presença do endotélio funcional, o
(-)-borneol apresenta uma primeira fase de seu efeito relaxante (que vai de 3x10-8 até
3x10-6 M), uma fase de efeito contrátil (de 10-6 M a 10-5 M) e uma segunda fase de
relaxamento (que vai de 3x10-5 até 3x10-4 M); (3) o fato dos dados representarem uma
resposta composta por relaxamento-contração-relaxamento (Gráfico 3), impede a
utilização de quaisquer ajustes de curva baseados em equações não-lineares ou
lineares, bem como ajustes para respostas bifásicas, que são apresentadas em
softwares estatísticos convencionais, forçando a apresentação dos dados do efeito do
(-)-borneol como segmentos de reta ponto-a-ponto e a calculos de valores de CE50, por
extrapolação matemática, não condizentes com a realidade. Para solucionar essas
dificuldades, decidiu-se por segmetar as fases do efeito do (-)-borneol e tratá-las em
separado, aplicando o tratamento estatístico correto.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
65
Gráfico 3. Fases do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na presença (, n=11) e na ausência (, n=9) de endotélio
funcional. Os retângulos e descritores representam 1ª, 2ª e 3ª fases do efeito do (-)-borneol,
respectivamente. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: sem endotélio vs
endotélio).
Assim, de 3x10-8 até 3x10-6 M o (-)-borneol relaxou os aneis aórticos isolados de
rato, pré-contraídos com FEN (10-6M), de maneira dependente da concentração, tanto
na presença (n=11) como na ausência (n=9) de endotélio funcional (Gráfico 4). Na
concentração de 3x10-5 M, na presença do endotélio funcional, o (-)-borneol apresentou
um Emax de 41,7±4,8% e um valor de CE50 de 2,8±0,9x10-7 M. Já na ausencia de
endotélio, o (-)-borneol apresentou um Emax de 20,7±4,8%, atingido também na
concentração de 3x10-5 M, e um valor de CE50 de 7,3±1,7x10-7 M.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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-8 -7 -6 -5
-10
0
10
20
30
40
50
* *
**
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 4. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos
com 10-6M de FEN, na presença (, n=11) e na ausência (, n=9) de endotélio funcional. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: sem endotélio vs endotélio).
Comparando os valores de Emax e CE50 do (-)-borneol (Gráfico 5), na presença e
na ausência de endotélio funcional, percebe-se que houveram diferenças significativas
para ambos os parametros, onde na presença de endotélio o borneol foi mais potente e
mais eficaz em relaxar os anéis de aórticos em relação a ausência do endotélio nesta
primeira fase de seu efeito.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
67
Com endotélio Sem endotélio0
2.0×10-7
4.0×10-7
6.0×10-7
8.0×10-7
1.0×10-6
*
1ª Fase do relaxamento
CE
50(M
)
Gráfico 5. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de endotélio
funcional para sua 1ª fase de relaxamento. As colunas e as barras verticais representam a
média e o erro padrão da média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado:
sem endotélio vs endotélio).
De maneira semelhante, de 10-5 até 3x10-4 M, o (-)-borneol relaxou os aneis
aórticos isolados de rato, de maneira dependente da concentração, tanto na presença
(CE50=1,1±0,2x10-4 M) como na ausência de endotélio funcional (CE50=1,0±0,1x10-
4 M). Na presença do endotélio funcional o (-)-borneol apresentou um Emax de
74,7±5,9%, atingido na concentração de 3x10-4 M e na ausencia de endotélio um Emax
de 63,7±9,7% atingido na mesma concentração (Gráfico 6).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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-5.0 -4.5 -4.0 -3.5 -3.0
0
20
40
60
80
100
**
*
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 6. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos
com 10-6M de FEN, na presença (, n=11) e na ausência (, n=9) de endotélio funcional. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: sem endotélio vs endotélio).
Comparando os valores de Emax e CE50 do (-)-borneol, na presença e na
ausência de endotélio funcional, percebe-se que não houveram diferenças
significativas para ambos os parametros nesta segunda fase de seu efeito relaxante
(Grafico 7).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
69
Com endotélio Sem endotélio0
5.0×10-5
1.0×10-4
1.5×10-4
2ª Fase do relaxamento
CE
50(M
)
Gráfico 7. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol na ausência e na presença de endotélio
funcional para sua 2ª fase de relaxamento. As colunas e as barras verticais representam a
média e o erro padrão da média, respectivamente.
5.1.2 Investigação da participação do óxido nítrico no efeito do
(-)-borneol
5.1.2.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de L-NAME
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, com endotélio funcional,
pré-contraídos com FEN (10-6M), de maneira dependente da concentração (de 3x10-8 a
3x10-4 M), na ausência (n=11) de L-NAME, apresentando um Emax de 74,7±5,6%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de CE50 estimado de 2,3±1,1x10-4 M.
Já em anéis aórticos com endotélio funcional e na presença de L-NAME (n=7), o
(-)-borneol teve o seu efeito relaxante abolido na faixa de concentrções que vai de
3x10-7 M até 3x10-6 M, apresentando um marcante efeito contrátil de 3x10-6 M até 3x10-
5 M, e somente a partir de 10-4 M apresentando maio uma vez efeito relaxante, sendo o
Emax de 55,8±8,1% alcançado em 3x10-4 M, e um um valor de CE50 estimado de
2,4±1,0x10-3 M (Gráfico 8).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
70
-8 -7 -6 -5 -4 -3
-20
0
20
40
60
80
100
* * * *
* **
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 8. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=7) de L-NAME. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio vs com endotélio+L-
NAME).
Comparando as curvas concentração resposta para o (-)-borneol, pode-se
observar um deslocamento para a direira da curva na precença de L-NAME, em
relação a curva controle, o que pode ser confirmado comparando-se os valores de
CE50, onde na presença de L-NAME temos um valor aproximadamente dez vezes
maior que na sua ausência, apresentando diferença significante quando caomparado
ao valor de CE50 do controle (Gráfico 9).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
71
Controle L-NAME0
1.0×10-3
2.0×10-3
3.0×10-3
4.0×10-3
*
CE
50 (
M)
Gráfico 9. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol, em anéis aórticos com endotélio funcional,
na ausência e na presença de L-NAME. As colunas e as barras verticais representam a média
e o erro padrão da média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com
endotélio (controle) vs com endotélio+L-NAME).
Decompondo o efeito do (-)-borneol em duas fases, temos que, na primeira fase
do seu efeito, o monoterpeno, na ausência de L-NAME, promove um relaxamento
dependente de concentração (de 3x10-8 até 3x10-6 M), com um Emax de 41,7±4,8% e
um valor de CE50 de 2,8±0,9x10-7 M, na presença de L-NAME, o (-)-borneol apresentou
um discreto efeito relaxante (aproximadamente 6,7%) na mesma faixa de
concentrações (Gráfico 10).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
72
-8 -7 -6 -5
0
10
20
30
40
50
* * * *
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 10. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=7) de
L-NAME. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio vs com endotélio+L-
NAME).
Já na segunda fase do efeito relaxante, o (-)-borneol relaxou os aneis aórticos
isolados de rato, pré-contraídos com FEN, de maneira dependente da concentração
(de 10-5 a 3x10-4 M), tanto na ausência, com Emax de 74,7±5,8% e CE50 de 1,1±0,1x10-
4 M, como na presença de L-NAME, com Emax de 55,8±8,1% e CE50 de 1,0±0,1x10-4 M.
Comparando os valores de Emax e CE50 não hoveram diferenças significantes.
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
2013
73
-5.5 -5.0 -4.5 -4.0 -3.5 -3.0
-20
0
20
40
60
80
100
* **
log [Borneol] (M)
Rela
xam
en
to (
%)
Gráfico 11. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=7) de
L-NAME. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio vs com endotélio+L-
NAME).
Além do efeito relxante bifáico, o (-)-borneol também apresentou um efeito
contrátil, entre as concentrações 3x10-5 M a 3x10-4 M, com um Emax de 19,8±3,9% e
CE50 de 4,4±0,6x10-6 M, entretano esse efeito contrátil só ocorreu na presença de L-
NAME (Gráfico 12).
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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(%
)
Gráfico 12. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional e na
presença de L-NAME (, n=7). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro
padrão da média, respectivamente.
5.1.3 Investigação da participação de prostanóides no efeito do (-)-
borneol
5.1.3.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de indometacina
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, com endotélio funcional,
pré-contraídos com FEN (10-6M), de maneira dependente da concentração (de 3x10-8 a
3x10-4 M), na ausência (n=11) de indometacina, apresentando um Emax de 74,7±5,6%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de CE50 estimado de 2,3±1,1x10-4 M.
Já em anéis aórticos com endotélio funcional e na presença de indometacina (n=5), o
(-)-borneol teve o seu efeito relaxante abolido na faixa de concentrações que vai de
3x10-7 M até 10-6 M, apresentando um marcante efeito contrátil de 3x10-6 M até 10-5 M,
e somente a partir de 3x10-5 M apresentando mais uma vez efeito relaxante, sendo o
Emax de 36,8±3,7% alcançado em 3x10-4 M, e um um valor de CE50 estimado de
8,3±3,2x10-4 M (Gráfico 13).
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Gráfico 13. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=5) de
indometacina. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio vs com
endotélio+Indometacina).
Comparando as curvas concentração resposta para o (-)-borneol, pode-se
observar um deslocamento para a direira da curva na precença de indometacina, em
relação a curva controle, o que pode ser confirmado comparando-se os valores de
CE50, onde na presença de indometacina temos um valor aproximadamente cinco
vezes maior que na sua ausência, apresentando diferença significante quando
comparado ao valor de CE50 do controle (Gráfico 14).
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Controle Indometacina0
5.0×10-4
1.0×10-3
1.5×10-3
*
CE
50(M
)
Gráfico 14. Valores CE50 obtidos para o (-)-borneol, em anéis aórticos com endotélio funcional,
na ausência e na presença de indometacina. As colunas e as barras verticais representam a
média e o erro padrão da média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado:
com endotélio (controle) vs com endotélio+indometacina).
Decompondo o efeito do (-)-borneol em duas fases, temos que, na primeira fase
do seu efeito, o monoterpeno, na ausência de indomatacina, promove um relaxamento
dependente de concentração (de 3x10-8 até 3x10-6 M), com um Emax de 41,7±4,8% e
um valor de CE50 de 2,8±0,9x10-7 M, já na presença de indometacina, o (-)-borneol
apresentou um discreto efeito relaxante (aproximadamente 6,9%) na mesma faixa de
concentrações (Gráfico 15).
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Gráfico 15. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=5) de
indometacina. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio (controle) vs
com endotélio+indometacina).
Já na segunda fase do efeito relaxante, o (-)-borneol relaxou os aneis aórticos
isolados de rato, pré-contraídos com FEN, de maneira dependente da concentração
(de 10-5 a 3x10-4 M), tanto na ausência, com Emax de 74,7±5,8% e CE50 de 1,1±0,1x10-
4 M, como na presença de L-NAME, com Emax de 36,0±3,7% e CE50 de 1,0±0,1x10-4 M.
Comparando os valores de Emax e CE50 não hoveram diferenças significantes (Gráfico
16).
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Gráfico 16. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=11) e na presença (, n=5) de
Indometacina. Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: com endotélio vs com
endotélio+indometacina).
Além do efeito relxante bifáico, o (-)-borneol também apresentou um efeito
contrátil, entre as concentrações 10-7 M a 10-5 M, com um Emax de 18,9±4,0% e CE50 de
1,0±0,1x10-6 M, entretano esse efeito contrátil só ocorreu na presença de indoetacina
(Gráfico 17).
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ação
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)
Gráfico 17. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional e na
presença de indometacina (, n=5). Os símbolos e as barras verticais representam a média e
o erro padrão da média, respectivamente.
5.1.4 Avaliação da participação da via do óxido nítrico associado aos
canais para potássio no efeito relaxante do (-)-borneol em aorta
isolada de rato
5.1.4.1 Efeito vasorelaxante do borneol na presença de L-NAME e TEA
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos com FEN
(10-6 M), de maneira dependente da concentração (de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na
presença de L-NAME (n=7) como na presença de L-NAME e TEA (n=6). Na presença
somente de L-NAME o (-)-borneol apresentou um Emax de 55,8±8,1%, atingido na
concentração de 3x10-4 M, e um valor de CE50 de 2,4±1,0x10-3 M. Já na presença de L-
NAME e TEA, o (-)-borneol apresentou um Emax de 80,1±5,5%, atingido na
concentração de 3x10-4 M, e um valor de estimado de CE50 de 1,2±0,4x10-3 M
(Grafico 18). Comparando os valores de CE50 nas duas situações experimentais, não
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foi detectada diferença estatisticamente significante, entretanto ao compararmos os
valores de Emax verificou-se um aumento significante da eficácia na presença
simutânea de L-NAME e TEA.
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Gráfico 18. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na presença de L-NAME (, n=7) e na presença de
L-NAME+TEA (, n=6). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro
padrão da média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: L-NAME vs L-
NAME+TEA).
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5.1.5 Avaliação da participação de canais para potássio no efeito do (-
)-borneol em anéis sem endotélio funcional
5.1.5.1 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de TEA
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos com FEN
(10-6 M), na ausência de endotélio funcional, de maneira dependente da concentração
(de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na ausência (n=9) como na presença de 1 mM de TEA
(n=7).
Na ausência de TEA (1 mM), o (-)-borneol apresentou um Emax de 63,7±9,7%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor estimado de CE50 de 6,6±3,0x10-4 M,
apresentando um efeito relaxante bifásico.
Já na presença de TEA (1 mM), o (-)-borneol apresentou um Emax de
60,8±11,6%, atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de de CE50 de
5,7±2,7x10-4 M (Gráfico 19). Comparando os valores de Emax e CE50 nas duas
situações experimentais, não foi detectada diferença estatisticamente significante.
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Gráfico 19. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença de 1 mM de TEA (,
n=7). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
Decompondo o efeito do (-)-borneol em duas fases, temos que, na primeira fase
do seu efeito, o monoterpeno, tanto na ausência como na presença de TEA (1 mM),
promove um relaxamento dependente de concentração (de 3x10-8 até 3x10-6 M), com
um Emax de 20,7±4,8% e um valor de CE50 de 2,8±0,9x10-7 M, na ausência de TEA (1
mM), e um Emax de 44,9±10,3% e um valor de CE50 de 4,9±1,3x10-7 M na presença de
TEA (1 mM). Comparando os valores de Emax e CE50 nas duas situações
experimentais, não foi detectada diferença estatisticamente significante (Gráfico 20).
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Gráfico 20. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença (, n=5) de
TEA (1 mM). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
Na segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol, o monoterpeno, tanto na
ausência como na presença de TEA (1 mM), promoveu um relaxamento dependente de
concentração (de 10-5 até 10-3 M), com um Emax de 63,7±9,7% e um valor de CE50 de
1,7±0,5x10-4 M, na ausência de TEA (1 mM), e um Emax de 60,8±11,6% e um valor de
CE50 de 1,1±0,7x10-4 M na presença de TEA (1 mM). Comparando os valores de Emax e
CE50 nas duas situações experimentais, não foi detectada diferença estatisticamente
significante (Gráfico 21).
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Gráfico 21. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença (, n=5) de
TEA (1 mM). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
O (-)-borneol também relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos
com FEN (10-6 M), na ausência de endotélio funcional, de maneira dependente da
concentração (de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na ausência (n=9) como na presença de 10
mM de TEA (n=9).
Na ausência de TEA (10 mM), o (-)-borneol apresentou um Emax de 63,7±9,7%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor estimado de CE50 de 6,6±3,0x10-4 M,
apresentando um efeito relaxante bifásico.
Já na presença de TEA (10 mM), o (-)-borneol apresentou um Emax de
79,8±4,7%, atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de de CE50 de
1,8±0,5x10-4 M (Gráfico 22). Comparando os valores de Emax e CE50 nas duas
situações experimentais, não foi detectada diferença estatisticamente significante.
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Gráfico 22. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença de 10 mM de TEA (,
n=9). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
Decompondo o efeito do (-)-borneol em duas fases, temos que, na primeira fase
do seu efeito, o monoterpeno, tanto na ausência como na presença de TEA (10 mM),
promove um relaxamento dependente de concentração (de 10-8 até 3x10-6 M), com um
Emax de 20,7±4,8% e um valor de CE50 de 7,4±2,1x10-7 M, na ausência de TEA (10
mM), e um Emax de 18,2±3,5% e um valor de CE50 de 5,0±1,4x10-7 M na presença de
TEA (10 mM). Comparando os valores de Emax e CE50 nas duas situações
experimentais, não foi detectada diferença estatisticamente significante (Gráfico 23).
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Gráfico 23. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença (, n=9) de
TEA (10 mM). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente.
Na segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol, o monoterpeno, tanto na
ausência como na presença de TEA (10 mM), promoveu um relaxamento dependente
de concentração (de 10-5 até 10-3 M), com um Emax de 63,7±9,7% e um valor de CE50
de 1,7±0,5x10-4 M, na ausência de TEA (10 mM), e um Emax de 79,8±4,7% e um valor
de CE50 de 2,0±0,4x10-4 M na presença de TEA (10 mM). Comparando os valores de
Emax e CE50 nas duas situações experimentais, não foi detectada diferença
estatisticamente significante (Gráfico 24).
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Gráfico 24. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença (, n=9) de
TEA (10 mM). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da
média, respectivamente.
5.1.5.2 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de 4-AP
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos com FEN
(10-6 M), na ausência de endotélio funcional, de maneira dependente da concentração
(de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na ausência (n=9) como na presença de 1 mM de 4-AP
(n=6).
Na ausência de 4-AP, o (-)-borneol apresentou um Emax de 63,7±9,7%, atingido
na concentração de 3x10-4 M, e um valor estimado de CE50 de 6,6±3,0x10-4 M,
apresentando um efeito relaxante bifásico.
Já na presença de 4-AP, o (-)-borneol apresentou um Emax de 62,7±9,3%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de de CE50 de 4,4±2,6x10-4 M
(Gráfico 25). Comparando os valores de Emax e CE50 nas duas situações experimentais,
não foi detectada diferença estatisticamente significante.
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Gráfico 25. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença de 1 mM de 4-AP (,
n=6). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
5.1.5.3 Efeito vasorelaxante do (-)-borneol na presença de glibenclamida
O (-)-borneol relaxou os anéis aórticos isolados de rato, pré-contraídos com FEN
(10-6 M), na ausência de endotélio funcional, de maneira dependente da concentração
(de 3x10-8 a 3x10-4 M), tanto na ausência (n=9) como na presença de 3 mM de
glibenclamida (n=6).
Na ausência de glibenclamida, o (-)-borneol apresentou um Emax de 63,7±9,7%,
atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor estimado de CE50 de 6,6±3,0x10-4 M,
apresentando um efeito relaxante bifásico (Gráfico 26).
Já na presença de glibenclamida, o (-)-borneol apresentou um Emax de
68,5±4,3%, atingido na concentração de 3x10-4 M, e um valor de de CE50 de estimado
de 4,8±1,2x10-4 M, apresentando um marcante efeito contrátil na faixa de
concentrações que foram de 3x10-8 até 3x10-5 M (Gráfico 26). Comparando os valores
de Emax e CE50 nas duas situações experimentais, não foi detectada diferença
estatisticamente significante.
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Gráfico 26. Efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional, pré-
contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) e na presença de 3 mM de
glibenclamida (, n=9). Os símbolos e as barras verticais representam a média e o erro
padrão da média, respectivamente. *p<0,05 (teste “t” de Student não-pareado: controle vs
glibenclamida).
Decompondo o efeito do (-)-borneol em duas fases, temos que, na primeira fase
do seu efeito, o monoterpeno, na ausência de glibenclamida, promove um relaxamento
dependente de concentração (de 3x10-8 até 3x10-6 M), com um Emax de 20,7±4,8% e
um valor de CE50 de 2,7±2,7x10-3 M (Gráfico 27). Já na presença de glibenclamida, o
(-)-borneol apresentou um discreto efeito relaxante (aproximadamente 2,9%) na faixa
de concentrações de 3x10-8 até 10-7 M e apartir de 3x10-7 M até 3x10-5 M apresentou
um marcante efeito contrátil, com um Emax de 20,6±5,3% e uma CE50 de 9,3±4,7x10-6 M
(Gráfico 28).
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Gráfico 27. Primeira fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) de glibenclamida. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
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ação
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Gráfico 28. Efeito contrátil do (-)-borneol em anéis aórticos sem endotélio funcional e na
presença de glibenclamida (, n=9). Os símbolos e as barras verticais representam a média e
o erro padrão da média, respectivamente.
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Já na segunda fase do efeito relaxante, o (-)-borneol relaxou os aneis aórticos
isolados de rato, pré-contraídos com FEN, de maneira dependente da concentração
(de 10-5 a 3x10-4 M), com Emax de 74,7±5,8% e CE50 de 2,5±1,3x10-4 M (Gráfico 29). Na
presença da glibenclamida, o (-)-borneol relaxou os aneis aórticos isolados de rato
apenas nas maiores concentrações (de 3x10-4 M a 3x10-3 M), obtendo um Emax de
69,5±4,3% e uma CE50 de 1,5±1,1x10-5 M (Gráfico 30).
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to (
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Gráfico 29. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na ausência (, n=9) de glibenclamida. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
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Gráfico 30. Segunda fase do efeito relaxante do (-)-borneol em anéis aórticos com endotélio
funcional, pré-contraídos com 10-6M de FEN, na presença (, n=9) de glibenclamida. Os
símbolos e as barras verticais representam a média e o erro padrão da média,
respectivamente.
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6.0 DISCUSSÃO
Neste trabalho foram reunidas evidências farmacológicas que dão suporte a
hipótese de que o 1,7,7-trimetilbiciclo-[2,2,1]-heptanol-2, conhecido por (-)-borneol, tem
um efeito vasorelaxante bifásico, onde parte desse efeito depende de ação de fatores
derivados do endotélio vascular, com o óxido nítrico e prostanóides, e parte desse
efeito depende da ação do monoterpeno diretamente no musculo liso vascular,
envolvendo os canais para potássio sensíveis ao ATP, os KATP, contudo sem a
aparentemente participação dos canais para potássio abertos por voltagem, os Kv,
nem tão pouco dos canais para potássio de grande condutância abertos pelo cálcio e
voltagem, os BKCa e outros canais sensíveis ao bloquei de TEA.
Sabe-se que muitas substâncias biologicamente ativas no sistema vascular
possuem suas ações relaxantes dependentes da produção e ação de fatores
relaxantes derivados do endotélio, conhecidos como EDRF, e que a retirada, por atrito
mecânico, dessa camada de células endoteliais reduz marcantemente tal efeito
relaxante (FURCHGOTT, 1984; SILVA et al., 1994).
Usando a aorta isolada de rato como ferramenta de bioprospecção da ação do
(-)-borneol, nota-se que esse monoterpeno possui um efeito vasorelaxante
notoriamente bifásico e com forte dependência da presença do endotélio vascular, pelo
menos no que tange aos dados aqui mostrados (Gráfico 1).
Outra característica dessa dependência de endotélio para o efeito relaxante do
(-)-borneol é que ela é mais evidente em concentrações menores, até a ordem de
micromolar, com diferenças na eficácia relativa como na potência quando comparamos
seu efeito na presença e ausência de endotélio vascular (vide Gráficos 4 e 5), mas à
medida que nas concentrações se aproximam da ordem de milimolar, essa
dependência do endotélio passa a não ser mais notória, o que pode ser evidenciado
pela ausência de diferenças entre a eficácia máxima e a potência relaxante do
monoterpeno, independentemente da presença ou não de endotélio (vide Gráficos 6 e
7).
É conhecido que, entre os EDRF, o óxido nítrico (NO) figura como o principal
fator produzido e liberado pelo endotélio, que através de uma ação parácrina no
musculo liso vascular induz o seu relaxamento (IGNARRO et al., 1987). Esse EDRF é
produzido pela enzima oxido nítrico síntase endotelial, a eNOS, a qual converte L-
Estudo do mecanismo de ação do monoterpeno borneol no sistema cardiovascular
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arginina e oxigênio molecular em L-citrulina e NO, e que pode ser inibida
competitivamente por falsos substratos como o L-NAME (FELETOU; VANHOUTTE,
2006).
Neste trabalho, a presença de L-NAME aboliu o efeito relaxante do (-)-borneol
em anéis aórticos, justamente na faixa de concentração em que havia uma maior
dependência da presença de endotélio para o efeito relaxante desse monoterpeno, na
ordem de micromolar, a primeira fase de seu efeito relaxante (vide Gráficos 8 e 10).
Além de abolir o efeito relaxante do (-)-borneol, a presença de L-NAME permitiu a
observância de um efeito contrátil marcante induzido por esse monoterpeno (vide
Gráficos 8 e 12).
Alguns mediadores endógenos, que agem sobre o endotélio vascular,
estimulando a síntese de NO, e consequentemente possuindo um efeito relaxante
indireto, como por exemplo a acetilcolina, a noradenalina, a histamina e a bradicinina, o
fazem através da ativação de seus respectivos receptores e ativação da via de
sinalização celular dependente de PLC-IP3/DAG-PKC-Ca2+, onde esse último
componente, o íon cálcio, uma vez complexado com a proteína calmodulina, é
responsável por ativar a eNOS e estimular a síntese de NO (DONG et al., 1998).
Além disso, o aumento dos níveis de Ca2+ intracelular ([Ca2+]i) no endotélio,
decorrente da ativação de receptores ligados a proteína G para vários mediadores,
como descrito acima, também estão implicados no estimulo para a produção de
prostanóides derivados do metabolismo do ácido araquidônico pelos dois tipos de
ciclooxigenases, sendo elas a COX-1 e COX-2. Além disso, sabe-se que alguns dos
prostanóides produzidos pelas COX endoteliais possuem efeitos relaxantes, como a
PGE2 e PGI2, enquanto outros efeito contráteis, como a PGH2, PGG2 e TXA2 (WANG et
al., 2005; ZHOU et al., 2013).
Somado aos prostanóides, o aumento dos níveis de [Ca2+]i endotelial, bem como
a ação autócrina de prostanóides, também estimula a produção e liberação de
endotelinas, sobretudo a ET-1, que possui efeito dual sobre o musculo liso vascular,
ora induzindo relaxamento, através da ação autócrina no endotélio em receptores ETB
e estimulo da síntese de NO, ora efeito contrátil direto no músculo, através da ação
parácrina sobre receptores ETA (RAPOPORT; ZUCCARELLO, 2012).
Se seguirmos essa linha de pensamento, que vários mediadores podem causar
um efeito dual, ora contrátil ora relaxante, de maneira dependente da presença do
endotélio, e de forma direta ou indireta sobre o musculo liso vascular, podemos tecer a
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hipótese de que o (-)-borneol teria o seu efeito dual, dependente de endotélio, devido a
estimulação da produção de fatores endoteliais relaxantes e contráteis, e que na
presença de um inibidor da síntese de um dos mais importantes fatores relaxantes
derivados do endotélio, o NO, os efeitos contráteis do (-)-borneol sejam destacados.
Outro dado deste trabalho que corrobora com a hipótese apresentada acima, do
efeito dual do (-)-borneol ser dependente de fatores relaxantes e contráteis derivados
do endotélio, é o fato de a presença de um inibidor da síntese de prostanóides, a
indometacina, ter abolido seu efeito relaxante em concentrações menores (vide
Gráficos 13 e 15), também permitindo a observância de um efeito contrátil marcante
induzido por esse monoterpeno (vide Gráficos 13 e 17) de maneira semelhante ao
apresentado quando na presença de L-NAME. Neste último caso, a inibição da síntese
de prostanóides reduziria a ação de fatores relaxantes e contráteis, mas não impediria
a produção e a ação de endotelinas, mantendo assim um forte componente contrátil do
efeito deste monoterpeno.
Há relatos de outras substâncias que possuem uma dualidade de efeitos, com
efeito relaxante e contractuantes, como por exemplo a citocalasina-B e floretina
(DRESEL, 1987). Outro exemplo é o da cafeína, que tem ocupado posição de
destaque, sendo utilizada como ferramenta farmacológica, em que proporcionou
descobertas sobre o retículo sarcoplasmático (RS). Vários estudos indicaram ação da
cafeína em músculo liso dá-se de forma contrátil e também ação relaxante, variando de
acordo com as preparações em estudo. Em estudo com aorta de coelho demonstrou
ação contrátil (LEIJTEN; VAN BREEMEN, 1984). Por outro lado, a cafeína relaxa
várias espécies de músculos lisos, incluindo músculos vasculares, brônquios e liso das
vias biliares e gastrointestinais (ARNAUD, 1986). Em estudos de Watanabe et. al.
(1992) a cafeína demonstrou ação vasorelaxante e contractuante, de acordo com os
estímulos utilizados.
Como as variações na [Ca2+]i, em vários tipos celulares, implicam na ativação de
várias enzimas dependentes de Ca2+, bem como no controle da própria excitabilidade
celular, muito se passou a entender sobre a dinâmica de controle das funções
celulares após a descoberta dos “sparks” de Ca2+. Os “sparks” de Ca2+ são eventos de
liberação de Ca2+ do reticulo endoplasmático via ativação de receptores para rianodina
(RyR), que podem ser ativados pelo próprio Ca2+, proveniente da via PLC-IP3/DAG-
PKC-Ca2+, que é comum a vários mediadores endógenos (CHENG; LEDERER, 2008).
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Sabe-se que os “sparks” de Ca2+ podem ativar a síntese de NO, prostanóides,
endotelinas, entre outros fatores derivados do endotélio (BOLTON, 2006), bem como
os canais para potássio ativados pelo Ca2+ (KCa), que modulam o potencial de
membrana e a própria excitabilidade celular (JACKSON-WEAVER et al., 2013) e são
apontados como um dos componentes do fator hiperpolarizante derivado do endotélio
(EDHF), que é um importante fator relaxante derivado do endotélio (SCHMIDT et al.,
2010). Também há relatos na literatura de que o TEA, que é um bloqueador
relativamente efetivo para os KCa (LANGTON et al., 1991), podendo reduzir a ação do
EDHF sobre o músculo liso vascular (CHUNG et al., 2012).
Neste trabalho, usando uma mistura de L-NAME e TEA, foi possível observar
que o (-)-borneol teve o seu efeito relaxante em concentrações menores abolido, mas
manteve o efeito relaxante em concentrações maiores, sem haver qualquer
modificações marcantes no padrão de resposta do monoterpeno comparando-se
apenas a inibição da eNOS com a inibição da síntese de NO conjuntamente com o
bloqueio dos KCa (vide Gráfico 18), indicando que, possivelmente, o EDHF não faria
parte dos fatores relaxantes derivados do endotélio de importância para o efeito
vasorelaxante do (-)-borneol.
Até esse ponto, foram mostradas evidências da participação do NO e de
prostanóides no efeito vasorelaxante do (-)-borneol em aorta isolada de rato, sobretudo
na primeira fase de seu efeito relaxante, mas também ficou claro que mesmo na
presença de L-NAME, indometacina ou até na presença simultânea de L-NAME e TEA,
o (-)-borneol apresenta um efeito relaxante em concentrações na ordem de milimolar,
que se caracteriza por ser a segunda fase de seu efeito relaxante, denotando que,
além do efeito relaxante dependente do endotélio vascular, há um possível efeito
relaxante direto do monoterpeno, cuja ação residiria no músculo liso vascular. Além
disso, com a inibição da síntese de dois dos principais EDRF, o NO e a PGI2, foi
evidenciado um marcante efeito contrátil induzido pelo (-)-borneol, dentro da mesma
faixa de concentrações relativas ao seu efeito dependente de endotélio (primeira fase),
o que poderia indicar que esse monoterpeno também poderia estimular as células
endoteliais a produzir e liberar fatores contraturantes, como por exemplo as
endotelinas.
Fisiologicamente, a contração do músculo liso é, em última instância,
dependente do aumento nos níveis intracelulares dos íons Ca2+ (SOMLYO; SOMLYO,
1994). A contração no músculo liso vascular está intimamente relacionada com o
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potencial de membrana dessas células, onde eventos que levam a uma despolarização
levam à contração, enquanto eventos que levam a uma repolarização, ou
hiperpolarização, levam ao relaxamento deste músculo (LAWSON, 2000). A
musculatura lisa tem como o principal representante dos CaV o subtipo CaV1.2, que é
um dos membros da subfamília dos CaV, presente em vários músculos lisos, incluindo
a aorta de rato (CATTERALL et al., 2005).
Neste contexto, os canais de potássio desempenham um papel chave na
regulação do potencial de membrana e na excitabilidade celular, sendo a contração no
músculo liso depende do balanço entre o aumento da condutância ao íon K+, levando a
uma hiperpolarização, e a diminuição da condutância ao K+, levando a uma
despolarização (KNOT et al., 1996). O movimento dos íons K+ através de canais
localizados na membrana regulam o influxo de Ca2+ através dos CaV (THORNELOE;
NELSON, 2005).
Sabe-se, até o momento, que em células da musculatura lisa, há pelo menos
quatro diferentes famílias de canais para K+ identificados. Esses incluem os KATP, os
KCa, os KV e os Kir (NELSON; QUAYLE, 1995). Dentre estas famílias de canais de K+, a
repolarização ou hiperpolarização de membrana ocorre devido, principalmente, a
ativação dos KV, em decorrência à despolarização de membrana, e a ativação dos KCa,
que são ativados quando a [Ca2+]i se eleva na ordem de µM, onde a ativação de ambos
causa uma redução no influxo de Ca2+ através dos CaV por sua inibição e
conseqüentemente leva a uma redução das [Ca2+]i (LEDOUX et al., 2006).
Dada a importância dos canais para K+ no controle do tônus vascular, neste
trabalho foram utilizadas algumas ferramentas farmacológicas, como bloqueadores
desses canais, para testar a hipótese de se o efeito vasorelaxante, independente da
participação de EDRF, induzido por (-)-borneol, sobretudo em concentrações mais
altas, era dependente da participação desses canais.
Dentre os bloqueadores de canais para K+ de importância farmacológica
destaca-se o TEA, que pode bloquear uma vasta gama de tipos diferentes de canais
para K+ em concentrações próximas a 10 mM, mas que na concentração de até 1 mM
é seletivo para bloquear apenas os BKCa. Os dados aqui apresentados mostram que o
(-)-borneol manteve o seu efeito vasorelaxante na presença tanto de 1 mM como de 10
mM de TEA (Gráficos 19 e 22), sugerindo que os canais para K+ sensíveis ao bloqueio
pelo TEA, incluindo os BKCa, não estariam envolvidos neste efeito relaxante.
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Vários tipos de canais para K+, de importância para os processos que levam ao
relaxamento do musculo liso vascular, não são bloqueados pelo TEA (NELSON et al.,
1990) como os KV e os KATP. Aqui foi mostrado que (-)-borneol não teve o seu efeito
relaxante alterado na presença de um conhecido bloqueador dos KV, a 4-AP, sugerindo
que esses canais também não estariam envolvidos no feito vasorelaxante exibido pelo
monoterpeno (Gráfico 25).
Contudo, na presença de glibenclamida, um bloqueador dos KATP, o (-)-borneol
teve seu efeito relaxante abolido em quase toda a faixa de concentrações utilizadas,
apenas apresentado efeito relaxante na mais alta concentração utilizada neste trabalho
(Gráfico 26). Além disso, na presença de glibenclamida, o (-)-borneol teve um efeito
contrátil bastante acentuado (Gráfico 28), indicando que, a despeito da presença do
endotélio e de fatores contrateis produzidos por este, o mototerpeno aparentemente
age diretamente no músculo liso para induzir seu efeito contrátil. Em concordância,
Silva-Filho et. al. (2012) mostram que o (-)-borneol teve como um dos responsáveis
pela sua ação relaxante os canais de KATP.
Sabe-se que os KATP estão envolvidos no efeito relaxante de uma grande
variedade de substâncias, como por exemplo a adenosina (FURIAN, 2009), PGI2
(JACKSON et. al.,1993), da própria ACh, cuja a ação vasorelaxante é dependente da
produção endotelial de NO (GARLAND; MCPHERSON, 1992), mas apenas poucas
substâncias vasorelaxantes têm como característica uma ação direta sobre esses
canais, como por exemplo o nicorandil, pinacidil e a levocromacalina (LUCKHOFF;
BUSSE, 1990; GOJKOVIC-BUKARICA; KAZIC, 1999; SATO, 2000). A maior dessas
substâncias relaxantes agem atraves de mecanismos moleculares que modulam a
abertura dos KATP, como a fosforilação desse canal em decorrência da ativação da via
do AMPc/PKA, no caso da adenosina e PGI2 (EGUCHI et al., 2007), ou GMPc/PKG, no
caso do NO (SOUZA; BOUSKELA, 2013).
Apesar de haver relatos na literatura do feito vasorelaxante do (-)-borneol,
inclusive em aorta de ratos (SIVA-FILHO et. al., 2012), esses dados conflitam com
dados apresentados neste trabalho, sobretudo quanto à dependência do endotélio
vascular para o efeito relaxante do monoterpeno e seu efeito dual (ora relaxante ora
contrátil).
Entretanto, foi demonstrado que o borneol tem um efeito modulatório positivo no
receptor de GABAA (GRANGER; CAMPBELL; JOHNSTON, 2005) ao passo que pode
inibir os receptores nicotínicos da acetilcolina (nAChR) (PARK et al., 2003). Além disso,
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alguns autores salientam que o borneol tem efeitos duais também no sistema nervoso
central (SNC), ora aumentando os níveis de neurotransmissores excitatórios ora os
níveis de neurotransmissores inibitórios (LI et al., 2012), se esse tipo de efeito dual for
comum aos sítios de ação periféricos eles podem explicar as inconsistências de dados
apresentados neste trabalho em relação à literatura.
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7.0 CONCLUSÃO
Em aorta de rato, o efeito relaxante do (-)-borneol, o 1,7,7-trimetilbiciclo [2.2.1]-
heptanol-2, parece ser devido, pelo menos em parte, a produção endotelial do
óxido nítrico e prostagladinas;
Nas nossas condições experimentais foi observado um efeito dual para o (-)-
borneol, ora causando relaxamento ora contração;
O efeito independente de endotélio vascular do (-)-borneol parece depender
fortemente dos KATP;
O (-)-borneol parece ter múltiplos sítios de ligação, explicando assim sua gama
de diferentes efeitos apresentados e ações propostas.
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REFERÊNCIAS
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