ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia …§ão... · 2017-05-12 · RESUMO O...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA
MONIK MARYELLE MOREIRA DA SILVA
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia dysenterica)
Goiânia 2016
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESESEDISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DAUFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a UniversidadeFederalde Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de TeseseDissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Leinº9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura,im-pressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, apartirdestadata.
1. Identificação do MaterialBibliográfico: [X]Dissertação [ ]Tese
2. Identificação da Tese ouDissertação Auto(a): Monik Maryelle Moreira da Silva E-mail: [email protected] Seu E-mail pode ser disponibilizado napágina? [ ]Sim [X]Não
Vínculo empregatíc io doAutor Agência deFomento:
Coordenação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Sigla: CAPES País Brasil UF: GO CNPJ: 00.889.834/0001-08
Título: Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaiata (Eugenia dysenterica) Palavras-Chave: Desenvolvimento fisiológico, cagaita (Eugenia dysenterica), padrão respi-
Ratório Título em outralíngua: Study of the physiological development of cagaita (Eugenia dysenterica) Palavras-Chave em outralíngua: physiological development, cagaita (Eugenia dysenterica)
breathing pattern Área deConcentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos Data Defesa:(dd/mm/aaaa) 15/04/2016 Programa dePós-Graduação: Ciência e Tecnologia de Alimentos Orientador(a): Clarissa Damiani CPF 546.831.901-25 E-mail: [email protected] Co-Orientador(a):* Flávio Alves da Silva CPF 278.957.981-00
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____________________________ Data : 16/04/2016 Assinatura do(a)Autor(a)
____________________________________ 1Emcasoderestrição,
estapoderásermantidaporatéumanoapartirdadatadeDefesa.AextensãodesteprazosuscitajustificativajuntoàCoordenaçãodoCurso.Todoresumoedadosficarãosempredisponibilizados.
MONIK MARYELLE MOREIRA DA SILVA
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA (Eugenia dysenterica)
Dissertação apresentada à Coordenação do Programa
de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de
Alimentos, da Escola de Agronomia, da
Universidade Federal de Goiás, como exigência para
obtenção do título de Mestre em Ciência e
Tecnologia de Alimentos.
Orientadora: Prof. Dra. Clarissa Damiani
Co-orientadores: Prof. Dr. Edson Pablo da Silva e
Prof. Dr. Flávio Alves da Silva.
Goiânia
2016
Ficha catalográfica elaboradaautomaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação doSibi/UFG.
Moreira da Silva, MonikMaryelle ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DA CAGAITA
(Eugenia dysenterica) [manuscrito] / Monik Maryelle Moreira daSilva. -2016. cxix, 119f.
Orientador: Profa. Dra. Clarissa Damiani; co-orientadora
Dra.EdsonPablo Da Silva; co-orientador Dr. Flávio Alves daSilva. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, EscoladeAgronomia (EA) , Programa de Pós-Graduação em CiênciaeTecnologia de Alimentos, Goiânia,2016. Inclui mapas, fotografias, gráfico, tabelas, lista de figuras,
listadetabelas.
1. Desenvolvimento fisiológico. 2. Cagaita. 3. Eugenia dysenterica.4. Padrão respiratório. 5. Compostos bioativos . I. Damiani,Clarissa,orient. II. Da Silva, Edson Pablo, co-orient. III.Título.
Dedico este trabalho...
Em primeiro lugar e sempre, a DEUS, sem ele nada sou e nada serei.
Aos meus pais, Lourdes e Marcos, pela força e apoio.
Ao meu anjo da guarda e amor, Rhámony Malheiro, pela paciência e amor.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pela sua infinita bondade, por estar sempre presente, guiando e iluminando
meu caminho;
Aos meus pais, Lourdes e Marcos, por todo apoio, confiança e incentivo aos estudos.
Sempre me motivando a lutar por tudo aquilo que acredito, apesar das dificuldades. Essa
conquista, também, é de vocês!
Aos meus irmãos, Meik e Marcos Uriel, pelo carinho, apoio e amizade. Amo vocês!
À Rhámony, por todo o amor e compreensão da ausência nesta etapa da minha vida.
Obrigada amor!
À professora, Clarissa Damiani, pela sua confiança, orientação e ensinamentos. Serei
eternamente grata! Muito obrigada!
À minha querida amiga, Lismaíra, foi imprescindível nessa caminhada, tornando-a
mais leve. Terá sempre seu lugar bem guardado. Muito obrigada!
Às minhas amigas, Renata e Camila, pelos laços fortes, amizade e energia positiva
construída e irradiada durante toda nossa trajetória, agora são partes da minha vida. Nunca me
esquecerei de vocês. Obrigada!
Aos meus Co-orientadores, Flávio Silva e Edson Pablo, e aos professores Eduardo
Asquiere e Eduardo Vilas Boas, pelo apoio, ensino e incentivo. Obrigada!
Aos meus colegas da turma de Mestrado, em especial a Daniela, Marina, Manuela,
Aryane, Jéssyca e Thays,pelo companheirismo, positividade e amizade.
Aos professores, funcionários e amigos do Departamento de Ciências dos Alimentos,
da Universidade Federal de Lavras, em especial a Tina, Heloisa e Paulo Siriano, por todos os
ensinamentos, pelo auxílio nas análises e pela amizade.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa, pelo financiamento deste projeto, imprescindíveis para a execução deste
trabalho.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
MUITÍSSIMO OBRIGADA A TODOS!
“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca
searrepende.”
Leonardo da Vinci
“A beleza do aprendizado é que ninguém pode roubá-lo de você.”
B. B. King
RESUMO
O Cerrado brasileiro apresenta uma infinidade de frutas nativas, porém, pouco conhecidas. Dentre estas, existe a cagaita (Eugenia dysenterica), suculenta e de sabor muito agradável. No entanto,relatos sobre o conhecimento dos seus processos bioquímicos e bioativos, envolvidos no desenvolvimento de frutos, são escassos. Desta forma, objetivou-se avaliar, físico e quimicamente, incluindo os compostos bioativos, o desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica), da antese até seu amadurecimento. Os frutos foram coletados 10 dias após antese (DAA), em Abadia-GO, e submetidos a análises físicas e químicas, como também análises dos compostos bioativos. O desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, sendo caracterizado fruto de crescimento rápido, com comportamento sigmoidal duplo. A taxa respiratória nos frutos verdes foi elevada, com decréscimo ao longo do desenvolvimento, sendo verificado aumento da indução do etileno a partir dos 31 DAA, levando à degradação do amido, clorofila, desmascaramento dos carotenoides e solubilização das pectinas. O conteúdo de açúcares foi relativamente baixo, já que trata-sede um fruto com sabor levemente adocicado. Os compostos bioativos e atividade antioxidante da cagaita contribuíram, durante o desenvolvimento fisiológico, como sistema de defesa do fruto, principalmente, nos frutos verdes. No entanto, não descartando a possibilidade de sua ação benéfica a saúde, combatendo os radicais livres. A composição proximal, avaliada a partir do 18° DAA, sofreu modificações durante o desenvolvimento. O ponto crucial das mudanças ocorreram a partir do 27° DAA, momento em que ocorrem a segunda fase de crescimento do fruto, com acréscimo em taxas máximas, de acordo com o comportamento sigmoidal duplo. O período climatérico também foi avaliado, com intuíto de saber se a cagaita pertencia ao padrão respiratório considerado climatérico ou não. Para este estudo, os frutos foram coletados 31 DAA. Foi observado o pico climatério respiratório, indicando que a cagaita é um fruto climatérico, podendo ser colhido 31 DAA.Estes dadossão de grande importância tanto para a comunidade acadêmica, como para agricultores e agroindústrias que trabalham com o extrativismo deste fruto. Palavras-chave: Desenvolvimento fisiológico; cagaita (Eugenia dysenterica); padrão respiratório.
ABSTRACT The Brazilian Cerrado presents a multitude of native fruits, but little known. Among these, there is cagaita (Eugenia dysenterica), juicy and very pleasant taste. However, reports on the knowledge of its biochemical and bioactive processes involved in the development of fruit, are scarce. Thus, this study aimed to evaluate physical and chemical, including bioactive compounds, the physiological development of cagaita (Eugenia dysenterica), anthesis to its maturity. The fruits were collected 10 days after anthesis (DAA) in Abbey-GO, and subjected to physical and chemical analysis as well as analysis of bioactive compounds. The total fruit development comprised 37 days, being characterized the result of rapid growth, with double sigmoidal behavior. The respiratory rate in unripe fruits were high, with a decrease during the development, and verified increased ethylene induction from 31 DAA, leading to degradation of starch, chlorophyll, unmasking of carotenoids and solubilization of pectins. The sugar content was relatively low, since it is a fruit with slightly sweet flavor. The bioactive compounds and antioxidant activity of cagaita contributed during the physiological development, as a result of the defense system, especially in unripe fruits. However, not ruling out the possibility of its beneficial health action, fighting free radicals. The proximal composition, evaluated from the 18th DAA, underwent changes during development. The crux of the changes occurred from the 27th DAA, when they occur the second growth phase of the fruit, with an increase in maximum rates, according to the double sigmoidal behavior. The climacteric period was also evaluated, with intuited whether the cagaita belonged to the respiratory pattern considered climacteric or not. For this study, the fruits were collected 31 DAA. respiratory climacteric peak was observed, indicating that cagaita is a climacteric fruit, may be harvested 31 DAA. This data is of great importance for both the academic community, and to farmers and agribusinesses working with the extraction of this fruit. Keywords: Physiological development; cagaita (Eugenia dysenterica); breathing pattern.
LISTA DE EQUAÇÕES
PARTE 2
Equação 1 Cálculo de clorofila total .................................................................................... 47
Equação 2 Cálculo de carboidratos ...................................................................................... 78
Equação 3 Cálculo de carboidratos ...................................................................................... 96
Equação 4 Cálculo de % de descoloração de DPPH ............................................................ 97
Equação 5 Cálculo de β-caroteno ......................................................................................... 98
LISTA DE FIGURAS
PARTE 1
Figura 1 Mapa representativo dos biomas do Brasil ......................................................... 20
Figura 2 Ilustração do fruto da cagaiteira (Eugenia dysenterica) ..................................... 21
Figura 3 Flor da cagaiteira (Eugenia dysenterica); Árvore de cagaita com folhas jovens de coloração avermelhada ....................................................................... 22
Figura 4 Etapas do desenvolvimento fisiológico dos frutos ............................................. 25
Figura 5 Curva de crescimento sigmoide de frutos. .......................................................... 26
Figura 6 Representação esquemática da estrutura química de alguns antioxidantes naturais ................................................................................................................ 29
Figura 7 Rota do ácido chiquímico e ácido malônico ....................................................... 30
PARTE 2
Figura 1 Presença da gema apical, abertura da flor e botões florais e folhas avermelhadas na planta cagaiteira, localizada no Município de Abadia-GO. .... 48
Figura 2 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de massa, diâmetro transversal ediâmetro longitudinal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, no período de agosto a setembro de 2014. .......................................................... 50
Figura 3 Variação visual na massa e nos diâmetros longitudinal e tranversal de cagaitas (Eugenia dysenterica) coletadas 37 dias após antese no Município de Abadia-GO na mesma área. ................................................................................ 51
Figura 4 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de sólidos solúveis pH e acidez titulável da cagaita (Eugenia
dysenterica), coletada em Abadia-GO durante seu desenvolvimento. ............... 52
Figura 5 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da taxa respiratória (mg·kg-1·h-1) e etileno (µL·kg-1·h-1) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO... 54
Figura 6 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores deHue e coordenada a* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, durante o desenvolvimento. ........................................................... 56
Figura 7 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de b*, chroma e L* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ............................................................ 57
Figura 8 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de clorofila total e carotenoides totais da cagaita (Eugenia
dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ................... 58
Figura 9 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de firmeza (N) da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ............................................................ 59
Figura 10 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores depectina total e pectina solúvel da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ........................................ 60
Figura 11 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores deamido e da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o desenvolvimento. ................................................................................ 61
Figura 12 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da taxa respiratória e etileno na verificação do pico climatérico da
cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante 60 horas de monitoramento. ................................................................................................... 80
Figura 13 Evolução da cor ao logo do estudo do comportamento respiratório na casca da cagaita (Eugenia dysenterica), coletadas em Abadia-GO. ............................ 81
Figura 14 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de compostos fenólicos dos extrato etéreo, etanólico e aquoso durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO....................................................................................................................... 101
Figura 15 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de taninos condensáveis e taninos hidrolisáveis, durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.... 102
Figura 16 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da atividade antioxidante pelo método DPPH dos extrato etanólico,aquoso e etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 104
Figura 17 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da atividade antioxidante pelo método ABTS dos extrato aquosoetanólico e etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 105
Figura 18 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de vitamina C (ácido ascórbico) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO. .................................... 106
Figura 19 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores de β-caroteno durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................................ 107
Figura 20 Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores da composição proximal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO. ................................................ 108
LISTA DE TABELAS
PARTE 2 Tabela 1. Concentrações de glicose, frutose e sacarose em amostras de cagaita (Eugenia
dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA). Tabela 2. Avaliação da firmeza e conteúdo de amido da polpa da cagaita (Eugenia
dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4 ............................................................................................................................. 82 Tabela 3. Características químicas da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia Goiás, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4 ......... 83 Tabela 4. Composição proximal da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura, coleta no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4............................. 84 Tabela 5. Valores de minerais em amostras de cagaita (Eugenia dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA).......................................
SUMÁRIO
PARTE 1 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 18
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 20 2.1 FRUTOS NATIVOS DO CERRADO ............................................................... 20 2.2 ACAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA) ........................................................ 21 2.2.1 Utilidades da cagaiteira .................................................................................... 22 2.2.2 Aspectos nutricionais da cagaita ..................................................................... 23 2.3 DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DE FRUTOS .................................... 24 2.4 FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA, PADRÃO RESPIRATÓRIO E ETILENO ... 26 2.5 COMPOSTOS BIOATIVOS EM FRUTOS ...................................................... 28 PARTE 2 3 ASPECTOS FISIOLÓGICOSDO DESENVOLVIMENTO DA
CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA) ....................................................... 40 RESUMO ........................................................................................................... 40 ABSTRACT ...................................................................................................... 41 3.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 42 3.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 44 3.2.1 Obtenção dos frutos e instalação do experimento ......................................... 44 3.2.2 Delineamento experimental ............................................................................. 44 3.2.3 Análises físicas e químicas................................................................................ 44 3.2.3.1 Massa, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal ......................................... 45 3.2.3.2 Firmeza ............................................................................................................... 45 3.2.3.3 Coloração ............................................................................................................ 45 3.2.3.4 Sólidos solúveis totais ........................................................................................ 45 3.2.3.5 Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................................ 45 3.2.3.6 Acidez titulável ................................................................................................... 45 3.2.3.7 Atividade respiratória ......................................................................................... 46 3.2.3.8 Etileno ................................................................................................................. 46 3.2.3.9 Amido ................................................................................................................. 46 3.2.3.10 Pectina total e solúvel ......................................................................................... 46 3.2.3.11 Clorofila Total .................................................................................................... 46 3.2.3.12 Carotenoides Totais ............................................................................................ 47 3.2.3.13 Açúcares solúveis ............................................................................................... 47 3.2.4 Análise estatística .............................................................................................. 47 3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 48 3.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 64 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 65 4 ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS OBSERVADOS DURANTE O
ESTUDO DO CLIMATÉRICO EM FRUTOS DA CAGAITEIRA ............ 72 RESUMO ........................................................................................................... 72 ABSTRACT ...................................................................................................... 73
4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 74 4.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 76 4.2.1 Instalação do experimento ............................................................................... 76 4.2.2 Atividade respiratória (O2 e CO2) ................................................................... 76 4.2.3 Etileno (C2H4) .................................................................................................... 76 4.2.4 Potencial hidrogeniônico (pH) ......................................................................... 77 4.2.5 Acidez titulável (ácido. cítrico) ........................................................................ 77 4.2.6 Sólidos solúveis totais ....................................................................................... 77 4.2.7 Umidade ............................................................................................................. 77 4.2.8 Cinzas (resíduo mineral fixo) ........................................................................... 77 4.2.9 Fração Protéica ................................................................................................. 77 4.2.10 Extrato etéreo .................................................................................................... 78 4.2.11 Carboidratos ..................................................................................................... 78 4.2.12 Análise estatística .............................................................................................. 78 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 79 4.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 87 5 ESTUDO DO COMPORTAMENTO NUTRICIONAL E COMPOSTOS
BIOATIVOS DA CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA), DURANTE O DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO. ................................................. 91
RESUMO ........................................................................................................... 91 ABSTRACT ...................................................................................................... 92 5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 93 5.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 95 5.2.1 Delineamento experimental ............................................................................. 95 5.2.2 Análises químicas .............................................................................................. 95 5.2.2.1 Umidade .............................................................................................................. 95 5.2.2.2 Cinzas (resíduo mineral fixo) ............................................................................. 95 5.2.2.3 Fração Protéica ................................................................................................... 95 5.2.2.4 Extrato etéreo ...................................................................................................... 96 5.2.2.5 Carboidratos ........................................................................................................ 96 5.2.2.6 Minerais .............................................................................................................. 96 5.2.3 Determinação da atividade antioxidante ........................................................ 96 5.2.3.1 Obtenção e preparo dos extratos ......................................................................... 96 5.2.3.2 Método do sequestro do radical DPPH ............................................................... 97 5.2.3.3 Método pela captura do radical livre ABTS·
+ .................................................... 97 5.2.4 Compostos fenólicos ......................................................................................... 97 5.2.5 Vitamina C ........................................................................................................ 98 5.2.6 β – caroteno ....................................................................................................... 98 5.2.7 Taninos hidrolisáveis e condensados ............................................................... 98 5.2.8 Análise estatística .............................................................................................. 99 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 100 5.4 CONCLUSÃO .................................................................................................... 113 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 114 6 CONCLUSÃO GERAL ................................................................................... 121
18
PARTE 1
1 INTRODUÇÃO
O Cerrado é o segundo bioma mais importante do país, ocupando área de 1,8 milhões
de Km2, o que representa cerca de 25% do território brasileiro (MENDONÇA; PELÁ, 2011).
Apresentando uma flora com mais de 4 mil espécies, distribuídas em formações florestais,
savânicas e campestres, o cerrado brasileiro possui rica biodiversidade, tornando-se área
prioritária para a sua conservação e manutenção, favorecendo a diversificação da flora
brasileira, por meio do desenvolvimento sustentável (RIBEIRO; WALTER, 2008; SOUZA et
al., 2002).
Os frutos, obtidos deste bioma, apresentam grande potencial econômico e
nutricional, podendo ser inseridos na alimentação. Pertencente à família das Mirtaceas, a
cagaiteira (Eugenia dysenterica) é uma árvore comum dentre as inúmeras frutíferas nativas do
cerrado brasileiro. Seu fruto é globoso e de cor amarelo pálido, levemente ácido, de sabor
agradável, podendo ser utilizado na fabricação de vinagre e álcool, quando fermentados, e a
partir dos frutos maduros, geleias e sorvetes, ou podem ser consumidos in natura (ALVES,
2013).
O interesse por essas frutas tem atingido diversos segmentos da sociedade, entre os
quais destacam-se agricultores, industriais, comerciantes, instituições de pesquisa e
assistência técnica, cooperativas, universidades, órgãos de saúde e de alimentação, entre
outros. A existência de estudo sobre desenvolvimento de espécies nativas do cerrado é
bastante pobre, não havendo, portanto, o conhecimento das etapas de crescimento, pré-
maturação, maturação, amadurecimento e senescência dos frutos. O estudo do
desenvolvimento é importante para o estabelecimento do ponto ideal de colheita e para a
aplicação de tecnologias que retardem ou reduzam as atividades fisiológicas, aumentando seu
período de conservação (CHITARRA, 1998; VILAS BOAS, 1999).
A fisiologia é o estudo das transformações metabólicas (aspectos físicos, químicos e
bioquímicos) que ocorrem no ciclo vital de um vegetal (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Dados fisiológicos, sobre o comportamento pós-colheita de frutos nativos do cerrado, são
relativamente escassos. O conhecimento da fisiologia pós-colheita do fruto, é de grande
importância para que se tenham subsídios técnicos que proporcionem a ampliação do tempo
19
de armazenamento, isso sem alterar suas características físicas, sensoriais e nutricionais
(ANTUNES et al., 2003).
A riqueza de nutrientes é um dos principais fatores que conduzem ao interesse crescente
pelo consumo de frutos e dos seus produtos (RUFINO et al., 2007), uma vez que estudos
epidemiológicos indicam que a ingestão frequente de frutos pode reduzir os efeitos causados pelo
estresse oxidativo e, consequentemente, reduzir o risco de surgimento de várias enfermidades
(CROWE et al., 2011). Esse efeito protetor é atribuído à variedade de substâncias antioxidantes
presentes nos frutos, como vitamina C, compostos fenólicos e carotenoides, sendo quantificados
por diversos métodos, desenvolvidos para avaliar a capacidade antioxidante de frutos (GAWLIK-
DZIKI, 2012; VETRANI et al., 2012). Algumas espécies vegetais do Cerrado podem constituir
potenciais fontes de exploração econômica, desde que a pesquisa e o desenvolvimento de
tecnologias viabilizem seu aproveitamento. Apesar da importância de se conhecer o
desenvolvimento dos frutos, na literatura não háinformações disponíveis sobre a curva de
crescimento de frutos de cagaiteira, transformações metabólicas eo conteúdo de compostos
nutricionais e bioativos durante o desenvolvimento do fruto. Diante deste contexto, o estudo
teve por objetivo avaliar físico e quimicamente, incluindo compostos bioativos, o
desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica), da antese até seu
amadurecimento.
20
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 FRUTOS NATIVOS DO CERRADO
O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos, estendendo-se por
treze estados do Brasil, com enorme biodiversidade. Ocupa quase 25% do Brasil, apesar de
algumas pequenas áreas na Bolívia e no Paraguai, sua totalidade está em territóriobrasileiro
(Figura 1) (PROENÇA et al., 2000). Destaca-se, nessa biodiversidade, o grande número de
espécies potencialmente econômicas para as áreas alimentícias, medicinais, madeireiras,
tintoriais, ornamentais, além de outros usos, ressaltando a sua importância no
desenvolvimento regional (IBGE, 1997; ALMEIDA et al. 1998). Dentre essas, sobressaem às
frutíferas formadas por vários exemplares, de diferentes famílias, que produzem frutos
comestíveis, com formas variadas, cores atrativas e sabor característicos, já sendo
comercializadas em feiras e com grande aceitação popular. Existem mais de 58 espécies de
frutas nativas do Cerrado conhecidas e utilizadas pela população (ÁVIDOS; FERREIRA,
2003).
Figura 1. Mapa representativo dos biomas do Brasil (FONTE: IBGE, 2015).
21
Dentre as árvores nativas do Cerrado, tem-se a cagaiteira (Myrtaceae) que pode ser
encontrada nos estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais entre outros. Esta espécie destaca-se
por ser árvore corticeira, tanífera, melífera e ornamental, além de produzir frutos com aroma e
sabor que atraem o consumidor (TELLES et al., 2001). Os desafios para a exploração dos
frutos nativos existem, entretanto, há um grande potencial a ser buscado, principalmente, para
a sua exportação, já que possuem sabores sui generis e não são encontrados em outros países
(ALMEIDA et al., 1998).
2.2 A CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA)
Eugenia dysenterica, pertencente a família das Myrtaceae, popularmente conhecida
como “cagaita” é um fruto nativo do cerrado brasileiro, com formato globoso, cor amarelo-
claro, levemente ácido, epicarpo membranoso, com peso entre 14 a 20 g, comprimento de 3 a
4 cm e diâmetro de 3 à 5 cm (Figura 2). A árvore “cagaiteira” pode atingir até 10 m de altura,
possuindo tronco e ramos tortuosos, casca grossa e fissurada (NAVES et al., 1995).
Figura 2. Ilustração do fruto da cagaiteira (Eugenia dysenterica) (FONTE: CARDOSO,
2011).
A cagaiteira apresenta tanto autofecundação quanto fecundação cruzada, sendo a
polinização realizada, principalmente, pelas mamangavas das espécies Bombusatratus e B.
morio, no período da manhã (PROENÇA; GIBBS, 1994). Ocorre em áreas de cerrado e
cerradão, estando adaptada a solos pobres, supondo que seja pouco exigente em fertilidade
(NAVES, 1999). Propaga-se por sementes, iniciando a frutificação a partir do quarto ou
quinto ano de idade, com média do início da formação dos frutos e maturação de,
22
aproximadamente, quatro semanas, sendo que a maturação é relativamente rápida e coincide
com o início do período chuvoso (SILVA et al., 1992).
Esse fenômeno, provavelmente, está relacionado à estratégia de estabelecimento da
espécie, cujas sementes possuem viabilidade curta em condições naturais, menor que 50 dias
(FARIAS NETO et al., 1991). Portanto, a sua dispersão logo no início do período chuvoso,
parece ser imprescindível, para que após sua germinação exista um período favorável de
estabelecimento e crescimento, de modo que a plântula possa sobreviver no período seco
subsequente (SANO et al., 1995). O florescimento ocorre em meados de julho ao início de
agosto, no meio da estação seca, sendo simultâneo ao surgimento de folhas novas com
coloração avermelhada (Figura 3) (BRITO et al. 2003).
Figura 3. a) Flor da cagaiteira (Eugenia dysenterica) (FONTE: PINA, 2008); b) Árvore de
cagaita com folhas jovens de coloração avermelhada (FONTE: Autoria própria).
Segundo Almeida et al. (1987), os frutos estão aptos para consumo ao caírem no
chão ou quando apresentarem coloração verde amarelada, desprendendo-se das árvores ao
sacudir levemente os ramos. Os frutos de cagaita são, geralmente, consumidos in natura ou
processado.
2.2.1 Utilidades da cagaiteira
A cagaiteira é considerada uma espécie de interesse econômico, principalmente, em
função do aproveitamento de seus frutos na culinária. Além do consumo innatura, são
inúmeras as receitas de doces e bebidas que levam o sabor de sua polpa. Esse aproveitamento
é bastante difundido entre os habitantes do Cerrado, podendo ser encontrados inúmeros pratos
a) b)
23
típicos da região, confeccionados com essa fruta, com destaque para os doces, geleias, licores,
refrescos, sorvetes e sucos. Seus frutos, porém, quando consumidos em excesso ou quentes,
podem causar diarreia e embriaguez. Ainda imaturos, podem ser utilizados como forragem
para o gado (RIBEIRO et al. 1986). De sua polpa, também, são obtidos vinagre e álcool
(CORRÊA, 1984). A madeira do caule da cagaiteira é pesada, com densidade de 0,82 g /cm2,
dura e de textura fina, mas de baixa qualidade, podendo ser usada como mourão, lenha e
carvão (CORRÊA, 1984). Apresenta considerável quantidade de súber, com espessura de 1,0
à 2,0 cm, sendo empregada, também, na indústria de cortiça (MACEDO, 1991).
A casca, além de servir à indústria de curtume, é utilizada na medicina popular como
antidiarreica. Apresentam, ainda, propriedades medicinais, sendo utilizadas na medicina
popular como antidiarreicas, para problemas do coração e, também, no tratamento de diabetes
e icterícia (SILVA, 1999).
Costa et al. (2000) verificaram alta atividade antifúngica no óleo hidrolisado de
folhas de cagaiteira no controle de Cryptococcus neoformans. Suas folhas constituem-se
excelente pasto arbóreo, convenientemente aproveitado em algumas regiões. Pelo fato de
apresentar florescimento exuberante, concentrado e, quase sem folhas, a cagaiteira mostra-se,
também, como uma árvore de elevado potencial para utilização como planta ornamenta
(RIBEIRO et al., 1994).
2.2.2 Aspectos nutricionais da cagaita
Estudos da composição nutricional de diversas frutas nativas do Cerrado verificaram
que a cagaita possui elevado teor de água (95,01%), sendo uma das frutas que apresentam
maior percentagem de ácidos graxos poli-insaturados na polpa (linoleico e linolênico),
ficando atrás, apenas, da amêndoa do baru e da polpa da mangaba. Possui maior teor de ácido
linoleico (10,5%) que o azeite de oliva e de dendê. Quanto ao teor de ácido linolênico
(11,86%), supera o do óleo de milho, girassol, amendoim, soja, oliva e dendê
(MARTINOTTO et al., 2008)
Os ácidos graxos possuem importante papel no organismo humano, sendo o linoleico
e o linolênico essenciais. São precursores de substâncias de papel importante na estrutura de
membranas celulares, como componentes de estruturas cerebrais, da retina e do sistema
reprodutor (ALMEIDA, 1998).
Os teores de vitamina C da cagaita (18,28 mg.g-1) são superiores aos encontrados em
muitas frutas, convencionalmente cultivadas, como a banana madura e a maçã Argentina, de
6,4 e 5,9 mg.g-1, respectivamente (FRANCO, 1992). Estudo realizado por Cardoso et al.
24
(2011) comprovou que o consumo de cagaita (100 g) contribui, significativamente, para suprir
as necessidades diárias de vitamina C, em média 71,0%, vitamina A em 7,5% e folatos, em
média, de 7,9%. O consumo de cagaita, bem como a sua exploração tecnológica deve ser
encorajado, especialmente nas famílias e nos grupos socialmente vulneráveis, localizados em
áreas do Cerrado, caracterizada por altos níveis de indisponibilidade alimentar e onde os
alimentos considerados fontes desses nutrientes podem ser escasso. Mas, para que isso
aconteça, faz-se necessário o conhecimento do seu desenvolvimento fisiológico,
compreendendo seus estádios de maturação para que se tenha um aproveitamento racional da
colheita (CARDOSO et al., 2011).
2.3 DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO DE FRUTOS
As alterações físicas e físico-químicas que ocorrem durante o desenvolvimento e
maturação dos frutos são usadas como critérios para determinar padrões de maturidade, ponto
de colheita e qualidade em vários frutos. Durante o desenvolvimento, o fruto passa por
diversas etapas, ou estádios, com características bem definidas, cuja avaliação é importante
para o entendimento das alterações que ocorrem durante o ciclo de desenvolvimento
(ÁLVARES et al., 2004). A avaliação do desenvolvimento de frutos, em geral, é baseada na
evolução dos atributos físicos, tais como comprimento, diâmetro, volume, massa fresca e
seca, associados à avaliação de alterações nas características físico-químicas, medidas a
intervalos regulares durante o ciclo (ÁLVARES et al., 2004). O conhecimento das fases do
desenvolvimento de frutos é essencial para auxiliar na determinação de práticas culturais,
podendo revelar períodos críticos no desenvolvimento dos frutos que possibilitem sua
produção com qualidade, como também a colheita na época correta (SALOMÃO et al., 2006).
Os frutos apresentam três fases fisiológicas, constituídos pelo crescimento,
maturação e senescência (Figura 4). O período de crescimento (pré-maturação), geralmente,
envolve divisão e alongamento celular, onde acontece o aumento físico do fruto
(MARTINSetal., 2003). O amadurecimento corresponde à fase final da maturação, na qual os
frutos são transformados em produtos atrativos e aptos para o consumo, sendo um processo
normal e irreversível, e por ultimo a senescência, onde ocorre a morte do tecido celular
(RYALL; LIPTON, 1979).
25
Figura 4. Etapas do desenvolvimento fisiológico dos frutos (RYALL; LIPTON, 1979).
O desenvolvimento dos frutos é fisiologicamente muito semelhante ao crescimento
vegetativo. A formação das partes que compõem um fruto engloba as mesmas três fases
verificadas no desenvolvimento dos órgãos vegetativos, isto é, a divisão, o aumento de
volume e a diferenciação celular (MEYER et al., 1973). O desenvolvimento é caracterizado
por uma curva tipo sigmoidal, que pode ser simples, dupla ou tripla. A curva de crescimento
sigmoidal dupla, é caracterizada por três estádios distintos. Durante o estádio I, há um rápido
crescimento, devido à divisão celular. Já no estádio II, verificam-se importantes mudanças
fisiológicas e anatômicas do fruto, como: diminuição do ritmo de crescimento da polpa, com
endurecimento do caroço, e formação parcial ou total da semente. No estádio III, a polpa
retoma seu crescimento, aumentando os volumes celulares e os espaços intercelulares,
culminando com a maturação do fruto (Figura 5) (BARBOSA et al., 1990). Os frutos,
dependendo da espécie, apresentam curvas de crescimento caracterizadas como sigmóide-
simples, duplo-sigmóide ou triplo-sigmóide (COOMBE, 1976).
26
Figura 5. Curva de crescimento sigmoidede frutos.
O desenvolvimento de frutos com sementes são caracterizados por uma curva
sigmóide simples, ao passo que, para as frutas com caroço, por uma curva sigmóide dupla. A
curva sigmoide pode adquirir características diversas, segundo a cultivar, a época e as
condições ambientais (ALBUQUERQUE et al. 1999). De modo geral, o período da antese à
colheita dos frutos pode variar, devido a diferentes fatores, como condições climáticas,
variedades e época do ano, esses fatores interferem diretamente no desenvolvimento da planta
e, consequentemente, no desenvolvimento fisiológico do fruto (CAVICHIOLI et al., 2006).
2.4 FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA, PADRÃO RESPIRATÓRIO E ETILENO
O período pós-colheita começa quando ocorre a separação do fruto da planta mãe, e
termina com a preparação do fruto para consumo ou para a sua posterior conservação.
Enquanto o produto permanece ligado à planta, as perdas causadas pela respiração e
transpiração são repostas pela fotossíntese e pelos nutrientes, o que não acontece no período
pós-colheita (RAHMAN, 2003), levando à deterioração e perda de material vegetal. Este fato
é intensificado pela ação do etileno, o qual é considerado o hormônio natural do
amadurecimento, sendo que o aumento na sua biossíntese estimula o processo que marca a
transição entre as fases que compõem o período de desenvolvimento no fruto (CHITARRA;
CHITARRA, 2005). O etileno é um fitohormônio gasoso responsável por muitos processos
fisiológicos durante o crescimento, desenvolvimento e senescência de tecidos vegetais
27
regulando, principalmente, o amadurecimento de frutos (GRAY et al. 1992). Para que o
etileno exerça seus efeitos, ele precisa ser biossintetisado ou fornecido por fonte externas
(YANG, 1985; BLEECKER; KENDE, 2000). Sua biossíntese ocorre a partir do aminoácido
metionina o precursor do etileno, e o ACC (ácido 1-aminocloropropano-1- carboxílico) que
funciona como intermediário na conversão da metionina em etileno. A metionina converte-se
em S-adenosil-metionina, conhecida como (SAM), formando o ácido 1-carboxílico-1-
aminociclopropano (ACC), que na presença de oxigênio é oxidado em etileno(YANG;
HOFFMAN, 1984).
De acordo com Saltveit (1999), a resposta dos frutos ao etileno podem ser desejáveis,
como a diminuição da adstringência e produção de compostos voláteis e, indesejáveis, como
aumento da atividade enzimática, principalmente, as degradadoras da parede celular,
aceleração da senescência, entre outras.
O principal processo fisiológico que continua ocorrendo, após a colheita, é a respiração que,
nesse período, dá-se devido às reservas de substratos acumuladas no período de crescimento e
maturação dos vegetais(MCKEON; YANG, 1987). Segundo Kluge et al., (2002) a respiração
consiste na decomposição oxidativa de substâncias complexas, presentes nas células como
amido, açúcares e ácidos orgânicos, em moléculas simples (CO2 e H2O) com produção de
energia. A taxa respiratória está, em geral, diretamente ligada à taxa de deterioração de um
produto colhido e a temperatura, a que ele é exposto, influencia diretamente na respiração,
sendo que o aumento da temperatura eleva a sua taxa respiratória, diminuindo assim a sua
vida pós-colheita.
Todos os frutos que amadurecem em resposta ao etileno exibem, antes da fase de
amadurecimento, aumento característico da respiração, chamado de climatério. Tais frutos,
também, apresentam pico na produção de etileno, imediatamente antes do aumento da
respiração (TAIZ; ZEIGER, 2004). Para Andrade (2006), a taxa respiratória de um fruto
depende de seu grau de desenvolvimento e, quanto a isso, os frutos são classificados em
climatéricos e não climatéricos.
Os frutos climatéricos são caracterizados por um pico de respiração depois que o
fruto atinge o seu tamanho máximo. Associado a este, ocorre um pico de etileno, que pode
ocorrer antes, durante ou após o pico de CO2climatério (RHODES, 1980). Frutos climatéricos
são, as vezes, colhidos ainda verdes, podendo ser armazenados sob refrigeração para retardar
o amadurecimento e para aumentar seu período de conservação. Formas de armazenamento
que diminuam a temperatura ambiente ou que aumente a concentração de CO2 e diminuam a
28
concentração de O2 no ambiente, podem diminuir a produção de etileno e suprimir o pico de
respiração climatérica, aumentando a vida após a colheita dos frutos (SANTELLI, 2005).
Os frutos não climatéricos não apresentam picos de evolução de CO2 e etileno. A
sequência do amadurecimento destes frutos não climatéricos é lenta e, normalmente, a sua
respiração mantém-se em declínio até a senescência, ou seja, a intensidade de sua respiração é
alta quando recém colhidos, diminuindo com o tempo (RHODES, 1980). Segundo Chitarra e
Chitarra (2005), a atividade respiratória é influenciada pela composição do fruto
completamente formado e pelas alterações químicas que ocorrem durante a fase de
maturação. Sendo assim, o controle da respiração é essencial para obtenção de condições
adequadas de armazenamento de produtos perecíveis.
O estádio de maturação, em que os frutos são colhidos, determina a sua qualidade
quando oferecidos ao consumidor. Frutos colhidos imaturos, além de pouca qualidade, têm
alto índice de perda de água e são bastantes suscetíveis às desordens fisiológicas. Por outro
lado, quando colhidos muito maduros, entram rapidamente em senescência (MANICA et al.,
2000). Os frutos são fontes de energia, açúcares e nutrientes que contribuem para uma dieta
rica e, em grande parte, existe presenças de constituintes químicos com propriedades
bioativas, como antioxidantes, carotenoides, vitamina C e fenólicos (MAIANI ET AL., 2009).
2.5 COMPOSTOS BIOATIVOS EM FRUTOS
O interesse no estudo dos compostos bioativos tem aumentado muito, devido
principalmente à habilidade antioxidante desses compostos em sequestrar radicais livres, os
quais são prejudiciais à saúde humana (DORMAN et al., 2003).As frutas são consideradas
fontes importantes de macro e micronutrientes, mas também possuem outros compostos com
propriedades bioativas, que promovem benefícios adicionais à saúde e protegem o corpo
humano contra diferentes doenças crônicas, como obesidade, diabetes mellitus, dislipidemias,
hepatopatias e cânceres (DEMBITSKY et al., 2011; DEVALARAJA; JAIN; YADAV, 2011).
Dentre os compostos que possuem atividade antioxidante, insere-se a classe dos
fenóis (ácidos fenólicos e seus derivados), carotenoides, flavonoides, tocoferóis, fosfolipídios,
ácido fítico, ácido ascórbico, vitaminas A e E, zinco, selênio, pigmentos e esteróis
(ROESLER et al.2008). Aqueles com ação antioxidante, como as vitaminas e os compostos
fenólicos, têm atraído grande interesse por seus efeitos comprovados na proteção contra o
estresse oxidativo (DAI; MUMPER, 2010; MALTA et al., 2012; NIKI, 2010). Os
antioxidantes naturais (Figura 6) são formados por compostos presentes emmatérias primas de
origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo
o ácido ascórbico, os caroteno
Figura 6. Representação esquemática da estrutura química de
(FONTE: AMBROSIO, CAMPOS E FARO, 2006).
Os compostos fenólicos são uma classe
vegetais de forma livre ou conjugada. São produtos do met
que, além de desempenharem funções de proteção, em decorrência da propriedade
antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e
adstringência (BORGUINI, 2006).
apresentam variedade de funções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual
constituem um grupo bastant
metabólicas básicas estão envolvidas na síntese destes compostos
e a rota do ácido malônico
carboidratos derivadosda glicólise e da rota da pentose fosfato em
Um dos intermediários dessa rota é o ácido chiquímico, qu
reações (DUKE; HOAGLAND 1985).
origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo
o ácido ascórbico, os carotenoides e os compostos fenólicos (JARDINI, 2005).
Representação esquemática da estrutura química de alguns antioxidantes naturais
(FONTE: AMBROSIO, CAMPOS E FARO, 2006).
Os compostos fenólicos são uma classe extensa de antioxidantes,presente nos
ou conjugada. São produtos do metabolismo secundário
nharem funções de proteção, em decorrência da propriedade
antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e
adstringência (BORGUINI, 2006). Devido à sua diversidade química, os com
unções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual
constituem um grupo bastante heterogêneo do ponto de vista metabólico. Duas rotas
s estão envolvidas na síntese destes compostos: a rota do ácido chiquímico
ácido malônico (Figura 7). A rota do ácido chiquímico converte precursores de
carboidratos derivadosda glicólise e da rota da pentose fosfato em aminoácidos aromáticos.
intermediários dessa rota é o ácido chiquímico, que dá o nome a essa sequ
reações (DUKE; HOAGLAND 1985).
29
origem vegetal, processadas ou não, como as frutas e hortaliças, incluindo-se se os tocoferóis,
ides e os compostos fenólicos (JARDINI, 2005).
alguns antioxidantes naturais
extensa de antioxidantes,presente nos
abolismo secundário, e sabe-se
nharem funções de proteção, em decorrência da propriedade
antioxidante, contribuem para conferir qualidades sensoriais de vegetais como cor e
Devido à sua diversidade química, os compostos fenólicos
unções biossintetizados por meio de diferentes rotas,razão pela qual
metabólico. Duas rotas
: a rota do ácido chiquímico
. A rota do ácido chiquímico converte precursores de
aminoácidos aromáticos.
e dá o nome a essa sequência de
30
Figura 7. Rota do ácido chiquímico e ácido malônico (TAIZ; ZEIGER, 2004).
A classe mais abundante de compostos fenólicos secundários, em plantas, é derivada
da fenilalanina, por meio da eliminação de uma molécula de amônia para formar o ácido
cinâmico. Essa reação é catalisada pela fenilalanina amonialiase (PAL), talvez a enzima mais
estudada no metabolismo secundário vegetal.Muitos autores têm relacionado os efeitos
benéficos, à saúde do homem, do consumo regular de frutas, vegetais e grãos à presença de
substâncias antioxidantes, como os compostos fenólicos, carotenoides e a vitamina C
(VASCONCELOS et al., 2006; PIENIZ et al., 2009). A vitamina C está amplamente
distribuída em diversas espécies vegetais e, desempenha importantes funções para a nutrição
humana, como formação de tecido conjuntivo, produção de hormônios e anticorpos,
biossíntese de aminoácidos e atividade antioxidante (OLIVEIRA et al., 2012). A vitamina C
ou ácido ascórbico é uma substância hidrossolúvel e termolábil, encontrada principalmente
em alimentos de origem vegetal, como as frutas, o conteúdo e a estabilidade do ácido
ascórbico nas frutas podem ser utilizados como indicativo da qualidade nutricional e do
estado de conservação desses alimentos (VALENTE et al., 2011).
A síntese e acúmulo de compostos fenólicos, carotenoides e vitaminas em frutos é
variável em função da espécie, variedade, manejo, condições climáticas, estádio de
amadurecimento e condições de armazenamento (LIMA etal. 2005; FERREYRA et al.
2007).Vários métodos têm sido desenvolvidos para estimar a capacidade antioxidante in vitro
dessas substâncias em frutos. Dentre esses métodos, tem-se o método DPPH que envolve os
31
mecanismos de transferência de elétrons e de átomos de hidrogênio, e fundamenta-se na
capacidade dos antioxidantes em reduzir o radical DPPH•, com mudança simultânea na
coloração (de violeta para amarelo). Este método é considerado um dos mais simples, precisos
e reprodutivos, muito utilizado para frutas, extratos de plantas e substâncias puras
(SHARMA; BHAT, 2009). A capacidade antioxidante equivalente ao Trolox (TEAC), ou
método ABTS, envolve o mesmo mecanismo de reação do método DPPH, e consiste na
capacidade dos antioxidantes em eliminar o radical ABTS•+, que tem sua absorbância
reduzida à medida que reage com os antioxidantes. Este método pode ser aplicado para
antioxidantes lipossolúveis e hidrossolúveis, sob a forma de compostos puros ou amostras de
alimentos (VASCONCELOS et al., 2006).
Existe uma falta de padronização em relação ao método para determinação da
capacidade antioxidante em frutos. É recomendada a combinação de pelo menos dois desses
métodos para fornecer resultados mais completos e representativos da capacidade
antioxidante de frutas (PÉREZ-JIMÉNEZ et al. 2008).Em estudos com outros frutos do
Cerrado, como araçá, marolo, jenipapo, murici, graviola e maracujá-do-cerrado, autores
observaram a presença relevante de nutrientes distintos e substâncias antioxidantes nos frutos
(DAMIANI et al., 2011; SOUZA et al., 2012)
32
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40
PARTE 2
3 ASPECTOS FISIOLÓGICOSDO DESENVOLVIMENTO DA CAGAITA (EUGENIA
DYSENTERICA) SILVA, M. M. M. Aspectos fisiológicos do desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica). In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia
dysenterica). Parte 2, p. 38-62. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.
RESUMO
Muitas espécies frutíferas nativas da região do Cerrado brasileirotêm grande potencial econômico e ecológico, bem como importância social para a população nativa. A cagaita, pertencente à família Myrtaceae, é pouco estudada, e nada se sabe sobre seu desenvolvimento fisiológico. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas (massa, diâmetro transversal e longitudinal do fruto, coloração, firmeza) e as químicas (atividade respiratória, etileno, pH, sólidos solúveis e acidez titulável, clorofila total, carotenoides, açúcares, pectina total e solúvel) da antese até seu amadurecimento. O desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, de agosto até a primeira semana de setembro de 2014, sendo que com 34 dias, após a antese (DAA), o fruto já possuía características físicas e químicas aceitáveis para o consumo in natura. Ao longo do desenvolvimento, verificou-se aumento constante na massa total dos frutos e aumento significativo do diâmetro transversal e longitudinal (p>0,05),ajustando-se ao comportamento sigmoidal duplo em resposta à variação do tempo. A partir do 23° DAA, observou-se inicio da perda de firmeza, aumento nos teores de pectina total e solúvel e diminuição do conteúdo de amido. O parâmetro hue (H), 10 DAA até 31 DAA indicou coloração da casca verde a verde-amarelado, passando para cor amarela após os 31 DAA até o seu completo amadurecimento. Foi possível verificar a degradação da clorofila total e desmascaramento dos carotenoides a partir dos 31° DAA. Houve diminuição do pH e, consequentemente, aumento da acidez durante o desenvolvimento, com baixo teor de açúcares solúveis. No final do desenvolvimento foi observado o pico respiratório e produção de etileno, sugerindo comportamento climatérico. Foi possível avaliar as características físicas e químicas do fruto e determinar que 31 DAA é o período em que inicia os principais processos bioquímicos e fisiológicos fundamentais do fruto.
Palavras-chave:Eugenia dysenterica, ciclo vital, amadurecimento.
41
PHYSIOLOGICAL ASPECTS OF DEVELOPMENT CAGAITA (EUGENIA
DYSENTERICA)
ABSTRACT
Many native fruit species from the Brazilian Cerrado region has great economic and ecological potential, and social importance for the native population. The cagaita belonging to the Myrtaceae is little studied, and nothing is known about their physiological development. Thus, the objective of this study was to evaluate the physical characteristics (mass, transverse and longitudinal diameter of fruit, color, firmness) and chemical (respiration, ethylene, pH, soluble solids and titratable acidity, total chlorophyll, carotenoids, sugars, total pectin and soluble) from anthesis to ripening. The total fruit development comprised 37 days of August to the first week of September 2014, and 34 days after anthesis (DAA), the fruit already had physical and chemical characteristics acceptable for fresh consumption. Throughout the development, there was steady increase in total fruit and significant increase in transverse and longitudinal diameter (p> 0.05), setting the double sigmoidal behavior in response to variation of time. From 23 ° DAA observed onset of loss of firmness, increase in total and soluble pectin content and a decrease in starch content. The hue parameter (H), 10 DAA to 31 DAA indicated color green peel yellowish-green, changing to yellow after 31 DAA to its full maturity. It was possible to verify the degradation of chlorophyll and unmasking of carotenoids from 31 ° DAA. A decrease in pH and therefore increasing acidity during development, with a low content of soluble sugars. At the end of the development was observed the highest respiratory rate and ethylene production, suggesting climacteric behavior. It was possible to evaluate the physical and chemical characteristics of the fruit and determine that 31 DAA is the period that starts the main key biochemical and physiological processes of the fruit. Keywords:Eugenia dysenterica, life cycle, maturation.
42
3.1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o Cerrado destaca-se como o segundo maior bioma
nacionalcorrespondendo a um quarto do território, porém, vem sofrendo rápida transformação
dos ambientes naturais em áreas agrícolas e pastagens. Apresenta grande diversidade de
produtos, os quais podem ser potencialmente viáveis à exploração econômica (REZENDE;
CÂNDIDO, 2014). Muitas espécies frutíferas, nativas da região do Cerrado brasileiro, tem
grande potencial econômico e ecológico, bem como importância social para a população
nativa (CORRÊA et al., 2011).
A cagaita, pertencente à família Myrtaceae, compreende 14 géneros e é representada
por 211 espécies que ocorrem naturalmente no cerrado. É encontrada nos estados brasileiros
de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e Bahia (SILVA; CHAVES; NAVES, 2001).
Possuindo grande potencial para uso em sistemas agrícola, a cagaiteira tem produção elevada
e, relativamente estável ao longo dos anos, sendo seus frutos utilizadospara elaboração de
produtos processados (VIEIRA et al. 2010).
Apesar da grande importância desta espécie, poucos são os trabalhos quanto ao seu
desenvolvimento fisiológico, o que apresenta extrema importância no conhecimentoda flora
desse bioma (CARNEIRO; MAPELI, 2013).
A avaliação do padrão de desenvolvimento de um fruto, a partir do florescimento,
auxilia no estabelecimento de índices de maturidade baseado no aspecto aparente (tamanho,
diâmetro, cor, etc.) e na composição química (sólidos solúveis, acidez titulável, etc.)
(COOMBE, 1976). Porém, estes índices podem variar consideravelmente, dependendo do
local de cultivo, cultivares e condições climáticas do ano de crescimento (BIALE; YOUNG,
1962). Um dos índices mais utilizados na determinação do ponto de colheita é o número de
dias desde a floração até o desenvolvimento pleno do fruto (WARRINGTONet al., 1999).
Durante o desenvolvimento, o fruto passa por diversas etapas, ou estádios, com
características bem definidas, cuja avaliação é importante para o entendimento das alterações
que ocorrem durante o ciclo de desenvolvimento (ÁLVARES et al. 2004).
O conhecimento dos estádios de desenvolvimento de frutos é essencial para auxiliar
na determinação de práticas culturais, podendo revelar períodos críticos no desenvolvimento
dos frutos que possibilitem a produção com qualidade, como também a colheita na época
correta (SALOMÃO et al. 2006). Entretanto, o período da antese à colheita dos frutos pode
variar devido a diferentes fatores, como condições climáticas, variedades e época do ano.
43
Esses fatores interferem diretamente no desenvolvimento da planta e,
consequentemente, no desenvolvimento fisiológico do fruto (CAVICHIOLI et al.
2006).Diante do exposto, objetivou-se caracterizar fisiologicamente a cagaita (Eugenia
desynterica) desde a antese até o seu completo amadurecimento.
44
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Obtenção dos frutos e instalação do experimento
O trabalho foi inicialmente conduzido em área nativa,com formação típica do
cerrado, localizada no município de Abadia-GO, latitude de -16° 45' 26'' e longitude de -49°
26' 15'' entre o período de agosto a setembro de 2014. Foram selecionados, ao acaso, 30
exemplares da espécie Eugenia dysenterica, e marcadas com fios de lã, de cores diversas por
ocasião de antese, em diferentes posições da planta. Após a formação dos frutos, estes foram
coletados e divididos em três lotes iguais. Em intervalos de quatro dias, a partir da antese,
cerca de 40 frutos foram coletados, acondicionados em sacos de polietilenos de baixa
densidade e transportados para o Laboratório de Análise de Alimentos, da Escola de
Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, onde foram selecionados quanto
à integridade física, ausência de danos mecânicos e patogênicos.
3.2.2 Delineamento experimental
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC),
sendo que os tratamentos foram dispostos por fatorial simples, constituído pelos pontos de
colheita (10, 14, 18, 23, 27, 31, 34 e 37 dias após antese) em triplicata. Os frutos foram
submetidos à análises de massa, diâmetros transversal e longitudinal, coloração, atividades
respiratórias, etileno, firmeza, sólidos solúveis totais, pH e acidez titulável (ácido cítrico),
análises estas realizadas logo após a colheita, no mesmo dia. Os frutos remanescentes foram
submetidos ao congelamento em nitrogênio líquido e, em seguida,armazenados em freezer a -
18°C, para posterior realização de análises como clorofila total, carotenoides totais, pectina
total e solúvel, açúcares solúveis e amido, sendo estas realizadas a partir do 18° dia após
antese.
3.2.3 Análises físicas e químicas
As análises físicas e químicas foram realizadas na Universidade Federal de Goiás,
em Goiânia, no Laboratório de Análises Físico-Químicas de Alimentos, da Escola de
Agronomia, no Laboratório de Química e Bioquímica de Alimentos, da Faculdade de
Farmácia (UFG) e no Laboratório de Pós-colheita de Frutas e Hortaliças do Departamento de
Ciências dos Alimentos, da Universidade Federal de Lavras.
45
3.2.3.1 Massa, diâmetro longitudinal e diâmetro transversal
A massa do fruto foi avaliada, utilizando balança semi-analítica, expressada em
grama (g) e os diâmetros longitudinal e transversal foram obtidos com o auxilio depaquímetro
analógico, sendo realizado 12 repetições. Os resultados foram expressos em milímetros (mm).
3.2.3.2 Firmeza
A firmeza foi determinada, individualmente, no fruto inteiro com a casca, na região
equatorial, utilizando Prob P2/N (2mm) em texturômetro (Texture Analyser, TA-XT Plus,
Surrey, Inglaterra), sendo os resultados expressos em Newton (N).
3.2.3.3 Coloração
A cor foi determinada em três pontos distintos da casca, por meio da leitura de três
parâmetros com a determinação no modo CIE L*a*b*, fornecidas pelo colorímetro
(Hunterlab, ColorQuest II) . Coordenada L* representa mais clara e mais escura é a amostra,
com valores variando de 0 (totalmente preta) a 100 (totalmente branca); a coordenada a*
assume valores de – a* e +a*, em que os extremos correspondem ao vermelho e verde,
respectivamente, e a coordenada b*, com intensidade de azul ao amarelo pode variar de – b*
(totalmente azul) a + b* (totalmente amarelo).
3.2.3.4 Sólidos solúveis totais
O teor de sólidos solúveis totais foi determinado, por meio da leitura dos graus Brix
em refratômetro digital (AR 200), 25°C em três repetições, de acordo com método proposto
pela AOAC (2010).
3.2.3.5 Potencial hidrogeniônico (pH)
A determinação do pH foi realizada, utilizando-se potenciômetro digital (TEC-
3MPp). O aparelho foi calibrado com solução tampão de pH 4,0 e 7,0 , em seguida, realizou-
se a leitura direta com imersão do eletrodo no béquer, contendo a amostra macerada em
solução aquosa, em três repetições, segundo metodologia proposta pela AOAC (2010).
3.2.3.6 Acidez titulável
A acidez foi determinada por titulação, com solução de hidróxido de sódio (NAOH)
0,01N, e expressa em ácido cítrico em três repetições, conforme a AOAC (2010).
46
3.2.3.7 Atividade respiratória
A atividade respiratória foi determinada com auxílio de analisador de O2/CO2
(Illinois – LL6600)em cinco repetições, na qual os resultados foram expressos em mg
CO2.Kg fruto-1.h-1.
3.2.3.8 Etileno
A liberação do gás etileno foi determinada por cromatografia em fase gasosa,
conforme descrito por Fan et al. (1999), no qual dois frutos foram acondicionados em frascos
hermeticamente fechados, durante uma hora, a 25ºC. Ao vedar-se os frascos e passado o
período de acondicionamento, uma agulha múltipla foi acoplada ao tubo de vacutainer (Vacu
Tube) e, ao recipiente de vidro, por meio de um septo, onde coletou-se 9 ml da atmosfera
gasosa. As amostras foram injetadas em cromatógrafo gasoso, marca CG, equipado com
detector de condutividade térmica e coluna empacotada com Porapak-Q (60 -100 mesh, 1m de
comprimento e 3,2mm de diâmetro interno). Utilizou-se como gás de arraste o nitrogênio
(N2 - 80 kPa), com o fluxo de 40 - 45 mL min-1. Os resultados foram expressos em µL g-1 h-1.
3.2.3.9 Amido
Após extração e hidrólise química, foi realizado o doseamento pelo método de
Somogyi, adaptado por Nelson (1944), e os resultados expressos em porcentagem (%).
3.2.3.10 Pectina total e solúvel
Foram extraídas de acordo com a técnica de McCready e McColomb (1952) e,
determinadas, espectrofotometricamente, a 520nm segundo Blumenkrantz & Asboe-Hansen
(1973). Os resultados foram expressões em mg de ácido galacturônico por 100 g de polpa.
3.2.3.11 Clorofila Total
A clorofila total foi determinadaconforme metodologia desenvolvida por Bruinsma
(1963), utilizando 1 g de casca fresca triturada em 10 mL de acetona a 80%,homogeneizando
com auxilio de um homogeneizador de tecidos. O extrato obtido foi transferido para balão
volumétrico de 50 mL, completando-se com acetona. Após 15 horas de repouso no escuro
realizou-se a filtração. A leitura da absorbância do extrato foi realizada em
espectrofotômetromarca Rayleigh UV-1800 a 652nm e, os resultados expressos em mg de
clorofila total/100g de amostra, segundo a equação adotada por Engel & Poggiani (1991):
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Clorofila total =[(A652 ´ 1000 ´ v/1000w)/34,5] ´ 100
no qual: v= volume final do extrato clorofila;
acetona; w= peso da casca em g;
A652= leitura da absorbância a 652nm. (Equação 1)
3.2.3.12 Carotenoides Totais
Os carotenoides totais foram determinados, conforme a metodologia proposta por
Higby (1962). Para a obtenção do extrato, pesaram-se 2 g da amostra e acrescentaram-se 20
mL da mistura acetona - hexano na proporção (4:6). Agitou-se por 10 min em agitador
magnético, em seguida filtrou-se a solução. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro
a 450nm marca Rayleigh UV-1800, e os resultados foram expressos em mg de carotenoides
totais/100g de amostra.
3.2.3.13 Açúcares solúveis
As concentrações de sacarose, glicose e frutose foram determinadas através da
metodologia descrita por IC Application Note (2015). Para tal, foi utilizado cromatógrafo de
íons 930 Compact IC Flex (Metrohm, Herisseau, Suiça) com uma coluna acoplada Metrosep
Carb 1 (150/4,0) e fase móvel hidróxido de sódio (100 mmol.L-1). As amostras foram diluídas
utilizando água ultrapura e filtradas utilizando filtro com diâmetro de poro 0,45 µm. As
condições de corrida foram, volume de injeção de 0,25 µL, fluxo de 1,0 mL.min-1,
temperatura do forno de 35°C e tempo de corrida de 9 minutos. Os resultados foram
comparados com uma curva de calibração previamente montada, com soluções-padrões entre
as concentrações 1 e 1000 mg.L-1 (glicose e frutose) e 1 e 100 mg.L-1 (sacarose).
3.2.4 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa SISVAR
(FERREIRA, 2011). As médias dos períodos de avaliação foram submetidas à regressão
polinomial, no qual os modelos foram selecionados de acordo com a significância do teste F e
pelo o coeficiente de determinação.
48
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O aparecimento da gema apical na cagaita foi observado no início do mês de agosto
de 2014, logo após o período chuvoso, em área nativa localizada no município de Abadia, no
sudoeste de Goiás. Após uma semana do período chuvoso, iniciou-se a floração da cagaita,
com abertura da flor (antese) e botões florais, a uma temperatura máxima de 31°C e mínima
de 15°C, e umidade a 14% mínima e 51% máxima segundo o site The Weather Channel.
Os primeiros indícios do aparecimento dos frutos foram constatados juntamente com
a presença de flores murchas e folhas das árvores avermelhadas (Figura 1). O
desenvolvimento total do fruto compreendeu 37 dias, de agosto até a primeira semana de
setembro de 2014, a partir da antese (abertura da flor) até a abscisão dos frutos da planta-mãe,
sendo que com 34 dias após a antese, o fruto já possuía características físicas e químicas
aceitáveis para o consumo in natura.
Figura 1.a) presença da gema apical, b) abertura da flor e botões florais e c) folhas
avermelhadas na planta cagaiteira,localizada no Município de Abadia-GO (Fonte: arquivo
pessoal).
a) b)
c)
49
A avaliação do desenvolvimento dos frutos, em geral, é baseada na evolução dos
atributos físicos, tais como comprimento, diâmetro, volume, massas, associados à avaliação
de alterações nas características físico-químicas, medidas a intervalos regulares durante o
ciclo ou estádios (ÁLVARES et al. 2004).
Ao longo do desenvolvimento do fruto, verificou-se aumento constante na massa
total dos frutos, da antese até o seu amadurecimento. O acréscimo de matéria fresca do fruto
foi rápido no início do ciclo, com aumento de 0,229±0,08 g para 12,287±1,46 g entre o 10° e
23° DAA respectivamente, caracterizando o I estádio de crescimento, onde o fruto passa por
um período de rápido crescimento, certamente resultante do processo de expansão e
multiplicação celular (COOMBE, 1976). Outra etapa foi verificada entre o 27° e 31° DAA,
com tendência à estabilização da massa fresca do fruto, endurecimento e lignificação do
endocarpo, caracterizando o estádio II. Após este período, verificou-se acréscimo na massa
fresca do fruto, marcando o estádio III, período de rápida expansão das células e maturação do
fruto apresentando em média 25,401±0,34 g (37 DAA), sendo definido como um fruto de
crescimento rápido com comportamento sigmoidal duplo (Figura 2). Este acréscimo, a partir
dos 31, dias foi verificado em todas as análises estudadas, caracterizando o estádio III no
fruto. De acordo com Hulme (1970), o período de crescimento rápido, no tamanho do fruto é
devido ao incremento do número e do volume das células. Silvaet al. (2001) e Cardoso et al.
(2011) encontraram, no sudeste do Estado de Goiás frutos de cagaita pesando entre 11 g e
33,8 g, e 15,22 g a 37 g, respectivamente.
Observou-se aumento significativo do diâmetro transversal desde a antese até o seu
amadurecimento, atingindo em média 38 mm no 37° dia. Este aumento, também foi
verificado no diâmetro longitudinal (36 mm) até 23° dias após antese (DAA), os quais
seguiram de uma fase de instabilidade, com decréscimo, sem muitas mudanças aparentes nas
dimensões, no qual possivelmente o fruto atingiu seu tamanho definitivo nesse período (30
mm), ajustando-se ao comportamento sigmoidal duplo, em resposta à variação do tempo
(Figura 2). Camilo (2014) encontrou,em frutos da cagaiteira em Goiânia-GO, valores médios
do diâmetro longitudinal entre 26 mm e 30 mm, e valores do diâmetro transversal entre 32
mm e 36 mm em frutos maduros, próximos aos obtidos neste estudo. Muitos frutos crescem
de acordo com uma típica curva sigmoide, por exemplo, a curva de crescimento de frutos de
maçã, pêra, morango, pepino, banana, tomate, laranja, abacate, melão e abacaxi são
tipicamente sigmoides. Outros frutos, tais como uva, figo, oliva, groselha, e os frutos simples
com caroço (cereja, damasco, pêssego, ameixa) apresentam uma interessante curva dupla-
sigmoide (FERRI, 1985), como caracterizada neste estudo para a cagaita, com três estádios
50
distintos. No primeiro estádio do desenvolvimento há um rápido crescimento, devido à
divisão e expansão celular, e no segundo estádio, verificam-se importantes mudanças
fisiológicas e anatômicas do fruto como diminuição do ritmo de crescimento da polpa, com
endurecimento do caroço e formação parcial ou total da semente. No estádio III, a polpa
retoma seu crescimento, aumentando os volumes celulares e os espaços intercelulares
(VÁLIO, 1979; FELIPPE, 1979; KING et al., 1987). No terceiro estádio ocorre a maturação,
onde acontecem as principais mudanças físicas e bioquímicas do fruto (MEDEIROS;
RASEIRA, 1998).
Figura 2. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de a) massab)diâmetro transversal e c)diâmetro longitudinal durante o desenvolvimento da
cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO, no período de agosto a setembro de
2014.
A evolução das características do diâmetro longitudinal, transversal e massa, foram
significativas (p>0,05), entretanto, apresentaram variações dos diâmetros, principalmente
longitudinal e massa, entre os frutos de uma mesma área, que pode ser caracterizado
y = -0,004x2 + 1,248x - 13,77R² = 0,961
-5
-2
1
4
7
10
13
16
19
22
25
28
10 15 20 25 30 35 40
Mas
sa (
gram
as)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,024x2 + 2,322x - 13,87R² = 0,996
0,5
5,5
10,5
15,5
20,5
25,5
30,5
35,5
40,5
45,5
10 15 20 25 30 35 40
Diâ
met
ro t
rans
vers
al (
mm
)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,002x3 + 0,076x2 + 1,262x - 12,62R² = 0,909
0,5
5,5
10,5
15,5
20,5
25,5
30,5
35,5
40,5
45,5
10 15 20 25 30 35 40
Diâ
met
ro l
ongi
tudi
nal (
mm
)
Dias Após Antese (DAA)
a)
c) b)
51
comofalta de homogeinização na frutificação. Há 37 dias após antese, em uma mesma área,foi
coletado frutos maduros de diversos diâmetros e massa (Figura 3).
Figura 3. Variação visual na massa e nos diâmetros longitudinal e transversal de cagaitas
(Eugenia dysenterica) coletadas 37 dias após antese no Município de Abadia-GO na mesma
área (Fonte: arquivo pessoal).
Como os frutos coletados neste estudo eram de uma área nativa, a variação fenotípica
existente é bastante influenciada por componentes ambientais não controlados, tais como a
condição de antropização, o solo, o clima, a idade da planta, além das diferenças genéticas.
Costaet al. (2004) ressaltam que, no início do crescimento do fruto, a ocorrência de estresse
fisiológico interfere no período de fornecimento de fotossintatos aos frutos, afetando o
tamanho e, possivelmente, seu formato, podendo estar associado à luminosidade, temperatura,
disponibilidade hídrica, nutrição entre outros fatores.
O teor de sólidos solúveis, nos frutos durante o desenvolvimento, foi caracterizado
por um aumento significativo (p>0,05), compreendendo valores médios de 5,33°Brix aos 10
DAA e 10,7°Brix no final do desenvolvimento (37 DAA) (Figura 4).
O aumento nos teores de sólidos solúveis totais deve-se principalmente a conversão
do amido em açúcares mais simples, uma das mudanças bioquímicas de maior relevância,
tornando os frutos mais doces conforme o tempo de desenvolvimento, em especial no
amadurecimento. O amido é o principal carboidrato de reserva nos órgãos vegetais e sua
hidrólise produz glicose que, por sua vez, é oxidada nas reações subsequentes (PINHEIRO,
2009).
52
Figura 4. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de a)sólidos solúveis b)pH e c)acidez titulável da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em
Abadia-GO durante seu desenvolvimento.
Em relação aos valores obtidos para pH, os frutos apresentaram decréscimo ao longo
do desenvolvimento, compreendendo valores entre 4,27 (10 DAA) e 3,36, no final do
desenvolvimento, classificando os frutos, segundo Azeredo (2004), como ácidos.
Foramobservados pequenos aumentos no 23° DAA (3,82) e no 34° (DAA) (3,41), após
antese, porém sem grandes variações (Figura 4). Os valores de pH encontrados neste estudo,
para frutos maduros entre 34 e 37 DAA, foram próximos aos obtidos por Cardoso (2011) em
frutos oriundos de Minas Gerais (3,28), e por Souza (2006) com pH de 3,20 na safra de 2005
em Goiânia-GO.
A acidez titulável, em contra partida (Figura 4), observou-se estabilidade entre 10
DAA até 27 DAA com valores em torno de 0,29 g de ácido cítrico 100g-1, com aumento
significativo no 31° DAA (0,41 g de ácido cítrico 100g-1) até o final do desenvolvimento (37
y = -0,000x3 + 0,038x2 - 0,616x + 8,223R² = 0,997
5
6
7
8
9
10
11
12
10 15 20 25 30 35 40
Sólid
os S
olúv
eis
(°B
rix)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,001x2 - 0,079x + 4,919R² = 0,902
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
10 15 20 25 30 35 40
pH
Dias Após Antese (DAA)
y = 4E-05x3 - 0,001x2 + 0,030x + 0,141R² = 0,913
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
0,65
0,7
10 15 20 25 30 35 40
Aci
dez
(% á
cido
cít
rico
)
Dias Após Antese (DAA)
a)
b) c)
53
DAA) com 0,62 g de ácido cítrico 100g-1 (p>0,05). Cardoso (2011), avaliando frutos maduros
de cagaita,obteve média de 0,73 g de ácido cítrico 100g-1 e Oliveira Júnior et al. (1997),
obteve média de 0,71%, próximo ao obtido neste estudo.
Em geral, durante o amadurecimento, os frutos tendem a aumentar o pH e diminuir a
acidez, cujo os teores de ácidos orgânicos reduzem com o amadurecimento, podendo ser
atribuídos a sua oxidação no metabolismo respiratório (FENEMA, 1993). Kays (1991)
ressalta que, na maioria dos frutos, o teor de ácidos orgânicos diminui com o
amadurecimento, devido à utilização desses ácidos no ciclo de Krebs, durante o processo
respiratório e nas reações de síntese de novos compostos. Essas mudanças, na acidez, são
importantes no desenvolvimento do sabor característico dos frutos.
Entretanto, houve aumento da acidez, associada com a diminuição do pH, que,
segundo Oliveira (2002) é possível devido a formação de ácido galacturônico, proveniente da
hidrólise da pectina pela pectinesterase. Outra possível explicação para diminuição da acidez,
de acordo Draetta et al. (1995), é que a celulose e a pectina das paredes celulares são
transformadas em compostos solúveis, pela ação de enzimas presentes no fruto,
principalmente na polpa, aumentando a acidez do suco devido o aumento dos ácidos
orgânicos. Isto explica, também, o baixo teor de sólidos solúveis na cagaita, sendo
influenciados pelo possível teor de ácidos orgânicos presentes na polpa.
Outros parâmetros de importância, no desenvolvimento de frutos, é sua taxa
respiratória e produção de etileno. A taxa respiratória da cagaita foi intensa nos primeiros dias
com produção de 2649,58 mg de CO2 kg-1h-1 no 10°DAA, com decréscimos até o 23° DAA
(314,5 mg de CO2 kg-1h-1). Após este período houve aumento na taxa respiratória observado
até o 34° DAA com produção de 1221,84 mg de CO2 kg-1h-1, pico considerado máximo
durante o desenvolvimento em relação ao amadurecimento, seguido de novo decréscimo
quando o fruto atingiu os 37 dias após antese com produção de 295,41 mg de CO2 kg-1h-1
(Figura 5). O nítido aumento na taxa respiratória no 34° DAA é caracterizado pelo
comportamento climatérico do fruto, que é acompanhado, também, por um pico de produção
de etileno que pode ser antes, durante ou depois do aumento da respiração. Os valores
extremos obtidos no 10° e 14° DAA (2649,58 e 1106,48 mg de CO2 kg-1h-1) são resultados do
estádio em que os frutos se encontravam, denominada fase de crescimento. De acordo
comSteffens et al. (2007), na maioria dos frutos, a taxa de respiração é alta quando eles são
jovens, um período caracterizado pelo rápido crescimento devido as altas taxas de divisão e
expansão celulares. A taxa de respiração, então, decresce e mantém-se aproximadamente
constante durante a maturação e mesmo durante o amadurecimento.
54
Figura 5.Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
da a)etileno (µL·kg-1·h-1) e b)taxa respiratória (mg·kg-1·h-1) durante o desenvolvimento da
cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO.
Em relação à produção de etileno, este pode ser produzido em quase todas as partes
dos vegetais, embora a taxa de produção dependa do tipo de tecido e do estádio de
desenvolvimento. Reconhecido como hormônio que acelera o amadurecimento em frutos, sua
produção foi quase que estável entre o 10° a 27° DAA, compreendendo valores entre 0,03101
a 0,03786 µL de etileno kg-1h-1. Foi observado aumento na produção de etileno no 31° DAA
seguido por diminuição. No entanto, um súbito aumento foi verificado no 37° DAA,
apresentando produção de 0,3013 µL de etileno kg-1h-1, sem redução após este episodio
(Figura5).
Este súbito aumento na produção de etileno (37° DAA), está relacionado ao provável
amadurecimento do fruto, sendo registrado o pico climatérico que, ao passar do tempo, com a
diminuição da respiração e consumo excessivo de energia pelo fruto, inicia-se o processo de
senescência, levando a morte dos tecidos e tornando o fruto impróprio para o consumo. A
liberação de etileno só começou a ser acrescida depois do 31° DAA, por ocasião do primeiro
pico respiratório, que serviu de incremento para o pico climatérico em resposta ao etileno.
De acordo Leliévre et al. (1997),o repentino aumento na produção de etileno, na fase
do amadurecimento, é considerado como controlador da iniciação das mudanças na cor,
aroma, textura, sabor e outros atributos fisiológicos e bioquímicos. O etileno modula diversos
processos metabólicos, envolvidos no amadurecimento de frutos, coordenando a expressão
gênica que envolve o aumento da taxa respiratória, a degradação de clorofila e a síntese de
carotenoides na casca do fruto, a conversão de açúcares, o aumento na atividade de enzimas
que degradam a parede celular e até mesmo a produção auto-catalítica de etileno (GRAY et
y = 4E-05x3 - 0,002x2 + 0,038x - 0,173R² = 0,759
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
10 15 20 25 30 35 40
Eti
leno
(µ
L d
e et
ileno
kg-
1 h-1 )
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,945x3 + 72,32x2 - 1745,x + 13881R² = 0,971
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
10 15 20 25 30 35 40Tax
a R
espi
rató
ria
(mg
CO
2 kg-1
h-1)
Dias Após Antese (DAA)
a) b)
55
al. 1992). Segundo Purvis (1997), o processo de respiração e biossíntese do etilenoé
fundamental no amadurecimento dos frutos, pois várias reações, acopladas à respiração e ao
etileno, são responsáveis pela síntese de inúmeros compostos, tais como pigmentos,
compostos fenólicos e fitohormônios, dentre eles o etileno necessário para coordenar e
completar o amadurecimento. Comportamento semelhante, em relação ao pico climatérico da
cagaita, foi observado por Mercado-Silva et al. (1998), no México, quando avaliaram goiabas
‘Média China’, o pico climatérico ocorreu quando a fruta já estava completamente amarela e
amolecida, no final do amadurecimento, da mesma forma que a cagaita apresentou maior
liberação de etileno no 37° DAA.
Segundo Fonseca e Cruz (1994), o conhecimento de aspectos relacionados ao
crescimento do fruto e a sua associação com o ponto de maturidade fisiológica é de
considerável importância por subsidiar o planejamento de novos projetos de pesquisa, bem
como fornecer informações que podem ser repassadas, a curto prazo, aos agricultores.
Ao longo do desenvolvimento do fruto, verificou estabilidade nos valores do ângulo
hue até o 31° DAA, com considerável aumento após este período de 175,60 para 191,18
(Figura 6). Esta estabilidade é decorrente ao período em que o fruto permaneceu verde e, em
alguns frutos, ainda verde-amarelado, seguidoda ocorrência do acréscimo nos valores, o que
caracteriza a cor amarela nos 37° dia de desenvolvimento, quando o fruto atingiu seu
amadurecimento. O parâmetro hue (H), corresponde à cor real em que o material se encontra,
desta forma, a cagaita do 10° DAA até o 31° DAA possuía na casca, coloração de verde a
verde-amarelado, passando para cor amarela após o 31° DAA até o seu completo
amadurecimento.
Os valores negativos obtidos para o parâmetro a*, componente de cor que varia de
verde (-) a vermelho (+), indicaram que os frutos de cagaita permaneceram quase que
constante com coloração verde a verde amarelado, variando de -1,57 a -6,03 até 31° DAA
(Figura 6), no entanto, os frutos coletados 10 DAA apresentaram em média valores mais
próximos a valores positivos e, semelhante ao hue, após os 31 DAA os valores passaram a
serem positivos, mostrando alterações na cor do fruto pela perda de clorofila nos cloroplastos,
manifestando carotenoides de coloração amarela.
56
Figura 6. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
dea)Hue e b) coordenada a* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO,
durante o desenvolvimento.
Segundo Chitarra e Chitarra (1990), as mudanças de coloração, ocorridas durante o
amadurecimento das frutas, estão relacionadas com processos degradativos e/ou sintéticos dos
pigmentos presentes nas frutas. Tanto os valores para a variável a* como hue foram
significativos (p>0,05). Os valores de chroma e b* foram semelhantes, já que o valor de b* é
a coordenada da cromaticidade que define a cor amarela para valores positivos e azul para
valores negativos. Neste parâmetro, os valores positivos da coordenada b* e chroma variaram
entre 10,97 a 39,29 e 11,08 a 39,92 respectivamente (Figura 7), sendo os valores 39,29 e
39,92 observados no 14° DAA. Este aumento pode está relacionado à característica do fruto
de apresentar tom verde-amarelado em algumas fases do desenvolvimento, ou, a exposição do
fruto à luz solar, permanecendo sujeitos à queima pelo sol.
y = 0,004x3 - 0,262x2 + 5,002x + 144,5R² = 0,894
165
170
175
180
185
190
195
200
10 15 20 25 30 35 40
Hue
(H
180
°)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,047x2 - 1,984x + 12,80R² = 0,837
-9
-7
-5
-3
-1
1
3
5
10 15 20 25 30 35 40
Val
or a
* (c
asca
)
Dias Após Antese (DAA)
b) a)
57
Figura 7. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de a)b* b)chromae c)L* da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o
desenvolvimento.
Observa-se, por meio da Figura 7, que a variável L* foi significativa (p>0,05) com
valores médios entre 44,86 e 55,0. Este parâmetro mede a variação da luminosidade entre o
preto (0) e branco (100), quanto mais próximo de 100 caracteriza cores mais claras, e 0 cores
mais escuras. De acordo Vilas Boas (2001), o estádio de maturação pode ser caracterizado,
subjetivamente, pelo grau de coloração da casca, que é um importante parâmetro para predizer
a vida de prateleira da fruta como, também, a determinação do ponto de colheita. Entretanto,
segundo Bleinroth et al. (1992), a utilização apenas da coloração da casca do fruto, como
indicativo do ponto de colheita pode dar falsa ideia do ponto de maturação, já que a cor altera-
se com a intensidade de radiação e disponibilidade de água para a planta.
Durante o desenvolvimento do fruto, foi observado diminuição da variável clorofila
total e o incremento dos teores de carotenoides, a partir do 34° dia após antese, indicando o
y = 0,011x3 - 0,821x2 + 18,76x - 102,0R² = 0,689
6
10
14
18
22
26
30
34
38
42
46
10 15 20 25 30 35 40
Val
or b
* (c
asca
)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,011x3 - 0,837x2 + 19,22x - 105,1R² = 0,699
5
10
15
20
25
30
35
40
45
10 15 20 25 30 35 40
Chr
oma
(cas
ca)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,002x3 - 0,196x2 + 4,420x + 18,28R² = 0,602
42
44
46
48
50
52
54
56
58
10 15 20 25 30 35 40
Val
or L
* (c
asca
)
Dias Após Antese (DAA)
a)
b) c)
58
possível amadurecimento do fruto. Os teores de clorofila ganharam aumento entre o 18° DAA
com 0,07 mg. 100g-1 de casca fresca até o 27° DAA com 0,13 mg. 100g-1 (p<0,05), seguido
de queda após este período até seu completo desenvolvimento, chegando a 0,03 mg. 100g-1
de casca fresca no 37°DAA (Figura 8).
Paralelamente, os teores de carotenoides mantiveram-se quase que constante, do 18°
DAA até aproximadamente o 34°DAA, com aumento súbito em seus teores quando atingiu o
37° DAA com 1,48 mg. 100g-1 (Figura 8).
Correlacionando as duas variáveis, nota-se que a cagaita inicia o processo de
desmascaramento dos carotenoides a partir do 34° DAA, mesmo período em que inicia o
processo de degradação da clorofila nos cloroplastos, mecanismo este impulsionado pela
indução do etileno, levando a mudança de cor do fruto de verde para amarelo, o que ocorre na
maioria dos frutos, o que também foi observado no valor a* e ângulo hue neste estudo.
Figura 8. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de a)clorofila total e b)carotenoides totais da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em
Abadia-GO durante o desenvolvimento.
A coloração verde da casca, que gradualmente finda-se com o desenvolvimento do
fruto, é resultado da degradação da clorofila presente no pericarpo e, síntese e/ou
manifestação dos pigmentos carotenoides (MEDEIROS et al., 2011). Os carotenoides podem
ser sintetizados durante o desenvolvimento do fruto, mas permanecem mascarados na
presença da clorofila, assim, com a degradação da clorofila os pigmentos carotenoides
tornam-se visíveis (WIILS et al., 1998). Alves et al. (1995) citam que durante a maturação de
frutos de aceroleira, o conteúdo de carotenoides aumentou de zero para 1,4 mg/100 g, e que a
síntese deste pigmento, na acerola, continuo até o final do amadurecimento ou início da
y = -5E-05x3 + 0,003x2 - 0,060x + 0,437R² = 0,872
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
18 23 28 33 38
Clo
rofi
la t
otal
(m
g.g-1
)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,001x3 - 0,089x2 + 2,242x - 18R² = 0,924
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
18 23 28 33 38
Car
oten
oide
s to
tais
(m
g.g-1
)
Dias Após Antese (DAA)
b) a)
59
senescência.Lima (2005), também observou aumento na síntese de carotenoides durante o
amadurecimento de frutos de aceroleira.
A firmeza revelou acentuado incremento do 10° DAA com 5,83 N até o 23° DAA
(15,03 N) (p<0,05) com pequena redução e estabilidade após atingir o 27° e 31° DAA,
seguindo de declínio até o final do desenvolvimento, sendo que a parte externa permaneceu
mais firme do que a parte interna (Figura 9). Os frutos sofreram perda da firmeza da polpa
basicamente logo após o 23° dia de desenvolvimento, com valor de 8,81N quando atingiu o
37° DAA.
Figura 9. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de firmeza (N) da cagaita (Eugenia dysenterica), coletada em Abadia-GO durante o
desenvolvimento.
O amolecimento da polpa pode ser atribuído à atividade de enzimas hidrolíticas,
como a poligalacturonase (PG) e pectinametilesterase (PME) que promovem intensa
solubilização das pectinas, constituintes da parede celular, o que resulta em perda de firmeza
(ANTHON et al., 2002; SILVA et al., 2009). Asif e Nath (2005), também, reforçam esse
conceito de que a solubilização e despolimerização de pectinas e hemiceluloses resultam na
extensa degradação da parede celular e, como consequência, no amolecimento do fruto com o
amadurecimento. Pelo fato da cagaita possuir teor elevado de água, cerca de 95%, segundo
Martinotto et al. (2008), e casca muito fina, isto após o 23° dia de desenvolvimento, sua
firmeza é bastante influenciada durante a análise de textura, devido ao escoamento imediato
do suco, interferindo nos resultados.
Em relação ao teor de pectina total e solúvel (Figura 10), variáveis estas
determinantes na firmeza dos vegetais,foi possível observar que houve pequeno aumentoem
y = -0,001x3 + 0,053x2 - 0,104x + 2,124R² = 0,859
4
6
8
10
12
14
16
18
10 15 20 25 30 35 40
Fir
mez
a (N
)
Dias Após Antese (DAA)
60
relação a pectina total do 18° DAA com 0,74 g/100 g de polpa fresca até o 23° DAA com
0,78 g/100 g, seguido de queda até o 31°DAA com teor de 0,61 g/100 g e um novo aumento
quando o fruto atingiu seu completo amadurecimento com 0,86 g/100 g no 37°DAA.
Já a pectina solúvel mostrou-se um incremento gradativo a partirdo 31° DAA
(115,32 mg.g-1)provavelmente devido aatividade das enzimas PME e PG responsáveis pela
degradação da parede celular, o que possivelmente, diminuiu a firmeza do fruto.
Figura 10. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de a)pectina totale b)pectinasolúvel da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO
durante o desenvolvimento.
A poligalacturonase é considerada elemento chave na despolimerização da maioria
dos frutos e sua atividade aumenta, significativamente, durante o amadurecimento, levando a
diminuição de tamanho e massa molecular das pectinas e ácido pécticos (SHIGA; LAJOLO;
FILISETTI, 2003). O aumento do teor de pectina total no fruto da cagaita madura (37°DAA),
de acordo com Resende (2004), é possível devido à mobilização parcial da enzima PG,
retenção dela no citoplasma ou regulações secundárias e, de acordo com CARVALHO
(1994),frutos com elevada porcentagem de pectina solúvel são, geralmente, de textura fraca e
pouco resistente ao transporte e armazenamento, pois o aumento nos teores de pectina solúvel
reflete na degradação da parede celular e no amolecimento dos frutos. Isto explica o motivo
pelo o qual a cagaita é um fruto altamente perecível. Nota-se que o conteúdo de pectina total
segue o comportamento do fruto sigmoide duplo, e que quanto mais próximo do
amadurecimento maior é os seus teores. Isto, também, foi observado por Souza (2015),
quando caracterizou frutos de amora-preta e seus resultados mostraram que,quanto mais
tardio o estádio de colheita, maior o teor de pectina total. Dutra (2005),trabalhando com
y = 0,000x3 - 0,012x2 + 0,309x - 1,682R² = 0,799
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
18 23 28 33 38
Pec
tina
tot
al (
g.g-1
)
Dias Após Antese (DAA)
y = 2,639x2 - 136,2x + 1812,R² = 0,914
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
18 23 28 33 38
Pec
tina
sol
úvel
(m
g.g-1
)
Dias após antese (DAA)
b) a)
61
desenvolvimento de mangas ‘Tommy Atkins’,também, observou aumento dos 50 aos 85 dias
após antes de 1050 para 1150 mg/100 g da massa fresca da polpa, depois redução até os 106
DAA com 650 mg/100 g e, finalmente, incremento até os 120 DAA com 1050 mg/100 g .
As pectinas encontram-se, naturalmente, em associação com a celulose e
hemicelulose, que auxiliam na adesão entre as células, sendo considerada a pectina, o
principal agente cimentante da parede celular, contribuindo, desta forma, para firmeza,
resistência mecânica e coesividade do tecido (ZHONGDONGet al.,2006). No entanto, com o
processo de maturação, ocorre o aumento na solubilização e despolimerização de substancias
pécticas que é, geralmente, correlacionado com a diminuição da firmeza do tecido, levando ao
amaciamento dos frutos considerado parte importante do processo de maturação
(WAKABAYASHI, 2003).
Em relação ao teor de amido, presente no fruto da cagaita (Figura 11), foi verificado
aumento do 18° DAA (5,84 g/100g) até o 27° DAA (7,33 g/100g) possivelmente devido ao
acumulo de amido como reserva durante o período de crescimento e maturação,seguido por
queda em seus teores até seu completo amadurecimento, chegando a 3,23 g/100g de amido no
fruto fresco no 37°DAA (p<0,05), indicando a ocorrência da degradação do amido em
açucares, o que também, possivelmente, levou o aumento nos teores de sólidos solúveis do
fruto, tornando mais adocicado.
Figura 11. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
de amido da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO durante o
desenvolvimento.
O amido é uma importante reserva energética vegetal, e sua degradação é uma das
principal transformação ocorrida durante o amadurecimento dos frutos e que dará origem a
y = -0,025x2 + 1,272x - 8,461R² = 0,854
3
3,8
4,6
5,4
6,2
7
7,8
8,6
18 23 28 33 38
Am
ido
(g.g
-1)
Dias Após Antese (DAA)
62
mudanças fundamentais no sabor e na textura dos mesmos (CORRÊA; PINTO; ONO, 2007).
O amido, que se acumula durante o crescimento do fruto, é rapidamente degradado durante o
amadurecimento, uma vez que essa diminuição é evidente nos cloroplastos, onde os grânulos
de amido tornam-se menores e praticamente desaparecem no frutos maduro (KAYS, 1991).
Segundo Adão e Glória (2005), o nível de amido declina para níveis muito baixos com o
amadurecimento e simultaneamente, ocorre aumento no conteúdo de açúcares solúveis,
principalmente, sacarose, glicose e frutose.
Sobre os açúcares analisados, estes foram significativos (p>0,05), em relação ao
desenvolvimento. Nos dias supostamente determinados como maturação do fruto (31 DAA),
os açúcares redutores apresentaram os menores valores de concentração. A máxima
concentração de glicose aconteceu no 23° DDA (21,75 g100g-1), frutose no 23° e 27° DDA
(26,61 e 25,13 g100g-1) e, somente sacarose entrou na faixa prevista de maturação com um
ápice aos 37° DDA (2,31 g100g-1) (Tabela1),no entanto, conteúdo de sacarose foi
extremamente baixo durante o desenvolvimento.
Tabela 1. Concentrações de glicose, frutose e sacarose em amostras de cagaita (Eugenia
dysenterica) coletadas no Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese
(DAA).1234
Amostra Glicose (g 100 g-1) Frutose (g 100 g-1) Sacarose (g 100 g-1)
18 DAA 18,83±0,73b 23,58±0,32ab 0,00
23 DAA 21,75±0,48a 26,61±1,39ª 0,11±0,00c
27 DAA 17,12±0,40bc 25,13±0,55ª 0,10±0,01c
31 DAA 17,04±0,25c 22,38±0,39b 1,20±0,07b
34 DAA 14,97±0,56d 21,84±0,74b 0,88±0,06b
37 DAA 11,29±0,23e 21,82±0,34b 2,13±0,08a
1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
O baixo teor de açucares solúveis é característicos da cagaita, já que apresenta alta
acidez. Entretanto, de acordo Ortolá, Monerri, e Guardiola (2007), a ausência de açúcares
livres pode desencadear a síntese de etileno, devido o desfolhamento, o que reduz
drasticamente o transporte de sacarose para o fruto, aumentando a síntese de etileno e
acumulo do ácido 1-aminociclopropano-1-carboxílico (ACC ). Ribeiro (2011)
63
encontrouelevada concentração de frutose (2,54 g 100 mL-1), seguido pela glicose (1,75 g 100
mL-1) e a concentração mais baixa de sacarose (0,59 g 100 mL-1), em frutos maduros
coletados em Goiás.
Com a interpretação das mudanças ocorridas durante todo o desenvolvimento do
fruto, foi possível identificar e ponderar os processos fisiológicos e bioquímicos ocorridos em
todos os estádios de desenvolvimento do fruto da cagaita,correspondendo,também, as
mudanças nos fatores sensoriais como sabor, odor, cor e textura, das transformações físicas
visíveis, mudanças nos teores de pigmentos, carboidratos e pectinas. A estimativa dos
processos de desenvolvimento de um fruto possibilita estabelecer parâmetros para definir o
ponto mais adequado de colheita e táticas para sua conservação, visando o aumento da vida
útil pós-colheita e processamento tecnológico.
64
3.4 CONCLUSÃO
O ciclo do desenvolvimento fisiológico da cagaita, colhida no Estado de Goiás em
Abadia, compreendeu 37 dias. sendo classificada como de ciclo rápido.
Com 34 DAA o fruto está apto para o consumo in natura, quando apresentam o
epicarpo e mesocarpo amarelo. Para utilização como matéria-prima na agroindústria, pode ser
colhida no 37° DAA.
O comportamento da cagaita ajustou-se a um padrão de desenvolvimento sigmoidal
duplo em resposta a variação do tempo.
No final do desenvolvimento, foi observado o pico climatério respiratório, levando a
degradação do amido e clorofila, desmascaramento dos carotenoides e solubilização das
pectinas.
65
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72
4 ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS OBSERVADOS DURANTE O ESTUDO DO
CLIMATÉRICO EM FRUTOS DA CAGAITEIRA
SILVA, M. M. M. Aspectos físicos e químicos observados durante o estudo do climatérico
em frutos da cagaiteira. In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita
(Eugenia dysenterica). Parte 2, p. 69-84. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de
Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.
RESUMO
O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos. A cagaiteira (Eugenia
dysenterica) pertence à família das Mirtaceas,e é uma árvore comum do cerrado brasileiro. Dados fisiológicos sobre o comportamento respiratório de frutos nativos do cerrado são relativamente escassos. O objetivo deste estudofoi avaliar físico e quimicamente, o comportamento do fruto da cagaiteira durante o período do climatérico. Para o acompanhamento deste, os frutos foram coletados no estádio maturo (31 dias após antese) esubmetidos a análises de etileno e taxa respiratória durante 60 horas. Tambémforam analisados os frutos maturos (31 DAA) e maduros (37 DAA) correspondente aoinicio e final do período de desenvolvimento, no qual realizou-se as seguintes análises: pH, acidez titulável(ác. cítrico), sólidos solúveis, firmeza e amido. A composição proximal (proteína, lipídeo, cinza, umidade e carboidrato) também foi estudada. Os resultados mostraram que, a quantidade de etileno liberada pelos tecidos vegetais da cagaita, foi suficiente para que o fruto desse início o processo de amadurecimento, sendo que durante as 60 horas de observação, captura do gás etileno e gás carbônico liberado pelos frutos, foipossível verificar, visivelmente, mudanças na coloração da casca dos frutos da cagaiteira. Foi observado que o pico de CO2 da cagaita ocorreu antes do pico de etileno. Houve diminuição da firmeza e degradação do amido.Os frutos da cagaiteira, apresentaram no inicio do período climatérico, em média,teor de sólidos solúveis de 10°Brix, acidez em torno de 0,47 g de ácido cítrico 100g-1epHvalor médio de 3,25. No final do período climatérico, após o pico do etileno, observou-se aumento nos teores de sólidos solúveis (10,7°Brix), acidez 0,62 g de ácido cítrico 100g-1 e pH 3,36. Foram observadas diferenças significativas entre as variáveis proteína, lipídeo e carboidratos. Os frutos da cagaiteira, na região de Abadia-GO, apresentaram pico respiratório no 2° dia de armazenamento, aproximadamente após 48 horas de colhidos, sendo possível afirmar que a cagaita trata-se de um fruto com padrão respiratório considerado climatérico. Palavras-chave: Cagaita, Eugenia desynterica, climatérico, respiração de frutos, etileno.
73
BEHAVIOR OF FRUITS OF RESPIRATORY CAGAITEIRA DURING ITS
DEVELOPMENT
ABSTRACT
The cerrado is great natural source of biological resources. The cagaiteira (Eugenia dysenterica) belongs to the family Myrtaceae, and is a common tree in the Brazilian cerrado. physiological data on the respiratory behavior of native fruits of the Cerrado are relatively scarce. The aim of this study was to evaluate physical and chemically the cagaiteira of fruit behavior during the climacteric period. To monitor this, the fruits were collected in the mature stage (31 days after anthesis) and subjected to ethylene analyzes and respiratory rate for 60 hours. Also mature fruits were analyzed (31 DAA) and mature (37 DAA) corresponding to the beginning and end of the development period, in which the following analysis was performed: pH, titratable acidity (citric ac.) And soluble solids. The proximate composition (protein, lipid, ash, moisture and carbohydrate) was also studied. The results showed that the amount of ethylene released by the plant tissues of cagaita was enough that the fruit of that beginning the process of maturation, and during the 60 hours of observation, gas capture ethylene and carbon dioxide released by the fruit was can check, obviously, changes in skin color of the fruits of cagaiteira. It was observed that the peak CO2 cagaita occurred before the peak ethylene. The fruits of Cagaita presented at the beginning of the climacteric period, an average soluble solids content of 10 ° Brix acidity of around 0.47 g citric acid 100 g-1 and mean pH value of 3.25. At the end of the climacteric period, after the peak of ethylene, there was an increase in soluble solids (10.7 ° Brix), acidity 0.62 g of citric acid 100g-1 and pH 3.36. Significant differences were observed between the protein variables, lipids and carbohydrates. The fruits of cagaiteira in the region Abbey-GO showed respiratory peak on the 2nd day of storage, about 48 hours after harvested, being possible to say that cagaita it is a fruit with breathing pattern considered climacteric. Keywords: Cagaita, Eugenia desynterica, climatic, fruits of breath, ethylene.
74
4.1 INTRODUÇÃO
O cerrado constitui grande fonte natural de recursos biológicos. Ocupa,
aproximadamente, 25% do território nacional, dos quais cerca de 90% estão situados nos
Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia (RADA, 2013). Esse bioma
é considerado o segundo maior do País, superado, apenas, pela Floresta Amazônica
(RIBEIRO; WALTTER, 1998). A cagaiteira (Eugenia dysenterica), pertencente à família das
Mirtaceas, éuma árvore comum nos cerrados do Brasil central. Seu fruto é globoso e de cor
amarelo pálido, levemente ácido, mas de sabor agradável (FERREIRA, 1980), podendo ser
utilizado na fabricação de vinagre e álcool quando fermentados. Confecciona-se, ainda, a
partir dos frutos maduros, geléias e sorvetes (CALBO, 1990).
Dados fisiológicos sobre o comportamento respiratório de frutos nativos do cerrado
são relativamente escassos, tornando-se essencial o estudo destes, uma vez que a
determinação do mesmopermitirá traçar formas de conservação e utilização dos
mesmos.Colhendo-se o fruto na maturidade fisiológica, a atividade respiratória aumenta nos
dois primeiros dias, a partir do qualdesencadeia-se a síntese de etileno (BRUINSM; PAULL,
1984). Mudanças na cor, textura, sabor e aroma, da maioria dos frutos durante o
amadurecimento, estão associados ao climatério (BIALE; BARCUS, 1970) e algumas, são
dependentes deste hormônio (AYUB et al., 1996). O processo de respiração é fundamental na
pré e pós colheita dos frutos, pois varias reações, acopladas à respiração, são responsáveis
pela síntese de inúmeros compostos, tais como pigmentos, compostos fenólicos e
fitohormônios (PURVIS, 1997).
O padrão respiratório dos frutos pode ser dividido em climatérico e não climatérico.
Os frutos climatéricos são caracterizados por apresentarem aumento na produção de CO2
acompanhado de aumento autocatalico de produção de etileno (KAYS; PAULL, 2004;
P´ERIN et al, 2002) e de acordo Giovannoni (2001), o etileno é necessário para coordenar e
comtemplar o amadurecimento. Já os frutos não climatéricos a respiração diminui durante o
amadurecimento e as transformações bioquímicas, que tornam o fruto maduro, ocorrem de
forma mais lenta e, só ocorre, se o fruto estiver ligado à planta (WILLS et al, 1998).
Segundo McMurchie, McGlasson e Eaks (1972) a produção de etileno é dividido em
dois sistemas associados à fase pré-climatérica (II) e climatérica (II). No primeiro sistema (I),
ocorrem baixos níveis de produção de etileno presente no pré-climatérico, como também na
produção de etileno dos tecidos vegetais, conhecidos como frutos não climatéricos
(OETIKER; YANG, 1995). No segundo sistema (II), fase climatérica, há ocorrência do
75
biossíntese de etileno, no qual inicia-se a produção autocatalítica. O aumento da produção
autocatalítica de etileno deve-se ao aumento da atividade da ACC sintase, enzima envolvida
no processo da síntese de etileno. De acordo Taiz e Zeiger, (2004), quando o fruto amadurece
a taxa do ACC e a biossíntese do etileno aumenta. A atividade enzimática, tanto da ACC
oxidase quanto da ACC sintase é elevada, bem como os níveis de RNAm de subgrupos de
genes que codificam cada enzima.
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo, determinar o padrão
respiratório da cagaita, bem como avaliar as mudanças decorrentes deste processo.
76
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1 Instalação do experimento
O estudo foi realizado numa área nativa com formação típica do cerrado, localizada
no município de Abadia-GO, latitude de -16° 45' 26'' e longitude de -49° 26' 15'' durante o
mês de agosto de 2014. Foram selecionados, ao acaso, cerca de 20 exemplares da espécie,
homogêneos quanto ao porte, nos quais foram marcadas as flores por ocasião da antese, com
fios de lã de diferentes cores.
Pela manhã, 31 dias após antese (DAA), os frutos foram coletados diretamente da
árvore, acondicionados em sacos de polietileno, e transportados para o Laboratório de Físico-
química da Escola de Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, onde foram submetidos
a análise de etileno e taxa respiratória durante 60 horas. Também foram analisados os frutos
maturos (31 DAA) e maduros (37 DAA) correspondente ao inicio e final do período de
desenvolvimento, onde realizou-se as seguintes análises: pH, acidez titulável total, sólidos
solúveis, firmeza, amido e composição proximal.
4.2.2 Atividade respiratória (O2 e CO2)
22 gramas de frutos, em média, foram colocados em recipientes de vidro(360 mL) e
fechados por 1 hora , com tampa plástica, contendo um septo de silicone, no qual eram
retiradas alíquotas da amostra interna, com auxílio de analisador de gases O2/CO2 (Illinois –
LL6600). Este procedimento foi realizado a cada 4 horas durante 60 horas. Os resultados
expressos em CO2 foram convertidos em mL CO2.Kg fruto-1.h-1, levando em consideração o
volume do recipiente, a massa e o volume dos frutos em cada recipiente, para o cálculo da
densidade e o tempo em que os recipientes permaneceram fechados.
4.2.3 Etileno (C2H4)
A liberação do gás etileno foi determinada por cromatografia gasosa conforme
descrito por Fan et al. (1999). Para captura deste gás foram utilizados recipiente de vidro de
360 mL contendo aproximadamente 22 g de frutos. Os frascos foram fechados durante 1 hora,
com tampa de plástico, contendo um septo de silicone. Passado o período de
acondicionamento, uma agulha múltipla foi acoplada ao tubo de vacutainer (Vacu Tube) e, ao
recipiente de vidro, por meio de um septo, no qual coletou-se 9 mL da atmosfera gasosa. Este
procedimento foi realizado a cada 4 horas durante 60 horas. As amostras foram injetadas em
cromatógrafo gasoso, marca CG, equipado com detector de condutividade térmica e coluna
77
empacotada com Porapak-Q (60 -100 mesh, 1m de comprimento e 3,2mm de diâmetro
interno). Utilizou-se como gás de arraste o nitrogênio (N2 - 80 kPa), com o fluxo de 40 - 45
mL min-1. Os resultados foram expressos em µL g-1 h-1.
4.2.4 Potencial hidrogeniônico (pH)
A determinação do pH foi realizada, utilizando-se potenciômetro digital (TEC-
3MPp). O aparelho foi calibrado com solução tampão de pH 4,0 e 7,0 , em seguida, realizou-
se a leitura direta com imersão do eletrodo no béquer, contendo a amostra macerada em
solução aquosa, em três repetições, segundo metodologia conforme on° 966.23 AOAC
(2010).
4.2.5 Acidez titulável (ácido. cítrico)
A acidez foi determinada por titulação, com solução de hidróxido de sódio (NAOH)
0,01N, e expressa em ácido cítrico em três repetições, conforme on° 966.23 AOAC (2010).
4.2.6 Sólidos solúveis totais
O teor de sólidos solúveis totais foi determinado, por meio da leitura dos graus Brix
da amostra a 25°C em refratômetro digital (AR 200), em três repetições de acordo com
método conforme o n° 966.23 AOAC (2010).
4.2.7 Umidade
A umidade foi obtida por meio da técnica gravimétrica, com adição de calor em
estufa ventilada à temperatura de 105°C, até o peso constante, conforme o n° 966.23 AOAC
(2010).
4.2.8 Cinzas (resíduo mineral fixo)
Para determinação dos valores de cinza, este foi avaliado a perda de peso do
material, submetido ao aquecimento em mufla a 550-600°C, em três repetições, conforme o
n° 966.23 AOAC (2010).
4.2.9 Fração Protéica
A proteínafoi determinada pelo Método de Kjeldahl, o qual baseia-se na
determinação do nitrogênio total, em três repetições. O teor de proteínafoi
78
calculado,multiplicando-se o nitrogênio total pelo fator 5,75. O cálculo para proteína foi
realizado conforme o n° 966.23 AOAC (2010).
4.2.10 Extrato etéreo
O extrato etéreo foi determinado pela extração com solvente orgânico (éter etílico),
em três repetições, com auxílio do aparelho extrator do tipo Soxhlet, conforme o n° 966.23
AOAC (2010).
4.2.11 Carboidratos
O teor de carboidratos foi estimado por diferença, considerando a matéria integral,
conforme o n° 966.23 AOAC (2010), de acordo a equação:
% carboidratos. = 100 - (%umidade + %extrato etéreo + %proteína + %cinza)
(Equação 2)
4.2.12 Análise estatística
Os resultados das análises físicas e químicas foram submetidos à análise de variância
como também o nível de significância do teste F, com ajuda do programa Sisvar (FERREIRA,
2011). A média dos períodos (horas) de avaliação foi submetida à regressão polinomial e
coeficiente de determinação.
79
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante os estádios de desenvolvimento, os frutos passam por diversas
transformações bioquímicas que são necessárias para a manutenção dos seus estímulos vitais
após a colheita. Analisando o comportamento da cagaita, com base na produção de etileno e
taxa respiratória, a temperatura ambiente, foi possível afirmar que se trata de um fruto com
características climatéricas.
As primeiras horas de monitoramento do período climatérico foram marcada por
aumento de 0,0152 µL kg-1 h-1 para 0,0633 µL kg-1 h-1 de etileno até 12 horas. Após esse
período, ocorreu pequeno decréscimo na produção de etileno, porém, mantendo-se quase que
constante até 40 horas de acompanhamento, quando, em 48 horas, o pico máximo foi
alcançado,chegando a 0,0801 µL kg-1 h-1, seguido de declínio na produção (Figura 12). Nota-
se que a curva tende ao aumento e em seguida o declínio, indicando a produção autocatalitica
do etileno pelo fruto e, após o pico climatérico,que pode ocorre durante ou após o pico de
CO2, finda-se sua produção. De acordo Taiz e Zeiger (2004), quando o fruto amadurece, a
taxa do ACC(ácido 1-aminocloropropano-1- carboxílico) e a biossíntese do etileno aumenta, e a
atividade enzimática, tanto da ACC oxidase quanto da ACC sintase, responsáveis pela
formação do etileno, é aumentada, o que possivelmente ocorreu na cagaita entre 40 e 48
horas. O grande aumento da produção de etileno, no início do amadurecimento dos frutos
climatéricos, é considerado como um dos principais fatores iniciadores das modificações de
cor, aroma e textura, bem como de outros atributos bioquímicos e fisiológicos (CHITARRA;
CHITARRA, 2005). A cagaita, neste estudo, liberou no seu pico máximo, 0,0801 µL kg-1 h-1,
que foram suficientes para determinação do climatérico, desencadear processos de
amadurecimento e, estimular rotas bioquímicas, essenciais para que o fruto obtivesse
características sensoriais para consumo in natura e produções tecnológicas. Segundo Yang
(1985), as taxas de produção de etileno pelos tecidos vegetais são geralmente baixas, e a
concentração necessária para induzir o amadurecimento é dependente da espécie e do estádio
de maturação dos frutos. Santeli (2005), também ressalta que o etileno em condições
fisiológicas normais, é um gás que regula muitos aspectos de crescimento, desenvolvimento e
senescência de plantas e frutos, é biologicamente ativo em quantidades muito pequenas, e
seus efeitos são comercialmente muito importantes.
80
Figura 12. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
da taxa respiratória e etileno na verificação do pico climatérico da cagaita (Eugenia
dysenterica)coletada em Abadia-GO durante 60 horas de monitoramento.
Além da produção de etileno, a concentração de CO2 liberada pelo fruto também foi
estudada. Os níveis de CO2manteve-se quase que constante até 24 horas de acompanhamento,
apenas com pequeno decréscimo nesse período. A partir das 32 horas, foi observadoaumento
na taxa de CO2, e esse comportamento estendeu-se até o fruto atingir o pico de respiração
climatérica com 1039,41 kg-1h-1 de CO2em 52 horas de monitoramento. Após esse pico, os
níveis de CO2 foram diminuindo gradualmente (Figura 12).
Foi observado que o pico de CO2 da cagaita ocorreu depois do pico de etileno. De
acordo Rhodes (1980),o aumento da concentração de etileno em frutos climatéricos, pode
ocorrer antes do aumento da concentração de CO2, juntamente com o aumento de CO2 e, em
alguns frutos, a concentração de etileno aumenta depois do aumento da respiração. Após o
pico do climatério, os níveis de CO2 e etileno diminuíram gradativamente, devido à
aceleração do amadurecimento do fruto,levando-o assim, a senescência. Calbo (1990), ao
avaliar frutos de cagaita coletados na cidade de Brasília-DF, verificou pico de etileno e CO2
no 3° dia de armazenamento, a uma temperatura de 28°C. O mesmo autor verificou o
comportamento respiratório e produção de CO2 em cagaitas armazenadas a 15°C e 4°C, e
constatou que a 15°C não se observou picos de CO2 e etileno e a 4°C a produção CO2 e
etileno foram baixas, sem produção de picos climatéricos. Neste estudo, o pico climatérico
(Etileno e CO2) ocorreram simultaneamente no 2° dia de armazenamento, aproximadamente
às 48 horas. Essa variação de um dia em comparação a Calbo (1990) possivelmente
y = -0,020x3 + 2,040x2 - 48,45x + 534,1R² = 0,621
y = -5E-08x3 - 2E-05x2 + 0,002x + 0,010R² = 0,690 0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60
Eti
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CO
2 kg
-1h-
1 )
Tempo (horas)
CO2
ul de etileno
81
estejarelacionado ao estádio de maturação que foi coletado os frutos para a realização do
experimento, assim como a influência da temperatura.
Durante as 60 horas de observação, captura do gás etileno e gás carbônico liberado
pelos frutos, foi possível verificar, visivelmente, mudanças na coloração da casca dos frutos
da cagaiteira que, provavelmente, com a respiração dos frutos, ação do etileno e enzimas
responsáveis pelas modificações bioquímicas em vegetais, provocaram a degradação da
clorofila, por estímulo da expressão do gene da clorofilase (Figura 13). As modificações na
coloração dos frutos, durante o processo de maturação, deve-se tanto a processos
degradativos, como a processos sintéticos. Elas correspondem a um dos principais critérios de
julgamento para identificação do amadurecimento de frutos, sendo a aparência um dos
principais atributos de aceitação do ponto de vista comercial. A uniformidade do grau de
maturação pode interferir na coloração e na aparência dos produtos industrializados
(CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Figura 13. Evolução da cor ao logo do estudo do comportamento respiratório na casca da
cagaita (Eugenia dysenterica), coletadas em Abadia-GO.
Com relação à firmeza, houve diferenças significativas entre as amostras, o que leva
a acreditar que, possivelmente, o etileno induziu a atividade de enzimas hidrolíticas, como a
poligalacturonase e pectinametilesterase que promovem intensa solubilização das pectinas,
constituintes da parede celular, o que resultou na perda da firmeza do fruto em 31 e 37 DAA
82
(Tabela 2). De acordo Bugaud et al., (2013), a solubilização e despolimerização de pectinas e
hemiceluloses resultam na extensa degradação da parede celular e, como consequência, no
amolecimento do fruto com o amadurecimento.
Tabela 2. Avaliação da firmeza e conteúdo de amido da polpa da cagaita (Eugenia
dysenterica) matura e madura coletada no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4
Variável Cagaita matura (31 DAA) Cagaita madura (37 DAA)
Firmeza (N) 13,0±0,07a 8,81±0,01b
Amido (%) 5,06±0,91a 3,23±0,14b
1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
O mesmo foi observado para o conteúdo de amido, indicando a ocorrência da
degradação deste em açúcares, o que possivelmente, levou ao aumento nos teores de sólidos
solúveis do fruto, tornando-o mais adocicado (Tabela 2). O amido é uma importante reserva
energética vegetal, e nestes, é a principal transformação quantitativa ocorrida durante o
amadurecimento dos frutos que dará origem a mudanças fundamentais no sabor e na textura
dos mesmos (PINHEIRO, 2009).
Algumas das principais mudanças que ocorrem durante o amadurecimento de frutos,
e que são finalizadas quando atingem a senescência, estão relacionadas à textura, sabor e
aparência.Em relação às variáveis pH, acidez titulável e sólidos solúveis, foi observado
diferenças significativas entre 31 e 37 dias. Os frutos coletados 31 DAA, apresentaram, em
média, teor de sólidos solúveis em torno de 10°Brix, e no final de seu amadurecimento (37
DAA) 10,7°Brix (Tabela 3). Apesar da cagaita não ser um fruto de sabor muito adocicado, foi
possível verificar mudanças nos teores de sólidos solúveis, possivelmente, devido à
degradação de polissacarídeos, como o amido, em açúcares simples, reação esta, que ocorre
principalmente, durante o período climatérico, a partir da indução do etileno. Os teores de
sólidos solúveis encontrados neste estudo foram superioresaos encontrados por Silva et al.
(2008) obtendo valores de 8,0°Brix, superando a média encontrada por Almeida (1998), de
5,6 °Brix, Oliveira Júnior et al. (1997) e Souza (2006), em torno de 8,19°Brixquando
avaliaram frutos da cagaiteira maduros, em Goiânia-GO, e próximo aos valores encontrados
por Cardoso (2011), quando avaliou frutos da cagaiteira em Minas Gerais, com teores de
sólidos solúveis de 9,12°Brix.
83
Dentre os diversos componentes da fruta, os sólidos solúveis totais desempenham
papel primordial para a sua qualidade, responsáveis pelo sabor e pela consequente aceitação
por parte dos consumidores. Os teores de sólidos solúveis, também, são utilizados como
indicadores químicos para a caracterização dos estádios de maturação de um fruto e posterior
definição do ponto de colheita. A cagaita sendo um fruto climatérico pode ser colhida antes de
alcançar o estádio final da maturação, conhecida como amadurecimento, ou, de acordo com
os resultados obtidos neste estudo, a cagaita pode ser colhida quando atingir teor de sólidos
solúveis de 10,7°Brix, estando o fruto já amadurecido, com 37 dias após antese.
Tabela 3. Características químicas da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e
madura coletada no Município de Abadia Goiás, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4
Variável Cagaita matura
(31DAA)
Cagaita madura
(37DAA)
Sólidos solúveis (°Brix) 10,0 ± 0,00a 10,7 ± 0,00b
Acidez titulável (g ácido cítrico 100g-1) 0,47 ± 0,03ª 0,62 ± 0,06b
pH 3,36 ± 0,01a 3,25 ± 0,00b
1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Do ponto de vista comercial, tanto para consumo in natura como para o
processamento industrial, são preferidos os frutos com teores de sólidos solúveis totais mais
elevados (CAMILO, 2014), pois quanto maior a quantidade de sólidos solúveis existentes,
menor será a quantidade de açúcar a ser adicionada aos frutos, quando processados pela
indústria, diminuindo, assim, o custo de produção e aumentando a qualidade do produto
(VIEIRA 2010). No início do estádio de maturação (31 DAA), a cagaita apresentou teor de
0,47 g de ácido cítrico 100g-1, chegandoao fim do estádio (37 DAA), com teor de 0,62 g de
ácido cítrico 100g-1 (Tabela 3). O aumento da acidez, possivelmente, está relacionado à
oxidação dos ácidos orgânicos presentes na cagaita, devido principalmente, ao aumento do
metabolismo respiratório do fruto, ao atingir o pico climatérico. Valores próximos foram
encontrados por outros autores, como Cardoso (2011), em Minas Gerais, que encontrou
valores em torno de 0,73 g de ácido cítrico 100g-1 em cagaitas maduras. Com relação ao pH, a
cagaita matura (31 DAA), apresentou valor médio de 3,25 e, após a ação do etileno, houve
pequeno acréscimo para 3,36 (Tabela 3), caracterizando a cagaita como um fruto levemente
84
ácido, não favorecendo a atividade enzimática e inibição do desenvolvimento de
microrganismos, principalmente, quando o fruto é submetido ao processamento. Os valores
obtidos estão próximo aos valores encontrados na literatura, como observados por Cardoso
(2011),em Minas(3,28),porém, Camilo (2014), em Goiânia-GO, encontrou valores menores
(3,09).
A composição proximal entre os frutosde cagaita de 31 e 37 dias após antese,
também foi avaliada, e os resultados mostraram diferenças significativas (p>0,05) entre
algumas variáveis (Tabela 4). Em relação ao conteúdo de umidade e cinzas, não foi observado
diferenças significativas, possivelmente, não foram influenciadas pelo aumento da atividade
respiratória, associada ao aumento da produção de etileno, não respondendo ao estimulo deste
gás. Já as demais variáveis estudadas, respondem a ação do etileno, aumentando a biossíntese
de enzimas responsáveis pelas suas próprias rotas metabólicas.
Houve diferença na fração proteica entre as amostras, possivelmente devido à
ativação genica (proteínas) nas sínteses de enzimas durante o processo de maturação,
estimulado pela ação do etileno.De acordo Taiz e Zeiger (2004), o etileno intervém a nível
molecular na indução de expressão de numerosos genes envolvidos em diversas rotas
metabólicas, que são dependentes da ação deste gás.
Tabela 4. Composição proximal da polpa da cagaita (Eugenia dysenterica) matura e madura,
coleta no Município de Abadia-GO, no período de 31 dias e 37 dias. 1,2,3,4
Variável Cagaita matura (31 DAA) Cagaita madura (37 DAA)
Umidade (%) 80,57±2,6a 81,18±2,2a
Cinzas(%) 0,68±0,15a 0,62±0,01a
Proteína (%) 2,18±0,01a 1,62±0,01b
Lipídeo(%) 0,45±0,02a 1,27±0,05b
Carboidratos totais (%) 16,06±0,08a 15,27±0,06b
1valores expressos em matéria úmida; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média
± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra na linha não diferem significativamente
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Com relação aos teores de lipídeos, aumento significativo foi observado, sendo que a
cagaita madura (37 DAA), apresentou teores mais elevados. Segundo Franco (1992), a polpa
da cagaita apresenta ácidos graxos saturados, monossaturados e polissaturados e,
85
principalmente, o ácido linolênico, o que possivelmente pode ter alterado o conteúdo de
lipídeo no fruto maduro.
A diferença no conteúdo de carboidratos do fruto maturo para o maduro é,
possivelmente, devido ao aumento da respiração, utilizando estes açúcares como forma de
energia, motivo pelo o qual o conteúdo de carboidratos diminui com o amadurecimento (37
DAA). De acordo Barros et al., (1996) a respiração é processo que corresponde a uma série de
reações oxidativas de compostos orgânicos, principalmente os ácidos orgânicos e os
carboidratos, transformados em CO2 e água com produção de energia química, utilizada pela
célula para realização de processos metabólicos.
86
4.4 CONCLUSÃO
A cagaita é um fruto com padrão respiratório considerado climatérico, com pico
respiratório anterior ao pico de etileno. Foi possível verificar, também, as mudanças químicas
e físicas ocorridas durante o período climatérico.
No entanto, esse comportamento pode variar de região para região, dependente do
clima, solo e período chuvoso, principalmente se tratando de frutos nativos do cerrado, sendo
necessários estudos mais amplos para cada região.
87
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91
5 ESTUDO DO COMPORTAMENTO NUTRICIONAL E COMPOSTOS BIOATIVOS
DA CAGAITA (EUGENIA DYSENTERICA), DURANTE O DESENVOLVIMENTO
FISIOLÓGICO.
SILVA, M. M. M. Estudo do comportamento nutricional e compostos bioativos da cagaita (eugenia dysenterica) durante o desenvolvimento fisiológico.In: ___. Estudo do desenvolvimento fisiológico da cagaita (Eugenia dysenterica). Parte 3, p. 88-111. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Goiás, GO.
RESUMO
O Brasil possui um cenário com vários biomas de características diversas, dentre eles está o cerrado, com rica fonte de espécies vegetais. Entre estas, existe a cagaita (Eugenia
dysenterica), muito consumida e utilizada na medicina e culinária. No entanto, o comportamento nutricional e suas substâncias bioativas durante o desenvolvimento fisiológico ainda não são conhecidas. O objetivo do trabalho foiestudar o comportamento dos compostos nutricionais e bioativos da cagaita e avaliar qual o melhor método e solvente extrator durante o desenvolvimento fisiológico. Os frutos foram avaliados no período entre 10 a 37 dias após antese (DAA), e submetidos a análises de compostos fenólicos e atividade antioxidante por DPPH e ABTS utilizando a curva Trolox, por três extratos (etanólico, etéreo e aquoso). Foram avaliados também os teores de vitamina C, β-ccaroteno e taninos hidrolisáveis e condensados. A composição proximal foi avaliada a partir do 18 dias após antese e determinou-se umidade, cinzas, proteínas, lipídeos, carboidratos e minerais.De acordo os resultados, os compostos bioativos agiram, principalmente, como sistema de defesa do fruto, especialmente naqueles mais jovens. Não houve diferenças significativas entre os extratos pelo método ABTS.No entanto, o extrato etéreo e etanólico pelo método DPPH, apresentou elevada capacidade antioxidante durante o desenvolvimento. Os compostos fenólicosmostraram-se significativo, com teores elevados nos frutos jovens, sendo o extrato etanólico o melhor solvente extrator. O mesmo foi observado para os taninos hidrolisáveis, com maior presença nos frutos mais jovens e verdes. Não houve diferenças significativas entre os extratos pelométodo utilizando o radical ABTS. O conteúdo de vitamina C foi relativamente baixo durante todo o desenvolvimento do fruto. A composição proximal mostrou, durante todo o desenvolvimento, que a cagaita possuía alto teor de umidade, baixos teores de proteína, carboidratos e cinzas, teores consideráveis de lipídeos e baixos valores para carboidratos. Em relação aos minerais, se destacaram os elementos potássio, fosforo e magnésiodurante o período desenvolvimento da cagaita. Palavras-chave: Frutos nativos, composição proximal, fenólicos e antioxidantes.
92
BEHAVIOR STUDY NUTRITION AND THE CAGAITA BIOACTIVE COMPOUNDS
(EUGENIA DYSENTERICA) DURING THE DEVELOPMENT PHYSIOLOGICAL
ABSTRACT
Brazil has a scene with various biomes of several characteristics, among them is the cerrado, with rich source of plant species. Among these, there cagaita (Eugenia dysenterica), very consumed and used in medicine and cooking. However, the nutritional behavior and bioactive substances during the physiological development are not yet known. The objective was to study the behavior of nutritional and bioactive compounds of cagaita and evaluate what the best method and extractor solvent during the physiological development. The fruits were evaluated in the period between 10 to 37 days after anthesis (DAA), and subjected to analysis of phenolic compounds and antioxidant activity by DPPH and ABTS using Trolox curve for three extracts (ethanol, aqueous and ether). They also evaluated the levels of vitamin C and hydrolyzable and condensed tannins. Proximal composition was evaluated from 18 days after anthesis and determined moisture, ash, protein, lipids, carbohydrates and minerals. According the results, bioactive compounds acted mainly as a result of the defense system, especially those younger. There were no significant differences between the statements by the ABTS method. However, the ethereal and ethanol extract by DPPH method showed high antioxidant capacity during development. Phenolic compounds was significant, with high content in young fruits, and the ethanol extract the best extraction solvent. The same was observed for the hydrolysable tannins, with greater presence in the younger and unripe fruits. There were no significant differences between the statements by the method using the ABTS radical. The vitamin C content was relatively low throughout the development of the fruit. The proximate composition showed, throughout the development, the cagaita had high moisture content, low protein, carbohydrate and ash, considerable levels of lipids and low values for carbohydrates. Regarding minerals, stood out the elements potassium, phosphorus and magnesium during the development of cagaita. Keywords: Indigenous fruits, proximal composition, phenolic and antioxidant.
93
5.1 INTRODUÇÃO
O Bioma Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, depois da Amazônia,
e é a savana tropical mais rica do mundo em biodiversidade, concentrando um terço da
biodiversidade nacional e 5 % da flora e da fauna mundial (MALHADO, PIRES, COSTA,
2010). A flora do Cerrado possui diversas espécies frutíferas, com grande potencial de
utilização agrícola que são, tradicionalmente, utilizadas pela população local por meio do
consumo in natura ou processadas na forma de sucos, licores, sorvetes, geleias e doces
(SILVA et al.,2008).
Dentre as frutas nativas do Cerrado, destaca-se a cagaita (Eugenia dysenterica), fruto
globoso, de coloração amarela, contendo de uma a três sementes brancas, recobertas por
polpa levemente ácida (ALVES, 2013). O aumento do consumo de frutas está relacionado às
suas propriedades funcionais, atribuídas à presença de substâncias bioativas que, mesmo em
pequenas quantidades, podem apresentar efeitos fisiológicos adicionais, por meio de sua ação
antioxidante (LIMA et al., 2005; MELO et al., 2008). Vários autores têm associado os efeitos
benéficos, à saúde do homem, ao consumo regular de frutas, vegetais e grãos com aporte
significativo de substâncias antioxidantes, como os compostos fenólicos, a vitamina C e os
carotenoides (VASCONCELOS et al., 2006; KIM et al., 2007; PIENIZ et al., 2009).
Os compostos fenólicos são importantes constituintes de várias frutas e hortaliças,
sendo que a quantificação dessas substâncias revelam informações a respeito da atividade
antioxidante, qualidade do alimento e dos potenciais benefícios à saúde(JAYAPRAKASHA,
et al. 2000). Nos vegetais, os taninos são caracterizados como compostos fenólicos de alto
peso molecular, que precipitam proteínas, incluindo proteínas salivares da cavidade oral.
Essas propriedades são fundamentais para explicar o papel dos taninos na proteção vegetal
contra patógenos e na detenção de herbívoros. (SOARES et al.,2008).
Alguns carotenoides são capazes de serem convertidos em vitamina A e como tal,
desempenham importante papel nutricional. Também exercem outras ações, tais como
diminuição do risco de doenças degenerativas, prevenção da formação de catarata, redução da
degeneração macular, relacionada ao envelhecimento, e redução do risco de doenças
coronárias (KRINSKY, 1994). Além disso, os carotenoides desempenham um papel
fundamental nos frutoscomo pigmento acessório na fotossíntese, agindo como coletor de
energia e protetor contra a foto-oxidação (KRINSKY, 1994). A síntese e acúmulo de
compostos fenólicos, carotenoides e vitaminas em frutos, é variável em função da espécie,
94
variedade, manejo, condições climáticas, estádio de amadurecimento e condições de
armazenamento (FERREYRA et al., 2007; VEBERIC et al., 2008).Em geral, a avaliação do
desenvolvimento de frutos é baseada na evolução dos atributos físicos, associados às
alterações nas características químicas durante o ciclo. No entanto, sabe que produtos
secundários, como antioxidantes e fenólicos, também fazem parte da composição de um
vegetal, sendo necessários estudos que englobam esses compostos (SOUZA et al., 2014)
Nada se sabe sobre o comportamento dos compostos bioativos e nutricionais durante o
desenvolvimento da cagaita, bem como o método mais adequado para avaliar os mesmo.
Diante do exposto, o objetivo do trabalhofoi estudar o comportamento destes
compostos nutricionais e bioativos durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica).
95
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1 Delineamento experimental
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC),
sendo que os tratamentos foram dispostos em fatorial simples, constituído pelos pontos de
colheita. Após antese, foram realizadas análises da atividade antioxidante por DPPH e ABTS,
fenólicos totais, taninos hidrolisáveis e condensados, vitamina C e β-caroteno. Os compostos
foram avaliados 10, 14,18, 23, 27, 31, 34 e 37 dias após antese, em quatro repetições. As
análises da composição proximal como umidade, cinza, proteína, lipídeos, carboidratos e
minerais, foram avaliadas a partir dos 18 dias após antese, até os 37 dias, todas em três
repetições.
5.2.2 Análises químicas
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Química e Bioquímica de
Alimentos, da Escola de Farmácia, na Universidade Federal de Goiás e, no Laboratório de
Pós-colheita de Frutas e Hortaliças, do Departamento de Ciências dos Alimentos, da
Universidade Federal de Lavras.
5.2.2.1 Umidade
A umidade foi obtida por meio da técnica gravimétrica, com adição de calor em
estufa ventilada à temperatura de 105°C, até o peso constante, conforme o n° 966.23 AOAC
(2010).
5.2.2.2 Cinzas (resíduo mineral fixo)
Para determinação dos valores de cinza, este foi avaliado a perda de peso do
material, submetido ao aquecimento em mufla a 550-600°C, em três repetições, conforme o
n° 966.23 AOAC (2010).
5.2.2.3 Fração Protéica
A proteína foi determinada pelo Método de Kjeldahl, o qual baseia-se na
determinação do nitrogênio total, em três repetições. O teor de proteínafoi calculado,
multiplicando-se o nitrogênio total pelo fator 5,75 (fator de correção para proteína vegetal,
96
segundo BRASIL, 2003). O cálculo para proteína foi realizado conforme o n° 966.23 AOAC
(2010).
5.2.2.4 Extrato etéreo
O extrato etéreo foi determinado pela extração com solvente orgânico (éter etílico),
em três repetições, com auxílio do aparelho extrator do tipo Soxhlet, conforme o n° 966.23
AOAC (2010).
5.2.2.5 Carboidratos
O teor de carboidratos foi estimado por diferença, considerando a matéria integral,
conforme o n° 966.23 AOAC (2010) de acordo a equação 3:
%carboidratos. = 100 - (%umidade + %extrato etéreo + %proteína + %cinza)
(Equação 3)
5.2.2.6 Minerais
O teor de minerais foi determinado segundo a metodologia descrita por Malavolta et
al. (1997), em triplicata.
5.2.3 Determinação da atividade antioxidante
5.2.3.1 Obtenção e preparo dos extratos
Os extratos foram preparados de forma sequencial, extrato etéreo, alcoólico e
aquoso, para os quais2,5g de amostra foram colocadas em béquer de vidro, devidamente
coberto com papel alumínio, para evitar contato com a luz. Acrescentou-se 50mL de éter
etílico e, com auxílio de íon magnético no recipiente, agitou-se por 1h. Em seguida, o extrato
foi filtrado em funil de Buckner,com papel de filtro em proveta de 50mL, também coberta
com papel alumínio. Após ter sido realizada toda a filtragem, completou-se o volume para
50mL com éter etílico. O resíduo restante foi submetido à secagem 60 °C para ser utilizado na
extração do extrato alcoólico.O extrato filtrado foi acondicionado em frasco âmbar, e
armazenados no freezer a -18°C.
No mesmo papel filtro, contendo o resíduo seco, acrescentou-se álcool etílico na
proporção 1:20 e agitou por 1h, para obtenção do extrato etanólico. Filtrou-se com os mesmos
cuidados realizados para o extrato etéreo. Completou-se o volume, conforme o volume inicial
97
de álcool etílico, e acondicionou-se em frasco âmbar no freezer.Para o extrato aquoso,
acrescentou-se água destilada na proporção 1:20 no papel filtro contendo o resíduo seco, o
mesmo utilizado no extrato etéreo e etanólico, e agitou-se por 1h. Em seguida foi realizado a
filtragem e completou-se o volume conforme o volume inicial de água destilada utilizada. O
extrato filtrado foi acondicionado em frasco âmbar, e armazenados no freezer a -18°C.Os
extratos etéreo, etanólico e aquoso, foram utilizados para análises de antioxidantes (DPPH e
ABTS) e compostos fenólicos totais.
5.2.3.2 Método do sequestro do radical DPPH
A atividade antioxidante foi fundamentada na extinção da absorção do radical 2,2 –
difinil-1-picril hidrazil (DPPH 60 µM), de acordo Rufino et al., (2007) a um comprimento de
onda de 517 nm, em espectrofotômetro marca Rayleigh UV – 1800, em triplicata. A atividade
antioxidante foi expressa de acordo com Mensor et al. (2001), descrita na equação 4:
%AA = 100 -{[(ABS amostra – ABS branco) X 100] / ABS controle}
(Equação 4)
5.2.3.3 Método pela captura do radical livre ABTS·+
O método de captura do radical ABTS·+ foi de acordo com Re et al. (1999), e
modificado por Kuskoski et al. (2004), em triplicata. O radical ABTS·+ é formado por uma
reação química com persulfato de potássio, em uma relação estequiométrica de 1:0,5. Uma
vez formado o radical ABTS·+, o mesmo é diluído em etanol até obter-se medida de
absorbância de 0,70 (± 0,02), a um comprimento de onda de 754 nm, e temperatura de
equilíbrio de 30ºC. A absorbância foi medida em espectrofotômetro marca Rayleigh UV –
1800 sete (7) minutos após a adição da amostra. Foi preparado curvas com soluções-padrão de
Trolox (antioxidante sintético similar à vitamina E), e os resultados foram expressos em
TEAC, atividade antioxidante equivalente ao Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-
ácido carboxílico) em µmol TEACg-1 de amostra, em triplicata, de acordo Rice-Evans et al.,
(1996).
5.2.4 Compostos fenólicos
Os compostos fenólicos totais foram determinados empregando-se o método
espectrofotométrico (760 nm) de Folin-Ciocalteau, utilizando espectrofotômetro marca
Rayleigh UV – 1800, em triplicata (XU; CHANG , 2009).Alíquotas de 1 mL dos
98
extratosforam transferidas para balões de 10 mL, contendo 5 ml de água destilada. Foram
adicionados 1 mL de carbonato de sódio a 25 % e 1 mL do reagente Fólin-Ciocalteou,
completando o volume com água destilada. Após 30 minutos, foi determinada a absorbância a
760 nm em espectrofotômetro. O teor de compostos fenólicos totais, de cada extrato, foi
quantificado por curvas de calibração externa, e os resultados foram expressos em mg de
ácido gálico equivalente (EAG) por 100 g de amostra.
5.2.5 Vitamina C
O teor de vitamina C foi determinado pelo método colorimétrico, descrito por
Strohecker e Henning (1967). A vitamina C foi extraída com ácido oxálico 0,5%, sob agitação
e, após filtração, foi realizada o doseamento no extrato, empregando-se o 2,4-
dinitrofenilhidrazina e usando-se o ácido ascórbico como padrão. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro Rayleigh UV – 1800 a 520nm, e os resultados foram expressos em mg de
ácido ascórbico /100 g de amostra.
5.2.6 β – caroteno
O conteúdo de β-caroteno foi extraído com acetona:hexano (4:6) e determinado por
espectrometria, de acordo com Nagata & Yamashita (1992). O teor de β-caroteno foi expresso
em mg por 100 gramas, após o seu equacionamento, de acordo a equação 5:
β- caroteno (mg/100mL-1) =0,216 x A663 - 1,22 x A645 – 0,304 x A505 + 0,452 x A453
No qual,
A = Absorbância das leituras
Os demais números são constantes inerentes à fórmula.
(Equação 5)
5.2.7 Taninos hidrolisáveis e condensados
O conteúdo de taninos condensados foi estimado, espectrofotometricamente, pelo
método de Prince, Scoyoc e Butler (1978), com adaptações realizadas por Barcia et al. (2012).
Para extração dos taninos condensados, utilizou-se 1 grama de amostra, no qual foram
adicionados 50 mL de metanol, agitando-se por 1 h, seguido de filtração. Após filtração, foi
retirado 1 mL do extrato e adicionados 5 mL de solução vanilina:HCl (1:1) (vanilina 1% em
metanol; ácido clorídrico 4% em metanol), e deixou-se reagir por 15 minutos e efetuou-se a
leitura a 500nm, em espectrofotômetro marca Rayleigh UV – 1800. Os resultados foram
99
expressos em mg de catequina por 100 gramas de peso de amostra. Os taninos hidrolisados,
foram estimados de acordo Brune, Hallberg e Skanberg (1991), com adaptações realizadas
por Barcia et al. (2012). Para a extração dos taninos hidrolisados, utilizou-se 1 grama de
amostra, no qual foram adicionados 50 mL de metanol, agitando-se por 10 minutos, seguido
por repouso por 1 h com posterior filtração. Após filtração, foi retirado 2 mL do extrato e
adicionou-se 8 mL de solução FAZ (89%: uréia:acetato 1:1; 10%: goma arábica 1% em água
deionizada; e 1%: sulfato férrico de amônio 5% em ácido clorídrico 1M) e deixou-se reagir
por 15 minutos. A leitura foi efetuada a 680nm em espectrofotômetro marca Rayleigh UV –
1800, e os resultados expressos em mg de ácido gálico por 100 gramas de amostra.
5.2.8 Análise estatística
As análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do programa SISVAR
(FERREIRA, 2011). As médias dos períodos de avaliação foram submetidas à regressão
polinomial, no qual os modelos foram selecionados de acordo com a significância do teste F,
e pelo o coeficiente de determinação.
100
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores para fenólicos totais mostraram-se significativos (p>0,05), em relação ao
desenvolvimento do fruto.De acordo a Figura 14, de forma geral, o comportamento da
variável seguiu o padrão de crescimento do fruto, sigmoidal duplo, iniciando-se com elevados
teores de fenóis principalmente quando avaliados pelos os extratos etanólico e aquoso com
380,70 e 373,14 mg de EAG/100g no 10° DAA, seguido por decréscimo entre o 18° DAA ao
27° DAA, e novo aumento nos teores e, por fim, pequena diminuição. Segundo Shahidi e
Naczk (1995), os fenólicos, em plantas e frutos, são essenciais no crescimento e reprodução
dos vegetais, além de atuarem como agente antipatogênico e contribuírem na pigmentação.
Isto pode explicar o que levou os frutos mais verdes (10 DAA), possuírem teores mais
elevados de compostos fenólicos, já que estão em fase de crescimento e síntese de pigmentos,
como a clorofila. Segundo Chitarra e Chitarra (2005), em frutos jovens,há uma concentração
maior de fenólicos presentes nos tecidos, devido a estes compostos simples apresentarem
funções importantes nos vegetais, agindo como mecanismo de defesa ediminuindo durante o
desenvolvimento.
Taiz e Zeiger (2004), também ressaltam, que o acréscimo no teor de compostos
fenólicos muitas vezes pode ser relacionado a estresses bióticos e abióticos, que induzem o
metabolismo secundário do fruto, uma vez que o estresse é um dos principais fatores
responsáveis pela alteração na síntese de compostos secundários. Já que frutos jovens tendem
a um estresse maior que frutos maduros, esse fator, também, pode ter influenciado nos teores
de compostos fenólicos no fruto coletado 10 dias após antese.
O extrato etanólico foi o melhor solvente para os compostos fenólicos, fornecendo
teores, significativamente, mais elevados e melhor precisão de resultados em relação aos
demais extratos chegando a 364,88 mg de EAG/100g no fruto maduro (37 DAA),
possivelmente, bom potencial para sequestrar radicais livres, seguido então, pelo extrato
aquoso. Os teores de compostos fenólicos, para o extrato etéreo, foram muito abaixo do
obtidos nos valores mínimos em relação os extratos etanólico e aquoso, sendo que, durante
todo o desenvolvimento do fruto, o valor máximo obtido foi 171,37±4,10 mg de EAG/100g
de amostra. Os frutos utilizados neste experimento foram obtidos de uma área nativa do
cerrado goiano, e sabe-se que a concentração de compostos fenólicos de um alimento pode
variar conforme as condições geográficas e ambientais da região de origem, e os fatores
fisiológicos e genéticos da planta (MARTINS et al., 2011).
101
Figura 14. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos
valores de compostos fenólicos dos a) extrato etéreo b) etanólico e c) aquoso durante o
desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.
Se comparado com outras frutas comumente consumidas e conhecidas, a cagaita
apresentou boa fonte de compostos fenólicos durante todo seu desenvolvimento, no entanto
seu consumo in natura e processamento só poderá ser realizado após o 34° DAA. A cagaita
superou valores como os encontrados para maracujá, abacaxi e cupuaçu (20,0 a 21,7 mg de
AGE.100g-1), goiaba (83 mg de AGE.100g-1) uva e açaí (117,1 a 136,8 mg de AGE.100g-1),
morango (203-223 AGE.100g-1) e amora-preta (241,7 AGE.100g-1) (KUSKOSKI et al.,
2006; FERREIRA et al., 2010). Autores que trabalharam com cagaita madura,mostraram
diferenças significativas entre o conteúdo de fenólicos e o tipo de extrato analisado. Rocha et
al. (2011) avaliaram o solvente mais eficiente para obtenção de compostos fenólicos de polpa
de frutos verdes e maduros de E. dysenterica, envolvendo três solventes (acetona 70%, etanol
95% e metanol 99,8%) e foi identificado que acetona 70% foi o solvente extrator com maior
eficiência para compostos fenólicos totais,.
y = 0,003x3 - 0,092x2 - 1,312x + 180,2R² = 0,651
130
140
150
160
170
180
10 14 18 22 26 30 34 38
EE
. (m
g de
EA
G/1
00g)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,005x3 + 0,470x2 - 12,03x + 462,8R² = 0,662
352
360
368
376
384
392
10 14 18 22 26 30 34 38
EO
H (
mg
de E
AG
/100
g)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,008x3 - 0,438x2 + 5,046x + 361,8R² = 0,702
315
330
345
360
375
390
10 14 18 22 26 30 34 38
EA
q (m
g de
EA
G/1
00g)
Dias Após Antese (DAA)
a) b)
c)
102
Soares (2002)explana que muitos pesquisadores têm trabalhado para separar,
identificar, quantificar e utilizar compostos fenólicos em alimentos, no entanto, enfrentando
muitos problemas, pois estes compostos envolveuma gama enorme de substâncias, que, na
maioria das vezes, são de grande polaridade, muito reativos e suscetíveis à ação de enzimas.
Os dados obtidos para taninos hidrolisáveis e condensados mostraram-se
significativos (p>0,05), em relação ao desenvolvimento. Pelo comportamento da curva
(Figura 15), é notável queda nos teores de taninos hidrolisáveis de 144,1 mg de ác.
gálico/100g (10 DAA) para 142,5 mg de ác. gálico/100g (37 DAA), o que possivelmente
levou à perda da adstringência do fruto com o amadurecimento, sendo que os taninos
hidrolisáveis apresentaram maiores proporções no fruto durante todo o desenvolvimento,
principalmente, nos frutos entre o 10° e o 18° DAA (144,1 e 144,13 mg de ác. gálico/100g).
Segundo Vilas Boas et al. (2001) à medida que o fruto amadurece, ocorre polimerização
destes compostos, com consequente diminuição na adstringência, doçura e acidez. Mello e
Santos (2001), relatam que taninos agem servindo como proteção vegetal contra patógenos e,
na detenção de herbívoros, o que, possivelmente, pode ter ocorrido nos frutos entre o 10° e o
18° DAA, já que são frutos jovens esujeito a ataques mais frequentes destes. Segundo Taiz e
Zeiger (2004), invasões de fungos em plantas e frutos, desencadeia a transição do RNA
mensageiro que codifica a PAL (Fenilalanina amonialiase), aumentando sua quantidade no
vegetale estimulando a síntese de uma classe de compostos fenólicos, dentre eles, os taninos,
responsáveis também, pela adstringência em frutos.
Figura 15. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos
valores de a)taninos condensáveis e b)taninos hidrolisáveis, durante o desenvolvimento da
cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.
y = 4E-06x3 - 0,000x2 + 0,014x + 5,101R² = 0,888
5,18
5,19
5,2
5,21
5,22
5,23
5,24
10 14 18 22 26 30 34 38
mg
de c
ateq
uina
/100
g
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,000x3 - 0,033x2 + 0,540x + 141,4R² = 0,859
141,5
142
142,5
143
143,5
144
144,5
145
10 14 18 22 26 30 34 38
mg
de a
c. g
álic
o/10
0g
Dias Após Antese (DAA)
a) b)
103
Rocha et al. (2011), estudando compostos fenólicos totais e taninos condensados em
frutas nativas do cerrado, encontraram para Eugenia dysenterica, 90 mg de ácido gálico
equivalente (AGE) em 100 g de polpa verde e, 111mg de AGE na mesma porção na polpa
madura, enquanto que para taninos condensados obtiveram 4 mg e 7 mg de catequina
equivalente (CAE), valores próximos aos encontrados neste estudo, o que podem variar
dependendo da origem do fruto.
O potencial antioxidante da cagaitarealizado pelo método de captura do radical
DPPH,mostrou significativo (p>0,05), apresentando elevada capacidade antioxidante durante
o desenvolvimento, especialmente,pelos extratos etéreo e etanólico chegando a 756,36 e
842,98 em termos de IC50 do 27° DAA, no entanto, pelo comportamento das curvas(Figura
16), nota-se que a porcentagem de descoloração aumenta no inicio do desenvolvimento, com
decréscimo a partir do 28° DAA. Este aumento é devido à intensa atividade metabólica do
fruto em formação, que geralmente, requer mecanismos fisiológicos de defesa, como
biossíntese de moléculas orgânicas, principalmente, de produtos secundários (FERNANDES
et al., 2009).
104
Figura 16. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos
valores da atividade antioxidante pelo método DPPH dos a)extrato etanólico b)aquoso e
c)etéreo durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-
GO.
Contudo, os resultados obtidos apontam que os frutos da cagaiteira apresentaram alta
capacidade de reduzir o radical livre em 50%. Roesler et al. (2007) verificaram a atividade
antioxidante (IC50) em polpa de cagaita extraída com casca e obtiveram 387,47 mg/mL-1 no
extrato etanólico e 879,33 mg/mL-1 no extrato aquoso. Rocha et al. (2013), avaliando frutos
do cerrado piauiense, encontraram na cagaita, 430,92 mg/L (extrato alcoólico) e 970,27 mg/L
(extrato aquoso). A atividade de captação de radicais pelo método ABTS expressa em valor
TEAC (trolox equivalent antioxidant capacity), também foi avaliada, e os resultados
mostraram que não houve diferenças significativas entre os extratos analisados por este
método, como mostra a Figura 17.
y = 0,016x3 - 2,056x2 + 83,04x - 491,2R² = 0,557
0
120
240
360
480
600
720
840
960
1080
10 14 18 22 26 30 34 38
EO
H (
% d
esco
lora
ção
DP
PH
)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,483x2 + 27,32x + 12,02R² = 0,820
200
230
260
290
320
350
380
410
10 14 18 22 26 30 34 38
EA
q (%
des
colo
raçã
o D
PP
H)
Dias Após Antese (DAA)y = 0,026x3 - 2,954x2 + 88,07x - 143,2
R² = 0,52
380
420
460
500
540
580
620
660
700
740
780
10 14 18 22 26 30 34 38
EE
(%
des
colo
raçã
o D
PP
H)
Dias Após Antese (DAA)
b)
c)
a)
105
Figura 17. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
da atividade antioxidante pelo método ABTS dos a)extrato aquoso b)etanólico e c)etéreo
durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada em Abadia-GO.
De forma geral, pelo comportamento das curvas,foi possível observar pequeno
decréscimo do radical ABTS em todos os extratos estudados durante o desenvolvimento do
fruto, no entanto, os valores obtidos entre o 10° e o 37° DAA, foram semelhantes,
compreendendo valores entre 154 a 153 µM Trolox g-1, não havendo diferenças significativas
entre os extratos utilizados. A cagaita apresentou valores superiores do que os obtidos por
Almeida et al. (2011) 7,60µM Trolox g-1 em mamão e maracujá (10,84 60µM Trolox g-1)
quando avaliado por Souza et al. (2012). Devido aos diversos tipos de radicais e aos diferentes
sítios de ação, dificilmente haverá um único método capaz de representar de forma segura e
precisa a verdadeira atividade antioxidante de uma substância (SUCUPIRA et al. 2012).
Os resultados para vitamina C mostraram-se significativos, indicando que houve
mudanças em seus teores. Pelo comportamento curva (Figura 18), nota-se que os teores de
vitamina C sofreram queda brusca durante o desenvolvimento da cagaita. Observou-se queda
y = 0,001x2 - 0,076x + 154,8R² = 0,827
153,6
153,7
153,8
153,9
154
154,1
154,2
154,3
10 14 18 22 26 30 34 38
EE
. AB
TS
(µM
tro
lox/
g)
Dias Após Antese (DAA)
y = 7E-05x3 - 0,004x2 + 0,059x + 153,7R² = 0,729
153,6
153,7
153,8
153,9
154
154,1
154,2
10 14 18 22 26 30 34 38
EO
H. A
BT
S (µ
M t
rolo
x/g)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,001x2 - 0,063x + 154,7R² = 0,901
153,6
153,7
153,8
153,9
154
154,1
154,2
154,3
10 14 18 22 26 30 34 38
EA
q.. A
BT
S (µ
M t
rolo
x/g)
Dias Após Antesse (DAA)
a) b)
c)
106
do 10° DAA até o 23° DAA, chegando a 21,6 mg/100 g de ácido ascórbico, possivelmente,
devido a seu efeito protetor, por sua ação antioxidante em tecidos mais jovens, seguido de
pequeno aumento, até o 32° DAA(24,78 mg/100g) e, novo decréscimo até seu completo
amadurecimento. De acordo Matarazzo et al. (2013), o teor de vitamina C, na maioria dos
frutos, tende a diminuir durante o processo de maturação, similar ao observado neste
experimento. Segundo Silva et al. (2012), este decréscimo, é devido à atuação da enzima
denominada ácido ascórbico oxidase (ascorbato oxidase), onde sua atividade enzimática tem
maior ação em frutos madurosdo que nos verdes, pois, frutos maduros, tem maior
disponibilidade de água e nutrientes, o que possivelmente, pode-se explicar, as perdas
encontradas na cagaita durante o desenvolvimento, ´principalmente, no inicio da maturação e
amadurecimento, onde os níveis de umidade chegaram a 87% neste estudo.
Figura 18. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos
valores de vitamina C (ácido ascórbico) durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia
dysenterica) coletada em Abadia-GO.
Silva, Júnior e Ferreira (2008), encontram teores mais elevados de vitamina C na
cagaita verde (26,84 ± 0,13), em comparação aos demais estágios de maturação, o mesmo
ocorrido neste estudo. Os mesmo autores afirmam que, a grande variação entre plantas e,
consequentemente, entre frutos, produzidos em árvores diversas, podem ter influenciado os
resultados obtidos. O teor de vitamina C nas frutas pode variar significativamente também
conforme as espécies, condições de plantio, tipo e frequência de irrigação, utilização de
defensivos agrícolas, estádio de maturação, manuseio pós-colheita e condições de estocagem
(CELLI; PEREIRA-NETTO; BETA, 2011).
y = 0,000x3 + 0,011x2 - 1,116x + 42,07R² = 0,800
20
22
24
26
28
30
32
34
10 14 18 22 26 30 34 38
Ác.
asc
órbi
co (
mg.
g-1)
Dias Após Antese (DAA)
107
A cagaita apresentou baixa fonte de vitamina C durante todo o desenvolvimento, no
entanto, seus teores ainda foram maiores que outros frutos do cerrado e, frutos tropicais como,
gabiroba (21,0mg/100g), abacate (10,2mg/ 100g) e amora (22,1mg/100g) (SILVA;
MARTINS; DEUS, 2009),maracujá (18,2 mg.100g-1) (USDA, 2012), e abacaxi (20 mg.100g-
1) (REINHARDT et al., 2004; THÉ et al., 2010).
O conteúdo de β-caroteno foi estimado a partir do 18° dia após antese, e seus
resultados foram significativos (p>0,05), em relação ao desenvolvimento do fruto. Conforme
a curva (Figura 19), os teores de β-caroteno mantiveram-se quase que constante, até o 34°
DAA, sendo observado aumento súbito a partir deste período. Este aumento indica a possível
ativação da via biossintética deste pigmento,que corresponde ao amadurecimento do fruto.
Figura 19. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos
valores de β-caroteno durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica) coletada
em Abadia-GO.
De acordo com Krinsky (1994), nos vegetais, os carotenoides desempenham papel
importante na fotossíntese, como pigmento acessório, atuando como coletor de energia e
protetor contra a foto-oxidação.
Este pigmentotambém é precursor da vitamina A, e tal substancia é benéfica à saúde,
agindo como antioxidante e diminuindo o risco de doenças degenerativas (RODRIGUES-
AMAIA et al., 2007).
Com relação aos dados obtidos para composição proximal verifica-se que na Figura
20, aumento no teor de umidade de 76,76±2,5% para 87,84±7,1% (27° DAA), seguido de
declínio quando atingiu o 31° DAA, de aproximadamente 80,57±2,6 % de umidade,
mantendo-se constante até seu completo amadurecimento (p<0,05), mostrando significância
y = 0,000x3 - 0,009x2 + 0,245x - 1,975R² = 0,937
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
18 22 26 30 34 38
β--
--ca
rote
no (
mg/
100m
L)
Dias Após Antese (DAA)
108
em relação ao desenvolvimento. Analisando os dados, podemos afirmar que o fruto é,
basicamente, em sua maior porção, constituída por água, ocorrendo acréscimo em taxas
máximas, principalmente a partir do 27° DAA.
Figura 20. Valores médios, equações de regressão e coeficientes de determinação dos valores
da composição proximal durante o desenvolvimento da cagaita (Eugenia dysenterica)
coletada em Abadia-GO.
y = 0,01x3 - 0,893x2 + 25,83x - 157,2R² = 0,834
74
76
78
80
82
84
86
88
90
92
18 23 28 33 38
Um
idad
e (%
)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,001x3 - 0,088x2 + 2,581x - 21,62R² = 0,943
1,2
1,4
1,6
1,8
2
2,2
2,4
2,6
2,8
3
18 23 28 33 38
Pro
teín
a (%
)
Dias Após Antese (DAA)
y = 0,000x3 - 0,040x2 + 0,944x - 6,166R² = 0,868
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1,1
1,2
1,3
18 23 28 33 38
Lip
ídeo
s (%
)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,000x3 + 0,027x2 - 0,764x + 7,485R² = 0,720
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
0,65
0,7
0,75
0,8
18 23 28 33 38C
inza
s (%
)
Dias Após Antese (DAA)
y = -0,011x3 + 0,996x2 - 28,59x + 277,5R² = 0,850
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
18 23 28 33 38
Car
boid
rato
s (%
)
Dias após antese (DAA)
109
O 27° DAA é ponto crucial do estádio de maturação da cagaita, onde ocorre com
maior frequência uma sequencia de mudanças bioquímicas, fisiológicas e estruturais nos
frutos, sendo que seu elevado teor de umidade favorece a ocorrência e o aumento das reações
bioquímicas, como hidrolise do amido e diminuição da firmeza da polpa atribuído a possível
atividade das pectinases poligalacturonase e pectinametilesterase, levando ao amaciamento
dos tecidos, mudanças na estrutura e no metabolismo do fruto, o que pode ter levado a
diminuição no teor de umidade logo após esse período, quando o frutos passaram do estádio
de maturação, para o estagio de amadurecimento, apresentando atrativos e apto para o
consumo.
De acordo Taiz e Zeiger (2004), a maioria do volume das células é ocupado por água
e, para que uma célula aumente seu volume, ela precisa, necessariamente, absorver água, caso
contrario,ela não poderá crescer. Isto pode justificar o aumento no teor de umidade nos frutos
mais jovens da cagaita, entre 18 e 27 dias após antese, que durante a fase de crescimento,
requer quantidades maiores de células, e assim, teores mais elevados de água no fruto. Em
outros estudos, foram encontrados teores de umidade acima dos valores identificados neste
estudo para os frutos maduros. Silva et al.(2008) obteve valor de 94,34%, Rocha et al.(2013)
90,0 ± 8,4% de umidade e Cardoso (2011) obteve um valor de 91,56 ± 1,01% em estudos no
Cerrado de Minas Gerais. O conteúdo de cinzas durante o desenvolvimento da cagaita
mostrou-se significativo e, ajustando-se ao padrão de crescimento do fruto, sigmoidal duplo.
Valores máximos foram identificados no 18° DAA com 0,69% (fruto verde), e 0,68% no 31°
DAA, seguido por queda após este período (Figura 20).
Nota-se pela curva (Figura 20), que a umidade influenciou nos teores de cinzas, ao
passo que o teor de umidade aumenta o conteúdo de cinzas diminui e vise-versa. De acordo
Wills et al., (1998), os teores de cinzas são influenciados pelo conteúdo de agua do alimento,
por meio da diluição de alguns minerais. Os valores encontrados neste estudo, estiveram
acima dos valores proposto por autores em frutos maduros de cagaita, o que possivelmente
pode ter sido influenciado pela área onde foi coletados.. Cardoso et al., (2011), obtiveram0,18
g/100 g, Roesler et al., (2007), 0,23 g/100g e Silva et al. (2008), 0,28 g/100g . As cinzas
fazem parte da constituição da fração mineral em alimentos, formadas, geralmente, por micro
e micronutrientes, que possui relação direta com o solo no qual foi cultivado (SILVA, 1990).
Silva (1990)relata ainda que em produtos vegetais, a determinação de cinzas tem
relativamente pouco valor, pois, o teor de cinzas nesses produtos oferece pouca informação
sobre sua composição, uma vez que seus componentes minerais são muito variáveis e, tal
110
determinação, fornece em geral, apenas uma indicação da riqueza da amostra nesses
elementos.
Os valores para proteína mostraram-se significativos (p>0,05),em relação ao
desenvolvimento do fruto e, observando o comportamento da curva (Figura 20), nota-se que
os frutos verdes, correspondente à fase de crescimento, tendem ao acréscimo de proteína,
seguido de queda durante a maturação e amadurecimento do fruto. Segundo Alberts (1994),
durante a fase de crescimento, os frutos necessitam de uma sequência programada de ativação
gênica, ou seja, proteínas em tempo apropriado, geralmente, esses genes codificam a sínteses
de diversas enzimas especificas da maturação, o que pode ter ocasionado o aumento nos
teores de proteínas no inicio do desenvolvimento do fruto. A ativação gênica, transcrição
(síntese de mRNA), processamento do RNA, tradução (síntese de proteínas) e, processamento
das proteínas, são etapas requeridas para o sucesso na expressão gênica, no qual, a expressão
do genes pode ser regulada durante o desenvolvimento (TAIZ; ZEIGER, 1991).
No entanto, de acordo Hopkins (2000), quando ocorre uma forte deficiência de
açúcares, as proteínas podem ser utilizadas como substrato na respiração. Estas proteínas são,
primeiramente, hidrolisadas, produzindo aminoácidos, os quais são degradados nas reações da
glicólise e ciclo de Krebs, o que possivelmente explica a diminuição no conteúdo de proteína
a partir do 27° DAA. Santos et al. (2007), relatam que os frutos pertencentes a família das
Myrtacea, geralmente, apresentam baixos teores de proteínas e lipídeos. No entanto, foi
observado valores nos frutos verdes, superiores aos encontrados para frutos maduros, com
2,57±0,01% de proteína no 23° DAA a 2,18±0,01% no 31° DAA. Valores inferioresforam
encontrados por outros autores que avaliaram cagaita madura. Cardoso (2011), obteve, em
Minas Gerais 0,63 g 100g-1 e Roesler et al., (2007), em Goiás, encontraram 0,82 g 100g-1de
proteína, enquanto que neste estudo, obtivemos cerca de 1,62±0,01%.
Os teores de lipídeos,também, foram significativos (p>0,05), em resposta ao
desenvolvimento do fruto. Conforme apresenta a curva (Figura 20), o conteúdo de lipídeo
diminuiu gradativamente de 0,87% no 18° DAA até o 31°DAA, chegando a 0,45% no fruto,
possivelmente, sendo utilizado como substrato respiratório nas reações de oxidações para
biossíntese de outras moléculas. Entretanto, aumento súbito a partir do 34°DAA até o
37°DAA foi verificado, chegando a 1,27% de lipídeos, aumento ocasionado,
provavelmente,pela queda da umidade como também, pelo processo de síntese e, havendo a
possibilidade, da presença de ácidos graxos poli-insaturados na polpa, quando o fruto se
encontrava maduro.
111
De acordo Brito et al. (2003), a cagaita apresenta um percentual significativo de
ácido linoleico (10,5 mg/100g), sendo maior que a quantidade presente no azeite de oliva e de
dendê e, linolênico, na faixa de 12%,conteúdo este mais elevado que muitos óleos, tais como,
o milho, soja e amendoim.
Cardoso (2011), avaliando a composição centesimal de cagaitas em Minas Gerais,
encontrou 0,57 g/100 g de lipídeos, um pouco a mais que Rocha et al.(2013), cerca de 0,3
g/100 g na região piauiense e, Silva et al. (2008),de 0,44 g/100 g, todos em frutos maduros.
Os lipídios são moléculas altamente energéticas e, geralmente, aparecem em quantidades
baixas em frutos e hortaliças (SOMERVILLE et al., 2000).
Os carboidratos,durante todo o desenvolvimento do fruto, mostrou-se muito baixo,
no entanto, significativa (p>0,05). É notável, pelo comportamento da curva, o decrescimento
no conteúdo de carboidratos do inicio do desenvolvimento, até o 27° DAA, que deve estar
associado à alta taxa respiratória, fazendo com que o consumo de carboidratos seja grande. A
partir deste período, aumento em seus valores foi observado, até seu completo
amadurecimento, chegando a 15,31% no 37° DAA (Figura 20), possivelmente, devido a
degradação de polissacarídeos da parede celular.
Com valor de carboidratos totais muito baixo, pode-se considera que a cagaita é um
fruto com baixo valor energético. Silva et al. (2008), analisando polpa da cagaita madura,
obtiveram valores ainda mais baixo (3,08%) e Cardoso et al., (2011) com 5,54%.
Com relação ao teor de minerais (Tabela 5), os elementos fosforo (P), potássio (K) e
magnésio (Mg), foram os que mais prevaleceram durante todo o desenvolvimento do fruto.
Tabela 5. Valores de minerais em amostras de cagaita (Eugenia dysenterica) coletadas no
Município de Abadia Goiás, entre 14 a 37 dias após antese (DAA).1234
Amostra Fósforo (%) Potássio (%) Magnésio (%)
18 DAA 0,09±0,01b 0,7±0,00ab 0,04±0,03ab
23 DAA 0,07±0,00a 0,6±0,00ª 0,03±0,00a
27 DAA 0,1±0,01c 0,9±0,01c 0,05±0,01bc
31 DAA 0,09±0,01b 0,8±0,02b 0,03±0,07a
34 DAA 0,09±0,00b 0,9±0,00c 0,06±0,06c
37 DAA 0,14±0,00cb 1,1±0,01d 0,07±0,00dc
112
1valores expressos em matéria fresca; 2média de 3 repetições; 3dados apresentados em: média ± desvio padrão;4 média seguida de uma mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
O K apresentou maior conteúdo dentre todos os elementos, com 0,7% no 18° DAA ,
fase de crescimento e formação do fruto. Segundo Laviola e Dias (2008),esta é a fase em que
a planta entra em produção e passa a requerer aumento desse mineral. Este nutriente possui
papel importante na formação dos frutos, atuando no transporte de foto-assimilados no floema
(MARSCHNER, 1995). O K também é um nutriente requerido na ativação de diversas
enzimas essenciais à síntese de compostos orgânicos, o que pode justificar seu aumento com o
desenvolvimento (MARENCO; LOPES, 2005). Quanto ao magnésio, este desempenha
importante função na composição da molécula de clorofila, assim, quanto maior a maturidade
dos frutos, menores os níveis deste mineral (MALAVOLTA et al., 2002).
Os demais minerais (sódio, boro, cobre, manganês, zinco e ferro) estudados, não
apresentaram diferenças significativas durante o desenvolvimento do fruto.Os teores de
minerais em frutos são muito dependentes do solo, da fertilidade, das condições climáticas e
cultivares (NOUR et al., 2011).
113
5.4 CONCLUSÃO
Os compostos bioativosatuaram comomecanismos de defesa dos frutos,
principalmente, nos frutos verdes.
O extrato etanólico foi definido como o melhor solvente extrator durante o
desenvolvimento para fenólicos, sendo o método de captura do radial DPPH, o melhor para
determinar a atividade antioxidante nesse estudo para os extratos etéreo e etanólico.
As variáveis da composição proximal sofreram modificações durante todo o
desenvolvimento da cagaita, sendo observado mudanças nos parâmetros sempre a partir 27°
DAA, com exceção dos lipídeos.
114
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6 CONCLUSÃO GERAL
O momento ideal para a colheita da cagaita é31 dias após antese, pois, trata-se de um
fruto climatérico, podendo ser colhido antes mesmo do amadurecimento.
O período de máxima qualidade da cagaita é quando os frutos atingem 34 dias após
antese, com tamanho variável, pericarpo amarelo, alto teor de água, pouco adocicado e
moderada acidez.Sendo que para o processamento, é ideal a realização da colheita no máximo
37 dias após antese.
Os frutos verdes da cagaita possuem quantidades consideráveis de compostos
fenólicos e antioxidantes, sendo utilizados em grande parte, no sistema de defesa do fruto.