Ed Motta - Biografia Por Marcelo Donati

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BIOGRAFIA BIOGRAFIA BIOGRAFIA BIOGRAFIA MARCELO DONATI 2009 © Bloptical Ed Motta Fan Club 2009

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MARCELO DONATI 2009

© Bloptical Ed Motta Fan Club 2009

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ED MOTTA – BIOGRAFIA

“Ed Motta, sofisticação, simplicidade e música!” (Sérgio Herval)

Introdução

Ed Motta tornou-se, em aproximadamente três décadas de carreira musical, um artista global, agregando à sua obra sons e artistas do mundo todo, sempre se pautando não pelo estilo, mas pela qualidade. Desde o rock, primária influência, até as trilhas sonoras de filmes e musicais, passando pelo funk e soul que permearam o início de seu sucesso, pelo jazz e pop lapidado, onde grupos como Steely Dan e artistas do selo jazzístico Strata-East o levaram a caminhos mais ousados, pela música brasileira de alta qualidade (resgatada quando Ed estava fora do país), até por diversos outros gêneros, como reggae, samba, disco, blues, progressivo, african jazz, be bop, fox, e muitos etceteras...

Sintetizar o estilo de Ed Motta é redundante e injusto com a gama de música que o cerceia, e que sofre constante mutação. Se fosse necessário simplificar em apenas um parágrafo, poder-se-ia dizer que Ed compõe e grava sua música passeando por inúmeros estilos, sem nunca perder o brilho de uma boa música pop como Stevie Wonder faz, cantando com a entrega de Donny Hathaway, e produzindo e arranjando com o apuro técnico e rigor altamente musical dos grandes do Steely Dan.

ED MOTTA – BIOGRAFIA (DÉCADA A DÉCADA) Década de 70 – A música atrelada a Ed desde o princípio Eduardo Motta nasceu em 17 de agosto de 1971, no Rio de Janeiro. Logo cedo, foi tomando contato profundo com a música, tendo paixão desde garoto por Stevie Wonder. A disco music e o samba-canção embalavam a casa dos Motta, juntamente com Earth, Wind and Fire e, obviamente, os discos de um tio cantor, irmão da mãe de Ed, de nome Sebastião. No final dos anos 70, o blues e o hard rock picaram o jovem Ed, que apaixonado por Thin Lizzy, Led Zeppelin, Rory Galagher, Free, Humble Pie e todo o boom rock britânico, integra (já no comecinho dos 80), sua primeira banda, de nome Kabbalah. Na década de 70 também surge em Ed o espírito de colecionador, atividade que o acompanha desde então. Primeiro com bottons, revistas de rock, vinis, peixes, quadrinhos, fanzines. Década de 80 – O início do sucesso O rock puro e simples já não era suficiente para o apurado gosto de Ed, que descobriu em Jeff Beck a ponte entre o tradicional rock e a pegada funk soul que trazia reminiscências de sua imberbe vida. A partir daí, mergulhou fundo em grupos como The Gap, B.T. Express, Kool And The Gang, James Brown, Isaac Hayes e a música negra. Logo viria a vontade de ‘fazer um som’. Conheceu no meio da década de 80 o jovem guitarrista Luiz Fernando ‘Comprido’ e, em meio a jams em estúdios cariocas, nasceria o Expresso Realengo. Alterado oficialmente para Conexão Japeri (idéia do fotógrafo Henyo Barreto), o grupo foi um dos primeiros do Brasil a compor e gravar funk de qualidade internacional. ‘Manuel’ é o exemplo mais perfeito e duradouro disto: desde que foi lançada, nunca mais saiu da lista das mais pedidas pelos fãs de Ed.

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A banda era formada por: Ed, que além de cantar, metia-se com vários instrumentos, como guitarra, percussão e teclados; Comprido nas guitarras; Bombom no baixo; Fran Bouéres na percussão; Fábio Fonseca nos teclados; e Marcelo Pereira na bateria.

E logo veio o primeiro disco: “Ed Motta e Conexão Japeri” (Warner, 1988). Com os sucessos ‘Manuel’, ‘Baixo Rio’, ‘Vamos Dançar’, ‘Lady’ e ‘Parada de Lucas’, produção de Ed e Vitor com co-produção de João Barone (que tocou bateria no hit Manuel) e direção artística de Liminha, o álbum rapidamente capitaneou Ed e banda ao sucesso nacional, tocando nas rádios de todo o Brasil. Mas, apesar de todo o sucesso da banda, Ed não sucumbia à democracia de uma banda e desejava alçar vôo solo e mais alto...

Década de 90 – Os vôos de Ed Década, com certeza, que mais registra mudanças na vida de Ed Motta. Primeiro, ao embarcar em carreira ‘definitivamente’ solo. Com a ajuda inestimável do parceiro Bombom, com quem dividiu a composição, gravação

e produção, Ed Motta lançou em 1990 o disco “Um Contrato com Deus” (Warner). Bombom, único remanescente da Conexão Japeri, ajudou Ed a firmar-se como artista independente musicalmente. Gravou todos os teclados do disco, além de ser o responsável por todas as letras. E com a dica dada pelo tio Tim, as músicas não se orientavam apenas por funks animados, mas incluíram também grandes baladas, como a que abre o disco, ‘Do You Have Other Love?’. Houve espaço também para as experimentações, como as várias

vinhetas que pontuam o disco. E o sucesso radiofônico veio pelo hit ‘Solução’, que passou a fazer par com ‘Manuel’. ‘Já’, ‘Sombras do meu Destino’, ‘Body’, ‘Um Jantar pra Dois’ e a faixa título foram outros destaques. Nunca satisfeito nem limitado em seus rumos musicais, realizou em seguida um disco mais conceitual. Novamente com a ajuda de Bombom, e altamente influenciado pelo

maravilhoso pop de Steely Dan, Ed Motta gravou o cult “Entre e Ouça” (Warner, 1992). A gravadora não entendeu a proposta e não auxiliou muito financeiramente (“o orçamento era de um artista underground jamaicano”, conta); Ed continuou firme, chamou grandes músicos, inclusive os que vinham tocando com ele na turnê do disco ‘Contrato’, e seguiu em frente, no disco que também inaugurou o famoso edmottês, scats vocais que viraram sua marca registrada. Pela ousadia de fazer ‘Entre e Ouça’, pagou um preço alto:

tímidas vendas e pouco reconhecimento (que só veio mais tarde, já que o disco é consenso entre os fãs como um dos melhores de sua obra). Nesta época, Ed inaugura seus shows no exterior, tocando inclusive em Paris e Londres. Com este disco, outra parceria se fez presente: Ed conhecera Edna Lopes na divulgação do disco ‘Contrato com Deus’, e ela passou a cuidar da arte gráfica de todos os trabalhos lançados por Ed; é de Edna a arte de ‘Entre e Ouça’.

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Desgostoso com os rumos profissionais, e ainda ‘devendo’ um disco para a gravadora, Ed permitiu que a Warner transformasse o registro de um show em um álbum para cumprir o

contrato. E assim foi lançado “Ed Motta ao Vivo” (Warner, 1993), registro de um show da turnê ‘Contrato com Deus’, onde Ed não participou nem da escolha da capa. O destaque deste show é o medley final, um mix de seus hits ‘Manoel’ e ‘Solução’ com vários clássicos da soul music. Por muitas razões, Ed não gosta deste disco e nem o considera como item de sua discografia oficial (no show faltava um membro do naipe de metais e há algumas falhas técnicas), mas é fato que o disco angariou muito mais fãs, e é preferido por

muitos justamente por registrar ao vivo as ótimas performances de Ed e banda, ratificando o talento e qualidade dos álbuns de estúdio. E assim, findada as obrigações, em 1994, Ed e a (futura) esposa Edna embarcaram para Nova York, onde o músico pode se aprofundar na cultura e arte que tanto gostava, e que por outro lado, abriu-lhe a cabeça para a riqueza da música brasileira. Chegando a gravar no estúdio do ídolo Donald Fagen um disco que nunca viu a luz do dia, Ed voltou ao Brasil com a cabeça repleta de idéias, e enquanto reunia faixas para um novo disco, participou em diversos discos e tributos, além de trilhas para o cinema e comerciais para a TV. Um dos filmes é “Pequeno Dicionário Amoroso”, que conta com trilha sonora original de Ed Motta e João Nabuco, cuja faixa principal, a música “Falso Milagre do Amor” iria ser regravada no disco de Ed. E o próximo disco de inéditas de Ed seria um marco em sua carreira; a volta ao pop radiofônico, mas carregada de inovações e texturas que lhe são peculiares.

“Manual Prático para Festas, Bailes Afins Vol. 1” (Universal, 1997) assinalava uma nova gravadora e uma nova fase, onde Ed delegou as letras para autores diversos e cuidou com zelo apurado das músicas, gravando vários instrumentos, e compondo e arranjando para orquestra, apoiado por incríveis músicos. A parceria com Rita Lee rende o hit ‘Fora da Lei’, e o começo da parceria com o letrista Ronaldo Bastos produz as jóias ‘Vendaval’, ‘Por Você Ser Mais’, ‘A Flor do Querer’, ‘Dias de Paz’ e ‘Falso Milagre do Amor’. As músicas retomam o clima

funk dos primeiros discos, bem como as baladas soul e as vinhetas (‘A Loja do Subsolo’ é uma grata surpresa). A volta às rádios abarrota a agenda de shows, Ed percorre o Brasil em turnê (e também os EUA, cantando com o ídolo Roy Ayers) e grava especiais para a TV, além de aumentarem os convites para gravar com outros artistas, outras trilhas e até para a Disney (primeiro em “O Corcunda de Notre Dame”, e depois “Tarzan” e outros filmes). Da safra que produziu o primeiro ‘Manual’, muito ainda se podia esperar, pois Ed já tinha material para fazer o segundo volume, mas a gravadora o incentivou a lançar um disco de remixagens e novas versões dos novos (e velhos sucessos).

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Em 1998, lançou então “Remixes e Aperitivos” (Universal), um petisco musical que, de ‘novo’, teve apenas a faixa ‘Você Mentiu pra Mim’ (uma versão para ‘You Fooled Me’, da dupla Grey & Hanks). Não há músicas do disco ‘Entre e Ouça’, talvez justamente pela proposta de trabalhar apenas com faixas mais ‘radiofônicas’.

2000 – Os caminhos musicais se aprofundam; a carreira, mais ainda

“As Segundas Intenções do Manual Prático” (Universal, 2000) dá continuidade ao primeiro Manual, com várias músicas deliciosamente pops (a faixa de abertura ‘Mágica de um Charlatão’), sucessos prontos para a rádio (‘Colombina’, nova parceria vencedora com Rita Lee), o line up de músicos que acompanharam Ed na turnê anterior, somado a outros igualmente excelentes como Liminha, Jota Moraes, Fábio Fonseca e Ed Lincoln. As parcerias com diversos letristas também prosseguem a contento, com as participações de Lulu

Santos, Zélia Duncan, Chico Amaral, Nelson Motta, Ronaldo Bastos, Blake Amos e Doc Comparato. O álbum “As Segundas Intenções”, apesar de pop na essência, fornece pistas de que a mente fervilhante de Ed Motta nunca está sossegada ou satisfeita, e surgem timidamente novos caminhos musicais, como a faixa final ‘A Tijuca em Cinemascope’, instrumental ousado e embebido de influências líricas e orquestrais.

E para confirmar este novo caminho, Ed Motta conclui a fase na gravadora Universal ‘ganhando’ o disco “Dwitza” (2002). De início recebido com estranheza pelo público, Dwitza abriu as portas da Europa para Ed Motta, que incensou o disco pela grandiosidade das composições e fidelidade do som (gravado apenas com instrumentos/equipamentos analógicos e isento de compressão/reverberação digital). As influências de Ed afloram em temas-tributos a vários mestres,

como Dom Salvador, Moacir Santos, e a diversidade ecoa em samba, afro-jazz, valsa, e outros. A voz é alçada a instrumento melódico e o edmottês impera. Só duas músicas tem letras: ‘Doce Ilusão’ e ‘Coisas Naturais’. ‘Valse Au Beurre Blanc’ é uma relação de nomes de vinhos e queijos, enquanto que ‘Lindúria’, com seu fake English, é uma ode à sua esposa. Antes de fazer Dwitza, Ed Motta juntou-se a outro Motta (Nelson Motta) para criar a trilha sonora do filme de Daniel Filho, “A Partilha” (2001), quando criou temas inspiradíssimos como ‘Apaixonada’, ‘Risos na Noite’ e ‘Tardes de Verão’.

Em 2003, Ed aporta em sua nova gravadora, a Trama. Com plena liberdade nos estúdios, Ed se dedica a confluir um amálgama de influências, estilos e inspirações para gerar um álbum pop até no nome, “Poptical” (Trama, 2003). Pela primeira vez, Ed permitiu que fossem gravadas as sessões de gravação de um disco, e é onde podemos sentir de perto toda a magnitude do compositor e arranjador Ed Motta, que cuida passo a passo da gravação de cada

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instrumento, checando com os músicos as intenções e nuances de cada take. O disco possui um hit logo de cara, a parceria com Seu Jorge na divertida ‘Tem Espaço na Van’, com uma pegada funk aliada a uma nova visão de arranjo, onde os teclados e sintetizadores fazem às vezes dos metais e cordas. A faixa de abertura, ’Minha Casa, Minha Cama, Minha Mesa’, já mostra que Ed quer ir muito mais além, numa harmonia sofisticada dentro de um universo afro-jazz-brazuca. Há no universo poptical espaço para baladas, temas disco, canções à la Mancini, foxes, rumbas e mais. As parcerias também embelezam o álbum, onde a música de Ed se alia às canetas de Adriana Calcanhoto, Nelson Motta, Daniel Carlomagno, Jair Oliveira, Chico Amaral, Zélia Duncan e outros. Entra em cena também o novo parceiro, Jean-Paul ‘Bluey’ Maunick, líder do grupo inglês Incognito, que letrou a acústica ’The Rose that Came to Bloom’, onde Ed dá espaço até para Scriabin. Ed realizou uma turnê no Japão juntamente com a banda Incognito para promover este disco e o repertório de Dwitza (Ed gravou no disco dos ingleses a faixa título do álbum ‘Who Needs Love’). Uma inovação proposta pela gravadora foi o lançamento de versões remixes de ‘Tem Espaço na Van’ e ‘Que Bom Voltar’. Com o sucesso de Poptical, é chegada a hora de gravar um DVD para registrar as performances de Ed e banda, que conquistaram a Europa (inclusive no North Sea Jazz Festival) e Japão. Assim, em São Paulo, é gravado o show que se tornaria “Ed Motta em DVD”, e também o CD duplo “Ed Motta ao Vivo” (Trama, 2004), lançamento premiado pela APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte.

O DVD tenta compilar um pouco de cada fase de sua carreira, começando com um medley do disco Dwitza, focando no disco Poptical, e relembrando todos os sucessos, de ‘Manuel’ a ‘Fora da Lei’, de ‘Solução’ a ‘Vendaval’, todas com novas roupagens, além de resgatar a música ‘Entre e Ouça’. Uma participação não prevista dá o charme ao final do DVD, onde Ed divide o piano com sua mestra Tânia Maria.

Além do show, há o making of do disco Poptical, uma pérola para os fãs, que podem ouvir e ver detalhes de gravação de cada faixa, recheados de comentários inspirados de Ed e banda. Em meio a participações em tributos, songbooks, álbuns e shows de vários artistas – a participação no DVD Roupacústico, do grupo Roupa Nova é um dos destaques –, Ed vai recolhendo seus temas para a gravação de mais um disco, sempre com o objetivo de surpreender-se.

Em 2005, é lançado “Aystelum” (Trama), mais um ousado trabalho, que retoma temas instrumentais começados no disco Dwitza (o spiritual jazz ‘Awunism’, o samba-jazz ‘É Muita Gig, Véi!’, e ‘Patidid’), formações inusitadas, como ‘Balendoah’, que tem duas baterias e dois baixos, evidencia o flerte com o samba na suingada ‘Phármacias’ e em ‘Samba Azul’ (dueto com Alcione), e retoma com força total as trilhas musicais (com a gravação de três faixas do seu Musical “7”, peça teatral com texto de Charles Moeller e letras de Claudio Botelho). Nei

Lopes assina duas letras, e Ronaldo Bastos, uma.

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Com apenas uma faixa considerada ‘radiofônica’ (‘A Charada’), o disco relega Ed a uma extravagante minoria na música nacional, mas a vaidade notória do músico não o deixa se preocupar com a reação do público, e ele se regozija fazendo arte como uma criação divina e intelectual. E atesta: “A arte não pode ser feita para o público. Acho menor a arte que é absolutamente dirigida”. Em 2005 e 2006, Ed retoma seu trabalho de produtor, cuidando do disco ‘Atlas’ do grupo Jazzinho. E participa de muitos outros trabalhos, gravando com Zélia Duncan, Zé Ricardo, Bluey e outros. Depois de uma pausa de três anos sem gravar material próprio, Ed avança mais uma jogada na sua obsessão de se reinventar e se surpreender.

Em 2008, lança “Chapter 9” (Trama), um disco com várias novidades. A primeira delas é que o músico gravou todos os instrumentos, de maneira bem minimalista. A idéia de ‘one man band’ surgiu nas gravações das demo tapes do disco em São Paulo em 2007 (Ed sempre se utiliza disso para melhor mostrar as idéias para os músicos), onde incentivado por João Marcelo Boscoli, da Trama, resolveu manter as gravações originais como sendo as definitivas. Outra diferença: a língua inglesa, que perambulava em

praticamente todos os seus discos, aporta pra valer agora, com todas as músicas em inglês. Para auxiliá-lo nesta empreitada, contou com as letras lisérgicas do artista inglês Robert Gallagher. A exceção fica para a lúgubre faixa de abertura, ‘The Man from the Oldest Building’, com letra de Cláudio Botelho. As músicas, soturnas à primeira vista (como ‘Twisted Blue’), com toques de rock setentista, como ‘Tommy Boy’s Big Mistake’, e pop inglês (o hit ‘You’re Supposed To...’), surpreendem ao revelar uma abordagem espontânea de Ed Motta. As influências provem de vários lados, mas Ed aponta para o trabalho de Scott Walker como o grande norteador do disco. Entretanto, ‘Chapter 9’ não é hermético, e apresenta muitas outras facetas, como a reggae ‘The Sky is Falling’, ou a ensolarada ‘The Runaways’ (que traz de volta as influências de Stevie Wonder e Steely Dan). As novidades não param por aí: Chapter 9 foi o primeiro cd de Ed Motta disponibilizado de maneira gratuita pela web, num projeto de parceria entre a gravadora e grandes empresas. Bom para os fãs, melhor para o artista (ou vice-versa!) E pouco mais de apenas um ano depois, Ed já entrega nas prateleiras das lojas mais um disco novo, fruto de sua nonstop creative mind. E desta vez o clima é festivo!

“Piquenique” (Trama, 2009) já começa com uma inovação: Ed aventurou-se, ao lado da esposa Edna, a compor as letras. O casal é responsável por todas as letras do disco, exceção feita à faixa ‘Nefertiti’, com letra da sempre parceira Rita Lee. Outra novidade de Piquenique: é o primeiro disco de Ed a ter um single virtual, da música ‘Mensalidade’, com download patrocinado. As músicas retomam o clima pop lapidado do disco “Manual Prático”, com faixas remetendo ao inicio de carreira de Ed.

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‘Minha Vida Toda Com Você’ é funky e romântica. ‘Mensalidade’ e ‘Pé na Jaca’ tem temas irreverentes à moda de ‘Manuel’. ‘Pé na Jaca’ conta com o baixo de Liminha. Todos os outros baixos ficaram a cargo de Robinho, ou do próprio Ed, que ao lado do co-produtor Silvera, cuidaram da maioria dos instrumentos. Outros músicos que participam deste disco: Leandro Cabral e Renato Fonseca (teclados); Jessé Sadoc (trumpete e flugelhorn); Marcelo Martins (sax e flauta); Marya Bravo (voz); ‘A Turma da Pilantragem’, que homenageia o grupo de mesmo nome, tem participação da cantora Maria Rita, que emoldura o ar vintage da música e a sedução inocente da letra. A paixão por quadrinhos (belgas, de preferência!) fica expressa na primorosa ‘Nicole Versus Cheng’. E ainda há muitos sabores novos na cabeça de Ed, desaguando em canções como ‘Bel Prazer’, ‘Tanto Faz’ (lindo trabalho de guitarras), e a espiritual ‘O Mestre e o Aprendiz’. ‘Carência no Frio’ é, sem hesitar, uma das mais lindas baladas de Ed Motta, harmonizando o brilho das trilhas da Disney e de grandes musicais a uma tristeza ímpar na letra. Engana-se quem pensa que o disco foi propositamente pensado como ‘pop para as rádios’. Na verdade, a veia compositora de Ed se manifesta de várias maneiras, e na época logo após o lançamento de Chapter 9, sobraram idéias e temas que não encaixaram naquele disco por serem justamente mais solares e animadas, e a inspiração do músico continuou caminhando por temas tão vivos e alegres quanto, e daí surgiu o conjunto de canções que deram origem a Piquenique, cujo título entrega um conceito de simplicidade sofisticada. As inspirações, como sempre gigantescas, passeiam por Chuck Brown, Robson Jorge e Lincoln Olivetti, Cheryl Linn, Salsoul Orquestra, Vince Montana, Steely Dan e muito mais...

O universo musical de Ed é tão amplo e irrestrito que é impossível pressupor para quais lados caminharão seus novos trabalhos, e é justamente isso que move e comove os fãs: a ansiedade pelas novidades do sempre inquieto Ed Motta. E a certeza de uma arte sempre ‘maior’.

Marcelo Donati (novembro, 2009)

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DISCOGRAFIA E PARTICIPAÇÕES

Discografia oficial:

1988 - Ed Motta e Conexão Japeri

1990 - Um Contrato com Deus

1992 - Entre e Ouça

1993 - Ao Vivo

1997 - Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins

1998 - Remixes e Aperitivos

2000 - As Segundas Intenções do Manual Prático

2001 - Dwitza

2003 - Poptical

2005 - Aystelum

2008 - Chapter 9

2009 - Piquenique

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Trilhas Sonoras de Filmes e Curtas:

curta (1991) Leonora Down - direção de Flávia Alfinito

(1996) O Corcunda de Notre Dame

curta (1997) Nino - direção de Flávia Alfinito

(1997) Pequeno Dicionário Amoroso – trilha sonora

curta (1998) Famine – direção de Patricia Alves Dias

curta (1999) De janela para o cinema - direção de Quiá Rodrigues

(1999) Tarzan - Trilha Sonora (Disney)

(2000) A Nova Onda do Imperador – “Mundo Perfeito” (Disney)

(2001) A Partilha –Trilha por Ed Motta e Nelson Motta

(2003) Sexo, Amor e Traição

(2007) Caixa Dois

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Songbooks e Compilações Especiais (estúdio):

(1994) Castelo Rá-tim-bum - “Felino Sabidão”

(1996) Aldir Blanc 50 Anos – “Crescente e Fértil” (música de Ed Motta, letra de Aldir)

(1996) CD dos Hinos Placar - “Hino do Botafogo”

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim Intrumental vol. 2 – “Red Blouse” (com Ricardo Silveira)

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim, vol. 4 – “Olha Maria” (com Leandro Braga)

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim, vol. 5 – “Imagina” (com Leandro Braga e Beth Bruno)

(1997) Djavan Songbook vol. 1 – “Samurai”

(1997) Edu Lobo & Chico Buarque - Álbum de Teatro – “Bancarrota Blues” (com Guinga)

(1998) Marcos Valle Songbook - Vol. 1 – “Rockin’ You Eternally”

(1998) Marcos Valle Songbook - Vol. 2 – “Os Grilos” (com Joice)

(1999) Chico Buarque Songbook Vol.8 – “Bye Bye Brasil” (com João Donato)

(1999) João Donato Songbook Vol. 1 – “Bananeira”

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(1999) Songbook João Donato Vol. 3 – “Everyday”

(2000) Canções, Versões – “Fascinante Ritmo” (Fascinating Rhythm,de Gershwin)

(2003) Songbook João Bosco Vol. 3 – “Bijuterias” (com Burnier e Cartier)

(2005) Incognito & Rice Artists Remixed – Feed Your Soul - Ed Motta e Bluey – “Where the Leeves Broke”

(2005) Timoneiro: Herminio Bello de Carvalho - BOX - “Folhas no Ar” (com Zélia Duncan)

Participações em discos de outros artistas (estúdio):

(1988) Alcione – Celebração – “Mesa de Bar”

(1989) Skowa e a Máfia – La Famiglia – “Deus me Faça Funky”

(1991) Blues Etílicos IV – “Hard Times”

(1991) Cassiano – Cedo ou Tarde – “Know-How”

(1991) Gilberto Gil - O Eterno Deus Mudança – “O Eterno Deus Mudança”

(1991) Marisa Monte – Mais – “Ainda Lembro”

(1991) Patrícia Marx – Incertezas – “Um Ano Eu Sei” (música de Ed Motta e Bombom)

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(1994) Blues Etílicos – Salamandra – “People Get Ready”

(1995) Flávio Guimarães – Little Blues – “Honest I do”

(1996) Guinga - Cheio de Dedos – “Ária de Opereta”

(1999) Ivete Sangalo – Ivete Sangalo – “Medo de Amar”

(1999) Mondo Grosso e Lino Crizz – “Cenário”

(2000) Ebony Vox - Ebony Vox – “Eu te vejo em tudo”

(2000) Guinga –Suite Leopoldina – “Par Constante”

(2000) Beth Bruno – Luz – “Rainbow’s End” (música de Ed Motta) e “Imagina”

(2001) Bossacucanova & Roberto Menescal – Brasilidade – “Garota de Ipanema”

(2001) Morelenbaum 2 & Sakamoto - Casa – “Imagina”

(2001) Paula Lima – É Isso Aí – “Perdão Talvez” e “As Famosas Gargalhadas do Yuka”

(2001) Quarteto Maognay – Cordas Cruzadas – “A Foggy Day in Teresópolis” (música de Ed Motta)

(2002) Jair Oliveira – Outro – “Amor e Saudade + Toy Piano (Vinheta 2)”

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(2002) Luciana Mello – Olha pra Mim – “Um Contrato com Deus”

(2002) Sandra de Sá – Pare, Olhe, Escute – “Pare, Olhe, Escute” (Stop, Look, Listen)

(2002) Flávio Henrique & Chico Amaral – Livramento – “Hotel Maravilhoso”

(2003) Chico Pinheiro - Meia-Noite, Meio-Dia – “Essa Canção”

(2003) Edson e Tita Lobo – Gosto Tanto – “Something Divine”

(2003) Flávio Venturini - Essential Brazil – “Nascente”

(2004) Uma tarde com Bud Shank e João Donato - "Black Orchid" (Cal Tjader) Ed Motta: contrabaixo

(2004) Incognito - Who Needs Love – “Who Needs Love”

(2006) Jazzinho – Atlas – “Stress” e “Simetrie” (álbum produzido por Ed Motta)

(2008) Francis Hime – Álbum Musical – “À Meia Luz”

(2009) Congresso (banda chilena) – disco ainda não lançado

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Discos ao vivo de outros artistas, projetos, programas e tributos, em CD ou DVD

(1988) DVD Marisa Monte – MM – “These Are the Songs”

(1998) Luau MTV – “Fora da Lei” – “Daqui Pro Méier” – “Caso Sério”

(2000) Tributo a Tim Maia – “Azul da Cor do Mar”

(2001) Mário Adnet - Moacir Santos: Ouro Negro CD 1 – “Orfeu“

(2001) Olha que Coisa mais Linda - Uma Homenagem a Tom Jobim – “Por Toda Minha Vida”

(2001) Palco MPB– “Caso Sério/Lígia” – “Colombina”

(2001) Um Barzinho, Um Violão, vol. 1 – “Azul da Cor do Mar”

(2001) Um Barzinho, Um Violão, vol. 2 – “Caso Sério”

(2003) Casa de Samba - Ed Motta e Miltinho – “Meu Nome É Ninguém”

(2004) Roupa Nova – Roupacustico DVD – “Bem Simples”

(2002) Ed Motta & Alex Attias – “Patinete” – “Sus 4 Jam”

(2002) Natures Plan featuring Ed Motta (2002) “Without Words”

(2005) Zé Ricardo e Convidados ao Vivo – “Beijo do Olhar”

(2009) Baile do Simonal - Tributo a Wilson Simonal – “Lobo Bobo”

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Alguns jingles para TV, Rádio e Internet

Campari

Brahma Chopp – “Irresistível”

Nissan Tiida – “Walk on By”

Tênis Dharma

Campanha Natal Multiplan 2007 (Shopping)

Sabonete Albany – “Diferentemente Lindo”

Alguns Bootlegs

(1998) Direct TV (Bourbon Street)

(1998) Manual Pratico Ao Vivo no Sesc Pompéia

(1999) Ao Vivo em Salvador

(2001) DVD As Segundas Intenções ao vivo (Multishow)

(2003) Ed Motta e Incognito Brass Section Live

(2004) Live at North Sea Jazz Festival

(2007) Ed Motta en La Trastienda (Argentina)

(2009) Bourbon Street (Sala do Professor Buchanan's)

(2009) SESC Santo André - Piquenique Tour

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Ed Motta por Outros:

(1999) Fat Family - Fat Family – “O Tempo Todo Para Mim” (música de Ed Motta)

(1996) Edson Cordeiro - Terceiro Sinal – “Aos Pedaços” (música de Ed Motta)

(2001) Gal Costa - Gal de Tantos Amores – “Apaixonada”

(2002) Lulu Santos - Programa – “Walkpeople” (musica Ed Motta e Marcos Valle)

(2002) André Leono - A Conquista – “No Meu Coração Você Vai Sempre Estar”

(2004) Anderson Soares - Muito Soul – “Entre E Ouça”

(2004) BR6 - A Capella – “Falso milagre do amor”

(2005) 7 - Sete, O Musical - trilha de Ed Motta, peça de Cláudio Botelho e Charles Moeller

(2008) Chris Greene - Soul and Science 2 Electric Boogaloo - “Amalgasantos”

(2008) Lua – Lua – “Dias de Paz”

(2008) Cláudia Rezende – Movimentos Raros – “Como Dois Cristais”