Ecoa a alucinógena voz do Samba sob a guia de Iboga – O ... · é popularizar essa cultura...

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Ecoa a alucinógena voz do Samba sob a guia de Iboga – O místico poder de um espírito africano

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Ecoa a alucinógena voz do Samba sob a guia de

Iboga – O místico poder de um espírito africano

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Nome Grêmio Recreativo Escola de Samba de Enredo Borboleta TransgêneroCores Rosa e azulSímbolo Borboleta transPresidente Cleiton AlmeidaCarnavalesco

Cleiton Almeida

Elementos 5 setores, 5 alegorias, 21 alas.

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Utilizando-se de uma estética psicodélica, o GRESE Borboleta Transgênero tem

como ponto de partida de seu enredo os conhecimentos sobre a iboga, uma planta de

origem africana que possui substâncias alucinógenas em suas raízes. A partir de

pesquisas sobre o assunto, a escola reuniu informações e criou uma narrativa fictícia que

possui elementos verídicos e criativos.

O desenvolvimento alia a história da iboga e da religião Bwiti, com a inserção

do Samba como personagem que vivencia a experiência proposta. A intenção do enredo

é popularizar essa cultura africana pouco difundida e mostrar ao público uma visão

lisérgica do mundo. Além disso, o desfile ainda trás em seu conceito uma mensagem de

união e esperança, que ressalta a importância do conhecimento e da valorização

ancestral para a evolução do ser.

“O Samba é o pai do prazer,

o Samba é o filho da dor

O grande poder transformador.”

Desde que o Samba é Samba – Caetano Veloso

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Noite ensolarada, dia estrelado, tempos sem conexões. Habita um povo bantu

nas tropicais florestas do Gabão. Negra Mãe, inebriante África de mistérios, onde

pigmeus se preparam para a caça passando por mágicos rituais. A cerimônia de

purificação começa e a metáfora da vida ecoa pelas matas. É o som, o ritmo, vibrantes

polifonias em incansáveis vozes. A manifestação dos Bakas para ir à selva.

Exímios caçadores envoltos da enigmática natureza, os pigmeus observam

atentamente o comportamento de exóticos javalis que perambulam por ali. Os animais

parecem levitar em calmas expressões de êxtase. Andam desnorteados, como se não

mais tivessem controle sobre seus sentidos e instintos.

Intrigados, os caçadores perceberam que o consumo das raízes de um arbusto

provocava tal comportamento nos javalis. O primeiro pigmeu experimenta a planta e

recomenda aos outros da tribo, entrando todos em um entorpecente transe. Uma viagem

por sensações até então desconhecidas. No retorno para a aldeia, em uma comunicação

com seres divinos, o curandeiro da tribo revela que um espírito habita o arbusto. Diante

deles estava muito mais do que uma planta, mas sim uma divindade que pode fazer

contato e levar aprendizagem.

Em uma manifestação de respeito e euforia à descoberta, é feito um ritual de

veneração ao arbusto. A planta de brancas e rosadas flores, junto com seus alaranjados

frutos, é cultuada com delirantes atividades musicais que rasgam a noite e perpetuam as

manhãs. O outro lado é descoberto em alucinógenas experiências. “Iboga, alucinante

espírito africano!” Iboga, alucinante espírito africano!

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O conhecimento do ritual se difundiu entre outras tribos. Religiosamente, o

Bwiti foi elaborado e fez a transmissão oral do processo de iniciação. O negro povo

liberta um timbre que revela a alma, que rompeu barreiras e trouxe o Samba ao

exuberante centro da África, para ser banzi em uma lisérgica experiência.

No primeiro momento da iniciação, o Samba confessa todos os seus dionisíacos

pecados. Após um sagrado banho, ele ingere, em jejum, uma enorme quantidade de

iboga. Seu corpo é purificado e preparado para a cerimônia. Agora, já kombo, cai em

um atemporal e induzido coma. Todos da tribo cantam, dançam e tocam durante todo o

ritual. O espírito do Samba viaja para o plano da criação. Vai ao mundo da vida e dos

mortos, um lugar desconhecido pela comum humanidade.

Do outro lado, suas visões são explosões de cores, formas e brilhos que

permitem sentir a presença do supremo e divino ser. O espírito do Samba encontra seus

sábios ancestrais e recebe revelações de sua missão na Terra. A alucinógena fé contida

em sua essência opera suas doenças. Em um holístico elo entre mente, emoção e

espírito, ele encontra a cura para os males de fora.

Ao fim do ritual de iniciação, a sagrada harpa conduz seu espírito de volta ao

corpo e ao mundo material. Agora renascido, já não é mais o que era. Foi transformado

pelo místico poder que na iboga vive. Viva a sobrenatural e africana mãe! Que na

ancestralidade pariu o Samba e agora o regenera para que possa tocar clamores mais

altos.

Em terras brasileiras, o Samba, agora como nganga, emana sua energia para

realizar aquilo a que foi incumbido. Sua voz agora é ouvida em todo o mundo e suas

vibrações tocam as mais afastadas consciências. As ondas emitidas no som dos seus

incansáveis tambores possuem os mesmos efeitos da iboga. Seu ritmo leva a cura às

dependências enraizadas no corpo. Leva a felicidade até mesmo ao coração mais imerso

nas trevas. E no ecoar mais alucinógeno do Carnaval, o Samba concretiza a profecia

Bwiti e faz a união de todos os povos negros da Terra.

Glossário

Bakas = Tribo de pigmeus que vive na África Central, em especial no Gabão.Banzi = Futuro iniciado na religião Bwiti.Bwiti = Religião africana que tem como base a iniciação por meio do uso da iboga.Kombo = Pessoa que está em passagem pelo processo de iniciação.Nganga = Pessoa que já foi iniciada no Bwiti e pode repassar seu conhecimento da iboga.

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1º Setor – As misteriosas matas do Gabão

Comissão de frente – Pigmeus, povo bantu em mágicos rituais

A comissão de frente da escola representa os pigmeus que habitavam as florestas

da África Central há muitos anos. Eles são assim denominados devido à sua baixa

estatura, aproximadamente 1,50m. Antes de ir à caça, eles passavam por rituais de

purificação. O grupo cênico, formado por 15 bailarinos, apresenta uma coreografia que

transita entre momentos intensos e suaves, em uma dança inspirada nos movimentos

próprios de tribos do Gabão. A indumentária é a típica dos pigmeus da região, mas com

cores mais vibrantes e brilhantes. No ato teatral, um dos pigmeus é elevado numa

pirâmide humana, ligando uma corrente de sinalizadores que cria uma aura de fumaça

multicor. Quando ele desce, está com uma lança e sai para a caça, finalizando a

apresentação.

Guardiões – A caça

A caça é a principal atividade das tribos de pigmeu. É uma tarefa exclusiva dos

homens, que passam por uma cerimônia de purificação antes de sair para a selva. Os

guardiões vêm vestidos com trajes típicos africanos, com grandes lanças com palha

como adereço de mão e tecidos de pele animal no costeiro. A cromática varia entre cores

vibrantes.

1º Casal de mestre-sala e porta-bandeira – Inebriante Mãe África

O continente africano é considerado o berço da humanidade. A negra mãe

África, como é popularmente chamada, deu origem a diversas culturas, tradições e

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religiões. Os hábitos dos povos africanos diferem de maneira grandiosa dos outros

lugares do mundo. A África é conhecida por seus mistérios e por sua forte ligação

espiritual com a natureza. O primeiro casal da escola representa essa magia que envolve

as terras africanas. A porta-bandeira veste um traje multicor, com pedras, dentes, capim

e folhas secas. A saia é formada por tubos translúcidos coloridos, com líquido brilhante

dentro, que balançam e provocam um efeito de movimento com o bailado. O mestre-

sala veste um traje similar. Porém, ao invés dos tubos, com faixas de cor. Ele usa uma

máscara africana, representando uma entidade que evoca o movimento da porta-

bandeira.

Ala 1 – Música – metáfora da vida

A primeira ala da escola representa a música. Ela é sagrada para os pigmeus e é

peça fundamental em todas as manifestações que são feitas. A fantasia é constituída por

correntes de notas musicais que envolvem todo o corpo do componente de maneira

expansiva. As cores são intensas e fluorescentes, reafirmando a vivacidade do som e sua

importância como entidade rítmica.

Alegoria 1 – Javalis transcendentes nas matas alucinógenas

A primeira alegoria do desfile representa o encontro dos pigmeus com um grupo

de javalis exóticos, que apresentavam um comportamento anormal. Os animais estavam

sob efeitos alucinógenos, fato esse que influencia a estética do carro alegórico. As cores

utilizadas diferem da realidade comum. À frente, duas grandes esculturas de javalis

disformes, coloridos e com pintura psicodélica. Os animais derretem e se misturam à

terra, formada por raízes fluorescentes. A floresta é multicolorida e conta com uma

iluminação intensa. Componentes vestidos de javalis e de pigmeus estão dispostos por

ela e fazem encenações transcendentes. Ao fundo do carro, a escultura de um pigmeu

caçador, com os olhos pintados como se estivesse hipnotizado.

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2º setor – Iboga – Morada de um místico espírito

Ala 2 – As raízes de um arbusto

Os pigmeus perceberam que os tais javalis exóticos consumiam as raízes de um

arbusto. É nelas que está a substância capaz de provocar efeitos alucinógenos em quem

as consome. A representação na fantasia é feita através de um arbusto médio como

chapéu e as raízes se estendendo por todo o corpo do componente. As raízes são de tom

dourado metálico, abrindo a cor base do setor.

Ala 3 – Inédita transe coletiva

Quando os pigmeus que estavam em caça experimentaram as raízes daquela

planta, ficaram sob o mesmo efeito que os javalis estavam. Uma sensação até então

inédita, uma viagem a outro plano. A ala é coreografada e os componentes estão

interligados por tiras de led dourado. Na sequência dos movimentos, eles giram de

maneira assimétrica, formando uma espiral ilusória. Figurino dourado formado por saia

e ombreira, com o adereço de mão dos caçadores. Os componentes estão descalços.

Ala 4 (Bateria) – O curandeiro

O curandeiro é o responsável na tribo por tratar e curar doenças com

procedimentos espirituais, através de magias, rituais e poderes naturais. A bateria da

escola vem vestida com uma fantasia que facilita o movimento do componente, formada

por adereços africanos e uma saia de pele de animais variados. Muitas contas e folhas

douradas são distribuídas por toda a indumentária.

Ala 5 – O espírito que habita a planta

Através de uma comunicação espiritual, o curandeiro disse que um espírito

habitava a planta, por isso que ela provocava aqueles efeitos em quem a consumia. Ele

levava as pessoas a outro plano para fazer contato com o divino. Na fantasia, o

componente é o próprio espírito, todo pintado em dourado metálico, saindo de dentro da

iboga. A ruptura pelo caule acontece na cintura do componente.

Ala 6 – Manifestação tribal

Com a recente e incrível descoberta, toda a tribo se reúne para uma

manifestação. Como era comum, muita música e cantos para celebrar aquele espírito

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que vive na planta. Ala coreografada, onde um componente fica ao centro,

representando uma fogueira, e os outros dançam ao redor, vestidos com adereços

africanos e com muita pintura corporal. Carregam tambores e chocalhos como adereço

de mão.

Alegoria 2 – Divina Iboga – Veneração ao espírito africano

Por ser morada de uma divindade, a iboga passou a ser considerada sagrada. O

arbusto era venerado por toda a tribo e sua utilização exigia um ritual de purificação

para o encontro com o espírito. A base da alegoria é dourada e se mistura com tons de

marrom. Raízes de variados tamanhos compõe a saia. O cenário é uma aldeia, com casa

de palha e capim. Os componentes ocupam a parte frontal e central, vestidos apenas

com contas e com o rosto pintado de branco. Na parte traseira, elevados em queijos,

componentes como curandeiros dourados envolvem uma enorme escultura de um

arbusto de iboga, de onde sai um espírito feito de seda.

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3º Setor – A iniciação do Samba

Ala 7 – Bwiti

A religião Bwiti foi criada a partir da passagem da tradição oral do ritual de

iniciação da iboga. Até hoje o ritual é a base principal da religião. Ela é considerada

uma das três religiões oficiais do Gabão. A fantasia utiliza as três cores comuns nos

trajes dos participantes dos ritos: o vermelho, o preto e o branco. São camadas de tecido

nos membros superiores e nas costas até o chão. Uma saia de ráfia em duas camadas e

contas complementam o figurino.

Ala 8 – Chegada do Samba

Com a propagação dos conhecimentos Bwiti, o Samba tomou conhecimento do

ritual e foi guiado pelo timbre psicodélico até o Gabão. Ele chega do Brasil em trajes

que misturam sua essência africana com a carga pecaminosa grega que adquiriu com o

carnaval, manifestação pagã em homenagem ao deus Dionísio. A fantasia varia entre

tons de vermelho, com um traje grego de estampas africanas, com uvas nas ombreiras e

um tecido caído em tom de vinho.

Ala 9 – Banho sagrado

No começo do ritual de iniciação ao Bwiti com a iboga, o Samba toma um

banho dado pelos ngangas para que todas as impurezas externas sejam removidas. A

fantasia varia entre o branco e tons de prata. Camadas de babados e bolhas de acetato

compõem a indumentária, lembrando a pureza da água.

Ala 10 – Purificação do corpo

Após a limpeza externa, o Samba passa por uma limpeza interna. Em jejum, ele

ingere uma grande quantidade de iboga para que todas as impurezas que estejam no

estômago sejam devolvidas para fora. A fantasia é um brilhante branco que cobre o

corpo do componente, menos a cabeça. Essa parte representa o canal da garganta. Na

ombreira e peitoral, uma boca aberta para cima, de onde sai a cabeça do componente em

tons escuros, com tecidos presos a arames saltando, representando as impurezas.

Ala 11 – A iniciação – o coma do kombo

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Após os momentos de purificação, o Samba, já iniciado, ingere uma enorme

quantidade de iboga e cai em um coma induzido, perdendo a noção do tempo e do

espaço. Nesse momento, ele começa a ter visões alucinógenas. O componente carrega

como adereço de mão uma ampulheta vazia, que gira o tempo todo. O rosto é pintado de

branco e a fantasia é composta por estampas psicodélicas.

Ala 12 – Viagem ao desconhecido

Durante o coma, o Samba viaja a um local desconhecido, que a tribo chama de

plano da criação. É o outro lado, onde a vida é diferente e o contato com os mortos é

possível. A indumentária busca representar os espíritos, utilizando formas fluidas e

materiais como seda e algodão (Vale ressaltar aqui a liberdade artística em representar

algo da maneira como se é imaginado). A ala é dividida em duas cores. Uma branca, que

representa a vida; outra preta, que representa a morte. Ambas as fantasias são iguais em

termos de forma.

Alegoria 3 – A celebração da iniciação

Durante todo o ritual de iniciação do Samba, a tribo se manifesta independente

de questões de dia e noite. Cantam, dançam e tocam em uma celebração espiritual de fé.

Além da música, o fogo também é muito presente no ritual, pois ele é a luz que guia o

iniciado durante o coma. O interior da casa africana onde ocorre a iniciação é o cenário

alegórico. Ao centro da alegoria, uma escultura simboliza o Samba em coma dentro de

uma rede estampada. Nas laterais, componentes com trajes africanos e contas balançam

sinalizadores. O carro varia entre gradações de vermelho, preto e branco.

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4º Setor – Do outro lado da consciência

Ala 13 – Inconscientes visões do divino

Do outro lado, o Samba tem seu encontro com o divino. Os efeitos alucinógenos

da iboga permitem ver cores e formas que normalmente não conseguimos. O Samba

alcança outro estado da consciência e tem visões espirituais. O componente traz um

grande olho de led multicor como adereço de mão. A fantasia varia entre tons de azul e

verde, onde duas mãos de espuma envolvem o componente, representando o criador

sublime.

Ala 14 – As revelações dos ancestrais

Através da iniciação, o Samba encontra seus ancestrais no outro plano. Acredita-

se que o encontro serve para que mensagens e aprendizados sejam repassados com

algum objetivo. Então, os antigos sábios revelam ao Samba quais são as suas missões na

Terra. Os componentes estão vestidos como os ancestrais do Samba, que tem origem na

própria África. Carregam um cajado com escrituras e estão vestidos com longos trajes

africanos de pelo animal, em tons de verde escuro e marfim.

Ala 15 – Fé que opera

Além do contato com seres divinos, há também a crença que a iboga pode curar.

Há diversos relatos de pessoas que tinham doenças e operaram no “hospital de lá”.

Entretanto, a fé é essencial para que a cura possa acontecer. Na fantasia, o componente

emerge de uma saia de fogo, símbolo da fé, vestido numa roupa hospitalar em tons de

azul, com estampas africanas. Por cima, fios nas mesmas cores por todo o corpo

representam as veias vivas do Samba.

2º Casal de mestre-sala e porta-bandeira – Conexão holística

Durante o processo da iniciação, o Samba passa por uma ligação entre sua

mente, seu espírito e suas emoções. Essa ligação permite ver além daquilo que é usual.

Ele descobre novos sentidos, novas capacidades. Essa conexão holística é permitida

graças às substâncias da iboga. A parte superior da porta-bandeira representa a mente,

com um cérebro psicodélico onde os neurônios são representados por luzes de led. A

parte inferior representa as emoções. São plumas coloridas em níveis diferentes,

representando os altos e baixos do sentimento. O mestre-sala é o espírito, vestido em

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leves tecidos, em claros tons de azul e verde. Usa uma saia longa de tecidos cortados, a

fim de camuflar a perna, como se flutuasse. Na coreografia, eles se conectam por fios,

num bailado lisérgico.

Destaque – O poder da cura

Ao Samba é concedido o poder da cura, para que ele ajude as pessoas quando

voltar do coma. O destaque é envolvido por luzes de led transparente e carrega em mãos

uma bola de luz que solta fumaça.

Ala 16 – Harpa Sagrada

Ao fim do ritual, o mediador toca a harpa sagrada para que o espírito seja guiado

de volta ao corpo. O instrumento se tornou peça chave para o sucesso da iniciação, pois

no retorno, o espírito pode não encontrar o caminho. Na composição da fantasia, o

componente está vestido como melodia, através de partituras, e carregam harpas, azul e

prata, por onde passam e bailam através das cordas.

Alegoria 4 – O retorno ao material - A mística transformação

Conduzido pela harpa, o Samba retorna ao mundo material com suas novas

convicções. O efeito alucinógeno passa, mas fica seu legado: as memórias. O Samba foi

regenerado. Renasceu do mesmo berço, porém agora com um poder muito maior. Na

representação alegórica, tambores de diversos tamanhos e cores formam toda a base do

carro. De dentro dele, saem as composições vestidas como se fossem uma continuação

do couro. Ao final do carro, uma grande escultura representando o Samba, inclinada e

psicodélica, que se estende até a metade do mesmo, também saindo de um tambor.

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5º Setor – A alucinógena voz do Samba e seu poder

africano

Ala 17 – Nganga no Brasil

Após voltar ao corpo material e terminar sua iniciação, o Samba torna-se um

nganga. Então, ele volta ao Brasil para cumprir sua missão. Fantasia de biquíni com

estampa psicodélica, com uma saída de praia nas cores verde e amarelo, resgatando o

calor brasileiro, a sensualidade e a magia do Rio de Janeiro, o berço brasileiro do

Samba.

Ala 18 – A voz do Samba

Com a renovação espiritual, o Samba agora é capaz de ecoar por todo o mundo.

Sua capacidade de alcance foi aumentada em níveis inimagináveis, podendo tocar

consciências em todos os continentes do planeta. Metaforicamente, a voz do Samba é o

povo da favela, das comunidades, que mantem viva a tradição. Com isso, os figurinos

da ala são roupas comuns do cotidiano, em tons de verde e amarelo, retratando pessoas

do samba. Cada uma carrega o mapa de um continente como adereço de mão.

Ala 19 (Passistas) – As ondas dos tambores

As ondas sonoras emitidas pelos tambores do Samba ganharam amplitude e

frequência máxima. Romperam os limites conhecidos, desafiando todas as leis da física

sobre a velocidade do som. Assim, seu ritmo alucinógeno é capaz de curar as doenças e

os males de quem o ouve. Na fantasia, um tambor dourado vazado fica na lateral direita

do componente, de onde saem ondas acentuadas e vazadas, de cores diversas.

Ala 20 (Baianas) – Felicidade ao coração

Com esse grande poder transformador que adquiriu, o Samba agora

potencializou a felicidade no coração das pessoas. Se antes ele já curava a alma de quem

o ouvia, agora leva um êxtase perpétuo à vida de quem precisa. A ala de baianas é a

responsável por carregar esse significado tão simbólico no enredo. A saia das

componentes é volumosa, com corações de espuma distribuídos por ela, de onde saem

serpentinas simulando uma explosão. A fantasia é colorida e psicodélica.

Ala 21 (Velha guarda) – Carnavalucinógeno

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O Samba traz sua incrível magia para a festa carnavalesca, já que os dois

transformaram-se em sinônimo nas terras brasileiras. Uma manifestação está interligada

à outra. Dessa forma, o carnaval recebe os efeitos da iboga e o emite como expressão. A

velha guarda é uma figura ideal para representar esse momento, pois é a raiz de uma

escola de samba. Eles vestem trajes africanos, com estampas psicodélicas.

Destaque – Clamor mais alto

O Samba, em sintonia com o carnaval, dá seu clamor mais alto e definitivo.

Aquele que concretiza toda essa história. Fantasia que simboliza uma explosão, através

de adereços e símbolos.

Alegoria 5 – O Samba realiza a profecia Bwiti - A união dos povos negros

Como resultado do novo alcance, o Samba consegue realizar sua missão. Seu

clamor africano toca o coração de todos os povos negros, que guiados pela essência da

sua origem, se reúnem numa alucinógena folia de carnaval. Todos os povos negros se

unem para celebrar a vida, o Samba e a Iboga, o místico espírito africano que

proporcionou esse encontro. A alegoria representa o cenário carnavalesco onde esse

encontro acontece. Ao fundo do carro, uma grande escultura do Samba de braços

abertos, como se fosse o próprio Cristo Redentor, abençoando todos os negros.

Componentes negros com trajes típicos de diversos países africanos e de tribos compõe

a alegoria. A ALA DAS CRIANÇAS está presente no carro, vestida com trajes africanos

coloridos, simbolizando uma esperança no futuro da nação. As cores e texturas

psicodélicas complementam o cenário. Bandeiras de todos os países africanos e países

de maioria negra estão na saia do carro.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Gab%C3%A3o

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pigmeus

http://www.suapesquisa.com/pesquisa/pigmeus.htm

http://reflexaoemmusica.blogspot.com.br/2009/04/pigmeus-baka-e-os-tambores-de-agua.html

http://conceito.de/polifonia

http://super.abril.com.br/ciencia/a-droga-ibogaina

http://super.abril.com.br/ciencia/drogas-5-mil-anos-de-viagem

https://en.wikipedia.org/wiki/Bwiti

http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1189634475It020

http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A29iboga.htm

http://www.aldeiadeshiva.org/medicinas/iboga.html

http://www.afilosofia.com.br/post/apolineo-e-dionisiaco/392

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/carnaval.htm

https://www.youtube.com/watch?v=l_tgmeod_dQ