eBook as 6 Chaves

114

description

As 6 Chaves

Transcript of eBook as 6 Chaves

As seis chavescomportamentaisdos profissionais

de sucessoPA U L O D E V I L H E N A

© 2015, Oakmark - Business Excelerators

Introdução

As seis chaves do sucesso

1ª CHAVE: UMA VIDA ACIMA DA LINHA

O foco na solução / desculpas ou justificações O desafio de maturidade filosófica / um culpado Encarar a realidade / entrar em negação Assumir a responsabilidade e mudar Assumir o curso da sua própria vida em propriedade Prestar contas O princípio da responsabilidade O papel crucial da aprendizagem O que nos ensina uma laranja

2ª CHAVE: O pODEr ILIMItADO DOs ObjEtIVOs

A orientação do nosso poder mental Quantificação Enquadramento no tempo A força do que é inegociável

3ª CHAVE: A fOrçA DO OtIMIsMO

Optimismo e realismo Optimismo e ingenuidade Esperar coisas boas Os jardins que nós regamos

4ª CHAVE: O prINCÍpIO DA ECOLOGIA

A lei da abundância As equações do sucesso - Como posso servir mais? O que é que eu posso fazer para ajudar?

5ª CHAVE: A AUtO-DIsCIpLINA É O CAtALIZADOr

Fazer o que tem de ser feito. Mesmo quando não nos apetece. A fórmula do sucesso A filosofia do pronto-a-comer

6ª CHAVE: A ALAVANCA DO CONHECIMENtO

Fazer boas escolhas Capacidade de tomar decisões

Conclusão

5

10

13152325283536464855

5758626468

7475798184

86899395

979899

101

104105108

110

ÍNDICE

Oakmark - Business exceleratOrs INtrODUçÃO

5

Na abertura deste livro invoco Jim Rohn, um homem que considero uma das referências da minha vida. Na sua metáfora das estações do ano, este pensador afirma que a

vida, como as estações do ano, funciona em ciclos. Isto é, após o inverno podemos sempre contar com a primavera e a esta sucede o verão, a que se segue o outono. E de novo virá o inverno, necessariamente e de uma forma definida que somos incapazes de alterar.

Ainda que as ideias deste livro sejam princípios milenares e por isso actuais independentemente da altura em que for lido, no momento em que escrevo, do ponto de vista económico e, por consequência, também de uma perspetiva financeira, estamos a viver um inverno imenso. Inver-no financeiro este que se está a refletir na qualidade de vida das famílias. Esta é uma experiência que seguramente se traduz numa enorme angús-tia para muitos de nós, que ficamos sem saber o que fazer. Porém a an-siedade, o medo, a preocupação e outras emoções desta índole em nada nos ajudam. Pelo contrário, impedem-nos de executar adequadamente a nossa tarefa de inverno. Se atendermos aos ensinamentos milenares da natureza, o trabalho do inverno é um momento em que o rigor do estado do tempo e as noites longas e escuras exigem o recolhimento. Na vida

INTRODUÇÃO

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessOINtrODUçÃO

6

humana o inverno consiste num momento de autorreflexão. Devemos autocentrar-nos, “olhar para o nosso interior” e analisar a nossa maneira de pensar. O inverno é um tempo de retiro que nos possibilita repensar a forma como temos estado a raciocinar. E, sobretudo, permite perscrutar as consequências desse modo de pensar nas nossas vidas. Só esta atitude de autoanálise permitirá preparar-nos para a estação que vem a seguir: a primavera. A primavera é, por excelência, a estação da oportunidade. É o momento em que a natureza fornece o tempo e o espaço ideais para criarmos as condições de uma boa sementeira. Todavia, se não tivermos feito um bom trabalho de inverno, não teremos as condições necessárias para vir a fazer um bom trabalho de primavera.

Quando me refiro a um trabalho de autorreflexão, não me limito apenas a uma conceção pessoal do mesmo. Considero, antes, que este trabalho é aquele que deveríamos estar a realizar constantemente en-quanto grupo social, como povo ou país. Enquanto sujeitos humanos responsáveis deveríamos começar por tentar esclarecer o que é que nos trouxe ao ponto que a conjuntura política atual nos apresenta. É essen-cial compreendermos como chegámos a esta situação financeira e social de escassez, de crise. É preciso assumirmos o nosso papel em todo o processo e não considerá-lo fruto de um acontecimento infeliz, alheio à nossa forma de pensar e agir.

Uma das desculpas frequentemente usadas para tranquilizar as cons-ciências é a de que Portugal se encontra na situação atual por estar in-serido no projeto económico europeu. “A culpa é do euro!” — ouvimos dizer frequentemente. Assim como é comum desculpabilizarmo-nos com o comportamento dos demais, nomeadamente os detentores de fortunas ou os políticos. Como se apenas eles fossem responsáveis por terem comportamentos maus e a maior parte de nós, que somos “bons e honestos”, não passa de uma vítima que sofre as consequências dos seus atos. É imprescindível reconhecermos que estamos na situação em que nos encontramos devido à nossa maneira de pensar. Ou, dito de ouro modo, foi a nossa forma de pensar que nos conduziu até esta situação.

Oakmark - Business exceleratOrs INtrODUçÃO

7

Modo de pensar este que se refletiu na maneira de pensar dos nossos governantes. Estes, por sua vez, também fruto desta forma comum de vivermos e de pensarmos como grupo social, têm feito as suas opções económicas consabidamente menos acertadas e, gradualmente, fruto de muitas pequenas decisões pouco sensatas, chegámos ao ponto em que nos encontramos.

O nosso trabalho de inverno deverá consistir em tomarmos consci-ência de como contribuímos para esta situação e, sobretudo, evitar que ela volte a acontecer no futuro. Todavia, isto não significa que iremos deixar de ter invernos. Uma das grandes lições da vida é que o inverno vem sempre. A seguir a cada outono deveremos sempre contar com um inverno. Isto significa que após a colheita devemos estar preparados para a chegada de tempos mais rigorosos. Os invernos de que aqui se fala são muitas vezes invernos económicos, mas também sentimentais, relacio-nais ou no âmbito da saúde.

Na nossa arrogância de seres humanos que se consideram superior-mente inteligentes, muitas vezes perdemos a oportunidade de aprender com a sabedoria da natureza. E, no entanto, os seus ensinamentos estão ao alcance de todos e são absolutamente claros. Pensemos no caso de um animal ínfimo como uma formiga. Uma formiga, por minúsculo que seja o seu entendimento, nunca perde o sentido de que o inverno chegará. Assim, durante as estações da primavera e do verão, trabalha incansavel-mente para se preparar para o inverno. O conforto e tranquilidade que viverá no inverno está diretamente relacionado com a sua persistência e determinação nas outras estações. Seguramente, a certeza de que ao inverno sucede a primavera e depois o verão constituem um lenitivo para a dureza do inverno. A filosofia que preside à existência da formiga, e que retomaremos adiante, poderá constituir um guião para as nossas vidas pessoais e profissionais.

Fazer o trabalho de inverno não é mais do que olhar para dentro. Em Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, Stephen Covey fala--nos sobre a necessidade de analisarmos os nossos princípios, o nosso

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessOINtrODUçÃO

8

carácter e os nossos valores, se desejamos alcançar a eficácia pessoal e in-terpessoal. O pensador designa este tipo de atitude por uma abordagem de dentro para fora e acrescenta que, após dezenas de anos a trabalhar com executivos de empresas, estudantes universitários, grupos, famílias e casais, nunca viu ninguém alcançar a felicidade e o sucesso sólidos numa abordagem do exterior para o interior. Neste tipo de abordagem só en-controu pessoas imobilizadas e fragilizadas, à mercê dos outros e das circunstâncias. Daí o autor chamar a tenção para a necessidade de uma alteração de paradigma que tem início no interior de cada um de nós.

As Seis Chaves Comportamentais das Pessoas de Sucesso é um livro onde discuto ideias que me parecem fundamentais para cada um de nós, para as nossas vidas pessoais. Todavia, o seu impacto também se traduz na vida das nossas empresas, instituições ou grupos aos quais pertencemos (ou que nos pertencem). Se não refinarmos a filosofia das nossas equipas ou das pessoas que interagem nos nossos grupos (se não as ajudarmos a progredir na sua forma de responder ao que se passa na circunstância envolvente) dificilmente veremos os resultados que pretendemos nas nossas empresas, nas nossas relações e nas nossas associações.

O sucesso de uma empresa é um correlato direto da soma das per-formances individuais dos colaboradores. Além do mais, se tivermos em conta as investigações da neurobiologia contemporânea e o seu impacto na liderança emocional, não podemos perder de vista o papel do dono da empresa, do diretor ou do CEO, seja qual for a designação usada, enquanto responsável pelo “contágio emocional” que propaga por todos os colaboradores. Esta personagem que deve ser um líder, pode ser con-siderado um íman emocional, em redor do qual se aglutinam todos os outros. Daí ser vital que os seus sentimentos sejam positivos e motivado-res, no sentido de atraírem colaboradores talentosos e empenhados e não distantes ou irritáveis, uma vez que estados espíritos negativos afastam e desgastam os que os rodeiam.

Tendo em conta esta realidade não é de admirar que a maior parte dos líderes das empresas que figuram na Fortune 1000 tenham no seu

Oakmark - Business exceleratOrs INtrODUçÃO

9

curriculum experiência como comerciais ou marketeers. Afinal um ven-dedor de excelência, como um grande líder possuem em comum uma atitude inspiradora, o “contágio emocional” de que nos falam Daniel Goleman ou António Damásio.

Tratando-se de um livro que tem como objetivo ajudar a alcançar o sucesso, poderá parecer precário que se restrinja a meia dúzia de ideias fundamentais. Se tivermos em conta o exemplo de alguns dos maio-res pensadores da história, responsáveis pelo progresso da humanida-de, teremos de reconhecer que nenhum deles nos presenteou com uma checklist composta por inúmeras ideias que teríamos de implementar nas nossas vidas. Os cérebros mais brilhantes deram-nos ideias muito simples. Deixaram-nos uma fórmula revolucionária como Einstein, um conceito forte como o cogito de Descartes, uma metodologia de diálogo como Sócrates, alguns mandamentos ou preceitos como fizeram figu-ras que temos como sagradas nas diversas religiões. No presente caso, optámos criteriosamente por seis ideias chaves. E estamos seguros de que se as aplicarmos consistentemente, não precisamos mais para viver sabiamente a nossa passagem das estações do ano. Para além de tudo isso é exatamente essa simplicidade que eu aprecio: ser apenas meia--dúzia de ideias.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO

10

As sEIs CHAVEs DO sUCEEssO

As seis chaves do sucesso são, antes de mais, o resultado de uma reflexão pessoal sobre a vida. Inicío assim com a nar-rativa de como cheguei a este ponto na minha vida pessoal.

Por volta dos 30 anos, eu podia considerar-me uma pessoa muito bem sucedida para a minha idade, segundo os padrões sociais dominan-tes. Trabalhava em gestão de fortunas, no Luxemburgo, uma reputadís-sima praça financeira e privava com indivíduos de excelência – clientes multimilionários. Neste contexto usufruía, evidentemente, de um ótimo salário e tinha um carro fantástico. Contudo, apesar desta realidade in-vejável para os que me rodeavam, eu não me sentia absolutamente feliz com a minha vida. Sentia que não estava a viver plenamente a minha existência. E, intuitivamente, sentia que estava a passar ao lado dos meus sonhos. Neste contexto de alguma incomodidade interior, fruto já de alguma maturidade de vida, que não teria aos 20 e poucos anos quando iniciei a minha vida profissional, comecei a questionar-me porque é que existiam pessoas bem sucedidas e outras que, por mais que sonhem, não conseguem alcançar os mesmos objetivos. Todos nós temos a noção de que enquanto há pessoas que parecem alcançar tudo aquilo a que se propõem na vida, outros parece que nunca conseguem ter sucesso ou,

AS SEIS CHAVESDO SUCESSO

As sEIs CHAVEs DO sUCEEssO

11

Oakmark - Business exceleratOrs

mesmo, a um primeiro olhar, poderíamos dizer que estão destinadas a fracassar em todas as áreas das suas vidas. Enquanto uns ao nosso redor atingem com aparente facilidade os seus objetivos financeiros e do ponto de vista relacional, social, afetivo, de saúde e forma física são muito bem sucedidos, vivendo um nível acima da média, outros parecem teimar em não se conseguirem aproximar dos resultados que gostariam de ter. Ao colocar-me a questão sobre o que estaria na raiz destas experiências de vida tão distintas, não me senti satisfeito em pensar que tal resultado seria apenas fruto do acaso. Ora, como o nosso cérebro está configu-rado de uma forma tão fabulosa que não nos deixa sossegar quando lhe colocamos conscientemente uma questão que para nós é essencial, a partir desse momento o meu cérebro nunca mais descansou enquanto não encontrou algumas respostas convincentes para a minha questão. E as conclusões a que cheguei, e que partilho agora neste livro, é que aquilo que distinguia as pessoas de sucesso das demais não era resultado da sorte, do acaso, da conjuntura astral no momento do nascimento, como muitos pensam ou de quaisquer outros fatores alheios à nossa ação e vontade. Após muitas leituras e horas de reflexão assim como conversas com pessoas muito bem sucedidas, conclui que poderia reduzir as atitu-des das pessoas de sucesso a uma meia dúzia de ideias que designo aqui por as seis chaves do sucesso.

É fundamental termos em conta nas nossas vidas as questões que nos colocamos a nós mesmos (ao nosso cérebro) e a procura consistente de apren-dizagens. Esta foi uma lição fundamental que retirei desse momento de busca existencial e que nunca mais perdi de vista na minha vida. Assim sendo, a procura de aprendizagem é uma constante na minha vivência quotidiana.

É alguma dessa aprendizagem que me proponho partilhar aqui, organizando-a de forma a simplificar a sua aplicação, sob a forma das seis chaves fundamentais do sucesso. Seguramente, dentro destas ideias principais existirão muitas outras que lhes estão subjacentes. Há outros autores que fazem propostas diferentes da minha como, por exemplo Napoleon Hill que, na sua obra incontornável, Pense e Fique Rico, propõe

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO

12

As sEIs CHAVEs DO sUCEEssO

13 princípios que poderíamos considerar as 13 Chaves Fundamentais da Riqueza e Stephen R. Covey que, em Os Sete Hábitos das Pessoas Alta-mente Eficazes, apresenta 7 fatores que fazem a diferença na vida das pes-soas. Ou ainda, Denis Waitley que apresenta em, The Seeds of Greatness, as onze sementes da grandeza. Pelo meu lado e como já disse, parece--me bastante poderoso tratar-se de meia dúzia de ideias. No fundo ter sucesso não se nos apresenta como algo complicadíssimo, uma tarefa assustadora. Afinal não são mais do que meia dúzia de ideias.

UMA VIDAACIMA DA LINHA

1

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

14

A primeira chave do sucesso traduz-se em assumirmos a respon-sabilidade de viver uma vida acima da linha.

Há, em minha opinião uma linha da vida. Aquilo que po-demos ter para nós próprios como a nossa linha da vida.

Ora, por qualquer razão nós deixamo-nos condicionar a viver a vida abaixo da linha. Uns mais do que outros, é certo, todavia todos nós temos a tendência para viver a nossa vida abaixo da linha. Uma forma de viver a vida abaixo da linha consiste em encontrar desculpas. Desculpas que nos impedem de lutar pelo constante progresso e auto-superação.

desculpas

1ª CHAVE

15

Oakmark - Business exceleratOrs

Anteriormente foi afirmado que, quando colocamos uma ques-tão essencial ao nosso cérebro este não pára enquanto não encontra uma resposta. Trata-se de um sistema fabuloso, que

se foca naquilo que constitui para nós a verdade. Assim sendo, o mesmo fenómeno, agora negativo, ocorre quando se trata de se concentrar numa desculpa. De cada vez que o nosso cérebro é capaz de encontrar uma ex-plicação para qualquer resultado que não apareceu na nossa vida, embora o quiséssemos (tratando-se de um sonho ou um desejo), estamos a viver a vida abaixo da linha. A partir do momento em que encontramos e acolhemos uma explicação para o que não alcançámos, escolhemos viver muito abaixo das nossas possibilidades. Ora, isto acontece mesmo para aquilo que nós nem sequer nos propomos a atingir.

Para visualizarmos como este tipo de argumento é comum nos nossos quotidianos, em nós ou nos que connosco privam, pensemos no exemplo do dinheiro. E isto, sobretudo, por ser um objetivo fácil de con-tabilizar. Muitos de nós afirmam que não precisam de ter um milhão na conta (“ Para quê?”; “Isso não é importante!”), enquanto outros con-sideram que essa é uma realidade que não lhe está reservada. Nestas situações o nosso cérebro já encontrou desculpas para que este não seja

O FOCO NASOLUÇÃO / DESCULPAS

OU JUSTIFICAÇÕES

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

16

sequer um objetivo ao qual se podia propor. De cada vez que o nosso cérebro encontra a justificação, já estamos prontos para aceitar viver a vida abaixo da linha. E isto é verdade quando explicamos limitações na nossa saúde e forma física e até nos nossos relacionamentos.

As desculpas surgem assim como algo fundamental que nos impede de projetarmos uma vida diferente - uma vida acima da linha. Toda-via, as desculpas mais perigosas são as boas desculpas. O perigo mora nos argumentos sólidos e racionalmente fundamentados para não nos propormos ao que desejaríamos se nos déssemos esse direito. As “más desculpas”, aquelas que na linguagem comum costumamos designar por “desculpas esfarrapadas”, nós próprios as reconhecemos como frouxas ou pouco consistentes e é fácil pôr em causa a sua veracidade. Contudo, quando as desculpas estão tão enraizadas no nosso íntimo que para nós já deixaram de ser desculpas e passaram a ser factos, estas assumem uma força intransponível nas nossas vidas.

Quando para nós já não se trata de uma desculpa, mas sim de um facto, essa realidade transforma-se em algo de inamovível, um elemento com a consistência de uma parede fortíssima que não somos capazes de mover ou ultrapassar. Se olharmos para o fator que nos impede de al-cançar os nossos sonhos como se de um facto se tratasse, sentimos que já não há nada que possamos fazer ali. De cada vez que dermos connosco a argumentar com alguém, ou connosco mesmos : “É mesmo assim!”, “É uma realidade!” ou “Isto não é uma desculpa, é um facto!”, estamos assumidamente a condenar-nos a viver a vida abaixo da linha.

As razões desta impossibilidade residem na configuração do nosso cérebro. Este tem a capacidade para se focar numa ideia de cada vez. Neste sentido, se o nosso cérebro está focado na justificação para algo não acontecer, não pode focar-se no que poderia ser uma solução para conseguir que aquele objetivo se concretize. Para viver a vida acima da linha é fundamental respeitar o funcionamento do nosso cérebro: se deixarmos que este fique tomado pela justificação, não há espaço para que se possa orientar em busca de uma solução. Uma vez que o

1ª CHAVE

17

Oakmark - Business exceleratOrs

funcionamento da nossa mente não pode conter ambas as realidades, necessitamos funcionar com uma disciplina que o ajude a orientar-se para a procura de caminhos e não para o encontro de justificações. Não podemos permitir ao nosso cérebro que argumente em defesa de qual-quer coisa que devia ter acontecido e não sucedeu, sob pena de ficar a viver a vida abaixo da linha.

Encontrar desculpas para tudo o que corre menos bem nas nossas vidas é o resultado de uma programação mental. Normalmente este hábito encontra as suas raízes na nossa infância, nas primeiras vezes em que recorremos a expressões do tipo “Não posso” ou “Não consigo” para nos escusarmos a realizar uma pequena tarefa. Depois de adultos provavelmente as desculpas serviram muitas vezes para nos protegermos de frustrações e desilusões. Se recearmos não ser capazes de fazer algo (e o medo, como veremos mais à frente, é uma emoção básica) não nos propormos a isso através de uma desculpa impede que nos confronte-mos com o fracasso.

Muitas vezes as desculpas são parte integrante da nossa história de vida, de tal modo que se torna muito difícil reconhecer-lhe os contornos. Julgamos que fazem parte do nosso ser, de tal modo nos habituámos a elas. Podemos pensar numa criança a quem sempre disseram que era frágil e incapaz de realizar exercícios físicos. É óbvio que esta pessoa nunca se proporá a entrar em provas desportivas. Esta pessoa nunca entenderá a sua atitude de evitamento como uma desculpa. Ela é assim! Faz parte da sua natureza – pensará. Se queremos alcançar sucesso um dos desafios que devemos assumir connosco mesmos é tentar reconhe-cer quais as desculpas que estamos a usar sub-repticiamente nas nossas vidas, para não nos propormos a mais do que o que temos. Enquanto não trouxermos à consciência as desculpas que usamos não conseguire-mos sair do circulo vicioso do fracasso.

Um dos modos de reconhecer estas desculpas furtivas passa por es-tarmos atentos à nossa linguagem. Cada vez que nos lamuriamos ou jus-tificamos, invariavelmente recorremos a desculpas. As desculpas, por sua

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

18

vez, costumam andar a par com emoções e sentimentos negativos, como a tristeza, o medo, a ansiedade, a preocupação e o ciúme quando nos comparamos a terceiros. A gestão deste tipo de experiência passa por nos focarmos no presente, no desenvolvimento pessoal e na confiança.

Por muito antigo que seja o hábito de recorrermos a desculpas e por muito enraizado que ele esteja no nosso interior poderemos substitui-lo por hábitos mais produtivos. Para tal necessitamos, em primeiro lugar de tomar consciência das desculpas a que recorremos frequentemente e alterar as nossa convicções pessoais. A forma como percecionamos a realidade depende do nosso sistema de convicções. Hoje em dia, após o reconhecimento de neuroplasticidade do cérebro sabe-se que o nosso sistema de convicções tem poder para controlar o nosso próprio corpo e aquilo que antigamente julgávamos imutável, como o nosso tempera-mento. Reprogramar o nosso interior está nas nossas mãos. Passa antes de mais por alterar as nossas convicções.

Para reforçar esta chave fundamental ao nosso sucesso vou recorrer a uma história real.

A uma dada altura da minha vida sucedeu convidar para vir trabalhar comigo um rapaz, que designarei aqui por Pedro. O Pedro é uma daque-las pessoas na vida com as quais sentimos fortíssima empatia, logo num primeiro encontro. Quem de nós nunca passou por uma identificação deste tipo? Apesar de se tratar de um contrato de trabalho, aquilo que senti é que eu e o Pedro tínhamos tudo para vir a ser amigos. Era uma pessoa com uma excelente conversa e uma moral elevada, com quem era um prazer estar. Ora, a primeira coisa que o Pedro aprendeu no seu treino inicial foi a filosofia de Uma Vida Acima da Linha. Isto porque, para mim, não é possível trabalhar com alguém que não tenha interio-rizado esta forma de compreensão da vida. Na verdade, o que acontece com as minhas empresas e aquelas com que trabalho é que, se eu pro-ponho uma tarefa e ela não aparece feita, não há qualquer explicação que para mim seja compreensível no contexto da minha perceção da vida como algo para ser vivido acima da linha. Quando me tentam dar

1ª CHAVE

19

Oakmark - Business exceleratOrs

uma explicação para um resultado não ter aparecido é como estivessem a falar comigo numa outra língua. A compreensão do fenómeno não é fácil pois aquilo que reconheço de imediato é que o cérebro fugiu para a explicação (a desculpa) e deste modo a solução não teria espaço para se manifestar. E assim o Pedro é treinado neste princípio. Ora, todas as pessoas com as quais trabalhamos funcionam segundo objetivos ou macroplanos e estes macroplanos são desdobrados até ao plano semanal. Assim sendo, todos sabem o que fazer em cada dia da semana e qual o nível dos resultados com os quais estão comprometidos para apre-sentação na sexta-feira. Esta é a forma mais eficaz que conheço de as pessoas se aproximarem do seu máximo potencial. Tendo o Pedro o seu plano de trabalho estabelecido recebi na quinta-feira, como é hábito, os indicadores de todos os meus colaboradores, logo também a folha dele. Ora, surpreendentemente, a folha de excel na qual deveriam estar os resultados do Pedro, vinha em branco. A minha primeira interpretação foi que ele se teria enganado, ou então que não teria entendido o pro-cesso. Apresentar um resultado nulo após uma semana de trabalho não era razoável. Daí eu ter julgado tratar-se de um mal- entendido. No dia seguinte reunimos e apercebi-me que o Pedro estava tenso, deprimido. Entendi claramente que ele não estava bem. Ao vê-lo daquela forma perguntei o que estava mal ou se se teria enganado na folha que enviou. Ao que o Pedro retorquiu que era mesmo essa a realidade. E passou a relatar-me a sua história: ele tinha a mulher grávida e tinha chegado o momento do parto. Este, por sua vez correu muito mal e, quer a mãe, quer a criança estiveram com a vida em risco. Daí o Pedro ter passado os dias na maternidade. A minha preocupação foi saber como estavam as coisas a decorrer no momento e prestar a minha solidariedade. O Pedro estava esperançoso que as coisas melhorassem e, eu próprio fiquei ali-viado e atento à questão humana que o meu colaborador estava a viver. Questionei-o se valeria a pena planearmos a semana ou se precisava de tirar uns dias de férias. O Pedro prontamente respondeu que não, pois tinha começado há tão pouco tempo... E, ainda, acrescentou que

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

20

acreditava que tudo ficaria bem e era melhor fazer o plano. E assim foi. Fizemos o plano, apesar da minha preocupação com a situação que ele estava a viver.

Como ser humano a situação do Pedro e as suas razões eram um tipo de justificação a que eu não poderia ficar indiferente. Ora, passou a segunda semana e eu voltei a receber a folha do Pedro a zero. Imaginei logo que as coisas deveriam estar muito complicadas. No dia seguinte, o Pedro apresentou as suas justificações. Absolutamente incontornáveis! A mãe e a filha tinham tido alta e a bebé continuava a ter grandes desa-fios de saúde. Além disso o Pedro tinha outro bebé pequenino que pre-cisava cuidar. A acrescentar a toda a situação já difícil, a mulher entrou em depressão pós-parto. É óbvio que acolhi as justificações com toda a solidariedade e percebi que o Pedro estava mal. Todavia, não me perden-do aqui em detalhes mais demorados, quero contar-vos que passaram seis meses e, apesar dos resultados do Pedro não terem correspondido sempre a zero, a verdade é que ficaram sempre abaixo das expetativas. Por seu lado, as justificações do Pedro, não sendo tão poderosas como as duas que apresentei aqui, eram todas bastante fortes. As explicações para o que não acontecia eram quase incontornáveis. Eram factos, como ficou acima referido. Contudo, passados seis meses tive de ter uma conversa difícil com o Pedro e explicar-lhe que a realidade, na nossa vida, como o universo está organizado, não se compagina com a ausência de resul-tados. Muitas pessoas podem julgar que não é justo, mas é a realidade na sua dureza. No sentido de o trazer à consciência da responsabilidade de uma vida acima da linha, perguntei ao Pedro o que ele achava que aconteceria no seguinte cenário:

– o Pedro iria fazer uma lista escrita com todas as justificações que havia apresentado ao longo dos seis meses anteriores, para os resultados que estavam a zero e, quando fosse ao supermercado e chegasse à caixa com o carrinho cheio, deveria mostrar à menina da caixa a sua lista de explicações. Elas eram tão fortes, tão sólidas que quem sabe ela o deixa-ria sair sem pagar...

1ª CHAVE

21

Oakmark - Business exceleratOrs

Certamente, todos nós imaginamos que, por muito sensível que fosse a pessoa que estava na caixa, isto não iria acontecer. A verdade é que, no final do dia, mesmo que nós tenhamos uma fortíssima lista de “factos”, a realidade (que é a do mercado) não é compatível com essas experiências ou acontecimentos. Num caso como estes, seguramente as pessoas estarão solidárias connosco e até poderão desejar confortar-nos, dar-nos um abraço e ter uma palavra de compreensão mas, com certeza, não nos deixarão sair sem pagar.

A realidade não nos permite alcançar os efeitos sem termos trabalhado nas causas. Podemos questionar-nos até à exaustão sobre a justiça desta fortíssima lei da realidade, mas isso também não nos ajudará a ultrapassar o nosso problema. É importante, se queremos ser bem sucedidos e viver sem sofrimentos acrescidos, perceber antes de mais como o mundo funciona.

Se nos quase 6000 anos de história registada, os seres humanos que se encontraram na Terra tivessem afirmado que o mundo era injusto, porque não existiam casas, nem estradas, nem meios de comunicação, hospitais ou escolas e cruzassem os braços ou ficassem indefinidamente a discutir sobre a injustiça de se encontrarem num mundo desprovido de tudo, hoje, seguramente, nós não existiríamos. Os nossos ancestrais não ficaram a pensar e a discutir o que não tinham, mas sim no que tinham ao seu dispor. E o que tinham não era muito, mas era poderoso.

O que tinham era sol, chuva, sementes, terra e o passar das estações do ano. Assim, com essa matéria disponível, esses homens, com cérebros muito menos evoluídos do que os nossos, começaram a processar ideias, a criar valor e a usar esse valor na sua vida. Começaram a semear e a colher e, a partir daí, estavam dadas as condições para chegar às vidas que temos hoje: com estradas, escolas, hospitais, computadores, etc. E, todavia, a maior parte de nós reclama do que possui e passa a vida focado no que não tem. Aquilo que fez a diferença entre os nossos antepassados foi a perspe-tiva com a qual encararam o pouco que fazia parte da sua circunstância e, depois a forma como se dispuseram a agir com o que tinham. Os nossos ancestrais não elaboraram uma lista de desculpas, afirmando que era muito

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

22

difícil viver só com terra, sol, chuva e estações do ano. Eles usaram o que tinham disponível e trabalharam nas causas para poderem ter os efeitos.

Há algo de comum a todas as pessoas que fracassam no alcance dos seus objetivos. A primeira característica detetável, logo numa primeira conversa é a capacidade que estas pessoas têm em argumentar em defesa de um possível fracasso futuro. São homens e mulheres que se munem, a priori, de um conjunto de desculpas ou álibis que lhes permitem não ter êxito sem perder a face. Alguns dos álibis mais comuns são “se tivesse tido oportunidade”, “se tivesse mais tempo”, “se fosse mais novo”, “se tivesse estudado”, “Se neste país houvesse mais oportunidades”.... Ao criar os seus álibis as pessoas encontram justificação para não lutarem por uma vida diferente. Esta atitude é tão negativa para o próprio como para a sociedade em geral, uma vez que todos nós possuímos talentos únicos que podiam contribuir para a riqueza social e cultural do país. Encontrar desculpas para cruzar os braços é o mesmo que recusar-se a dar o seu melhor à sociedade.

Em suma, como vimos acima, uma das primeiras leis universais que devemos ter em conta é que não podemos ter sucesso a troco de nada. No nosso universo não há possibilidade de vivermos muito tempo a receber sem oferecermos nada em troca. E isto no domínio da econo-mia, como da saúde ou da vida afetiva. Assim sendo é importante, no nosso trabalho de inverno, que tenhamos claro o que nos propomos dar à sociedade em troca do sucesso que desejamos alcançar, sem álibis para falhar esta missão.

1ª CHAVE

23

Oakmark - Business exceleratOrs

Todavia, as desculpas não são os únicos responsáveis por viver-mos uma vida abaixo da linha. Nós vivemos abaixo da linha também de cada vez que encontramos um culpado. De cada

vez que somos capazes de apontar alguém ou alguma coisa como culpa-do, acabaremos, no limite, por vir a culpar tudo aquilo que possuímos.

O desafio consiste antes em avaliar o que temos e processar ideias que nos permitam ver o que fazer com o que está ao nosso dispor para, apenas com isso, sermos bem sucedidos.

Pensar em fazer o que se pode com aquilo que se tem, onde quer que se esteja é o derradeiro desafio de maturidade filosófica. Ou seja, compete-nos processar ideias, de acordo com os recursos que temos e a partir daí criar valor, objetivamente visível. Esta é a atitude oposta à de culpabilizar o sol, a chuva, as estações do ano, em geral, a semente e a terra que é, no fundo, culpar tudo aquilo que possuímos. A maior parte das pessoas tem tendência a culpar o médico, o professor, a escola, os tri-

O DESAFIO DE MATURIDADE FILOSÓFICA / UM CULPADO

desculpasculpa

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

24

bunais, o chefe, o colaborador e, sobretudo, o governo. O princípio apli-cável nestes casos é o mesmo subjacente ao normal funcionamento do cérebro. No momento em que desviamos a nossa atenção para encontrar um culpado, deixamos de ter o nosso cérebro em busca de um aliado. Que é o mesmo que dizer, alguém que nos podia ajudar na concretização dos objetivos. Ora, é na busca deste aliado que temos de nos focar.

1ª CHAVE

25

Oakmark - Business exceleratOrs

Além das justificações e de apontar um culpado, a negação é outro elemento que nos empurra para uma vida abaixo da linha. E a negação, apesar de não o querermos assumir, é comum nas

nossas vidas. Entramos em negação de cada vez que assumimos uma perspetiva na qual a realidade se torna para nós um bocadinho mais agra-dável, ou até suportável. Isto é o que acontece em alguns momentos, nas nossas vidas, quando nos pesamos de manhã e não gostamos do número que está lá em baixo e a primeira coisa que nos passa pela cabeça nesses momentos é afirmar: “tenho os ossos pesados!” Contudo, até nós dizer-mos a verdade sobre o que está a acontecer, não temos o poder de agir.

Não dizer a verdade sobre o que está a acontecer rouba-nos o poder de agir!

Isto é o mesmo que afirmar que ficamos à mercê da realidade, sem poder de mudar as coisas, por não assumirmos a realidade tal como

ENCARAR A REALIDADE / ENTRAR

EM NEGAÇÃO

desculpasculpa

negação

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

26

ela é, sem subterfúgios. Esta incapacidade é bem visível em nós como sociedade. Ou seja, nós portugueses, como grupo ou como nação per-mitimos que a nossa situação chegasse a este ponto e não estamos a responsabilizar-nos por isso. Só quando começarmos a dizer a verdade acerca da realidade coletiva em que nos encontramos é que estaremos em condições de superar o longo inverno económico que estamos a vi-venciar. É natural que todo o ser humano sonhe viver melhor de uma forma mais fácil. Contudo, se recordarmos, mais uma vez, as condições dos nossos ancestrais, reconhecemos que a realidade não parece ser essa. Viver melhor exige esforço. A vida não parece ter sido programada para nos dar aquilo que desejamos, ou até mesmo, por vezes, o que precisa-mos. Ela foi desenhada para nos dar aquilo que nós merecemos, como resultado das nossas ações empenhadas (ou não). A primeira pergunta quando olhamos para a realidade e achamos que temos menos do que gostaríamos, deveria ser: “O que será que eu tenho feito por merecer?” Só mudando o que se passa na nossa mente e mudando a nossa perceção do mundo é que podemos alterar esta realidade.

Há coisas no mundo que é impossível mudar, tal como o passar das estações do ano. O que posso mudar e que, seguramente, terá impacto naquilo que terei como retorno são as lentes que uso para ver o mundo. E, ainda, como ficou dito anteriormente, olhar para o mundo propria-mente dito, sem entrar em negação. Em suma, trata-se de dizer a verda-de sobre o que está a acontecer.

Tudo o que precisamos para mudar a nossa vida é alterar a forma como pensamos. Alterar a nossa mente. E assim, como aos primeiros homens, ser-nos-ão suficientes as sementes e o passar das estações. To-davia, sem um refinamento na nossa maneira de pensar, não teremos como melhorar as nossas condições de vida. Só assumindo a respon-sabilidade de olharmos de frente para a realidade e pensarmos sobre as coisas, podemos tomar boas decisões.

Atentemos no que se passa com o nosso corpo, a título de exem-plo. Vamos supor que nosso organismo precisa de energia, sentimo-nos

1ª CHAVE

27

Oakmark - Business exceleratOrs

cansados, com excesso de peso e sem forças. Ora, em vez de lhe darmos vegetais ou qualquer outro alimento saudável, damos-lhe chocolates e coca-cola. Nestas situações o nosso corpo se pudesse falar, gritaria a pedir uma ajuda. Ele precisa de energia para atingirmos os nossos objetivos e nós não ajudamos nada com o tipo de alimentação que lhe fornecemos. Esta situação só é ultrapassada se alterarmos a nossa maneira de pensar para darmos ao corpo aquilo que ele precisa, em lugar de continuarmos a agir em função da gratificação imediata.

É certo que muitas vezes estes nossos modos de agir são o resultado de uma forma de percecionar o mundo que aprendemos desde a infân-cia. São condicionamentos de uma vida, dos quais nem sempre temos consciência, mas com um impacto determinante nas nossas vidas.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

28

Há algo essencial a retirar de tudo o que foi dito anteriormente e que é extraordinariamente positivo. É que, por muito antigos que sejam estes mapas mentais (a forma de reagir com des-

culpas, buscando um culpado ou entrando em negação) estas são atitudes que nós aprendemos. Não nascemos a agir assim. Habituámo-nos a fazê--lo. Ora, se aprendemos também podemos alterar estas aprendizagens, substituindo-as por outras bem mais produtivas para as nossas vidas.

O aspeto positivo é que se aprendemos a viver abaixo da linha também podemos aprender a passar para cima da linha. Viver acima da linha consiste, antes de mais, em aprender a assumir a responsabilidade.

Responsabilidade é uma daquelas palavras que usamos com alguma ligeireza sem, muitas vezes, pensar no que realmente significa. Respons/abilidade: a habilidade de dar uma resposta.

ASSUMIR ARESPONSABILIDADE

E MUDAR

desculpasculpa

negação

responsabilidade

1ª CHAVE

29

Oakmark - Business exceleratOrs

O que faz a diferença na nossa vida não é aquilo que acontece, mas a forma como decidimos responder a isso. Podia escrever um livro só com histórias de pessoas a quem aconteceram inúmeras desgraças e ainda assim encontraram forma de atingir aquilo a que se propopunham.

Assumir a responsabilidade pelas nossas vidas exige, em primeiro lugar, saber para onde nos dirigimos e dar um sentido às nossas ações, em vez de andar sem rumo.

A história de Portugal fornece-nos alguns ensinamentos exemplares para a nossa própria vida. Senão vejamos: antes das expedições de Vasco da Gama era habitual serem usadas velas quadradas nas caravelas. Este tipo de velas exigia que o vento soprasse de feição e não se podia navegar a mais de 60⁰. O dramático neste tipo de vela é que quando o vento não sopra de feição é preciso baixar as velas e ficar à espera que o vento mude. Com este tipo de vela corria-se ainda o risco de o vento não soprar e acabar por morrer no meio do Atlântico aguardando ventos favoráveis, ou então, navegar ao sabor das correntes marítimas que poderiam levar--nos sabe-se lá onde. Podemos imaginar o que será uma vida na qual se ande ao sabor do vento ou das correntes. Seguramente nenhum de nós, na nossa vida, quer ir dar onde as correntes o levem, mas sim atingir o seu objetivo, alcançar os seus sonhos.

O nosso problema, em alguns momentos das nossas vidas é deixar-mo-nos ir para onde nos leva a corrente. Em vez de começar por de-finirmos o lugar que queremos alcançar para depois movermos tudo o que for necessário para lá chegar, deixamo-nos ir. Todavia, houve alguém que se deu ao trabalho de parar para pensar e fez-se a experiência de navegar com velas triangulares, ou velas latinas, como também ficaram conhecidas. E assim, com as velas triangulares tornou-se possível navegar contra o vento. Esta é uma descoberta maravilhosa que nas nossas vidas se traduz no seguinte: deixou de ser o soprar do vento que influencia o nosso destino e passou a ser o armar da vela. Não é o que acontece no exterior e ao qual estamos sujeitos, irremediavelmente — os ventos da economia ou da política — que determinam o nosso destino, mas sim o

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

30

armar da vela. A forma como pensamos é que é essencial, que é o mesmo que dizer a nossa filosofia de vida e a nossa forma de percecionar a rea-lidade. E, recorrendo de novo aos ensinamentos da história, devemos ter presente que contra o vento ainda se navega mais depressa. Provavelmen-te é por isso que muitos são bem sucedidos nas crises e nestes momentos se dão grandes revoluções empresariais. Mas tratar-se-a, evidentemente, de alguém que está focado na solução e não numa desculpa, num culpado ou em negar a própria realidade.

O determinante aqui é onde vamos colocar a nossa atenção. Se for em encontrar uma solução isso certamente irá acontecer. Isto na medida em que uma das leis incontornáveis do universo e com a qual devemos sempre contar é a lei da causa-efeito. Nós só temos os efeitos se trabalharmos nas causas. Ora, as causas são, em primeiro lugar, os nossos pensamentos. É aqui, nas nossas ideias que se encontra a raiz das ações que terão os seus efeitos como consequências. E quando me refiro a esta lei incontornável das nossas vidas não tenho em mente apenas as situações de sucesso. Também os fracassos da nossa vida são o resultado de pensamentos e atitude que surgem como causas, não sendo apenas fruto do mero acaso, como muitas vezes preferimos acreditar. Se não nos reconhecemos nos efeitos que estão a concretizar-se nas nossas vidas, devemos olhar para trás, em busca das causas que foram responsáveis por eles.

É tendo consciência que o acaso não faz parte do universo, de uma forma geral (com exeção de grandes catástrofes, que felizmente não cons-tituem a regularidade) que nas diferentes culturas há sempre o recurso a estórias com funções pedagógicas. Estórias destas como a da formiga e da cigarra, já aflorada antes, revelam-nos que, se tivermos determinadas atitudes e comportamentos (causas) irão surgir as consequências (efei-tos). A formiga, um ser minúsculo e extremamente frágil, que pode ser destruído debaixo do nosso sapato, mesmo sem disso termos consciência, dá-nos um modelo de via fabuloso. Durante a primavera e o verão a formiga trabalha incansavelmente para estar preparada para o inverno. O

1ª CHAVE

31

Oakmark - Business exceleratOrs

seu foco natural é tão forte que ninguém a consegue travar. Desloca-se com a rapidez de quem vai numa missão inadiável e se lhe colocamos uma mão diante, a formiga sobe-a ou contorna-a. Ninguém a consegue parar sem a destruir. Por seu lado, a cigarra canta em lugar de se preparar para os tempos difíceis. Daí que, quando o inverno chega, por muito duro que seja,a formiga consegue sobreviver enquanto a cigarra sofre as consequências da sua falta de visão. Ora, as histórias, como a vida, estão repletas de sinais ou avisos que nos mostram que aquele não é o caminho, se desejarmos ser bem sucedidos. Assim como nestas estórias também encontramos modelos de vida que podem ser seguidos se desejarmos os mesmos efeitos que reconhecemos em alguma figura exemplar. Se es-tivermos atentos à lei da causa-efeito e a estes ensinamentos que estão ao nosso dispor, atingiremos os resultados de forma muito mais rápida e eficaz do que através da tentativa e do erro. Neste caso estaremos a aproveitar as experiências de tentativa e de erro de muitos outros que viveram antes de nós, através da imitação dos seus comportamentos. Em psicologia denomina-se este tipo de aprendizagem por modelação. Ela foi objeto de estudo atento de psicólogos como Albert Bandura pois, no fundo, todas as nossas aprendizagens têm início com a imitação do comporatmento daqueles que nos rodeiam. O que acontece é que nas nossas vidas vivemos esta realidade inconscientemente e acabamos por fazer o que todos fazem, sem preocupações de sair da mediania e alcançar a excelência.

Estarmos atentos aos exemplos que seguimos e às recompensas que a vida fornece a estes homens e mulheres que temos como modelos, con-siste em usar o princípio da modelação e a lei da causa-efeito a nosso favor, de um modo consciente. Usar o princípio da modelação não con-siste apenas em imitar superficialmente a pessoa que admiramos e ficar à espera que os resultados aconteçam. É determinantes estudar a atitude, a perceção do mundo e as estratégias do nosso modelo. Seguir um modelo permite-nos poupar anos de vida, mas exige esforço e empenho pessoais.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

32

Na verdade, a excelência pessoal e o sucesso estão ao alcance de qualquer um de nós. Eles dependem apenas dos modelos que elegemos conscientemente seguir nas nossas vidas, da nossa atenção, motivação e expetativas pessoais e de empreendermos as ações necessárias para atin-gir os objetivos. Ou seja, temos de eleger claramente o que queremos e estar dispostos a pagar o preço necessário para o atingir. Aí veremos a lei da causa-efeito em ação e poderemos estar seguros dos resultados.

A tradução bíblica desta lei recorre à tarefa agrícola do camponês. É o que podemos designar como a lei de semear-e-colher. Se colhemos fei-jões na nossa vida isso só pode ser porque semeámos feijões. É impossível semear grão e colher feijão. Assim como é impossível não semear e querer colher. Ou ainda, desrespeitar as leis da natureza e os seus ritmos como afirma Covey n’Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes: “Imaginem a atitude de um agricultor que se esquecesse de plantar na primavera, passasse o verão inteiro de folga e depois, no outono começasse a traba-lhar desesperadamente para conseguir uma colheita [...] O esforço preci-sa ser feito diariamente, com respeito pelo processo produtivo. As pessoas sempre colhem o que semearam. Não existe nenhum atalho”.

O nosso próprio desenvolvimento como seres humanos ensina-nos a necessidade de respeitarmos as leis naturais. Toda a criança passa por fases sequenciais. Para aprender a andar a criança não pode saltar fases no processo: primeiro começa por se virar, depois senta-se e a seguir aprende a gatinhar. Só posteriormente é que consegue colocar-se de pé e andar. Cada uma das fases de aprendizagem é essencial e leva o seu tempo.

Respeitar as leis da natureza implica, como vimos nas palavras de Covey, ter em conta o momento da oportunidade, que é o mesmo que não deixar que a primavera passe sem fazer a sementeira. Por outro lado, há que ter consciência que apesar de haver grandes probabilidades de colher quando semeamos, há anos de melhor colheita do que outros, pois nem sempre o retorno é aquele que tínhamos previsto. Todavia isso não constitui desculpa para que um verdadeiro agricultor deixe de fazer a sua sementeira e cuidar dos seus campos. Ele baseia-se em milhares de anos

1ª CHAVE

33

Oakmark - Business exceleratOrs

de experiência que revelam que o retorno de uma sementeira é quase sempre compensador. Não ter garantia absoluta de que o trabalho é com-pensador sempre e na mesma proporção da sementeira é motivo para que sejamos ainda mais empenhados e persistentes. Há que semear mais e de diferentes formas para que os riscos sejam menores. E, como ficou dito anteriormente, procurar usar as sementes e os procedimentos daqueles que antes de nós tiveram boas colheitas.

A resiliência é uma das características essenciais de um camponês bem sucedido. A resiliência não é mais do que a capacidade que nós seres humanos possuímos de lidar com problemas ou situações adversas, saindo mais fortalecidos destas experiências, em vez de se deixar abater por elas. A pessoa resiliente reconhece as adversidades como momentos de aprendizagem. E é uma pessoa que reconhece a existência de leis uni-versais que há que respeitar, como a lei da causa e efeito.

Tendo em conta esta lei, quer a designemos por causa-efeito ou semear-e-colher, tudo o que temos na nossa vida hoje (conta bancária, relações amorosas, , relações familiares, , relações sociais, saúde e forma física), bom ou mau, é o resultado daquilo que semeámos.

A responsabilidade começa quando temos presentes estes princípios básicos. A vida foi desenhada para nos dar o que nós cultivámos ou me-recemos e não o que desejamos. Ter uma filosofia apurada, responsável é o que nos permite dar a resposta certa àquilo com que nos confronta-mos. Devemos ter em atenção que se trata de responder e não de reagir. A reação é sempre fruto de condicionamentos e faz parte de uma vida abaixo da linha. É o nosso lado mais primitivo de reação a um estímulo, fruto dos condicionalismos exteriores. Responder, pelo contrário, implica uma escolha: “Neste cenário qual é a melhor posição que devo tomar? Qual é a melhor atitude?” Responder no sentido de assumir uma escolha implica acreditar que as coisas poderão vir a melhorar no futuro, fruto da nossa ação deliberada. Ação esta que terá de ser sustentada por uma ati-tude resiliente. Isto porque a resiliência está diretamente relacionada com a atitude de otimismo que será objeto de análise mais à frente, neste livro.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

34

Mesmo que a situação atual em que nos encontremos se afigure dramática, ser responsável é enfrentar essa realidade, reconhecendo que mediante uma alteração do nosso comportamento tudo poderá tornar--se melhor. Esta atitude implica reconhecer que o poder reside em si próprio, ou seja compreender que cada um de nós é detentor dos recursos necessários para alterar a sua situação. Daí a importância de assumir a própria vida.

1ª CHAVE

35

Oakmark - Business exceleratOrs

Viver acima da linha é também viver em propriedade. Viver em propriedade consiste em compreender que a vida é de cada um de nós e só o próprio a pode mudar. No entanto, muitos de nós

passam a vida à espera que as coisas no exterior se alterem para que a sua vida mude. Alguns querem que a primavera chegue para que a sua vida mude, ou que o governo mude, ou que as relações internacionais se alterem... E, no entanto, a nossa vida só mudará quando nós próprios mudarmos. Até lá nada irá acontecer. Os efeitos só mudam quando nós trabalhamos nas causas. Não podemos estar à espera que a maré suba para nós subirmos com ela. E, se ela sobe, a seguir vai descer. E depois sentimo-nos apanhados despidos e atribuímos a culpa à maré... Mas isto é o que acontece quando nos dispomos a viver a vida ao sabor das marés. A responsabilidade é nossa. Não podemos estar à espera que a circuns-tância altere aquilo que, com propriedade, é intransmissível: a nossa vida.

ASSUMIR O CURSO DA SUA PRÓPRIA VIDA EM PROPRIEDADE

desculpasculpa

negação

responsabilidadepropriedade

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

36

Viver acima da linha implica, ainda, prestar contas. Esta também é uma falha muito comum entre os seres humanos. Diariamente me cruzo com pessoas que afirmam não dever nada a ninguém.

Pessoas que consideram que não têm de prestar contas a ninguém, que se julgam autónomos porque ganham o seu dinheiro e defendem que não precisam dos outros para nada. Esta é uma opinião que respeito, mas na qual não me revejo. E não me revejo porque vivo numa sociedade na qual de cada vez que eu, ou qualquer familiar meu está doente, sei que tenho um hospital ao qual recorrer e não fui eu que construí esse hospital. O mesmo se passa com as escolas, as autoestradas, e muitas outras vantagens de que posso usufruir única e simplesmente porque vivo em sociedade. Podemos sempre argumentar que os hospitais, as escolas e as estradas po-deriam ser melhores. Mas o facto de existirem e deles podermos usufruir é um bem inestimável, que muitos se esquecem de respeitar. Nesta altura da história e no local do globo em que tivemos o privilégio de nascer, nós vivemos em luxo abundante. Nós damo-nos à desfaçatez de deitar água fora ou comida e há a cada segundo crianças a morrer à sede e com fome. Não necessitamos recuar até 6000 anos atrás para termos consciência da abundância na qual vivemos. Por exemplo se pensarmos nas condições

PRESTAR CONTAS

1ª CHAVE

37

Oakmark - Business exceleratOrs

em que no século XIX os reis de Portugal e a sua corte viajaram para o Brasil, em barcos precários, perigosos, sem condições de higiene, de saúde, teremos de concluir que hoje em dia quase todos nós vivemos num luxo superior ao de um rei. Se queremos ir ao Brasil apanhamos um avião e reclamamos do número de horas de voo. Mesmo há 50 anos atrás a vida não era assim. Até há bem poucos anos muitas pessoas no nosso país não tinham a garantia de, no final do dia, haver uma refeição na mesa. Hoje, pelo menos no Norte global, praticamente todos temos essa garantia. Ora, isto só é possível por vivermos em sociedade. Tudo o que nós temos (a roupa que vestimos, os carros em que andamos, os telefones e os computadores que já consideramos imprescindíveis à nossa vida) só o possuímos por estarmos organizados em sociedade. Muito do que nós possuímos deve-se mesmo ao esforço daqueles que já não vivem entre nós. Por vezes chego mesmo a sentir-me um incompetente porque se me faltasse um prato de comida não saberia sequer plantar uma alface (num primeiro momento, claro). A consciência profunda disso faz de mim alguém que se vê na obrigação de prestar contas.

Stephen Covey defende a necessidade de servir ou dar uma contri-buição como um dos princípios presentes em todas as religiões, sistemas éticos ou filosofias sociais que já existiram e existem neste momento. O princípio de servir surge ao lado de princípios como o da imparcialida-de, da integridade, da dignidade humana, da qualidade ou excelência e do potencial. Estes princípios são para ele guias da conduta humana comprovados pela vivência de todos aqueles que existiram antes de nós.

desculpasculpa

negação

responsabilidadepropriedade

prestar contas

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

38

Stephen Covey afirma que eles não constituem uma opção a mais nas nossas vidas se o que pretendemos é uma vida bem sucedida e gratifi-cante entre outros seres humanos: “Eles são fundamentais. Eles são in-discutíveis, pois em sua essência são claros. Uma forma de compreender rapidamente a natureza evidente dos princípios é simplesmente refletir sobre a tentativa absurda de se tentar viver uma vida eficaz baseada em seus opostos. Duvido que alguém considere seriamente a parcialidade, o ardil, a vileza, a inutilidade, a mediocridade e a degeneração como fundamentos sólidos para a felicidade e o sucesso duradouros. Apesar de as pessoas poderem discutir sobre a maneira como estes princípios devam ser definidos, divulgados ou atingidos, parece haver uma consci-ência inata de que eles existem”.

Qual é então o nosso papel? É dar o nosso contributo. Este é o aspeto essencial. Prestar contas consiste em, cada um de nós, não aceitar recusar-se a dar o seu contributo ao grupo. E reconhecer que, se cada um de nós beneficia de tudo o que os outros fazem, muitos deles dando o seu máximo, nós não podemos deixar de fazer o melhor que pudermos e assim contribuir para uma sociedade mais abundante para um número cada vez maior de pessoas. O papel de cada um de nós é dar o máximo contributo que pudermos, seja lá de que tipo for. Se não soubermos mais do que servir às mesas, ainda assim, podemos ser o melhor empregado de mesa do mundo.

Conheci, em 2009, na Austrália, um senhor chamado John Mcgrath. O John Macgrath era, na infância, o melhor amigo de Russel Crowe, um dos melhores atores do mundo. Eram jovens rebeldes, desafiado-res, crianças problemáticas que não cumpriam regras e, evidentemente, alunos com notas negativas, devido a estes comportamentos disruptivos. Aos 17 anos Russel Crowe decidiu emigrar para os Estados Unidos, tendo vindo a tornar-se o grande ator reconhecido internacionalmen-te. Por seu lado, John Macgrath fica na Austrália e decide tornar-se o melhor do mundo no que quer que fosse fazer. Perdida a oportunidade de seguir o seu grande sonho, ser o melhor jogador do mundo de futebol

1ª CHAVE

39

Oakmark - Business exceleratOrs

australiano, devido a uma lesão num joelho e tratando-se de um jovem problemático não sabia fazer nada rentável e o único emprego que con-seguiu foi a lavar carros. Aquilo que a partir desse momento orientou a sua mente como foco absoluto foi: “Como é que eu posso lavar carros como o faria o melhor lavador de carros do mundo?”. Pode imaginar-se que um rapaz que lavava carros como o melhor lavador de carros do mundo começa, desde logo, a construir uma autoestima de excelência. Pensar desta maneira é decisivo na construção de uma identidade pes-soal. Leva a que o sujeito posicione as suas aspirações num nível muito elevado. Depois, além do ponto de vista pessoal no que respeita aos re-sultados da sua atividade, estes seguramente virão a ser extraordinários. Os carros saiam das suas mãos excecionalmente bem lavados. E, claro está, este tipo de postura mental e a sua concretização em ações tem sempre as suas consequências. Assim sendo, passados dois meses foi-lhe dada uma oportunidade como vendedor de carros. E a atitude mental de John Macgrath manteve-se. Tratava-se, agora, de saber: “Como é que o melhor vendedor do mundo venderia carros?”. Pouco mais de um ano após, Macgrath dirigia um stand. E o espírito não se alterou: “Como é que o melhor diretor comercial do mundo iria gerir um stand de auto-móveis? Começou posteriormente a vender casas e o raciocínio foi o mesmo. Esta atitude mental traduz-se em resultados fabulosos. Daí que em 2008, em plena crise no mercado australiano, John Macgrath tenha tido resultados de 3.5 mil milhões em volume de transações imobiliá-rias. E este homem que poderia viver tranquilamente dos rendimentos continua a afirmar: “Eu vendo casas como faria o melhor vendedor de casas do mundo”. Esta postura face à sua atividade, qualquer que ela seja, é designada por Macgrath como integridade não-situacional.

A integridade não-situacional consiste em fazer o melhor que pode-mos sempre e nunca dar menos que o nosso melhor absoluto, indepen-dentemente do benefício que estejamos a obter com isso. Quem assume esta postura face à vida, não importa se está a ganhar com isso e se é ou não reconhecido. Então, afinal de contas, porque é que fazemos o que

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

40

fazemos, perguntarão alguns? Fazêmo-lo por nós, pela nossa autoesti-ma. O raciocínio de muitas pessoas é: - “Com aquilo que ganho ou com aquilo que me pagam, porque hei de eu dar o máximo?” Quem assume este tipo de raciocínio está, antes de mais, a fazer mal a si próprio. É a autoestima própria, o autorrespeito pessoal que é lesado, a consideração por si e o exemplo que é dado aos filhos, se os temos, ou à sociedade em geral. Dar menos do que o nosso melhor contributo quando há outros que estão a dar o máximo e porque eles o fazem podemos usufruir de carros e estradas, escolas e hospitais é eticamente injusto do ponto de vista social e altamente corrosivo para a identidade do próprio.

Não podemos deixar depender a nossa vida de juízos exteriores, tra-te-se de críticas ou mesmo de elogios. Outro exemplo que seguramente muitos de nós gostaríamos de ter como modelo, uma vez que se trata de um dos homens mais ricos do mundo, atualmente, é Warren Buffet. Ora, como é relatado no livro Efeito Bola de Neve, Buffet passou por fases em que foi profundamente criticado devido aos seus investimen-tos, tendo sido considerado obsoleto, um investidor do passado. Muitos que seguiam os seus passados e eram conhecidos como “investidores de valor” desistiram dos seus tipos de investimento e seguiram as novas tendências de comprar ações de empresas tecnológicas. Mas, Warren Buffet manteve tenazmente as suas decisões sem vacilar e, como po-demos ver pelas notícias que dele nos chegam, com grandes vantagens. Buffet afirma orgulhosamente possuir um scorecard interno (como John

desculpas

culpa

negação

responsabilidade

propriedade

prestar contas

vítima

medo

vencedor

controlo

1ª CHAVE

41

Oakmark - Business exceleratOrs

Mcgrath refere a integridade não-situacional). Segundo o multimilio-nário aquilo que distingue as pessoas na sua ação, conduzindo umas ao sucesso e outras ao fracasso, está relacionado com o tipo de scorecard que possuem. Enquanto que aqueles que possuem um scorecard externo estão preocupados com os julgamentos exteriores e dependem da apro-vação dos outros ou de quaisquer estímulos alheios à sua pessoa para tomarem as suas decisões, os que se orientam por um scorecard interno encontram a força para o sucesso apenas em si mesmos e na consciência de que estão a dar o seu melhor. Buffet afirma que se colocarmos a ênfase naquilo que os outros pensam de nós, esquecemos o nosso pró-prio comportamento e tornamo-nos pessoas com um scorecard externo. E recorre a exemplos que nos permitem reconhecer facilmente o valor ou as vantagens de optarmos por um um scorecard interno:

– “Preferiam ser o melhor amante do mundo mas que todos pensassem que eram o pior ou preferiam ser o pior amante do mundo e que todos pensassem que eram o melhor?” – “Se ninguém pudesse ver os vossos resultados, preferiam ser olhados como o maior investidor do mundo e na verdade ter os piores resultados ou ser vistos como o pior investidor do mundo e realmente ser o melhor?”

No meu caso pessoal, com 32 anos decidi sair do setor bancário, mesmo tendo uma vida principesca, um ordenado invejável e um carro e uma casa fantásticos. Fui julgado, obviamente. No entanto, fi-lo porque reconheci que tinha outros sonhos e não estava preparado para chegar à idade da reforma e olhar para trás com a certeza de que nunca tinha corrido atrás dos meus sonhos. Esta decisão foi tomada quando tive os meus filhos. Não me sentiria feliz em ouvi-los um dia dizer que o pai tinha um carro espetacular e uma enorme vivenda, que era administra-dor de um banco ou qualquer outra coisa do género, mas que deixara escapar o que verdadeiramente queria da vida, por nunca ter perseguido

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

42

os seus sonhos mais profundos. Não estou com estas afirmações a fazer qualquer juízo de valor sobre estas opções de vida. Ser administrador de um banco e viver luxuosamente disso é legítimo. É uma opção de vida que deve mesmo ser perseguidas, se for este o sonho da pessoa em questão. Esta só era uma má decisão para mim por não ser isso o que eu desejava para a minha vida. Aquela era a minha zona de conforto e eu não queria dar aos meus filhos o exemplo de que se deve viver na zona de conforto, ou seja, sem dar o nosso máximo e tentarmos ser a melhor pessoa que conseguirmos.

O grande desafio na vida, que tenho como parte da minha filosofia pessoal é “Devo procurar ser o melhor EU que seja possível.” Isto seja em que área for.

Ser a melhor pessoa que conseguirmos não significa limitarmo-nos a não fazer mal a ninguém. Ser boa pessoa é mais do que isto, é servir os outros, é acrescentar valor, ter convicções fortes, valores refinados e, em última análise, surgir como um exemplo para a sociedade.

Viver acima da linha prestando contas é exigir o nosso melhor a nós mesmos. Não falo em exigir excelência dos outros, em primeiro lugar, mas sim de nós próprios. Os outros surgem em segundo lugar nesta equação, em diferentes níveis. Se formos capazes de dar conta do nosso trabalho a nós próprios, seguramente sentiremos orgulho de dar conta do nosso trabalho aos demais. Saber dar contas é importante, assim como é importante saber pedir contas. Mas isso não passa de uma con-sequência de antes termos pedido contas a nós mesmos. Estar acima da linha é ser capaz de pedir contas a si próprio, não ser menos do que as nossas capacidades nos permitem ser. Não devemos contentar-nos com menos. Até podemos nem chegar perto, mas precisamos ter a certeza interior de que demos o nosso melhor absoluto. Em suma, integridade não-situacional é não darmos menos do que aquilo de que somos capa-zes. Devemos colocar a nossa fasquia tão alta que nos tornemos uma referência para nós próprios.

Vivermos acima da linha consiste também em tornarmo-nos pes-

1ª CHAVE

43

Oakmark - Business exceleratOrs

soas que assumem a responsabilidade pela sua própria vida. Alguém que é controlado pelos eventos exteriores, pelas circunstâncias, alguém que considera que a sua vida depende do tipo de trabalho que tem, do governo ou mesmo da estação do ano está, logo à partida, a fazer uma escolha de vida. Temos de reconhecer esta nossa atitude, não como um destino, mas como uma opção. A verdade é que nenhum de nós nasceu abaixo da linha ou está condicionado a viver abaixo da linha. Fazê-lo é o resultado de uma decisão. Decisão esta que torna o sujeito que a realiza num vítima.

Assumir-se como vítima é extremamente nefasto para a vida. Porque ser uma vítima implica viver com medo. A preocupação das vítimas faz delas pessoas condicionadas pelo exterior. Os políticos, a economia nacional e internacional ou o chefe e os familiares, tudo são motivos de apreensão. E nunca há paz quando alguém se assume como vítima, porque tanto no caso das coisas sucederem de um determinado modo como de modo inverso há sempre motivo para preocupação.

Há pessoas que vivem obcecadas com a eventualidade de virmos a viver uma terceira guerra mundial e sofrem antecipadamente com essa possibilidade. E pensam o que pderá acontecer, tudo o que irá alterar--se nas suas vidas. Contudo se tivessem a garantia de que isso jamais aconteceria iriam lamentar-se profundamente pela conjuntura política universal que vivemos, pois “as coisas assim não podem continuar!”, “Estamos cada vez pior!”. E atormentam-se com o facto de as coisas permancerem na mesma ou com a possibilidade de tudo se alterar...

Se a nossa convicção for que é o exterior que condiciona a forma como vivemos tornamo-nos uma vítima de tudo o que acontece ou de tudo o que possa vir a acontecer. E as vítimas vivem com medo. Viver com medo é a pior coisa da vida, porque quem vive com este sentimento não tem controlo sobre as coisas. Quem vive com medo está sempre dependente daquilo que acontece para além da sua vontade.

O medo é uma das emoções básicas do ser humano, uma vez que foi o responsável pela sobrevivência dos primeiros homens. O medo

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

44

permitiu àqueles seres frágeis e com um cérebro pouco desenvolvido serem capazes de se protegerem dos animais selvagens, não comerem qualquer alimento que pudesse ser nocivo à saúde e manterem-se unidos em grupo para que a sobrevivência fosse mais fácil. É devido à sua an-cestralidade e ligação à sobrevivência que o medo é tão profundo e difícil de erradicar das nossas vidas. Todos, em maior ou menor grau, experi-mentamos o medo em algum momento das nossas vidas, mas por opção, fruto de uma decisão consciente e corajosa podemos ultrapassar este sentimento em lugar de nos deixarmos tomar por ele. Os medos mais comuns e paralisantes na nossa busca do sucesso são o medo de fracassar, das críticas dos outros, de sermos enganados ou de não estarmos à altura da tarefa que nos propusemos. Ora, isto tem lugar tanto na nossa vida profissional como afetiva.

Mesmo que hoje já não existam animais selvagens de que nos temos de defender diariamente, o nosso sistema cerebral onde reside o medo continua ativo e, caso não sejamos capazes de dominar os nossos pen-samentos, o medo faz de muitos de nós pessoas indecisas ou ansiosas. Enfim, pessoas que não ousam formular objetivos e lutar por eles de modo persistente.

A forma mais consistente e racional de lutar contra os medos con-siste em reconhecermos o nosso poder pessoal de projectar as nossas vidas, de seguir as leis do universo que conduziram alguns homens ao sucesso e de estabelecermos um plano de vida focado em objetivos. Se não construirmos o nosso plano de vida, acabaremos por não passar de um peão no plano de vida de outro ser humano qualquer.

Viver em propriedade consiste em reconhecer que somos senhores dos nossos destinos. Controlar o nosso destino começa pela consciência do controlo dos nossos pensamentos. Os pensamentos que ocuparem a nossa mente permitem-nos reconhecer as oportunidades, as forças e as pessoas que nos poderão ajudar a percorrer o caminho em direção aos nossos objetivos. A maior parte dos grande investidores ou inventores, como Thomas Edison foram considerados loucos e se não fosse possuí-

1ª CHAVE

45

Oakmark - Business exceleratOrs

rem uma determinação feroz nunca teriam feito descobertas que cons-tituíram um acréscimo de valor no mundo. Estes homens que fazem a mais valia do mundo controlam a sua mente, focam-se em objetivos precisos e traçam um plano exequível para atingir esses objetivos.

A nossa mente é o nosso maior património, por isso deveremos ter o cuidado de não deixarmos destruir este património de ideias pelas críticas negativas de terceiros.

Viver como uma vítima, dependente dos juízos alheios ou submerso pelo medo implica fazer a escolha de viver abaixo da linha.

Todavia, podemos escolher estar acima da linha. É uma opção nossa. Ora, estar acima da linha é aquilo que faz de nós vencedores. Viver acima da linha é o resultado de uma mudança de filosofia. Esta filosofia implica reconhecer o controlo sobre os fatores essenciais que nos permi-tem atingir os nossos objetivos ou os resultados que pretendemos. Esta forma de encarar a vida é aquilo que os psicólogos designam por locus de controlo interno. Daí a importância de possuir um scorecard interno, como afirma Buffet, ou ser desenvolver a integridade não-situacional que refere John Mcgrath. Segundo as investigações da psicologia contempo-rânea, a felicidade do ser humano é maior quanto maior for a sensação de controlo que temos sobre a nossa vida. Em suma, viver acima da linha conduz-nos a uma vida mais feliz.

Uma vida na qual se foge do medo e se assume o controlo. E isto é tão simples como tomar uma decisão.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

46

Oprincípio da responsabilidade está intimamente ligado com o autocontrolo de que acabamos de falar. Responsabilidade sig-nifica, como vimos, segundo a etimologia da palavra “respon-

der por” ou seja termos a capacidade de responder. Uma resposta na qual assumimos o controlo. Uma pessoa que assume o controlo da sua própria vida não está dependente das decisões dos políticos. Em lugar de viver com medo é alguém que tem consciência que aconteça o que acontecer tem a capacidade de lidar com isso.

De todas as pessoas que estão a ler este livro não consigo imaginar uma que nunca tivesse tido um problema grave. Seguramente, todos nós já passamos alguma dificuldade que se nos afigurava insuperável. Não há ninguém que não passe, na vida, por desafios. A grande diferença entre nós, seres humanos, não são as dificuldades que temos de enfrentar. É sim a forma como nos posicionamos face a essas dificuldades. A grande diferença está, então, na responsabilidade, ou seja na forma como res-pondemos.

Quanto melhor sucedidos somos, na vida, mais dificuldades enfren-tamos porque nos propomos a mais desafios. Todavia, simultaneamente, criamos a resistência e a habilidade de responder. A responsabilidade é

O PRINCÍPIO DARESPONSABILIDADE

1ª CHAVE

47

Oakmark - Business exceleratOrs

essencial a quem quer ser bem sucedido na vida. Assumir isto não sig-nifica afirmar que somos insensíveis ao que nos acontece ou ao mundo que nos rodeia. Não se trata disso, mas sim de ter a força de reconhecer que se chegámos onde chegámos tendo conseguido enfrentar o que nos foi acontecendo até ao momento atual, isso é um bom indício para as-sumirmos que poderemos lidar com tudo o que nos apareça por diante.

As pessoas de sucesso estão conscientes de que cada adversidade é um degrau necessário ao seu desenvolvimento. Normalmente saem for-talecidas dos fracassos que têm de enfrentar. É esta atitude que faz delas pessoas resilientes. Não é por acaso que a resiliência é um dos fatores mais requeridos hoje em dia pelos recrutadores de profissionais de exce-lência para empresas ou projetos de investigação.

Quando um plano concreto falha, uma pessoa resiliente analisa os erros que conduziram ao inêxito, reconhece os pontos em que este pro-jeto era frágil ou inconsistente e substitui-o por um novo plano. E faz isso até conseguir que resulte. Napoleon Hill afirma que a medida do nosso sucesso depende dos planos que fizermos, pois nunca estaremos derrotados até desistirmos na nossa mente.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

48

Viver acima da linha implica criar a possibilidade de aprender. Aprender é determinante. Ora, a aprendizagem só acontece a quem en-frenta desafios. E quanto mais ousados e corajosos formos para enfrentar novas situações, mais possibilidades temos de aprender. E isto porque, de cada vez que não conseguimos obter o resultado que nós desejávamos, aquilo que podemos pensar é “- O que é que eu posso aprender com isto?” E da próxima vez podemos experimentar uma coisa diferente. E, ainda assim, se o resultado dessa vez também não for o que queríamos, mais uma vez nos encontramos face ao desafio: “- O que é que eu posso aprender com isto?”. Crê-se que Thomas Edison, já anteriormente refe-rido, tenha experimentado mais de 3 000 vezes até conseguir descobrir a lâmpada elétrica incandescente (e a torná-la comercializável). Ao todo, além da descoberta da lâmpada elétrica, Thomas Edison registou 2.332 patentes. Este homem fabuloso teve de inquirir a si próprio milhares de vezes, cada vez que fracassava: “- O que é que eu posso aprender com isto?”. Conta-se que uma vez pediu a um amigo para o ajudar numa das experiências que ele acreditava iria resultar na descoberta da lâmpada elétrica e explodiu o laboratório e que assim que se levantou foi fazer anotações no meio dos escombros. O amigo levantou-se revoltadíssi-

O PAPEL CRUCIAL DA APRENDIZAGEM

1ª CHAVE

49

Oakmark - Business exceleratOrs

mo afirmando que ele um dia acabaria por se matar e matar alguém com aquelas experiências. E Edison entusiasmadíssimo respondeu-lhe que já tinha aprendido mais uma coisa que não funcionava. Além disso Edison sentia que tinha acabado de descobrir o modo de conseguir uma explosão que talvez lhe servisse para outra descoberta qualquer. Edison chegou a propor-se, na vida, a meta de produzir uma nova invenção a cada dez dias. Não conseguiu este objetivos, mas num período de 4 anos conseguiu alcançar o ranking de uma invenção a cada 5 dias, tendo patenteado 300 criações. Isso implicou inúmeras explosões de labora-tórios, quartos e oficinas, pois teve de ousar muito e assumir muitos desafios. A cada novo fracasso havia uma resposta à questão: “- O que é que eu posso aprender com isto?”. Quando no final das milhares de experiências para conseguir a lâmpada elétrica incandescente, lhe per-guntaram como é que ele achava que tinha conseguido, Edison afirmou que sempre esteve disposto a experimentar tudo o que não funcionasse até lá chegar. Quando gastou todas as alternativas que não funcionaram só restava a Edison a hipótese correta, evidentemente.

Acima da linha nós somos capazes de melhorar a nossa abordagem até obter o resultado pretendido. Por outro lado, abaixo da linha estamos condenados a repetir os mesmos erros vezes sem conta. E isto porque aí nós nunca assumimos a responsabilidade. Há sempre algo, no exterior que foi o culpado do que nos aconteceu.

Apesar da definição de insanidade, no dicionário, descrever aquela pessoa que faz sempre a mesma coisa e espera um resultado diferente, a verdade é que, em algumas áreas da nossa vida, todos nós somos um pouco assim: continuamos a cometer os mesmos erros, esperando um resultado diferente.

Há um exemplo na minha vida que não posso deixar de recordar neste momento. Tenho um colega da universidade que é um empreen-dedor compulsivo. É um homem com qualidades invulgares incríveis. Tem ideias excecionais e uma energia fabulosa para as pôr em prática. Mas os negócios dele nunca ultrapassam os 2 anos. Ora, isto sucede

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

50

porque o meu amigo não tem capacidade de aprender com os erros que comete. Como as ideias são boas e a sua capacidade de empreender também, nos 2 primeiros anos costuma ter muito sucesso, mas todas as empresas dele entram em falência pela mesma razão, porque é incapaz de aprender com os seus erros que, já agora, têm sido sempre os mesmos Isto só é possível porque, vivendo abaixo da linha ele encontra sempre uma justificação para o que aconteceu, sem assumir o seu papel no su-cedido. Em suma, sem assumir a responsabilidade. O problema é que esta pessoa não faz mal apenas a si próprio. Na verdade, quando uma empresa entra em falência cria problemas a inúmeras pessoas e outras empresas que com esta interagem.

Além da incapacidade de aprender com os erros anteriores, a falta de persistência é outro dos fatores que conduz muitas pessoas ao fracasso. Muitos de nós iniciam projetos com grande paixão e entusiasmo, mas não persistem quando é preciso criar hábitos ou rotinas de trabalho. De-sejam ver resultados imediatos ou passar da linha do que é para a linha do que tem de ser de um momento para o outro, sem um esforço con-sistente. A falta de persistência também é comum em pessoas que não são capazes de concentrar os seus esforços num único objetivo de cada vez, mas saltam constantemente de projeto em projeto, de emprego em emprego ou, como veremos mais adiante, de fila em fila. Todavia, a força de vontade que conduz ao êxito mede-se pelo hábito de concentrarmos e pensamento em planos concretos para alcançar os nossos objetivos.

Linha do que é

Linha d

o que te

m d

e ser

1ª CHAVE

51

Oakmark - Business exceleratOrs

Outra história que gostaria de recordar aqui é de um amigo que se estava a divorciar e veio ter comigo porque precisava desabafar. É claro que fiquei sensibilizado e me dispus a escutá-lo, ainda mais por se tratar do seu 3º divórcio. Neste relato o meu amigo começou a falar dos defeitos da sua primeira mulher e depois centrou o seu relato na lista dos defeitos da segunda. Passou de seguida para a terceira, com a sua enumeração de queixas e acusações. Quando ele acabou de desabafar e esperava uma palavra de conselho eu, para tentar ajudar, perguntei-lhe “o que havia de comum nos 3 relacionamentos”. Ao que ele, na defensi-va, respondeu: -“Estarás a insinuar que culpa é minha?”

É mais fácil e, por isso, mais comum, atribuir as culpas aos outros.Só se olharmos para nós próprios, em busca de respostas e assumir-

mos a responsabilidade, estamos acima da linha e podemos aprender com os erros. Se estivermos abaixo da linha limitamo-nos a reagir.

Quando estamos abaixo da linha a nossa forma de viver assemelha--se a um termómetro. O termómetro reage à temperatura envolvente. Por outro lado, sermos pessoas que vivem acima da linha faz de nós um termostato: se desejamos alcançar uma determinada temperatura, alcançar um objetivo, iremos criar condições para que isso aconteça.

Um dos grandes desafios da vida é decidir se queremos ser um ter-mómetro ou um termostato

No entanto, apesar de estar nas nossas mão tomar essa decisão, ela nem sempre é tomada. Napoleon Hill concluiu após a análise de 25

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

52

mil pessoas que não obtiveram o êxito que desejavam, que uma das principais causas do fracasso reside na falta de decisão. As pessoas bem sucedidas, concluiu ele após as suas investigações, são pessoas que têm o hábito de tomar decisões de forma rápida e precisa. Tomar uma decisão é um ato que contraria o medo e implica a segurança de assumir a res-ponsabilidade por tudo o que possa daí advir.

A tomada de decisão implica uma atitude auto-confiança. Ter uma atitude auto-confiança é já de si o resultado de um esforço pessoal. Isto porque seguramente todos nós (embora uns mais do que outros) fomos objeto de ataques à nossa autoestima, mesmo por parte e pessoas muito bem intencionadas a nossa respeito, como os nossos familiares mais pró-ximos. Todavia, há um momento na vida em que temos de reconhecer que somos responsáveis pela construção da nossa própria vida, digam os outros o que disserem. E se, eventualmente, nos sentimos frágeis em algumas das áreas da nossa vida, em lugar de usarmos esse fato como desculpa, deveremos investir a nossa energia em ultrapassar essa fragili-dade. Todos temos fragilidades como vimos anteriormente a propósito do medo, por isso todas as decisões que estiveram na base das grandes mudanças na nossa civilização foram tomadas por seres humanos tão ou mais frágeis do que nós, alguns com risco da própria vida para nos legarem um mundo melhor. Basta pensar e homens como Luther King ou Mahatma Gandhi.

A indecisão, muitas vezes fruto da insegurança e falta de confiança no seu próprio poder e falta de confiança na capacidade de conviver com os resultados das suas resoluções é um hábito que se vai instalando na vida das pessoas. O hábito da indecisão não nasce connosco. As pessoas habituam-se a não definir objetivos para a sua vida e andar ao sabor da corrente. Habituam-se a viver sem decidir em que tipo de emprego querem trabalhar, o tipo de vida que desejam e, também, em que tipo de mundo gostariam de viver.

A responsabilidade é correlativa de pessoas que assumem o controlo das suas próprias vidas, tomando a iniciativa. Estas pessoas não fazem

1ª CHAVE

53

Oakmark - Business exceleratOrs

depender o seu comportamento das condições externas, mas das suas próprias decisões. Elas funcionam como um termostato e não como um termómetro ou, dizendo de outro modo, são pessoas proativas e não reativas.

As pessoas proativas orientam-se por princípios e por valores, não construindo a sua vida em função dos comportamentos dos outros. Aquilo que orienta a sua ação não são os sentimentos, circunstâncias ou condições envolventes, mas sim as suas decisões interiores. Isto significa que uma pessoa proativa dificilmente se desculpa com o comportamen-to alheio ou as suas circunstâncias quando passa por dificuldades. Ela procura reconhecer as escolhas que fez no passado para estar na situação em que se encontra. Mesmo ao nível emocional, nós somos responsáveis pelos nossos sentimentos e emoções. Por muito que os outros possam desejar ofender-nos, culpabilizar-nos ou magoar-nos, nós temos a pos-sibilidade de rejeitar este tipo de atitude ou deixar que ela nos perturbe. Todos nós temos o poder de reagir positivamente às pessoas e circuns-tâncias mais difíceis. Por outro lado assumir uma abordagem proativa implica concentrar-se no seu ser e em todos os modos possíveis de atin-gir a excelência. São inúmeros os aspetos em que podemos progredir diariamente em direção à excelência como, por exemplo, sermos ouvin-tes mais atenciosos, trabalharmos de forma mais aplicada ou apoiarmos os nossos amigos de um modo desinteressado.

Como vimos anteriormente, há realidades no universo que podemos alterar e outras que não podemos, como por exemplo a lei da causa e efeito ou factos do nosso passado. As pessoas proativas concentram-se naquelas que é possível alterar porque só estas fazem parte do nosso circulo de influência. Só estarmos atentos ao que é possível melhorar nos permitirá progredir. Relativamente ao que não está nas nossas mãos alterar devemos assumir uma atitude de aceitação e não de frustração. Podemos sempre modificar o modo como olhamos para o que não está nas nossas mãos alterar e assumir de novo o controlo. Desta vez o controlo sobre o que sentimos. E este tipo de controlo é determinante

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

54

na construção de uma vida de sucesso. As preocupações e sentimen-tos negativos são estado emocionais paralisantes. Este tipo de estado deixa-nos impotentes e jamais poderemos alcançar o sucesso quando nos deixamos controlar por este tipo de emoção. Ou seja, deixarmo-nos controlar por estados emocionais que nos deixam sem recursos e energia para agir é outro modo de vivermos como termómetros em lugar de vivermos como termostatos.

1ª CHAVE

55

Oakmark - Business exceleratOrs

Antes de terminar esta secção, gostaria de deixar uma reflexão, iniciando com a história de uma laranja.

Imagine que corta uma laranja ao meio e decide espremê-la. Primeiro espreme com a mão direita e sai sumo. Depois experimenta com a esquerda e sai sumo. Seguidamente resolve fazer a experiência e tempos diferentes: espreme de manhã e sai sumo, depois experimenta à tarde e sai sumo, resolve em seguida espremer a laranja durante a noite e também sai sumo. É óbvio que da laranja só sai sumo porque é isso que faz parte dela, do seu interior. A questão que devemos formular a nós mesmos é: “E do nosso interior?” “O que é que faz parte do nosso interior e sai quando vivemos a pressão que é exercida sobre uma laranja e que muitas vezes a vida exerce sobre nós?”

Não sairá, por vezes, raiva ou mágoa, ou quaisquer outras emoções e sentimentos que não gostaríamos que saíssem? Será que não podemos descobrir ao fazer esta experiência, que sob pressão somos menos do que leais? Ninguém é perfeito e a única forma de nos aperfeiçoarmos é falar-mos verdade sobre o que reconhecemos no nosso interior em momentos menos favoráveis. Quem é que não tem no seu passado alguma situação na qual gostaria de não ter agido do modo como agiu?

O QUE NOS ENSINAUMA LARANJA

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO1ª CHAVE

56

Só dizendo a verdade para nós mesmos podemos cuidar do sumo da nossa laranja. Ser o melhor EU que possamos ser implica cuidarmos daquilo que sai quando nos sentimos pressionados. Consiste em pensar no modo como respondemos às circunstâncias ou, de outro modo mais projetivo, pensar na forma como eu armo a vela para navegar, em vez de me deixar ir para onde os ventos me levarem.

O PODER ILIMITADO DOS OBJETIVOS

2

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

58

Napoleon Hill era um jovem que, no início do século passado queria estudar, mas não tinha meios para pagar os seus estudos. Tinha também um irmão que estava em idade de estudar, mas não possuíam quaisquer recursos. Contudo, Napoleon tinha consciência de ter uma qualidade valiosa – sabia escrever muito bem. Daí ter pensado propor-se trabalhar gratuitamente para um jornal a troco de lhe pagarem os seus estudos e os do irmão. E assim foi. Conseguiu que lhe dessem como tarefa no jornal a missão de escrever sobre pessoas de sucesso. Seguramente não por acaso, mas talvez por algum sentido maior do que o nosso enten-dimento é capaz de alcançar, uma das primeiras pessoas que Napoleon Hill deveria entrevistar terá sido Andrew Carnegie. Andrew Carnegie era conhecido como o “rei do aço”. Tendo sido um homem pobre que começou por ganhar a vida como empregado nos caminhos de ferro da Pensilvânia, tornou-se um dos maiores industriais norte-americanos devido à argúcia de raciocínio, à determinação interior e uma ambição inabalável, a par com o incansável desejo de autoaperfeiçoamento que o impelia a estudar com voracidade. Andrew Carnegie veio a tornar-se um filantropo doando, em vida, mais de 350 milhões de dólares para insti-tuições sociais. Instituições sobretudo pedagógicas como universidades

A ORIENTAÇÃO DONOSSO PODER MENTAL

2ª CHAVE

59

Oakmark - Business exceleratOrs

e bibliotecas tendo afirmado que “O homem que morre rico, morre sem honra”. Isto porque o seu projeto de vida consistia em acumular até aos 50 anos o máximo de dinheiro que pudesse e na segunda metade da sua vida dedicar-se a doar esse capital acumulado, investindo-o em projetos nos quais acreditava. Nomeadamente, na investigação científica. Pois foi este homem, provavelmente o segundo homem mais rico da história (e não apenas do seu tempo), logo a seguir a Rockfeller que Napoleon Hill teve o privilégio de entrevistar. Esta entrevista, que era suposto demorar três horas, acabou por demorar três dias, porque Carnegie simpatizou imenso com Napoleon Hill e foi adiando a sua partida através de suces-sivos convites. No final dos três dias, Carnegie decidiu fazer um desafio a Napoleon Hill. E o desafio foi que este deveria dedicar os seguintes vinte anos da sua vida a estudar os padrões comportamentais das pes-soas de sucesso e a publicar obra sobre isso. Isto evidentemente porque, com toda a experiência por si vivenciada, Andrew Carnegie acreditava profundamente que aquilo que distinguia as pessoas de sucesso daque-las que não atingiam os seus objetivos, eram meia dúzia de princípios comportamentais. Ou seja, eram apenas meia dúzia de hábitos de pen-samento que se concretizavam depois em ações. Carnegie tinha esta intuição, como tinha ainda a convição de que esta informação não podia estar guardada só para algumas pessoas. O filantropo defendia que esta era uma informação que devia ser acessível ao maior número possível de pessoas. Andrew Carnegie acreditava que se qualquer ser humano tives-se aos seu dispor o conhecimento destes princípios poderia aplicá-los na sua vida e ser extraordinariamente bem sucedido. E Napoleon Hill dedicou a sua vida em busca do segredo das pessoas de sucesso, como nos narra: “ Foi Andrew Carnegie quem me chamou a atenção para o segredo há mais de meio século. O astuto e encantador velhote escocês lançou a ideia na minha mente sem pensar duas vezes, quando eu era apenas um rapaz. Depois, sentou-se de novo na sua cadeira, com um brilho divertido nos olhos e ficou a ver atentamente se eu tinha cabeça para perceber o significado completo daquilo que ele me tinha contado.”

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

60

Há no entanto, aqui, um detalhe surpeendente: Andrew Carnegie fez a sua oferta, mas Napoleon Hill deveria realizar esta tarefa gratuita-mente. Não iria receber nada porque Carnegie considerava que o traba-lho seria diferente se fosse feito por convicção e não por remuneração. Imaginemos, hoje, como deve ter-se sentido um rapaz pobre que não conseguia pagar os seus estudos, quando se encontra face a face com o homem mais rico do mundo e este lhe faz uma proposta para que ele trabalhe durante vinte anos sem receber nada. Segundo a narrativa do próprio, aquilo que ía responder era que não podia, que não tinha meios de sobrevivência para aguentar aquela tarefa. Todavia, quando abriu a boca para formular este raciocínio, sem saber como, saiu o contrário. Viu-se assim, estupefacto consigo mesmo, a aceitar a proposta e a pro-meter que iria entregar o trabalho. E aquilo que de facto aconteceu foi que Napoleon Hill não dedicou apenas vinte anos da sua vida a estudar os princípios comportamentais das pessoas de sucesso, mas acabou por dedicar a isso toda a sua vida. É óbvio que Hill, não se limitava somente a investigar estes padrões comportamentais, mas também começou a aplicá-los na sua vida. Dá-nos, nos seus textos testemunhos de como aplicava esses princípios e com eles obtinha resultados surpreendentes. O livro mais famoso de todos os de Napoleon Hill tem como título Pense e Fique Rico.

Ler este livro teve grande impacto na minha vida. Mas, sobretudo, o que considero ter alterado grandemente (para melhor) o curso da minha vida foi ter tomado a decisão de ler um livro por semana. Isto implica, naturalmente, que eu leia diariamente. É fabuloso como através da lei-tura podemos aprender sobre qualquer coisa que nos interesse. Desde como conseguir melhores relacionamentos, como ter melhor forma física, como vender a como fazer um milhão (ou vários), há livros dis-poníveis e acessíveis sobre qualquer assunto que queiramos conhecer ou aperfeiçoar.

Este hábito de ler diariamente, frequentemente na altura do horário nobre da televisão, a que eu reconheço a profundidade dos resultados

2ª CHAVE

61

Oakmark - Business exceleratOrs

por experiência própria, é tão poderoso que o recomendo a todos os que comigo se cruzam. A acrescer à minha própria experiência pessoal recorro às palavras de Denis Waitley. Este investigador, que é conside-rado um maior especialista do mundo em performance humana, diz que o nosso nível de sucesso na vida depende diretamente daquilo que nós fazemos em prime time. Segundo Waitley , o que fazemos em prime time ou horário nobre da televisão é o que decide o nosso sucesso na vida. Há imensas atividades interessantes que podemos realizar em prime time: frequentar restaurantes étnicos, ir ao teatro, frequentar programas cul-turais e também ler.

Regressando a Napoleon Hill, quero deixar aqui o testemunho de que se apenas me fosse dada na vida a possibilidade de ler um único livro, eu escolheria ler o livro Pense e Fique Rico.

Uma vida acima da linha, a chave do sucesso que acabámos de anali-sar com detalhe é aquela que podemos designar por chave-mestra, uma vez que é aquela que permite pôr todas as outras em ação.

Todavia, a chave mestra precisa de outras para a complementar. Sem as outras entrarem em ação, a chave mestra que é a condição essencial do sucesso, não irá resultar.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

62

A segunda chave do sucesso é o poder ilimitado dos objetivos. As pessoas de sucesso vivem em função de objetivos. Acrescenta-mos mesmo que vivem obcecadas por um ou mais objetivos.

As pessoas de sucesso começam por definir onde querem chegar para saber qual o caminho a seguir.

No entanto, distintamente, o que se passa com a vida da maioria das pessoas é que estas não definem objetivos na sua vida.

Quando afirmo que a maior parte de nós não define objetivos na sua vida, este é o resultado de alguma reflexão e experiência como gestor e coach, mas também o resultado de alguns acontecimentos concretos. A título de exemplo, recordo aqui que há uns anos atrás, quando estava a construir uma empresa, precisei, nos primeiros seis meses, entrevistar cerca de 600 pessoas, por telefone. Posteriormente estas pessoas seriam entrevistadas presencialmente. Eram pessoas entre os 35 e os 55 anos, com habilitações académicas mínimas de licenciatura. A todas estas pes-soas eu colocava a questão: “- Como é que imagina a sua vida daqui a 10 anos?” Em 600 pessoas nenhuma foi capaz de me dar uma resposta satis-fatória, com a qual se pudesse fazer uma lista dos objetivos dessa pessoa, ou visualizar um enquadramento mais ou menos nítido. Nem uma!...

QUANTIFICAÇÃO

2ª CHAVE

63

Oakmark - Business exceleratOrs

Aqueles que faziam a mínima ideia do que queriam fazer com o seu futuro, davam respostas tão generalistas do tipo “Quero sentir-me realizado” ou “quero ser feliz”, que era impossível transformá-las em ações concretas. Ora se não conseguimos transformar os desejos em atos mensuráveis, é impossível atingir resultados . A maior parte das pessoas afirma ter como objetivo ser feliz. É bem certo que todos nós queremos ser felizes. Todavia aquilo que faz alguém ser feliz altera-se de pessoa para pessoa. Cada um de nós tem o seu conceito pessoal de felicidade. Precisamos é de definir o que é para nós estar feliz. O que é para nós uma vida perfeita daqui a 10 anos. Ora, o facto de não sabermos o que queremos da vida, faz com que vivamos ao sabor da maré ou com velas quadradas, sem começar a armar as nossas velas latinas. E, se não tiver-mos um objetivo, mesmo que sejamos capazes de armar a vela triangular, esta não nos será útil por não sabermos para onde desejamos dirigir-nos. Se uma pessoa não souber aonde quer chegar, até uma vela quadrada é perfeita. Vai com o vento ou ao sabor das marés...

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

64

Séneca, um grande sábio e filósofo do império romano, já dizia no século IV a. C.: “Se não sabes para onde vais todos os ventos te vão ser desfavoráveis” e mesmo num dos contos mais

criativos da humanidade, Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, a ideia é retomada:

“Gatinho de Cheshire, o senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.“Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.

Talvez seja este um dos motivos porque muitas pessoas interpretam

tudo o que lhes acontece como coisas menos boas. Como não sabem para onde vão sentem que tudo o que acontece é mau. É um fenómeno impressionante reconhecer que as mesmas pessoas que não possuem objetivos definidos para as suas vidas, são aquelas que mais frequente-mente afirmam sentir que não conseguem ter sucesso. Chegam mesmo a autodenominar-se como falhadas. Esta, por seu lado é uma sensação

ENQUADRAMENTONO TEMPO

2ª CHAVE

65

Oakmark - Business exceleratOrs

que traz angústia e lhes retira poder, deixando-as sem recursos para lutar por uma vida acima da linha.

Em contraposição, as pessoas de sucesso começam por definir cla-ramente o que querem da vida. Anthony Robbins, após uma vida de-dicada a acompanhar pessoas bem sucedidas, afirma que uma pessoa de sucesso começa sempre “com um alvo, porque não pode atingir um se não o tiver”. Este autor recorda-nos, entre outros o bem sucedido Steven Spielberg, um dos mais conhecidos realizadores de cinema do mundo. O seu alvo era ser realizador de cinema e afirmava-o desde criança. Ora, aos 17 anos numa visita aos estúdios da Universal, o genial realizador que hoje conhecemos, entrou sorrateiramente para o proibido local das filmagens para não mais sair. Ia todos os dias para o mesmo local, entrava apressadamente e com ar determinado para não levantar suspeitas e aí contactou com o universo do cinema, instalou-se numa roulote abandonada e acabou por ser tido como fazendo parte do local. Aos 20 anos apresentou o seu primeiro trabalho com a aprendizagem que aí conseguiu.

Provavelmente a ansiedade e a angústia das pessoas que não definem os seus objetivos resulte de verem o tempo a escoar-se sem que nada lhe dê significado.

Daqui temos de concluir que para atingirmos o que quer que seja na vida, necessitamos começar por definir objetivos. Ter um objetivo impli-ca ter uma meta e, consequentemente poder definir um percurso. Todas as nossas decisões no presente, são condicionadas por onde desejamos estar no futuro. Quando estamos de viagem, normalmente temos um destino e uma hora para lá chegar. Por conseguinte, ter esse destino claro condicionará todos os passos que iremos dar. Se paramos para almoçar, se fazemos desvios, se vamos de carro ou de avião. Enfim, todas as nossas decisões são condicionadas pelo nosso objetivo que é estar num deter-minado sítio a uma determinada hora, num dia concreto. Quando não definimos objetivos, tanto nos faz ir para a esquerda como para a direita. Todos os caminhos são indiferentes e a vida também não terá um senti-

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

66

do, porque sentido significa, mesmo, direção ou alinhamento. O mesmo acontece se apanhamos um táxi e não soubermos para onde nos dirigir. Ou o taxista aguarda ordem e não sai do mesmo sítio ou, tratando-se de um mais diligente, anda connosco às voltas até que decidamos dizer-lhe o que desejamos. Só casualmente daqui poderá resultar que ele nos leve a um sítio que nos convém ou que seja interessante. Isto porque ele não faz a mais pequena ideia do que nos convém ou o que para nós poderá ser interessante.

As grandes dificuldades relativamente a objetivos consistem em fixá--los e sermos concretos na sua elaboração. Muitas vezes temos alguma ideia de uma tendência para a qual gostaríamos de nos mover, ou uma mancha com a ideia de para onde nos dirigirmos, mas não transforma-mos isso em algo concreto. Isto significa que um objetivo tem de ser específico. Não pode haver nenhuma margem para dúvida relativamen-te ao facto de termos ou não alcançado o objetivo. Deverá ser possível comprovarmos a nós mesmos que o objetivo foi alcançado e podermos partir a caminho do próximo alvo. É mesmo bastante distinto para um taxista, se lhe comunicarmos que desejamos ir para Lisboa, ou estiver-mos preparados para afirmar: “Leve-me ao número 23 da Avenida da Liberdade, em Lisboa”. É determinante nas nossas vidas sabermos, con-cretamente o local onde queremos chegar.

Outro aspeto decisivo que tem que ver com os objetivos é que muitas vezes nós confundimos objetivos com desejos. Ora desejos são entida-des bastante distintas de objetivos. Se pensarmos que gostaríamos de ter uma bicicleta no Natal, temos um desejo e ficamos à espera que as circunstâncias se conjuguem ou que o universo se organize para que o nosso desejo se cumpra. Distintamente, um objetivo implica afirmar perentória e claramente: “Eu vou ter uma bicicleta no Natal.” Um ver-dadeiro objetivo é inegociável. Além disso tem de depender exclusiva-mente de nós, da nossa atuação e não da nossa família ou do nosso chefe. Depender dos outros para alcançar o que desejamos na vida conduz frequentemente à frustração.

2ª CHAVE

67

Oakmark - Business exceleratOrs

Para além de ser inegociável um verdadeiro objectivo tem 2 outras características. A primeira é a de ser enquadrado no tempo. Ou seja, sem um data de realização não pode ser considerado um objectivo. É quando muito uma visão! A segunda é a de ser mensurável. Se não for quantificado, se não tiver a forma de um número crítico para sabermos quando o atingimos e qual é o nosso progresso, não o podemos consi-derar um objectivo. Então ser magro não é um objectivo. Eu não tenho um objectivo verdadeiro até ser tão específico que o formulo tornando absolutamente inegociável chegar ao peso de 70Kg com um índice de massa gorda de 16% até ao dia 31 de Dezembro de 2015.

Fará uma diferença completa nas nossas vidas se nós fizermos a for-mulação do ponto de vista do “eu gostaria” ou afirmar “eu vou ter/ser/fazer” No que respeita à primeira formulação, ficamos completamente dependentes do exterior, enquanto no segundo caso, somos praticamen-te compelidos a desenhar um plano. Para nós atingirmos o objetivos que temos em mente (obter a bicicleta) há uma série de causas que temos de assegurar a montante para conseguir o efeito que pretendemos.

Um verdadeiro objetivo implica assim sempre uma decisão. Decisão é outra palavra que tendemos a usar de forma leve. Um dos maiores filósofos do século XX, Martin Heidegger, afirmava que no nosso tempo as palavras estão gastas, enfraquecidas pelo uso. Para lhes devolvermos a força original devemos recuperar o seu sentido etimológico e procurar a profundidade que elas encerram.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

68

Decisão, segundo a etimologia do termo implica uma cisão, um corte. Tem de ser algo que corte com todas as outras alternativas. É o mesmo que dizer que aquilo que é fruto

de uma decisão é algo que se tornou inegociável para nós. Quando se trata de um objetivo é algo que para nós vai acontecer, pois aquilo que conseguimos atingir na vida é aquilo que para nós é inegociável. Nunca teremos mais do que aquilo que é para nós inegociável.

Com Keith Cunningham, um mentor na área dos negócios, com mais de 30 anos de experiência na área do investimento (outra das pes-soas que tenho como referência na minha vida) aprendi as bases da filo-sofia da linha da vida, que desenvolvo a cada novo livro.

Segundo Keith Cunningham nós na vida temos duas linhas:

A FORÇA DO QUEÉ INEGOCIÁVEL

Linha do que é

Linha d

o que te

m d

e ser

2ª CHAVE

69

Oakmark - Business exceleratOrs

O que “tem de ser”não é aquilo que eu quero que seja ou que desejo que fosse: é unicamente “o que tem de ser”. A única coisa que nós atin-gimos na vida é este nível. Para além dele sentimos que não é para nós e não nos propomos a isso. Daí que, por vezes, quando a vida caprichosa-mente nos dá um bocadinho mais, nós acabamos por perder esse valor e situamo-nos, de novo, naquilo que é inegociável para nós.

É este um dos fatores decisivos que leva a que a maior parte das pes-soas que ganha dinheiro com o jogo ou recebe heranças acabe por perder tudo. Por vezes vezes chegam mesmo a fica em situação mais crítica do que antes de receber o dinheiro. Isto acontece porque, na sua mente, estes valores não eram negociáveis para elas. É que se estes valores fossem negociáveis as pessoas não tinham precisado de euro-milhões ou outra solução desse tipo para lá chegar. Além disso, clarifico que ganhar no euro-milhões não é um objetivo. Pode ser um sonho, uma fantasia, mas não é sequer uma boa estratégia, se atendermos aos conhecimentos estatísticos, porque é um número que tende para zero. Por isso viver à espera de ganhar o euro-milhões é um mau plano. Se investíssemos esse dinheiro que regularmente jogamos, poderíamos provavelmente poupar meio milhão de euros para a nossa reforma.

Devemos ter em mente que tomar uma decisão é essencial. E, ainda, que toda a decisão que tomamos deve ser reconhecida de um modo consciente. A verdade é que as nossas crenças, mesmo aquelas que são

A vida por vezes dá-nos um pouco mais

Linha do que é

Linha d

o que te

m d

e ser

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

70

prejudiciais nas nossas vidas são o resultado de uma decisão. Infeliz-mente nem sempre temos consciência disso e essencializamos as nossas crenças como se se tratassem de realidades que preexistem à nossa von-tade. E, no entanto é a nossa vontade que é decisiva numa crença e determina o que vamos conseguir alcançar. Recordo aqui uma história que se passou comigo e nunca esqueço porque me marcou profunda-mente. Tinha 28 anos. Sou capaz de precisar com exatidão o momento da minha vida em que ocorreu porque a minha filha tinha acabado de nascer. Por essa altura da minha vida, era sub-diretor do departamento de gestão de fortunas de um banco, coordenando a equipa comercial que cobria a zona sul do país. Havia outro colega que fazia a zona Norte. O nosso diretor de marketing marcou uma reunião com os dois. Era uma pessoa que tinha chegado ao banco há pouco tempo. Nós ainda não o conhecíamos bem e, como sempre nestas situações havia uma certa des-confiança, embora fosse uma pessoa comunicativa e extrovertida. Ora, a finalidade daquela reunião era desenhar uma campanha de comunicação e, esse diretor, uma pessoa mais velha do que nós, começou por analisar a nossa performance na área comercial e apresentou os nossos resultados. Contudo, afirmou de seguida que, com a campanha que íamos fazer e, aplicando as nossas taxas de conversão a esse número de contactos previ-sível, o objetivo da campanha estaria muito acima dos números anterio-res. Só me recordo hoje que o montante era elevadíssimo relativamente ao que era habitual atingirmos. Eu, que na altura era muito jovem, olhei para o diretor estupefacto e disse que ele era louco. Este diretor fitou--me muito sério e perguntou exatamente o seguinte: “Se a vida da sua filha dependesse de nós atingirmos este objectivo, eu continuaria a ser louco?” Nesse momento fiquei sem palavras. É claro que se a vida da minha filha dependesse desse número os resultados iriam aparecer. Este homem chamou a minha atenção de uma forma crua sobre o nível de esforço que eu estava disposto a investir para atingir um objetivo. E esta foi uma lição de vida. Nesse instante percebi que, quando a motivação é qualquer coisa de inegociável para nós não há impossíveis. É claro que

2ª CHAVE

71

Oakmark - Business exceleratOrs

numa situação destas não haveria lista de desculpas, de culpados, nem mesmo de “factos” que aliviassem o meu sofrimento se eu não conse-guisse atingir aquele resultado.

Quando nós temos um objetivo inegociável, somos capazes de re-conhecê-lo, antes de mais pelo sentido de urgência. Se algo inegociável está em jogo nós não somos capazes de adiar a tarefa. Por outro lado, um objetivo inegociável reconhece-se pela concentração de recursos Quando um objetivo é inegociável nós damo-nos inteiramente e che-gamos a encontrar no nosso interior capacidades ou recursos que nem sequer sabíamos que tínhamos. Se não é inegociável, nós não damos 20% da nossa capacidade, como muitas vezes fazemos nas nossas vidas. É muito humano tentarmos fazer o que precisamos com um mínimo de esforço. É biológico e faz parte da nossa natureza poupar recursos e fazer o que tem de ser feito com o menor esforço possível. E, quando não resulta normalmente aumentamos um pouco o esforço. E se desta vez também ainda não resultar, aumentamos mais. E muitos de nós de-sistem neste ponto, considerando que a tarefa está além das suas forças. Mas a verdade é que apenas estão a dar uma pequena percentagem do seu esforço e competências. Agora, quando o objetivo é inegociável encontram-se forças insuspeitáveis.

Se o meu colega meu deu o “curso” sobre o que significa ser inegociá-vel, Uns mais tarde Keith Cunningham deu-me a reciclagem. Enquanto jantávamos juntos, em Austin no Texas, partilhei com ele quão determi-nado estava em atingir os objectivos a que me tinha proposto. De forma determinada disse-lhe que ia fazer o meu melhor. E enquanto sorria de forma muito tranquila e sabedora respondeu-me que não chegava!. Mal podia acreditar no que estava a ouvir. Como podia ele estar a por em causa a minha capacidade? Questionei-o, quase indignado, e, após uma pausa ele insistiu “o teu melhor não chega!”. Mas queria saber onde ele queria chegar e voltei a perguntar-lhe porque dizia isso... Ao que me respondeu com a maior tranquilidade “Se perguntares a qualquer pessoa, que não tenha atingido os seus objectivos, sobre o que aconteceu o que

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO2ª CHAVE

72

te vão responder?”. De repente fez-se luz para mim: mesmo quando não atingimos os nossos objectivos achamos que demos o nosso melhor! Foi então que o Keith concluiu “o teu melhor não chega! Tem de ser inegociável!”.

Uma questão extremamente relevante aqui é a importância dos ob-jetivos nas nossas vidas. Há pessoas que defendem que não precisam de atingir nada: não necessitam de milhões de euros, nem de carros, nem de uma boa forma física ou de relacionamentos fantásticos... Para mim a importância dos objetivos é proporcional àquilo que eles fazem de nós como pessoas. Isto significa que a pessoa em que nós nos tranformamos depende dos objetivos que traçamos para a nossa vida.

Jim Rohn afirmava: “Torna-te um milionário, não pelo dinheiro, mas sim pela pessoa que te vais tornar no processo”. O que importa é que nos construamos a nós mesmos como o tipo de pessoa que é capaz de ganhar um milhão. A criação de valores, convicções e competências que é necessário adquirir para conseguir um milhão são mais importantes do que o dinheiro. O mais valioso, aqui, é a pessoa que nos tornamos ao longo do processo, e não o resultado. Os objetivos não precisam de ser financeiros. Estes são bons como exemplo apenas porque são facilmente mensuráveis. Além disso facilmente podemos atribuir-lhe outras carac-terísticas que devem fazer parte de uma definição eficaz de objetivos, tal como o facto de ser fácil ser específico relativamente à quantia e poder estabelecer datas concretas para alcançar os resultados. Perseguir objetivos desafiantes é sempre essencial pelo que eles fazem por nós. E assim temos um caminho para cumprir aquele projeto de que falámos na primeira chave do sucesso, de lutarmos por ser a melhor pessoa que possamos ser. Uma pessoa sem objetivos não evolui como membro da sociedade, porque não tem motivação para dar o seu melhor.

No século XVIII existiram dois irmãos que viviam na Europa e eram muito famosos. Eles tinham inventado a dinamite, crucial à França para alcançar as suas vitórias nas guerras. Como de certo modo a supremacia da Europa dependia da sua invenção, isso fez deles pessoas muito ricas

2ª CHAVE

73

Oakmark - Business exceleratOrs

e, simultaneamente, muito famosas. Eram mesmo recebidos na corte. Um dia um dos dois irmãos morreu e o jornal que escreveu obituário enganou-se e escreveu o do irmão que tinha ficado vivo. Tal erro deu a este senhor uma experiência extraordinária e muito rara. Foi a experi-ência de em vida ele ter a possibilidade de ler o seu próprio obituário. Este é um exercício que provavelmente todos deveríamos fazer – pensar o que seria escrito na nossa lápide. Talvez este exercício nos ajudasse a transformarmo-nos de forma tão radical como a Alfred. O senhor, que se chamava Alfred, leu que tinha sido muito rico, muito famoso e que tinha inventado a dinamite que, na altura, servia sobretudo para tirar a vida a seres humanos. Esta experiência fez com que alterasse radicalmente o curso da sua vida. E atingiu o seu objetivo pois certa-mente todos nós conhecemos este homem e não sabemos que ele tinha inventado a dinamite. Trata-se de Alfred Nobel que nós conhecemos hoje devido aos diversos prémios atribuídos à excelência internacional, nomeadamente o prémio nobel da paz. Este exemplo mostra-nos que conhecer a meta, saber para onde queremos ir é decisivo para alcançar os nossos resultados.

A FORÇADO OTIMISMO

3

3ª CHAVE

75

Oakmark - Business exceleratOrs

A terceira chave do sucesso é a força do otimismo. As pesso-as bem sucedidas têm a expectativa de que as coisas lhes corram bem. E elas normalmente correm. São diversas as

razões que levam a que as coisas aconteçam deste modo. Em primeiro lugar porque os únicos jardins que regamos são aqueles que nós acre-ditamos que vão florescer. É óbvio que não cuidaremos de um jardim se não esperarmos um resultado. É impossível obter sucesso sem ter a expectativa clara de que aquilo que estamos a fazer irá resultar.

Por outro lado, se recorrermos ao domínio da física quântica, também podemos aprender que o foco da atenção é essencial para que o fenómeno tenha lugar. Não há como materializar um fenómeno sem colocar nele a nossa atenção. Assim podemos entender porque é que as pessoas otimistas, que focam a atenção positivamente nos resultados que pretendem atingir, são naturalmente bem sucedidas.

Clarifiquemos, então o conceito de otimismo. Otimismo não é um tipo de ingenuidade ou crença de que podemos fazer o que nos apetecer a cada instante porque as coisas sempre irão correr bem. Isto não se trata de otimismo, mas sim de inconsciência. Tudo correrá bem só se responsavelmente estivermos a cuidar das causas. Precisamos assegurar

OPTIMISMOE REALISMO

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO3ª CHAVE

76

com a nossa ação consistente e constante todos os detalhes para que as coisas corram bem.

O otimista é aquele que espera um bom resultado da sua ação de-liberada. O conceito de otimismo não pode ser confundido com o de realismo, o que acontece com muita frequência. Normalmente quando trabalho com empresas e o colaborador define os seus objetivos, costumo inquirir porque é que os números são os apresentados e não outros. A resposta que ouço frequentemente é “Porque eu sou realista.” As pessoas assumem, assim, que colocar um objetivo que já sabem que vão atingir ou que está abaixo do seu potencial consiste em serem realistas. Porém, neste caso as pessoas não estão a ser realistas, mas sim pessimistas.

Ser realista é falar a verdade sobre aquilo que é. Consiste em sair da negação e com os pontos fortes que temos e os que são menos fortes, ou os ativos e os passivos que possuímos. Ser realista é sermos capazes de enfrentar a verdade acerca da situação na qual nos encontramos. Um realista não se recusa a olhar para a “linha do que é”.

Ser otimista é acreditar que a linha do que pode ser é passível de acontecer porque somos capazes de iniciar ações deliberadas nesse sen-tido. Ser otimista é assumir uma atitude de controlo sobre a sua própria vida. Ser optimita é saber que amanhã vai ser melhor porque temos ao nosso alcance fatores decisivos para melhorar o dia de amanhã. E, além disso, reconhecemos as capacidades para lá chegar. Aqui está porque é que as pessoas otimistas são pessoas de sucesso e vice-versa.

Linha do que é

Linha d

o que te

m d

e ser

3ª CHAVE

77

Oakmark - Business exceleratOrs

É, no entanto, essencial não nos apaixonarmos cegamente pela “linha do que tem de ser”. Se apenas nos focarmos na “linha do que tem de ser”, ignorando a “linha do que é”, estamos a ter uma visão distorcida da realidade. Devemos ter consciência de que não se passa da “linha do que é” para a linha do que “tem de ser” de um momento para o outro. A maior parte das pessoas fracassa numa dieta porque querem resultados imediatos sem o esforço consistente de alterar os hábitos consolidados. Vamos supor que a pessoa em questão tem 85 kg e acredita que a sua forma física ideal são 70. Começa ir ao ginásio e decide fazer o enorme sacrifício de iniciar uma dieta. Isso durante uma semana para fazer a avaliação no final da semana. No final dessa semana vai pesar-se, verifica que o peso de 84,5kg (ou quem sabe, 86 kg, pois quando fazemos exercí-cio físico ganhamos massa muscular). Qual é normalmente o raciocínio desta pessoa? — Que não há qualquer evolução e, por isso mesmo, não vale a pena fazer exercícios. Todavia, é uma pessoa determinada e na segunda semana até persiste. Mas como os resultados continuam sem surgir, no final da segunda semana acaba por desistir. E muitos entram em negação ou refugiam-se em desculpas do género: “A culpa é do meu metabolismo”; ou “Em toda a família sempre fomos gordos. Já o meu pai era forte e a minha mãe também...”. Outro exemplo muito frequente nas pessoas que nos rodeiam é a das pessoas que não possuem qualquer dinheiro de reserva e querem ser milionários de um momento para o outro. É impossível, claro.

Já Warren Buffet afirma que esta foi uma das primeiras lições que aprendeu na vida. Quando tinha 10 anos, após ter lido One Thousand Ways to Make $1000, “sentado no degrau da casa do seu amigo Stu Eri-ckson, Warren anunciou que seria milionário quando chegasse aos 35 anos.” Entendeu que o conceito essencial era capitalizar e “quanto mais dinheiro colecionasse mais cedo, mais tempo tinha para o capitalizar e melhorar as suas hipóteses de conquistar o seu objetivo.

Um ano depois começou a construir as bases dessa sua realidade. Para divertimento e surpresa da família, na primavera de 1942 o seu

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO3ª CHAVE

78

tesouro totalizava 120 dólares.Recrutando a irmã Dóris como sócia, comprou três ações da mesma

empresa para cada um, pagando 114, 75 dólares pelas suas três ações da Cities Service Preferred.

O mercado atingiu o seu mínimo naquele mês de junho e as ações da Cities Service Preferred caíram de 38.25 para 27 dólares. Doris “lem-brava-lhe” todos os dias a caminho da escola que as suas ações estavam a descer. [...] Quando as ações finalmente recuperaram , vendeu-as por 40 dólares, arrecadando um lucro de cinco dólares para os dois. [...] Só que as ações da Cities Service Preferred rapidamente atingiram os 202 dólares dólares”. Uma das lições que Warren afirma ter aprendido com este episódio foi a de “parar um segundo para pensar antes de se apressar a obter um pequeno lucro. Aprendeu [...] ao refletir sobre os 492 dólares que teria ganho se tivesse sido mais paciente.”

3ª CHAVE

79

Oakmark - Business exceleratOrs

Ser milionário, como fazer dieta, ou construir um património, exige persistência, resiliência e determinação. A nossa condi-ção ou o nosso destino não se altera do dia para a noite.

Porém, há algo que podemos mudar instantaneamente: a nossa dire-ção. No instante que demora um piscar de olhos podemos ver que íamos no caminho errado e infletir o nosso rumo. Por muito lento que seja o nosso passo na direção certa é isso que conta: que o rumo seja na dire-ção do nosso grande objetivo. A nossa preocupação básica é definir os objetivos para saber para onde nos dirigirmos e, depois, fazer o caminho consistentemente. O grande foco na nossa vida dever ser o que podemos fazer no presente (hoje) para melhorar a nossa situação. Não precisamos mais do que isto a cada dia. A nossa questão deveria ser: o que é que podemos fazer fazer hoje para melhorar a nossa situação?”. E uma passo de cada vez leva-nos onde desejarmos.

Na Grécia Antiga existia um ditado que dizia “Se queres chegar ao Monte Olimpo, certifica-te que cada passo que dás é nessa direção” Esta máxima de sabedoria milenar não diz para acelerarmos o passo ou darmos passos gigantescos. A única coisa que nos adverte é para nos

OPTIMISMOE INGENUIDADE

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO3ª CHAVE

80

assegurarmos se vamos naquela que é para nós a direção certa.Um dia dei comigo a fazer contas sobre quanto é que eu poderia

melhorar por dia, de um modo geral. Uma preocupação constante que tenho é como posso melhorar como pai, como marido, como amigo, etc. , anualmente. Ora, para melhorar anualmente eu preciso caminhar nessa direção todos os dias. Daí ter colocado a mim mesmo a questão: “Será que consigo ser 1% melhor todos os dias?”. Percebi que se melhorasse 1% por dia, ao fim de 100 dias era duas vezes melhor. Daí ter decidi-do situar-me num número menor. Comprometi-me comigo mesmo a melhorar 0,5% numa semana, 2% num mês e 20% num ano. É fabulo-so reconhecermos que no final de um ano podemos ser 20% melhores maridos, melhores amigos; 20% mais ricos e com melhor forma física, por exemplo, melhorando apenas 0,1% ao dia, ou até um pouco menos. Em suma, a aúnica coisa em que temos de nos focar é: “O que é que eu tenho de melhorar hoje para cumprir os meus 0,1%. Além disso o mesmo princípio é aplicável à aprendizagem: se lermos um capítulo de um livro por dia aprenderemos algo de novo todos os dias. Há sempre uma ideia qualquer que fará a diferença nas nossas vidas. Mesmo que não nos identifiquemos com essa ideia, basta fazermos um juízo crítico sobre ela para estarmos a melhorar o nosso raciocínio. Se todos os dia tivermos o cuidado de escutar alguém, também isso nos ajudará a apren-der. E afinal, só precisamos de melhorar 0,1% por dia, para em 5 anos conseguirmos ser 2 vezes pessoas melhores do que somos no presente.

O que nós precisamos é de paulatinamente aproximar a nossa linha do que é da linha do que tem de ser.

3ª CHAVE

81

Oakmark - Business exceleratOrs

Voltando a Keith Cunningham, este senhor afirmava que se queremos assegurar que a linha do que tem de ser se vai materializar nas nossas vidas, devemos assegurar-nos que o

que tem de ser tem a forma de um coração.

Durante séculos, as emoções foram encaradas como perturbadoras, quer para os seres humanos tomados individualmente, quer para as empresas ou organizações. Todavia, no século XX, António Damásio e Daniel Goleman, entre outros neuroinvestigadores e psicólogos, al-teraram este paradigma revelando, com recurso a experiências, como as

ESPERARCOISAS BOAS

Linha do que é

Linha d

o que te

m d

e ser

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO3ª CHAVE

82

emoções são determinantes para formular e alcançar objetivos. A res-sonância emocional surge mesmo como uma característica presente em todos os grandes líderes. Quando afirmámos que a linha do que tem de ser deve ter a forma de um coração é porque reconhecemos que emoções positivas como a paixão ou o entusiasmo potenciam os nossos melhores desempenhos. Este tipo de emoção tem ainda a vantagem de criar res-sonância naqueles que nos rodeiam. Daí resulta que, quando os nossos objetivos são para nós apaixonantes, os que estão junto a nós tornam--se nossos cúmplices e aliados na prossecução desses objetivos. É difícil resistir a alguém genuinamente entusiasmado com aquilo que faz e em progresso constante. A energia que uma pessoa deste tipo emana é con-tagiante. E mais uma vez recorremos à investigação científica para expli-car este processo de ressonância emocional. Segundo a antropobiologia contemporânea o ser humano é constituído por sistemas biológicos de circuito fechado, como o sistema circulatório que é autorregulado, mas possui um sistema aberto que é o sistema límbico (sistema dos centros emocionais). Este sistema é assim designado porque depende de fontes externas para se regular. No seu brilhante livro Os Novos Líderes – A In-teligência Emocional nas Organizações, Daniel Goleman revela-nos como tem lugar a relação límbica interpessoal. Aí podemos observar que uma pessoa só com a sua presença, sem pronunciar qualquer palavra pode “alterar os níveis hormonais, a função cardiovascular, o ritmo do sono e, até, a função imunitária do corpo de outra pessoa”. Daí ser fácil compre-ender como os casais apaixonados se influenciam mutuamente através da produção de oxitocina, a mesma hormona que se encontra presente nas mães que amamentam. “Os cientistas analisaram em laboratório a sintonização de emoções medindo sintomas fisiológicos — tais como o ritmo cardíaco — de duas pessoas que estão a conversar. No início da conversa, os corpos estão a funcionar a ritmos diferentes. No final de uma conversa de 15 minutos, os perfis fisiológicos já são espantosamente similares — é um fenómeno a que se chama efeito de espelho”.

Eis porque a linha do que tem de ser tem de surgir como alguma

3ª CHAVE

83

Oakmark - Business exceleratOrs

coisa que nos apaixona. Quando a nossa emoção está envolvida então, seguramente, iremos lá chegar. E todos os que nos rodeiam comunga-rão dessa certeza e estarão mais disponíveis para nos apoiar. Quem não gosta de se colocar ao lados dos vencedores?

Voltando a referir-nos à segunda chave do sucesso, o poder ilimita-do dos objetivos. Anthony Robbins diz que não há pessoas limitadas, há objetivos limitados. Nós crescemos até onde os nossos objetivos nos levam. O nosso crescimento como pessoas depende dos objetivos que definimos.

Se a maior parte das pessoas não é bem sucedida não é por serem limitados, mas porque o comum das pessoas define objetivos muito baixos. Segundo as últimas investigações da neurobiologia e da psicolo-gia atuais, nós temos capacidade para fazermos qualquer coisa na vida. Não estão estabelecidos a priori limites para a capacidade intelectual do ser humano. Os últimos estudos da Universidade de Stanford dizem que nós usamos cerca de 2% da nossa capacidade intelectual. Estima-se que Albert Einstein tenha usado 4%. Hoje em dia as investigações na área da neuro-fisiologia revelam-nos que temos capacidade para alcançarmos muito mais do que julgamos possível. Não estamos é a definir objetivos para tal.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO3ª CHAVE

84

A 3ª chave, como vimos anteriormente é a força do otimismo. Não podemos deixar de lembrar-nos de distinguir o oti-mismo de realismo e de pessimismo.

Realismo é dizer a verdade sobre o que é, enquanto que pessimismo é acreditar que amanhã não vai ser melhor. Não porque as coisas se vão organizar nesses sentido, não porque temos esperança, não por ingenui-dade, mas porque estamos a fazer tudo o que deve ser feito para atingir esse resultado.

Por exemplo, quando perguntamos a alguém sobre se a situação eco-nómica e política atual do país vai melhorar, a maior parte das pessoas vai responder: “Isto nunca mais vai ser como era antes!” Ou, no melhor dos casos, afirmará que talvez melhores, mas: “Ainda vamos ter crise para muitos anos!” Uma afirmação deste tipo consiste em ser pessimista. Todavia também podemos encontrar os ingénuos que defendem que evidentemente tudo irá melhorar sem nos apresentarem qualquer argu-mento confiável. Um otimista é aquele que, mesmo não sabendo se vai ou não melhorar a economia exterior, tem a convicção que irá melhorar na sua vida porque conhece a realidade desta, tem na sua mão o poder de

OS JARDINS QUENÓS REGAMOS

3ª CHAVE

85

Oakmark - Business exceleratOrs

agir de modo a alterar a situação para melhor e faz um plano detalhado que lhe irá permitir progredir.

Nas nossas vidas só não haverá crise se nós fizermos tudo o que precisamos de fazer para alterar essa situação.

O PRINCÍPIODA ECOLOGIA

4

4ª CHAVE

87

Oakmark - Business exceleratOrs

A 4ª chave do sucesso é o princípio da ecologia. Chamo-lhe o princípio menos compreendido do sucesso. Este princípio implica que tenhamos consciência que há mais na vida do

que o circulo da nossa individualidade. Neste princípio remetemo-nos a realidades que ultrapassam grandemente o nosso ego. O maior desafio que o ser humano tem é confrontar-se com o seu próprio ego, ou seja a sua noção estreita de individualidade. Normalmente o que nos corre menos bem na vida está relacionado com o nosso ego, a visão individu-alista do que nos cerca.

O princípio da ecologia é a compreensão de que nada se esgota na nossa individualidade. Aliás, a nossa individualidade é muito pouco im-portante. Há realidades muito mais importantes que nós mesmos. Este princípio transporta-nos para o interior de um universo governado por leis. E devemos ter consciência de que nunca poderemos ser bem suce-didos em confronto com essas leis. Só em alinhamento com essas leis poderemos cumprir os objetivos que nos são mais queridos.

As leis a que me refiro são as leis universais, aquelas que já estavam no universo quando nós cá chegámos. É evidente que nunca seremos

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO4ª CHAVE

88

bem sucedidos contra a lei da gravidade. Todavia se compreendermos a gravidade e a soubermos usar, poderemos fazer voar um avião. Não con-trariando esta lei, mas respeitando-a e entendendo como ela funciona e como a podemos usar, seremos extraordinariamente bem sucedidos, mas no momento em que ignorarmos e não cumprirmos as regras em que a lei da gravidade funciona, o avião cairá.

4ª CHAVE

89

Oakmark - Business exceleratOrs

O princípio da compreensão das leis universais é fundamen-tal. Uma das leis que me é muito querida é a lei da abun-dância. A lei da abundância revela que nós temos muito

mais do que aquilo que precisamos para viver. Temos muito mais de tudo o que é importante no mundo para que todos os seres humanos pudessem viver em abundância.

O grande desafio é que nós apesar de vivermos num universo abun-dante, olhamos para ele e nele vivemos a partir do ponto de vista da escassez. É esta ansiedade e medo da escassez que se traduz na acumu-lação fazendo com que muitos de nós tenham muito mais do que aquilo de que algum dia poderão usufruir e que a maioria de nós viva abaixo daquilo que seria humanamente aceitável.

Se fosse possível agarrar em todos os recursos que existem no mundo e dividir pela população mundial, ainda assim apesar de sermos muitos, seríamos todos ricos. Não estou aqui a argumentar que isto fosse justo. Apenas quero deixar uma chamada de atenção para a abundância em que vivemos e para a consciência que habitamos este universo abundan-te do ponto de vista da escassez.

A LEI DAABUNDÂNCIA

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO4ª CHAVE

90

Um dos responsáveis por esta perceção do mundo como um espaço miserável ou limitado em recursos, provavelmente, terá sido o econo-mista britânico Thomas Maltus, quando fez a previsão de que a produ-ção crescia a um ritmo bastante inferior à população e daí se prever que rapidamente o mundo ficaria sem recursos para todos nos podermos sustentar.

Nas faculdades de economia ( e provavelmente em algumas outras) aquilo que se aprende em primeiro lugar é que os recursos são escassos. Porém, esta afirmação não traduz a verdadeira realidade. Da forma como eu vejo as coisas os recursos são abundantes. Contudo, se percepciona-mos a realidade do ponto de vista da escassez ( e a nossa percepção da realidade condiciona a forma como esta é para nós) olharemos sempre para o ganho dos outros como perdas potenciais para nós.

Olhar o mundo segundo a perspetiva da escassez é o maior enviesa-mento humano que faz com que estejamos sistematicamente a destruir valor, em lugar de o acrescentar. Quando fiz o meu MBA, na cadeira de negociação, em todas as aulas éramos submetidos a uma nova negocia-ção. Tratava-se de negociações em situações desafiantes, para nós poder-mos treinar o que se passava em contexto real. Aquilo que aprendi nesta altura foi que a maior parte das pessoas não se importava de perder se a outra parte perdesse mais. As pessoas não se preocupavam em ver como podiam levar mais valor, mas sim como poderiam levar mais valor do que aquelas com quem estavam em negociação Tratava-se, em primeiro lugar, de uma competição: “Como é que eu consigo obter mais valor do que o outro?” Se se tratasse de uma situação em que ganhando eu 10 e a outra parte 5, por confronto com uma situação em que ganharia 15 e a outra parte 20, as pessoas normalmente preferiam a primeira solução porque, mesmo levando menos, obtinham mais lucro do que o outro. Em suma: sentiam que naquela competição tinham vencido. O pensamento da escassez, nestes casos, não permite ver que a solução da abundância é muito melhor para as duas partes. A lição que podemos tirar deste e de outros exemplos semelhantes é que o ser humano olha

4ª CHAVE

91

Oakmark - Business exceleratOrs

para o universo abundante do ponto de vista da escassez. Na vida nós temos sempre um balanço entre o haver e o dever. Cada

vez que vamos a um banco este só nos permite levantamentos se nós tivermos feito depósitos. Também, na nossa vida temos direito a fazer levantamentos na exata proporção em que fazemos os depósitos. Apesar de quando se trata da banca esta realidade nos parecer clara, quando se trata da vida em geral, a maior parte das pessoas julga poder levantar sem ter efetuado qualquer depósito. Muitos recebem adiantamentos comprometendo-se até ao fim das suas vidas.

O princípio ecológico e esta situação de balança não se aplica apenas nas questões económicas. Também é muito comum nos relacionamen-tos. Há pessoas que nas relações apenas perguntam. “Como é que eu posso tirar mais proveito desta relação?” E vão fazendo levantamentos até ao momento em que os outros se fartam. Para fazer levantamentos na saúde e na forma física precisamos cuidar da alimentação e do exer-cício, como para fazer levantamentos na conta bancária temos de cuidar dos depósitos. Por seu lado para fazer levantamentos nos afetos temos de acrescentar valor nas relações. A pergunta certa a fazer é “Como é que eu faço depósitos?” e não “Como é que eu faço levantamentos?” Os levantamentos dependem diretamente dos nossos depósitos. Se dia-riamente nos comprometermos a fazer depósitos, passado alguns anos veremos que as portas estão abertas em todo o lado para fazermos levan-tamentos. Basta, a título de exemplo pensarmos num amigo que durante uma vida faz tudo por nós sem nos pedir nada em troca. Se um dia ele necessitar de ajuda, seguramente estaremos inteiramente disponíveis. Quando se trata, por exemplo, do nosso corpo, força, velocidade e flexi-bilidade a situação é a mesma. Se cuidarmos bem dele se precisarmos de mais energia e saúde, ele responderá fielmente às nossas necessidades. Mas se só fizermos levantamentos, ele não nos poderá ajudar.

O princípio da ecologia consiste, então, na resposta à questão de saber como é que poderemos fazer depósitos, como poderemos acres-centar valor ao planeta e cuidar dele, em lugar de usá-lo indiscrimi-

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO4ª CHAVE

92

nadamente e destrui-lo. Relativamente ao planeta, muitas pessoas têm andado a pensar o que é que podem colher, em lugar de preservarem ou acrescentarem valor.

4ª CHAVE

93

Oakmark - Business exceleratOrs

Tal como aprendi com Jim Rohn, a primeira equação do su-cesso tem uma raiz bíblica. Consta que alguém questionou o profeta sobre qual seria a chave da grandeza (riqueza,

reconhecimento, sucesso) e que este terá sido respondido: “Encontra uma forma de servir a muitos!” Apesar de ser próxima da afirmação que diz que podemos “servir-nos” de muitos, esta asserção é completamente distinta. Segundo o profeta é na medida em que pudermos servir a mais pessoas, que vamos atingir o resultado desse esforço.

Um dos princípios básicos do universo é o princípio do equilíbrio. Todos nós sabemos que, em qualquer ecossistema, se há um desequilí-brio numa espécie, seja à custa de outras espécies ou de qualquer modo possível, a natureza encontrará uma forma de repor o equilíbrio. O universo autoequilibra-se. Assim sendo quando fazemos levantamentos sem parar, a nossa conta bancária fica desequilibrada. No entanto, pode-mos também desequilibrar o universo em sentido positivo. Se fizermos inúmeros depósitos, o universo vai ter de nos facultar levantamentos. Seguindo as palavras do profeta: se nós arranjarmos uma forma de servir a muitos, serão muitos o que nos prestarão serviços. Quanto mais pes-

AS EQUAÇÕES DO SUCESSO - COMO POSSO SERVIR MAIS?

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO4ª CHAVE

94

soas eu servir, maior será o número dos que me servirão a mim. Este fenómeno de retribuição nem sempre é direto. Por vezes a retribuição é indireta. O universo joga com a lei do esforço indireto. Muitas vezes co-locamos o nosso esforço num ponto e, de um outro lugar, vem o retorno na proporção exata dos serviços que tínhamos prestado.

4ª CHAVE

95

Oakmark - Business exceleratOrs

A segunda equação do sucesso, podemos encontrá-la em John Kennedy, no discurso inaugural como presidente dos Esta-dos Unidos. E foi apresentada com a seguinte formulação:

“Não perguntes o que pode o teu país fazer por ti, mas o que podes tu fazer pelo teu país”. Uma questão desta natureza – “o que é que eu posso fazer para ajudar?” – provavelmente tirar-nos-ia rapidamente da crise em que nos encontramos. E a pergunta desdobra-se:

– “Não perguntes o que podem as pessoas por ti, mas sim o que podes fazer por elas”... – “Não perguntes o que pode o mercado fazer por ti, mas sim o que podes fazer por ele”... – “Não perguntes o que pode a tua empresa fazer por ti, mas sim o que podes fazer tu pela tua empresa”; – “Não perguntes como é que podes fazer levantamentos, mas sim como podes fazer depósitos”;– “Não perguntes como podes ser servido, pergunta como podes servir...”

O QUE É QUE EU POSSO FAZER PARA AJUDAR?

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO4ª CHAVE

96

A terceira equação do sucesso devemo-la a Zig Ziglar. O lema da empresa deste senhor é o seguinte:

“Se pudermos ajudar um número suficiente de pessoas a consegui-rem o que desejam, podemos ter tudo o que desejarmos”.

Segundo esta filosofia de vida, aquilo que está entre a linha daquilo que é e a linha do que tem de ser é ajudarmos um número suficiente de pessoas a obterem elas próprias aquilo que querem para si. Se isto estiver assegurado, os resultados serão os que desejamos. Ou seja, os nossos resultados surgem sempre na medida do nosso serviço.

A AUTO-DISCIPLINAÉ O CATALIZADOR

5

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO5ª CHAVE

98

A autodisciplina pode considerar-se uma catalisador. É ela que coloca todas as outras chaves em ação. Falar de autodiscipli-na é o mesmo que afirmar que temos de pagar adiantado o

preço do sucesso. Primeiro temos de colocar sempre o esforço. A autodisciplina consiste em fazermos aquilo que tem de ser feito

mesmo quando não nos apetece. Fazer o que tem de ser feito consiste em definir um objetivo, traçar um plano e executar o plano diariamente, mesmo quando não sentimos qualquer vontade. Há sempre um álibi possível para não se ser disciplinado como, por exemplo, achar que está demasiado calor para ir ao ginásio ou ser um dia especial para não ter de cumprir a dieta. É claro que se se seguir esta tipo de ação nunca iremos atingir os resultados.

FAZER O QUE TEM DE SER FEITO, MESMO QUANDO

NÃO NOS APETECE

5ª CHAVE

99

Oakmark - Business exceleratOrs

A vida, já afirmavam os filósofos gregos, é constituída por opostos em conflito. Daí que para compreendermos a fór-mula do sucesso temos, em primeiro lugar, de conhecer a

fórmula do fracasso. Os opostos conferem sentido à realidade. A luz só faz sentido porque

existe escuridão, o bem só existe por oposição ao mal e a liberdade por con-traposição à clausura, assim como o sucesso só tem sentido porque existe o fracasso. No fundo não seria possível ganhar se fosse possível perder.

A fórmula do fracasso é simples: consiste em realizarmos alguns maus juízos repetidos ao longo do tempo. No entanto, o universo está de tal modo organizado que só sofremos as consequências dos nossos erros após tê-los repetido inúmeras vezes. Além deste fator de prote-ção o universo vai-nos dando sinais que nos permitem perceber quando vamos no caminho errado. Os sinais são recorrentes e, por isso mesmo, não poderemos deixar de os ter em conta, se a isso estivermos atentos.

Assim sendo, imaginemos o exemplo de uma pessoa que vai a uma loja de hamburgers e come tudo o que consegue naquele dia. Depois ainda decide tomar um digestivo e fumar um cigarro. Essa pessoa não

A FÓRMULADO SUCESSO

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO5ª CHAVE

100

vê a sua saúde ser afetada de imediato. Nem sequer o peso. E assim, nos dias subsequentes vai repetindo este mau juízo. Ora, passado algum tempo a forma física e a saúde acabarão por ceder. Temos assim um mecanismo de proteção que impede as consequências imediatas.

A fórmula do sucesso, por seu lado, consiste em práticas simples, repetidas diariamente de forma disciplinada. Por exemplo, para alterar a forma física, a prática de novos hábitos alimentares em de ser consisten-te, assim como o exercício físico tem de ser diário. Se queremos alterar os relacionamentos devemos demonstrar isso verbalmente ou com atos, todos os dias. E se o objetivo consiste em alcançar sucesso económico, é preciso cuidar das despesas e das receitas todos os dias; se temos ativi-dade empresarial, gerar contactos deverá ser uma tarefa regular, por isso terá de ser realizada diariamente, assim como fazer reuniões comerciais.

A simplicidade surge na fórmula do sucesso, porque são coisas simples que nos permitem alcançar resultados extraordinários. Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo afirmou que na vida e nos negócios são coisas simples que produzem resultados extraordinários. Há lá coisa mais simples do que comer uma salada por dia, ou uma peça de fruta a cada refeição? E, no entanto, a maior parte de nós não o está a fazer com regularidade. Tratar bem as pessoas e mostrar-lhe que são importantes também é algo evidente e simples para todos os seres humanos e, no entanto, também aí, o comum das pessoas falha.

Segundo Warren Buffet para se ser bem sucedido, o quociente de inteligência não é o determinante, assim como o grau de complexidade. Para alcançar sucesso o que conta são práticas simples repetidas diaria-mente de forma disciplinada, repetimos.

5ª CHAVE

101

Oakmark - Business exceleratOrs

Uma das imagens que me ajuda a ilustrar a vida de uma forma eficaz é o contexto de um pronto-a-comer. Há quatro lições que podemos retirar de um pronto-a-comer.

PRIMEIRA LIÇÃO DO PRONTO-A-COMEREste tipo de local normalmente tem um balcão onde os vários ali-

mentos e bebidas vão estando disponíveis e nós vamos passando com um tabuleiro e vamos recolhendo o que desejamos. Quando vale a pena comer naquele local, normalmente há uma fila. Mas isto não se passa deste modo apenas num pronto-a-comer. Em todos os resultados que valem a pena obter na vida nós temos de entrar numa fila. A primeira regra de ouro do pronto-a-comer é esta: “Entra na fila!” É preciso es-perar, ser persistente, entrar na fila e aguardar. Porém há muitas pessoas que não querem entrar na fila. Isto faz com que as oportunidades se sucedam e nós nunca aguardámos pacientemente a nossa vez porque não quisemos entrar na fila. Daí muitas pessoas afirmarem que 7 a 10 anos para enriquecer é um período muito longo. E assim encontram uma justificação para não entrarem na fila...

A FILOSOFIA DOPRONTO-A-COMER

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO5ª CHAVE

102

Por outro lado, a maior parte do que entra na fila, espera durante um tempo e depois farta-se de estar á espera e sai da fila. Ora, com frequên-cia, esta pessoa que sai da fila vai entrar noutra fila. E depois em outra e em outra... passando a vida a entrar e a sair de filas sem nunca comer.

SEGUNDA LIÇÃO DO PRONTO-A-COMERA segunda regra de ouro do pronto-a-comer é esta: “Fica na fila!”

Se o pronto-a-comer for bom e soubermos ser persistentes e ficar na fila, a nossa vez vai chegar. Pode levar mais ou menos tempo, mas se soubermos escolher o melhor, então vale a pena ficar na fila. É claro que quanto melhor for o pronto-a-comer maior é a fila, mais temos de esperar e menos pessoas têm paciência.

TERCEIRA LIÇÃO DO PRONTO-A-COMERA terceira regra do pronto-a-comer é “Escolhe só aquilo que te

convém!” Muitas pessoas ao irem passando pelas iguarias que estão na fila não resistem. E escolhem coisas que lhe fazem mal à saúde ou à dieta que iniciaram há pouco. Todavia devemos só escolher o que nos convém. Não é porque um alimento está ali diante de nós que temos de o levar. Como, no nosso dia a dia, não temos de carregar connosco tudo o que encontramos pelo caminho. Se alguém colocar lixo à nossa porta, seguramente não levaremos o lixo para casa. Não temos de ficar com as coisas só porque elas no passam por diante.

QUARTA LIÇÃO DO PRONTO-A-COMERA última regra do pronto-a-comer é “Primeiro pagas, depois comes!”

Na vida como num pronto-a-comer não há espaço para o “vou comer primeiro e depois venho cá pagar”. Assim como, por muito desagradá-vel que seja para nós numa noite de inverno ir à rua buscar lenha para colocar na lareira, a verdade é que a lareira não dá calor se não coloco lá a lenha. E, quando tentamos inverter as regras e não respeitar as leis, o cenário torna-se dramático. Apesar de serem muitos aqueles que apro-

5ª CHAVE

103

Oakmark - Business exceleratOrs

veitam o calor antes de colocar a lenha ou decidir comer antes de pagar, os tributos dessa atitude são tão elevados que só me fazem lembrar a famosa imagem da tragédia de Goethe, quando Fausto vende a alma ao diabo. Em suma, outra lição que temos de retirar de um pronto-a-comer é que primeiro temos de pagar. Não podemos ter os efeitos sem antes assegurar as causas, é a lei de ferro do universo- Ora, a autodisciplina consiste em pagar adiantado o preço do sucesso.

A ALAVANCADO CONHECIMENTO

6

6ª CHAVE

105

Oakmark - Business exceleratOrs

A última chave do sucesso pode ser vista como uma alavanca. Esta chave funciona como a força multiplicadora ou, mais precisamente, o poder de desmultiplicar a nossa força.

Arquimedes, um dos principais cientistas da antiguidade clássica foi quem descobriu a lei da alavanca e afirmava que não precisava mais do que uma alavanca e um ponto de apoio adequado para, só com um braço, mover o mundo. A dimensão da alavanca e o ponto de apoio são o fator que desmultiplica a força que nós empregamos.

O fator desmultiplicador das chaves que analisámos até agora são as ideias e o conhecimento. Só o nosso conhecimento, a excelência das nossas ideias é que nos permite errar menos vezes. Nunca iremos deixar de errar por completo, no entanto, seguramente, os nossos erros serão mais inteligentes. E, além disso, iremos evitar uma série de erros. A qua-lidade das nossas escolhas melhora com a qualidade do nosso conhe-cimento. Daí ser tão importante ler, frequentar seminários, workshops, fazer cursos e passar tempo com pessoas que nos podem ensinar alguma coisa. Estas práticas melhoram a qualidade do nosso conhecimento e a capacidade de tomarmos melhores decisões. Ora, quanto melhores

FAZERBOAS ESCOLHAS

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO6ª CHAVE

106

forem as nossas escolhas, melhor será a capacidade que temos de ter bons resultados com o nosso esforço.

Pensemos, por exemplo, numa senhora que trabalhe a dias. Esta pessoa troca tempo por dinheiro. Provavelmente cobrará poucos euros à hora e trabalhará 7 a 8 horas por dia. Se eventualmente esta senhora, por contingências da vida, vier a necessitar de ganhar mais dinheiro, terá de trabalhar mais horas. Isto é assim porque ela não está a explorar a capacidade desmultiplicadora do seu esforço. As suas ideias não lhe permitem ganhar mais à hora. O seu valor por hora é o mesmo. Todavia, se formos rigorosos, concluiremos que nós não ganhamos à hora. Nós ganhamos pelo valor que pomos na nossa hora de trabalho. É isso que permite que alguns de nós multipliquem o seu retorno ao longo da vida. Por isso eu considero que o salário mínimo é apenas o primeiro degrau de uma escada. Não é suposto ficar-se no salário mínimo a vida toda. Uma injustiça é não nos ser dada a possibilidade de progredir. Um salá-rio mínimo é um degrau na escada da vida. Necessitamos mostrar que temos mais competência para podermos vir a ganhar mais. Se nos esfor-çarmos, a nossa capacidade será reconhecida. E, algum tempo depois de iniciarmos as nossas funções, deveremos estar a receber muito mais pela nossa hora de trabalho do que no início. Há que ter presente que somos pagos pelo valor que pomos na nossa hora de trabalho e não pelo passar das horas que estamos no trabalho.

Assim sendo, qualquer um de nós pode multiplicar o valor que põe na sua hora. Ora, isso depende dos nossos conhecimentos, das nossas ideias.

Esta busca de conhecimento é aquilo que designo por cavar o tesou-ro das ideias. Este é, na minha opinião, o tesouro mais valioso que pode existir. O conhecimento vale mais do que o ouro. Isto porque não só ele pode ser transformado em ouro como porque o tesouro das ideias não se pode perder, contrariamente ao que pode suceder com o ouro. Podemos perder tudo o que possuímos, mas os nossos conhecimento ninguém nos poderá tirar. Daí ser esse o maior valor que possuímos e ser aí que

6ª CHAVE

107

Oakmark - Business exceleratOrs

devemos investir. Quando algumas pessoas me dizem que não se impor-tam de fazer o que for preciso, mas ler é que não, fico perplexo, porque é o mesmo que ver pessoas que têm diante de si uma mina de ouro que apenas é preciso cavar estarem preocupadas com o dinheiro que têm de investir na picareta e permanecerem inertes.

O tesouro das ideias é o mais fabuloso que podemos ter e que pode ser convertido em quaisquer outras coisas. Talvez seja por isso que qual-quer casa de um milhão de euros/dólares tem uma biblioteca. Não há como ter conhecimentos porque é ele que desmultiplica o resultado do nosso esforço.

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessO6ª CHAVE

108

É essencial aumentar a cada momento o nosso conhecimento. Por isso é que Denis Waitley afirma que a qualidade dos nossos resultados depende daquilo que nós fazemos em

prime time. Provavelmente porque é nesta altura que as pessoas de su-cesso têm tempo para adquirir conhecimentos e o aproveitam para tal.

Vejo as empresas a pedir motivação... Vejo as pessoas a pensar em trabalhar mais horas e mais duro... E tudo isto como se a única forma de melhorar os nossos resultados fosse fazendo mais.

Só trabalho duro vai deixar-nos cansados, mas trabalho inteligente pode-nos deixar ricos! E a maior parte das pessoas que eu conheço estão cansadas em vez de ricas... E é por isso que, por vezes, me parece que subavaliamos o conhecimento, tanto pelo menos como sobreavaliamos a motivação.

Imagine que tenho um idiota e resolvo motivá-lo... É verdade, fico com um idiota motivado: parece perigoso não? Acredito que temos primeiro encontrar o caminho certo e só depois podemos pensar em motivação. E encontrar o caminho certo é, na minha opinião, procurer o conhecimento, para que elas encontrem esse caminho.

CAPACIDADE DE TOMAR DECISÕES

6ª CHAVE

109

Oakmark - Business exceleratOrs

Imagine que está num local desconhecido e tem de se deslocar para outro sítio, o que prefere ter consigo, um orador motivacional ou um mapa? Eu prefiro um mapa!

Da forma como vejo as coisas o conhecimento é a maior riqueza que temos. Vale mais do que o ouro, até porque pode ser transformado em ouro. Chamo-lhe o tesouro das ideias! O mais valioso tesouro que há e o único que não podemos perder. Podemos ganhar e perder muito dinhei-ro, mas dificilmente podemos perder as ideias pois estas são preciosas porque influenciam directamente a qualidade das nossas escolhas. E boas escolhas conduzem a boas práticas que nos trarão bons resultados.

Se a autodisciplina é o catalisador das outras chaves do sucesso, então o conhecimento é a alavanca multiplicadora. É o que nos permite, com o mesmo esforço, obter cada vez melhores resultados.

Para cavar o tesouro das ideias, temos essencialmente duas estratégias: o estudo da própria vida e o estudo da vida dos outros. Estudar a nossa vida, a nossa filosofia, as nossas escolhas, os nossos resultados é um imperativo da nossa aprendizagem. De que forma é que a minha maneira de pensar tem conduzido aos meus resultados? O que é que em mim tem atraído determinada realidade? E reflectir, amadurecer, aprender... aprender...

Estudar a vida dos outros pode poupar-nos muitos erros e dar-nos pistas sobre muitas das boas práticas de que necessitamos, para atrair o tipo de efeitos a que nos propomos.

Se alguém bem-sucedido colocou tudo o que sabe sobre isso num livro e o assunto me interessa, será que eu posso não ler o livro? Quanto custa? Quinze euros? E se o autor der um seminário em que, na primeira pessoa, explica tudo o que aprendeu no processo? Será que eu tenho mesmo a opção de não ir fazer? Quanto custa? Cem euros? Mil euros? E quanto custa não ir fazer?!...

Por vezes não deixo de ter a sensação que evitamos os investimentos na nossa educação, sem nunca ponderar quanto nos vai custar a igno-rância. Seria o mesmo que eu chamar um amigo para me ajudar a cavar e dividir um tesouro e ele responder-me que as pás são muito caras...

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessOCONCLUsÃO

110

Estes hábitos comportamentais, apesar de não serem ensina-dos nas universidades são aqueles que são imprescindíveis a uma vida de de excelência que passa pelo sucesso. Hoje

em dia as competências técnicas estão ao alcance da mão de qualquer empresário, são fáceis de conseguir. Assim sendo, aquilo que verdadei-ramente faz a diferença para alcançar o sucesso é a nossa atitude. É a atitude que distingue o profissional de excelência dos demais. A parte técnica não deixa de ser importante, assim como a parte financeira, mas transformar os princípios de sucesso aqui apresentados em hábitos de atuação é decisivo. E, se isso não acontecer, dificilmente o resultado será significativo. Daí ser muito importante cuidar da cultura de cada um de nós assim como, se somos empresários, cuidar da cultura das empresas.

Desejo que este livro funcione como uma semente que venha a ger-minar e conduza a um aumento gradual de conhecimento.

Para terminar gostaria de recordar aqui o ensinamento de uma nar-rativa muito antiga.

Uma antiga lenda hindu conta que houve um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas diz-se que abusaram tanto da sua divinda-de que Brahama, o Deus Supremo, decidiu retirar-lhes o poder divino

CONCLUSÃO

CONCLUsÃO

111

Oakmark - Business exceleratOrs

e escondê-lo num local inacessível. O grande problema foi encontrar o esconderijo adequado. Quando os deuses menores foram convocados para resolver o dilema, apresentaram a seguinte proposta:

– Vamos enterrar a divindade do Homem debaixo da terra.Brahama respondeu:– Não é suficiente. Ele irá cavar e voltar a cavar até a encontrar.Então os deuses propuseram o seguinte:– Então podemos esconder a divindade no mais profundo dos oceanos.Brahama respondeu:– Não, pois mais tarde ou mais cedo o Homem irá explorar as profundezas dos oceanos e certamente que acabará por a encon-trar um dia.Então os deuses menores disseram:– Não sabemos onde escondê-la. Parece que não existe um lugar nem no céu, nem na Terra, nem no mar onde não possa descobri--la um dia.Então Brahama disse:– Isto é o que faremos com a divindade do Homem. Vamos escondê-la no mais profundo de si mesmo. Será o único lugar onde nunca pensará em procurar.

Desde a noite dos tempos, segundo reza a lenda, o Homem deu a volta à Terra, explorou-a, escalou-a, navegou-a e cavou-a, em busca de algo que possui no seu interior.

Como acabámos de ver, alcançar o sucesso á algo mais simples do que normalmente se julga e depende essencialmente de nós. Depende da nossa disponibilidade para aprender um pouco mais todos os dias, definir objetivos alinhados com o nosso sentido de vida, tomar decisões que nos colquem a caminho do que é para nós inegociável, cultivar um estado de espírito optimista e positivo, assim como atitudes de de-

as 6 chaves cOmpOrtamentais dOs prOfissiOnais de sucessOCONCLUsÃO

112

terminação e resiliência. E ainda, viver em conformidade com as leis universais, não perder de vista o princípio ecológico, ajudando os outros e respeitando a natureza.

E, sobretudo, como nos ensina a sabedoria hindu, nunca deixar de procurar o tesouro que se encontra escondido no nosso interior e que podemos identificar com o nosso conhecimento. O nosso conhecimento é a alavanca que nos permite transcender-nos a nós mesmos, tornando--nos mais próximos da divindade.

CONCLUsÃO

113

Oakmark - Business exceleratOrs