Dissertação de Mestrado · dados históricos de estabilidade de realces de lavra, abertos na...

188
Dissertação de Mestrado ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA UTILIZAÇÃO DE CABOS DUPLOS EM REALCES DE SUBLEVEL NA MINA PEQUIZÃO - MINERAÇÃO SERRA GRANDE, CRIXÁS GO AUTOR: TÚLIO CÉSAR ABDUANI LIMA ORIENTADOR: Prof. Dr. ANDRÉ PACHECO DE ASSIS (UnB) MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP OURO PRETO - JULHO DE 2016

Transcript of Dissertação de Mestrado · dados históricos de estabilidade de realces de lavra, abertos na...

  • Dissertação de Mestrado

    ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA

    UTILIZAÇÃO DE CABOS DUPLOS EM

    REALCES DE SUBLEVEL NA MINA

    PEQUIZÃO - MINERAÇÃO SERRA GRANDE,

    CRIXÁS – GO

    AUTOR: TÚLIO CÉSAR ABDUANI LIMA

    ORIENTADOR: Prof. Dr. ANDRÉ PACHECO DE ASSIS

    (UnB)

    MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP

    OURO PRETO - JULHO DE 2016

  • Catalogação: www.sisbin.ufop.br

    L732a Lima, Túlio César Abduani. Análise técnica e econômica para utilização de cabos duplos em realces desublevel na Mina Pequizão - Mineração Serra Grande, Crixás, GO [manuscrito] / Túlio César Abduani Lima. - 2016. 188f.: il.: color; grafs; tabs; mapas.

    Orientador: Prof. Dr. Andre Pacheco Assis.

    Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola deMinas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós Graduação emGeotecnia. Área de Concentração: Geotecnia Aplicada à Mineração.

    1. Cabos de aço. 2. Minas e mineração - Custos. 3. Estabilidade. I. Assis,Andre Pacheco. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

    CDU: 622.24.08

  • ii

    ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA

    UTILIZAÇÃO DE CABOS DUPLOS EM

    REALCES DE SUBLEVEL NA MINA

    PEQUIZÃO - MINERAÇÃO SERRA GRANDE,

    CRIXÁS – GO

    Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional

    em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia

    da Escola de Minas da Universidade Federal de

    Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos

    para obtenção do título de Mestre em Geotecnia,

    área de concentração em Geotecnia Aplicada à

    Mineração.

    Esta dissertação foi apresentada em sessão pública e aprovada em 13 de Julho de 2016, pela Banca Examinadora composta pelos membros:

    Prof. Dr. André Pacheco de Assis (Orientador / UnB)

    Prof. Dr. Rodrigo Peluci de Figueiredo (UFOP)

    Prof. Dr. Valdir Costa e Silva (UFOP)

  • iv

    “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

    Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.)

  • v

    DEDICATÓRIA

    Dedico este trabalho aos meus pais José Antônio de Araújo

    Lima e Marli Souza Abduani, em especial pela dedicação e

    apoio em todos os momentos difíceis e ao amor e carinho

    sempre despendidos.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho teve contribuição direta ou indireta de pessoas importantes em minha vida,

    que merecem meu sincero agradecimento e devem ser lembradas.

    Aos meus pais e familiares, que sempre me incentivaram e me motivaram a acreditar que

    posso sempre ir além e alcançar objetivos que por muitas vezes poderia ter desistido

    precocemente.

    Aos companheiros de trabalho e amigos da geotecnia, Diogo, Marcelo, Gerson, Davi,

    Gustavo, Reuber, Maurílio, Rodrigo, que contribuíram com a amizade e com a técnica e

    ensinamentos.

    Aos amigos que fiz na Mineração Serra Grande e na Mina Cuiabá, que com contribuições

    técnicas e companheirismo sempre me apoiaram na conclusão da qualificação.

    A AngloGold Ashanti, que sempre contribuiu e incentivou a qualificação técnica,

    garantindo meu desenvolvimento pessoal e profissional.

    Aos gerentes Edijarbas, Diogo, Reuber, Ricardo e Leonardo, os quais sempre me

    apoiaram e permitiram a realização de tal trabalho.

    A meu orientador, Prof. André Assis pela atenção e prontidão dedicada e pela clareza e

    direcionamento adotado, essencial para o desenvolvimento de tal trabalho.

    Aos colegas de UFOP e de trabalho, Alexandre, Frederico, Felipe, Cairon e aos outros

    que estão em outras empresas.

  • vii

    RESUMO

    Métodos empíricos, baseados em modelos gráficos já difundidos mundialmente no

    ambiente de mineração subterrânea, vem sendo amplamente utilizados nas principais

    indústrias do setor mineral brasileiro. A mineralização de ouro, presente na cidade de

    Crixás, GO, possui a característica peculiar de se estender por veios estreitos, onde a

    viabilidade econômica depende de boas práticas na lavra, com baixos índices de diluição

    de material estéril junto a porção mineralizada. Durante vários anos a execução de tal

    premissa era facilmente cumprida com a utilização de métodos de lavra que priorizavam

    a seletividade, obtendo por consequência níveis baixos de diluição, porém com o avanço

    tecnológico e a necessidade de elevação dos índices de produção para garantir

    competitividade no mercado, a metodologia de lavra foi alterada por um modelo mais

    produtivo, entretanto com maiores dificuldades de se controlar a diluição entre o mineral

    de interesse e o material estéril. Nesta nova metodologia de lavra, a presença de um

    padrão de reforço do maciço rochoso se faz crucial para garantia de estabilidade da parede

    do teto (Hanging Wall) e consequente manutenção de níveis aceitáveis de diluição

    durante a lavra. Este trabalho busca encontrar um padrão de aplicação de cabos de aço

    como reforço do maciço nas operações da Mineração Serra Grande (MSG), baseado em

    análise técnica e econômica do sistema atualmente utilizado, contraposto por uma nova

    proposta de cabeamento, onde se altera a quantidade de cabos no furo, de um para dois,

    alterando também o espaçamento das linhas de reforço. A análise foi realizada utilizando

    dados históricos de estabilidade de realces de lavra, abertos na metodologia de sublevel

    stoping, onde foram utilizados cabos de aço como reforço do maciço e como elemento de

    contenção de blocos. Os custos associados também foram analisados relativos ao impacto

    no custo final da aplicação de cabos de aço.

  • viii

    ABSTRACT

    Empirical methods based on graph models are known in the underground mining field

    and they have been used for the main players in the mineral field in Brazil. Gold

    mineralization at the city of Crixás, GO, has the peculiar characteristic to extend

    throughout narrow veins where the economic viability rely on good operations of mining

    with low dilution. For many years, the execution of such premise has easily accomplished

    with the utilization of mining methods that put the selectivity in first place getting low

    levels of dilutions, but the technological upgrade and the necessity to increase the

    production rates in order to achieve competitiveness the mining methodology has

    changed for a more productive model. However, there is more difficulty in controlling

    dilution. In this new method of mining, called "Sublevel Stopping", the presence of a rock

    mass reinforcement pattern becomes crucial for the hanging wall stability and consequent

    dilution levels during mining. This work aims to find a standard application of steel cable

    as rock mass reinforcement in operations at Mineração Serra Grande (MSG) based on

    technical analysis of the currently used system, opposed by a new proposal of cable

    bolting, which changes the amount of cables in the hole from one to two, also changing

    the spacing of the reinforcement lines. The analysis have been performed using historical

    data of stability in mining galleries using sublevel stopping, which have been used steel

    cables as reinforcement of the rock mass and used to support blocks. The associated costs

    have been analyzed for the impact on the final cost of the steel cables application.

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1: Localização da empresa, dos corpos mineralizados e da cidade de Crixás-GO. .......................................................................................................................................... 4

    Figura 1.2: Produção realizada por corpo de minério no ano de 2014. ........................... 5

    Figura 1.3: Representação esquemática do método de câmaras e pilares na MSG. ....... 6

    Figura 1.4: Representação esquemática do método de corte e enchimento na MSG. ... 7

    Figura 1.5: Representação esquemática do método Sublevel Stoping na MSG. ............. 8

    Figura 1.6: Produção em toneladas no ano de 2013 por método de lavra em porcentagem. ................................................................................................................... 9

    Figura 1.7: Queda de bloco impedindo a extração do minério abaixo e atrás do bloco. ........................................................................................................................................ 11

    Figura 2.1: Esboço geológico da região de Crixás-GO, mostrando as três faixas de supracrustais do tipo greenstone belt e os blocos de gnaisses adjacentes (modificado de Jost e Oliveira, 1990). ..................................................................................................... 16

    Figura 2.2: Geologia do Greenstone Belt de Crixás. (Modificado de Costa Jr. et al., 1997). ........................................................................................................................................ 18

    Figura 2.3: Colunas estratigráfica da sequência greenstone que compõem o Grupo Crixás (Pimentel et al., 2003 após Jost et al., 1998). ................................................................ 20

    Figura 2.4: Modelo tridimensional dos subcorpos da Mina Pequizão em subsolo. ...... 22

    Figura 2.5: Recomendação de desenvolvimento nas galerias para exposição do minério. ........................................................................................................................................ 23

    Figura 2.6: Processo de calcular e mediar o índice RQD. (Adaptado Bieniawski 1989) . 25

    Figura 2.7: Relação entre o tempo de autossustentação e o tamanho do vão da escavação de acordo com a classificação RMR. (Adaptado Bieniawski 1989). .............. 29

    Figura 2.8: Classes de maciços rochosos e categorias de suporte baseados no índice Q. (Adaptado Aguiar, 2002) ................................................................................................ 33

    Figura 2.9: Métodos de lavra Sublevel Stoping e VCR (Adaptado Hamrin 2001) ........... 37

    Figura 2.10: Interface do Software Unwedge 4.0. ......................................................... 38

    Figura 2.11: Exemplos de casos de formação de blocos chaves. (Adaptadp Goodman e Shi, 1985). ....................................................................................................................... 39

    Figura 2.12: Formação de blocos chaves (Adaptado Gonza'le-Palacio et al. 2005) ....... 40

    Figura 2.13: a) Cabo de aço injetado; b) Disposição típica de cabos de aço em um realce. (Adaptado Hutchinson e Diederichs 1996) .................................................................... 42

    Figura 2.14: Reforço e suporte por cabos de aço (Adaptado de Hutchinson e Diederichs 1996) ............................................................................................................................... 44

  • x

    Figura 2.15: Tipos de Cabo de aço (Adaptado Windsor, 1992 apud Hutchinson e Diederichs, 1996). ........................................................................................................... 46

    Figura 2.16: Especificações de desempenho mínimo de cabo de aço para aplicações de cabeamento (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996). ............................................. 47

    Figura 2.17: Custo unitário para cabeamento incluindo perfuração (Adaptado Goris et al., 1994 apud Hutchinson e Diederichs, 1996). ............................................................. 48

    Figura 2.18: Custo normal em $ Canadense de um cabo de aço trançado de 12,2m de comprimento (Adaptado Goris et al., 1994 apud Hutchinson e Diederichs, 1996). ...... 49

    Figura 2.19: Taxa de produção para instalação e injeção de cimento de cabo (Adaptado Goris et al., 1994 apud Hutchinson e Diederichs, 1996). ............................................... 49

    Figura 2.20: Fator A por (σc / σi). (Adaptado Steward e Forsyth, 1995). ....................... 51

    Figura 2.21: Fator B por relação angular entre a descontinuidade e a face analisada (Adaptado Steward e Forsyth, 1995).............................................................................. 52

    Figura 2.22: Fator C por ângulo de mergulho da face. (Adaptado Steward e Forsyth, 1995). .............................................................................................................................. 52

    Figura 2.23: Gráfico de Estabilidade proposto por Mathews et al. (1981) adaptado. ... 53

    Figura 2.24: Fator A por (σc / σi) FONTE: Hoek et al. (1995) Modificado. .................... 55

    Figura 2.25: Processo para obtenção do fator B. (Adaptado de Hutchinson e Diederichs, 1996). .............................................................................................................................. 56

    Figura 2.26: Processo para obtenção do fator C. (Adaptado de Hutchinson e Diederichs, 1996). .............................................................................................................................. 57

    Figura 2.27: Gráfico de Estabilidade Modificado. (Adaptado de Potvin, 1988). ............ 58

    Figura 2.28: Gráfico de estabilidade para stopes com cabos de aço. (Adaptado de Hutchinson e Diederichs, 1996). .................................................................................... 59

    Figura 2.29: Diretrizes de densidade e comprimento de cabos em configurações regulares. (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996). ................................................. 60

    Figura 2.30: Tipos de Diluição (Adaptado Scoble e Moss, 1994) ................................... 62

    Figura 2.31: Levantamento topográfico tridimensional a laser: Configuração do equipamento e uma superfície renderizada de um realce. (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996) ............................................................................................................ 64

    Figura 2.32: Estimativa de Diluição em realces abertos sem suporte (Adaptado de Clark e Pakalnis, 1997) ............................................................................................................. 65

    Figura 3.1: Localização das áreas com utilização de cabos duplos para a lavra. ........... 68

    Figura 3.2: Vista em perspectiva da localização das áreas com utilização de cabos simples para a lavra. .................................................................................................................... 69

    Figura 3.3: Vista em perspectiva da localização das áreas com aplicação de cabos duplos e simples como reforço de lavra. ................................................................................... 70

    Figura 3.4: Vista em planta de todas escavações da Mina Pequizão e sua localização em relação a Mina Nova. ...................................................................................................... 71

  • xi

    Figura 3.5: Localização dos furos descritos geotecnicamente para classificação do maciço na Mina Pequizão. .......................................................................................................... 73

    Figura 3.6: Exemplo de visualização tridimensional das estruturas mapeadas. ............ 83

    Figura 3.7: Principais estruturas presentes na Mina Pequizão e tratadas no software DIPS. ................................................................................................................................ 84

    Figura 3.8: Definição do cálculo do Raio Hidráulico (RH). (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996). ........................................................................................................... 90

    Figura 4.1: Malha de cabeamento padrão com afastamento e espaçamento iguais. ... 92

    Figura 4.2: Influência do uso da trança dupla na capacidade do sistema de cabo de aço. (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996). .................................................................. 93

    Figura 4.3: Variação do fator de segurança para malha de 1,5x1,5 com cabos duplos. 95

    Figura 4.4: Variação do fator de segurança para malha de 1,5x1,8 com cabos duplos. 95

    Figura 4.5: Variação do fator de segurança para malha de 1,5x2,0 com cabos duplos. 96

    Figura 4.6: Regressão linear representativa para definição de espaçamento ótimo. ... 97

    Figura 4.7: Possíveis tipos de falha de cabo de aço (segundo Jeremic e Delaire, 1983) 99

    Figura 4.8: Resistência adesiva crítica, CBS (Critical Bond Strength), para cabos de aço – Carga gravitacional (Adaptado Hutchinson e Diederichs, 1996) .................................. 100

    Figura 4.9: Resistência de aderência apresentada para cabos de aço com 1 metro de comprimento ancorado. ............................................................................................... 101

    Figura 4.10: Representação do dispositivo de teste de arrancamento utilizado para determinação da resistência de aderência. ................................................................. 102

    Figura 4.11: Definição de diluição na MSG. .................................................................. 104

    Figura 4.12: Banco de dados de realces suportados com cabos de aço em trança dupla. ...................................................................................................................................... 106

    Figura 4.13: Banco de dados de realces suportados com cabos de aço em trança simples. ...................................................................................................................................... 107

    Figura 4.14: Diluição aproximada para as áreas com cabos duplos, segundo modelo de Potvin(1988). ................................................................................................................ 108

    Figura 4.15: Diluição aproximada para as áreas com cabos simples, segundo modelo de Potvin(1988). ................................................................................................................ 109

    Figura 4.16: Limites de diluição para utilização de cabos duplos em malha 1,5 x 1,8 m na Mina Pequizão. ............................................................................................................. 110

    Figura 4.17: Limites de diluição para utilização de cabos simples em malha 1,5 x 1,5 m na Mina Pequizão. ........................................................................................................ 111

    Figura 4.18: Definição do ELOS mediante estimativa da sobrequebra linear. (Adaptado Clark e Pakalnis, 1997) .................................................................................................. 112

    Figura 4.19: Utilização da proposta de cálculo de dano proposta por Clark e Pakalnis (1997) para a Mina Pequizão em áreas com cabos duplos. ......................................... 115

  • xii

    Figura 4.20: Utilização da proposta de cálculo de dano proposta por Clark e Pakalnis (1997) para a Mina Pequizão em áreas com cabos simples. ....................................... 116

    Figura 4.21: Curva característica para a Mina Pequizão, representativa da quebra linear no Hanging Wall para aplicação de cabos duplos. ....................................................... 117

    Figura 4.22: Curva característica para a Mina Pequizão, representativa da quebra linear no Hanging Wall para aplicação de cabos simples. ...................................................... 117

  • xiii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1: Sistema de Classificação RMR. (Adaptado Bieniawski, 1989) ..................... 27

    Tabela 2.2: Correções e guias auxiliares para o sistema de classificação RMR (Adaptado Bieniawski, 1989) ............................................................................................................ 28

    Tabela 2.3: Padrão de suporte - reforço de acordo com a classificação RMR de um maciço rochoso. (Adaptado Bieniawski 1989). ........................................................................... 30

    Tabela 2.4: Relação entre o tipo de escavação subterrânea e o valor de ESR............... 32

    Tabela 3.1: Tabela guia para determinação dos pesos em função da resistência por litotipo. ........................................................................................................................... 74

    Tabela 3.2: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 1 com cabos duplos. .............. 75

    Tabela 3.3: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 2. ............................................ 75

    Tabela 3.4: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 3. ............................................ 75

    Tabela 3.5: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 4. ............................................ 76

    Tabela 3.6: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 5. ............................................ 76

    Tabela 3.7: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 6. ............................................ 76

    Tabela 3.8: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 7. ............................................ 77

    Tabela 3.9: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 8. ............................................ 77

    Tabela 3.10: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 9. .......................................... 77

    Tabela 3.11: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 10. ........................................ 78

    Tabela 3.12: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 1. .......................................... 78

    Tabela 3.13: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 2. .......................................... 79

    Tabela 3.14: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 3. .......................................... 79

    Tabela 3.15: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 4. .......................................... 79

    Tabela 3.16: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 5. .......................................... 80

    Tabela 3.17: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 6. .......................................... 80

    Tabela 3.18: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 7. .......................................... 80

    Tabela 3.19: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 8. .......................................... 81

    Tabela 3.20: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 9. .......................................... 81

    Tabela 3.21: Valores médios de RMR e Q’ para a Região 10. ........................................ 81

    Tabela 3.22: Parâmetro A para as áreas com cabos duplos. .......................................... 85

    Tabela 3.23: Parâmetro A para as áreas com cabos simples. ........................................ 86

    Tabela 3.24: Definição do parâmetro B para as áreas com cabos duplos. .................... 86

  • xiv

    Tabela 3.25: Definição do parâmetro B para as áreas com cabos simples. ................... 87

    Tabela 3.26: Definição do parâmetro C para as áreas com cabos duplos como reforço do maciço. ............................................................................................................................ 87

    Tabela 3.27: Definição do parâmetro C para as áreas com cabos simples como reforço do maciço........................................................................................................................ 88

    Tabela 3.28: Definição do número de estabilidade modificado (N’) para as áreas com cabos duplos. .................................................................................................................. 88

    Tabela 3.29: Definição do número de estabilidade modificado (N’) para as áreas com cabos simples. ................................................................................................................. 89

    Tabela 3.30: Definição de Raio Hidráulico para as áreas com cabos duplos. ................ 90

    Tabela 3.31: Definição de Raio Hidráulico para as áreas com cabos simples. ............... 91

    Tabela 4.1: Controles operacionais finais para as áreas com cabos duplos. ............... 105

    Tabela 4.2: Controles operacionais finais para as áreas com cabos simples. .............. 105

    Tabela 4.3: Medições dos valores de ELOS e diluições relativas ao ELOS e ao escaneamento para cabos duplos. ............................................................................... 113

    Tabela 4.4: Medições dos valores de ELOS e diluições relativas ao ELOS e ao escaneamento para cabos simples. .............................................................................. 114

    Tabela 4.5: Custos relativos a instalação de cabos de aço na Mineração Serra Grande. ...................................................................................................................................... 119

    Tabela 4.6: Diferenças das malhas de perfuração de cabos para o sistema duplo e simples. ......................................................................................................................... 119

    Tabela 4.7: Custo unitário por metro e por m² de área reforçada por um cabo de aço. ...................................................................................................................................... 120

    Tabela 4.8: Custo médio anual para reforço do maciço na MSG com cabos. .............. 120

  • xv

    LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E

    ABREVIAÇÕES

    A – Fator de tensão de Mathews

    Ā – Afastamento

    AGA – AngloGold Ashanti

    ASTM – American Society for Testing and Materials

    At – Vetor Força resultante ativa

    B – Fator de orientação da junta principal de Mathews

    C – Fator de influência da gravidade

    D – Vetor peso do concreto projetado sobre o bloco

    CAD – Computer-Aided Drafting

    CBCX – Clorita Biotita Xisto

    CBS – Critical Bond Strength (Resistência de Aderência Crítica)

    CXV – Clorita Xisto Verde

    DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

    DOL – Dolomito

    E – Espaçamento

    Ē – Vetor Força Sísmica

    ELOS – Equivalent Linear Overbreak/Slough (Equivalente Linear de Dano)

    ESR – Equivalent Support Ratio (Razão Equivalente de Suporte)

    FS – Fator de Segurança

    GNCX – Grafita Clorita Xisto

    GXN – Grafita Xisto Negro

    h – Altura

    H – Vetor resistência cisalhante do concreto projetado

    HR – Hidraulic Ratio (Raio Hidráulico)

    IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração

    INT – Internível

    Ja – Número de Alteração da descontinuidade

    Jv – Número de fraturas presente em 1m³ de rocha

    Jn – Número de famílias de fraturas

    Jr – Número da rugosidade da fratura

  • xvi

    Jw – Redução devida à presença de água na fratura

    L – Comprimento dos cabos

    MBA – Metabasalto

    MEP – Mapeamento de Estruturas Persistentes

    MG – Metagrauvaca

    MSG – Mineração Serra Grande

    MVA – Metavulcânica ácida

    N – Número de estabilidade

    N’ – Número de estabilidade modificado.

    P – Vetor resultante da força passiva

    PIB – Produto Interno Bruto

    Q – Rock Quality Índex

    Q’ – Modified Rock Quality Índex

    RH – Raio Hidráulico

    RMR – Rock Mass Rating

    RQD – Rock Quality Designation

    RSR – Rock Structural Rating

    Sn – Xistosidade ou Foliação

    SRF - Strength Reduction Factor (Fator de Redução de Resistência)

    t – Toneladas

    T – Vetor força proveniente da aplicação de reforço

    U – Vetor força da água

    UCS – “Uniaxial Compressive Strength” (Resistência à Compressão Uniaxial)

    USGS – United States Geological Survey (Serviço Geológico dos Estados Unidos)

    VCR – Vertical Crater Retreat

    VQZ – Veio de Quartzo

    w – Largura

    W – Vetor peso do bloco

    X – Vetor pressão ativa

    Z – Espessura da coluna de rocha imediatamente acima

    α – Mergulho da face

    γ – Peso específico da rocha (kN/m³).

    ΔFS – Variação do Fator de Segurança

    σc – Resistência a compressão uniaxial da rocha intacta

    σi – Tensão Máxima Induzida

  • xvii

    LISTA DE ANEXOS

    ANEXO I - CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA PARA AS ÁREAS COM CABOS

    DUPLOS.

    ANEXO II – CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA PARA AS ÁREAS COM CABOS

    SIMPLES.

    ANEXO III – BANCO DE DADOS DE MAPEAMENTO DE ESTRUTURAS

    PERSISTENTES PARA A MINA PEQUIZÃO.

    ANEXO IV – BANCO DE DADOS DE ENSAIOS LABORATORIAS PARA

    RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO UNIAXIAL.

    ANEXO V – ESTIMATIVAS DE VARIAÇÕES DE FS PARA DIFERENTES

    MODELOS DE CABEAMENTO NA MINA PEQUIZÃO.

  • xviii

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

    1.1 – ASPECTOS ECONÔMICOS DA INDÚSTRIA MINERAL E AURÍFERA.1

    1.2 – APRESENTAÇÃO DA MINERAÇÃO SERRA GRANDE. .......................... 2

    1.3 – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO

    ANALISADO. .............................................................................................................. 5

    1.4 – ENQUADRAMENTO DA AVALIAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICA DO

    SISTEMA DE CABOS. ............................................................................................. 10

    1.5 – OBJETIVOS ..................................................................................................... 12

    1.6 – METODOLOGIA ............................................................................................. 13

    2 CONTEXTO BIBLIOGRÁFICO ....................................................................... 15

    2.1 – GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................... 15

    2.2 – MINA PEQUIZÃO ........................................................................................... 21

    2.3 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA ............................................................... 24

    2.4 – MÉTODO DE LAVRA SUBLEVEL STOPING ........................................... 34

    2.5 – TEORIA E APLICAÇÃO DO SOFTWARE UNWEDGE EM MINA

    SUBTERRÂNEA ....................................................................................................... 37

    2.6 – CORDOALHA DE AÇO E CABEAMENTO EM MINA SUBTERRÂNEA

    42

    2.7 – MÉTODOS GRÁFICOS DE ESTABILIDADE ............................................ 49

    2.8 – DILUIÇÃO ........................................................................................................ 61

    2.9 – EQUIVALENTE LINEAR DE SOBREQUEBRA/DESPLACAMENTO

    (ELOS) ........................................................................................................................ 64

    3 APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ......... 66

    3.1 – LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS ESTUDADAS ............................................. 66

    3.2 – DESCRIÇÃO GEOTÉCNICA DOS TESTEMUNHOS DE SONDAGEM 71

  • xix

    3.3 – CARACTERIZAÇÃO DO MACIÇO ROCHOSO NAS ÁREAS DE

    ESTUDO ..................................................................................................................... 74

    3.4 – MAPEAMENTO ESTRUTURAL NA MINA PEQUIZÃO ......................... 81

    3.5 – NÚMERO DE ESTABILIDADE MODIFICADO PARA AS ÁREAS EM

    ESTUDO ..................................................................................................................... 84

    3.6 – CÁLCULO DO RAIO HIDRÁULICO PARA AS ÁREAS DE ESTUDO . 89

    4 AVALIAÇÕES PARA A ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE

    CABEAMENTO ............................................................................................................ 92

    4.1 – DEFINIÇÃO DA MALHA DE CABEAMENTO.......................................... 92

    4.2 – AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA DO CABEAMENTO.

    97

    4.3 –DILUIÇÃO MEDIDA POR SISTEMAS DE ESCANEAMENTO

    TRIDIMENSIONAL A LASER. ............................................................................ 102

    4.4 – COMPARATIVO DO EQUIVALENTE LINEAR DE

    SOBREQUEBRA/DESPLACAMENTO (ELOS) OBSERVADO E PROJETADO

    PARA AS ÁREAS AVALIADAS. .......................................................................... 112

    4.5 – ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS ASSOCIADOS AS DUAS

    PROPOSTAS DE MALHAS DE PERFURAÇÃO .............................................. 118

    5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 122

    5.1 – AVALIAÇÃO TÉCNICA DA ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE CABOS.

    122

    5.2 – AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE

    CABOS. .................................................................................................................... 123

    5.3 – SUGESTÕES PARA TRABAHOS FUTUROS ........................................... 123

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 125

    ANEXOS ...................................................................................................................... 129

    I. ANEXO I - CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA PARA AS ÁREAS COM

    CABOS DUPLOS. ..................................................................................................... I-1

  • xx

    II. ANEXO II – CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA PARA AS ÁREAS COM

    CABOS SIMPLES. ................................................................................................... II-1

    III. ANEXO III – BANCO DE DADOS DE MAPEAMENTO DE ESTRUTURAS

    PERSISTENTES PARA A MINA PEQUIZÃO. ..................................................... III-1

    IV. ANEXO IV – BANCO DE DADOS DE ENSAIOS LABORATORIAS PARA

    RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO UNIAXIAL. .................................................. IV-1

    V. ANEXO V – ESTIMATIVAS DE VARIAÇÕES DE FS PARA DIFERENTES

    MODELOS DE CABEAMENTO NA MINA PEQUIZÃO. .................................... V-1

  • 1

    1 INTRODUÇÃO

    1.1 – ASPECTOS ECONÔMICOS DA INDÚSTRIA MINERAL E AURÍFERA.

    Neste capítulo será abordado o desenvolvimento econômico da indústria extrativa mineral

    no país, bem como a participação da extração aurífera em âmbito nacional e no estado de

    Goiás, onde a Mineração Serra Grande (MSG) está em operação desde a década de 70.

    Após este tópico inicial, seguirá a exposição de outros assuntos pertinentes ao tema

    central desta dissertação e sua relevância técnica.

    O Brasil é um país dotado de vasto território continental e tamanha grandeza propiciou

    que fosse também detentor de grande diversidade mineral, onde existem várias jazidas

    minerais de diferentes classes. Função desta condição apresentada no país, não é de

    surpreender que o setor mineral apresenta elevada importância para o desenvolvimento

    econômico no país, onde em 2014, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração

    (IBRAM), foi atingido a marca de US$ 40 bilhões em produção mineral, representando

    5% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país.

    O Brasil é o décimo primeiro maior produtor de ouro, tendo como maior produtora a

    China, com cerca de 13,14% da produção mundial, seguida pela Austrália com 10%, pelos

    EUA (8,77%) e pela África do Sul (7,03%), segundo dados da U.S. Geological Survey

    (USGS).

    Segundo dados do Sumário Mineral de 2014 do Departamento Nacional de Pesquisa

    Mineral (DNPM, 2014), as maiores empresas atuantes na extração de ouro no Brasil são:

    Anglogold, Kinross, Yamana, VALE, Beadell, Apoema/Aura, Jaguar, Luna/Aurizona,

    Troy e Caraiba. Considerando somente a produção de ouro primário, Minas Gerais é o

    estado com maior destaque na produção nacional, com 45,6%, seguido por Goiás

    (12,3%), Mato Grosso (11%), Pará (11%), Amapá (7,6%), Bahia (7,4%) e Maranhão

    (3,6%).

    Considerado um elemento importante para a balança comercial brasileira, o ouro é o

    segundo mais importante mineral de exportação, estando atrás apenas do minério de ferro.

    Os países que mais importam ouro do Brasil são: Reino Unido (45%), Suíça (32%),

    Emirados Árabes (12%), Estados Unidos (9%) e Canadá (2%), também baseado nos

  • 2

    dados do Sumário Mineral de 2014 do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral

    (DNPM, 2014).

    A maior parte da utilização de tal bem mineral está relacionada a indústria de joalherias.

    O incremento do poder de aquisitivo das Classes C e D está aumentando o consumo de

    ouro no Brasil.

    Presente não somente no mercado de joalherias, o metal também está presente em

    componentes eletrônicos, peças de computadores, tablets e notebooks, celulares, peças

    para a indústria automobilística, na área hospitalar e odontológica, como também em

    componentes da construção civil.

    Não se limitando a importância econômica nacional, o setor mineral representa relevante

    participação na geração de receitas no estado de Goiás. O estado citado apresenta como

    principais bens minerais o Cobre, o Níquel e o Ouro, com a presença de grandes industrias

    mineradoras em diversas regiões. Toda produção mineral do estado representa 5% da

    produção mineral nacional, garantindo ao estado a terceira posição entre as potências

    nacionais da indústria extrativa mineral.

    1.2 – APRESENTAÇÃO DA MINERAÇÃO SERRA GRANDE.

    Representante de cerca de 4,4% da produção total de ouro no país e a maior extratora de

    ouro no estado de Goiás, a Mineração Serra Grande (MSG) está localizada a Noroeste do

    estado de Goiás e a Sul da cidade de Crixás – GO, com operações subterrâneas e a céu

    aberto.

    A empresa está em operação desde a década de 70, onde se iniciaram as primeiras

    pesquisas minerais. Em 1987 foi iniciado a abertura da mina subterrânea com o

    desenvolvimento da rampa principal da Mina III, porém o início da lavra e das operações

    na planta de beneficiamento e metalurgia da empresa só se iniciaram em 1989. Entre 1989

    e 1995 a empresa extraia minério somente da Mina III, a partir de então foi dado o início

    no projeto Mina Nova e começaram as explorações em tal mina, neste momento a

    empresa operava com duas minas subterrâneas acessadas por diferentes rampas. Em 2007

    se iniciou a lavra a céu aberto do afloramento da mineralização da Mina III, anteriormente

    lavrada somente por métodos subterrâneos, que foi denominado de Open Pit Mina III.

    Com a crescente no preço do ouro e com o aumento da demanda, a empresa abriu sua

  • 3

    terceira mina subterrânea em 2008, a Mina Palmeiras. Atrelado a elevação da produção,

    onde três minas subterrâneas e uma a céu aberto estavam em operação, em 2009 a

    empresa concluiu a expansão da planta de beneficiamento e metalurgia, onde a partir de

    então a empresa teria capacidade de tratar 1,25 milhões de toneladas de minério por ano.

    Em 2011 fora iniciada a lavra no corpo Pequizão, acessado pela Mina Nova, porém

    localizado em estrutura geológica diferente. Neste momento a Mina III, pioneira das

    operações da empresa em Crixás, já se encontrava com produção reduzida e com reserva

    se aproximando do fim de vida útil. O Corpo Pequizão, a partir do momento de sua

    abertura, se tornou a principal fonte de minério da empresa, principalmente por apresentar

    teores maiores que os demais corpos, além de potência mineralizada representativa.

    A MSG desde as primeiras atividades na cidade de Crixás foi controlada por grupos de

    investimentos com um histórico de poder acionário dividido em uma joint venture

    composta sempre por duas empresas distintas, em percentuais iguais, entretanto a MSG é

    hoje subsidiária do grupo sul-africano AngloGold Ashanti (AGA). Em 2012 o grupo

    citado adquiriu 50% da MSG que eram pertencentes a canadense Kinross Gold

    Corporation.

    Atualmente a maior parcela da produção da empresa ocorre por meio de operações pelo

    subsolo através das 3 minas subterrâneas: Mina III, Mina Nova/Pequizão e Mina

    Palmeiras. Conforme já citado, é através do corpo de minério “Pequizão” que é retirada

    a maior parte de sua produção (36% da produção total), que representam mais de 40 KOz

    de ouro. Em função de condição intrínseca de tal corpo mineral, mediante as suas

    características geomecânicas e em âmbito de economia mineral, em alguns momentos o

    mesmo será neste trabalho tratado como “Mina Pequizão”, apesar de possuir a mesma

    entrada da “Mina Nova” e em âmbitos legais na legislação mineral também ser

    considerado um corpo de minério da mina citada. Como os demais corpos de minério da

    Mina Nova estão exaurindo e a participação dos mesmos na produção final da empresa

    não ser tão significativa, a nomenclatura do corpo Pequizão como mina iniciou-se de

    forma natural internamente na empresa.

    Condicionado às perspectivas de mercado para os próximos anos, a MSG vem passando

    por reformulações em sua estratégia econômica, uma vez que a empresa é classificada

    dentro do grupo AGA como uma mina de baixo teor, onde em momentos de variações no

    preço do ouro é necessário reavaliar as definições de recursos e reservas, uma vez que

    áreas anteriormente classificadas como reserva (onde a extração do bem mineral é viável)

  • 4

    se tornaram áreas de recurso (onde existe a presença do mineral de interesse, porém em

    quantidade inviáveis economicamente para a extração).

    Apesar do declínio do preço do ouro nos últimos anos, novos investimentos continuam

    sendo feitos pela empresa na região de Crixás, com a presença de um programa de

    exploração atuando estrategicamente no detalhamento e busca de alvos de teores

    elevados, permitindo uma operação viável economicamente mesmo em épocas de preços

    baixos na venda do ouro.

    A disposição dos corpos mineralizados, está situada sob o eixo Norte-Sul, onde a

    localização da empresa, a disposição da mineralização e a porção sul da cidade são

    mostradas abaixo na Figura 1.1. A Figura 1.2 ilustra a produção percentual, em onças de

    ouro, extraídas em cada um dos corpos de minério lavrado no subsolo além do percentual

    extraído através da lavra superficial da mineralização da Mina III.

    Figura 1.1: Localização da empresa, dos corpos mineralizados e da cidade de Crixás-

    GO.

  • 5

    Figura 1.2: Produção realizada por corpo de minério no ano de 2014.

    1.3 – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO

    ANALISADO.

    Como já apresentado no ítem anterior, a maior parcela da produção na MSG é feita através

    de métodos subterrâneos. Em função da empresa contar com 3 minas com atividades no

    subsolo em operação, onde cada um dos corpos lavrados apresenta suas peculiaridades, a

    lavra local se divide em até três métodos distintos de lavra, sendo: Câmaras e pilares,

    corte e enchimento e sublevel stoping.

    A lavra por câmaras e pilares foi muito usada na Mina III e também utilizada em toda a

    Mina Nova. O método normalmente é aplicado a formações minerais de baixa inclinação

    de mergulho, onde são abertos vazios durante a extração mineral e abandonadas algumas

    porções de rocha a fim de fornecer sustentação para o teto sobre o trecho escavado, estas

    porções de rocha abandonadas (pilares) devem ter resistência suficiente para manter a

    sustentação local. A Figura 1.3 representa o modelo de lavra por câmaras e pilares na

    MSG.

  • 6

    Figura 1.3: Representação esquemática do método de câmaras e pilares na MSG.

    A lavra por corte e enchimento é utilizada em ambas as minas subterrâneas, sendo que a

    metodologia é principalmente utilizada na Mina Palmeiras. O método é utilizado em áreas

    onde a mineralização possui inclinação de mergulho maior que 16°. No passado fora

    utilizado tal método para inclinações superiores a 45°, entretanto atualmente a inclinação

    máxima da mineralização condicionada à utilização do método na MSG se limita a 32°.

    A metodologia consiste em realizar a escavação do bem mineral de forma ascendente em

    parcelas com cerca de 3,5 metros de altura inclinada em cada ciclo. Após a retirada do

    minério é iniciado um ciclo de enchimento para permitir que haja piso e altura operacional

    suficiente para dar início a um novo ciclo de retirada do minério. A Figura 1.4 representa

    a utilização da metodologia citada nas operações da MSG.

  • 7

    Figura 1.4: Representação esquemática do método de corte e enchimento na MSG.

    Por fim tem-se como principal método de lavra, utilizado para a extração do ouro na

    empresa, o Sublevel Stoping, que é utilizado em todas as minas. O método é utilizado em

    áreas onde a inclinação de mergulho da mineralização é maior que 32°. A metodologia

    consiste na abertura de um vazio entre dois subníveis, através da lavra da porção

    mineralizada que se encontra entre os mesmos. A metodologia é ilustrada pela Figura 1.5.

    Tal metodologia representou cerca de 61,6% da produção em toneladas no ano de 2013,

    e a tendência na empresa é intensificar a utilização do mesmo sempre que possível. A

    Figura 1.6 ilustra a produção por método no ano de 2013.

  • 8

    Figura 1.5: Representação esquemática do método Sublevel Stoping na MSG.

  • 9

    Figura 1.6: Produção em toneladas no ano de 2013 por método de lavra em

    porcentagem.

    Mediantes tais conceitos, é importante ressaltar que a lavra subterrânea requer a aplicação

    de conceitos e práticas geomecânicas para o controle do risco de rupturas nas escavações,

    contribuindo para o aproveitamento adequado do recurso, completa extração da reserva,

    controle de diluição operacional e evitando acidentes, com pessoas ou equipamento. Para

    garantir tais condições é necessário conhecer as propriedades dos maciços rochosos,

    entender o sequenciamento de lavra, dimensionar vãos máximos admissíveis para

    escavações e propor um arranjo adequado de reforço e/ou suporte no maciço, embasado

    em critérios aceitáveis de análise.

    O sistema de cabeamento aplicado no maciço rochoso da MSG é o principal componente

    para a contenção de grandes blocos e uma importante ferramenta no controle da diluição

    do minério, além de ser um elemento de reforço do maciço rochoso, ou seja, promove

    uma melhoria nos parâmetros de resistência e elasticidade do maciço rochoso, de modo a

    torna-lo mais rígido. Hutchinson e Diederichs (1996) definem na obra “Cablebolting in

    Underground Mines” que sistemas de contenção baseados na aplicação de cabos de aço,

    são basicamente dispositivos de atrito, totalmente acoplados à rocha, ou seja, a capacidade

  • 10

    de carga do aço é transferida para o maciço rochoso ao longo da extensão do sistema de

    cabeamento, onde tal transferência ocorre como resultado direto do atrito entre o cabo de

    aço e a pasta de cimento que interliga a rocha ao cabo. Tal definição nos permite concluir

    que a resistência do cabo é transferida ao maciço, condicionando que o mesmo tenha suas

    propriedades de resistência naturais alteradas.

    Diferentes modelos de aplicação e condições de arranjos de cabos vêm sendo testados no

    ambiente de mineração. Considerando esta situação e da necessidade do empreendimento

    em se adequar ao cenário econômico vigente, novas técnicas devem ser constantemente

    desenvolvidas, testadas e avaliadas, quanto à possibilidade de aplicação.

    1.4 – ENQUADRAMENTO DA AVALIAÇÃO TÉCNICA E ECONÔMICA DO

    SISTEMA DE CABOS.

    Como já citado no capítulo anterior, o sistema de contenção do maciço rochoso se faz

    uma ferramenta importante na metodologia de lavra por sublevel stoping. No período de

    execução do presente trabalho, o sistema de cabeamento aplicado na Mineração Serra

    Grande era baseado na utilização de cabos lisos, com a inclusão de um único cabo por

    furo. Tal metodologia de reforço do maciço garante a transferência de resistência máxima

    ao maciço de até 25 toneladas por cada cabo aplicado como reforço. A proposta

    posteriormente apresentada à empresa era baseada na inclusão de cabos duplos, ou seja,

    a aplicação de dois cabos por furo. Em uma tratativa inicial, a proposta de inclusão de

    dois cabos por furo garante a transferência do dobro da resistência ao maciço rochoso, ou

    seja, 50 toneladas de resistência máxima. Inicialmente a metodologia aparenta ser

    excelente, uma vez que elevar a resistência transferida ao maciço significa elevar os

    índices de segurança, entretanto, a inclusão de uma nova cordoalha de aço no furo implica

    em elevação dos custos da companhia na aplicação do sistema de reforço. Mediante tal

    condição faz-se necessário realizar uma avaliação técnica e econômica que permita a

    execução de tal proposta de alteração no sistema de contenção.

    A utilização de cabos de aço na mineração subterrânea é defendida por diversos autores

    também para garantir o controle da diluição, uma vez que esta pode ter influência

    significativa sobre os custos de lavra, podendo em alguns casos tornar inviável a extração

    de uma determinada porção mineralizada. O custo da diluição deve ser criteriosamente

  • 11

    analisado em uma mineração, principalmente em empresas que operam com o

    beneficiamento de minério de baixo teor, situação presente na MSG. A avaliação

    financeira da diluição deve considerar que o material estéril retirado juntamente com o

    minério terá de ser transportado, britado, levado até a superfície, moído, beneficiado e

    por fim depositado na barragem de rejeitos. Além disso empresas que trabalham em sua

    capacidade máxima na planta de beneficiamento estarão comprometendo sua produção,

    uma vez que o material estéril estará substituindo uma massa de minério em todo ciclo de

    tratamento mineral. Uma última consideração diz respeito aos problemas relacionados a

    presença de blocos com dimensões grandes dentro do stope de lavra, podendo causar

    atrasos operacionais durante a limpeza do minério, ou alguns casos podendo impedir a

    retirada do mesmo, obrigando a abandonar uma certa quantidade de material rentável por

    baixo de tais possíveis blocos. A Figura 1.7 abaixo ilustra uma condição onde foi

    necessário abandonar o minério existente abaixo do bloco em função da impossibilidade

    de retirar o mesmo.

    Figura 1.7: Queda de bloco impedindo a extração do minério abaixo e atrás do bloco.

  • 12

    Apresentado as condições econômicas do mercado de mineração, conjuntamente as

    perspectivas futuras da empresa, com um cenário de maior dificuldade de manutenção no

    mercado em função de baixos teores lavrados, faz-se necessário encontrar a harmonia

    entre as melhores práticas de reforço do maciço, adequado as premissas técnicas e de

    segurança e que também se enquadrem em um orçamento viável. A partir de então se fez

    necessário a realização de tal trabalho.

    1.5 – OBJETIVOS

    A proposta do tema descrito nessa dissertação tem como objetivo proporcionar

    conhecimento do comportamento do maciço rochoso mediante diferentes condições de

    aplicação de reforço, além da contribuição que o mesmo pode oferecer na alteração dos

    parâmetros de diluição utilizados nas avaliações geomecânicas para a lavra no Corpo

    Pequizão. Não limitado a tal objetivo, tal proposta procura buscar soluções dentro da

    tecnologia atual no sistema de reforço do maciço com a aplicação de cabos de aço e

    aplicar tal conhecimento adquirido a condição operacional da Mineração Serra Grande,

    buscando sempre melhorias em resultados, reduções de custos e elevação ou manutenção

    dos padrões de segurança vigentes na empresa e na legislação nacional.

    Ao final do trabalho espera-se encontrar um padrão de cabeamento, com afastamento

    viável economicamente e tecnicamente, mantendo ou melhorando a estabilidade do

    maciço. Outra importante conclusão que se espera, relaciona-se a influência do sistema

    de contenção na alteração das curvas utilizadas para definição da diluição, calculadas a

    partir de ábacos que utilizam o raio hidráulico e o parâmetro N’ (Número de estabilidade

    modificado, proposto por Potvin et al. 1988) como parâmetros de entrada. Assim será

    possível compreender o comportamento do sistema de contenção no maciço rochoso da

    Mineração Serra Grande.

  • 13

    1.6 – METODOLOGIA

    O desenvolvimento da dissertação inicia-se com o tratamento de dados já existentes e

    levantamentos de textos e informações que serão utilizadas no decorrer do estudo. A

    Mineração Serra Grande está em operação há 25 anos, sendo que a mina objeto de estudo

    teve suas operações de lavra iniciadas em 2011.

    A partir do processo de descrição geotécnica de testemunhos de sondagem, previamente

    selecionados para tal, onde foram descritos a litologia, RQD e parâmetros de

    descontinuidade, como fraturamento, abertura, rugosidade, preenchimento, alteração e

    presença de água, iniciou a proposta de classificação do maciço, informação a ser

    utilizada nas avaliações que se seguem. As atividades descritas foram baseadas nas

    formulações de Bieniawsky (1976), Barton et al. (1974) e ensaios de compressão uniaxial

    realizados em laboratórios especializados.

    Partindo dos dados obtidos na etapa anterior, uma análise histórica, embasada em análises

    de equilíbrio limite, com utilização do software UNWEDGE (Hoek et al., 1995),

    condicionada à avaliação da variação do fator de segurança, em função da substituição no

    padrão de cabos, onde é substituído o arranjo com cabos simples pelo sistema com cabos

    duplos, permitindo assim uma quantificação estatística da condição de estabilidade das

    principais cunhas possíveis para a disposição estrutural presente. Para utilização do

    software UNWEDGE foi utilizada a base de dados de levantamento tridimensional de

    descontinuidades em subsolo, definindo as descontinuidades específicas encontradas em

    cada realce a ser lavrado. Nesta fase a utilização do software DIPS (Rocsciense) auxiliou

    nas análises estatísticas dos dados geológicos recolhidos no campo.

    A classificação setorial do número de estabilidade modificado (N’), para áreas

    previamente selecionadas na Mina Pequizão, será realizada utilizando as informações

    previamente apresentadas, obtidas através da descrição geotécnica e dos ensaios

    laboratoriais.

    Seguindo a proposta, avaliações gráficas para a Mina Pequizão terão os seus resultados

    comparados com a diluição operacional real, medida por levantamento topográfico nas

    áreas propostas para realização dos testes com cabos duplos. A diluição prevista para cada

    stope de lavra é dependente do N’, onde propostas para cálculo de diluição foram

    inicialmente difundidas por Mathews e Potvin (1988) e consolidadas na avaliação de

    veios estreitos pela utilização do parâmetro ELOS (Equivalent Linear Overbreak/Slough)

  • 14

    apresentado por Clark e Pakalnis (1997), onde é possível calcular a estimativa de diluição

    ou dano linear a partir do hanging wall do stope de lavra planejado.

    A partir deste modelo e dessa análise comparativa foi calibrado a proposta de avaliação

    gráfica, a fim de estabelecer na mesma o padrão real observado de diluição, com a

    alteração das curvas de setorização apresentadas pelos autores, mediante a condição de

    existência de cabos simples ou duplos aplicados na Mina Pequizão.

    Concluídas as tarefas anteriores, a avaliação dos projetos de cabos definidos para a

    execução em campo, o levantamento de custos necessários para a execução dos mesmos,

    bem como a ilustração com tabelas e gráficos comparativos entre a condição de

    tratamento com cabos atualmente executada na empresa e a proposta de modificação para

    cabos duplos foi apresentada.

    Com todos os dados coletados, análises comparativas, mediante critérios estabelecidos,

    estarão presentes na conclusão do trabalho, buscando validar um padrão de aplicação de

    reforço do maciço nas áreas a serem lavradas pela metodologia do sublevel stoping, com

    a utilização de cabos de aços, de maneira viável economicamente e tecnicamente na Mina

    Pequizão, além da obtenção de gráficos específicos para estimativas de diluição.

  • 15

    2 CONTEXTO BIBLIOGRÁFICO

    2.1 – GEOLOGIA REGIONAL

    A mineralização presente nos corpos de minério lavrados na empresa, ocorre na transição

    entre metabasaltos e metassedimentos, encaixados em xistos carbonosos, pertencentes a

    Formação Ribeirão das Antas do Grupo Pilar de Goiás (Faixa Crixás). Nesta região são

    lavrados minérios auríferos, ricos em arsenopirita, mineral normalmente hospedeiro do

    metal de interesse da empresa, caracterizando-se como uma condição mineralógica

    comum aos minérios com presença de ouro na região.

    Importantes depósitos auríferos ocorrem em xistos carbonosos do pacote

    metassedimentar e compreendem níveis de sulfeto maciço, veios de quartzo e corpos

    disseminados. Diques máficos cortam a seção metassedimentar e os corpos

    mineralizados, sendo reconhecidos em testemunhos de sondagem e em galerias das minas

    existentes na porção central do greenstone. Dados estruturais mostram que a

    mineralização ocorreu após dois eventos principais de dobramento e metamorfismo

    regionais e durante evento de cavalgamento epidérmico com a formação de duplex

    (dobramentos e antes da intrusão de diques (Jost et al., 2009).

    Danni & Ribeiro (1978) foram os foram os primeiros a identificarem terrenos tipo granito-

    greenstone em Goiás. Descreveram em Crixás, Guarinos, Hidrolina e Pilar de Goiás

    sequências vulcanossedimentares com características de greenstone belt, considerando as

    mesmas como pertencentes ao Grupo Pilar de Goiás.

    Mais adiante Saboia (1979) e Danni et al. (1986), identificaram respectivamente em

    Crixás e Hidrolina, derrames ultramáficos com textura spinifex, que confirmou o fato de

    tais terrenos pertencerem ao tipo granito-greenstone.

    O Grupo Pilar de Goiás, também conhecido como Greenstone Belt de Crixás, está

    localizado na margem oeste do Cráton do São Francisco. Danni e Ribeiro (1978)

    definiram na região de Pilar de Goiás e Guarinos o Grupo Pilar de Goiás, cujas rochas

    ocorrem em faixas alongadas, condicionadas em calhas tectônicas no embasamento

    siálico polimetamórfico. A seguir, Sabóia (1979) definiu o Greenstone Belt de Crixás,

    subdividindo-o em três faixas vulcano-sedimentares denominadas de: Faixa Crixás, Faixa

    Guarinos e Faixa Pilar de Goiás, conforme a Figura 2.1.

  • 16

    Figura 2.1: Esboço geológico da região de Crixás-GO, mostrando as três faixas de

    supracrustais do tipo greenstone belt e os blocos de gnaisses adjacentes (modificado de

    Jost e Oliveira, 1990).

    Posteriormente Jost & Oliveira (1991), propuseram considerar cada faixa como uma

    entidade distinta, reunindo as de Crixás com o nome de Grupo Crixás e subdividindo a

    mesma em três formações distintas, baseadas na posição ocupada pela mesma no grupo,

    sendo a Formação Córrego Alagadinho posicionada na base do greenstone, a Formação

    Rio Vermelho localizada na porção central e uma unidade de na porção superior do

    mesmo, denominada de Formação Ribeirão das Antas. A Figura 2.2 ilustra a divisão

    proposta.

  • 17

    O Greenstone Belt de Crixás limita-se a norte com rochas neoproterozoicas, do Arco

    Magmático de Goiás, por meio da falha de empurrão (contato tectônico) existente na

    região, descrita como Zona de Cisalhamento Mandinópolis (Jost et al. 2001, 2012).

    Na porção sul o mesmo é limitado por rochas metassedimentares da Sequência Pós-Rift

    (paleo-mesoproterozoica), com rochas de origem granito-gnáissicas.

    A leste e a oeste o cinturão é cercado respectivamente pelos Complexos Caiamar e da

    Anta, pertencentes a mesma descrição dos terrenos citados acima na divisão a sul do

    Greenstone Belt de Crixás.

    Em geral a sequência citada como limítrofe ao greenstone nas porções a leste, sul e oeste,

    é composta por metassedimentos, sendo os mesmos descritos como formação

    basicamente descrita por conter porções generosas de micaxistos e quartzitos

    intercalados, sendo atribuídas características similares às rochas do Grupo Araxá definido

    por Barbosa (1955).

  • 18

    Figura 2.2: Geologia do Greenstone Belt de Crixás. (Modificado de Costa Jr. et al.,

    1997).

  • 19

    2.1.1 – FORMAÇÃO CÓRREGO ALAGADINHO

    A Formação Córrego Alagadinho possui cerca de 500 m de espessura. É constituída

    predominantemente por derrames e intrusões ultramáficas metamorfisadas, com rochas

    básicas, intermediárias e sedimentares subordinadas. Os tipos litológicos

    metaultramáficos reconhecidos no mapeamento e através de testemunhos de sondagem

    foram: talco xisto, talco-magnetita-clorita xisto e talco-tremolita xisto. Observam-se

    localmente pequenas intercalações de rochas sedimentares metamorfisadas, constituídas

    em formação ferrífera, “cherts”, xistos grafitosos com sulfetos disseminados (pirita e

    pirrotita), além de fuchsita xisto associados.

    2.1.2 – FORMAÇÃO RIO VERMELHO

    A formação central do Grupo Crixás apresenta cerca de 350 m de espessura. É constituído

    de um ou mais pacotes de rocha básica de composição basáltica metamorfoseada e

    raramente de composição ultramáfica. Estas rochas são geralmente de fácil

    intemperização apresentando poucos afloramentos geralmente sempre muito alterados.

    O contato inferior desta unidade geológica é caracterizado pela intercalação de rochas

    máficas e ultramáficas, aproximando da descrição presente na Formação Córrego

    Alagadinho, unidade limítrofe.

    O contato superior com a Formação Ribeirão das Antas é descrito por intercalações de

    metabasalto com pacotes sedimentares xisto-carbonosos.

  • 20

    2.1.3 – FORMAÇÃO RIBEIRÃO DAS ANTAS

    A Formação Ribeirão das Antas possui aproximadamente 400 m de espessura. Nesta

    seção incluem-se os depósitos auríferos da Mina III, Mina Nova e Mina Pequizão, esta

    última de interesse nos estudos presentes nesta dissertação.

    Este pacote está intercalado pelo pacote de metabasalto, observando um cavalgamento da

    metabásicas em cima dos xistos. As rochas são constituídas essencialmente por

    metagrauvaca e em menor proporção de xisto grafitoso, além de intercalação local de

    dolomito e venulação de quartzo.

    Campos (2015) define a composição geológica local por rochas metassedimentares e

    vulcânicas exalativas, compostas por metarenitos, xisto carbonosos, metassiltitos,

    quartzitos, quartzitos carbonosos, metacherts carbonosos, metacherts ferruginosos,

    rochas carbonáticas como dolomitos e calcários e metavulcanoclásticas aluminosas e

    intermediárias.

    A Figura 2.3 apresenta uma coluna estratigráfica esquemática ilustrando as sequencias

    metassedimentares e vulcânicas do Grupo Crixás, com a as três unidades descritas acima.

    Figura 2.3: Colunas estratigráfica da sequência greenstone que compõem o Grupo

    Crixás (Pimentel et al., 2003 após Jost et al., 1998).

  • 21

    2.2 – MINA PEQUIZÃO

    A Mina Pequizão, ou Corpo Pequizão, se apresenta como uma porção isolada da Mina

    Nova, esta responsável legalmente pelo nome de mina. Como já citado, por muitas vezes

    nesse trabalho o Corpo Pequizão, tratado assim em âmbitos legais será chamado de mina

    neste trabalho, por suas peculiaridades.

    O Corpo Pequizão está localizado a aproximadamente 1700 m a Noroeste da planta

    industrial da Mineração Serra Grande. A mineralização é associada a veios e vênulas de

    quartzo com ouro livre e sulfetações de pirrotita e arsenopirita disseminados em veios em

    uma matriz xistosa. A principal litologia da rocha encaixante à mineralização é composta

    por xistos filíticos e carbonáticos da formação Ribeirão das Antas.

    Os recursos da Mina Pequizão representam, em 2014, 4.740.170 toneladas com um teor

    médio de 4,34 g/t, representando em onças de ouro um total de 19% dos Recursos totais

    da MSG.

    O mesmo apresenta-se como uma operação de lavra exclusivamente subterrânea, porém

    com afloramento e recursos nas proximidades a superfície, o que não descarta a

    possibilidade de o mesmo também ser lavrado a céu aberto no futuro. A mina se subdivide

    em 31 subcorpos mineralizados, separados por lentes de estéril com espessuras variáveis

    de 10 a 50 m, onde os principais corpos lavrados na mina são os corpos “C” e “G”. A

    Figura 2.4 ilustra a disposição dos corpos mineralizados da mina, onde é possível

    visualizar os dois principais corpos citados acima. O life of mine da mina inclui a lavra

    dos corpos C, D, E2, G, G1, G2, G3, G4, I e I2, porém sabemos que variações no âmbito

    econômico, bem como novas tecnologias podem alterar a situação, adicionando ou

    reduzindo o número de subcorpos lavrados.

  • 22

    Figura 2.4: Modelo tridimensional dos subcorpos da Mina Pequizão em subsolo.

    Alguns corpos mineralizados se encontram sobrepostos, de forma inclinada, com

    variações entre 10 a 60° no ângulo de mergulho dispostas ao longo do plunge que

    compreende um azimute (Az) de 295°, dispostos em uma zona mineralizada que se

    estende por até 1700 m ao longo do strike. Em consequência a tais variações temos

    diferentes metodologias de lavra no corpo, sendo condicionados principalmente pelo

    mergulho e pela espessura mineralizada.

    O acesso ao subsolo, como já dito, se faz pela Mina Nova, onde uma rampa com cerca de

    750 metros sub-horizontais, interliga a referida até o nível 200 da Mina Pequizão. A partir

    de tal rampa o acesso aos diferentes níveis verticais do corpo se faz por uma rampa

    principal, desenvolvida sob a direção do plunge, com inclinação de 8 a 10° (15 a 17%).

    Ao mesmo tempo que é desenvolvido a rampa são abertos os subníveis horizontais dentro

    da mineralização, onde ocorre a lavra do minério. Tais subníveis são escavados na direção

    do strike, com inclinação de 0,6° ou 1%.

    Como uma premissa para o sequenciamento de lavra, a exposição da mineralização se faz

    seguindo seu contato inferior, mantendo o mesmo sob uma altura máxima de 1,5 m do

  • 23

    piso escavado. A Figura 2.5 representa a recomendação para desenvolvimento nas

    galerias de minério na mina.

    Figura 2.5: Recomendação de desenvolvimento nas galerias para exposição do minério.

    A condição atual na mina apresenta lavra entre o nível 150 e o nível 400, onde os níveis

    são nomeados em função da profundidade em relação à superfície, logo temos operações

    de lavra a 150 m de distância vertical da superfície até a 400 m de profundidade. Ao longo

    desta profundidade, a lavra se concentra nos corpos C e G. A condição atual de pesquisa,

    baseado nos dados de sondagem de exploração, garantem a existência de recursos

    minerais até a profundidade de 850 m.

    Nos níveis atualmente lavrados na Mina Pequizão, a metodologia de lavra se resume a

    dois principais métodos, sendo utilizada a lavra por corte e aterro entre o nível 150 e o

    nível 100 de maneira ascendente, uma vez que a rampa de acesso a mina chega pelo nível

    200. Nos demais subníveis a metodologia de lavra se dá pela utilização do sublevel

    stoping.

    A descrição estrutural das principais juntas e descontinuidades da Mina Pequizão se faz

    importante, uma vez que na mina identifica-se a presença de uma zona de cisalhamento

  • 24

    regional que se estende por todos os corpos lavrados, sendo a mesma sempre presente no

    contato de base da mineralização, podendo apresentar espessuras centimétricas a

    decamétricas nas piores situações observadas e descritas pela sondagem. Tal estrutura

    gera por muitas vezes condições de instabilidade nas galerias secundárias, onde ocorre a

    exposição da mineralização e também elevação da diluição no footwall durante a lavra.

    Segundo Campos (2015), outras estruturas de descontinuidade são marcantes na Mina

    Pequizão, onde é descrito a presença de um falhamento principal associado à percolação

    de fluidos com dip/dipdirection em 32/226 e um fraturamento principal (J1) ocorrendo

    em toda a mina, característico por uma junta N-S sub-vertical com caimento geralmente

    para leste, por fim é descrito que a xistosidade geralmente se destaca como um outro

    principal plano de fraqueza, ocorrendo em todos os pacotes e tendo uma concentração de

    planos medidos sob a orientação 27/231 (dip/dip direction).

    2.3 – CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA

    Devido à grande complexidade do maciço rochoso é necessário a aplicação de

    ferramentas teóricas que possibilitem a análise de seu comportamento e sua relação com

    eventuais projetos de engenharia. Portanto, são aplicadas nessas ocasiões as classificações

    geomecânicas de maciços rochosos, que são modelos que reúnem várias características

    geológicas e geotécnicas que são relevantes ao maciço rochoso. A partir dessas

    classificações são dimensionadas e projetadas escavações com diversos fins, assim como

    os padrões de elementos de contenção quando esses se fazem necessários para promover

    a estabilidade das escavações.

    Os primeiros estudos que se relacionam com esse tópico da engenharia foram realizados

    por Terzaghi (1946). Desde então, diversas outras metodologias de análise ao maciço

    rochoso foram propostas, tendo quase sempre como objetivo final aplicações como

    escavações em maciços rochosos para a construção civil e a atividade de mineração.

    As classificações geotécnicas com mais aceitação e relevância na área de Mecânica das

    Rochas são: Classificação de Bieniawski (1973) com o sistema RMR (Rock Mass Rating),

    O Sistema Q proposta por Barton et al. (1974) (Rock Quality Index). Além desses é

    também utilizado sobre determinadas condições o sistema Q' (Modified Rock Quality

    Index), que se baseia sobre algumas considerações feitas no sistema Q.

  • 25

    Existem outros sistemas como o índice RQD (Rock Quality Designation), proposto por

    Deere et al. (1963). O objetivo nesse sistema é oferecer uma estimativa definida em um

    número para a qualidade de um maciço rochoso. Isso é feito através da análise de

    testemunhos obtidos através de sondagens rotativas. O índice RQD é obtido pela razão

    entre a soma dos comprimentos das partes intactas do testemunho maiores que 10 cm e o

    comprimento total do testemunho. A Figura 2.6 ilustra o processo de medição de

    testemunho e o cálculo do índice RQD.

    Figura 2.6: Processo de calcular e mediar o índice RQD. (Adaptado Bieniawski 1989)

    O sistema de classificação de Bieniawski (1973) assim como o Sistema Q de Barton et

    al. (1974) incluem entre seus parâmetros geotécnicos analisados o índice RQD.

    Outro sistema de classificação de maciços rochosos foi proposto por Wickham et al.

    (1972). Nesse sistema foi apresentado um método quantitativo para a descrição da

    qualidade do maciço rochoso e para a determinação de um sistema de suporte apropriado

    baseado no índice RSR (Rock Structural Rating). O índice RSR é ponderado por três

    parâmetros característicos do maciço rochoso. Esses parâmetros são: “A” um parâmetro

    geológico, “B” um parâmetro geométrico onde é analisado o efeito das descontinuidades

    com relação ao eixo da escavação e “C” um parâmetro onde é evidenciado o efeito da

    água com relação às condições das descontinuidades.

  • 26

    O trabalho de Wickham assim como o de Deere possuem contribuições importantes no

    desenvolvimento das classificações hoje mais utilizadas: os sistemas RMR e Q.

    Nesse item serão abordadas apenas as classificações referentes ao Sistema de

    classificação Q, Q' e RMR que são mais relevantes para o estudo descrito nessa

    dissertação de mestrado.

    2.3.1 – ROCK MASS RATING – RMR

    O sistema proposto por Bieniawski (1973) introduziu a classificação geomecânica RMR,

    que foi derivado principalmente de aplicações em projetos de túneis. Desde então esse

    sistema de classificação vem sendo modificado e ajustado em função de sua aplicação

    nos mais diversos tipos de escavação e pelo maior número de dados que foram sendo

    registrados. Essas alterações provocaram significativas mudanças nas pontuações dos

    diferentes parâmetros de classificação.

    O sistema RMR faz uso de seis parâmetros para a classificação de um maciço rochoso,

    são eles:

    Resistência à compressão uniaxial da rocha.

    Índice RQD.

    Espaçamento das descontinuidades.

    Condição das descontinuidades.

    Presença da água subterrânea.

    Orientação das descontinuidades em relação à direção do eixo da escavação.

    Para a aplicação da classificação RMR é necessário que o maciço rochoso seja dividido

    em domínios com características geológicas e estruturais semelhantes. O sistema RMR

    mais atualizado possui tabelas que atribuem notas aos parâmetros acima listados, assim

    como correções e guias auxiliares. Essas tabelas são mostradas a seguir:

  • 27

    Tabela 2.1: Sistema de Classificação RMR. (Adaptado Bieniawski, 1989)

    A PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO COM SEUS PESOS

    Parâmetro Faixa de valores

    Resistência

    Índice de carga

    puntiforme

    >10MPa 4-10 MPa 2-4 MPa 1-2 MPa Para menores valores, recomenda-se

    ensaio (c)

    1 da rocha intacta Resistência a

    Compressão uniaxial

    >250 MPa 100-250 MPa 50-100 MPa 25-50 MPa 5-25 MPa 1-5 MPa

  • 28

    Tabela 2.2: Correções e guias auxiliares para o sistema de classificação RMR (Adaptado Bieniawski, 1989)

    B CORREÇÃO POR DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DAS DESCONTINUIDADES (VER TABELA F)

    Direção e orientação do mergulho Muito Favorável Favorável Moderado Desfavorável Muito Desfavorável

    Túneis e minas 0 -2 -5 -10 -12

    Pesos Fundações 0 -2 -7 -15 -25

    Taludes 0 -5 -25 -50 -60

    C DETERMINAÇÃO DAS CLASSES DO MACIÇO ROCHOSO DO PESO TOTAL

    Peso 100 81 80 61 60 41 40 21 400 300-400 200-300 100-200 45 35-45 25-35 15-25 5 mm

    2

    mole < 5 mm

    2

    mole > 5 mm

    0

    Grau de Alteração (Intemperismo)

    Peso

    Inalterada

    6

    Levemente alterada

    5

    Moderada. alterada

    3

    Fortemente alterada

    1

    Decomposta

    0

    F EFEITOS DA DIREÇÃO E ORIENTAÇÃO DAS DESCONTINUIDADES, EM TÚNEIS*

    Direção Perpendicular ao eixo do Túnel Direção Paralela ao eixo do Túnel

    Ângulo de mergulho 45o-90o Ângulo de mergulho 20o-45o Mergulho 45o-90o Mergulho 20o-45o

    Muito Favorável Favorável Muito Favorável Desfavorável

    Ângulo de mergulho contrário 45o-90o Ângulo de mergulho contrário 20o-45o Mergulho de 0-20 sem relação a direção

    Desfavorável Muito Desfavorável Desfavorável

  • 29

    Após determinação dos valores dos primeiros cinco parâmetros listados anteriormente, estes

    são somados para a obtenção do RMR preliminar. O sexto e último parâmetro ajusta o valor

    preliminar de RMR em função dos posicionamentos espaciais da descontinuidade principal e o

    eixo da escavação. Além desse procedimento descrito, há outros parâmetros que são

    considerados para melhor ajuste de RMR. Esses parâmetros levam em consideração o objetivo

    da escavação, túnel, talude, mineração, etc. Estes índices podem ser favoráveis ou não à

    estabilidade da escavação analisada.

    Após obter o valor de RMR, através dos seis parâmetros e as correções devido ao objetivo da

    escavação, a classificação do maciço rochoso é determinada conforme a Tabela 2.2. Além dessa

    informação é possível estimar alguns parâmetros geomecânicos, como por exemplo, coesão e

    ângulo de atrito interno.

    Bieniawski (1989) propôs ainda uma relação entre dimensões de escavações e sua capacidade

    de se autossustentar no tempo. A relação proposta é ilustrada na Figura 2.7 onde é mostrado o

    tempo de autossustentação de uma escavação subterrânea em função da classificação RMR e

    da dimensão do vão da abertura

    Figura 2.7: Relação entre o tempo de autossustentação e o tamanho do vão da escavação de

    acordo com a classificação RMR. (Adaptado Bieniawski 1989).

  • 30

    Quando se obtém a classificação de um determinado maciço rochoso é possível sugerir um

    padrão de contenção para permitir que uma escavação feita nesse maciço se mantenha estável.

    Bieniawski (1989) propôs a Tabela 2.3, com um padrão de contenção relativo a qualidade do

    maciço.

    Tabela 2.3: Padrão de suporte - reforço de acordo com a classificação RMR de um maciço

    rochoso. (Adaptado Bieniawski 1989).

    Tipo de Maciço

    Rochoso

    Método de

    escavação

    Tirantes (diâmetro

    de 20 mm, com

    calda de concreto)

    Concreto projetado Cambotas

    metálicas

    I Rocha muito boa

    RMR: 81-100

    Face completa

    Avanço de 3 m

    Geralmente não precisa suporte exceto tirantes localizados

    curtos

    II Rocha boa

    RMR: 61-80

    Face completa

    Avanço de 1 a 1,5

    m. Suporte

    contínuo pronto a

    20 m da face

    Tirantes

    localizados no teto

    de 3 m de

    comprimento e

    espaçados 2,5 m,

    malha de aço

    opcional

    Espessura de 50

    mm no teto, onde

    necessitar

    Nulo

    III Rocha média

    RMR: 41-60

    Frente de

    escavação em

    bancadas (berma)

    1,5 a 3 m de

    avanço na calota.

    Instalação da

    contenção após

    cada escavação a

    fogo.

    Suporte contínuo

    pronto a 10 m da

    face

    Tirantes espaçados

    1,5 a 2 m, de 4 m

    de comprimento,

    no teto e paredes,

    com malha de aço

    no teto

    Espessura de 50 a

    100 mm no teto e

    30 mm nas paredes

    Nulo

    IV Maciço

    fraturado

    RMR: 21-41

    Frente de

    escavações em

    camadas

    Avanço da calota

    de 1 a 1,5 m.

    Instalação do

    reforço paralelo

    com a escavação.

    Suporte contínuo a

    10 m da frente.

    Tirantes espaçados

    1 a 1,5 m, de 4 a 5

    m de comprimento,

    teto e paredes, com

    malha de aço

    Espessura de 100 a

    150 mm no teto e

    100 mm nas

    paredes.

    Cambotas

    metálicas leves a

    médias, espaçadas

    de 1,5 m, onde

    precisar.

    V Maciço muito

    fraturado

    RMR: < 20

    Múltiplas frentes

    Avanço da calota

    de 0,5 a 1,5 m.

    Instalação do

    suporte paralelo

    com a escavação.

    Concreto projetado

    logo que possível

    após a escavação

    fogo.

    Tirantes espaçados

    1 a 1,5 m, de 5 a 6

    m de comprimento

    em teto e paredes

    com malha de aço,

    atirantado

    invertido.

    Espessura de 150 a

    200 mm no teto e

    150 mm nas

    paredes, e 50 mm

    na face.

    Cambotas

    metálicas médias a

    pesadas, espaçadas

    de 0,75 m, com

    aduelas de aço.

    Arco invertido.

  • 31

    2.3.2 – ROCK QUALITY INDEX - Q

    O sistema Q de classificação de maciços rochosos proposto por Barton et al. (1974) foi baseado

    em estudos práticos em 212 túneis escavados na Escandinávia. A partir das características do

    maciço rochoso é determinado o índice Q, assim como o sistema de contenção para manter uma

    escavação subterrânea estável do ponto de vista geotécnico. O valor do índice Q pode variar de

    0,001 até 1000 e é definido por seis parâmetros, que são:

    RQD = Índice de Qualidade do maciço rochoso

    Jn = Índice de influência do número de famílias de descontinuidades.

    Jr = Índice de influência de rugosidade da descontinuidade principal.

    Ja = Índice de influência de Grau de alteração ou preenchimento das descontinuidades.

    Jw = Índice de influência da ação de água subterrânea.

    SRF = Índice de influência estado de tensões no maciço (Stress Reduction Factor).

    Os valores dos parâmetros listados acima estão presentes na seguinte equação que define o valor

    do índice Q:

    SRF

    Jw

    Ja

    Jr

    Jn

    RQDQ ( 2-1 )

    Analisando a equação acima se percebe que há três quocientes que são interpretados como a

    medida de três parâmetros. A razão (RQD / Jn) se refere ao tamanho dos blocos, (Jr / Ja) a

    resistência ao cisalhamento entre os blocos e (Jw / SRF) a tensão ativa.

    Os parâmetros RQD e Jn podem ser interpretados como uma análise de aspectos estruturais do

    maciço rochoso, pois seus índices são definidos em função do número de famílias de

    descontinuidades e da densidade de fraturamento, portanto remetendo ao tamanho dos blocos

    constituintes do maciço rochoso. Os parâmetros Jr e Ja são analisados em descontinuidades

    principais e refletem a qualidade das mesmas, logo, maior a qualidade, maior a resistência de

    cisalhamento entre blocos. Já as medidas de Jw e SRF permitem uma análise de volume de água

    que circula no maciço rochoso e do estado de tensão in situ e, assim, estimam a tensão ativa no

    maciço rochoso classificado.

    O sistema Q de Barton estabelece uma relação entre a classificação do maciço rochoso com o

    tipo de padrão de contenção tendo em vista a dimensão da escavação. O padrão da contenção

  • 32

    visa garantir a estabilidade da escavação com uma determinada dimensão. Porém, é consenso

    que escavações que possuem diferentes fins devem possuir diferentes responsabilidades, ou

    diferentes tolerâncias de margem de erro. Barton et al. (1974), sugeriu então a utilização de um

    índice capaz de ponderar tal responsabilidade ou tolerância das escavações, o índice ESR

    (Excavation Support Ratio). A razão entre a dimensão da escavação com o seu respectivo ESR

    apresenta uma dimensão equivalente que combina a dimensão a ser escavada e o sistema de

    contenção adequado para garantir sua estabilidade. A Tabela 2.4 apresenta a relação entre o tipo

    de escavação e o seu respectivo valor do Índice ESR.

    Tabela 2.4: Relação entre o tipo de escavação subterrânea e o valor de ESR.

    TIPO DE ESCAVAÇÃO ESR Casos

    A Escavações em minas temporárias 3-5 2

    B Túneis verticais (poços):

    Seção circular

    Seção retangular ou quadrada

    2,5

    2,0

    C Escavações em minas permanentes, Túneis com fluxo de água

    (excluindo Túneis de adução a alta pressão), Túneis piloto, Túneis de

    ligação de poços, e frentes de avanço de grande porte.

    1,6 83

    D Cavernas de estocagem, plantas de tratamento de água, pequenas

    auto-estrada e linhas ferroviárias subterrâneas, acesso a cavernas

    confinadas, Túneis de acesso em geral

    1,31 25

    E Usinas hidrelétricas, grandes auto pistas e linhas ferroviárias

    subterrâneas, cavernas de segurança, portais, interseções.

    1,0 73

    F Estações nucleares subterrâneas, estações ferroviárias subterrâneas,

    fábricas.

    0,8 2

    A Figura 2.8 mostra um gráfico que relaciona a dimensão equivalente de uma escavação e um

    padrão de tipo de