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FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS CAMPUS URUGUAIANA OBSTETRÍCIA VETERINÁRIA Prof. Daniel Roulim Stainki 1 DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO. 1) IMPORTÂNCIA: A importância de se chegar ao diagnóstico precoce da gestação baseia-se em um adequado manejo das fêmeas e na detecção de problemas reprodutivos que inviabilizam economicamente o rebanho. 2) MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: 2.1) Clínico – palpação retal, não retorno ao cio, exame radiológico (aplicação no final da gestação nos pequenos animais), ultra-sonografia e laparoscopia. 2.2) Laboratorial – citológico, hormonal (dosagens de progesterona, gonadotrofina coriônica), imunológico. 3) DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA: O ciclo de prenhez nas vacas, detectado por palpação, pode ser dividido segundo Götze em oito fases. 3.1) Fase 1, sem sintomas característicos – duração de 3 a 4 semanas, o corpo lúteo é palpado após 21 dias supondo prenhez ipsilateral. 3.2) Fase 2, pequena bolsa inicial – entre 4 e 5 semanas, ligeira assimetria dos cornos uterinos, contendo de 30 a 100ml de líquidos fetais. 3.3) Fase 3, pequena bolsa característica – entre 6 e 7 semanas, assimetria dos cornos uterinos mais evidente, inicia-se o efeito de parede dupla (teste do beliscamento), de 80 a 300ml de líquidos fetais. 3.4) Fase 4, grande bolsa inicial – entre 8 e 10 semanas, assimetria pronunciada entre os cornos uterinos, o útero não mais permite a sua reunião sob a mão, mas permite contorná-lo, adelgaçamento da parede uterina, flutuação característica, de 300 a 700ml de líquidos fetais.

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DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO.

1) IMPORTÂNCIA:

A importância de se chegar ao diagnóstico precoce da gestação baseia-se em um adequado manejo das fêmeas e na detecção de problemas reprodutivos que inviabilizam economicamente o rebanho.

2) MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO: 2.1) Clínico – palpação retal, não retorno ao cio, exame radiológico (aplicação no final da gestação nos pequenos animais), ultra-sonografia e laparoscopia. 2.2) Laboratorial – citológico, hormonal (dosagens de progesterona, gonadotrofina coriônica), imunológico.

3) DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA VACA:

O ciclo de prenhez nas vacas, detectado por palpação, pode ser dividido segundo Götze em oito fases.

3.1) Fase 1, sem sintomas característicos – duração de 3 a 4 semanas, o corpo lúteo é palpado após 21 dias supondo prenhez ipsilateral. 3.2) Fase 2, pequena bolsa inicial – entre 4 e 5 semanas, ligeira assimetria dos cornos uterinos, contendo de 30 a 100ml de líquidos fetais. 3.3) Fase 3, pequena bolsa característica – entre 6 e 7 semanas, assimetria dos cornos uterinos mais evidente, inicia-se o efeito de parede dupla (teste do beliscamento), de 80 a 300ml de líquidos fetais. 3.4) Fase 4, grande bolsa inicial – entre 8 e 10 semanas, assimetria pronunciada entre os cornos uterinos, o útero não mais permite a sua reunião sob a mão, mas permite contorná-lo, adelgaçamento da parede uterina, flutuação característica, de 300 a 700ml de líquidos fetais.

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3.5) Fase 5, grande bolsa característica – entre 11 e 14 semanas (3 meses), dificuldade em contornar o útero, líquidos fetais entre 700 e 2000ml. 3.6) Fase 6, bolão – entre 15 e 20 semanas (4 meses), o útero não é mais contornável com a mão (tamanho de uma bola de basquete), palpação de alguns placentomas, frêmito da artéria uterina média facilmente sentido nas laterais da pelve, líquidos fetais entre 2 e 7 litros. 3.7) Fase 7, abaixamento – entre 21 e 30 semanas (6 meses), o feto não está mais ao alcance do examinador, eventual palpação de alguns placentomas, frêmito da artéria uterina, presença de movimentos do feto no flanco da mãe. 3.8) Fase 8, fase final – mais de 7 meses, subida e palpação direta do feto.

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3.9) Diagnóstico por ultra-som – o diagnóstico é feito através da identificação da vesícula gestacional entre 25 e 28 dias.

4) DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA ÉGUA:

O ciclo de gestação na égua pode ser dividido em 9 fases.

4.1) Fase 1 – período entre 28 e 30 dias (4 semanas), formação esférica de 2 a 3cm de diâmetro junto ao terço proximal do corno uterino (semelhante a uma bola de tênis).

4.2) Fase 2 – período de gestação com 35 dias (5 semanas), presença de aumento de volume entre 3 e 4cm de diâmetro, de forma elíptica. 4.3) Fase 3 – período de gestação entre 42 e 45 dias (6 semanas), formação com 5 a 7cm de comprimento e 5cm de diâmetro (ovo grande), ovários na mesma posição inicial. 4.4) Fase 4 – gestação entre 48 e 50 dias (7 semanas), aumento de volume entre 6 e 7cm de diâmetro (ovo de pata), flutuação perceptível. 4.5) Fase 5 – gestação entre 60 e 65 dias (8 semanas), volume com 12 a 15cm de comprimento e 8 a 10cm de diâmetro.

4.6) Fase 6 – gestação entre 90 e 100 dias (3 meses), volume com 20 a 25cm de comprimento e 12 a 15 de diâmetro, deslocamento do útero para a cavidade abdominal. 4.7) Fase 7 – gestação com 3 a 5 meses, útero na cavidade abdominal, ovário mais ventral, cranial e próximos um do outro. 4.8) Fase 8 – gestação de 5 a 7 meses, completo abaixamento do útero e maior tensão dos ligamentos uterinos, maior deslocamento dos ovários, aproximando-se cerca de 10cm. 4.9) Fase 9 – período de 7 meses até o parto, subida do útero pelo crescimento do feto, fácil palpação do feto. 4.10) Diagnóstico por ultra-som – aos 19 dias de gestação já se pode identificar a vesícula gestacional.

5) DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA OVELHA E NA CABRA: 5.1) Clínico – não retorno ao cio. 5.2) Laparoscopia – aos 30 dias consegue-se 100% de eficácia.

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5.3) Ultra-sonografia – aos 60 dias de gestação consegue-se 95% de eficácia. 6) DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO NA CADELA E NA GATA: 6.1) Cadela – a palpação abdominal para o diagnóstico na cadela é mais difícil que

na gata devido o maior volume abdominal. a) Palpação abdominal – identificação de formações esféricas entre 28 e 30 dias. b) Níveis aumentados de fibrinogênio podem indicar gestação (280-300mg/dl com 28 dias de gestação) c) Ultra-som – com 19-20 dias de gestação já é possível verificar a presença de vesículas anecóicas com mais ou menos um centímetro de diâmetro próximas da bexiga. d) Exame radiológico – a partir de 45 dias inicia a calcificação do sistema ósseo fetal. Para a determinação do número de fetos recomenda-se o exame radiológico, onde deverá ser contado o número de colunas vertebrais ou cabeças.

6.2) Gatas – no terço final da gestação pose-se palpar estruturas arredondadas e uniformemente distribuídas no interior do útero. Em gestações mais adiantadas percebe-se os movimentos fetais. Outros sinais incluem edema de mamas, edema de vulva e alteração de comportamento. 6.3) Diagnóstico diferencial – presença de fezes ressecadas no interior do intestino grosso, piometra (mucometra, hidrometra e hemometra) promovem dilatação e imagem hipoecóicas do útero, morte pré-natal do(s) feto(s) e tumor(es) uterino(s). 7) SINAIS DE VIDA DO FETO: Por meio de alguns testes clínicos podemos perceber se o feto encontra-se vivo no

útero da mãe. São eles: a) reflexos podais – ao apertarmos a membrana interdigital o feto responde

puxando o membro; b) reflexo de sucção – ao introduzirmos o dedo na boca do feto o mesmo responde

com reflexos de sucção. Pode-se também beliscar a língua, promovendo reações

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de dor. Em ambos os casos deve ser levado em conta a hipoestesia devido a compressão da região, induzindo ao erro de diagnóstico;

c) reflexo ocular – promove reações de dor. Deve ser realizado com cuidado para evitar traumatismo no feto;

d) reflexo anal – realizado através da introdução do dedo no esfíncter anal, verificando o reflexo de contração. Quando ocorre a abertura do esfíncter anal é indicativo de trauma (hipóxia cerebral) grave ou morte fetal.

e) pulsação das artérias umbilicais – pode-se recorrer a este método para verificar a sobrevivência do feto, entretanto, nem sempre é possível introduzir a mão para a palpação do cordão umbilical.

BIBLIOGRAFIAS: http://www.mcguido.vet.br/ NOAKES, D.E. Fertilidade e obstetrícia nos ovinos. São Paulo: Andrei, 1992. 145p.