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DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · do Ensino Médio, turma D do Colégio Estadual Parigot...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
O ESTUDO DOS PRINCIPAIS BIOMAS BRASILEIROS COM VISTA ÀS
DIFERENCIAÇÕES ENTRE ELES E A FORMA DE OCUPAÇÃO E EXPLORAÇÃO
Doroti Lopes da Silva1
Maria Eugênia Moreira da Costa Ferreira2
Agradecimento: Governo do Estado do Paraná3
RESUMO
O artigo exposto apresenta o projeto desenvolvido com os alunos do segundo ano do Ensino Médio, turma D do Colégio Estadual Parigot de Souza da cidade de Mandaguaçu, sobre o estudo comparativo e diferenciador dos principais biomas brasileiros em termos de flora e fauna e identificar em cada bioma estudado as formas históricas de ocupação e de exploração até o momento atual. São estudados comparativamente, biomas que apresentam traços em comum, a saber: biomas florestais tropicais e equatoriais sendo a mata Atlântica e a floresta Amazônica; biomas de climas estacionais, semi-úmido e semi-árido, respectivamente o Cerrado e a Caatinga; biomas subtropicais da mata de Araucária e Campos de planalto e sulino. A realização deste trabalho justifica-se pela compreensão das formas de ocupação diferenciadas do território brasileiro com base no uso dos recursos naturais para atingir o desenvolvimento econômico e a conscientização da importância da preservação dos biomas naturais como garantia da sobrevivência humana.
PALAVRAS-CHAVE: biomas, vegetação do Brasil, exploração vegetal, atividades econômicas, educação ambiental.
ABSTRACT
The article above presents the design developed with students of the second year of high school, class D, of Colégio Estadual Parigot de Souza, in the city of Mandaguaçu. It aims the study of different major biomes in terms of flora and fauna, and identify in each biome studied the historical forms of occupation and the exploitation that occurs nowadays. Biomes that have common traits were study
1 Doroti Lopes da Silva. Formada em Geografia e História pela FAFIPA e especializada em
Abordagens econômicas do Brasil pela FAFIMAN. Professora de Geografia do Colégio Estadual Parigot de Souza 2 Professora Dr
a em Geografia Física- Orientadora do Projeto.
3 Patrocinador do PDE- Paraná
comparatively, namely: equatorial and tropical forest biomes and the Atlantic and Amazon rain forest; biomes of seasonal climates, semi-humid and semi-arid region, the Cerrado and Caatinga, respectively; subtropical forest biomes Campos and Araucaria plateau and southerner. This work is justified by the understanding of different occupation forms of the Brazilian territory, based on the use of natural resources to achieve economic development and awareness of the importance of preserving natural biomes as a guarantee of human survival through environmental education. KEYWORDS: biomes, Brazilian vegetation, agricultural exploitation, economic activities, environmental education.
1. INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – foi instituído como
uma Política Educacional Inovadora de formação continuada dos professores da
rede pública estadual. Elaborado como um conjunto de atividades organicamente
articuladas, definidas a partir das necessidades da educação básica, busca no
Ensino Superior o diálogo necessário para a construção de um conhecimento
compatível com o nível de qualidade desejado para a educação básica no estado do
Paraná. O principal objetivo do programa é proporcionar aos professores da rede
pública estadual subsídios teóricos metodológicos para o desenvolvimento de ações
educacionais sistematizadas e que resultem em um redimensionamento de sua
prática em sala de aula.
Portanto, o estudo sobre os biomas e sua forma de ocupação e exploração
vem ao encontro da necessidade de textos que atendam à questão socioambiental
sem perder de vista o olhar geográfico. A questão socioambiental é um subcampo
da Geografia e, como tal, não constitui mais uma linha teórica dessa
ciência/disciplina. Permite abordagem complexa do temário geográfico, porque não
se restringe aos estudos da flora e da fauna, mas à interdependência das relações
entre sociedade, elementos naturais, aspectos econômicos, sociais e culturais.
O pensamento geográfico conforme Mendonça (2001, p.117) a respeito das
questões ambientais é marcado por dois períodos distintos. São eles: no primeiro, o
ambiente era tomado como sinônimo de natureza, conceito que prevaleceu desde a
estruturação científica da Geografia até meados do século XX; no segundo
momento, alguns geógrafos passaram a considerar a interação entre a sociedade e
a natureza, o que a tornou majoritariamente descritiva do ambiente natural. A partir
dos anos de 1950, o ambiente, em alguns casos já degradados, passou a ser objeto
de estudo com vistas à recuperação e à melhoria da qualidade de vida.
Os impasses ambientais que atemorizam o mundo de forma mais explícita, desde a
década de 1960, custaram a ganhar espaço no pensamento geográfico, segundo
Mendonça (2001), devido aos seguintes fatores:
- Com a emergência da Geografia como ciência social a partir da década de 1970,
secundarizou-se a análise dos aspectos físicos do espaço geográfico.
- emergiu um certo desprezo quanto à importância da dinâmica da natureza na
constituição do espaço, do território e da sociedade.
- emergiu uma crença de que a ciência e a tecnologia seriam capazes de resolver os
problemas ambientais gerados pelo modo de produção capitalista.
A partir dos anos de 1980, o crescente avanço dos problemas ambientais e o
engajamento de geógrafos físicos na militância de esquerda, no Brasil e no mundo,
levaram a Geografia a rever suas concepções, o que resultou na busca de
formulação de novas bases teórico-metodológico para abordagem do tema.
A natureza, que teve em sua gênese uma dinâmica autodeterminada, hoje
sofre alterações em muitas de suas dinâmicas devido à ação humana. Basta
observarmos as alterações climáticas, as obras de engenharia que modificam o
curso, vazão e profundidade dos rios, que transpõem montanhas e cordilheiras
através de estradas e túneis, os desmatamentos que criam desertos ou
instabilidades em encostas de morros, provocando desmoronamentos. Dessa forma,
torna-se fundamental compreender tanto a gênese da dinâmica da natureza quanto
às alterações nela causadas pelo homem, como o efeito de ações que interferem na
constituição da fisicidade do espaço geográfico.
A abordagem geográfica do conteúdo estruturante socioambiental contida nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do estado do Paraná destaca que o
ambiente não se refere somente às questões naturais. Ao entender o ambiente pelos
seus aspectos sociais e econômicos, os problemas socioambientais passam a
compor, também, questões da pobreza, da fome, do preconceito, das diferenças
culturais, materializadas no espaço geográfico. Portanto, no centro das discussões
estará o espaço geográfico, objeto de estudo da geografia, criado pela sociedade,
modificado por ela e fruto da complexa relação natural, social, cultural, política e
econômica vigente.
Ao longo da história da colonização do Brasil percebe-se, através de
publicações literárias, que os colonizadores foram se apropriando dos recursos
naturais e através de técnicas então rudimentares e do trabalho, foram modificando
a paisagem e alterando o espaço com o objetivo de produzir mercadorias
comerciáveis na Europa, a fim de atender os modos de vida que se sofisticaram com
o enriquecimento das nações européias, como se refere Pádua em sua obra “Um
sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista
(1786-1888)”, onde o autor relata reflexões ambientais de autores brasileiros dos
séculos XVIII e XIX. Entre eles, o padre jesuíta Azpilcueta Navarro fez observações
críticas quanto à conduta dos colonizadores portugueses no país. Assim os
colonizadores:
“Fundaram sucessivamente grandes cidades, vila notáveis e outros muitos lugares menores. Mas como acham hoje todas essas antigas povoações? Como corpos desanimados. Porque os lavradores circunvizinhos, por meio de agricultura lhes forneciam os gêneros de primeira necessidade, depois de reduzirem a cinza todas as árvores, depois de privarem a terra da sua mais vigorosa substância, a deixaram coberta de sapé e samambaia, que é uma espécie de grama... e abandonando as suas casas com todos os seus engenhos, oficinas e abegoarias, se foram estabelecer em novos terrenos”. (Pádua,2004).
Notadamente, percebe-se que os primeiros colonizadores a se fixarem em
terras brasileiras, tinham como intenção tirar proveito da fertilidade própria do solo
após o desmatamento e a queimada e, depois de dois ou três anos de sucessivas
práticas predatórias, abandonavam o local e iam à busca de novas terras férteis,
deixando para trás uma capoeira com solo coberto por ervas daninhas e formigas.
Assim, em busca de novas áreas para a agricultura e de outros recursos
naturais, o homem passou a sentir-se superior e apto a dominar o meio natural, sem
consciência das conseqüências de seus atos destruidores. Neste sentido afirma Aziz
Ab’Sáber.2003.
“É indispensável ressaltar que as nações herdaram fatias – maiores ou menores- daqueles mesmos conjuntos paisagísticos de longa e complexa elaboração fisiográfica e ecológica. Mais do que simples espaços territoriais, os povos herdaram paisagens e ecologias, pelas quais certamente são responsáveis ou deveriam ser responsáveis, no sentido da utilização não predatória dessa herança única que é a paisagem terrestre. Para tanto, há
de se conhecer melhor as limitações de uso específico de cada tipo de espaço e de paisagem. Há de procurar obter indicações mais racionais, para a preservação do equilíbrio fisiográfico e ecológico. E, acima de tudo, há de permanecer eqüidistante de um ecologismo utópico e de um economi[ci]smo suicida”.
Este é o consenso que deve ser tomado pela sociedade brasileira como um
todo. Somos responsáveis pelo espaço natural, o qual gastou milhões ou milhares
de anos para se estruturar da maneira como o temos atualmente. Seu uso é
necessário, pois é dele que se retiram os gêneros necessários para a manutenção
da vida. Mas este uso deve ser racional e equilibrado, pois existem profundas
relações entre a flora e a fauna e o seu ambiente físico. Interferir em um elemento do
bioma pode implicar alteração em todo o seu processo de interação. Da dinâmica e
do equilíbrio dos biomas depende a sua biodiversidade, isto é, da quantidade e da
qualidade das espécies neles existentes e das interações que elas estabelecem
entre si e com o meio físico. Quando a interdependência dos diferentes elementos
que se constituem um bioma é alterada, pode ocasionar mudanças no solo, na flora,
na fauna e no macroclima. (Min,2005).
O processo de ocupação do Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento
e consequente destruição dos recursos naturais, particularmente das florestas. Ao
longo da história do país, a cobertura florestal nativa, representada pelos diferentes
biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturas agrícolas, as
pastagens e as cidades.
A noção de recursos naturais inesgotáveis, dadas as dimensões continentais
do país, estimulou e ainda estimula a expansão da fronteira agrícola sem
preocupação com o aumento ou, pelo menos, com a manutenção da produtividade
das áreas já cultivadas. Assim, o processo de fragmentação florestal e a destruição
das formações abertas, como o cerrado, são intensos nas regiões economicamente
mais desenvolvidas do país, ou seja, o sudeste e o sul, e avança rapidamente para o
centro-oeste e norte, ficando a vegetação arbórea representada principalmente por
florestas secundárias, em variado estado de degradação, salvo algumas reservas de
florestas bem conservadas. Este processo de eliminação das florestas resultou num
conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da flora e da
fauna, as mudanças climáticas locais, a erosão do solo e o assoreamento dos
cursos d’água. Para comprovar isso (Pádua, 2004) explica:
“as observações que as pessoas inteligentes encarregadas do encanamento das nossas águas para fontes públicas, que a sua notável diminuição procede em grande parte de se haverem destruído as matas nos terrenos de sua nascença e passagem. O que vemos confirma o princípio de que o abuso da derrubada de árvores, em certas circunstancias, concorre a esterilizar terrenos que tem sido férteis e que ainda poderão produzir como dantes, se lhes forem conservadas as águas ao abrigo das árvores que o homem tão insensatamente destrói”.
Conforme a citação, essa é uma realidade que conhecemos bem de perto; a
realidade da agonia da maioria dos rios e riachos brasileiros, que se encontra com
baixo nível de água, assoreados, poluídos e com escassez de peixes. Isso vem
ocorrendo com maior intensidade no centro-sul do Brasil, principalmente na região
da mata Atlântica, do Cerrado e dos Campos do sul do país, onde atingiu elevado
grau de destruição da cobertura vegetal nativa para a prática da agropecuária
extensiva. A falta de matas de galeria para a proteção dos cursos d’água, apesar da
existência de Leis Florestais que obrigam o reflorestamento marginal aos mananciais
e cursos d’água, na prática, ainda continua uma situação não totalmente resolvida.
Esse reflorestamento também é importante como corredor ecológico para
manutenção e conservação da fauna local.
2. METODOLOGIA
No estudo da Unidade Didática desenvolvida a partir do Projeto de
Intervenção Pedagógica na escola foi aplicada a teoria pedagógica histórico- crítica,
numa perspectiva de introduzir o conhecimento sistematizado com a finalidade de
desenvolver no aluno a capacidade de compreensão do conteúdo científico,
vinculada à transformação social. Nesse contexto, se fez necessário o levantamento
de questionamento sobre o tema em estudo no sentido de averiguar o que se sabe
para direcionar o objetivo a ser atingido. Segundo Vigotski, 2001b, p.476: “[...] a
aprendizagem escolar nunca começa no vazio, mas sempre se baseia em
determinado estágio de desenvolvimento, percorrido pela criança antes de ingressar
na escola”.
Isto não significa que a aprendizagem escolar seja uma continuação direta da linha
de desenvolvimento pré-escolar da criança. A aprendizagem escolar trabalha com a
aquisição das bases do conhecimento científico. Para isso, o educando deve ser
desafiado, mobilizado, sensibilizado; deve perceber alguma relação entre o
conteúdo e sua vida cotidiana, suas necessidades, problemas e interesses.
3. DESENVOLVIMENTO
Em consonância com o projeto de intervenção pedagógica na escola,
produziu-se uma Unidade Didática, numa relação interdisciplinar com as disciplinas
de Língua Portuguesa, História e Biologia, cujo tema “O estudo dos principais
biomas brasileiros com vista às diferenciações entre eles e as formas de ocupação e
exploração”, foi utilizado como material didático, na implementação do projeto na
escola, e apresentado aos professores da rede pública do estado do Paraná através
do curso on-line denominado Grupo de Trabalho em Rede (GTR) para apreciação,
análise do conteúdo em consonância com as Diretrizes Curriculares para a
Educação Básica do Paraná, oportunizando aos professores participantes o direito
de argumentar, opinar ou sugerir novas idéias.
As diversas atividades relacionadas à aplicação do material didático se
realizaram no segundo semestre de 2010, envolvendo os alunos de segundo ano do
ensino médio do turno vespertino.
O estudo teve vários momentos, iniciando pela apresentação do tema e as
diversas atividades a serem realizadas: estudo de textos didáticos e literários, aula
de campo, exposição de trabalhos audiovisuais, elaboração de painéis e relatórios.
O processo avaliativo se deu por meio dos seguintes instrumentos: participação nas
diversas atividades, exposição dos painéis para a comunidade escolar e entrega de
relatórios. Como material didático foram usados os textos da Unidade Didática,
retroprojetor, mapa do Brasil com títulos referentes ao tema em estudo, imagens da
flora, fauna e aspectos físicos dos biomas em questão, imagens de satélites e aulas
no laboratório de informática.
Como introdução da Unidade Didática foi elaborada uma tabela com as
principais características dos biomas em estudo, destacando a área, localização,
latitude, relevo, hidrografia, clima (temperatura, pluviosidade, média da umidade
relativa do ar) e tipos de solo.
Os textos da Unidade Didática foram expostos na forma de comparação entre
dois biomas que apresentem traços comuns, respeitadas, também, as suas
diferenciações. Assim foram desenvolvidos textos dos biomas: florestais - mata
Atlântica e floresta Amazônica; dos biomas de clima estacional semi-úmido e semi-
árido - Cerrado e Caatinga; e dos biomas de clima subtropical - Mata de Araucária e
Campos de planalto e sulinos.
2.1 Biomas florestais
Figura 1 – Mata Atlântica
Figura 2 – Floresta Amazônica
MATA ATLÂNTICA FLORESTA
AMAZÔNICA
Área Core
Km2 1.000.000 km2 5.000.000 km2
Localização
Região leste (litoral brasileiro): Rio
Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe,
Bahia, Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul
Região Norte:
Roraima,
Amapá,
Amazonas,
Pará,
Tocantins,
Maranhão,
Rondônia, Acre
e Mato Grosso.
Latitude Ao longo dos 300 de latitude sul
50 latitude norte
até 170 latitude
sul
Relevo
(Altitude)
-Topografia bastante acidentada.
- Cadeia montanhosa que
acompanha a costa oriental
brasileira desde o nordeste do Rio
Grande do Sul até o sul da Bahia.
- Ao norte as maiores altitudes
-Planícies
fluviais e
depressões
com altitudes
até 600 metros
e planaltos
encontram-se mais para o interior
do país.
residuais o
norte e ao sul
norte
Hidrografia
-Drenada por rios oriundos de 7
bacias hidrográficas brasileiras. Os
principais rios são: Paraíba do Sul,
Doce e Jequitinhonha.
-Drenada pelos
rios da Bacia
Amazônica
Clima
(Temperatura)
- Equatorial ao norte e quente
temperado sempre úmido ao sul.
-Temperatura média anual entre
220C a 240 C.
- Equatorial
quente e úmido.
-Temperatura
média de 260C
ao ano.
Clima
(Precipitação)
Varia de 2000 mm a 4000 mm/ano,
estando os maiores índices
relacionados às chuvas orográficas,
no planalto Atlântico.
Varia entre
2000 mm a
4000 mm
anuais. O mês
mais seco é
superior a 120
mm.
Clima
(Umidade
do ar)
- Entre 80 a 85% ao ano. - Entre 80 a
90% ao ano.
Solo
- Latossolos e podzólicos: são
pobres em nutrientes, lixiviados e
pouco profundo com textura
arenosa ou argilosa variando de
acordo com a região
Latossolos,
podzólicos e
plintossolos:
são pobres em
nutrientes,
rasos e sofre
ação da água
da chuva.
Número de
espécies da
flora e fauna
- 20.000 espécies de plantas,
sendo metade endêmica.
- 1.600 espécies de animais com
grande índice de endemismo (
mamíferos, aves, répteis e peixes)
- 20.000 plantas
identificadas;
1.400 espécies
de peixe; 300
espécies de
mamíferos;
1.300 espécies
de aves;
infinidade de
invertebrados.
Iniciando o estudo dos biomas florestais foi analisado o mapa do Brasil com
destaque para a mata Atlântica e a floresta Amazônica, enfatizando a localização,
latitude, relevo, hidrografia, clima e solo, numa análise conjunta entre o mapa e a
tabela com as características dos biomas florestais. Os alunos tiveram a
oportunidade de observar a influência da latitude, clima, relevo, hidrografia e solo
sobre a composição da vegetação dos biomas.
Foi ofertado aos alunos o texto sobre a mata Atlântica que se iniciava com
citações da obra de José de Alencar – O Guarani- utilizado como problematização,
despertando nos alunos curiosidade sobre questões como a densidade da floresta,
as formas do relevo, o vento, a sinuosidade dos rios, os animais, enfim, os
elementos que compunham o cenário descrito pelo escritor. Em seguida foi lido o
texto sobre as características da flora e fauna do bioma, assim como o clima, a
ocupação humana, através do tempo e no espaço, o desmatamento, a exploração
dos recursos naturais, o uso do solo para a agricultura e pecuária, a urbanização, a
dicotomia entre preservação e os grandes centros urbanos, a preservação das
regiões dos mananciais. Também foram usadas imagens, mapas, fotos, textos
apresentados com auxílio de projeção, "TV pendrive" (sistema eletrônico de
apresentação de dados via televisão) e aulas no laboratório de informática como
recurso para maior exploração sobre o tema em estudo.
Como problematização sobre a floresta Amazônica foi usado citações da obra
– Cultura Amazônica: uma poética do imaginário - do escritor João de Jesus Paes
Loureiro que fala da grandeza e diversidade da floresta vista em perspectivas
geohistórica ampla de diferentes e fundamentais formas de vida e de ocupação
humana, batalhando em busca da sobrevivência e convivência.
Após a leitura do texto sobre a floresta Amazônica foi projetada imagens e
fotos para visualização e exploração de questões como a forma do relevo e a
influência sobre a vegetação e a hidrografia tão importante para a população
ribeirinha; sobre a exploração vegetal e mineral; o solo e suas características; o
desmatamento e a expansão das fronteiras agrícolas na região após a abertura de
estradas, os conflitos entre indígenas, grileiros, posseiros, ribeirinhos e fazendeiros;
a questão da pirataria na região e a importância da floresta Amazônica para o Brasil
e para o mundo.
Ao término do estudo dos biomas florestais foram realizadas atividades como
debate, pesquisa e relatório como verificação da aprendizagem.
Os alunos demonstraram interesse e curiosidade sobre os temas em
estudo, participando ativamente das aulas com questionamentos, depoimentos de
situações percebidas ou vivenciadas relacionadas ao tema em questão já que a área
do município de Mandaguaçu faz parte da mata Atlântica. Desenvolveram atividades
de pesquisa, elaboraram vídeos sobre vegetação, animais em extinção, hidrografia e
atividades econômicas da região dos biomas estudados. Em visita a EMATER do
município de Mandaguaçu, entrevistaram o agrônomo responsável a respeito da
existência de áreas florestadas no município, condições dos mananciais e matas
ciliares, corredores ecológicos, tipo, manuseio e uso do solo agrícola e
posteriormente apresentaram relatório da entrevista e pesquisaram na web (rede)
dados sobre a economia do município.
2.2 Biomas de climas estacionais: semi-árido e semi-úmido
Figura 3 – Mata Caatinga
Figura 4 – Cerrado
CAATINGA CERRADO
Área Core
Km2 750.000 km2 200.000 km2
Localização
- Região Nordeste:
(Polígono da Seca)
Ceará e parte dos estados da
Bahia, Sergipe, Alagoas,
Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Piauí.
Região Centro-Oeste:
sul do Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, sul do Tocantins, oeste da
Bahia, sudoeste do Maranhão e
Goiás
Latitude
- De 30 a 150 de latitude sul
- De 120 a 270 de latitude sul
Relevo
(altitude)
Depressão encaixada entre a
Chapada do Araripe, com altitude
entre 800 e 1000m e o planalto
da Borborema com altitude entre
670 a 1100 m.
- Planalto Central.
Altitude entre 300 a 900 metros.
Hidrografia
- Rios permanentes como o São
Francisco e rios temporários ( só
possuem água corrente na época
das chuvas)
- Região onde se origina as
nascentes das três principais
bacias hidrográficas do Brasil:
Amazônica, São Francisco e do
Paraná/ Uruguai.
Clima
(temperatura)
- Tropical quente e seco.
- Temperatura entre 250C a 300C
ao ano.
- Tropical.
- Temperatura média entre 240C
e 260C ao ano.
Clima
(precipitação)
- Varia de 500 mm a 800 mm
anuais.
- Em torno de 1500 mm a 1600
mm, com estação seca de maio
a setembro.
Clima
(umidade do
ar)
- A umidade atmosférica é
mínima. A água do solo e plantas
chega a evaporar até 7 mm ao
dia.
- Varia entre 40 a 70% na maior
parte do ano.
Solo
- Latossolo e litólico: solos
pedregosos, rasos e às vezes
salinos, textura argilosa a média.
São ricos em nutrientes.
- Latossolos, areais quartizosas e
podzólicos: são pobres em
nutrientes e ácidos (PH baixo,
entre 4 -5)
Número de
espécies da
fauna e da flora
- 318 espécies endêmicas das
quais 80 são leguminosas, 41 de
cactáceas, 40 de lagartos, 45 de
serpentes, 7 de anfibenídeos
(espécie de lagartos sem pés), 17
de anfisbenas (cobra de duas
cabeças).
- Número significativo de
espécies arbóreas, arbustivas,
herbáceas e de palmáceas.
- 14.425 espécies de
invertebrados (borboletas +
abelhas+formigas + vespas)
Caatinga
E o sertão é um paraíso
“... Ressurge ao mesmo tempo a fauna resistente das caatingas; disparam pelas
baixadas úmidas os caititus esquivos; passam, em varas, pelas tigüeras, num
estríduo estrepitar de maxilas percutindo, os queixadas de canela ruiva; correm
pelos tabuleiros altos em bando, esporeando- se com ferrões de sob as asas, as
emas velocíssimas; e as seriemas, à fimbria dos banhados onde vem beber o tapir
estancando um momento no seu trote brutal; e as própria suçuaranas, aterrando os
mocós espertos que se aninham aos pares, e rolam as turbas turbulentas das
maritacas estridentes... enquanto feliz, deslembrado de mágoas, segue o campeiro
pelos arrastadores, tangendo a boiada farta, entoando a cantiga predileta...”
Assim se vão os dias.
“Passam-se um, dois, seis meses venturosos, derivados da exuberância da terra, até
que surdamente, imperceptivelmente, num ritmo maldito, se despeguem, a pouco a
pouco, e caim às folhas e as flores, e a seca se desenhe outra vez nas ramagens
mortas das árvores decíduas...”.
Assim é a Caatinga, domínio dos sertões secos, tão bem descrito pelo escritor
Euclides da Cunha, em sua famosa obra - Os Sertões.
Com o texto correspondente ao bioma da Caatinga e sempre tendo em vista o
mapa do Brasil projetando com destaque a localização da área core do bioma foram
enfatizadas as características do sistema pluviométrico e fluvial escasso, em
contraste com as altas temperaturas, o que faz com que o solo seco, raso e
pedregoso da Caatinga, devido ao intemperismo físico nos latossolos, imponha
restrições ao desenvolvimento da vegetação, nos períodos de seca prolongados,
forçando as espécies de plantas a criar um sistema de adaptação para sobreviver à
aridez.
Destacou-se também que a fauna da caatinga é pobre em quantidade, devido
a pouca biomassa da formação vegetal que não oferta quantidade suficiente de
alimentos, porém com razoável diversidade de espécies endêmicas.
O solo da Caatinga não é pobre como sugere a aparência ressequida da
vegetação; isto porque em período de chuva a vegetação brota viçosa e verdejante,
tanto que a ocupação do sertão se deu quando os colonizadores descobriram a
potencialidade das serras úmidas conhecidas como brejo, para a prática da
agricultura e da pecuária.
A Caatinga é um bioma até o momento relativamente pouco alterado pela
ação humana, comparando-se aos biomas florestais brasileiros, devido ao clima
seco e ao fato de que os poucos rios são em sua maioria dependente da época da
chuva carecendo, ainda, da construção de açudes, cisternas e sistema de irrigação
para o desenvolvimento da região.
Cerrado
Trechos da narração do personagem Riobaldo, ex-jagunço, a um forasteiro,
na obra de João Guimarães Rosa – Grande Sertão: Vereda – descreve parte da
paisagem do cerrado brasileiro.
“O senhor vê: o remôo do vento nas palmas dos buritis todos, quando é começo de
tempestade. Alguém esquece isso? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega
o silêncio no colo...
Aí quando muito o vento abriu o céu, e o tempo deu melhora, a gente estava na erva
alta, no quase liso das altas terras. Assim expresso, chapadão voante. O chapadão
é sozinho – a largueza. O sol. O céu de não querer ver. O verde carteado do
grameal. As duras areias. A diversos que passam abandoados de araras – araral –
conversantes. Aviavam vir os periquitos, com o canto clim. ...Ali chovia? Chove – e
não encharca poça, não rola enxurrada, não produz lama; a chuva inteira se soverte
em minuto terra a fundo, feito um azeitezinho entrador. O chão endurecia cedo, esse
rareamento de águas. O fevereiro feito. Chapadão, chapadão, chapadão.
“De dia, é um horror de quente, mas para a noitinha refresca, e de madrugada se
escorropicha o frio, o senhor isto sabe”.
Após a leitura do texto da Unidade Didática referente ao bioma Cerrado, a
projeção do mapa do Brasil com a área de abrangência do bioma e o mapa físico, foi
realizada uma análise da região com destaque ao relevo do planalto central com
suas formas em chapadas, os grandes rios que têm suas nascentes na região, a
variação do clima durante o ano e os diferentes tipos de solo, em sua maioria,
bastante pobres e ácidos; também houve destaque para a grande variedade de
plantas e animais endêmicos e a propagação das queimadas que ocorrem de forma
intencional ou acidental, quando provocada por descuido ou por raios, concluindo
que estes fatores determinam as características gerais da vegetação, em sua
maioria composta por árvores, arbustos, herbáceas, subarbustivas com troncos
retorcidos e folhas grossas e de animais de pequeno e médio porte.
Ressaltou-se que a ocupação humana e as alterações no ambiente natural
ocorreram com a construção de Brasília, a expansão da rede de infra-estrutura
rodoviária e energética e a correção dos solos pobres e ácidos, tornando-os férteis e
produtivos. Com isso houve uma expansão da fronteira agrícola pelo Cerrado com
culturas de arroz, soja, milho, algodão e outras atividades agrárias e o consequente
aumento da população.
O desmatamento, o agronegócio insustentável e a irrigação artificial, aliados à
ausência de políticas eficientes que visem à preservação fazem do Cerrado um dos
biomas mais ameaçados do Brasil.
2.3 Biomas subtropicais
Figura 5 – Mata de Araucária
Figura 6 – Campos
MATA DE ARAUCÁRIA CAMPOS DE PLANALTO E
SULINO
Área Core
Km2 - 570.000 km2 -380.000 km2
Localização - Região Sul: Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul
- Região Sul: Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul
Latitude - De 230 a 300 de latitude sul - De 230 a 300 de altitude sul
Relevo
(altitude)
- Planalto Meridional.
- Altitude entre 800 a 1300 metros
- Planalto suavemente ondulado
com altitude entre 350 a 560
metros
Hidrografia
- Rios pertencentes às Bacias
Hidrográficas do Paraná e do
Uruguai.
- Rios pertencentes às Bacias
Hidrográficas secundárias.
Clima
(temperatura)
- Subtropical.
-Temperatura entre 120C e 180C.
- Suporta geada de até 100C
- Subtropical.
- Ventos afetam a temperatura que
em média fica entre 160C e 300C.
Clima
(precipitação)
- Entre 1200 mm a 1800 mm
anual. - Entre 1200 mm a 1500 mm anual.
Clima
(umidade
do ar)
- Relacionada à temperatura e a
altitude, com média anual entre 70
a 80%.
- Entre 70 a 80% ao ano.
Solo
- Solo de rochas mistas: arenito e
basalto.
- Latossolos brunos, latossolos
roxos, cambissolos, terras brunas
e solos litólicos: são profundos e
de grande potencial agrícola.
- Cambissolos: arenito bruno, raso
e arenoso.
- Paleossolos vermelho e claro,
pouca profundidade
Número de
espécies da
fauna e flora
- 12 espécies de pinheiros, sendo
a Araucária angustifólia endêmica
do Brasil e inúmeras espécies de
aves, mamíferos e roedores.
- Endemismo:
- 450 espécies de gramíneas, 150
de leguminosas, 385 de aves e 90
espécies de mamíferos.
Mata de Araucária
Na campina, na planície, no planalto, por vezes até na serra,
De tronco ereto, impávido e imponente,
Na flora linda, com soberbo encanto,
Ergue-se forte, majestosamente,
O alto Rei deste mágico recanto.
A natureza fê-lo altivo e ingente;
Ao vê-lo as relvas enchem-se de espanto,
E ele, em manhãs glaciais, de céu palente,
Encobre-se da bruma ao alvo manto,
De galhos uniformes circundado,
Tens a copa elegante, és coroado,
Por seres da floresta o Rei augusto.
Interpretando a letra da poesia do autor Octávio Secundino sobre as
características físicas do pinheiro e a leitura do texto do material didático
apresentado, comentou-se sobre as características do clima subtropical que
predomina na região, já que a floresta de Araucárias ocorre em associação com
outros tipos de vegetação, em terrenos elevados, de solos férteis, porosos e
profundos.
A Araucaria angustifolia é uma árvore nativa do Brasil; alta, esguia e
imponente, chegando atingir entre 30 e 50 metros de altura, tronco retilíneo de até 2
metros de espessura e galhos que envolvem o tronco central. Tem reprodução
dióica, isto é, a existência de árvores do sexo feminino e masculino, pouca floração,
polinização feita pela ação do vento e um longo ciclo reprodutivo que ocorre após 15
a 20 anos de idade, dificultando a sua reposição natural, em curto prazo.
A araucária interage intensamente com a fauna que contribui para a dispersão
das sementes, destacando-se os roedores, como a cotia, as pacas, os ouriços, os
camundongos e os esquilos e as aves, como os papagaios, os tucanos, as baitacas,
as tirivas, os pica-paus e a simbólica gralha azul.
O pinheiro foi importante no desenvolvimento sócioeconômico do sudoeste
paranaense, mas sua exploração indiscriminada o coloca na lista oficial das
espécies da flora brasileira em extinção. Com a devastação das matas de araucária,
surge a formação de pequenas e médias propriedades familiares, com população de
origem catarinense e gaúcha, nas quais se pratica uma intensa policultura devido à
fertilidade do solo. Na produção pecuária destaca-se a suinocultura, avicultura, gado
de corte e leiteiro e a presença de grandes agroindústrias como frigoríficos e
madeireiras, produção de papel fibra longa, celulose, móveis de madeira e
alimentícias. Concluiu-se, então, que atualmente a araucária é encontrada em
poucas reservas particulares, em áreas de enclave, de difícil acesso, em reservas
situadas no sudoeste paranaense e em reservas indígenas.
Campos de planalto e sulinos
Érico Veríssimo, em sua obra “Ana Terra” descreve as condições físicas e
climáticas da região dos Campos Meridionais, com vegetação rala e em capões,
terrenos em forma de coxilhas recortados por pequenos rios e solos rasos,
arenosos, ácidos e pobres em bactérias, com vegetação formada por gramíneas,
plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos. Na região predomina o clima
subtropical úmido com invernos rigorosos influenciados por ventos monçônicos
conhecidos por minuano. A região dos campos foi importante para a ocupação
central dos estados sulinos devido à presença de bandeirantes e mineradores que
se fixaram na região e se dedicaram à criação e comercialização de gado, atividades
favorecida pela diversidade de espécies de gramíneas endêmicas que ofereciam
pastagens naturais, água abundante e relevo suave propicio para a criação do gado,
assim como a ligação entre o sudeste brasileiro e a região sul através do Caminho
de Viamão, por onde os tropeiros seguiam do Sul ao Sudeste para a
comercialização do gado.
Atualmente, a paisagem da região dos Campos está bastante alterada. Com a
criação extensiva do gado, foi introduzido gramíneas mais resistentes às geadas, o
que resultou na extinção da pastagem natural e de muitas espécies de animais.
Predomina, na região, a silvicultura de pinus, grandes agroindústrias - papel e
celulose - laticínios e extensas áreas de plantio de grãos.
3.1 IMPLEMENTAÇÃO
No primeiro momento foi apresentado aos alunos o mapa do Brasil, através
do retroprojetor, onde foram localizados os biomas em estudo e questionamento
sobre o que é bioma, o que os diferencia e qual sua importância. Esses
questionamentos foram realizados em paralelo com a observação das
características gerais de cada bioma, apresentadas na tabela introdutória do material
didático. No segundo momento, foi entregue a cada aluno uma cópia da Unidade
Didática.
No início de cada dupla de biomas foi realizada a leitura dos textos literários
referentes a cada bioma com questionamento sobre quais aspectos do cenário eram
descritos, procurando fazer um paralelo entre a época que retrata o texto literário e a
atualidade: É o mesmo cenário? Houve transformações? Por que houve? Como era
o modo de vida da população local da época? E atualmente? Em seguida foi
apresentado visualmente (por retroprojetor de transparências) o mapa do Brasil com
a localização dos biomas e imagens retratando características do espaço geográfico
como formas do relevo, a hidrografia, características da vegetação endêmica,
espécies da fauna local, atividades econômicas desenvolvidas na região, aula no
laboratório de informática em busca de imagem de satélite sobre áreas desmatadas
para compreensão de como se deu a ocupação humana e a organização do espaço
como construção de rodovias, hidrelétricas, aglomerações urbanas, uso da terra,
técnicas de manejo do solo, desenvolvimento sustentável, reservas florestais,
mananciais, matas ciliares, enfim respeito às leis de preservação ambiental e
qualidade de vida.
Após a leitura dos textos, questionamento e debate sobre os biomas
apresentados dois a dois, comparativamente, foram realizadas atividades de
interpretação dos textos, busca de imagens da flora e fauna dos biomas na internet e
montagem de vídeos, listagem de plantas e animais em extinção, montagem de
painéis com dados gerais de cada bioma.
No relatório da entrevista com o agrônomo da EMATER consta que existem
duas áreas florestadas no município, mas não é reservas legalizadas, por falta de
conscientização dos proprietários da terra onde se encontram tais áreas; observou-
se que os mananciais e matas ciliares, até o momento não estão protegidos, mas
em fase de recuperação. Os tipos de solo mais comum no município são os
latossolos argilosos e arenosos onde se pratica o cultivo de produtos permanentes,
como o café, cana de açúcar, laranja, goiaba e outras frutas em menores escala;
dentre os produtos temporários, destacam-se os de grãos, com destaque para o soja
e o milho. A pecuária também é bastante expressiva no município, com destaque
para criação de gado de corte e em menor proporção de gado leiteiro. Quanto à
conservação do solo agrícola, a área do município apresenta manejo por meio de
curvas de nível, da prática de plantio direto e do uso de adubo químico e orgânico.
4. RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO
Os alunos com os quais foi desenvolvido o estudo da Unidade Didática usada
como material, para implementação do projeto pedagógico de intervenção
pedagógica na escola, teve um aprendizado significativo por terem a oportunidade
de fazer um estudo comparativo entre os biomas com características afins,
percebendo as semelhanças e diferenças existentes entre ambos. Concluiu-se que a
localização da “área core” de cada bioma, latitude, clima, tipos de solo, formas do
relevo e hidrografia influenciam na composição da vegetação e consequentemente
na diversidade e peculiaridade da fauna dos respectivos biomas em estudo.
A implementação também favoreceu momentos de estudos em equipe com
uso de materiais didáticos, tais como a leitura do texto da Unidade didática, a
projeção de imagens, a aula no laboratório de informática, onde foram produzidos
vídeos sobre os biomas, além da atividade de pesquisa no site do IBGE, de dados
relevantes sobre as atividades econômicas desenvolvidas na área de cada bioma.
Notadamente, verificou-se que os fatores econômicos, dentro de uma lógica
capitalista, levam à expansão das fronteiras agrícolas, principalmente na região do
Cerrado e parte da floresta Amazônica, provocando a migração de agropecuaristas
das regiões Sul e Sudeste do Brasil, rumo ao Centro-Oeste e Norte do país, dados
que foram apresentados através do censo demográfico de 2010, que detectou o
aumento da população dessas regiões pioneiras em detrimento das áreas de
ocupação mais antiga, no Brasil.
Durante o período de implementação, os alunos se mantiveram sempre
atentos e participativos o que favoreceu um ótimo aprendizado.
Como conclusão da implementação, foi realizada para toda a comunidade
escolar uma exposição de todos os trabalhos desenvolvidos como painéis sobre
flora e fauna, atividades econômicas e população de cada bioma, apresentação dos
vídeos produzidos pelos alunos e relatórios.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após todo o estudo e trabalho desenvolvidos, os alunos ficaram cientes da
importância de se manter a interrelação existente entre os elementos e fatores que
interferem na composição dos biomas, que são ambientes únicos de acordo com
suas especificidades, como clima, hidrografia e solo, dos quais dependem
totalmente a vida vegetal e animal e o próprio homem, pois dos recursos naturais
depende sua sobrevivência saudável.
Destacou-se que é necessário estar ciente de que a extinção ou rarefação de
qualquer espécie de vegetação e de animais, pode comprometer o equilíbrio da
natureza. Além de repassar conhecimento sistematizado para os alunos sobre a
interdependência que existe entre os diversos elementos e fatores que determinam o
ambiente dos biomas, também se faz necessário que após o entendimento do
conhecimento adquirido através da Unidade Didática estudada, haja uma
transformação da prática social em nível local e quiçá regional. Perceber que o
problema ambiental não está em local remoto, mas bem onde vivemos, haja vista ao
aumento das catástrofes naturais, da desertificação, da extinção de plantas e
animais. O futuro da humanidade pode começar pela mudança de comportamento
socioambiental das crianças e jovens de hoje, motivo que levou à escolha do tema
bioma, vinculado à ocupação humana e ao modo de exploração vigente em nosso
país.
Assim este Artigo, o Projeto e a Unidade Didática implementadas provam que
o conhecimento e a manutenção da inter-relação entre os elementos naturais é
indispensável para a manutenção de um ambiente saudável.
6. REFERÊNCIAS
_ Ecossistemas do Brasil/ texto Aziz Ab’Sáber; fotos Luiz Claudio Marigo. – São Paulo: Melhoramento, 2008 AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 5.ed.- São Paulo: Ateliê Editorial, 2008. CARVALHO, Izabel Cristina de Moura. A questão ambiental e a emergência de um campo de ação político-pedagógica. In Loureiro, Carlos Frederico B; LAYRARGUES, Philippe P; CASTRO, Ronaldo S. (orgs). Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2008 CUNHA, Euclydes da. Os Sertões: campanha de Canudos. 39a Ed. Rio de Janeiro: Editora Publifolha. 2000. DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Tradução Cid Knipel Moreira; revisão técnica José Augusto Drumond, 6a reimpressão - São Paulo: Companhia das Letras, 1996 EUGEN, Warming. O Cerrado Brasileiro: um século depois/ Aldo Luiz Klein (organizador) – São Paulo: Ed. UNESP, Imprensa Oficial do Estado, 2002 FLEISCHFRESSER, Vanessa. Amazônia, Estado e Sociedade. Campinas, SP: Armazém do Ipê (Autores Associados). 2006 BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazônia. MINC, Carlos. Ecologia e Cidadania. 2. Ed. – São Paulo: Moderna, 2005 – Coleção Polêmica. VALLE, Leandro Ferreira, VENTICINQUE Eduardo, ALMEIDA Samuel O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. PÁDUA, José Augusto. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica
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