DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · [email protected] [3] Orientadora: ... fenômeno que...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1A LINGUAGEM MUSICAL: PRESENÇA NA FORMAÇÃO HUMANA
2 Sônia Mendes Ferreira 3 Annie Rose dos SantosRESUMO
O presente artigo descreve o resultado da implementação de atividades musicais realizadas no Ensino Fundamental com o propósito de considerar a música como elemento imprescindível na educação, pelo seu valor artístico, estético, cognitivo e emocional. A música pode e deve ser utilizada em vários momentos do processo de ensino aprendizagem por ser componente histórico de qualquer época e oferecer condições de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. O presente projeto foi pensado considerando a possibilidade de se trabalhar nas aulas de língua portuguesa um estudo sobre a Bossa Nova, primeiro movimento musical a receber um nome e inovar o cenário da música nacional, objetivando a leitura interpretativa das letras, tendo em vista, o contexto histórico da época. Uma das justificativas para este projeto é o fato de que a Bossa Nova apresenta em suas canções, temáticas leves e descompromissadas, pois se situa em uma época estável e progressista do Brasil. O desenvolvimento deste projeto ocorreu de maneira a permitir ao aluno a apropriação da linguagem inerente a todo o contexto que envolveu a época da Bossa Nova, com a finalidade de que a compreensão da linguagem musical resultará também na compreensão que as palavras são carregadas de ideologia. Considera-se que o papel da música na educação não pode ser apenas uma experiência estética e lúdica, mas sim uma atividade carregada de significação, direcionada a ampliar a formação integral do aluno.
Palavras-chave: “música: contexto histórico; prática social; educação musical escolar.”
1. INTRODUÇÃO
A justificativa para este projeto desenvolvido no Programa de Desenvolvimento
Educacional - PDE é o fato de a música ter sido sempre muito presente em minha vida, e
mesmo atuando nas escolas públicas como professora de Língua Portuguesa e não de
_______________________
[1]Agradeço em primeiro lugar a Deus que me ajudou a ir em frente e não desistir, à minha família que me ajudaram dando amor e carinho em todo o processo. Agradeço também a minha orientadora Annie Rose dos Santos que não mediu esforços em me ajudar em todas as etapas do projeto.
[2] Professora PDE de Língua Portuguesa , formada pela Universidade Estadual de Maringá ( UEM )com especialização em “Deficiência Mental” pela (FAFIJAN ), docente no Colégio Estadual Governador
Adolpho de Oliveira Franco e no Colégio Estadual Serafim França, em Astorga. NRE, Maringá. [email protected]
[3] Orientadora: Annie Rose dos Santos, formada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Principal área de pesquisa: Linguística, Letras e Artes-Letras. Vinculada à Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Artes, observamos como a música pode tornar-se parte da identidade de uma pessoa
durante a adolescência. Todo adolescente tem suas canções favoritas com as quais se
identifica: sendo assim, acreditamos na música como um instrumento de educação,
como prática social, pois nela estão inseridos valores e significados atribuídos aos
indivíduos e à sociedade que a constrói. Nas palavras de Faria:
A música passa uma mensagem e revela a forma de vida mais nobre, a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas, envolvendo-as, trazendo lucidez à consciência.
(FARIA,2001,p.4)
Outro fator que corrobora o estudo por nós desenvolvido durante a formação
continuada no Programa PDE é a constatação de que os livros didáticos de Língua
Portuguesa sempre trazem como complemento ou sugestão de atividades fragmentos de
músicas que em sala de aula, os quais infelizmente são trabalhados em sala de aula
desconsiderando-se o seu contexto histórico, como não fosse importante no
conhecimento do processo da linguagem. Para interpretarmos esses fragmentos de
músicas propostos pelos livros didáticos, devemos considerar os estilos, os gêneros e as
formas musicais a partir de seus contextos de criação, porque é ali que estão seus valores
simbólicos e a lógica de suas estruturas, além de suas funções sociais.
A visão dialógica de Bakhtin(1988) propala que é na interação verbal, estabelecida
pela língua com o sujeito falante e com os textos anteriores e posteriores que a palavra
(signo social e ideológico) se torna real e ganha diferentes sentidos conforme o contexto.
Este autor também Bakhtin considera o homem um ser histórico e social, carregado de
valores, e a língua, na qual e pela qual se constitui, como reflexo das relações estáveis
entre os falantes. Assim, como o gênero musical propicia a interação verbal, julgamos
relevante analisar essa temática nesse Projeto PDE.
Ao investigar o conhecimento musical dos alunos da 6ª série do Ensino
Fundamental ano de 2008, observamos uma realidade preocupante: quanto menor o
poder aquisitivo do aluno, menor também seu conhecimento musical, além de uma
evidente preferência pelo “funk”; percebemos que os alunos de classe média
apresentavam um conhecimento musical mais qualificado, até mesmo por frequentarem
aulas de violão ou teclado.
Neste sentido,devemos considerar que a escola ainda se constitui, para muitos
alunos,o único espaço que pode e deve oferecer o conhecimento científico e cultural,
portanto, faz-se necessário que se “escolarize” a música através de um trabalho
consciente, fundamentado teoricamente, já que a escola é responsável pelo ensino dos
gêneros formais expressos pela linguagem. Essa é a função da escola: estabelecer
pontes, preencher lacunas, construir significados entre os objetos culturais midiáticos e o
saber elaborado.
Um ensino de Língua Portuguesa amparado nos gêneros (conforme propõe o
Círculo de Bakthin)) pretende que o aluno, ao escrever, não o faça como mero
mecanismo de aprendizagem, mas sim que interaja com o ensino e estabeleça uma
interconexão da linguagem com a vida social. Nesse propósito, acreditamos ser a Bossa
Nova uma fase musical relevante, por isso a escolhemos como objeto de estudo do
Projeto: A Linguagem Musical – Presença na Formação Humana, que teve como seu
maior objetivo oportunizar aos alunos o conhecimento de variados estilos musicais e
também da Bossa Nova, primeiro movimento musical a receber um nome e inovar o
cenário da música nacional. Esse movimento apresenta como compositores poetas como
Vinícius de Moraes e músicos como Tom Jobim, por isso as melodias suaves e a
linguagem tão expressiva de suas canções.
A esse respeito, afirma Medaglia:
música voltada para o detalhe, e para uma elaboração mais refinada com base numa temática extraída do próprio cotidiano: do humor, das aspirações espirituais e dos problemas da faixa social onde ela tem origem ( MEDAGLIA,2003,p.78).
É impossível ignorar o poder persuasivo da música na vida do adolescente; e
cabe-nos então a indagação: que tipo de música tem influenciado o nosso aluno?
Somos seres musicais, precisamos apenas de oportunidades para que a nossa
musicalidade seja celebrada e desenvolvida, necessitamos oferecer ao aluno meios de
ampliar seus horizontes musicais, promovendo sua organização emocional, mental,
social e cognitiva para que possa alcançar melhor integração intra e interpessoal. Data
da Antiguidade a preocupação com o ensino da música: Platão e Aristóteles mostraram
apreensão acerca dos efeitos de determinados tipos de harmonias, pelo que se detiveram
de forma pormenorizada na análise do tipo de música – modos, ritmos e instrumentos
que poderiam ser permitidos em uma civilização ideal:
(...) deve ter-se cuidado com a mudança para um novo gênero musical, que pode pôr tudo em risco. È que nunca se abalam os gêneros musicais sem abalar as mais altas leis da cidade, como Dâmon afirma e eu creio ( PLATÃO, A República,424 b-c)
2. BOSSA NOVA : MÚSICA E CONTEXTO SÓCIOCULTURAL
Em meados da década de 1950, havia no Brasil um forte sentimento nacionalista,
com base no governo de Juscelino Kubitschek: 50 anos em 5” era a meta de JK no que
se tratava do “progresso” nacional marcado pela entrada da indústria automobilística.
Segundo Bassani, a aspiração maior dessa política nacionalista era “ trazer o país para
hoje. Oficializa-se um projeto que aspire o Moderno em qualquer forma e conteúdo que
ele possa assumir, desde que pareça moderno” (BASSANI,2003, p.81).
Foi um marco nesse período a construção de Brasília, demonstrando o conceito
modernista em sua arquitetura, ainda que escondesse por trás de sua representação
moderna uma situação social de contraste, uma vez que os retirantes que participaram da
construção da nova capital viviam amontoados em favelas na periferia da cidade
planejada. E é nesse contexto que a Bossa Nova, fenômeno que no final da década de
1950 se iniciou com “Chega de Saudade “, entoada por João Giberto, “(...) foi causando
um inusitado incômodo, em conseqüência da forma concisa e delicada de sua linguagem
expressiva”, como afirma Júlio Medaglia( 2003,p.171).
A inovação da linguagem expressiva encontra-se no binômio música/letra, pois
trata-se de uma concentração máxima de elementos poéticos e musicais, como assevera
Medaglia:
O uso maior de modulações e acordes alternados exigiu também o desenvolvimento da audição e de harmonias e da criação de novos dedilhados ou posições instrumentais. Desenvolveu-se muito mais a estrutura rítmica de acompanhamento, que deixou de ser repetitiva, não sendo paralelaao canto e sempre se antecedendo um mínimo de tempo ao forte do compasso (MEDAGLIA,1993,p.77)
Jovens da classe média carioca como Nara leão, Tom Jobim, Roberto Menescal,
Ronaldo Bôscoli, dentre outros, passaram a reunir-se para fazer, à exemplo das jazz-
bands nas boates, as chamadas samba-sessions, isto é, “ sessões de samba sem hora para
começar nem acabar e com liberdade de improvisação” ( muito proliferadas em
Copacabana), constituídas por “pequenos conjuntos de piano, violão-
elétrico,contrabaixo, saxofone, bateria e pistão, que se especializaram num tipo de ritmo
misto de jazz e samba” ( TINHORÃO, 2002,p.39).
A grande inovação, porém, veio de um baiano de Juazeiro – João Gilberto,
descoberto em uma boate de Copacabana, que chamava a atenção com improvisos e
acordes compactos – o chamado violão gago. Assim, observa-se na estrutura de
composição harmônica e rítmica da Bossa Nova uma inovação na ambiência musical.
Era a “música voltada para o detalhe, e para uma elaboração mais refinada com base
numa temática extraída do próprio cotidiano: do humor, das aspirações espirituais e dos
problemas da faixa social onde ela tem origem”( MEDAGLIA,2003, p.78).
A Bossa Nova refletia o comportamento espiritual da juventude da zona sul
carioca. Uma música silenciosa, que através da sutileza revelava a aspiração ao amor e
um contexto sóciocultural. Podemos verificar esses aspectos na composição de Tom
Jobim e Vinícius de Moraes intitulada “Garota de Ipanema”.
GAROTA DE IPANEMA Composição: Antônio Carlos Jobim/ Vinícius de MoraesOlha que coisa mais lindaMais cheia de graçaÉ ela meninaQue vem e que passaNum doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo douradoDo sol de IpanemaO seu balançado é mais que um poemaÉ a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinhoAh, porque tudo é tão tristeAh, a beleza que existe
A beleza que não é só minhaE também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passaO mundo inteirinho se enche de graçaE fica mais lindoPor causa do amor
Nascida em um dos muitos encontros de Tom Jobim e do poeta Vinícius de
Moraes, no bairro de Ipanema, a música intitulada Garota de Ipanema foi considerada a
música mais tocada no mundo, com mais de 170 gravações em várias línguas, ganhando
até uma versão em inglês, na voz de Frank Sinatra.
A musa inspiradora da canção foi uma moça de apenas 15 anos, cheia de luz e de
graça, do tom da pele dourara, que passava diariamente em frente ao bar Veloso,
Ipanema e entre uma cervejinha e outra, surge a canção de maior sucesso na história da
música brasileira. Foi comemorado em 1989 no Carneggie Hall, o jubileu de prata da
gravação de ‘Garota de Ipanema’, destacando que em vinte e cinco anos a música
ultrapassava as 3 milhões de execuções em emissoras de rádio e televisão e fez do
compositor o segundo autor estrangeiro mais executado nos Estados Unidos.
A Bossa Nova teve como tema por excelência a cidade do Rio de Janeiro, e as
belezas dessa cidade são cantadas em muitas canções, como podemos observar em
‘Carta ao Tom’, composição de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Toquinho;
‘Copacabana’, composição de Braguinha e Alberto Ribeiro; ‘Corcovado’, composição
de Tom Jobim; ‘Samba do avião, composição de Tom Jobim e ‘Rio’, composição de
Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli:
CARTA AO TOM
TOQUINHO, VINÍCIUS E TOM JOBIM
Rua Nascimento e Silva, cento e sete e você ensinandopra ElizethAs canções de “Canção de Amor Demais”
Lembra que tempo feliz, ai que saudades, Ipanema erasó felicidade Nossa famosa garota nem sabia a que ponto a cidadeTurvariaEsse Rio de amor que se perdeuMesmo a tristeza da gente era a mais bela
E além disso se via da janelaUm cantinho de céu e o Redentor
COPACABANA
BRAGUINHA E ALBERTO RIBEIRO
Existem praias tão lindas, cheias de luzNenhuma tem o encanto que tu possuisTuas areiasTeu céu tão lindoTuas sereias sempre sorrindoCopacabana princesinha do marPelas manhãs tu és a vida a cantar
CORCOVADO
TOM JOBIM
Um cantinho um violãoEste amor uma cançãoPra fazer feliz a quem se amaMuita calma pra pensarE ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o CorcovadoO Redentor que lindo
SAMBA DO AVIÃO
TOM JOBIM
Minha alma canta, vejo o Rio de JaneiroEstou morrendo de saudadeRio teu mar praias sem fimRio você foi feito pra mimCristo RedentorBraços abertos sobre a GuanabaraEste samba é só porque,Rio eu gosto de você
RIO
ROBERTO MENESCAL / RONALDO BOSCOLI
Rio que mora no marSorrio pro meu Rio que tem no seu marLindas flores que nascem morenasEm jardins de sol
Rio serras de veludoSorrio pro meu Rio que sorri de tudoQue é dourado quase todo o dia
E alegre como a luzRio é mar, é terno se fazer amar
A Bossa Nova se caracterizou pelo ‘não estrelismo’, em que o cantor não se
sobrepunha à banda ou aos instrumentos, mas sim era uma configuração mais próxima a
um trabalho de equipe. Foi a partir desse momento que se passou a valorizar a ficha
técnica e todos os profissionais envolvidos na gravação, edição, composição gráfica das
capas dos LPs até sua finalização foram nominalmente citados. Uma grande inovação
trazida nas relações produtivas da Bossa Nova foi em relação à apresentação gráfica nas
capas dos discos. A foto até então muito utilizada passou a dar lugar para ilustrações
mais simples, muitas vezes geometrizadas, trazendo a estética racional moderna,
inclusive na redução das cores, fundo brancos e fotografias em alto contraste, sem
detalhamentos. _César Vilela, por exemplo, trouxe a linguagem da estética racional e
funcional do modernismo, por vezes próxima aos resultados visuais da arte concreta
brasileira, às capas da Bossa Nova.
Podemos observar neste sentido, a “(...) vontade de racionalização dos problemas
e o espírito de pesquisa(...)” (MEDAGLIA, 2003, p.98). A relação com os meios e
processos industriais, a geometrização das formas, o sentido racional na composição e a
linguagem objetiva podem ser identificados na estrutura composicional e nas letras da
Bossa Nova.
2.1 A POESIA DE VINÍCIUS DE MORAES
Antes de ser cantor e compositor em parceria com Tom Jobim, Vinícius era poeta
por excelência como testemunha Carlos Drummond de Andrade: “Vinícius é o único
poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado
natural”. Consagrado no movimento da Bossa Nova, Marcus Vinícius Cruz de Melo
Moraes foi poeta, compositor e intérprete, destacando-se na poesia, sendo considerado o
último e um dos mais brilhantes poetas do modernismo. Nascido no bairro do Jardim
Botânico no Rio de Janeiro, cidade que jamais cansou de cantar e louvar, formou-se em
Direito em 1933. No mesmo ano publicou seu primeiro volume de poemas, O Caminho
para a Distância e, em 1935, lançou Forma e Exegese. Escrevendo sonetos tensos e
versos pomposos, sua poesia inicial está tomada pela metafísica, com poemas de acentos
bíblicos. Em Novos Poemas, também escrito em 1938, abandonou as imagens espirituais
em favor de uma linguagem mais realista, coloquial e lírica. Em 1958, com o
lançamento do LP Canções do Amor Demais, gravado por Eliseth Cardoso, de
composições suas em parceria com Antonio Carlos Jobim iniciou-se a bossa nova.
Muitas poesias de Vinícius tornaram-se lindas canções, como ‘Minha Namorada’; ‘A
Rosa de Hiroshima’; ‘Pela luz dos olhos teus’; ‘Soneto de Fidelidade’; ‘De Repente’ e
‘A Felicidade’:
MINHA NAMORADA
CARLOS LYRA E VINÍCIUS DE MORAES
Meu poeta eu hoje estou contenteTodo mundo de repente ficou lindo, ficou lindo de morrerEu hoje estou me rindoNem eu mesma sei de quePorque eu recebi uma cartinhazinha de vocêSe você quer ser minha namoradaAh, que linda namorada você poderia ser
A ROSA DE HIROSHIMA
VINÍCIUS DE MORAES
Pensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheres rotas alteradas
PELA LUZ DOS OLHOS TEUS VINÍCIUS DE MORAES
Quando a luz dos olhos meusE a luz dos olhos teus resolvem se encontrarAi que bom que isso é meu DeusQue frio que me dá o encontro desse olharMas se a luz dos olhos teusResiste aos olhos meus só pra me provocarMeu amor, juro por Deus, me sinto incendiar
SONETO DE FIDELIDADE
VINÍCIUS DE MORAES
E tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamentoQuero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu pranto
DE REPENTE
VINÍCIUS DE MORAES
De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas úmidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espantoDe repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chama
A FELICIDADE
TOM JOBIM E VINÍIUS DE MORAES
Tristeza não tem fimFelicidade, simA felicidade é como a plumaQue o vento vai levando pelo arVoa tão leve mas tem a vida brevePrecisa que haja vento em pararA felicidade do pobre pareceA grande ilusão do carnaval
A poesia, assim como a música, ajuda na formação de leitores, tornando-os mais
sensíveis à beleza, mais críticos e reflexivos em relação a si mesmos e ao mundo que os
rodeia; tanto a música quanto a poesia residem mais no sentir do que no compreender e
ao aguçar esse “sentir” no aluno é ajudá-lo a abrir as portas para a leitura, adquirindo o
gosto pela leitura.
A esse respeito assim se manifesta Cervera:
O educador não tem que ser poeta, mas há de deixar transparecer seu gosto pela poesia e conhecimentos significativos sobre ela. Tampouco há que aspirar que as crianças sejam poetas. Bastará que a influência da poesia alcance a sua sensibilidade mais que o seu pretendido trabalho criativo; bastará, inclusive, que intuam que existem diferenças entre a linguagem da prosa e da poesia ( CERVERA,1992,p.91)
3. DESENVOLVIMENTO
Atividade número 1: Gostos Musicais
Para a execução deste Projeto, foram necessárias diversas atividades, as quais são
aqui descritas, passo a passo. O nosso objetivo foi verificar que gênero musical os
alunos mais têm ouvido, se a escolha por dado gênero musical associava-se ao ritmo ou
à letra da melodia, e se conseguiam classificar o gênero das músicas. Os alunos tiveram
a oportunidade de interagir, fomos anotando no quadro-negro o nome das músicas, das
bandas, dos cantores e dos estilos citados. Ao final, comentamos sobre os variados
estilos, respeitando a preferência de cada um e também discutimos o papel da música em
nossas vidas; a influência de cada estilo, para chegarmos à questão que mais importava,
ou seja, o fato de a música pertencer a um determinado contexto histórico.
Direcionamos a discussão para o entendimento de que a linguagem musical
reflete os ideais da época em que são produzidas, assim como postulamos ser a
cançãoum texto de circulação social com uma marca característica na camada da
sociedade que a utiliza, com uma temática e estrutura composicional com marcas bem
definidas. Sendo assim, os alunos levaram como tarefa para casa uma entrevista com
os pais e avós sobre as músicas que ouviam em sua época e todas as informações
possíveis sobre como eram as músicas nessa época.
A música é um gênero textual, e, conforme propalam Bakhtin (1999), e
posteriormente os PCNs (1998):
todo texto se organiza dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas como parte das condições de produção dos discursos as quais geram usos sociais que os determinam ( BRASIL,1998, p.21)
Atividade número 2: Temas de novelas
A seguir, descrevemos a atividade 2, cujo objetivo era apresentar o movimento
Bossa Nova aos alunos. Para iniciar propriamente o estudo da Bossa Nova com os
alunos, nada melhor do que começar ouvindo lindas canções, por isso selecionamos duas
músicas da Bossa Nova já conhecidas por eles por serem temas de novelas conhecidas;
‘Wave’, composição de Tom Jobim e ‘ Sei lá’ “ A vida tem sempre razão”, composição
de Tom Jobim em parceria com Chico Buarque. Na atividade em questão, gravamos o
vídeo com a abertura original das duas novelas, para os alunos se sentirem ainda mais
familiarizados, deixamo-los à vontade para cantarem enquanto assistiam, notamos que
gostaram muito da atividade, todos participaram, cada qual a sua maneira, não nos
preocupamos em fazer uma interpretação minuciosa das letras, comentamos apenas
sobre o linguajar simples e a melodia suave dessas canções, e todos concordaram.
Reproduzimos as letras das melodias trabalhadas em sala de aula.
WAVE – Tema da Novela Páginas da Vida ( Rede Globo)
Composição: TOM JOBIM
Vou te contarOs olhos já não podem verCoisas que só o coração pode entenderFundamental é mesmo o amorÉ impossível ser feliz sozinho...
SEI LÁ “ A VIDA TEM SEMPRE RAZÃO” – Tema da Novela Viver a Vida( Rede
Globo)
Composição de Tom Jobim e Chico Buarque
Tem dias que eu fico pensando na vidaE sinceramente não vejo saídaComo é por exemplo que dá pra entenderA gente mal nasce e começa a morrerDepois da chegada vem sempre a partidaPorque não há nada sem separaçãoSei lá, sei láÁvida é uma grande ilusão
Atividade número 3: O Contexto Histórico da Bossa Nova
Para o desenvolvimento dessa atividade, foram levados à sala de aula
documentários e fotos, e por intermédio deles apresentamos aos alunos o contexto
histórico da Bossa Nova, com ênfase para os fatos políticos importantes da época, assim
como a produção industrial e o desenvolvimento tecnológico que marcou o modernismo
no mundo.
Fizemos um levantamento da biografia de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e
destacamos outros compositores importantes; a origem e o significado da palavra
“bossa” também foi assunto dessa atividade. Nessa exposição oral relatamos
brevemente os aspectos relevantes para estudo e maior aprofundamento, e para tarefa de
casa solicitamos uma pesquisa entre 10 a 15 linhas sobre o contexto histórico que
envolveu a Bossa Nova.
Encerramos a atividade ouvindo e apreciando a música ‘Garota de Ipanema’,
composição de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, a referimos neste trabalho.
Atividade número 4: Apresentação de Pesquisa Realizada
Essa atividade foi de fundamental importância para a apreensão do conteúdo e
para maiores informações sobre o movimento Bossa Nova. Para sua realização, os
alunos foram convidados a fazer um recorte em suas pesquisas daquilo que mais
chamara-lhes a atenção. A participação dos alunos se deu de maneira satisfatória e muito
relevante, pois todos tiveram a oportunidade de ler o que pesquisaram. À medida que
novas e importantes informações surgiam das leituras, fazíamos as devidas anotações
para que, ao final, cada aluno tivesse em seus cadernos o conteúdo na íntegra, conforme
o estudado e discutido em sala.
A formação de um sujeito crítico e ao mesmo tempo sensível, capaz de ler os
textos e o mundo, aberto às experiências estéticas, à fruição, ao gozo artístico passa por
um processo de humanização que é, sem dúvida, social. Em Marx, Engels vamos
encontrar:
os sentidos do homem social são diferentes dos do homem que não vive em sociedade. Só pelo desenvolvimento objetivo da riqueza dos sentidos humanos subjetivos, que um ouvido musical, um olho sensível à beleza das formas...se transformam em sentidos que se manifestam como forças do ser humano e são quer desenvolvidos, quer produzidos...a formação dos cincosentidos representa o trabalho de toda a história do mundo até hoje ( MARX, ENGELS,1986,p.25).
Atividade número 5: O Rio de Janeiro
No desenvolvimento dessa atividade, apresentamos aos alunos imagens (fotos)
do Rio de Janeiro no governo de Juscelino Kubischek, para que comparassem com as
imagens apresentadas do Rio de Janeiro atual e propusemos aos alunos que
pesquisassem mais imagens dessa cidade, com destaque para as praias. Observamos, ao
estudar as letras das canções da Bossa Nova, que as belezas da cidade do Rio de Janeiro
são cantadas em muitas composições, por isso tornou-se importante e imprescindível
trabalhar com os alunos através de vídeos e slides a parte geográfica da cidade,
Copacabana e Ipanema, principalmente, foram cenários das noites musicais que
mudaram a história da cultura brasileira.
Ouvimos as canções selecionadas, que entre outros temas, cantavam as belezas
do Rio de Janeiro enquanto visualizávamos as imagens, e foi interessante perceber que,
ao analisarem as fotos, os alunos fizeram vários comentários, observaram, além da parte
geográfica, as roupas e penteados da época, achavam ora engraçado, ora interessante,
ora diferente e planejaram fazer aqueles penteados e também buscarem um vestuário
parecido aos das fotos, para usarem no encerramento do projeto, ideia que aprovamos
de imediato. O objetivo dessa atividade foi atingido, uma vez que os alunos tiveram
mais um recurso na apreensão e compreensão do contexto histórico que envolveu a
Bossa Nova, porque como diz a canção: “...Rio é mar/ Eterno se fazer amar/ O meu Rio
é lua/ Amiga, branca e nua. É sol, é sal, é sul/ São mãos se descobrindo em tanto azul”. –
Rio. ( Roberto Menescal/ Ronaldo Bôscoli).
Atividade 6 : Momento Poesia
Apresentamos aos alunos, nessa atividade, uma breve biografia de Vinícius de
Moraes que foi complementada com apresentações de vídeos e documentários sobre o
poeta, logo após conhecemos e cantamos as composições de Vinícius, composições estas
que antes de se tornarem músicas eram poesias de sua autoria.
De todas as poesias /músicas ouvidas, constatamos que os alunos se
identificaram com o vídeo apresentado, da música ‘Pela luz dos olhos teus’(composição
de Vinícius de Moraes), e foi interessante observarmos como os alunos pediam para
ouvi-la novamente, e na segunda apresentação do vídeo já estavam cantando a letra sem
inibição, sendo esta uma das músicas escolhidas por eles na lista das melhores da Bossa
Nova.
O objetivo da atividade foi o de enaltecer a atividade poética e assim motivar a
leitura e produção de textos poéticos, e para que isso se concretizasse, propusemos aos
alunos que lessem com entonação e emoção as poesias de Vinícius de Moraes, já por
selecionadas, como atividade lúdica e prazerosa, e nesse momento também
relembramos das poesias que de alguma forma eles conheciam, como, por exemplo, ‘O
Pato’ e ‘A Casa’, transcritas a seguir.
O PATO
Lá vem o PatoPata aqui, pata acoláLá vem o PatoPara ver o que é que háO Pato patetaPintou o canecoSurrou a galinhaBateu no marreco
Pulou do poleiroNo pé do cavaloLevou um coiceCriou um galoComeu um pedaço De jenipapo
Ficou engasgadoCom dor no papoCaiu no poçoQuebrou a tigelaTantas fez o moçoQue foi pra panela
A CASA
Era uma casaMuito engraçadaNão tinha tetoNão tinha nadaNinguém podiaEntrar nela não
Porque na casaNão tinha chãoNinguém podiaDormir na redePorque a casaNão tinha paredeNinguém podiaFazer pipiPorque penicoNão tinha aliMas era feita
Com muito esmeroNa Rua dos BobosNúmero Zero
A leitura dessas poesias, trouxe um momento lúdico para a aula e serviu também
para aproximar os alunos, no sentido de desmitificar o poeta e músico da Bossa Nova,
Vinícius de Moraes.
Atividade número 7: A Importância da música “Chega de Saudade”
Para a realização dessa atividade, transcrevemos a letra da música ‘Chega de
saudade’, de Vinícius de Moraes, e descrevemos o trabalho realizado em sala de aula.
CHEGA DE SAUDADE
TOM JOBIM E VINÍCIUS DE MORAES
Vai minha tristezaE diz a ela que sem ela não pode serDiz-lhe numa preceQue ela regressePorque eu não posso mais sofrer
Chega de saudadeA realidade é que sem elaNão há paz não há belezaÉ só tristeza e a melancoliaQue não sai de mimNão sai de mimNão sai
Mas, se ela voltarSe ela voltar que coisa linda!Que coisa louca!Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhosQue eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços, os abraçosHão de ser milhões de abraçosApertado assim colado assim, colado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fimQue é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócioDe você longe de mimVamos deixar esse negócioDe você viver sem mim
A canção ‘Chega de Saudade’ constitui-se uma arquicanção, isto é, constitui uma
canção referência no movimento Bossa Nova, sendo considerada seu marco inicial. A
interpretação dessa música mostra com clareza comparativa a marca de originalidade do
estilo bossa nova de ser.
No início da canção, o eu-lírico dialoga com seu sentimento, a “tristeza”, e pede-
lhe: ‘vai minha tristeza/ e diz a ela que/ sem ela não pode ser/ diz-lhe numa prece que ela
regresse/ porque eu não posso mais sofrer’. Para o eu-lírico, basta de tantas saudades, já
que na sua realidade: ‘sem ela não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia/
que não sai de mim, não sai’. Até este momento, a melancolia acompanha o tom de
infelicidade da letra, a partir daí, a canção se torna mais esperançosa e alegre, o eu lírico
já anuncia as alegrias da volta da mulher amada: ‘mas se ela voltar, se ela voltar/que
coisa linda, que coisa louca’. O uso do termo ‘coisa’ é algo que se tornou comum na
bossa nova para deixar a linguagem próxima do cotidiano dos falantes, o mesmo
acontece no emprego da palavra ‘negócio’: Que é pra acabar com esse negócio/ De você
viver sem mim.
Temos na interpretação de ‘Chega de Saudade’ a quebra do exacerbamento do
que era vigente até então, a canção mostra que ouvir uma composição de bossa nova não
era mais ouvir o drama pessoal declamado em um estilo semelhante ao de uma ópera,
mas participar engajadamente em uma conversa inteligente, o exagero na expressão de
sentimentos não é característico do movimento, vemos que até a demonstração de afeto
é mostrada de forma quase ‘infantil’ em “pois há menos peixinhos a nadar no mar/ do
que os beijinhos que eu darei na sua boca.” Outra inovação do movimento bossa nova é
o tratamento dado à mulher que é de fineza, a mulher é a companheira, a amiga, a figura
admirada, diferentemente do período anterior à bossa nova, no qual a mulher era a
traidora e a traída.
O objetivo dessa atividade foi o de ratificar as reais contribuições da bossa nova
para a música brasileira, bem como o de estabelecer parâmetros de comparação deste
determinado período da história da música brasileira.
Ao final da interpretação, propusemos aos alunos a interpretação da música
‘Minha Namorada’ , de Vinícius de Moraes, e observamos que os alunos se
identificaram com a letra, uma vez que trata do primeiro amor, um amor desejado,
porém inocente e grandioso. Julgamos relevante o estudo da música, o contato direto
com a poesia de Vinícius de Moraes, porque atualmente a beleza de se cantar o amor em
versos tão sublimes já não é mais uma prática das nossas canções.
Atividade número 8: Jornal da Bossa
Com a finalidade de prepararmos a apresentação de encerramento do Projeto
para o colégio, fez-se necessário dividir a turma em equipes, delegando a cada uma a
produção de um jornal informativo sobre a Bossa Nova; e para montarem esse jornal foi
preciso reunirmos todas as informações e pesquisas realizadas pelos alunos até aquele
momento.
Cada equipe escolheu os temas que abordariam, assim como as músicas ou
poesias que acompanhariam o fechamento do jornal, de modo semelhante ao que ocorre
na apresentação de um jornal televisivo, escolheram entre eles quem iria estaria à frente
da apresentação, foi uma escolha difícil, porque todos queriam ser apresentadores; uma
vez feita a escolha, partiram para a montagem do jornal, pesquisaram fotos que
demonstravam o contexto histórico da época, selecionaram músicas que seriam cantadas
por eles com o acompanhamento do vídeo original dos cantores, algumas equipes
optaram por simular uma entrevista com as celebridades da música na época, como Nara
Leão, Vinícius de Moraes, Antônio Carlos Jobim, João Gilberto.
Para incutir mais veracidade à entrevista, os alunos pesquisaram sobre a vida e as
particularidades de cada artista, para através da entrevista,poder passar mais
informações sobre o movimento Bossa Nova e assim enriquecer a finalização do
Projeto.
Atividade 9: Apresentação do Projeto Bossa Nova pelos Alunos
O principal objetivo dessa atividade foi o de proporcionar aos alunos, através do
estudo da Bossa Nova, a prática da escrita, da leitura e da oralidade, optando não por
textos convencionais, mas sim pela leitura interpretativa de músicas que fizeram parte de
um momento de nossa história e carregam consigo uma ideologia vivenciada pelos
compositores, cantores e por toda uma geração, como assevera os PCNs:
não se trata de seguir uma progressão linear, mas de se ter em vista as necessidades dos alunos. Dessa maneira, as categorias em pauta: leitura, escrita e oralidade possibilitam que, de diferentes maneiras, os educandos construam padrões de escrita, apropriando-se de diferentes arranjos composicionais, conteúdos temáticos e estilos dos gêneros em circulação nas diferentes áreas de atividade humana. E gradativamente, desenvolvam seu estilo( marcas de autoria).(PCNs, BRASIL,1988)
A apresentação se deu no auditório do Colégio Governador Adolpho de Oliveira
Franco, as turmas de 8ªs séries do Ensino Fundamental foram convidadas a prestigiar o
evento; o desenvolvimento da apresentação superou as expectativas; as equipes
demonstraram segurança, estavam todos vestidos a caráter, o que colaborou na
apropriação do ambiente que se desejava construir, a década de 1960
Muitos professores também assistiram a apresentação, assim como a supervisão e
direção do Colégio, e esse reconhecimento foi gratificante e contribuiu na valorização
do Projeto e da participação dos alunos. Entre apresentar o jornal, recitar poesias e
simular entrevistas com os cantores da Bossa Nova, foram muitas as canções por eles
cantadas, todas já pré-selecionadas e muito bem ensaiadas, sendo esse o maior motivo
do sucesso do evento de encerramento do Projeto.
Conclusão
Ao estudar o contexto histórico que envolveu a Bossa Nova, os alunos puderam
entender a música como fato social, e ao interagirem com as músicas estabeleceram uma
relação dialógica com as mesmas, uma vez que compreenderam o texto música além de
seus limites formais.
Durante o Projeto as melodias e letras das canções da Bossa Nova ganharam
novas significações nas diversas atividades interativas: no contato com a linguagem
científica, na pesquisa de documentários entre outras fontes de informação, na
linguagem poética da leitura e interpretação das canções compostas por músicos poeta
como Vinícius de Moraes, e nas melodias tão bem elaboradas por Antônio Carlos
Jobim, entre outros.A expressão oral foi trabalhada em diversas atividades do projeto,
desde a simples exposição oral de pesquisas até à realização de declamações poéticas e
cantos no evento de encerramento , obtivemos um diálogo intertextual na execução de
cada atividade proposta, ao considerarmos que as canções da Bossa Nova foram
inseridas em um universo particular de cada aluno, em um repertório musical já
existente, a junção dessas experiências musicais também se mostrará única para cada
aluno.
A proposta do Projeto não se encerra aqui, podemos apenas afirmar que este
Projeto confirma a necessidade de se trabalhar o gênero música considerando o seu
contexto sociocultural e que a música pode e deve ser trabalhada nas aulas de Língua
Portuguesa pois o Projeto promoveu e contribuiu no processo de formação de um aluno
crítico e ao mesmo tempo sensível, capaz de ler os textos com experiência estética e
fruição do gosto artístico musical..
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