CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2):...

9
GEONOMOS (2005) 13 GEONOMOS (2005) 13 GEONOMOS (2005) 13 GEONOMOS (2005) 13 GEONOMOS (2005) 13 (1,2): 37-45 CROST CROST CROST CROST CROSTAS BIOLGICAS DE SAPRLIT AS BIOLGICAS DE SAPRLIT AS BIOLGICAS DE SAPRLIT AS BIOLGICAS DE SAPRLIT AS BIOLGICAS DE SAPRLITOS DA OS DA OS DA OS DA OS DA REGIˆO DO REGIˆO DO REGIˆO DO REGIˆO DO REGIˆO DO QUADRIL`TERO FERR˝FERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQU˝MICA QUADRIL`TERO FERR˝FERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQU˝MICA QUADRIL`TERO FERR˝FERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQU˝MICA QUADRIL`TERO FERR˝FERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQU˝MICA QUADRIL`TERO FERR˝FERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQU˝MICA E MICROMORFOLGICA E MICROMORFOLGICA E MICROMORFOLGICA E MICROMORFOLGICA E MICROMORFOLGICA Elaine de S. Trindade (*), Carlos Ernesto G.R. Schaefer (**), Walter A. P. Abrahªo (***), Emerson S. Ribeiro Jr (****), Deise M.F. Oliveira (****) & Paulo CØsar Teixeira (****) ABSTRACT The role of biological crusts in nutrient cycling and soil structure genesis in saprolites, in tropical conditions, is little known. This work reports on the biochemical weathering and structural reorganization resulting from the biological crusts action in different saprolites of the QuadrilÆtero Ferrfero and neighbor areas, MG. These road exposures were oriented to the south, encompassing a diabase (DB), gneiss (GN), itabirite (IT), schist (XT) and gold-mine spoil-pile from Morro Velho (MV), comprising metasediments of the Rio das Velhas supergroup. There were collected and identified cyanobacteria, fungi, lichens and mosses. Based on the biogeochemical study, the exchangeable levels of K, Mn and Zn were preferably concentrated in the crust. The exchangeable Fe levels were higher in the altered under zone, constituted possibly by secondary Fe-migration and precipitation through lateral fluxes. There were no clear trend of Ca and Mg distribution, although they were apparently concentrated in the crust in the IT and XT substrates, and in the altered zone in the DB. In MV spoil, the Ca dynamic was affected by sulfide oxidation, following acid drainage. In terms of total levels Mn, Fe, Mg, Cu and Zn were higher in the diabase saprolite, due to its maficity, in a clear contrast with the host gneiss, represented by the GN saprolite, with low levels of Fe, Mn, Mg and Cu. The richer substrates (DB, MV e XT) showed a trend of increasing total levels with depth, whilst the nutrient poor substrates (GN e IT) had higher levels of some elements in the crust, compared with the saprolito. The micropedological features are notably rich and varied, showed buried micropedogenetic horizons, sapric and histic micro-horizons, micro-stratification, ferruginous zones similar to Fe/Mn micropans, amongst others. The biological crusts efficiently covered the saprolites, being responsible to micropedogenetic features and a clear process of biological microstructuration of the exposed saprolites. This process is capable of altering the moisture balance and erosion dynamic of the slope, with important geomorphological and environmental implications. (*) Gegrafa, mestre em Solos e Nutriªo de Plantas pelo Depto de Solos (**) Professor Adjunto do Depto de Solos (***) Professor Assistente do Depto de Solos (****) Engenheiros agrnomos, doutorandos do Depto de Solos. Universidade Federal de Viosa, Viosa, 36.571-000, MG, Brasil. E-mail: [email protected]. INTRODU˙ˆO Grande parte dos estudos voltados para o entendimento das interaıes entre microrganismos e substrato inorgnico tem sido conduzida por bilogos e gelogos, sobretudo no que se refere atividade de lquens. Consequentemente, pouco do significado da ciclagem biogeoqumica na gŒnese do solo sob crostas biolgicas foi atØ agora esclarecido. Por crosta biolgica entende-se uma fina camada orgnica, com espessura entre 5 e 50mm (PØrez, 1997), formada superfcie de substratos de diversas naturezas (rocha inalterada, saprolito ou solo) em funªo da instalaªo e desenvolvimento de comunidades de microrganismos e plantas inferiores, que podem compreender bactØrias, fungos, algas, lquens, brifitas e, ou, pteridfitas. Trabalhos especficos sobre o tema apontam para o papel da biota no intemperismo biofsico do substrato mineral, principalmente atravØs da penetraªo de hifas e filamentos e consequente desagregaªo associada aos ciclos de hidrataªo desidrataªo (Jones et al., 1987, Wierzchos e Ascaso, 1998; Barker et al., 1998). Por outro lado, hÆ trabalhos que ressaltam a importncia dessas comunidades pioneiras na estabilizaªo de solos sobre os quais sªo esparsas ou ausentes plantas superiores (Neuman et al., 1996; PØrez, 1997; Barker et al., 1998). Nesse sentido, sªo levantadas como principais causas do aumento da resistŒncia erosªo, em relaªo aos stios descobertos, o aumento da infiltraªo e manutenªo de umidade, condicionados pela rugosidade e concentraªo de compostos orgnicos na superfcie do encrostamento, e maior coesªo das partculas do solo, proporcionada por cimentantes orgnicos (principalmente, polissacardeos) e crescimento de corpos filamentosos. Inœmeros trabalhos confirmam a Œnfase dada ao papel das associaıes organo-minerais na agregaªo e estabilidade estrutural dos solos, embora nªo sejam especficos sobre encrostamentos orgnicos (Martin e Waksman, 1940; Peele e Beale, 1941; Tisdall e Oades, 1982; Lynch e Elliott, 1983; Chenu, 1989 e 1993; Dorioz et al. 1993; Emerson, 1995; Faria,1996).

Transcript of CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2):...

Page 1: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

GEONOMOS (2005) 13GEONOMOS (2005) 13GEONOMOS (2005) 13GEONOMOS (2005) 13GEONOMOS (2005) 13 (1,2): 37-45

CROSTCROSTCROSTCROSTCROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DAOS DAOS DAOS DAOS DA REGIÃO DO REGIÃO DO REGIÃO DO REGIÃO DO REGIÃO DOQUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQUÍMICAQUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQUÍMICAQUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQUÍMICAQUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQUÍMICAQUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG: CICLAGEM BIOGEOQUÍMICA

E MICROMORFOLÓGICAE MICROMORFOLÓGICAE MICROMORFOLÓGICAE MICROMORFOLÓGICAE MICROMORFOLÓGICA

Elaine de S. Trindade (*), Carlos Ernesto G.R. Schaefer (**), Walter A. P. Abrahão (***),Emerson S. Ribeiro Jr (****), Deise M.F. Oliveira (****) & Paulo César Teixeira (****)

ABSTRACT

The role of biological crusts in nutrient cycling and soil structure genesis in saprolites, in tropicalconditions, is little known. This work reports on the biochemical weathering and structuralreorganization resulting from the biological crusts action in different saprolites of the QuadriláteroFerrífero and neighbor areas, MG. These road exposures were oriented to the south, encompassing adiabase (DB), gneiss (GN), itabirite (IT), schist (XT) and gold-mine spoil-pile from Morro Velho(MV), comprising metasediments of the Rio das Velhas supergroup. There were collected and identifiedcyanobacteria, fungi, lichens and mosses. Based on the biogeochemical study, the exchangeable levelsof K, Mn and Zn were preferably concentrated in the crust. The exchangeable Fe levels were higherin the altered under zone, constituted possibly by secondary Fe-migration and precipitation throughlateral fluxes. There were no clear trend of Ca and Mg distribution, although they were apparentlyconcentrated in the crust in the IT and XT substrates, and in the altered zone in the DB. In MV spoil,the Ca dynamic was affected by sulfide oxidation, following acid drainage. In terms of total levels Mn,Fe, Mg, Cu and Zn were higher in the diabase saprolite, due to its maficity, in a clear contrast with thehost gneiss, represented by the GN saprolite, with low levels of Fe, Mn, Mg and Cu. The richersubstrates (DB, MV e XT) showed a trend of increasing total levels with depth, whilst the nutrientpoor substrates (GN e IT) had higher levels of some elements in the crust, compared with thesaprolito. The micropedological features are notably rich and varied, showed buried micropedogenetichorizons, sapric and histic micro-horizons, micro-stratification, ferruginous zones similar to Fe/Mnmicropans, amongst others. The biological crusts efficiently covered the saprolites, being responsibleto micropedogenetic features and a clear process of biological microstructuration of the exposedsaprolites. This process is capable of altering the moisture balance and erosion dynamic of the slope,with important geomorphological and environmental implications.

(*) Geógrafa, mestre em Solos e Nutrição de Plantas pelo Depto de Solos (**) Professor Adjunto do Depto de Solos (***) Professor Assistente do Depto de Solos (****) Engenheiros agrônomos, doutorandos do Depto de Solos.

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 36.571-000, MG, Brasil. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

Grande parte dos estudos voltados para oentendimento das interações entre microrganismos esubstrato inorgânico tem sido conduzida por biólogose geólogos, sobretudo no que se refere à atividade delíquens. Consequentemente, pouco do significado daciclagem biogeoquímica na gênese do solo sob crostasbiológicas foi até agora esclarecido.

Por crosta biológica entende-se uma fina camadaorgânica, com espessura entre 5 e 50mm (Pérez, 1997),formada à superfície de substratos de diversasnaturezas (rocha inalterada, saprolito ou solo) emfunção da instalação e desenvolvimento decomunidades de microrganismos e plantas inferiores,que podem compreender bactérias, fungos, algas,líquens, briófitas e, ou, pteridófitas.

Trabalhos específicos sobre o tema apontam parao papel da biota no intemperismo biofísico dosubstrato mineral, principalmente através dapenetração de hifas e filamentos e consequentedesagregação associada aos ciclos de hidratação�

desidratação (Jones et al., 1987, Wierzchos e Ascaso, 1998;Barker et al., 1998). Por outro lado, há trabalhos queressaltam a importância dessas comunidades pioneiras naestabilização de solos sobre os quais são esparsas ouausentes plantas superiores (Neuman et al., 1996; Pérez,1997; Barker et al., 1998). Nesse sentido, são levantadascomo principais causas do aumento da resistência à erosão,em relação aos sítios descobertos, o aumento da infiltraçãoe manutenção de umidade, condicionados pela rugosidadee concentração de compostos orgânicos na superfície doencrostamento, e maior coesão das partículas do solo,proporcionada por cimentantes orgânicos (principalmente,polissacarídeos) e crescimento de corpos filamentosos.Inúmeros trabalhos confirmam a ênfase dada ao papel dasassociações organo-minerais na agregação e estabilidadeestrutural dos solos, embora não sejam específicos sobreencrostamentos orgânicos (Martin e Waksman, 1940; Peelee Beale, 1941; Tisdall e Oades, 1982; Lynch e Elliott, 1983;Chenu, 1989 e 1993; Dorioz et al. 1993; Emerson, 1995;Faria,1996).

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3437

Page 2: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

38 CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIÃO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG:CICLAGEM BIOGEOQUÍMICA E MICROMORFOLOGIA

Além do relevante papel na estabilização daincipiente estrutura do solo formado, as algascianofíceas ou cianobactérias são importantescolonizadores fotoautotróficos da superfície externa,sintetizando compostos orgânicos, que podem serutilizados por outros organismos, e fixando nitrogênioatmosférico (Zimmerman, 1993).

Os efeitos da atividade biológica no processo deintemperismo bioquímico têm sido atribuídos à excreçãode ácidos orgânicos e formação de quelatos comcomponentes inorgânicos do substrato imediato,propiciando a decomposição e neosíntese de mineraisde argila na interface substrato-crosta (Weed et al., 1969;Iskandar e Syers, 1972; Brown, 1976; Williams eRobinson, 1994; Viles e Pentecost, 1994; Barker et al.,1998; Wierzchos e Ascaso, 1998; Ehrlich, 1998). Em geral,informações disponíveis na literatura sobre ciclagembiogeoquímica associada a microrganismos referem-se,entretanto, a organismos específicos, atuando sobresubstratos também específicos. Dados encontradossobre o comportamento de líquens normalmente são deinteresse para o campo da microbiologia. Em relação abactérias e fungos, atenção maior tem sido dirigida paraseu papel na decomposição de resíduos orgânicos e,consequentemente, na ciclagem de carbono enitrogênio, em áreas submetidas a diferentes sistemasde preparo do solo.

No presente trabalho, estudou-se a ciclagembiogeoquímica e a microestruturação biológica emmicroambientes associados à presença de crostasbiológicas, com o objetivo de identificar sua relevânciana gênese incipiente do solo em cortes de saprolitosexpostos em taludes de estradas situadas na região doQuadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, e adjacências. Naescolha das áreas de amostragem considerou-se adiversidade litológica existente em curto trajeto, o queatende as exigências de um trabalho preliminar, de carátermais abrangente. Foram avaliados teores de macro emicronutrientes de cinco diferentes sítios cobertos porcrostas, considerando-se, a priori, que substratosdiferentes quanto à natureza química determinaminterações contrastantes entre componentes biológicose substratos inorgânicos.

MATERIAL E MÉTODOS

Os sítios estudados no presente trabalho situam-sena região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, eadjacências, estando compreendidos entre ascoordenadas 19º58�51�/ 20º45�02�S e 42º52�12�/43º52�01�WGr (Figura 1).

Os diferentes substratos referem-se a saprolitosdesenvolvidos de itabirito (IT); xisto (XT); diabásio(DB); gnaisse (GN); e depósito de rejeito de mineraçãode ouro da mina de Morro Velho (MV), rico em sulfatode cálcio, correspondendo a metas-sedimentos doSupergrupo Rio das Velhas (Ladeira, 1980).

Apenas os taludes de exposição sul foramamostrados, tendo sido observado um desenvolvimento

mais expressivo das crostas nesta orientação. As coletasforam feitas através de microtrincheiras, sendodiscriminadas amostras da cobertura orgânicapropriamente dita, camada intermediária(aproximadamente 0-5mm de profundidade) e saprolito(abaixo de 50mm). As briófitas foram os organismosdominantes na composição das crostas (Quadro 1),exceto sobre o substrato gnáissico, sendo a Cladoniasp. a única espécie de líquen identificada.

Análises químicas de rotina referentes a pH em água(relação 1:2,5), determinação dos teores disponíveis deP, K, Zn, Fe, Mn e Cu (extrator Mehlich 1) e dos teorestrocáveis de Ca e Mg (extrator KCl 1 mol/L) foramrealizadas em amostras da camada intermediária esaprolito. Amostras relativas à cobertura orgânica foramsubmetidas à digestão nitroperclórica e amostras dacamada intermediária e saprolito, ao ataque triácido(HNO

3, HClO

4e HF), conforme EMBRAPA (1997), para

a determinação de elementos totais ( P, K, Ca, Mg, Zn,Fe, Mn e Cu) e estimativa do efeito biótico sobre areserva mineral do substrato. O teor total de C orgânicona crosta biológica foi obtido pela queima das amostrasem mufla, a 400ºC por quatro horas.

Para a avaliação das feições micromorfológicas epedogenéticas da crosta biológica e do saprolitosubjacente, amostras indeformadas foram amostradas eimpregnadas com resina de poliéster REVOPAL T208,contendo corante fluorescente (Uvitex OB;Ciba-Geigy).Foram confeccionadas lâminas delgadas no sentidotransversal à crosta microbiótica, as quais foramobservadas em microscópio petrográfico (modeloOLYMPUS DX40) e suas feições micropedológicasdescritas segundo FitzPatrick (1993). As fotografiasforam feitas em filme Kodacolor, 35mm, ISO 100.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ciclagem biogeoquímicaSaprolito: teores disponíveis

As análises químicas dos saprolitos evidenciaramvalores gerais mais elevados de nutrientes disponíveisno microperfil da Mina de Morro Velho (MV),notadamente de P, Ca, Fe, Zn e Cu, com valoresrelativamente menores de K e Mn (Quadro 2).Provavelmente estes valores tenham sido influenciadospela formação de precipitados em ambiente submetidoà oxidação de sulfetos.

Para K, os teores trocáveis foram máximos nosaprolito de gnaisse (GN), possivelmente pelaabundância observada de biotita/ilita. No xisto sericítico(XT), os teores de K disponível foramsurpreendentemente baixos, indicando, provavelmente,o extremo grau de alteração sofrido por este material. Osmenores valores de K disponível foram encontrados noitabirito (IT), o que deve estar sendo condicionado pelapobreza do saprolito em minerais potássicos. Os teoresde Mg trocáveis foram baixos, exceto no saprolito dediabásio (DB), pela natureza máfica do substrato (Gomes,1988).

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3438

Page 3: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

39TRINDADE, E.S.; SCHAEFER, C.E.G.R.; ABRAHÃO, W.A.P.; RIBEIRO JR., E.S.; OLIVEIRA, D.M.F. & TEIXEIRA, P.C.

Figura 1 : Locais selecionados para amostragem.Figure 1: Selected places to sampling.

1 Espécies identificadas pela Dra. Olga Yano do Instituto de Botânica de São Paulo, SP, em comunicação pessoal.

Quadro 1: Caracterização dos taludes e composição das crostas biológicas.Chart1: Characterization of cuts and composition of biological crusts.

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3439

Page 4: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

40 CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIÃO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG:CICLAGEM BIOGEOQUÍMICA E MICROMORFOLOGIA

Quadro 2: Teores disponíveis de macro e micronutrientes, segundo as faixas de amostragem nos diferentessubstratos.

Chart 2: Macro and micronutrients contents according with the sampling range into different substratum.

Quanto aos micronutrientes, Fe e Mn apresentaram teoresdisponíveis mais elevados no itabirito (IT), enquanto Cu foimaior em MV, e Zn no XT e GN. O P disponível mostrou valoresmaiores em MV e IT, com níveis baixos nos demais pontos.

Crosta biológica e camada intermediária: teoresdisponíveis

O elemento mais consistentemente associado àciclagem, tomando-se os teores disponíveis, foi o K,que tendeu a concentrações mais elevadas na crosta(MV, IT, XT, GN), ou abaixo dela (DB) decrescendo emprofundidade. O P disponível apresentou uma notáveltendência à redução do saprolito para a crosta tendoem vista que a extração por Mehlich não solubiliza o Pda biomassa microbiana nem o compartimento orgânico(P orgânico). Apenas no GN houve valores disponíveismaiores na camada abaixo da crosta. Desta forma, não épossível determinar, a partir dos dados obtidos, aextensão em que outros nutrientes estão limitando maisque o P na produção de biomassa pelas crostasbiológicas. De qualquer forma, é necessário conhecerem maior detalhe as frações orgânicas e inorgânicas deP nas crostas e nos substratos, para uma melhorcompreensão da dinâmica de P nas crostas.

Independente dos teores de Mg e das relaçõesCa:Mg nos saprolitos, o Ca tendeu a valores sempresuperiores ao Mg na crosta, em virtude da ciclagem

biogeoquímica. A única exceção foi a crosta de MV, devido àprecipitação de Ca como sulfato abaixo da crosta, nãoapresentando valores mensuráveis de Ca trocáveis na crosta.Em MV, entretanto, os teores totais de Ca foram bem superioresaos de Mg, como se pode verificar a seguir (Quadro 3).

Teores totaisOs diferentes materiais saprolíticos mostram

considerável variabilidade nos teores totais de algunsnutrientes (Quadro 3). No DB, os maiores teores totais,em relação aos demais pontos, foram de Mn, Cu, Fe eZn, revelando o caráter máfico do material parental e apresença desses elementos ligados aos mineraissecundários (argilas) ou primários resistentes. Teorestotais baixos de Ca e K provavelmente se devem àintensa lixiviação desses elementos a partir dointemperismo de anfibólios (ricos em Ca) e rara mica(fonte de K), não havendo minerais secundáriosresistentes em que tais elementos possam constituirreserva. Excetuando-se o substrato de MV, os teorestotais de P na crosta do DB foram maiores que nosdemais saprolitos, em função da maficidade dosubstrato. Em MV, os teores elevados de P total podemestar refletindo maior solubilização de formas poucodisponíveis, devido à acidez do material.

No XT, o K apresentou os maiores teores, conformeesperado pela possível reserva de K na ilita presente.

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3440

Page 5: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

41TRINDADE, E.S.; SCHAEFER, C.E.G.R.; ABRAHÃO, W.A.P.; RIBEIRO JR., E.S.; OLIVEIRA, D.M.F. & TEIXEIRA, P.C.

Quadro 3: Teores totais de macro e micronutrientes, segundo as faixas de amostragem nos diferentessubstratos.

Chart 3: Macro and micronutrients contents according with the sampling range into different substratum.

Teores totais relativamente altos de Ca e Cu foramtambém observados.

No IT, os maiores teores totais foram de Fe e Ca,este último surpreendentemente elevado em todas asprofundidades, apesar do pH ligeiramente menos ácidodeste substrato em relação aos demais (Quadro 2). Épossível que o itabirito seja localmente influenciado porfácies carbonáticas, reconhecidas no domínio doSupergrupo Minas (T. M. Dossin, comunicação pessoal),no qual se insere. Por outro lado, conforme esperado, osteores de Mg e K foram muito baixos, como reflexo dapobreza em minerais magnesianos e micas no substrato.

O GN mostrou valores totais baixos de Fe, Mn, Cu eMg, evidenciando um notável contraste geoquímicocom o DB nele intrudido.

Em termos gerais, observou-se que os substratosquimicamente mais pobres, como o gnaisse e itabirito,mostraram uma tendência a maiores teores totais nacrosta (camada orgânica), em relação ao substrato maisprofundo (> 50mm), para alguns nutrientes (K, Mg eMn, no itabirito, e Ca, Mg, Fe, Mn e Cu, no gnaisse), oque reflete uma eficiente ciclagem biogeoquímicaassociada à crosta. Todos os demais substratosevidenciaram teores totais mais altos em profundidade.Neste caso, a fertilidade herdada do material parentalsobrepuja os efeitos da ciclagem de nutrientes porinfluência biológica.

Observações micropedológicasHá uma diversidade notável de morfologias entre as

diferentes crostas estudadas, e os principais aspectos

estão ilustrados nas Figuras 2 e 3. Em todos os casos,observou-se uma seqüência micropedogenéticaevidente, com diferenciação entre a camada biológicapropriamente dita (crosta) na superfície, seguida de umasub-crosta com colorações variadas e estruturaçãopedobiológica, e com o saprolito abaixo praticamenteapédico, ou seja, com pouca estruturação.

A amostra de crosta sobre saprolito de gnaisse (GN)evidenciou um abundante microhabitat superficial demusgos/algas que fluorescem em luz polarizada,caracterizados por uma sequência descontínua de tapetesalgais (algalmatts), bastante fraturados pelo umedecimentoe secagem a que se encontram submetidos (Figura 2 A). Emmeio ao micro-horizonte fíbrico de musgos e algas, ocorremáreas mais frouxas e estruturadas onde se desenvolvemhifas fúngicas (seta Figura 2 A), responsáveis peladegradação microbiana de resíduos ricos em lignina ecelulose. De todos os saprolitos estudados, o GNmostrou-se mais rico em fungos e algalmatts que osdemais, com raras briófitas.

Na crosta microbiótica sobre diabásio (DB), evidenciou-se uma extensa microestruturação pela atividade microbiótica(seta superior, Figura 2 C), de até 12mm de profundidade,com uma zona ferruginizada no contato entre a parteestruturada e o saprolito apédico (seta inferior, Figura 2 C).A agregação e abundante porosidade é resultante daatividade combinada de algas e musgos. Há ocorrência demicronódulos oxídicos, provavelmente de Fe e Mn,dispersos na matriz, corroborando os valores totais elevadosdesses elementos no saprolito (Quadro 3).

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3441

Page 6: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

42 CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIÃO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG:CICLAGEM BIOGEOQUÍMICA E MICROMORFOLOGIA

Figura 2 � A) Crosta sobre saprolito de GN, evidenciando sequência descontínua de tapetes algais(algalmatts). Hifas fúngicas são observadas em meio ao micro-horizonte fíbrico (seta); B) micro-horizontefíbrico delgado e descontínuo, na amostra de MV; C) crosta microbiótica sobre DB, evidenciando extensamicroestruturação pela atividade microbiótica (seta superior), com zona ferruginizada no contato entre aparte estruturada e o saprolito apédico (seta inferior); D) cobertura biológica rala e descontínua sobre o

saprolito de IT, com áreas estruturadas onde são abundantes micropartículas oxídicas, sobrepostas à matrizfortemente ferruginizada e cimentada, abaixo (seta); E) concentração de areia fina quartzosa e delgadacobertura de algalmatts descontínua (MV); F) e G) zona maciça e pouco estruturada, com ocorrência de

crosta biológica de penetração limitada (MV).

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3442

Page 7: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

43TRINDADE, E.S.; SCHAEFER, C.E.G.R.; ABRAHÃO, W.A.P.; RIBEIRO JR., E.S.; OLIVEIRA, D.M.F. & TEIXEIRA, P.C.

Figura 3 � Fotomicrografias das crostas biológicas sobre saprolitos de XT. A) banda biotítica/muscovítica (àdireita), onde a penetração por materiais bioturbados é mais profunda, em relação à banda quartzosa, à

esquerda.; B) bolsões fraturados com recobrimento de sucessivas deposições organo-ferruginosas (sápricas),fragmentos de saprolito e nova sucessão micropedogenética, até a crosta biológica superficial, rica embriófitas (topo); C) feições micropedogenéticas de forte redistribuição de complexos descontinuamente

sobreposta ao saprolito; D) tapetes de líquens e algas (algalmatts) descontínuos sobre horizonte sáprico maisevoluído.

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3443

Page 8: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

44 CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIÃO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MG:CICLAGEM BIOGEOQUÍMICA E MICROMORFOLOGIA

No itabirito (IT), observa-se uma cobertura biológicamais rala e descontínua (Figura 2 D), com áreasestruturadas onde há uma abundância de micropartículasoxídicas, provavelmente de hematita e magnetita opacas,sobrepostas à matriz fortemente ferruginizada ecimentada, abaixo (seta).

Em Morro Velho (MV), o micro-horizonte fíbrico (Fox,1985) é mais delgado e descontínuo em relação aognaisse (Figura 2 B), sendo observada a presença deuma sub-camada mais estruturada com característicassápricas e ausência de restos vegetais reconhecíveis.Nas partes mais ferruginizadas da crosta em MV,observa-se uma concentração de areia fina quartzosa euma delgada cobertura de algalmatts (líquens e algas)descontínua, com certa fluorescência em luz polarizada(Figura 2 E). Abaixo, verifica-se uma zona maciça e poucoestruturada (Figura 2 G), sendo a crosta biológica depenetração muito limitada, em relação às crostasinstaladas sobre os demais saprolitos estudados.

A maior diversidade de feições micropedogenéticasfoi observada no xisto (XT), concordando com osmaiores teores de carbono. Algumas das feições dedestaque são mostradas na Figura 3. Seqüências decrostas biológicas com profundidades de até 14mmforam observadas em microscópio.

A alternância de microbandas (fácies) maisquartzosas com outras micáceas mostrou-se claramenteum fator importante na ocorrência e tipologia dascrostas. Na Figura 3 A, pode-se observar uma bandabiotítica/muscovítica (à direita), onde a penetração pormateriais bioturbados é mais profunda, em relação àbanda quartzosa, à esquerda. Na parte micácea, háocorrência de briófitas alongadas e pelotas fecais demicroartropodos, enquanto na parte quartzosa ummicroambiente abaixo da crosta favoreceu a acumulaçãoe precipitação de Fe (zona ferruginizada compacta, maisescura), como um verdadeiro �micro-ortstein�,apresentando poros planares.

Essas feições micropedo-genéticas de forteredistribuição de complexos de Fe e Fe-MO na subcrostamostram profundidades variáveis, de até 500mm, e estãosempre localizados sobre o saprolito, descontinuamente(Figura 3 C).

A ação microbiótica mostrou ainda feições de intensamicropedogênese, em bolsões fraturados (Figura 3 B),onde há um recobrimento de sucessivas deposiçõesorgano-ferruginosas (sápricas), fragmentos de saprolitoe nova sucessão micropedogenética, até a crostabiológica superficial, rica em briófitas (Figura 3 B, topo).Revestimentos ferruginosos são comuns também nasfraturas e planos de clivagem do saprolito micáceo(Figura 3 B e C, base). Tapetes de líquens e algas(algalmatts) descontínuos, coroam as partes maismicroestruturadas, onde já é discernível o horizontesáprico, mais evoluído (Figura 3 D).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos no presente trabalho revelamum efeito significativo da ciclagem biogeoquímicaassociada à ocorrência de crostas biológicas nadisponibili-zação de elementos essenciais à instalaçãode plantas superiores na superfície exposta de saprolitos.A relevância deste fenômeno mostrou-se dependentedas características físico-químicas do material parental,embora no caso de K e Fe a concentração da fraçãodisponível na crosta ou na camada micropedogenizadasubjacente, em todos os pontos, demonstre uma intensamobilização destes elementos por influênciabiogeoquímica, sobrepujando a influência da naturezaquímica do saprolito, normalmente acentuada emprofundidade.

Independentemente de eventuais desbalançosquímicos de macro e micronutrientes, toxidez oupresença de excesso de sais, as crostas biológicasrecobriram de forma conspícua os saprolitos, sendoresponsáveis por feições micropedo-genéticasevidentes e pelo processo de estruturação biológica dasuperfície exposta dos taludes. Este processo é capazde alterar a dinâmica hídrica e erosiva da vertente, o quetem importante implicação geomorfológica e ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARKER, W.W. et al. (1998) Biogeochemical weathering ofsilicate minerals. In: Geomicrobiology, 391-428.

BROWN, D.H. (1976) Mineral uptake by lichens. In: D.H.Brown, D.L. Hawksworth e R.H. Bailey (eds.) Lichenology:progress and problems 8. Proc. Int. Symp. University Bristol.London, Academic Press Inc., 419-439.

CHENU, C. (1989) Influence of a fungal polysaccharide,scleroglucan, on clay microstructures. Soil Biol. Biochem.,21: 299-305.

CHENU, C. (1993) Clay � or sand � polysaccharide associationsas models for the interface between micro-organisms andsoil: water related properties and microstructure. Geoderma,56: 143-156.

DORIOZ, J.M. et al. (1993) The role of roots, fungi and bacteriaon clay particle organization. An experimental approach.Geoderma, 56: 179-194.

EHRLICH, H.L. (1998) Geomicrobiology: its significance forgeology. Earth-Science Reviews, 45: 45-60.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA(EMBRAPA) (1997) Manual de métodos de análise desolo.2ed. Rio de Janeiro, EMBRAPA/CNPS, 212 p.

EMERSON, W. W. (1995) The plastic limit of silte, surfacesoils in relation to their content of polysaccharide gel. Aust.J. Soil Res., 33: 1-9.

FARIA, J. C. (1996) Dinâmica da água, comportamento térmicoe selamento de um podzólico vermelho-amarelo, em relaçãoao controle de plantas invasoras. Viçosa, UFV, 75 p. (TeseM.Sc.)

FITZPATRICK, E. A (1993) Soil microscopy andmicromorphology. Chichester, John Wiley, 304 p.

FOX, C. A. (1985) Micromorphological characterization ofhistosols. In: L. A. Douglas e M.L. Thompson (eds). Soilmicromorphology and soil classification. Soil Science Societyof America, Special Publication 15, Madson, 85-104 pp.

GOMES, M. A. F. (1988) Intemperismo de anfibolitos e suacontribuição à gênese de solos de duas provínciasmetamórficas do Estado de Minas Gerais. Viçosa, UFV, 138p.(Tese M.Sc.)

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3444

Page 9: CROSTAS BIOLÓGICAS DE SAPRÓLITOS DA REGIˆO DO … · geonomos (2005) 13geonomos (2005) 13 (1,2): 37-45 crostas biolÓgicas de saprÓlitos da regiˆo do quadril`tero ferr˝fero,

45TRINDADE, E.S.; SCHAEFER, C.E.G.R.; ABRAHÃO, W.A.P.; RIBEIRO JR., E.S.; OLIVEIRA, D.M.F. & TEIXEIRA, P.C.

ISKANDAR, I. K. e SYERS, J. K. (1972) Metal-complexformation by lichen compounds. Journal of Soil Science,23: 255-265.

JONES, D. et al. (1987) Effects of lichens on mineral surfaces.In: D. R. Houghton e E. Smith (eds.) Biodeterioration 7.Proc. 7th Int. Biodeterioration Symp., 1987. Amsterdam,Elsevier, 129-134.

LADEIRA, E. A. (1980) Gênese de ouro na mina de MorroVelho e no distrito de Nova Lima, Minas Gerais, Brasil. In:Congresso Brasileiro de Geologia, 31, Camboriú, 1980. Anais,Camboriú, SBG, 371p.

LYNCH, J. M. e ELLIOTT, L. F. (1983) Aggregate stabilizationof vulcanic ash and soil during microbial degradation ofstraw. Applied and Environmental Microbiology, 45: 1398-1401.

MARTIN, J. P. e WAKSMAN, S. A. (1940) Influence ofmicroorganisms on soil aggregation and erosion. Soil Science,50: 29-47.

NEUMAN, C. M. et al. (1996) Wind transport of sand surfacescrusted with photoautotrophic microorganisms. Catena, 27:229-247.

PEELE, T. C. e BEALE, O. W. (1941) Effect on runoff anderosion of improved aggregation resulting from thesimulation of microbial activity. Soil Science Society ofAmerica, 6: 176-182.

PÉREZ, F. L. (1997) Microbiotic crusts in the high equatorialAndes, and their influence on paramo soils. Catena, 31:173-198.

TISDALL, J. M. e OADES, J. M. (1982) Organic matter andwater-stable aggregates in soils. Journal of Soil Science, 33:141-163.

VILES, H. e PENTECOST, A. (1994) Problems in assessing theweathering action of lichens with an example of epiliths onsandstone. In: D.A. Robinson e R.B.G. Williams (eds.) Rockweathering and landform evolution. Chichester, John Wiley& Sons Ltd, 99-116.

WEED, S. B. et al. (1969) Weathering of mica by fungi. SoilScience Society of America, 33: 702-706.

WIERZCHOS, J. e ASCASO, C.(1998) Mineralogicaltransformation of bioweathered granitic biotite, studied byHRTEM: evidence for a new pathway in lichen activity.Clays and Clay Minerals, 46: 446 � 452.

WILLIAMS, R.B.G. e ROBINSON, D.A. (1994) Weatheringflutes on siliceous rocks in Britain and Europe. In: D.A.Robinson e R.B.G. Williams (eds.) Rock weathering andlandform evolution. Chichester, John Wiley & Sons Ltd,413-432.

ZIMMERMAN, W. J. (1993) Microbial biotechnology andapplications in agriculture. In: F. Blaine Metting, Jr.(ed) Soilmicrobial ecology. Aplications in agricultural andenvironmental management. New York, Marcel Dekker,Inc.,457-479.

os 3885 R Geonomos pg 37 a 45.p65 1/6/2006, 09:3445