Cristologia07

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 1 MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 1 istologia estuda mistério de Cristo: da sua pessoa obra redentora numa unidade indissolúvel. Jesus é F eus feito homem e, ao mesmo tempo, o Salvador esper se podem separar estes dois aspectos: a finalidade da sua vinda ao mundo é cisamente a salvação dos homens; Unicamente o Filho de Deus pode rea- ar uma autêntica redenção do pecado mundo. os ver na segunda parte de Cristo- ia a acção redentora, tendo presente á visto acerca da sua pessoa. CR2 1 de 55

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 1MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 1

A cristologia estuda mistério de Cristo: da sua pessoa e dasua obra redentora numa unidade indissolúvel. Jesus é Filho de Deus feito homem e, ao mesmo tempo, o Salvador esperado.

Não se podem separar estes dois aspectos:1) a finalidade da sua vinda ao mundo éprecisamente a salvação dos homens;2) Unicamente o Filho de Deus pode rea-lizar uma autêntica redenção do pecadodo mundo.

Vamos ver na segunda parte de Cristo-logia a acção redentora, tendo presente o já visto acerca da sua pessoa.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 2MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 2

Todos os homens albergam uma esperança profunda de alcançara verdade e o bem e um anseio de conseguir a felicidade.

CCE 843CCE 843: “A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, ‘entresombras e imagens’, do Deus desconhecido mas próximo já que éEle que dá a todos a vida, o alento e todas as coisas e quer que todosos homens se salvem. Assim, a Igreja aprecia tudo o que é bom e verdadeiro que se pode encontrar nas diversas religiões”. CCECCE844844: “Mas, no seu comportamento religioso, os homens mostramtambém limites e erros que neles desfiguram a imagem de Deus”.

Cristo revela que Deus nos ama e nos destinouantes da criação do mundo a una aliança quenos faz participar da sua vida infinitamente feliz.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 3MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 3

A Bíblia ensina-nos que a origem do mal e dosofrimento está n “mistério de iniquidade”que é o pecado: o de alguns anjos e os doshomens, principalmente o original, mas tambémos pessoais de cada homem e de cada mulher.

O homem só com as suas forças não pode libertar-se do pecado e das suas consequências. A verdadeira e completa libertação do homemprocede unicamente de Deus: “a prova de que Deus nos ama é queCristo, sendo nós ainda pecadores, morreu por nós”(Rom 5, 8Rom 5, 8).

A imagem de Deus na pessoa humana foi obscurecida edesfigurada pelo pecado, mas não destruída totalmente.

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MISTERIO DA REDENÇÃO, 4MISTERIO DA REDENÇÃO, 4

Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus,a Igreja expressa a sua confiança na possibilidade de falar de Deus.Posto que o nosso conhecimento de Deus é limitado, a nossa capaci-dade transmitir acerca de Deus também. As imagens sobre Deus a partir das perfeições das suas criaturas. (cfr. CCE 39-41CCE 39-41)

Deus transcende qualquer criatura. É preciso, pois, purificar sem cessar a nossa linguagem de tudo o que tem de limitado, de imperfeito. As nossas palavrashumanas ficam sempre longe do Mistério de Deus.Ao falar assim de Deus, a nossa linguagem exprime-secertamente de modo humano, mas capta realmente ao mesmo Deus, sem poder, contudo, expressá-lo na sua infinita simplicidade. (cfr. CCE 42-43CCE 42-43)

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 5MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 5

“Ao entregar seu Filho pelos nossos pecados, Deusmanifesta que o seu desígnio sobre nós é um de-sígnio de amor benevolente que precede qualquermérito da nossa parte: ‘Nisto consiste o amor: nãoem que nós tenhamos amado Deus, mas em queEle nos amou e nos enviou o seu Filho como propi-ciação por nossos pecados’ (1 Jo 4, 101 Jo 4, 10). ‘A prova de que Deus nos ama é que Cristo, sendo nós aindapecadores, morreu por nós (Rm 5, 8Rm 5, 8)” (CCE 604CCE 604).

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O desígnio divino de salvação através da morte de Cristo haviasido anunciado antes na Escritura como mistério de redençãouniversal. A morte redentora de Jesus cumpre, em particular,a profecia do Servo dolente (cfr. Is 53, 7-8Is 53, 7-8, Act 8, 32-35Act 8, 32-35).

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 6MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 6

Tradição patrística sobre a redenção

Padres orientais: sublinham que Cristo veio paranos comunicar a semelhança com Deus perdida com o pecado. “Admirável intercâmbio”: o Verbo tornou-se participante da humanidade para nos fazerparticipantes da divindade. Fixam-se no aspectodescendente e gratuito da salvação.

Os Padres ocidentais: fixam-se no aspecto ascendenteda salvação: a obra realizada pela nossa Cabeça, Cristo,em nome de toda a humanidade para nos ganhar asalvação. Sublinham a Sua oferta ao Pai do sacrifícioperfeito da Sua vida para reparar o nosso pecado e Reconciliar-nos com Deus.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 7MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 7

Santo Anselmo (+ 1109+ 1109) via Deus como Senhor soberano, cuja honraé ofendida pelo pecado. Perante esta ofensa, a ordem da justiça divina exige com todo o rigor uma reparação voluntária adequadaou um castigo. Mas a dívida é infinita por ser Deus o ofendido: nãodevendo pagá-la senão o homem, e não podendo pagá-la senão Deus,tinha que ser homem e Deus quem satisfizesse a honra divina ferida.

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É uma interpretação válida em diversos aspec-tos e que influiu na teologia posterior. Mas édemasiado jurídica, com uma concepçãomuito humana de Deus, do pecado comoofensa inferida a Deus, da sua reparação comocompensação que deve receber do homem, ede uma justiça divina que obriga Deus aexigir os seus direitos.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 8MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 8

Algumas interpretações históricas erróneassobre a redenção, 1

“Os direitos do demónio” (alguns escritoscristãos dos primeiros séculos): ao cometer opecado de origem, o homem voluntariamenteter-se-ia a feito escravo do demónio. O sangue de Jesus seria o resgate, o preço pago ao demónio para livrar o homem da sua escravidão.

Esta teoria foi combatida por São Gregório de Nazianzo: é erróneapois interpreta a redenção segundo os usos humanos (alguém quepaga e alguém a quem se paga) e é alheia à unidade de toda a Es-critura, por exemplo enquanto ao poder do demónio, que parece terdireitos absolutos sobre nós.

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Algumas interpretações históricas erróneassobre a redenção, 2

Para Lutero, a satisfação (cfr. Santo Anselmo)tem lugar mediante um castigo. Cristo cai sob aira de Deus, porque tomou sobre si não só asconsequências do pecado mas o mesmo pecado.Cristo nos redime por meio de una “substituição penal”: toma o nosso lugar e é castigado porDeus em nosso lugar.

Calvino acrescente que Jesus não só morreu como pecador, mastambém baixou ao inferno e sofreu as penas dos condenados.

Estas teorias apresentam Deus não como Pai que nos ama mas co-mo um soberano vindicativo e, além disso, injusto (condena o ino-cente em lugar do culpável).

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Algumas interpretações históricas erróneassobre a redenção, 3

Em teorias do séc. XX, Cristo é o mestre, o guia ético e o exemplo de vida. O seu influxo no homem é só moral: a salvação não nos vem d’Ele, mas é o homem que se redime a si mesmo autonoma-mente, seguindo a Cristo. A Sua morte é simplesmente o símbolo supremo do esforço da humanidade em livrar-se do mal.

Nessa corrente há quem pensasse que Cristoseria o modelo de luta contra as estruturas sociais injustas (teologias da libertação, algumas inspiradas no marxismo).

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 11MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 11

A salvação do homem nasce do amor misericordioso de Deus. Aredenção é antes de tudo uma intervenção descendente e misericordiosa de Deus na história dos homens.

A salvação também segue a ordem da justiça divina: nenhumhomem poderia satisfazer por toda a linhagem humana. Mesmoque fosse muito santo, não repararia o pecado mais do que m si mesmo e não em todos y cada um dos seres humanos. (cfr. CCE 616CCE 616)

A redenção concilia admiravelmente a misericórdia ea justiça divinas. Se o homem não pusesse algo dasua parte, Deus teria actuado à margem da sua justiça(não injustamente), movido só pela sua misericórdia.Liberta-os gratuitamente (misericórdia) e do modomais conveniente e digno para nós (justiça).

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 12MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 12

Aspecto ascendente da obra de Cristo: Jesus,representando os homens diante de Deus, comonovo Adão e Cabeça da humanidade, sela umanova relação de Aliança entre Deus e oshomens, e obtém do seu Pai para nós a salvação. Com a sua actuação humana livre,alcança de Deus Pai que nos conceda o perdão.

Aspecto descendente da obra de Cristo: enviado pelo Pai, comunicaaos homens os dons divinos da salvação: nos revela Deus e nos comunica a vida sobrenatural. Veio ao mundo para comunicar aoshomens a graça que tira o pecado e torna-os participantes da vida divina.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 13MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 13

Existe uma ordem na distribuição da economiasalvadora: primeiro Cristo devia satisfazer o pecado da humanidade e merecer a sua glorifi-cação juntamente com a nossa salvação(aspecto ascendente). Uma vez exaltado comoSenhor sobre todas as coisas à direita do Pai,dispensa-nos os bens que nos tinha ganho como seu sangue e nos concede o dom do EspíritoSanto (aspecto descendente). Estes dois aspectos estão estreitamente unidos no desígnio divino: o dom da graça é fruto do sacrifício de Cristo.

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MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 14MISTÉRIO DA REDENÇÃO, 14

O plano de Deus Pai é que os homens entremos em comunhãoCom Ele por meio do Verbo encarnado. A obra de Cristo deve alcançar a cada um dos homens.

É o Espírito Santo, Senhor e dador de vida, quem,com o seu poder infinito, alcança a todos os homensde todos os tempos, e faz que as acções e méritosde Cristo se possam aplicar e ter eficácia salvadoraem cada um. Torna possível que cada um possaentrar em comunhão com o Filho de Deus, seincorpore a Ele e participe da redenção.

O Espírito Santo serve-se da Igreja, “sacramento universal desalvação”(Lumen gentium 48Lumen gentium 48), para que os homens encontrema Cristo e participem da salvação.

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