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*Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Bacharel e Licenciado em História pela mesma instituição. Mestrando em História Social. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail: [email protected] Cotidiano e Lutas Sociais na Periferia de São Paulo: Sujeitos Históricos da Urbanização de São Mateus (1950-1992) ADRIANO JOSE DE SOUSA* Pouco explorado em termos historiográficos, o tema das periferias de São Paulo necessita de uma abordagem crítica sobre as memórias dos sujeitos históricos de sua urbanização, obtidas na produção de fontes orais e em relatos jornalísticos de periódicos locais que remetem a seu processo de formação e consolidação mais acelerado, entre as décadas de 1950 e 1990. A pesquisa em questão aborda as transformações da região de São Mateus, distrito periférico localizado na zona leste da cidade, notório pelas lutas sociais por infraestrutura urbana e serviços públicos ao longo deste período, com destaque especial para a atuação dos movimentos de saúde e moradia entre os anos de 1970 e 1990. Palavras-Chave: História de São Paulo, História Local, Periferias, São Mateus São Mateus em Primeiro Lugar O bairro Cidade de São Mateus, na zona leste, é sinônimo de lutas sociais na história da capital. Enquanto o velho Brás, situado na mesma região da cidade guarda a tradição de embates operários e do surgimento do sindicalismo brasileiro, São Mateus, uma das regiões mais carentes do município, caracteriza-se pelo combate em prol de moradia, emprego, defesa do meio ambiente, saúde, transporte e alimentação com intensa organização e participação popular e das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica. A contestação dos poderes instituídos marca a evolução do bairro, que completará 49 anos em Setembro. (DIÁRIO POPULAR, 15.03.1997)

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*Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Bacharel e

Licenciado em História pela mesma instituição. Mestrando em História Social. Bolsista do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail:

[email protected]

Cotidiano e Lutas Sociais na Periferia de São Paulo: Sujeitos Históricos da Urbanização

de São Mateus (1950-1992)

ADRIANO JOSE DE SOUSA*

Pouco explorado em termos historiográficos, o tema das periferias de São Paulo

necessita de uma abordagem crítica sobre as memórias dos sujeitos históricos de sua

urbanização, obtidas na produção de fontes orais e em relatos jornalísticos de

periódicos locais que remetem a seu processo de formação e consolidação mais

acelerado, entre as décadas de 1950 e 1990. A pesquisa em questão aborda as

transformações da região de São Mateus, distrito periférico localizado na zona leste da

cidade, notório pelas lutas sociais por infraestrutura urbana e serviços públicos ao

longo deste período, com destaque especial para a atuação dos movimentos de saúde e

moradia entre os anos de 1970 e 1990.

Palavras-Chave: História de São Paulo, História Local, Periferias, São Mateus

São Mateus em Primeiro Lugar

O bairro Cidade de São Mateus, na zona leste, é sinônimo de lutas sociais na

história da capital. Enquanto o velho Brás, situado na mesma região da cidade

guarda a tradição de embates operários e do surgimento do sindicalismo brasileiro,

São Mateus, uma das regiões mais carentes do município, caracteriza-se pelo

combate em prol de moradia, emprego, defesa do meio ambiente, saúde, transporte

e alimentação com intensa organização e participação popular e das Comunidades

Eclesiais de Base da Igreja Católica. A contestação dos poderes instituídos marca a

evolução do bairro, que completará 49 anos em Setembro. (DIÁRIO POPULAR,

15.03.1997)

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Ela envolve uma vasta região onde calcula-se que vivem de 300 mil a 400 mil

pessoas. Dez por cento de sua população compõe-se de favelados e é no campo da

saúde que se registram suas maiores carências. Estamos falando de São Matheus,

bairro da Zona Leste Paulista. (DIÁRIO POPULAR, 20.08.1985)

[...]O clima natural de qualquer favela

Rafael, Vera Cruz, Divinéia

São Mateus em primeiro lugar

...No tempo da "voz da colina"

Dona Severina já era de lá...

...Quando chegou "Mateo Bei"

A família "My Frey" foi recepcionar

...Tia Filó, Seo Jaul, Dona Fifa

Hoje tem tia Cida a nos abençoar

...São Mateus, meu reduto de bambas

Não deixe a chama do samba apagar

(QUINTETO EM BRANCO E PRETO, 2008)

As histórias dos bairros da cidade de São Paulo muitas vezes são contadas de forma

gloriosa em relatos quase míticos de suas “origens”, seja por memorialistas locais ou

pela imprensa em geral. Com a região de São Mateus não foi diferente. Jornais de

alcance local, da mídia de massas e, principalmente, os diários oficiais e textos

institucionais da prefeitura, tratam a história do bairro como fruto do heroísmo e

ousadia dos loteadores de terrenos da família italiana dos Bei, tida como “fundadora”

do bairro1, o que notamos também no trecho da canção do Quinteto Em Branco e

Preto, grupo de samba formado na região, que faz sua leitura particular das principais

narrativas históricas locais. Para além de questionarmos esse tipo de “epopeia” de

fundação - já que uma localidade não passa a existir simplesmente a partir de um

único ponto de povoamento ou origem - interessa-nos aqui, tratar de um outro aspecto

que aparece nessas fontes: a agência dos sujeitos históricos que participaram do

1 Exemplo disso é o texto “São Mateus Celebra Seu 57 Aniversário lembrando Suas Lutas” que

identifica o proprietário de terras Mateo Bei como fundador do bairro, ao lotear uma gleba comprada de

um antigo fazendeiro da região, Antônio de Siqueiros. (DIARIO OFICIAL DO MUNICÍPIO DE SÃO

PAULO, 29.09.2005)

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esforço de urbanização da região.

A canção do Quinteto em Branco e Preto, ao mesmo tempo em que retrabalha as

histórias “oficiais” de fundação da região, aponta também para outras características

históricas do local, como as lutas sociais a partir da entidade A Voz da Colina, que

atuou de forma marcante na região ao longo dos anos de 1950 e 1960; as formas

precárias de moradia das favelas do São Rafael, Divinéia e Vera Cruz (embora

mostradas de forma romantizada) e o samba local que nasceu a partir dos quintais das

“tias” como Tia Cida, Tia Filó e Dona Fifa. O texto São Mateus Tem Tradição de

Luta, de 1997, apresenta uma suposta tradição de luta da sociedade organizada da

região que, além da reivindicação de serviços públicos para o bairro, chegou a lutar

por pautas mais amplas como o direito ao emprego e renda. A matéria vai além,

tratando de mais alguns aspectos da luta social no bairro desde a intensificação do seu

processo de urbanização a partir dos anos de 1950. Já São Matheus Guerreiro, de

1985, aponta duas das principais carências estruturais da região: as questões sanitária e

da saúde. Essas e outras fontes jornalísticas que narraram a história do bairro, indicam

não só a interação das estruturas de poder da cidade com esta localidade, como

também mostram as visões que indivíduos do bairro e de outras regiões tinham de São

Mateus.

Pequeno núcleo urbano na década de 1950, São Mateus corresponde hoje ao território

de uma prefeitura regional, abarcando três subdistritos: São Mateus, Parque São

Rafael e Iguatemi. É, também, celeiro de diversos coletivos de música e cultura como

o Berço do Samba, Rosas Periféricas (grupo de teatro), Perifacine (projeção de

filmes), Grupo Opni (coletivo de graffiti) e São Mateus em Movimento (espaço

cultural), amostra de sua diversificada vida social (FERREIRA & COSTA, 2015).

Recuando no tempo, defrontamo-nos com os movimentos populares de saúde, moradia

e do custo de vida nos anos 1970 e 1980 e com as mobilizações de associações locais

por asfaltamento, transporte e abertura de escolas nos anos de 1960 e 1950, rico

campo de estudo ainda não explorado pela historiografia.

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Além de um recorte temporal das movimentações políticas de São Mateus, este texto2

trará alguns apontamentos sobre as memórias sociais da urbanização deste território, a

partir de testemunhos orais dos seus moradores e de relatos históricos presentes nos

periódicos jornalísticos locais e da imprensa de grande circulação3, ora produzidos

pelos próprios veículos ora explicitados nos depoimentos de moradores da região

presentes nas reportagens.

A História Oral como Método Principal

Este estudo baseia-se principalmente no confronto e problematização entre memórias

orais produzidas em entrevistas com o pesquisador e aquelas presentes em textos

jornalísticos, contextualizadas com documentação da administração pública e

bibliografia selecionada para o trabalho.

A história oral foi escolhida como eixo central desta pesquisa por ser apropriada ao

estudo das relações de vizinhança e comunidade, que estão fora do circuito dos

grandes temas nacionais e de arquivos com amplos acervos documentais.

Humanizando a história, ela amplifica a voz e os sentidos que os indivíduos dão às

suas histórias de vida e experiências sociais, sendo papel do historiador ser ouvido

atento às suas narrativas (PORTELLI, 2015: 31-32).

A memória oral de depoentes que vivenciaram as transformações de São Mateus entre

as décadas de 1950 e 1980 vem sendo obtida através de entrevistas com uma rede de

colaboradores formada principalmente a partir dos seguintes meios: referências das

fontes escritas e bibliográficas sobre a região; movimentos sociais como a Uneafro

Brasil e de contatos obtidos em equipamentos públicos culturais como o Instituto do

Samba de São Mateus. O roteiro de entrevistas conta com questões que abordam temas

como a formação da família, migrações, relações de vizinhança, visão dos moradores

2 Este artigo apresenta o desenvolvimento inicial da pesquisa de mestrado “Cotidiano e Lutas Sociais na

Periferia de São Paulo: Sujeitos Históricos da Urbanização de São Mateus (1950-1992)” em orientação

pela Profª Drª Antônia Terra de Calazans Fernandes na Universidade de São Paulo.

3 As fontes jornalísticas utilizadas neste texto foram obtidas no Arquivo Municipal de São Paulo.

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sobre a atuação de políticos e do Estado, hábitos de consumo e lazer e luta pelo uso

dos serviços públicos ao longo da vida dos moradores.

Uma das entrevistadas até o momento, Tia Cida, mulher negra, referência do samba de

São Mateus, ao relatar a destruição de sua primeira casa pelas chuvas na década de

1950, rememorou a maneira como a loteadora Beis e a administração pública

improvisavam soluções de emergência para os problemas de infraestrutura e moradia

do bairro. A narrativa foi marcada pela nostalgia do pouco que se tinha comparado ao

que se tem atualmente:

Eu mudei pra São Mateus em 1948 [...] o meu padrasto comprou um terreno em São

Mateus, na Luiz Mota. Então aos domingos ele ia com a turma dos amigos dele

construir...ajudava a construir e...em menos de 15 dias que ele tinha comprado a

gente mudou pra lá. Na primeira chuva forte que deu a casa caiu. (risos). Foi muito

engraçado. E a compania Mateus Bei ficou muito preocupada com a situação da

minha mãe, do meu padrasto. Perdemos quase tudo, o pouco que nóis tinha na casa

a gente perdeu. Eles cederam uma casa pra gente lá onde hoje é o Tá Teno. Tinha

uma casa da prefeitura lá, uma casa boa, grande. E nos colocou lá até a gente ter

condição de construir lá onde tinha caído. (ENTREVISTA COM TIA CIDA,

13.05.2017)

Já Aldo Leite, ao falar da precariedade da questão sanitária de São Mateus explica, a

partir de sua visão programática de esquerda, de ex-militante do Movimento de Saúde

e ex-funcionário da Secretaria do Estado de Saúde, as doenças geradas pela falta de

infraestrutura básica de saúde no incipiente aglomerado urbano que se desenvolvia em

meio à zona rural nos anos de 1970:

Trabalhei na secretaria de Estado da saúde. Eu era militante do movimento de

saúde. Aí na época era um cargo chamado de visitador sanitário que era aquela

pessoa que visitava as pessoas na casa delas as pessoas que tinham mal de Hansen

e que tinham tuberculose, esses problemas mais sérios, a gente tinha que fazer visita

em casa quando era descoberto […]

Bem é o que eu fiz e além disso eu era militante, aqui nessa região, do movimento

de sáude, o movimento popular de saúde por uma razão bem simples: em 71 essa

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região toda aqui tinha um consultório dentário ali em São Mateus. Aqui não tinha

nem uma clínica particular. Depois é que teve um médico ali o Paulo...não sei das

quantas que tinha o consultório ali na Mateo Bei e tinha um postinho de saúde

numa casa particular alugada no Jardim Colonial, tinha outra aqui em São Mateus.

Hospital só no Tatuapé […] Aí eu me lembro que eu trabalhava na rua e eu via

é...o povo daquela região (Iguatemi), especialmente as mães que vinham de fora,

chegavam aqui e aí aquelas fossas que faziam ali, água contaminada e o diabo a

quatro…(ENTREVISTA COM ALDO LEITE, 13.05.2017)

A memória trabalho, ou seja, o trabalho de rememorar, como no caso de Tia Cida e

Aldo Leite, tem a ver com a maneira como foi realizada essa operação e o porquê das

escolhas dos colaboradores e memorialistas sobre o que e como perpetuar

determinadas lembranças (BOSI, 1994: 37). Levando-se em consideração que os

trechos selecionados guardam relação direta com a íntegra das entrevistas, pensar por

que Aldo Leite priorizou mais experiências políticas em seu relato, ou por que Tia

Cida detêm-se mais em detalhes da vida sofrida na infância que em outras questões

tem a ver com essa perspectiva, que será mais aprofundada no decorrer deste estudo.

Essa operação analítica será crucial na interpretação dos relatos reunidos, promovendo

uma reflexão sobre qual é o lugar na história local e da cidade em que os depoentes

entendem estar e suas relações com as memórias sociais cristalizadas nos dois âmbitos

urbanos em questão.

Muitas vezes, na formação das memórias hegemônicas, os sujeitos históricos são

apagados e reduzidos a um evento de fundação ou a alguns indivíduos proeminentes,

como ocorre em São Mateus, com a exaltação dos feitos de alguns pioneiros. Neste

sentido, verificamos nos relatos de Tia Cida e Aldo Leite uma similaridade das

memórias dos moradores de São Mateus (periferia) com a memória do trabalhador

suburbano, como elemento capaz de significar o rotineiro, revelando a dinâmica social

própria do local e sua participação na história da cidade e do país. Será assim a

memória um local de afirmação dos que foram excluídos de escrever a sua própria

história. (MARTINS, 1990: 17). Relatos memorialísticos presentes em entrevistas

para jornais, como os de Odon Vieira Lima, ajudam a sedimentar aquilo que considera

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o “princípio do bairro” e traça o perfil de um de seus “pioneiros”: seu pai. Ainda que

imprima uma aura “nobre” à memória de seu antecessor, ela contém alguns elementos

importantes do cotidiano local:

No início como já disse, não havia ruas, somente aquele trilho de passar carros de

bois. Depois a companhia Beis e Irmãos mandaram tratores para abrir ruas […]

Meu pai veio para São Mateus como construtor para Beis e Irmãos. Foi ele quem

loteou e construiu para os primeiros moradores do bairro. Ninguém construiu tanto

como ele. Estabeleceu também como comerciante. Durante muito tempo exerceu as

duas atividades. (CIDADE DE SÃO MATEUS, 10.1986)

Ao compararmos os relatos de Odon aos de Tia Cida e Aldo Leite – confrontação de

fontes que será recorrente ao longo desta pesquisa - percebemos nos três a partilha do

sofrimento da vida em um bairro periférico e deficiente de equipamentos públicos, no

qual os moradores buscam por si sós fazer do lugar uma cidade, seja se organizando

em movimentos, abrindo seus comércios ou construindo a própria moradia, ainda que

de modo precário. A partir disso já começamos a entender que a urbanização de um

bairro de periferia depende de significativa diversidade de ações dos indivíduos que lá

moram e se constituem como sujeitos históricos desse processo e que, esses mesmos

indivíduos, ao trabalharem sua memória com base em suas experiências de vida,

forjam interpretação particular sobre sua importância nesse contexto.

Possíveis Conceitos de Periferia

Uma das questões elencadas no roteiro de entrevistas para produção de fontes orais

deste estudo é: “São Mateus é considerado pelos jornais, revistas, pesquisas científicas

de diversas áreas como um bairro de periferia. O que vem à sua cabeça quando ouve a

palavra “periferia”?”. Essa pergunta indica que, além de trabalhar as memórias das

vivências de quem constrói um bairro de periferia, investigaremos, também, quais as

percepções que os próprios moradores tem do que vem a ser “periferia”, visando

historicizar este conceito. Temos por hipótese que a “periferia” aqui estudada – no

caso São Mateus – é base essencial à construção das memórias dos moradores e não

somente mero cenário onde se desenrolaram suas vidas.

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Aquilo que entendemos por periferia mudou bastante ao longo dos anos. As produções

acadêmicas que abordam o termo são oriundas de diversas áreas, cada qual falando da

“periferia”, dentro de seus contextos teóricos e históricos. O historiador Paulo Fontes,

referindo-se ao período e local que estudou (1946-1966, em São Miguel Paulista),

definiu periferias como os bairros afastados da região central e industrial da cidade,

que experimentaram forte crescimento ao longo da década de 1950 sob impulso da

iniciativa privada e ausência de regulação do Estado (FONTES, 2008: 94). Ao estudar

o cotidiano e a cultura política do bairro Jardim das Camélias em fins dos anos de

1970 e início dos anos de 1980, mas sem estabelecer uma conceituação própria, a

antropóloga Teresa Pires do Rio Caldeira problematizou o uso corrente e, às vezes,

esvaziado do termo, seja no campo da política como nos estudos acadêmicos.

“Periferia” foi utilizada “talvez em substituição a expressões mais antigas como

subúrbio” (CALDEIRA, 1984 : 08) para denominar os espaços localizados nas franjas

da municipalidade, sem infraestrutura, e que gerariam um determinado

comportamento nos seus moradores do qual seria conveniente se proteger ou se

utilizar para proveito próprio, principalmente na política.

Atualmente, porém, as periferias são abordadas como espaços diversificados na forma

de sua ocupação e uso social. A geógrafa Ana Fani Carlos destaca a instalação de

alguns empreendimentos imobiliários e empresariais em terrenos menos valorizados,

como consequência do processo de valorização do solo urbano e de sua apropriação

pelo capital financeiro, cuja expansão vai além das áreas centrais da cidade. Deste

modo, temos as periferias, atualmente, como territórios divididos entre indústrias,

condomínios de alto padrão e população pobre (subempregada ou desempregada)

muitas vezes forçada a ocupar áreas públicas ou de proteção ambiental, as únicas que

lhes são financeiramente acessíveis. (CARLOS, 2009: 312-313).

Em uma perspectiva próxima a deste estudo, onde os próprios moradores de periferia

pensam a si mesmos como parte da cidade e não como sua negação, temos a I

Internacional das Periferias, realizada em abril de 2017 no complexo da Maré, Rio de

Janeiro, reunindo um conjunto de ativistas e cientistas sociais de diversas metrópoles

do mundo, sintetizando uma série de características em comum das periferias, indo

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além das definições clássicas do termo que privilegiam as carências desses espaços:

Com isso, temos o fortalecimento das noções de ausência, carência e

homogeneidade como elementos de percepções reducionistas e de classificações

hierárquicas das periferias em relação aos demais espaços da cidade. Toma-se

como significante aquilo que a periferia não seria em comparação a um modelo

idealizado de cidade, baseado em padrões culturais e educativos colonizadores

construídos, em geral, pelas parcelas mais enriquecidas da população. Nessa

compreensão, as periferias são concebidas como espaços precarizados, com sujeitos

que têm a sua historicidade negada, seus territórios não reconhecidos como

legítimos e seus moradores, não raramente, tratados de forma exotizada (a não

civilização, por excelência). (CARTA DA MARÉ, 2017: 02)

O principal objetivo desse encontro foi elaborar uma visão alternativa à concepção

sociocêntrica de cidade, padronizadora dos espaços, comportamentos dos indivíduos e

serviços públicos necessários para o bem viver nesses territórios. Destaca-se neste

ponto de vista, a pluralidade de formas econômicas domésticas e comunitárias, formas

próprias de organizar e construir os espaços públicos e privados, laços fortes de

vizinhança, leitura estética específica da realidade, entre outros fatores, sem deixar de

lado a abordagem de problemas como os altos índices de violência, desemprego e

subemprego, intensificados conforme recorte de gênero e raça. Todas essas ideias,

apresentadas em formato de manifesto, visam um diálogo com o Estado que leve em

consideração as condições específicas desses espaços. (IDEM, 2017: 03-05).

É, portanto, na perspectiva de um espaço com diferentes usos, perspectivas e

conceituações (e não apenas como espaço da precariedade), mais próxima as

elaborações de Carlos e da I Internacional das Periferias, que serão analisadas as

memórias da urbanização de São Mateus, visando o entendimento das articulações

entre territórios, vivências sociais e construção de narrativas históricas particulares dos

sujeitos históricos dessa parcela específica da periferia de São Paulo.

São Mateus em Movimento: Sujeitos Históricos da Urbanização de Uma Região

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As periferias da cidade de São Paulo passaram por um acelerado processo de

urbanização entre as décadas de 1940 e 1980, relacionado à intensa industrialização do

município. Para atender à demanda industrial da cidade por mão de obra, houve uma

explosão urbana em direção às suas bordas com o loteamento de territórios rurais para

suprir as necessidades de moradia daqueles que chegavam, de forma a baratear a

moradia e, consequentemente, o custo da força de trabalho. (CALDEIRA, 1984;

FONTES, 2008; BONDUKI, 2013).

Para explicar este processo, Caldeira insere a formação das periferias de São Paulo em

uma perspectiva histórica que trata de três momentos de segregação socioespacial em

seus territórios: a cidade concentrada (de fins do século XIX até a década de 1940); o

modelo centro-periferia (que predominou entre 1940 e 1980) e os enclaves fortificados

- em desenvolvimento a partir da década de 1980. (CALDEIRA, 2000: 211). O

modelo centro-periferia, é posto pela autora como o momento mais bem-sucedido de

segregação socioespacial da cidade de São Paulo, por ter conseguido colocar pobres e

ricos, que viviam relativamente juntos no espaço central da cidade até 1940, em

territórios tão distantes entre si que o encontro entre as classes sociais era algo raro.

(IDEM, 2000: 229-230). Marcadas pela autoconstrução, expansão de linhas de ônibus

e terrenos irregulares - em um espaço onde as legislações urbanas não eram cumpridas

- as periferias desenvolveram-se como o inverso do centro, carentes de toda a

infraestrutura que a cidade legal disponibilizava aos seus moradores.

É dentro do modelo centro-periferia, que se encontra o processo de urbanização de

São Mateus. Não por acaso, o período escolhido para o trabalho coincide com a

formação acelerada das periferias de São Paulo – entre 1950 e 1992.

Mas esse processo não ocorreu sem haver a formação de sociabilidades específicas dos

moradores e nem sem o questionamento, por parte deles, da ausência e/ou ineficiência

do poder público quando estas se faziam sentir. Segundo matérias do periódico local

Gazeta de São Mateus, publicadas nos anos de 1990, datam das décadas de 1950 e

1960 as primeiras manifestações públicas populares de descontentamento com a falta

de infraestrutura urbana na região. As memórias de José Maria Cordeiro sobre a

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associação reivindicativa A Voz da Colina, que tentava mobilizar o bairro por serviços

públicos e infraestrutura nos anos de 1960, evidenciam isso:

Ao lado de Nildo, ele participou da Voz da Colina, na ocasião, mais que um serviço

de alto-falantes. A Voz da Colina era uma entidade que trabalhava para a obtenção

de melhoramentos para o bairro […] Na década de 60 durante a visita de Abreu

Sodré (governador) e Faria Lima (prefeito) eles foram convidados pela diretoria da

Voz da Colina, que na ocasião pretendia fazer uma série de reivindicações para o

bairro. A entidade havia organizado recepção aos políticos, mas uma pequena

confusão entre Cordeiro e um policial do bairro fez com que metade da diretoria da

Voz da Colina tivesse que se ausentar para discutir o problema, que acabou virando

um caso de polícia. Toda a confusão foi por causa do alto-falante, explica Cordeiro

[…] A entidade estava anunciando a vinda dos políticos e chamando a população

para que comparecesse. (GAZETA DE SÃO MATEUS, 09.1995.)

Dataria de 1959, também segundo A Gazeta de São Mateus, o início do funcionamento

da suposta primeira Sociedade de Amigos do Bairro (SAB) da região, a Sacismat

(Sociedade de Amigos da Cidade São Mateus) que teria sido decisiva na obtenção de

verbas para o asfaltamento da Avenida Mateo Bei em 1962 (principal centralidade do

bairro até hoje) sendo, também, ligada ao universo de troca de favores entre governo

do Estado, prefeitura e lideranças locais, algumas delas relacionando-se a Adhemar de

Barros e Jânio Quadros, políticos tidos como “populistas” que se revezaram na

prefeitura e no governo do Estado ao longo dos anos de 1950 e 1960. (IDEM,

09.1995). Adriano Duarte e Paulo Fontes advogam, em artigo de 2004, a necessidade

de se priorizar o estudo das demandas urbanas da periferia de São Paulo que partiam

tanto das SABs, como de outras associações como A Voz da Colina, para se obter um

entendimento da política populista que vá além dos estudos das relações trabalhistas

no período:

Tendo em vista que o despertar do tema do bairro e das questões urbanas que lhe

são conexas decorre das ações populares organizadas, desde o Estado Novo, pelas

associações de bairro, clubes de futebol, comitês, sociedades, associações étnicas,

etc. são elas que estabelecem, no espaço urbano, a importância desses temas como

temas políticos. Foram os homens e as mulheres que construíram essas

organizações de bairro que forçaram a inclusão destas pautas locais na agenda

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política do pós-guerra. Por isso, o sistema populista, num certo sentido, obra dessas

mesmas organizações populares, tanto quanto a elas dirigida. (DUARTE &

FONTES, 2004:117)

São também deste período as primeiras manifestações na Câmara dos Vereadores de

São Paulo, como as do parlamentar Tarcílio Bernardo, sobre as carências urbanas da

região como a falta de pavimentação e as deficiências do serviço de transporte público

regular:

Indicamos ao executivo a necessidade de ser apedregulhada e nivelada a Estrada

do Rio das Pedras em toda a sua extensão […] Trata-se de uma estrada que liga as

vilas Carrão, Nova Manchester, Aricanduva, etc à Cidade São Mateus que se

encontra em franco desenvolvimento. Se não for tomada tal providência, os ônibus

que servem à Cidade São Mateus não poderão trafegar em dia de chuva. (ANAIS

DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 1953: 25)

Segundo Murilo Leal, era comum neste momento histórico o envio, por parte dos

moradores de periferia, de abaixo-assinados e requerimentos aos vereadores, para

denunciar tanto o abandono dos bairros onde viviam como a prefeitura “madrasta”

que esquecia daqueles que pagavam impostos e também tinham direito à

infraestrutura urbana. (LEAL, 2006: 165-67). É provável que a fala de Tarcílio tenha

nela implícita a pressão de alguma forma de organização dos moradores de São

Mateus e dos bairros adjacentes.

Em um outro momento, no contexto de abertura política de fins dos anos de 1970,

reelaboram-se as lutas sociais por urbanização, que abarcam desde os pequenos

agrupamentos organizados junto a Igreja Católica em São Mateus, para debater sobre

campanhas salariais, refletir sobre o 1º de maio e ajudar os desempregados e

perseguidos políticos no início da década (TELLES, 1988: 238-239) a grupos de

mulheres reunidas para discutir os problemas da saúde e ajudar os doentes do bairro,

que constituíram um dos focos originários do Movimento de Saúde de São Paulo

(CARIGNATO, 2009: 55).

Iniciativas essas que levaram esses grupos, no contexto da formação das Comunidades

Eclesiais de Base (CEBs), a aprofundarem a discussão de outros problemas de São

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Mateus e região, como moradia, creches e asfaltamento e a formarem amplos

movimentos para atenderem a todas essas demandas, como relatado no jornal Folha de

São Paulo em 1981:

A história começou em 1975, quando o Estado inaugurou um posto de saúde em São

Mateus, onde, no prazo de seis meses foram matriculadas nada menos que mil

crianças. A deficiência no atendimento médico fez com que os moradores da região

se unissem, orientados pela Pastoral de Saúde, para reivindicar seus direitos. O

Movimento de Saúde deu origem a outros grupos setoriais de ação, reunindo 25

bairros, cujas preocupações no momento, são: as 26 favelas da região (de 200 a

1300 barracos cada uma); creches, problema do menor, asfalto e água. (FOLHA

DE SÃO PAULO, 28.01.1981)

Há, também, indícios de que o Movimento do Custo de Vida (MCV), teve focos de

organização em São Mateus. Importante articulação política da retomada democrática,

surgiu da capacidade de leitura da realidade e organização dos moradores da periferia

de São Paulo, que tinham que se defrontar com os efeitos mais severos da política de

arrocho salarial da ditadura militar, devido à deficiência na distribuição dos gêneros de

subsistência básica nesses territórios que os tornavam ainda mais caros. O historiador

Thiago Monteiro, em pesquisa recente sobre o tema, aponta a região de São Mateus

como um dos epicentros do movimento na cidade, ainda que orbitando o Movimento

de Saúde, com atuação decisiva do pároco da região, padre Franco, que incentivou

outros debates urgentes para os moradores como o do problema do transporte público.

(MONTEIRO, 2017: 81).

Muitos dos quadros formados nessas experiências chegaram a influenciar ou fazer

parte da prefeitura com a chegada de Luíza Erundina (no PT à época) ao executivo

municipal (1989-1992). Exemplos disso são Eduardo Jorge, diretor do centro de saúde

de São Mateus nos anos de 1970 e militante do movimento de saúde, que se tornou

secretário municipal de saúde (CARIGNATO, 2007:116) e militantes como Orlanda

da Conceição que

em 1971 mudou-se para São Paulo no bairro do Parque São Rafael (São Mateus),

zona leste da cidade, onde vive hoje. Começou a militar no Movimento de Saúde em

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1979 e parou em 1996. […] Foi conselheira popular por quatro vezes do centro de

saúde do parque São Rafael, conselheira gestora do hospital São Mateus e integrou

o Conselho Municipal de São Paulo à época da prefeita Luíza Erundina. (IDEM,

2007: 19).

A relação da região com essa gestão - na qual também foi viabilizada a formação de

um de seus maiores bairros o Jardim da Conquista, surgido das mobilizações dos

movimentos de moradia atuantes no local (TENÓRIO, 2014: 92-95) - é, por isso, a

segunda baliza temporal que adotamos por demarcar o momento em que as

organizações de bairro passam a influir diretamente nas instâncias de poder

municipais.

O estudo comparativo de ambos os períodos de mobilizações, nas suas relações com o

cotidiano dos moradores da região, constitui-se em eixo transversal às análises das

memórias dos sujeitos históricos da urbanização de São Mateus, demonstrando como a

política desenvolvida nos bairros é elemento essencial ao entendimento da formação

histórica das periferias de São Paulo.

Considerações Finais

O estudo das memórias da urbanização de São Mateus, tanto nos textos jornalísticos

como na produção de entrevistas, tem sido campo fértil para o entendimento inicial

dos processos históricos de formação da periferia de São Paulo, que ainda carecem de

maior atenção da historiografia especializada em história de São Paulo. Os eixos

elencados neste texto que tratam da conceituação de periferia, das narrativas pessoais

oriundas da história oral e das lutas sociais, ao interligarem-se a partir da

problematização das fontes, tendem a fornecer uma visão multifacetada desses

processos. Essa operação já demonstra que o trabalhador, o sujeito político e o vizinho

podem ser o mesmo indivíduo, atuando em diversos papéis para recriar o espaço em

que vive conforme suas necessidades mais frementes e o modelo de cidade que tem

em mente. A interpretação desse apanhado deve revelar ainda, ao longo da pesquisa,

as diferentes estratégias subjetivas desses sujeitos para mostrarem-se, a partir das

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fontes orais ou dos relatos para os jornais, como protagonistas não só de suas vidas

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