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Realizado a 09 e 10 de Novembro de 2013, no Centro de Congressos de Lisboa Corpo Nacional de Escutas . Escutismo Católico Português Conclusoes

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Realizado a 09 e 10 de Novembro de 2013, no Centro de Congressos de LisboaCorpo Nacional de Escutas . Escutismo Católico Português

Conclusoes

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“Escutismo: educar para a vida no século XXI”Corpo Nacional de Escutas | Escutismo Católico Português

O Corpo Nacional de Escutas, Escutismo Católico Português, reunido em con-

gresso, na cidade de Lisboa, nos dias 09 e 10 de novembro de 2013, por altura

das Comemorações do 90.º aniversário da sua fundação, subordinado ao tema

“Escutismo: educar para a vida no século XXI”, tendo como objetivos:

- refletir sobre a atual situação da Associação no século XXI tendo como base os

diversos contributos recolhidos, as experiências vividas e o seu impacto social;

- dinamizar um espaço de encontro, reflexão e debate em torno da sua Identi-

dade, Valores e Missão;

- identificar eixos estratégicos que permitam uma dinâmica nacional de desen-

volvimento sustentado;

- e dotar a Associação de um acervo de produções reflexivas sobre o seu presen-

te e futuro numa perspetiva facilitadora de dinâmicas participativas similares;

assume como suas as conclusões que se seguem, resultantes das comunicações

apresentadas e do debate realizado, tendo consciência que as sínteses pecam

sempre por serem limitadoras da realidade textual.

FICHA TÉCNICA:

Titulo: Conclusões Autor: Corpo Nacional de EscutasGrafismo: Gonçalo VieiraCapa: António LaranjeiraCoordenação da Equipa de Relatores: Teresa Oliveira Santos;Equipa Relatores: Ana Braga; António Mendonça; Carlos Gonçalves; Dina Jeremias; Ernesto Machado; Joaquim Freitas; José Santos; Palmira Cruz e Tânia Castro; Coordenação e Revisão: Carlos Alberto Pereira, José Filipe Pinheiro, Teresa Oliveira Santos;

Novembro.2013.Lisboa

Suplemento da Flor de Lis

Impresso por: LST – Artes GráficasRua Mário Castelhano, N.º 42(Lux Park) A 27Queluz de Baixo

Conclusoes

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Da Conferência de Abertura “Escutismo: Educar para a vida no século XXI” assumimos:

- Projetar o futuro, implica de imediato, reconhecer e compreender, as lições e o

património do passado onde:

• o CNE, teve uma aposta percursora na juventude e com a educação em ida-

des precoces, fase determinante na formação da pessoa, num tempo em que

“a criança não era ainda centro de atenção na Sociedade e na Educação”;

• o CNE, pela valorização da autoeducação e de uma educação pela relação e

proximidade, coloca a tónica num papel determinante dos que se educam,

tendo conseguido assegurar uma sempre independente e isenta ação social;

posicionamento, assente na sua inspiração cristã (através do reafirmar dos va-

lores absolutos que mantém) e no espírito ecuménico com que acolhe, na vi-

são global que tem da Sociedade, de Portugal e do mundo, para a realização

integral da pessoa como ser individual que se realiza na relação e dialética

entre cada sujeito com o outro e na relação com o meio;

• o CNE, enquanto movimento interclassista, encara como fundamental o papel

crescente da mulher na Associação e na Sociedade, assim como, o diálogo entre

as gerações, colocando o jovem no centro da ação pedagógica. Fatores relevan-

tes porque admitimos que vivemos um tempo de “relatividade” e “flexibilidade”

e, por isso, o CNE reconhece a importância de colocar “alerta” os agentes edu-

cativos tradicionais ou formais, pois “o que está ganho, não mais será perdido”.

• o CNE, atento aos múltiplos e dispersos desenvolvimentos da atualidade –

num novo e mutável tempo e espaço – de grandes e indeléveis mudanças,

mantém como referencial os valores cristãos, que nos conduziram, ontem

como hoje, ao respeito pela dignidade da pessoa humana, assumindo-os

como permanentes e imutáveis.

- É neste contexto, e num percurso relativamente curto, com mudanças radicais na

sociedade portuguesa, realizadas em simultâneo e no tempo de duas gerações,

agravadas pela ausência dessa mesma consciência, pela mercantilização e rela-

tivização da vida, que resulta uma certa distorção da identidade, da qual emerge

a urgência de dar alma e solidariedade, bem como recriar permanentemente,

dando respostas aos velhos e novos desafios, permitindo assim que a Educação

cumpra a sua verdadeira missão: resolver problemas de forma equilibrada.

- É nesta atualidade que emergem os valores absolutos do CNE, concretizados

por uma Fé encarnada, vertical e horizontal, que salva cada um pela ação no

conjunto: “O Escutismo é isso mesmo: é [cada jovem] construir eternidade em

cada instante da sua vida”.

- Deste modo, pelo facto de sermos um movimento de inspiração cristã, com o maior

número de jovens em Portugal, devemos comprometer-nos a ter um papel ativo

na construção do futuro da Igreja e da Sociedade: “A igreja será em Portugal, lar-

gamente, aquilo que for o Movimento Escutista Católico porque irá marcar mais ou

menos gerações, crianças e jovens de hoje que serão os adultos do amanhã.”

- Para tal, é necessário moldar a linguagem, utilizando novas terminologias, novos

meios, uma nova presença nos media que os influencie por dentro, reveladora

dos valores que professamos, como cristãos e como humanos.

- O Escutismo deverá pois, assumir em si uma nova dimensão: estar ao lado dos

que mais sofrem “do corpo e do espírito”, professando a nossa Fé diariamente

em ações concretas e cristãs. O escuteiro, mais do que aquele que não o é,

deverá ser mais responsável e comprometido com o “todo”, aceitando inclusive

o desafio de ir mais longe do que os outros cristãos. É ainda fundamental que

o Escutismo seja portador de Esperança Cristã, de Caridade e dinamismo, num

contexto de crise social.

- É urgente olhar o futuro, não como será, mas como queremos que seja. O que

fizermos hoje, será o resultado que teremos amanhã.

Em suma, assumirmo-nos como portadores da Esperança, porque todos temos de

ser profetas e estar à altura da graça, que recebemos em sermos cristãos, revestida

no nosso compromisso, concretizando-o numa atitude de coragem permanente:

• de afirmar;

• de testemunhar;

• de agir;

• de comunicar;

• de dialogar.

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É a partir destas convicções que aceitamos como pistas inspiradoras, que são

sólidas e abrangentes, agregadoras e transversais, no fundo construtoras de futu-

ros, que no Painel I - “Escutismo na Igreja” concretizado pelos subtemas:

- A Igreja e os sinais dos tempos. Qual a nossa missão como leigos?

- A lei do escuteiro e a lei de Deus. Desafios ou pistas na educação e testemunho

cristão?

Concluímos:

- O CNE nasceu e cresceu na Igreja, nela encontra a sua casa e dela não se poderá

nunca dissociar.

- É importante reconhecer o enorme potencial do Escutismo ao serviço da Evan-

gelização e da promoção da vivência comunitária, presente nas bases da peda-

gogia escutista (de que é exemplo evidente o sistema de patrulhas), que deve

merecer todo o apoio pastoral.

- Todos os Dirigentes, como membros efetivos da Igreja, assumem na sua atitude

de serviço e de educadores, um papel de Evangelizadores, resultando na neces-

sidade evidente de uma adequada e comprometida formação humana e cristã.

- O CNE, no cumprir da sua missão, deverá esforçar-se permanentemente por

construir um caminho de esperança, que o mundo tanto precisa, para a paz e

para a promoção da dignidade humana, sobretudo junto dos mais fragilizados.

- A Igreja reconhece que o CNE é um instrumento válido para a educação, para a

vida, para a fé e para o crescimento na vida cristã.

- Por outro lado, o CNE assume e aceita os desafios que a Igreja hoje lhe apre-

senta:

• de Identidade;

• de Abertura;

• de Integração;

• de Comunhão;

• de Evangelização.

No sentido de entender “qual a nossa Missão como leigos”, compreendemos:

- A radicalização da secularização conduz ao niilismo, à destruição dos sinais do

tempo e dos tempos, por conseguinte complexos ao nosso entendimento;

- A radicalização da sacralização pode conduzir a uma religião descarnada e vã;

- A articulação do sagrado e do secular, de modo a que este não divinize nada, e

o sagrado promova uma relação direta com Deus, deve orientar a atividade dos

cristãos leigos, através da nossa relação com o mundo;

- Pelo batismo (o sagrado), o cristão realiza a sua missão e a sua condição de Sa-

cerdote, Profeta e Rei. Deste modo, a presença sagrada concretiza-se realidade

na vida de cada um e no espaço secular da história humana;

- O cristão leigo celebra (Sacerdote) a sua Fé no contexto da comunidade cristã em

que está inserido, não a vivendo de forma desconexa nem alheada dos demais

agentes pastorais e, por isso, professa (Profeta) a sua Fé no mundo plural em que

vive. O cristão leigo organiza (Rei) a caridade no quotidiano das situações;

No mundo cultural, o cristão leigo que procura manter a referência à Fé que o

orienta, terá para isso de esforçar-se permanente e incessantemente. Não pode,

por isso, limitar a sua Fé ao âmbito individual das convicções privadas, mas deve

trazê-la, sem preconceitos, para o fórum do conflito das interpretações, podendo

ensinar e aprender com os outros. É neste sentido que todas as dimensões da

atividade laical, por natureza educativa, visam a transmissão da fé e por isso, en-

quanto cristãos leigos, devemos comprometer-nos permanentemente a:

• celebrar a Fé – como liberdade da Criação, rumo a uma ecologia verdadeira;

• anunciar a Fé – em linguagem clara e no debate com a pluralidade de inter-

pretações;

• realizar a Fé – na caridade, numa atitude pragmática do quotidiano, que une o

crer e o fazer de modo muito próprio;

• transmitir a Fé – às gerações vindouras, preocupando-nos com estas, muito

para além do curto individualismo que teima em encerrar cada geração em

si mesma.

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Da reflexão em torno da “Lei do Escuteiro e da Lei de Deus”, enquanto desafios

ou pistas na educação e testemunho cristão, concluímos:

- o Movimento Escutista está impregnado da presença de Deus que Baden-Powell

– o Fundador – vê sempre como o Criador;

- a Igreja aperfeiçoou o Escutismo original, tornando-o um instrumento de educa-

ção, não só humana e natural, mas cristã e sobrenatural;

- a Lei de Deus aparece como um código de honra, um código de conduta para

que o Povo se sinta presença e pertença de Deus.

Por conseguinte, a Lei do Escuteiro implica um pacto de honra que nunca pode-

remos deixar de cumprir. Ao aceitar esta Lei, o escuteiro está a assumir a respon-

sabilidade de viver de acordo com os seus valores, explícitos em dez propostas

de vida e atitude que, tal como os Dez Mandamentos, têm em vista a relação do

escuteiro com Deus e com todos os homens, numa atitude de serviço desinteres-

sado e leal.

É impossível pensar na compreensão, vivência e testemunho da Lei, dos Princí-

pios, da Divisa, bem como da Promessa, sem ser à luz desta relação e aproxima-

ção a Deus.

Olhando para a Lei, ela é a pedra angular do projeto educativo para a própria

educação escutista. Ela é o caminho que nos conduz à Fé, sendo que o CNE tem

uma responsabilidade acrescida para com esta Fé que professa.

Neste sentido, “não pode haver um único Dirigente do CNE que não saiba expli-

car aos seus jovens as razões da sua Fé”.

Em síntese:

“Ao Escutismo, em particular ao Escutismo Católico, compete fazer de

cada atividade, caminho para descobrir Deus e o sentido do outro como

irmão, porque é filho de Deus Criador.”

No Painel II - “Escutismo na Educação” constituído pelos subtemas:

- A educação e a educação não formal. Desafio, utopia ou compromisso?

- O escutismo como educação não formal. Que sentidos à participação num per-

curso com 90 anos?

- O agrupamento, comunidade educativa local. Centralidade ou periferia na me-

todologia escutista?

Partindo de uma análise do contemporâneo para os lugares e sentidos do Escu-

tismo na Educação, podemos permitir-nos a empreender um percurso estrutura-

do, em seis “mitos”, a partir dos quais concluímos que o CNE:

- tem uma missão, no encontro e descodificação das questões essenciais, porque

nesta se concretiza e porque assim se consulta;

- congrega tudo o que é preciso para tornar real o viver; promover a visão crítica

do mundo e aprender a ser e estar uns com os outros;

- permite que os seres humanos aspirem, desde muito cedo, para a relação, para

o diálogo com o outro, com o diferente. Ao concretizá-lo desenvolve a lealdade

e a honestidade porque ensina a cada um o ideal humano e a cuidar dos outros;

- conduz as crianças e os jovens ao essencial de si e da relação com os outros,

porque eleva o ideal de servir à excelência do ser e da cidadania, incentivando

à participação cívica e à responsabilidade pessoal;

- promove a adesão pessoal a um quadro de valores, porque aquilo que se incute

é transmitir esperança, fazer brotar em cada um e em cada grupo as mais nobres

qualidades humanas;

- visa a assunção da responsabilidade pelo caminho feito, pela esperança: ou há

ação consequente ou não há valores pessoalmente assumidos.

Sendo a Educação anterior à Escola, é também património de outros agentes

educativos que não aqueles tradicionalmente a ela associados e, por isso, reco-

nhecemos que as fronteiras entre a Educação, a Educação Não Formal e a Educa-

ção Informal são necessariamente ténues e não consensuais.

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É com base nestas premissas que faz sentido referirmo-nos a uma tríade educati-

va, assim como aos conceitos de: “educação ao longo da vida”, “cidade educati-

va”, “educação intergeracional” e “interétnica”. Importa ainda ter em consideração

o valor do tempo humano, sobretudo do ócio, se realmente tempo de relação e

descoberta de nós e dos outros, como reduto onde o CNE pela sua ação per-

cursora e socializadora, através do Método Escutista – um método que é nosso

e que nos é próprio – e que ao colocar os jovens no centro do processo educati-

vo, poderá contribuir para a descoberta e (re)descoberta desse tesouro que é a

Educação. Para que o consigamos concretizar com êxito é necessário afirmarmo-

-nos na sociedade, pelo valor daquilo que somos e do que fazemos, dando-lhe

a devida (e justa) visibilidade, assim como sermos capazes de envolver os jovens

em processos vincados pela “participação” efetiva, inclusive nos momentos de a

Associação se repensar.

Acreditamos convictamente que o Escutismo é um contexto simultaneamente

de educação e aprendizagens, que brotam de uma relação e do diálogo entre

pares que são cúmplices, próximos e que vivem uma intensidade de afetos e

partilhas entre quem educa e é educado, quem ensina e aprende. Assim, temos

consciência que a educação é aprendizagem, mas nem todas as aprendizagens

são educação.

Por último, olhando a realidade escutista, a Educação concretiza-se e acontece

no agrupamento, porque é o núcleo central na metodologia escutista, mas tam-

bém e naturalmente, porque é aqui que estão os jovens. O agrupamento, não é

nem pode ser uma ilha, desligado do contexto em que está inserido, deve pelo

contrário marcá-lo e deixar-se marcar, enquanto comunidade aberta, deixando-

-se envolver, pela forma cooperativa em que se dá e se estrutura. Ao consegui-lo,

concretizar-se-á como “Comunidade educativa local”. Ao viver como seu o desa-

fio e arrojo do “pensar global e agir local”, o Agrupamento está pois ao serviço

das necessidades concretas do jovem e da comunidade.

Por último, no Painel III - “Escutismo na Sociedade” cujos subtemas foram:

- A sociedade do século XXI. Que diálogos e que interações na e para a formação

de jovens?

- O Escutismo Católico Português. Da realidade a uma visão (de e) com futuro.

Concluímos:

- o CNE deve orgulhar-se e congratular-se da herança construída nestes 90 anos

e que transporta para o futuro;

- neste tempo conturbado e difícil que vivemos, seremos tanto melhor sucedidos

quanto maior for a nossa capacidade de fazer “Nós” e de criar “Pontes”;

- o desafio do CNE é viver numa Sociedade deslaçada, onde os “Nós” se des-

fazem e são frequentemente cortados, revelando uma erosão persistente dos

laços de confiança, que se afirma como problema central, na medida em que

outros decorrem deste ou se agudizam pela sua influência;

- a desconfiança militante nos outros, nas organizações e mesmo em nós próprios,

mina e corrói. O olhar hipercrítico e intolerante, que não reconhece, não incen-

tiva e não elogia, fragiliza as instituições e a sociedade, deslaçando a confiança

criada, sem a qual não há, não haverá futuro;

- os laços de confiança, o nosso maior capital social, são um tesouro que quere-

mos recuperar.

Num tempo de grande erosão da confiança, a recuperação da mesma para a So-

ciedade assume-se como um desafio premente, recusando a destruição dos elos

e dos “Nós” e exigindo-nos ser consequentes nas atitudes, na missão, nos valores,

na honra e no carácter.

O CNE é hoje, e deve garantir que assim se mantém, uma comunidade confiável

e confiante. Confiável, porque é capaz de amar no serviço, de expressar miseri-

córdia, de sorrir. Confiante, porque confia em si própria, porque se mantém auto-

-exigente e porque se mantém capaz de aprender.

O CNE tem de ser também Pontífice, construtor e guardião de “Pontes”. O nosso

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caminho missionário é sermos construtores desses “Nós” e sermos “Pontes” na

sociedade do século XXI: vivendo um verdadeiro sentido de serviço, planeado

com base nos conhecimentos adquiridos, valorizando a relação com os outros,

ousando sonhar construir um mundo melhor que “pula e avança” requerendo

uma atenção permanente à mutação.

“Confiemos que o bem vence sempre o mal. Se isso ainda não aconteceu

é porque a história ainda não acabou!”

Refletindo sobre “Que diálogos e interações na e/para a formação de jovens”, re-

visitamos a tríade da finalidade do Escutismo, concretizada no desenvolvimento

da criança e do jovem, que passa por crescerem como pessoas felizes e cidadãos

responsáveis, membros das comunidades que os envolvem.

A partir desta certeza, reconhecemos que o “Educar para quê” conduz-nos à

consciência do ser, na detenção do saber e na preparação para agir, que se refle-

te, por sua vez, em conhecimentos, competências funcionais/aptidões e compe-

tências sociais, ou seja, atitudes.

Em suma, o CNE é desafiado a:

- Inovar – necessidade que deve sair dos Agrupamentos, das bases ao topo, num

processo participativo, transversal, com o enfoque no Agrupamento e nas suas

boas práticas;

- Pensar as Competências atuais – aferindo se estão ou não a proporcionar compe-

tências para a vida no século XXI;

- Formar – focando na aprendizagem e capacitação dos adultos. Temos de ser

bons modelos revendo-nos nas palavras do Fundador Baden-Powell: “Não

existe ensino que se compare ao exemplo.”

A grande resposta à questão inicial, passa por compreender a capacidade do

CNE em educar os jovens para aprender a aprender.

Olhando a realidade que “Somos e que queremos ousar ser”, compreendemos que:

- é preciso antecipar a mudança para não a sofrer passivamente;

- a população está a envelhecer a um ritmo alucinante, sendo a taxa de substitui-

ção das gerações muito baixa. O que indicia, para o Movimento, vir a ter mais

adultos disponíveis enquanto o número de efetivo de jovens estagna ou baixa.

Não podemos cair no erro de ser um Movimento de adultos que se ocupa de

jovens. Temos de refletir no papel educativo do adulto, uma vez que o ADN do

CNE é ser um Movimento de jovens que recorre a adultos, e não o contrário. Os

Dirigentes mais velhos vão-se concentrando no topo de uma pirâmide, inverten-

do a forma geométrica. Há cada vez mais uma variedade de gerações que vão

permanecendo e acumulando-se.

Quais são as oportunidades e ameaças que esta realidade encerra? Este tema

merece a nossa análise e discussão profunda e prolongada. Apresentam-se, en-

tão, desafios a três níveis fundamentais relativamente às oportunidades e amea-

ças face:

• ao envelhecimento;

• à aplicação do método;

• à concretização da nossa missão educativa;

“O mundo ficou mais pequeno, mas também mais próximo. Educar neste

contexto é assumir o correr o risco, o ser proativo, o remar contra maré

tantas vezes contra a tendência dominante. Sabemos que não estamos

sozinhos na viagem, mas não podemos pedir que alguém reme por nós.

A responsabilidade de impelir a canoa é de cada um e temos de ensinar

os jovens e prepará-los para isso”.

Perante o paradigma de fragmentação de vidas o CNE terá de ser: o esquadrão

de combate, a multidão inspiradora e a comunidade regeneradora. Urge criar nos

jovens a capacidade de aprender a aprender continuamente.

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Estamos certos que o CNE é um quadro de referência sólido, refletidos nas seis

áreas de desenvolvimento e que tem as ferramentas certas para trabalhar neste

cenário: o sistema de patrulhas, os percursos individualizados (sistema de pro-

gresso, competências e especialidades) e o papel do adulto enquanto exemplo

e farol em todas a idades.

A aplicação do método escutista é não apenas, o roteiro para que o jovem apren-

da a aprender, mas também o roteiro para o funcionamento do CNE enquanto

organização aprendente.

O Escutismo tem de se realizar numa vivência integrada. Não se pode fechar den-

tro de si, mas antes ser um motor de “Pontes” e laços com os outros, sobretudo

junto dos que mais precisam.

Numa retrospetiva das conclusões, que constituem um manancial de desafios

permanentes e pertinentes, reconhecemos que é necessário continuar a afirmar

e reforçar publicamente o nosso quadro de referência – a nossa Identidade, os

nossos Valores, o nosso Método e Programa - elementos sólidos e determinantes

na concretização da Mudança.

O Futuro começa já, hoje, aqui e agora, chamando à participação responsável

cada um dos presentes e de tantos outros, que constituem o Corpo Nacional de

Escutas. Temos de continuar a chegar a mais jovens, sendo capazes de fazer mais,

de fazer melhor, num tempo que é fantástico e oportuno para concretizarmos a

nossa Missão.

Devemos, pois, desejar um Novo Mundo para o Mundo, afirmando-nos Homens

Novos, numa diferença que vale a pena: o Escutismo como Movimento de Fron-

teira.

O Futuro tem futuro, para o Corpo Nacional de Escutas.

Lisboa, 10 do mês de novembro de 2013

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Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português . 2013