CERÂMICAS DENTÁRIAS CONTEMPORÂNEAS REVISÃO …
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Ana Rita Correia Rocha Simaria
ARTIGO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA
CERÂMICAS DENTÁRIAS
CONTEMPORÂNEAS – REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Porto, 2019
AUTORA:
Ana Rita Correia Rocha Simaria
Aluna do 5º Ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária na Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto
ORIENTADOR:
Mário Ramalho de Vasconcelos
Professor associado na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
ARTIGO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA
CERÂMICAS DENTÁRIAS
CONTEMPORÂNEAS – REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Porto, 2019
VII
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus
caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por
suas vidas.
Clarice Lispector
VIII
IX
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus queridos pais, Carlos e Manuela, por terem sido um pilar, durante
toda a minha existência, mas principalmente no decorrer da vida académica, que foi sem
sombra de dúvidas uma grande conquista para todos nós. Agradeço muito pela força, dedicação
e transmissão de valores que levarei comigo para o resto da vida. Não cabe no meu coração o
quanto me apoiaram e ajudaram, e porque apesar de tudo, sempre estiveram com o coração
aberto e com um sorriso nos lábios.
Agradeço também aos meus adorados avós, Engrácia e José, pela simplicidade e
humildade que sempre mostraram e por partilharem todos os ensinamentos que têm da vida, que
me fazem todos os dias tentar ser um melhor ser humano.
Agradeço à minha amiga Dina, por ter sido o meu amparo durante o meu percurso
académico, a minha binómia, a minha companheira de estudo e a minha amiga do coração que
espero levar comigo para o resto da vida.
Agradeço a todos os meus amigos que me acompanharam durante os anos vividos na
FMDUP, guardo-os a todos no meu coração, com muita alegria e saudade. Obrigada por
partilharem comigo a vossa amizade, compreensão e alegria contagiante.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Doutor Mário Vasconcelos, por toda a
disponibilidade, gentileza e ajuda durante a realização desta monografia, pois tive todo o prazer
em realizá-la.
X
XI
ÍNDICE
I - Resumo 1
II - Palavras-Chave 1
III - Abstract 3
IV - Key-Words 3
V - Introdução 7
VI - Materiais e Métodos 11
VII - Desenvolvimento 15
VII.I – Classificação das Cerâmicas Dentárias 15
VII.II - Cerâmicas Dentárias e Métodos de Processamento 17
VII.III - Tipos de Cerâmicas Dentárias 22
VII.III.I – Cerâmicas com Matriz Vítrea 22
VII.III.I.I - Cerâmicas Feldspáticas 22
VII.III.I.II - Cerâmicas Vítreas Sintéticas 23
VII.III.I.III - Cerâmicas com Infiltrado Vítreo 26
VII.III.II - Cerâmicas Policristalinas 26
VII.III.II.I - Alumina 26
VII.III.II.II - Zircónia 27
VII.III.III- Cerâmicas com Matriz Resinosa/ Híbridas 30
VIII - Conclusão 35
IX - Referências Bibliográficas 39
X - Anexos 47
XII
XIII
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - vantagens e desvantagens de restaurações realizadas por sistemas CAD -
CAM.
21
Figura 1 – Diferentes materiais cerâmicos que podem ser fabricados por CAD - CAM. 19
Figura 2 – Representação esquemática das três classes básicas das cerâmicas dentárias. 26
Figura 3 – Duas formas diferentes de sistemas totalmente cerâmicos como alternativa às
restaurações metalo-cerâmicas.
28
Figura 4 – Fratura do recobrimento numa coroa de cerâmica em Y-TZP. 29
Figura 5 – Estrutura de um polímero infiltrado com rede cerâmica (PICN). 31
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XV
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
CAD-CAM – Computer Aided Design Computer Aided Manufacturing
Y-TZP - Zircónia Policristalina Tetragonal estabilizada por Ítrio
PSZ - Zircónia Parcialmente Estabilizada
ZTC- Zircónia endurecida por Compostos
TZP - Zircónia Policristalina Tetragonal
PICN - Polímero Infiltrado com Rede de Cerâmica
MPS- Metacrilopropiltrimetoxisilano
TEGDMA- dimetacrilato de trietilenoglicol
UDMA- Dimetacrilato de uretano
ADA – Associação Dentária Americana
XVI
1
I - RESUMO
INTRODUÇÃO: As cerâmicas dentárias são, atualmente, um dos biomateriais de eleição para
restaurar a estrutura dentária devido às suas promissoras propriedades mecânicas e estéticas. A
crescente exigência estética dos materiais restauradores tem resultado num desenvolvimento
acentuado de novos materiais e de novas tecnologias de processamento, com o intuito de
possibilitar a utilização de sistemas totalmente cerâmicos nas diversas situações clínicas possíveis.
OBJETIVOS: O objetivo é realizar uma revisão bibliográfica com base na classificação dos
materiais cerâmicos utilizados na atualidade tendo em conta a sua composição química, método
de processamento, aplicabilidade clínica, propriedades mecânicas e estéticas.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram utilizados artigos pesquisados eletronicamente em
bases de dados devidamente creditadas como a MEDLINE/PubMed, Scopus, MDPI-materials e
“The Journal of Prosthetic Dentistry”, respeitando os critérios de inclusão e exclusão.
DESENVOLVIMENTO: As cerâmicas podem ser classificadas de acordo com a
utilização/indicação, composição, fase cristalina/vítrea principal, método de processamento,
temperatura de fusão, microestrutura, translucidez, resistência à fratura e abrasividade.
Exponencialmente têm surgido no mercado sistemas otimizados assim como novos materiais e
técnicas de processamento. São inúmeras as formulações de cerâmicas dentárias que podem ser
processadas por CAD - CAM e pode tornar-se difícil a seleção do material adequado por parte do
médico dentista.
CONCLUSÃO: A procura constante por materiais cerâmicos restauradores que combinem a
estética e a resistência conduziu ao desenvolvimento de cerâmicas vítreas reforçadas, como por
exemplo a cerâmica de silicato de lítio reforçada por zircónia. As cerâmicas dentárias em zircónia
apresentam propriedades óticas reduzidas sendo normalmente consideradas opacas, o que
contribui para a necessidade de acrescentar uma cerâmica de recobrimento para otimizar essas
características estéticas. O material cerâmico ideal, que possa ser utilizado em qualquer situação
clínica, em qualquer local da cavidade oral, com as propriedades mecânicas e estéticas ideais está
longe de ser descoberto.
II - PALAVRAS-CHAVE: “cerâmicas dentárias”, “propriedades estéticas”, “propriedades
mecânicas”, “classificação das cerâmicas dentárias”, “métodos de processamento”, “cad cam
cerâmicas dentárias”.
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3
III - ABSTRACT
INTRODUCTION: Dental ceramics are currently one of the biomaterials of choice for
restoring tooth structure due to its promising mechanical and aesthetic properties. The increasing
aesthetic requirement of restorative materials has resulted in a marked development of new
materials and new processing technologies in order to allow the use of fully ceramic systems in
the various existing clinical situations.
OBJETIVES: The purpose of this bibliographic review is describe the classification of the
ceramic materials used in the present time taking into account its chemical composition, processing
method, clinical applicability, mechanical properties and aesthetic properties.
MATERIALS AND METHODS: Articles were searched electronically in credited
databases such as MEDLINE/ PubMed, Scopus, MDPI-materials and The Journal of Prosthetic
Dentistry, respecting the inclusion and exclusion criteria.
DEVELOPMENT: Dental ceramics can be classified according to the use/indication,
composition, main crystaline/vitreous phase, processing method, firing temperature,
microstructure, translucency, fracture resistance and abrasiveness. Optimized systems appear on
the market as well as new materials and processing techniques. There are numerous dental ceramic
formulations that can be processed by CAD - CAM and it may become difficult for the dentist to
select the appropriate material.
CONCLUSION: Constant search for restorative materials combining aesthetics and strength
has led to the development of reinforced vitreous ceramics such as zirconia-reinforced lithium
silicate ceramics. Zirconia dental ceramics have reduced optical properties and are generally
considered opaque, which contributes to the necessity to add a veneering ceramic to optimize
aesthetic characteristics. The ideal ceramic material, which can be used in any clinical situation,
anywhere in the oral cavity with the ideal mechanical and aesthetic properties is far from being
discovered.
IV-KEY-WORDS: “dental ceramics”, “esthetic properties”, “mechanical properties”, “dental
ceramics classification”, “processing methods”, “cad cam dental ceramics”.
4
5
V - INTRODUÇÃO
6
7
V - INTRODUÇÃO
A palavra cerâmica deriva da palavra grega “keramos” que significa “queimar coisas”. É,
portanto, um material obtido a partir de temperaturas muito elevadas. (15)
As cerâmicas dentárias são constituídas por elementos metálicos e não metálicos,
nomeadamente óxidos, nitratos, carbonetos e silicatos. São um material constituído
predominantemente por sílica, sob a forma de dióxido de silício (SiO2), e comummente utilizadas
na reabilitação da estrutura dentária por apresentarem propriedades clínicas atrativas (10,11). Podem
ser utilizadas para confeção de coroas, pônticos e pilares de pontes, implantes, inlays, onlays e
facetas. (15)
A introdução de materiais como a cerâmica na área da medicina dentária data do século
XVIII, onde foi realizada uma prótese total em porcelana em 1774 por Alexis Duchâteu. (2,11) O
termo porcelana refere-se a uma cerâmica branca, translúcida que é aquecida a elevadas
temperaturas, tratando-se de uma cerâmica feldspática tradicional. (11,15) De acordo com diversos
estudos, a descoberta das aplicações deste material permitiu a sua utilização em restaurações
metalo-cerâmicas com elevado sucesso e, posteriormente em restaurações totalmente em cerâmica,
que se tornaram muito populares. (2,4) As cerâmicas podem ser fabricadas pelos métodos
tradicionais em laboratório ou por desenho assistido por computador e maquinação assistida por
computador (CAD-CAM – Computer Aided Design Computer Aided Manufacturing). (13)
As propriedades da estrutura da cerâmica dentária são dependentes da sua composição,
integridade de superfície e presença de vácuo no processo de sinterização do material. As suas
propriedades mecânicas e estéticas são influenciadas pela natureza, quantidade, tamanho das
partículas e coeficiente de expansão térmica da fase cristalina. (11,l5)
Nos últimos cinquenta anos, os desenvolvimentos tecnológicos, como a utilização de
sistemas computadorizados consequentemente envolvidos na produção das restaurações dentárias,
e a constante procura de novas microestruturas do biomaterial originaram uma otimização das
propriedades das cerâmicas dentárias. (5)
Os sistemas totalmente em cerâmica (all ceramic systems) contribuíram para melhorar
alguns aspetos importantes relacionados com o sucesso das restaurações comparativamente com
as restaurações metalo-cerâmicas. São exemplos a substituição de uma subestrutura metálica
bloqueadora de luz por uma cerâmica de alta resistência mais opaca, a possibilidade da linha de
acabamento estar ao nível da margem gengival ou 0,5 mm subgengival sem comprometer a
8
estética, apresentarem menor condutividade térmica, elevada resistência à flexão, à fratura e ao
desgaste, propriedades abrasivas reduzidas, estabilidade de cor, maior biocompatibilidade, e evitar
um sobrecontorno devido ao perfil emergente de uma coroa cerâmica. (8)
O resultado final de restaurações totalmente cerâmicas depende do tipo de cerâmica
utilizada, da força de ligação entre a infraestrutura e o recobrimento, da espessura do material e do
design na restauração. (35)
A introdução de restaurações monolíticas de zircónia para coroas no setor posterior veio
ultrapassar um dos principais problemas existentes no caso das restaurações com cerâmica de
infraestrutura e com cerâmica de recobrimento. Assim, sendo a cerâmica de recobrimento uma
cerâmica de baixa resistência, normalmente feldspática, ocorre a fratura da cerâmica de
recobrimento com alguma frequência. No entanto, quanto à capacidade de mimetizar a estrutura
dentária natural, as restaurações monolíticas de zircónia ainda não são suficientes. Por esse motivo,
desenvolveram-se novos métodos de processamento de forma a melhorar a qualidade do material
de recobrimento: eliminação da porosidade da camada de infraestrutura, a produção de uma
camada de recobrimento de dissilicato de lítio com propriedades que tornam o material mais
resistente, e fresagem da camada de recobrimento por CAD - CAM que depois é cimentada na
infraestrutura de zircónia. (3,5)
Todo este desenvolvimento tem contribuído para a constante evolução e otimização das
características dos materiais. A vasta possibilidade de escolha por parte do médico dentista para a
reabilitação de um determinado caso clínico pode ser difícil. Uma vez que uma reabilitação
protética se inicia sempre a partir de um diagnóstico correto e de um bom planeamento, é de
elevada importância conhecer quais são os sistemas de cerâmicas mais apropriados e quais as
principais vantagens e desvantagens dos mesmos na prática clínica, bem como a probabilidade/
taxa de sucesso clínico a longo prazo. (3)
O principal objetivo da presente monografia foi realizar uma revisão bibliográfica com
base nos materiais cerâmicos utilizados na atualidade tendo em conta a sua composição química,
método de processamento, aplicabilidade clínica, propriedades mecânicas e estéticas, de forma a
sintetizar as características mais importantes de cada material.
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VI - MATERIAIS E MÉTODOS
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VI - MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa realizada para a revisão bibliográfica teve por base artigos pesquisados
eletronicamente em bases de dados devidamente creditadas como a MEDLINE/ PubMed, Scopus,
MDPI- Materials, e “The Journal of Prosthetic Dentistry”.
Os critérios de inclusão foram: publicações nos últimos quinze anos (2004 a 2019),
publicações com texto integral de acesso livre, publicações em português e inglês, publicações do
tipo caso clínico, revisão sistemática e estudo clínico, e publicações cuja referência foi encontrada
em artigos científicos.
Os critérios de exclusão foram: artigos não relevantes para o tema, artigos repetidos, artigos
sem rigor científico e artigos não disponíveis em texto completo.
O conetor boleano utilizado foi “and” e as palavras-chave utilizadas foram: “dental
ceramics”, “esthetic properties”, “mechanical properties”, “dental ceramics classification”,
“processing methods” e “cad cam dental ceramics”.
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13
VII - DESENVOLVIMENTO
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15
VII - DESENVOLVIMENTO
VII.I - CLASSIFICAÇÃO DAS CERÂMICAS DENTÁRIAS
Os materiais cerâmicos demonstram excelente biocompatibilidade, e boa resistência ao
desgaste e à corrosão. Apresentam uma performance estética, como a estabilidade cromática muito
semelhante à de um dente natural, retenção de placa bacteriana e condutividade térmica reduzidas,
e inércia química. (41,45)
As cerâmicas dentárias podem ser classificadas segundo vários parâmetros e existem
muitas classificações tendo em conta o constante desenvolvimento de novos materiais com
diferentes propriedades, bem como o objetivo de melhorar as características mecânicas, estéticas
e a sua performance. Desta forma, fornecem informação relevante para o médico dentista saber
qual o material apropriado em cada caso clínico. (4,27)
No caso de restaurações totalmente cerâmicas, é importante salientar que as condições do
ambiente da cavidade oral como cargas cíclicas, humidade, pH e variações de temperatura, que
provocam fadiga do material, podem dar origem ao fracasso da restauração. (31)
As cerâmicas podem ser classificadas de acordo com a utilização/ indicação, composição,
fase cristalina/ vítrea principal, método de processamento, temperatura de fusão, microestrutura,
translucidez, resistência à fratura, e abrasividade (28,38). Dependendo do tipo de material cerâmico,
este pode ser utilizado em coroas anteriores e posteriores, pontes, como cerâmica de infraestrutura
e/ ou recobrimento, pônticos e pilares de pontes, facetas, inlays e onlays. (15,28)
A fase vítrea/ cristalina principal pode ser de sílica vítrea, cerâmica feldspática à base de
leucite, cerâmica vítrea à base de leucite, cerâmica vítrea à base de dissilicato de lítio, cerâmica
aluminosa, alumina, alumina infiltrada com vidro, alumina/ zircónia infiltrada com vidro, e
zircónia. (28)
O método de processamento pode ser executado através de fundição, sinterização total ou
parcial, infiltração vítrea, fundição por suspensão (slip casting), prensagem isostática a quente,
CAD - CAM e fresagem de cópia. (28)
A temperatura de fusão pode ser classificada em fusão ultra-baixa, baixa fusão, média fusão
e alta fusão. (28)
Quanto à microestrutura, podem ser de vidro amorfo, cristalina e partículas cristalinas
numa matriz vítrea. (28)
16
A translucidez do material pode ser classificada como sendo opaca, translúcida e
transparente.
Por último, a resistência à fratura pode ser classificada como baixa, média ou alta. (28)
Segundo Kelly J., existem três grandes classes de cerâmicas dentárias: (1) Materiais
predominantemente vítreos, (2) Materiais vítreos preenchidos por partículas e (3) Cerâmicas
policristalinas (46). Alguns autores referem que esta classificação não reconhece a existência do
desenvolvimento tecnológico na indústria no fabrico de materiais cerâmicos sintéticos, que
causaram um impacto significativo na melhoria do controlo de qualidade do material (27).
Conrad et al. consideram (1) Cerâmicas Vítreas, (2) Cerâmicas à base de Alumina e (3)
Cerâmicas à base de Zircónia como os principais grupos para classificar as cerâmicas como
biomaterial dentário. (29)
Giordano R. et al. classificam (1) Sistemas à base de vidro, vidro amorfo; (2) Sistemas à
base de vidro com segunda fase cristalina (leucite com vidro feldspático baixo a moderado, alta
leucite 50% - com vidro, vitrocerâmica e vitrocerâmica de dissilicato de lítio); (3) Cerâmicas com
fase de interpenetração e (4) Sólidos policristalinos. (6)
Relativamente à composição, outros autores consideram uma nova classificação derivada
do crescente uso de cerâmicas policristalinas e a introdução das denominadas “cerâmicas
híbridas”, tais como (1) Cerâmicas com matriz vítrea (que englobam cerâmicas feldspáticas,
cerâmicas vítreas sintéticas e cerâmicas com infiltrado vítreo), (2) Cerâmicas policristalinas (como
a alumina e a zircónia), (3) Cerâmicas com matriz resinosa/ híbridas (resinas nanocerâmicas,
polímeros infiltrado com rede de cerâmica e cerâmicas nanoflexíveis) (1,27). Na generalidade
podem também ser classificadas como cerâmicas cristalinas e não cristalinas (sólidos amorfos ou
vidros). (15)
Os materiais cerâmicos são definidos como compostos de elementos metálicos e não
metálicos, como óxidos, nitretos, carbonetos, boretos, silicatos e uma mistura complexa desses
materiais. São considerados estruturas compostas porque são constituídos por duas ou mais
entidades distintas. A maioria das cerâmicas dentárias apresenta sílica na sua composição devido
à alta afinidade do silício com o oxigénio. Do ponto de vista microestrutural, podem ser definidas
pela relação da composição vítrea e cristalina. (1,6,7,9,11, 38)
Estes materiais podem conter uma estrutura cristalina ou parcialmente cristalina e podem
ainda ser amorfos. Na matriz, que pode ser vítrea ou cristalina, são incorporados elementos aditivos
17
em diferentes quantidades para melhorar as propriedades mecânicas e estabilizar a estrutura
policristalina. A matriz vítrea define a capacidade estética da cerâmica, como a translucidez, e o
tipo de elemento que é adicionado intervém na diminuição do desenvolvimento de microfraturas.
As propriedades mecânicas tendem a diminuir o seu desempenho com a fase vítrea, mas aumentam
com os elementos de preenchimento adicionados. (11,15,26)
Na atualidade, as cerâmicas vítreas e as cerâmicas vítreas preenchidas por partículas são
materiais processados por CAD - CAM, assim como as restaurações monolíticas em zircónia (15).
VII.2 - CERÂMICAS DENTÁRIAS E MÉTODOS DE PROCESSAMENTO
São vários os métodos de processamento disponíveis para o fabrico de restaurações
dentárias totalmente cerâmicas. Estão incluídos a sinterização, prensagem a quente (heat pressing),
fundição por suspensão (slip casting), maquinação da forma totalmente sinterizada (hard
machining) e parcialmente sinterizada (soft machining) que, posteriormente, necessitam de uma
fase de recobrimento ou coloração final da cerâmica. A sinterização é um processo em que as
partículas comprimidas são aquecidas abaixo do seu ponto de fusão para promover a difusão
atómica e densificação da massa. (22) Slip casting ou fundição por suspensão consiste na aplicação
de uma pasta aquosa de partículas de cerâmica num substrato poroso e remoção da água por ação
capilar. Este processo densifica o pó de cerâmica depositado, que é depois sinterizado para
obtenção de um material mais denso e resistente. (2,28)
Dentro dos sistemas CAD - CAM, existem duas técnicas para a produção das restaurações:
uma em que a restauração é obtida a partir de um bloco de material sinterizado e outra em que a
restauração é obtida a partir de um bloco de material num estado parcialmente sinterizado e que
necessita de uma sinterização final, num forno de fundição apropriado. Ambas as técnicas
apresentam vantagens e desvantagens. A maquinação de um bloco sinterizado de material dá
origem a uma restauração mais precisa, ao nível da forma e do contorno, e como não necessita de
ser submetido a mais nenhum processo de sinterização, é mais rápido. Quando o material cerâmico
é obtido segundo um bloco que se encontra parcialmente sinterizado, o principal objetivo é,
durante o processo de sinterização final subsequente, diminuir o aparecimento de microfissuras,
apesar do processo de sinterização final poder promover alterações dimensionais na cerâmica. (5)
A produção de coroas, inlays, facetas e pontes usando a tecnologia CAD - CAM foi a
primeira revolução digital na área da medicina dentária. O primeiro inlay produzido por esta
18
tecnologia foi realizado em 1985 usando um bloco composto por cerâmica feldspática de grão fino
(VITABLOCS® Mark I, Vita Zahnfabrik, Germany). Este tipo de material apresenta um excelente
histórico de sucesso clínico para onlays, inlays e coroas anteriores e posteriores. (15,36,49)
Inicialmente, os materiais utilizados tinham de ser resistentes e facilmente maquináveis. Foram
desenvolvidas cerâmicas reforçadas, sendo que algumas delas são apresentadas num estadio pré-
cristalizado para promover uma fresagem mais rápida. (15)
A tecnologia CAD - CAM é introduzida como sendo uma tecnologia precisa, eficiente,
exata e uma ferramenta livre de erros para produção de restaurações de elevada qualidade, ao
contrário do processamento manual tradicional. (48) Os métodos tradicionais também são descritos
como demorados, sensíveis à técnica e imprevisíveis por estarem muitas variáveis dependentes
associadas. (13)
Atualmente é um sistema que fornece um programa com um design tridimensional e
permite fabricar inlays, onlays, facetas, coroas, pontes até 3 elementos e pilares de implantes
customizados de dissilicato de lítio. (15)
A reduzida espessura de materiais cerâmicos restauradores que podem ser usados com este
sistema CAD - CAM, comparativamente com restaurações metalo-cerâmicas, permite obter
melhor performance estética assim como a possibilidade de manter as margens da preparação
dentária supra/ justa gengivais. (48) A introdução dos sistemas computadorizados levou à
possibilidade de fabricar cerâmicas altamente resistentes, maioritariamente cerâmicas de
infraestrutura, 100% policristalinas. (7)
Exponencialmente, aparecem no mercado sistemas otimizados assim como materiais e
técnicas de processamento inovadores. São inúmeras as formulações de cerâmicas dentárias que
podem ser processadas por CAD - CAM, o que pode dificultar a seleção do material apropriado
por parte do médico dentista (Figura 1). Os blocos cerâmicos estão disponíveis em diferentes
tamanhos, cores e translucidez. (15)
19
Os sistemas em CAD - CAM também contribuíram para uma maior eficiência no
processamento do material, tornando-o mais rápido e permitindo um maior controlo da qualidade
das restaurações como ajuste, durabilidade mecânica e previsibilidade. (13)
As cerâmicas feldspáticas, cerâmicas reforçadas com leucite e cerâmicas de dissilicato de
lítio são comummente apresentadas num estado totalmente sinterizado para fresagem pesada. (31)
A zircónia policristalina tetragonal estabilizada por Ítrio (Y-TZP) pode ser moída a partir
de blocos previamente sinterizados, em soft machining, e depois é sinterizada a elevadas
temperaturas ou moída a partir de blocos totalmente sinterizados, hard machining. A Y-TZP é
maioritariamente processada por maquinação suave devido ao facto de a maquinação pesada
demorar mais tempo e necessitar de dispositivos de corte mais resistentes. (31)
Dado que a resistência à fratura destes materiais cerâmicos é sensível à presença de
defeitos, é bastante importante uma compreensão da dimensão dos efeitos da maquinação por CAD
- CAM. Quando esses defeitos ocorrem em zonas de maior concentração de stress tensional,
podem originar o aparecimento de fraturas. (31)
Existem diferenças entre os métodos de processamento tradicionais e métodos assistidos
por computador. Algumas estão relacionadas com o facto de métodos tradicionais serem menos
precisos. Os métodos convencionais incluem uma variedade de passos, e cada um deles está
suscetível a erros. A acumulação desses mesmos erros pode afetar a qualidade da restauração final.
Com um fluxo digital de trabalho, o número de passos a serem realizados pode ser diminuído
Cerâmicas feldspáticas
Zircónia
Cerâmicas híbridas
Cerâmicas reforçadas com leucite
Cerâmicas de dissilicato de lítio reforçadas
CAD CAM
Figura 1 Diferentes materiais cerâmicos que podem ser fabricados por CAD - CAM (14,16)
20
significativamente. (33, 53,55) Apesar do sistema de cerâmicas dentárias fabricado por CAD - CAM
reduzir os defeitos de processamento, a maquinação origina uma complexa rede de eventos na
estrutura da cerâmica que pode resultar em cracks radiais e laterais, danos na superfície e stress
residual. (49) A superioridade da tecnologia CAD - CAM face às técnicas convencionais para
fabrico de restaurações cerâmicas é ainda controversa. (53)
Um estudo realizado por Mendonça et al., que compara a microestrutura, a resistência à
flexão, o módulo de elasticidade, a resistência à fratura e a microdureza de quatro materiais
cerâmicos, nomeadamente dissilicato de lítio, silicato de lítio reforçado com zircónia, resina
composta híbrida polimérica de alta performance e polímero infiltrado com rede cerâmica,
demonstra que, apesar das diferenças de valores de resistência á flexão e fratura, estes materiais
podem ser fabricados para coroas totais nos setores posteriores (47).
Nishioka et al. realizaram um estudo que pretende avaliar a resistência à fadiga em cinco
cerâmicas dentárias indicadas para o fabrico de restaurações monolíticas em CAD - CAM. Foram
utilizados diversos materias, nomeadamente cerâmica feldspática, polímero infiltrado com matriz
de cerâmica, cerâmica de dissilicato de lítio, cerâmica de silicato de lítio reforçada com zircónia e
zircónia tetragonal estabilizada por Ítrio altamente translúcida. Concluíram que a zircónia
tetragonal estabilizada por ítrio altamente translúcida suporta cargas cíclicas maiores antes da
fratura do que todos os outros materiais cerâmicos, apresentando valores de 370,2 ± 38,7 MPa (51).
Os defeitos de fabrico que ocorrem comummente nas cerâmicas dentárias, como defeitos
de forma, tamanho e distribuição espacial, são variáveis consoante os diferentes sistemas da
cerâmica dentária (29).
Um estudo realizado por Fraga et al. concluiu que a maquinação por CAD - CAM, seja ela
uma maquinação totalmente ou parcialmente sinterizada, afeta negativamente a resistência à fadiga
flexural em cerâmicas com diferentes microestruturas. (31)
A procura constante por materiais cerâmicos restauradores que combinem a estética e a
resistência conduziu ao desenvolvimento de cerâmicas vítreas reforçadas, como por exemplo a
cerâmica de silicato de lítio reforçada por zircónia.
Na tabela I estão representadas as vantagens e desvantagens relativas à produção de
cerâmicas dentárias por CAD - CAM.
21
Tabela I Vantagens e desvantagens de restaurações realizadas por sistemas CAD - CAM. Tabela retirada e adaptada,
consultada a 12/ 06/ 2019, sem autorização do autor (48)
VANTAGENS DESVANTAGENS
PREPARAÇÃO
DENTÁRIA
Mais simples (margem supra/ justa gengival)
Preparações microinvasivas (menor remoção
de estrutura dentária e menor risco de
desenvolvimento de necrose pulpar)
Sem necessidade de preparação retentiva
tradicional
Mais rápida
Cicatrização dos tecidos moles mais rápida e
eficiente
Sem necessidade de restauração provisória
A preparação tem de
estar apropriada à
capacidade da
unidade de fresagem
(milling)
CAPACIDADE DA
UNIDADE DE
FRESAGEM
(MILLING)
Menor tempo de produção
Diversos materiais disponíveis
Influência na forma
da preparação
dentária
DESIGN
Visualização imediata da preparação dentária
Seleção dos contactos oclusais
Seleção da forma, extensão e pressão da
superfície de contacto proximal
Ausência de
informação
gnatológica
MATERIAIS
Vasta disponibilidade de materiais
Métodos de processamento padronizados de
elevada qualidade
Elevada estética
Elevados níveis de precisão
Elevada biocompatibilidade
Tipo de restauração
22
VII.III - TIPOS DE CERÂMICAS DENTÁRIAS
VII.III.I – CERÂMICAS COM MATRIZ VÍTREA
Neste tipo de cerâmicas, a matriz de vidro representa a rede de ligações entre o silício e o
oxigénio. O átomo de silício liga-se a quatro átomos de oxigénio formando uma configuração
tetraédrica. As ligações atómicas nesta estrutura vítrea são covalentes e iónicas, conferindo
estabilidade sem eletrões livres. Esta configuração torna o material um excelente isolador térmico
e elétrico, e também biocompatível. Foram os primeiros materiais cerâmicos a serem utilizados na
medicina dentária para fabricar próteses cerâmicas (6,7).
Geralmente, apresentam propriedades mecânicas inferiores, como a resistência à flexão, o que
facilita a propagação de cracks, levando ao insucesso da reabilitação e são aplicadas como material
de recobrimento em estruturas metálicas ou cerâmicas. (6,33)
VII.III. I. I - CERÂMICAS FELDSPÁTICAS
Apresentam na sua constituição feldspato (KALSi3O8), quartzo (SiO2) e caulino
(Al2O3∙2SiO2∙2H2O). O caulino, com propriedades opacas, é útil para a união das partículas
embora, seja utilizado em quantidade limitada, cerca de 4%. O quartzo (SiO2) é o principal
componente da matriz responsável pela translucidez. Devido às cerâmicas feldspáticas serem um
material frágil, é adicionada alumina à sua composição (20% a 25%) para fortalecer a cerâmica.
A rede tridimensional de pontes formadas pelas ligações silício-oxigénio-silício é eventualmente
quebrada através da modificação de catiões como o sódio e o potássio que equilibram a carga aos
átomos de oxigénio. Existem várias formulações de cerâmicas feldspáticas disponíveis no mercado
(1,9,26).
Este material pode ser fabricado manualmente pelo processo de estratificação, através da
formulação pó/ líquido o que favorece a aplicação das cerâmicas feldspáticas em situações em que
a estética é primordial. A possibilidade de colocar manualmente camada sobre camada,
extremamente finas, de cerâmica contribui para o seu grande potencial estético. Estudos revelam
sucesso a longo prazo quando são aderidas ao esmalte dentário. A elevada translucidez e boa
estética deste material confere uma aparência semelhante à de um dente natural. As cerâmicas
feldspáticas podem também ser processadas por prensagem a quente, heat pressed ceramic. Este
método de processamento reduz a quantidade de vácuo na microestrutura do material, uma vez
23
que são altamente densos quando prensados sobre elevadas temperaturas e pressão. As cerâmicas
feldspáticas são também processadas por CAD – CAM. (26,55)
A adição de nanofibras aos materiais cerâmicos influencia as suas propriedades mecânicas
como a resistência, rigidez e elasticidade, e melhora a qualidade funcional do material. Um estudo
realizado por Singaravel et al. avaliou a resistência à fratura de uma cerâmica feldspática reforçada
por nanofibras de zircónia e sílica e concluiu que os valores de resistência à fratura aumentam
comparativamente com uma cerâmica feldspática convencional. Este facto pode ser explicado por
um mecanismo denominado “bridging mechanism”, onde as nanofibras de zircónia e sílica atuam
como uma ponte na região da possível fratura. Quando é iniciado um microcrack na cerâmica,
estas nanofibras permanecem intactas ao longo do crack suportando a carga aplicada. (55)
As cerâmicas feldspáticas estão geralmente indicadas para restaurações anteriores como
cerâmicas de recobrimento para outras cerâmicas, inlays, onlays e facetas, mas também podem ser
utilizadas em pré-molares. (7,26) É ideal para casos em que existe cerca de 50% de esmalte dentário
remanescente. (26)
VII.III.I. II – CERÂMICAS VÍTREAS SINTÉTICAS
A sua microestrutura inclui uma fase cristalina dispersa, envolvida por uma fase vítrea, a
matriz, e a composição varia de acordo com os fabricantes. Fazem parte deste grupo as cerâmicas
reforçadas com leucite, cerâmicas de dissilicato de lítio, cerâmicas de silicato de lítio reforçadas
com zircónia e cerâmicas vítreas de fluorapatite (1,27).
As cerâmicas reforçadas com leucite apresentam uma distribuição homogénea de cristais de leucite
(35% a 45% de volume) pela matriz vítrea. O silicato de potássio e alumínio é desintegrado em
duas moléculas de sílica e leucite através de um processo denominado cristalização de superfície.
Compreendem um teor de sílica de cerca de 60% a 65% do peso e por isso apresentam melhor
translucidez, fluorescência e opalescência. A leucite é um mineral cristalino, e foi dos primeiros
compostos químicos a ser incorporado nas cerâmicas dentárias. Primeiro, porque apresenta um
índice de refração da luz muito próximo das cerâmicas feldspáticas, o que contribui para a
translucidez do material e segundo, porque ajuda a criar uma união micromecânica entre a
cerâmica e o cimento resinoso. (7) O conteúdo cristalino é responsável pela resistência à flexão
com valores entre cerca de 120 MPa a 160 MPa, uma vez que apresenta capacidade de absorver
energia de fratura o que retarda a propagação de cracks. Teoricamente, as propriedades mecânicas
24
destas cerâmicas não são suficientes para suportar as cargas oclusais, sendo normalmente
indicadas para facetas devido ao facto de serem materiais altamente translúcidos. (1,7,10,50)
As cerâmicas de dissilicato de lítio podem ser utilizadas para restaurações dentárias
monolíticas ou como cerâmica de infraestrutura e cerca de 70% do seu volume é representado na
fase cristalina que é incorporada na matriz vítrea. (17,44) Podem ser fabricadas por CAD - CAM ou
por prensagem a quente, heat pressed, e são moldadas em lingotes de vidro transparente que
contêm ortossilicato de lítio. (43,44) Seguidamente, a cristalização parcial conduz à formação de
cristais de metasilicato de lítio contidos na fase vítrea, sendo esta fase denominada de fase
cristalina intermédia. (1) Os blocos são posteriormente moídos em processamento assistido por
computador e a sua resistência final à flexão está compreendida entre 350 MPa e 450 MPa. (10,14)
Dado que as cerâmicas dentárias reforçadas por leucite apresentam um volume de cristais
reduzido em comparação com as cerâmicas de dissilicato de lítio, existem diferenças em relação à
resistência à fratura entre elas, tendo as últimas, capacidade para suportar cargas superiores. (10)
No decorrer do desenvolvimento, este material cerâmico tem apresentado uma melhoria
significativa na resistência à flexão, com propriedades óticas aceitáveis e com diferentes níveis de
cores e translucidez. A sua resistência mecânica aumenta consideravelmente quando aderido ao
esmalte, atingindo cerca de 70% da resistência de um material cerâmico de zircónia. (17)
Alguns artigos advertem para a utilização deste material em coroas unitárias devido à
longevidade de performance do material a médio prazo. (43,44) Dado que uma das principais
complicações relacionadas com cerâmicas de infraestrutura/ recobrimento é a fratura do material
de recobrimento, vários autores relatam que as próteses fixas multiunitárias exibem taxas de fratura
da estrutura principal mais elevadas do que as coroas unitárias. (44,52)
Comparativamente com as cerâmicas vítreas reforçadas com leucite, as cerâmicas de
dissilicato de lítio apresentam propriedades mecânicas superiores, o que contribui para a
possibilidade de produzir uma prótese fixa até três elementos, tendo em consideração estudos
referentes à sua durabilidade a longo prazo. (5,23,44)
As cerâmicas de dissilicato de lítio têm a mesma indicação que todas as cerâmicas com
matriz vítrea, mas se forem fabricadas para uma restauração monolítica em zircónia, tornam-se
apropriadas para situações de maior stress funcional, como coroas, até mesmo em molares. (26)
As cerâmicas de silicato de lítio reforçadas com zircónia são processadas de forma
semelhante às cerâmicas de dissilicato de lítio: primeiramente, o material derretido é moldado e o
25
bloco encontra-se na fase vítrea, depois, na chamada fase de pré-cristalização/ nucleação onde os
cristais iniciam a sua formação e crescimento, a cerâmica apresenta cristais de metasilicato de lítio
(25%), que posteriormente são processados numa unidade CAM. É na fase de cristalização final
que o material apresenta as suas propriedades físicas e cor finais. A zircónia, que constitui
aproximadamente 10% do peso total do material, atua como agente de nucleação e permanece
dissolvido na matriz vítrea (1). A sua incorporação na cerâmica possibilita a obtenção de valores
de resistência à flexão, depois do glaze, entre 370 MPa a 420 MPa. (1)
Um estudo realizado por Elsaka S. et al. que avalia as propriedades mecânicas de uma
cerâmica de dissilicato de lítio, comparativamente com uma cerâmica de silicato de lítio reforçada
com zircónia, reporta que a última apresenta valores mais elevados de resistência à fratura,
resistência à flexão e dureza. (43)
As cerâmicas de silicato de lítio reforçadas com zircónia podem ser utilizadas para a
produção de inlays, onlays, coroas parciais, facetas, coroas anteriores e posteriores e para coroas
de pilares de implantes anteriores e posteriores. (43)
26
VII.III.I.III – CERÂMICAS COM INFILTRADO VÍTREO
São incorporadas na base vítrea partículas que melhoram as propriedades mecânicas do
material como a resistência, expansão térmica e contração da cerâmica. Normalmente são
partículas cristalinas ou partículas de vidro de alta fusão e estáveis durante o processamento a
elevadas temperaturas. Esta classe é constituída por grandes concentrações de cristais de dissilicato
de lítio. (46)
VII.III.II – CERÂMICAS POLICRISTALINAS
Esta classe de cerâmicas é caracterizada por não ter na sua constituição componentes
vítreos, apenas uma fase cristalina. (1)
VII.III.II. I - ALUMINA
O Óxido de Alumínio (Al2O3) é um mineral encontrado na natureza e que durante anos,
era apenas utilizado para aumentar a estabilidade das cerâmicas dentárias. (1) Este material
demonstra uma acentuada resistência à hidrólise, superior a qualquer outro material cerâmico,
reduzida condutividade térmica e elevada resistência à flexão, superior a 500 MPa. (1) A alumina
é propensa à criação de fraturas volumosas, apresentando um módulo de elasticidade de 380 GPa,
e a sua utilização tem caído em desuso, devido à ampla utilização crescente de materiais com
melhores propriedades mecânicas, como por exemplo a zircónia estabilizada.
Figura 2 Representação esquemática das três classes básicas das cerâmicas dentárias. Imagem retirada e
consultada a 24/ 05/ 2019, sem autorização do autor (46)
27
VII.III.II.II - ZIRCÓNIA
A zircónia, na sua forma pura, é um material flexível e polimórfico que surge em três
estruturas cristalográficas: cúbica, tetragonal e monoclínica. (1,13,24) Estas formas são dependentes
da temperatura, ou seja, apresentam a mesma composição química, mas arranjos atómicos
diferentes, fenómeno denominado de alotropia. Depois do material ser fundido, observam-se as
diferentes fases: cúbica, de 2680ºC a 2370ºC; tetragonal, de 2370ºC a 1170ºC e monoclínica de
1170ºC à temperatura ambiente (1,65). A transformação da fase tetragonal para a fase monoclínica,
que é mais estável, resulta num aumento de volume em cerca de 3% a 5%. Durante o
arrefecimento, a tensão ocorrida resulta em múltiplas microfissuras e, por essa razão, são
adicionados compostos biocompatíveis (óxidos) estabilizadores para realocar a transformação da
fase para temperaturas mais baixas, sendo o óxido de ítrio (Y2O3) o mais frequentemente utilizado.
(1,24,34)
Apresenta características físicas únicas que a tornam até duas vezes mais forte e resistente
que as cerâmicas à base de alumina. (6)
Devido à sua microestrutura não podem ser processadas pelos métodos tradicionais. (14) A
existência de biomaterial em base de pó, antes de ser processado, altamente controlado e a
aplicação computadorizada no processamento das cerâmicas foram dois grandes
desenvolvimentos que vieram permitir a utilização de cerâmicas policristalinas na área da prótese
fixa. (9)
Existem diversos tipos de materiais cerâmicos em zircónia que dependem da fase em que
se encontram os cristais. Incluem a zircónia parcialmente estabilizada (PSZ), zircónia endurecida
por compostos (ZTC) e a zircónia policristalina tetragonal (TZP). A zircónia parcialmente
estabilizada é um material que apresenta duas fases, uma fase tetragonal que é precipitada numa
matriz cúbica e estabilizada por hidróxido de magnésio. A zircónia endurecida por compostos
inclui uma matriz com um elevado módulo de elasticidade que incorpora cristais de zircónia
tetragonal transformáveis. A sua matriz é constituída na maioria das vezes por alumina. A zircónia
policristalina tetragonal é estabilizada por óxido de ítrio (Y-TZP) que apresenta cristais de zircónia
tetragonal transformáveis. A transformação da fase tetragonal para a fase monoclínica da Y-TZP
com expansão volumétrica, quando ocorre iniciação de um crack, evita a propagação deste mesmo,
originando uma resistência à fratura elevada. (1,26)
28
A grande parte das cerâmicas dentárias em zircónia apresentam propriedades óticas
reduzidas sendo, normalmente, consideradas opacas, o que contribui para a necessidade de
acrescentar uma cerâmica de recobrimento para otimizar essas características estéticas. (1,9,65) O
principal problema das restaurações com duas camadas cerâmicas, uma cerâmica mais resistente
como infraestrutura e uma cerâmica de recobrimento mais frágil, mas de maior translucidez, é a
fratura desta última. (1,5,9,12,24,25,34,65) Restaurações com cerâmica de infraestrutura e recobrimento
apresentam uma durabilidade inferior comparativamente com restaurações monolíticas, dado que
a cerâmica de recobrimento é mais suscetível à fratura e visto que a sua espessura é
significativamente menor. (12,20) São vários os fatores relacionados com a fratura do material de
recobrimento como diferenças entre o coeficiente de expansão térmica, condutividade térmica
entre infraestrutura e recobrimento, relação entre as espessuras e design da infraestrutura. (25)
Existem dois métodos de consolidar a cerâmica de recobrimento à infraestrutura de
zircónia: por pressão ou por camadas. Na primeira, é utilizada a técnica por cera perdida, onde um
lingote é aquecido e depois aplicado sob pressão no espaço vazio formado pela cera. Na técnica
por camadas, é aplicado um pó de cerâmica na infraestrutura antes de ser submetido a altas
temperaturas. Em ambas, o coeficiente de expansão térmico da cerâmica de recobrimento é
ligeiramente inferior ou semelhante ao da infraestrutura, diminuindo o stress residual na
restauração cerâmica e, portanto, melhorando a sua qualidade. (19,24,25)
Sendo a zircónia considerada um material de elevada resistência, é expectável considerar
que as suas propriedades óticas são inferiores às de vários outros materiais cerâmicos, como por
exemplo cerâmicas de dissilicato de lítio. (32,54) Reduzir a concentração de alumina que é
Figura 3 Duas formas diferentes de sistemas totalmente cerâmicos como alternativa às restaurações metalo-
cerâmicas. Imagem retirada e consultada a 25/05/2019, sem autorização do autor (21)
29
adicionada e eliminar a porosidade através de sinterização a uma temperatura mais elevada são
fatores que podem melhorar a translucidez das cerâmicas monolíticas de zircónia. (18)
Cerâmicas menos opacas permitem uma maior transmitância da luz, que é preferível do
ponto de vista estético, possibilitando uma aparência mais natural do material. A transmitância é
definida como a quantidade de luz que passa por um determinado material, sendo a luz
remanescente absorvida ou refletida dentro do espetro visível, que está compreendido entre 400
nm e 700 nm. Quando uma grande quantidade de luz passa pelo material, a luz é intensamente
dispersada e refletida difusamente, contribuindo para a sua opacidade. (8) Valores de transmitância
da luz elevados ocorrem quando alguma luz é dispersada e a maioria é transmitida pelo material.
Alguns procedimentos podem ser realizados para aumentar a transmitância da luz de materiais
cerâmicos em zircónia, como reduzir a quantidade residual de poros e impurezas, nomeadamente
a quantidade de alumina que é incorporada para prevenir a degradação do material a baixas
temperaturas. As temperaturas elevadas a que o material é sujeito durante o processo de
sinterização resultam numa diminuição do tamanho dos cristais e da densidade que,
consequentemente, diminuem a transmitância da luz. Contudo, estes procedimentos resultam
numa zircónia com maior suscetibilidade à degradação a baixas temperaturas. (54)
Figura 4 Fratura do recobrimento numa coroa de cerâmica em Y-TZP. Imagem retirada e consultada a 26
/06 /2019, sem autorização do autor (25)
30
VII.III.III – CERÂMICAS COM MATRIZ RESINOSA/ HÍBRIDAS
Nos últimos anos surgiu uma nova classe de materiais cerâmicos contemplada a partir da
versão de 2013 do Sistema de Classificação de Cerâmicas Dentárias do Código de Procedimentos
Dentários e Nomenclatura da Associação Dentária Americana (ADA) denominada de materiais
dentários Híbridos.
A definição de cerâmica dentária segundo a Associação Dentária Americana de 2012 refere
que uma cerâmica é um composto refratário inorgânico não resinoso, não metálico, processado a
elevadas temperaturas e prensado, polido ou moído e que inclui porcelanas, vidros e
vitrocerâmicas. Esta definição impossibilitava a inclusão de materiais cerâmicos com matriz
resinosa na classificação. A atualização de 2013 permitiu incorporar as cerâmicas híbridas na
classificação com a consequente modificação na definição de cerâmica: material prensado, cozido,
polido ou moído contendo maioritariamente compostos inorgânicos incluído porcelanas, vidros,
cerâmicas e vitrocerâmicas.
As cerâmicas híbridas apresentam na sua constituição, mais de 50% em peso da sua
composição em compostos inorgânicos. O módulo de elasticidade destes materiais é semelhante
ao da dentina. Apresentam um módulo de resiliência superior ao das cerâmicas vítreas e, portanto,
conseguem absorver uma maior carga, sem deformação permanente ou falha. (1)
As resinas nanocerâmicas são constituídos por partículas nanocerâmicas (sílica e zircónia)
limitadas por uma matriz de polímeros. A nano dimensão das partículas permite a sua incorporação
na resina numa proporção elevada, cerca de 80% do peso. Este material é caracterizado por
apresentar maior resistência à flexão, à fratura, e ao desgaste, comparativamente com os
compósitos. Apesar deste material apresentar um conteúdo cerâmico, não está recomendado para
a produção de coroas, apenas para inlays, onlays e facetas. (1,27,37)
A cerâmica nano flexível CERASMART ™ é composta por pequenas partículas de
alumina-bário-silicato distribuídas uniformemente por uma matriz polimérica.
Dentro desta classe também está incluído o polímero infiltrado com rede de cerâmica
(PICN). Este biomaterial cerâmico consiste numa matriz orgânica preenchida com partículas
cerâmicas, apresentando uma rede tridimensional interconectada. Apresenta uma rede de
cerâmica, normalmente feldspática com cerca de 75% em volume, que é reforçada por uma rede
polimérica de metacrilato, com cerca de 25% em volume. Este material combina as propriedades
das resinas compostas com as propriedades das cerâmicas dentárias. (1,30,39,40)
31
Figura 5 Estrutura de um polímero infiltrado com rede cerâmica (PICN). Imagem retirada e consultada a 27/ 06/
2019, sem autorização do autor (30)
O pó da cerâmica é inicialmente comprimido num bloco e depois sinterizado para obter
uma rede de cerâmica porosa. Seguidamente, a estrutura cerâmica é condicionada com um agente
de ligação (metacrilopropiltrimetoxisilano – MPS) e que é infiltrada com uma mistura monomérica
de dimetacrilato de trietilenoglicol (TEGDMA) e dimetacrilato de uretano (UDMA). Finalmente,
através da temperatura é induzida a polimerização que origina uma rede polimérica. As redes estão
interconectadas por ligações químicas através do agente de ligação. (1,30, 64)
Um estudo que avalia as propriedades mecânicas de polímeros infiltrados com rede
cerâmica concluiu que a relação entre uma cerâmica porosa e o teor de polímero influencia as
propriedades mecânicas, principalmente a resistência à flexão, dureza e módulo de elasticidade
dos polímeros infiltrados com rede cerâmica. (30)
O primeiro material cerâmico híbrido (Vita Enamic®, Vita Zahnfabric, Germany) foi
desenvolvido em 2014 e apresenta valores de resistência à flexão entre 150 MPa e 160 MPa, e
resistência à fratura de 1,5 Mpam1/2.(30,41) Posteriormente a este material cerâmico, foram
desenvolvidos outros com as principais diferenças a serem caracterizadas pelas propriedades
mecânicas, que são afetadas por determinados parâmetros como a densidade da rede cerâmica e as
temperaturas de sinterização usadas no processamento do material.
32
As resinas nanocerâmicas e polímeros infiltrados com rede cerâmica podem apresentar
diversas vantagens comparativamente aos materiais restauradores convencionais, mas a
informação disponível acerca das propriedades desses materiais ao longo de determinado período
é limitada. (37)
33
VIII - CONCLUSÃO
34
35
VIII - CONCLUSÃO
Devido ao grande número de materiais cerâmicos restauradores e ao crescente
desenvolvimento tecnológico ao nível dos métodos de processamento das cerâmicas dentárias,
existem várias possibilidades de reabilitação da estrutura dentária e que devem ser sempre
avaliadas de acordo com as condições de cada caso clínico. Cada vez mais os pacientes procuram
um sorriso harmonioso com demandas estéticas muito elevadas. Cabe ao médico dentista procurar
a melhor solução, tendo em conta o tipo de reabilitação que vai ser realizada, assim como saber a
vasta diversidade de materiais cerâmicos que estão disponíveis no mercado.(1,35,38)
Os sistemas computadorizados como o CAD - CAM vieram possibilitar a produção de
cerâmicas dentárias com arranjos microestruturais muito diversificados, com propriedades
mecânicas favoráveis e melhoradas, assim como melhorar as propriedades estéticas desses
mesmos, contribuindo, assim, na prática clínica, para obter resultados mais vantajosos tanto na
longevidade do material sem a existência de eventuais problemas como na capacidade de o
material estar o mais parecido com um dente natural.(5,13,25)
Os defeitos de fabrico que ocorrem comummente nas cerâmicas dentárias, como defeitos
de forma, tamanho e distribuição espacial, são variáveis consoante os diferentes sistemas da
cerâmica dentária. (29)
A procura constante por materiais cerâmicos restauradores que combinem a estética e a
resistência conduziu ao desenvolvimento de cerâmicas vítreas reforçadas, como por exemplo a
cerâmica de silicato de lítio reforçada por zircónia. As cerâmicas de silicato de lítio reforçadas
com zircónia podem ser aplicadas para a produção de inlays, onlays, coroas parciais, facetas,
coroas anteriores e posteriores e para coroas de pilares de implantes anteriores e posteriores. (43)
Materiais cerâmicos como a alumina têm sido cada vez menos utilizados devido ao
aumento da utilização de materiais com melhore propriedades mecânicas, como por exemplo a
zircónia estabilizada. (1)
As cerâmicas dentárias em zircónia apresentam propriedades óticas reduzidas, sendo,
normalmente, consideradas opacas, o que contribui para a necessidade de acrescentar uma
cerâmica de recobrimento para otimizar essas características estéticas. (1,9,65) Restaurações com
cerâmica de infraestrutura e recobrimento apresentam uma durabilidade inferior
comparativamente com restaurações monolíticas, dado que a cerâmica de recobrimento é mais
suscetível à fratura. (12,25)
36
As resinas nanocerâmicas e polímeros infiltrados com rede cerâmica podem apresentar
diversas vantagens comparativamente aos materiais restauradores convencionais, contudo a
informação disponível acerca das propriedades desses materiais ao longo de determinado período
não é suficiente e são necessários mais estudos que demonstrem a sua viabilidade enquanto
material restaurador. (37)
O material cerâmico ideal, que possa ser utilizado em qualquer situação clínica, em
qualquer local da cavidade oral, com as propriedades mecânicas e estéticas ideais está longe de ser
descoberto e é necessária uma atualização constante por parte do médico dentista em relação às
inúmeras possibilidades de cerâmicas existentes e estudos e avanço tecnológico na área dos
biomateriais para alcançar esse mesmo material ideal.
37
IX - REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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X - ANEXOS
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