Casamento á Prova de Filhos
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Transcript of Casamento á Prova de Filhos
2004 by Debbie L. Cherry, Ph.D.
Cook Communications Ministries,
4050 Lee Vance View, Colorado Springs,
Colorado 80918 U.S.A.
Publicado no Brasil com a devida
autorização e com todos os direitos
reservados pela:
A. D. Santos Editora
Al. Júlia da Costa, 215
80410-070 - Curitiba - Paraná - Brasil
+55(41)3324-9390
www.adsantos.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CHERRY, Debbie L.
Casamento à prova de filhos / Debbie L. Cherry – Curitiba: A. D. SANTOS
EDITORA, 2006. 264 p. Título original: Childproofing your marriage.
ISBN – 85.7459.114-9
1. Família 2. Casamento
CDD – 236
1ª Edição: Setembro / 2006
Proibida a reprodução total ou parcial,
por quaisquer meios a não ser em citações breves,
com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
Capa:
PROC Design
Diagramação:
Manoel Menezes
Impressão e acabamento:
Editora Betânia
Tradução:
Valdemar Kröker e
Haroldo Janzen
Para Taffeta, Tiara e Talon:
Meus três lindos filhos que têm ensinado
a essa “equipe de educadores”
de filhos a importância de
permanecer fortes e juntos.
Obrigada.
Amo vocês “de paixão”!
i
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar e acima de tudo, suas
inúmeras bênçãos, as lições aprendidas e a oportunidade que me
deu de compartilhar o seu amor!
Além dele, há tantas pessoas que gostaria de agradecer. Cada
uma destas pessoas teve um papel importante em minha vida e
ajudou de alguma forma para que os conceitos deste livro se tor-
nassem realidade.
Meu “muito obrigado”...
...ao meu maravilhoso marido, Jim, e nossos três filhos —
pelo fato de se sacrificarem tanto durante este último ano difícil e
corrido. Cada um de vocês mostrou amor e paciência para comigo
de maneira singular, e foi esse amor que me ajudou a separar inú-
meras horas, dias e finais de semana escrevendo este livro.
...a toda a equipe da Cook Communications — por apostar
neste segundo livro. Obrigada por acreditar em mim e minha men-
sagem e por ajudar-me a produzir um livro que eu não seria capaz
de produzir sozinha.
...a Terry Whalin — por enxergar o potencial em mim e
encorajar-me a desenvolvê-lo! Você foi minha heroína. Creio que
ninguém será capaz de duplicá-la. Obrigada por mimar-me!
...à dra. Kathy Wingo — por compartilhar comigo as muitas
pérolas que adquiriu durante seus anos de aconselhamento e
experiência de vida. Este livro não seria o mesmo sem essas péro-
las.
...a Gary Smalley — pelo infindável apoio, encorajamento,
orientação e sabedoria. Eu não seria quem sou sem você.
iii
...ao dr. Gary Chapman — por emprestar suas palavras,
apoio e nome a este livro. Sou tremendamente abençoada.
...à equipe Yates & Yates — e especialmente a Chris Ferebee
— por tolerar a minha personalidade forte. Obrigada pelos seus
sábios conselhos.
...a todos os casais que compartilharam comigo suas histórias
e lutas pessoais. Que Deus possa abençoar cada um de vocês com
um casamento à prova de filhos que continue crescendo cada vez
mais.
iv
PREFÁCIO
Durante mais de 30 anos tenho sentado no consultório de
aconselhamento ouvindo casais despejar a sua dor. Pessoalmente,
nada tem sido mais triste do que ver casais priorizarem a educação
de filhos em detrimento do seu casamento. Eles foram iludidos ao
pensar que a melhor coisa a ser feita era procurar suprir as necessi-
dades dos filhos. Na verdade, eles falharam em reconhecer que
quando deixaram de atender as necessidades um do outro, esta-
vam provendo o pior exemplo possível para seus filhos.
Minha esposa e eu aprendemos cedo em nosso casamento
que precisávamos focar um no outro se quiséssemos um dia nos
tornar bons pais. Tivemos sérias dificuldades nos primeiros anos
do nosso casamento, antes dos filhos chegarem. Quando chega-
ram, sabíamos que não poderíamos deixar que aqueles pequenos
tesouros se colocassem entre nós dois. Amávamos os filhos do
fundo do nosso coração, mas, mais do que qualquer outra coisa,
queríamos ter o tipo de casamento que serviria de exemplo para
eles. Lembro-me do nosso esforço em colocar os filhos na cama
cedo para que pudéssemos ter um tempo juntos. Karolyn escolheu
ficar em casa com os filhos e concordamos em viver com um orça-
mento mais apertado para que pudéssemos ter tempo para o nosso
casamento e a educação dos filhos. Não estou dizendo que foi
fácil. Estou dizendo que não nos arrependemos daquilo que fize-
mos. Os filhos saíram de casa e nós continuamos juntos —
amando, aprendendo e crescendo.
Estou convencido que uma das melhores coisas que pode-
mos fazer pelos nossos filhos é prover-lhes um modelo conjugal
saudável. Os filhos precisam saber que seus pais não apenas os
amam, mas também amam um ao outro. O sentimento de segu-
rança dos filhos cresce quando vêem os pais se amando mutua-
mente. Colocar o casamento em segundo plano durante 18 anos
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ou mais enquanto o casal educa os filhos não é apenas prejudicial
para o casamento mas também devastador para os filhos.
Precisamos aprender a cuidar do nosso casamento durante
os anos de crescimento dos filhos ou não demorará muito para
percebermos que o casamento está definhando e morrendo.
Quando o casamento começa a desintegrar-se, os filhos se tornam
os maiores perdedores. Eles perdem sua identidade familiar sobre
a qual constroem seu sentimento de segurança. Quando filhos não
se sentem seguros, o mundo deles parece desmoronar. Não serão
as idas e vindas para a escolinha de futebol, a natação, as lições de
piano ou os brinquedos que compensarão esse tipo de perda.
Uma pesquisa recente mostra que quando a unidade familiar
desmorona, o mesmo ocorre com as crianças. Filhos de lares des-
troçados mostram um índice mais elevado de
Problemas acadêmicos
Evasão escolar
Promiscuidade
Gravidez na adolescência
Uso/abuso de álcool e drogas
Fuga de casa
Problemas emocionais e comportamentais
Violência
Delinqüência
Suicídio
Pobreza na fase adulta
E esses são apenas alguns dos problemas. Por isso, se você
acha que está fazendo o melhor pelo seu filho ao colocar seu côn-
juge em segundo plano, está redondamente enganado. Embora
seja evidente que nossos filhos necessitem do nosso tempo e aten-
ção (e nosso dinheiro), precisa ficar claro que eles não requerem
todo o nosso tempo ou atenção (ou dinheiro). Se quisermos influ-
enciar a próxima geração, precisamos experimentar uma mudança
de atitude. É claro que estamos interessados em proteger nossos
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filhos de todas as coisas que acabei de enumerar acima, e a melhor
forma de fazê-lo é ajudar os casais a permanecerem juntos. Este é o
foco deste livro maravilhoso que está em suas mãos.
Karolyn e eu teríamos gostado muito se tivéssemos tido a
oportunidade de ler um livro como Casamento à prova de filhos
para nos ajudar com idéias práticas na construção de um casa-
mento forte enquanto estávamos criando nossos filhos. Tivemos
de aprender as coisas do modo mais difícil, mas você tem a oportu-
nidade hoje, por intermédio deste livro, de aprender como manter
o seu casamento no topo da lista de prioridades. Assim, terá o pri-
vilégio de ver o seu casamento crescer em força e felicidade. Neste
livro, Debbie realizou um trabalho maravilhoso em apresentar os
desafios mais importantes que enfrentamos como pais durante os
diferentes estágios do cuidado paternal e maternal. Ela compartilha
de uma maneira singular e interessante as experiências do seu rela-
cionamento conjugal e educação de filhos que fará com que você
se sinta motivado a virar as páginas deste livro e aceitar o desafio
de começar a fazer mudanças hoje.
Una-se a nós no objetivo de ajudar os casamentos a ficarem
mais fortes — mesmo durante o período da criação de filhos — e
contribuir para que os casamentos parem de sucumbir. Se formos
bem-sucedidos nesse propósito, ajudaremos a fortalecer nossa uni-
dade familiar e, conseqüentemente, a prover o melhor para os nos-
sos filhos. Embora não seja fácil continuar enfocado na edificação
do seu casamento enquanto cria seus filhos, isto é essencial para a
saúde de ambos a longo prazo. Se parece difícil fazer esse esforço
pelo seu casamento, faça-o pelos filhos! Se vocês realmente dese-
jam ser os melhores pais possíveis, procurem tornar-se o melhor
casal que puderem ser.
Que Deus abençoe a você e os seus
GARY D. CHAPMAN, PHD
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SUMÁRIO
Introdução: O jogo do século . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
PRIMEIRA PARTE:
ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A SOBREVIVÊNCIA CONJUGAL
1. De onde vim? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Elemento essencial nº 1: Compreendendo sua árvore genealógica
2. Não foi isso que eu esperava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Elemento essencial nº 2: Expectativas
3. Quanto gosto de mim mesmo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Elemento essencial nº 3: Auto-estima saudável
4. Como você sabe que gosto de você? . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Elemento essencial nº 4: Valorizando o seu cônjuge
5. Separe tempo para aquilo que é importante . . . . . . . . . . . . 69
Elemento essencial nº 5: Tempo juntos
6. Podemos falar sobre isto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Elemento essencial nº 6: Comunicação
7. Evite ser tirado do jogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Elemento essencial nº 7: Briga legítima
8. Afinal, em qual time você está jogando? . . . . . . . . . . . . . . 111
Elemento essencial nº 8: Trabalho de equipe
9. Só entre você e mim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Elemento essencial nº 9: Intimidade física
ix
SEGUNDA PARTE: OS ESTÁGIOS DO CASAMENTO
10. E os dois se tornaram um . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Pré-temporada: da cerimônia até a primeira gravidez
11. Quando a soma de um mais um é três . . . . . . . . . . . . . . 159
Primeiro quarto: Dos primeiros anos até a pré-escola
12. E lá vão eles! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
Segundo quarto: Os primeiros anos de escola
13. Socorro! Tire-me daqui! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
Terceiro quarto: Os anos da adolescência
14. Você não se parece com a pessoa com a qual casei. . . . . 211
Último quarto:
Do primeiro filho que sai de casa até o ninho vazio
Apêndice A: Dez passos para construir sua auto-estima . . . . . 225
Apêndice B: Como estimular uma conversa . . . . . . . . . . . . . 229
Guia de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
x
INTRODUÇÃO
O j O G O d O s É C U L O
Charles: Boa tarde, pessoal! Bem-vindo ao Show da Pré-tempo-
rada. Sou Charles Itall e estou feliz em tê-los conosco. Durante a
próxima meia hora, estaremos apresentando alguns fatos impor-
tantes das duas equipes que se enfrentarão hoje na batalha cha-
mada “Jogo do século”, ou seja, a batalha entre Pais e Filhos. Como
a maioria de vocês sabe, temos acompanhado esse jogo durante
anos. Nas últimas décadas, temos percebido um crescente domínio
da equipe dos Filhos. Isso continua ocorrendo nesta temporada.
Para o jogo de hoje, os Filhos são considerados favoritos pela pla-
téia. O fator determinante de quem vencerá este jogo tem a ver
com a preparação da equipe dos Pais.
A única forma de a equipe dos Pais vencer (o que seria con-
siderado uma zebra) é colocar em prática o plano estratégico
aprendido nas últimas semanas. Será que eles finalmente juntaram
forças e aprenderam a se comunicar? Essa é a nossa esperança.
Infelizmente, foi constatada no início dessa temporada muita
desordem interna na equipe dos Pais. Brigas ao lado da quadra e
nos vestiários eram comuns, e todos sabiam que não estavam
entrando em quadra unidos. Todas as equipes que têm enfrentado
os Pais durante a temporada saíram vitoriosas usando a mesma
tática defensiva conhecida por “dividir e conquistar”. Embora os
Filhos continuem sendo considerados favoritos hoje, existem
rumores de que esta equipe de Pais tem juntado suas forças. Ouça
1
com atenção antes de apostar em equipe X ou Y, porque podemos
ter surpresas mais adiante.
Para dar o pontapé inicial no nosso Show da Pré-temporada,
vamos passar a palavra para Genie Ology, nossa historiadora resi-
dente do “Jogo do século”. Ela apresentará alguns aspectos impor-
tantes das tendências do domínio no passado. Genie...
Genie: Obrigada, Charles. A rivalidade entre estas duas equi-
pes começou com a criação da humanidade. As batalhas têm sido
duras de tempos em tempos, mas se acompanharmos as tendên-
cias ao longo dos anos, os Pais quase sempre saíram vitoriosos. Sua
equipe teve a reputação de ser firme e rigorosa e sua autoridade
dominou a quadra de jogo. Isso mudou nas últimas décadas.
Começamos a ver uma mudança substancial de poder. Na verdade,
quando essas duas equipes têm-se enfrentado ultimamente, obser-
vamos um completo desastre para todas as pessoas envolvidas.
Deixe-me explicar.
Parece que os Filhos estiveram desenvolvendo algumas
habilidades novas e se tornaram um verdadeiro desafio para os
Pais. Eles começaram a dominar a quadra com sua independência
teimosa, manobras rebeldes e táticas “abaixo da cintura”. Eles se
especializaram na tática de dividir e conquistar a equipe rival e
desenvolveram estratégias secretas para sabotar os horários de trei-
namento e condicionamento físico do oponente. Nos últimos anos,
essas técnicas têm derrubado diversas equipes de Pais na quadra.
Os Pais têm aparecido para o jogo despreparados, fora de forma,
exaustos e desorganizados. Ou eles não têm um manual de táticas
ou não usam esse manual. Durante o jogo, vários jogadores estão
indicando diferentes jogadas, resultando em caos completo na
quadra. Isso torna a tarefa dos Filhos tanto mais fácil.
Nas últimas décadas, enquanto temos observado a equipe
dos Filhos dominar a quadra, temos percebido uma enorme briga
interna na equipe dos Pais, o que sinaliza o início do fim do jogo.
Os Pais vêm para a quadra desordenados e as coisas só tendem a
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piorar. Na verdade, em mais de uma ocasião, alguns membros da
equipe dos Pais pareciam mudar de lado no meio do jogo. Era
como se estivessem jogando na equipe dos Filhos em vez de jogar
na equipe dos Pais, além de começar a sabotar os esforços do res-
tante da equipe dos Pais. Temos visto membros da equipe dos Pais
passar para a equipe dos Filhos as jogadas do manual de táticas
dos Pais e se recusarem a apoiar sua própria equipe durante o
jogo. Não demora muito e a equipe dos Pais está perdida na qua-
dra e acaba saindo da quadra em direções opostas.
Um fato curioso a ser registrado é que, à medida que os Pais
terminam a sua união, os Filhos também começam a se dispersar.
Sem uma equipe rival organizada que pode prover estrutura e
regras para o jogo, os Filhos percebem que já não entendem mais o
jogo. Eles admitem que imitavam as jogadas dos Pais. Só que agora
não têm mais o que imitar. Eles ficam perdidos e não conseguem
terminar o jogo sozinhos. Os Filhos não estão celebrando a vitória,
porque percebem que não há jogo sem a outra equipe. Se não há
jogo, não há vencedores.
Charles, nossa esperança é que alguma coisa mude. Talvez
este seja o ano em que o jogo seja jogado até o fim. Passo a palavra
para você.
Charles: É verdade! Esperamos que este seja o ano da virada.
Obrigado, Genie, pelo relato. Como mencionei anteriormente,
existem rumores de grandes mudanças no horizonte. Debaixo de
uma nova administração, a equipe dos Pais tem trabalhado toda
temporada para superar os aspectos que resultaram em devastação
no passado. Eles estão prontos para jogar com um novo conjunto
de diretrizes. Em uma entrevista hoje, perguntamos aos Pais quais
eram as mudanças que os estavam ajudando a permanecer unidos
até o final do jogo. Aqui estão alguns trechos desta entrevista.
Repórter: É verdade que a sua equipe está sob nova direção?
Membro da equipe dos Pais 1: Bem, na verdade, o segredo é
voltarmos nossa atenção para o treinador original — Deus. Veja
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bem, foi Deus que desenvolveu esse conceito. Como equipe, está-
vamos afinados em seguir suas orientações e sugestões em como
melhor jogar este jogo. Mas então, decidimos demiti-lo e acháva-
mos que podíamos jogar sem a sua orientação. Bem, os nossos
resultados não são segredo para ninguém. Temos falhado misera-
velmente e nossas falhas como equipe têm afetado a equipe dos
Filhos.
Finalmente percebemos que precisávamos do criador do
jogo de volta se quiséssemos ter alguma chance. Quando nos apro-
ximamos dele e perguntamos se não estaria disposto a ser nosso
treinador, ele aceitou imediatamente. E aqui estamos, mais bem-
preparados para o jogo do que em muitos anos. Sabemos que a
batalha continuará, mas esperamos ser capazes de permanecer
comprometidos até o fim porque sabemos que tem vários elemen-
tos essenciais em jogo.
Repórter: O que exatamente são alguns desses “elementos
essenciais?”.
Membro da equipe dos Pais 2: Bem, para início de conversa,
aprendemos que a equipe é tão saudável quanto são os seus mem-
bros individuais. Em outras palavras, tivemos de trabalhar bastante
a área do treinamento pessoal. Procuramos trabalhar no sentido de
nos tornarmos saudáveis tanto física, quanto emocional e espiri-
tualmente. Buscamos nos esforçar além do que achávamos ser
nossos limites pessoais, que tínhamos baseado em experiências
passadas. Sabemos agora como podemos aprender do nosso pas-
sado sem repetir os erros. Isso foi uma ótima notícia, porque está-
vamos cansados de perder.
Repórter: Então, o que vocês estão me dizendo é que se cada
um de vocês se tornar pessoalmente mais saudável isso vai ajudá-
los a não desistir no meio do jogo?
Membro da equipe dos Pais 1: Sem dúvida, esse é um aspecto
fundamental. À medida que nos tornarmos mais saudáveis, temos
como contribuir de maneira mais eficiente para a equipe. Um outro
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aspecto que temos procurado dar atenção especial durante toda a
temporada é a valorização de cada um. Como você sabe, enquanto
nos acompanhava na última temporada, temos sido uma equipe
egoísta. Sem dúvida, essas duas últimas palavras parecem um para-
doxo. Muitas das nossas brigas que você e nossos fãs viram tinham
a ver com a idéia de “quem é o número um”. Todos queríamos
estar no topo, ditar as jogadas e fazer as coisas à nossa maneira. E
adivinhe aonde isso nos levou? Infelizmente, a lugar algum. Tínha-
mos muita vontade de vencer e estávamos certos de que a nossa
maneira era a única ou a melhor maneira de vencer. Conseqüente-
mente, acabamos brigando uns com os outros e facilitando as coi-
sas para a equipe oponente. Isso realmente tem causado muita
confusão.
Mas tudo isso está prestes a mudar. Quando nos virem na
quadra hoje, verão um conceito novinho em folha, ou seja, nosso
alvo é enfocar mais nas necessidades do outro do que em nós mes-
mos. Temos o mesmo alvo agora. Esse alvo visa terminar o jogo
como vencedores e sabemos como trabalhar juntos para alcançar
este alvo. Aprendemos o conceito do trabalho em equipe.
Repórter 1: Mal posso esperar para ver isso. Se for verdade o
que vocês estão dizendo, será um jogo completamente diferente
hoje. O que vocês vão fazer com os diversos manuais de táticas
que estiveram usando no passado? Chegou quase a ser cômico há
algumas temporadas quando a televisão mostrava o que acontecia
nos pedidos de tempo ao lado da quadra. A equipe de vocês bri-
gava para ver qual o manual de táticas seria usado. De que maneira
isso será diferente hoje?
Membro da equipe dos Pais 3: Muito obrigado por nos lem-
brar daquele momento horrível na história. Precisamos confessar
que você está certo. Para o observador de fora pode ter parecido
cômico. Mas, lembro que estive no meio daquela briga e era tudo
menos cômico. Uma grande parte do problema consistia no fato de
cada um de nós ter o seu próprio manual de táticas de jogo. Não
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havia nada necessariamente errado com esses manuais. O pro-
blema é que nenhum de nós tomava tempo para estudar o manual
do outro. Conhecíamos somente nossas próprias jogadas e estáva-
mos procurando de todas as formas explicá-las aos outros. Isso
não é algo que se consegue fazer durante os pedidos de tempo.
Nesta Pré-temporada, separamos tempo para estudar os manuais
uns dos outros e temos procurado tirar o melhor de cada um e
compilado essa informação em um manual uniformizado que
agora orienta a equipe dos Pais.
Repórter: Se vocês tivessem que resumir todas essas mudan-
ças para nós, o que diriam?
Membro da equipe dos Pais 2: Mais do que qualquer outra
coisa, aprendemos a tornar o outro — não o jogo ou nosso opo-
nente, mas o outro — o número um! Aprendemos que a não ser
que nossa equipe esteja unida e comprometida um com o outro a
longo prazo e estejamos conectados durante todo o jogo, podemos
não terminar o jogo como equipe. E é isso que realmente quere-
mos mais do que qualquer outra coisa — permanecer juntos como
equipe para o resto das nossas vidas.
Repórter: Isso parece ótimo. Existe mais alguma coisa que
gostariam de compartilhar com os seus fãs?
Membro da equipe dos Pais 1: Sim, existe mais um aspecto
importante que gostaríamos de mencionar. Sabemos que podere-
mos perder mais alguns jogos para os Filhos. Mas faremos de tudo
para jogar o melhor possível e esperamos que isso tenha efeitos
duradouros sobre os membros da equipe dos Filhos. Porque,
como você sabe, no fim das contas, muitos deles serão recrutados
para compor a equipe dos Pais, e esperamos que sejam bem-suce-
didos naquilo que estamos fazendo aqui hoje.
Repórter: Esse é um conceito excelente. Obrigado por estar
aqui conosco hoje. Espero que tudo que aprenderam seja benéfico
para o jogo. A palavra volta para você, Charles.
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Charles: Pelo que estamos ouvindo, os Pais parecem estar
mais confiantes e unidos. Creio que em breve poderemos checar
se isso terá alguma influência no resultado do jogo. Logo após esta
entrevista com a equipe dos Pais, achamos que seria interessante
conhecer o pensamento dos Filhos. Por isso mostramos esta entre-
vista aos Filhos. Ouça o que eles têm a dizer:
Repórter: Bem, Filhos, aí está. Vocês acabaram de ouvir seus
oponentes explicar o que aprenderam e como pretendem jogar
este jogo a partir de hoje. Como vocês se sentem a esse respeito?
Filho 1: Talvez você se surpreenda, mas estávamos torcendo
exatamente por isso. Embora tenhamos provado que somos opo-
nentes temíveis nas últimas décadas, sabemos que nossa habili-
dade em jogar este jogo se desintegra quando a equipe oponente
se desintegra. Evidentemente, não somos capazes de jogar este
jogo quando nos deixam fazer o que queremos. Quando jogamos
contra os Pais, estamos constantemente observando e aprendendo
deles. Aperfeiçoamos nossas habilidades observando o jogo deles.
E infelizmente, quando eles decidem brigar entre si ou até sair da
quadra, acabamos fazendo o mesmo. E como sabe, por vários
anos, agora, os fãs têm ficado muito desapontados da maneira
como o jogo tem sido jogado e começaram a perder as esperanças
em ver este jogo terminar bem.
Filho 2: Mas com base naquilo que os Pais compartilharam
nesta entrevista, podemos ter esperança novamente. É claro, conti-
nuaremos usando nossas bem-desenvolvidas táticas de sabotagem,
rebelião, dividir e conquistar e tentar roubar o tempo deles juntos,
porque nisso somos bons. Mas, na verdade, estamos esperando
que os Pais venham para este jogo mais unidos, em forma e pron-
tos para jogar. Se eles estiverem preparados, nossas táticas não
resultarão na destruição da equipe deles e o jogo terminará bem.
Afinal, é exatamente isso que queremos — terminar o jogo. Se eles
abandonam o barco bem no meio do rio ou mesmo próximo à
margem não deveriam participar do jogo. Mas se permanecerem
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juntos como uma equipe unida e comprometida, então jogaremos
e todos sairemos ganhando.
Repórter: Parece que a equipe dos Filhos não está interes-
sada primeiramente em ganhar mas em fazer parte do jogo até o
fim. E é exatamente isso que todos estamos esperando, não é ver-
dade, pessoal? Um jogo limpo que seja jogado até o fim. Então as
duas equipes sairão ganhando. Charles.
Charles: Muito bem, acabaram de me informar que está na
hora do jogo. Então lá vamos nós. A bola acabou de ser lançada ao
ar...
Você está pronto para jogar?
Se está lendo este livro, provavelmente está pronto para
começar ou está bem no meio do seu “Jogo do século” pessoal.
Quando um casal experimenta a mudança de ser apenas dois para
tornar-se uma família, o desafio em manter o casamento forte e
firme aumenta. E o maior desafio de todos é lembrar que vocês
continuam um casal. O papel de criar filhos requer muito esforço e
tempo, e se vocês não tomarem cuidado, o relacionamento conju-
gal pode ser prejudicado nas atividades do dia-a-dia. Se não esco-
lherem tornar o seu casamento à prova de filhos, poderão
experimentar uma deterioração da união de vocês selada diante de
Deus. Vocês se casaram antes de terem filhos (assim espero), e se
desejarem permanecer casados depois que seus filhos estão cresci-
dos e saíram de casa, então precisam separar tempo juntos durante
a época da criação de filhos para proteger seu casamento e conti-
nuar crescendo.
Na primeira parte deste livro, você aprenderá acerca de nove
elementos essenciais que tornarão o seu casamento à prova de
filhos. Estes elementos podem ser aplicados a cada estágio da edu-
cação de filhos. A aplicação destes elementos ajudará vocês a sen-
tir-se conectados e fortes como equipe. A segunda parte trata de
cada um dos estágios principais da criação de filhos e provê enco-
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rajamento para os pais em cada estágio. Você lerá acerca dos desa-
fios específicos de cada estágio junto com as formas específicas de
nutrir o seu relacionamento enquanto encara estes desafios. Quero
encorajar cada um de vocês a continuar crescendo em intimidade
no seu casamento enquanto seus filhos se tornam adultos. Inde-
pendentemente do estágio no qual vocês se encontram, compro-
metam-se hoje a tornar seu relacionamento como casal uma
prioridade (logo abaixo do seu relacionamento com Deus), e tanto
vocês quanto seus filhos acabarão se tornando vencedores.
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P r i m e i r a p a r t e
E L E M E N T O S
e S S E N C I A I S p A R A a
s O B R E V I V Ê N C I A
c O N J U G A L
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C A P Í T U L O u M
D E o N D E v I M ?
Elemento essencial nº 1:
Compreendendo sua árvore genealógica
Imagine por algum instante ser um atleta que sonhou a vida
toda fazer parte de uma equipe vencedora — talvez uma equipe
que ganhe uma medalha olímpica ou um campeonato mundial.
Você acredita que seria suficiente apenas aparecer no dia do teste
de seleção — sem ter treinado para esse esporte específico — e ser
aprovado para integrar a equipe? Isso é praticamente impossível.
Uma visão mais realista certamente envolveria treinamento
para esse esporte específico tão logo tivesse condições de cami-
nhar sozinho no corredor da sua casa. Quando chegasse o dia do
teste, você teria anos de prática e aprendizagem na bagagem. Você
conheceria o seu esporte e sua posição específica. Você estaria
ciente daquilo que poderia esperar da sua equipe e do que ela
poderia esperar de você. Você teria trabalhado arduamente para
melhorar seus pontos fortes e identificar os pontos fracos. Você
estaria em condições de avaliar o treinamento que recebeu compa-
rado com os outros jogadores e já estaria no processo de superar
qualquer mau hábito que pudesse ter desenvolvido.
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Seria muito difícil fazer parte da equipe se não pudesse res-
ponder quem esteve treinando você ao longo dos anos e demons-
trar o que aprendeu. A equipe responsável pela seleção
certamente iria querer saber se você está a par dos seus pontos for-
tes e fracos e o que está fazendo para se aperfeiçoar.
Ninguém de nós esperaria que um atleta fizesse parte de
uma equipe profissional vencedora sem ser capaz de fazer o que
acabei de descrever. No entanto, será que isto não é um pouco
parecido com o que cada um de nós que é casado tem feito? Apa-
recemos no dia da seleção para uma equipe muito mais importante
— a equipe de casamento — sem ter passado muito tempo consi-
derando nosso tempo de mentoreamento e treinamento passados.
Será que realmente gastamos tempo para avaliar nosso treina-
mento para essa equipe? Na verdade, passamos a vida toda trei-
nando para tornar-nos marido ou esposa e pai ou mãe. Mas você
parou para realmente avaliar o tipo de treinamento que recebeu?
Você pode adequadamente descrever seus treinadores e o impacto
que tiveram na sua visão desse jogo chamado casamento? Você
consegue identificar o que lhe ensinaram — tanto as coisas boas
como as más? Você sabe quais partes do seu treinamento deseja
continuar e quais precisam ser substituídas por hábitos mais saluta-
res?
Entender de onde você veio, além de descobrir quem e o
que formou seus pensamentos e crenças a respeito do casamento e
educação de filhos é o primeiro elemento essencial da sobrevivên-
cia conjugal. Este capítulo visa a ajudar cada cônjuge a identificar o
que ele ou ela aprendeu a respeito do casamento e educação de
filhos da sua família de origem. Ninguém de nós teve pais perfei-
tos, mas todos nós aprendemos do exemplo que eles nos deixa-
ram. À medida que avalia de modo realista sua própria infância,
você poderá escolher quais elementos do casamento e educação
de filhos deseja manter e quais deseja mudar. Mesmo que não
tenha tido um bom exemplo de pais, isso não serve como desculpa
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para se tornar um cônjuge ou pai ou mãe insatisfatório! Cabe a
você escolher se deseja mudar ou não!
Olhando no retrovisor
Um colega altamente respeitado compartilhou comigo uma
ilustração que tenho usado inúmeras vezes com pessoas enquanto
avaliam o impacto que o passado tem sobre o presente e o futuro.
Perto do centro de um pedaço de papel, ela desenhou um retân-
gulo que ocupou menos de um quarto da página. Então me per-
guntou o que era. Não tendo a mínima idéia aonde ela queria
chegar, disse:
— Um retângulo desenhado ao léu?
Ela riu e disse:
— Bem! Sim. Mas esse retângulo representa um retrovisor.
Ela então descreveu como explica este conceito para as pes-
soas que aconselha.
Sem dúvida, o seu passado é importante, mas não é “tudo”.
Enfocar demasiadamente no passado seria como dirigir um carro
enquanto olha fixamente no retrovisor. Se você está planejando
dirigir em marcha ré, isso faz sentido. Mas, eu não conheço muita
gente que deseja que sua vida esteja indo para trás. Se você é como
a maioria de nós e acredita que está indo para frente e fazendo
progresso na vida, então focar no retrovisor poderia ser devasta-
dor.
Vamos considerar o outro extremo — dirigir enquanto
ignora o retrovisor. Como você acha que isso funcionaria? Pode
não ser mau por um tempo, enquanto estiver indo reto — desde
que não necessite mudar de pista, entrar numa rua lateral ou parar
subitamente. Pessoalmente, tive a oportunidade de experimentar
isso. Um dia, o retrovisor do meu carro caiu. Nos dias seguintes
meu marido, Jim, não teve tempo de arrumá-lo. Então, por cerca
de três dias, tive a experiência de dirigir sem saber o que estava
acontecendo atrás de mim. (Sim, eu sei que existem espelhos late-
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rais, mas raramente os uso — além disso, isso não se encaixa no
meu exemplo). Em certos trechos da estrada isso não me incomo-
dava porque estava indo reto. As coisas estavam indo bem e real-
mente não estava preocupada com o que estava acontecendo atrás
de mim. Mas, em dado momento, a importância do retrovisor ficou
evidente.
Eu estava dirigindo o carro calmamente, acompanhando a
música do rádio, concentrado nas minhas coisas, quando de
repente fui lançado para fora do meu pequeno mundo pelo som
de pneus fritando o asfalto e da buzina atrás de mim. Olhei auto-
maticamente para o local onde o retrovisor deveria estar afixado e
lembrei que ele havia caído. No segundo seguinte, um pequeno
carro esportivo amarelo passou voando pelo lado esquerdo e
quase me matou de susto. Eu nem ao menos sabia que ele tinha
estado atrás do meu carro. Finalmente tive condições de olhar para
trás, mas a essa altura a crise já havia passado. Fiz uma breve ora-
ção e agradeci a Deus o fato de ter me protegido e não sei exata-
mente o quê, mas eu sabia pelas batidas do meu coração que tinha
estado no meio do perigo. Quando meu coração baixou o ritmo e
tive condições de refletir acerca daquilo que havia acontecido, o
pequeno carro amarelo já havia desaparecido. Embora estivesse a
salvo (desta vez), percebi que o fato de não fazer idéia do que
estava acontecendo atrás de mim me deixava completamente vul-
nerável. Não podia imaginar o tipo de perigo que se aproximava e,
portanto, não podia fazer os ajustes necessários para manter-me a
salvo. A importância do retrovisor tornou-se real para mim naquele
dia. Naquela mesma noite, Jim encontrou tempo para colocar o
retrovisor de volta no seu devido lugar.
O propósito do retrovisor é prover perspectiva. Para poder
dirigir o carro com segurança pelas estradas e caminhos secundá-
rios da vida com todas as suas curvas e desvios é necessário ter
condições de checar periodicamente onde você tem estado e o
que pode vir atrás de você. Do mesmo jeito que é mais seguro diri-
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gir um carro com o retrovisor, manobrar sua vida também é muito
mais fácil se tem uma perspectiva correta do seu passado. Da
mesma maneira que o retrovisor ocupa apenas uma pequena parte
do seu campo de visão quando está dirigindo, o seu passado deve-
ria ocupar apenas uma pequena parte da visão da sua vida. Nunca
permita que seu passado se torne tão abrangente que bloqueie a
visão daquilo que está à sua frente. Mas não ignore o seu passado a
ponto de permitir que a sua dor e perigos passem a dominar você.
Seu passado está aí para ajudá-lo a ter uma perspectiva correta de
onde tem estado, não para controlar aonde está indo.
Identificando a cor dos seus óculos
Agora que você entende como uma perspectiva apropriada
do seu passado afeta sua habilidade de continuar sua caminhada
para o futuro, está na hora de pensar em avaliar o seu passado.
Enquanto estiver fazendo isso, é importante avaliar o tipo de “ócu-
los” que está usando. Cada um vê o seu mundo, incluindo o pas-
sado, por meio de um par de lentes. Se não formos cuidadosos, as
lentes que estivermos usando podem distorcer o que estamos ten-
tando ver.
Óculos com lentes cor-de-rosa. Esses são os favoritos da mai-
oria das pessoas. Todos adoraríamos viver em um mundo que é
perfeito, e esses óculos nos ajudam a acreditar nisso. Quando colo-
camos esses óculos, tudo que vemos parece mudar. Uma cintilante
cor rosada reveste tudo e transforma até mesmo as memórias e
acontecimentos não tão agradáveis em coisas belas. E parece que
algumas das lembranças mais incômodas simplesmente desapare-
cem ou pelo menos não são tão óbvias para nós por trás dessas
lentes.
Usar óculos cor-de-rosa enquanto procura avaliar seu pas-
sado vai distorcer os acontecimentos de uma forma positiva. Com
essas lentes, algumas pessoas vão chegar a acreditar que sua famí-
lia é perfeita e que tiveram uma infância perfeita. Muitos tiveram
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tempos maravilhosos durante a fase de crescimento e uma família
saudável. Mas nunca encontrei uma família perfeita. Visto que
somos todos humanos e cometemos erros, ninguém teve uma
família perfeita. Enquanto avalia sua família, é importante entender
esse aspecto. Identificar as partes da sua família de origem que
foram menos do que perfeitas não é ser desleal ou desrespeitoso
com os seus pais. É simplesmente ser verdadeiro para que possa
aprender a ser verdadeiro na sua família atual.
Óculos escuros. Embora possamos dizer que não queremos
usar esses óculos, muitos acabam usando-os pelo menos parte do
tempo. Usar óculos escuros enquanto você olha e avalia o seu pas-
sado fará com que veja tudo de forma negativa. Da mesma forma
que nenhuma família é perfeita, nenhuma família é de todo má. Eu
sei que existem algumas famílias altamente disfuncionais (eu as
vejo no meu escritório todas as semanas), mas mesmo no meio
dessas disfunções existe geralmente uma pequena pérola de algo
positivo. E mesmo que sua família tenha sido uma daquelas famí-
lias altamente disfuncionais, ela não conta toda a sua história.Tam-
bém aprendemos a ser marido ou esposa e pai ou mãe com outros
adultos com os quais tivemos contato. Assim, se você está tendo
dificuldades em encontrar algo positivo em sua infância, considere
olhar para todos os modelos que conheceu.
Óculos transparentes. O último tipo de óculos que você
pode usar enquanto avalia seu passado são aquelas sem cor. As
lentes claras permitem que olhe para o seu passado de maneira
realista e veja os aspectos bons e os não tão bons assim. Deste
ponto de vista, você será capaz de processar os acontecimentos de
sua infância e adolescência e ver como afetaram a forma como vê
o mundo e como vê o casamento e a educação de filhos. Esses
óculos permitem aceitar as experiências negativas do seu passado
de que você deseja aprender e que não quer repetir. Elas também
permitem equilibrar esses aspectos negativos ao ver as experiên-
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cias positivas e retirar delas as características que gostaria de ver
em você enquanto forma a sua própria família.
Lembre-se: é você que escolhe o tipo de óculos que vai usar
quando olhar para o seu passado. Escolha-os com cuidado para
que possa curar feridas antigas e continuar com as tradições saudá-
veis. Os óculos que escolher colocar também vão afetar as suas
expectativas. (No capítulo seguinte, vou discutir o impacto que as
expectativas têm na satisfação conjugal).
Constatando o que aprendeu
A sua vida é resultado de uma variedade de experiências
pessoais singulares. Seu pensar, suas expectativas, crenças e visão
da vida foram influenciados pelos pais e o relacionamento deles
com você e um com o outro. Eles moldaram suas impressões
acerca do casamento e educação de filhos pela maneira como
viviam suas próprias vidas. Você também foi influenciado pela cul-
tura do seu tempo, pelos livros que leu, os filmes que assistiu e as
pessoas com as quais interagiu. Você aprendeu com as próprias
escolhas e as reações que essas escolhas provocaram naqueles que
viviam próximo de você. Não é de admirar que não haja duas pes-
soas exatamente iguais, nem duas histórias idênticas.
Então vamos considerar o que exatamente aprendeu do seu
passado. Estou certa de que é mais do que imagina. Ao longo de
sua vida você aprendeu acerca:
1. do papel do homem e da mulher;
2. da divisão do trabalho dentro e fora de casa;
3. de quem tem o controle;
4. das formas de mostrar afeição (ou não);
5. das atitudes em relação ao sexo;
6. das formas de tratar o sexo oposto;
7. da maneira que você espera ser tratado pelo sexo oposto;
8. das maneiras de lidar com o conflito;
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9. da formação de prioridades em relação a quem ou o que
realmente vem em primeiro lugar;
10. das expectativas de como os filhos devem proceder ou ser
educados.
Você teve muitos exemplos em relação ao casamento e edu-
cação de filhos, e cada um deles teve um impacto acerca de quem
você é e o que espera e crê em relação à vida. Ou você seguirá
esses exemplos ou irá ao extremo oposto ou se esforçará em alcan-
çar um equilíbrio e encontrar o meio-termo mais saudável que fun-
cione para você e sua família.
Embora no momento nem sempre estejamos conscientes de
que estamos aprendendo acerca de relacionamentos futuros, essa
aprendizagem continua sendo poderosa. Por meio desse processo
de aprendizado, muitas vezes vemos padrões doentios da família
de origem sendo repetidos nas gerações seguintes. Se não tomar-
mos o tempo para nos conscientizar daquilo que aprendemos e
como isso influencia nossos relacionamentos como adultos, esta-
remos destinados a repetir os mesmos exemplos. Mesmo que não
seja uma escolha consciente, podemos estar fazendo exatamente
aquilo que esperávamos não repetir. Se você quer evitar repetir
padrões não saudáveis, precisa estar consciente desses padrões.
Sem essa conscientização, você poderá repetir os antigos padrões,
ou porque isso é tudo que sabe (tal como continuar fazendo o
papel de “vigia” ou de vítima) ou porque está tentando refazer ou
consertar algo que não funcionava na infância (tal como casar com
alguém igual ao seu pai ou sua mãe). Independentemente do
motivo, este aspecto continua sendo tão doentio quanto quando
você era criança. Mas quando se conscientizar de que não é um
modelo que você deseja perpetuar, terá o poder de escolher um
caminho diferente.
Uma outra possibilidade é estar ciente de algo que certa-
mente não deseja repetir nos relacionamentos futuros e você acaba
indo para o extremo oposto. Isto muitas vezes resulta em novos
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problemas. Tome como exemplo o pai que foi surrado excessiva-
mente ou mesmo espancado como criança. Ele pode decidir nunca
surrar ou mesmo envolver-se na disciplina dos seus filhos, com
medo de se tornar igual ao seu pai. Ou considere a mãe que, como
criança, nunca podia passar tempo com suas amigas ou ir a even-
tos sociais. Ela pode decidir permitir que sua filha participe de
qualquer tipo de atividade sem colocar barreiras. Você percebe
como o pular de um extremo para o outro pode simplesmente
substituir um conjunto de problemas por outro?
Esse processo de pular de um extremo para o outro ocorreu
em minha própria família de origem e também me afetou. Minha
mãe, a mais velha de cinco filhos, morou por um tempo com sua
mãe e o padrasto. Ambos trabalhavam longas horas no restaurante
do qual eram donos. Dois dos seus irmãos mais novos sofriam de
fibrose cística e ficavam muito debilitados de tempo em tempo.
Nessas circunstâncias, minha mãe foi forçada a “crescer” muito
rapidamente e aos doze anos de idade precisava fazer a janta para
a família todas as noites. Embora isso possa não parecer uma expe-
riência muito dolorosa, acabou se tornando um aspecto penoso
para minha mãe. Quando se casou e começou a ter filhos, sua opo-
sição à forma de ser criada começou a transparecer. Ela odiou
tanto o fato de ter sido forçada a crescer depressa demais e ter de
cozinhar diariamente que, conscientemente ou inconscientemente,
decidiu que seus filhos não passariam por esse tipo de sofrimento.
E, como resultado, enquanto crescíamos nunca precisamos cozi-
nhar ou ajudar na cozinha.
O que minha mãe fez, com a melhor das intenções, teve um
impacto negativo sobre mim. Cerca de quatro meses antes de casar
(com 21 anos de idade) minha mãe percebeu que eu não sabia
cozinhar e decidiu que estava na hora de aprender. Ela teve a bri-
lhante idéia de me colocar como responsável por uma refeição por
semana para a família toda. Isso incluía planejar o cardápio, fazer
as compras necessárias e preparar a comida. Essa parecia uma boa
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idéia porque naquela época tudo que eu sabia cozinhar era macar-
rão com queijo, ovos mexidos e torrada e pizza congelada. Chegou
a primeira semana, e eu planejei e preparei a refeição sozinha.
Quando a família sentou para comer, ficou rapidamente estabele-
cido que esta seria a minha primeira e última tentativa de cozinhar
enquanto estivesse morando em casa. Minha mãe decidiu que o
Jim (meu marido) teria o privilégio de me ensinar a cozinhar.
Embora esse não seja um exemplo extremamente destrutivo,
você pode perceber que pular de um extremo para o outro ainda
pode causar experiências não saudáveis em seus filhos. A resposta
não é apenas decidir fazer o oposto do que fizeram seus pais. Você
precisa separar tempo para avaliar o que precisa ser mudado para
poder ensinar seus filhos algo mais saudável do que o que foi ensi-
nado a você.
O passado não serve como desculpa
Não importa o quanto sua infância foi boa ou má, esse
aspecto deveria representar apenas uma pequena parte dos seus
relacionamentos como adulto. Quando adulto, você tem a liber-
dade e a capacidade de fazer suas próprias escolhas. Gastar tempo
em consultar o retrovisor é sua responsabilidade. Também é sua
responsabilidade manter seus olhos primeiramente focados na
estrada à sua frente e escolher a cor das lentes dos óculos que
usará enquanto viaja. Cabe a você pavimentar essa estrada para o
seu futuro — você escolhe por onde ela vai passar e qual será o
seu destino final.
Quando os filhos crescem e estão na fase de desenvolver
relacionamentos com o sexo oposto, eles com freqüência procu-
ram estabelecer relacionamentos que se encaixam no modelo com
o qual estão acostumados. Um rapaz pode ser atraído por uma
moça que permite que ele continue a se comportar como está
habituado. Pode não ser saudável ou feliz, mas é um hábito. Uma
moça pode ser atraída por um rapaz que a trata do mesmo jeito
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que o pai a tratou. De novo, pode não ser saudável, mas é um
hábito. Se não tomarmos tempo para avaliar nosso passado e deci-
dir o tipo de pessoa que queremos namorar e com quem casar,
provavelmente faremos escolhas inconscientes que não são saudá-
veis para nós.
Um outro aspecto que pode afetar o seu futuro, se você dei-
xar de avaliar o seu passado, é que você acaba enganando-se a si
mesmo ao achar que está se saindo muito melhor do que seus pais,
quando este talvez não seja o caso. Por exemplo, vamos imaginar
que você viveu a sua infância e adolescência com um pai alcoóla-
tra que era verbalmente abusivo e controlador. Você decide que
quando for adulto, nunca beberá porque não suportava como seu
pai agia quando estava embriagado. Assim você se torna adulto,
casa e tem filhos e nunca bebe. Será que isso quer dizer que você
está mudando o modelo? Talvez. Mas se você continua sendo ver-
balmente abusivo e controlador, apesar de estar sóbrio, na verdade
pouca coisa mudou. Você está simplesmente enganando-se a si
mesmo se acha que é melhor do que seus pais ao remover apenas
a parte mais dolorida do que fizeram a você. Sem avaliar conscien-
temente tudo o que seus pais fizeram que pode ter sido destrutivo,
não estará fazendo as mudanças mais saudáveis para seu futuro.
Dave Carder et al., no livro Secrets of your Family Tree
(Segredos da sua árvore genealógica) explica: “Quanto mais um
indivíduo conhece o seu passado, maior será a possibilidade de
controlar o que ele transmitirá para a geração seguinte”.1 Que
grande verdade! Meu desejo é que você separe tempo, de maneira
consciente e ativa, para rever e avaliar a história da sua família com
óculos transparentes e determinar o que deseja e o que não deseja
continuar em seu relacionamento atual e da sua família.
Criando uma nova geração mais saudável
A qualidade do relacionamento dos seus pais influenciará
seus pensamentos e expectativas a respeito do casamento e educa-
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ção de filhos. Mas este não é o único fator determinante do seu
sucesso ou fracasso conjugal. Você pode escolher quebrar padrões
doentios aprendidos da sua família e tornar-se um modelo mais
saudável para seus filhos.
Aqui estão algumas sugestões úteis:
1. Compreenda o seu passado. Você precisa estar consciente
daquilo que sua família lhe ensinou antes que seja capaz de fazer
mudanças.
2. Faça uma escolha. Você aprendeu tanto os traços bons
quanto os maus da sua família de origem. Você precisa lembrar
que nenhuma família é totalmente perfeita ou completamente má.
Enquanto avalia a maneira como foi criado, escolha consciente-
mente quais partes deseja levar com você e quais prefere deixar
para trás. Procure captar todas as coisas boas daqueles que servi-
ram de modelo para você. Decida o que quer e o que não quer
levar para o seu casamento. Onde recebeu um exemplo improdu-
tivo, decida o que quer fazer para substituí-lo.
3. Eduque-se a si mesmo. Aprenda tudo que puder a respeito
de maneiras novas e mais saudáveis de interagir. Isso pode ser
feito de diversas maneiras. Vocês podem encontrar um casal que
seja o mentor de vocês ou fazer parte de um grupo pequeno. Cer-
car-se de casais saudáveis pode ajudar você a desenvolver hábitos
saudáveis em seu casamento. Observe-os, faça perguntas e
aprenda de suas experiências. Você também pode aprender a res-
peito de relacionamentos saudáveis por intermédio de bons livros,
seminários, conferências e workshops. Use esses recursos para
aprender o que puder e comece a aplicar o que funciona para
vocês dois em seu casamento.
4. Falem um com o outro. Enquanto passam tempo dialo-
gando, descubra o que seu cônjuge precisa e deseja do seu par-
ceiro de casamento. Peça o que poderia fazer de maneira diferente
ou quais maus hábitos você pode estar manifestando. Acredite, é
mais fácil ouvir isso se você pede para que seu cônjuge fale, do
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que quando ele acha que está na hora de dizer aquilo que o desa-
grada em você. Portanto, esteja aberto para um feedback constru-
tivo e comece a fazer as mudanças necessárias.
5. Busque em Deus e sua Palavra o melhor exemplo de relaci-
onamentos saudáveis. Deus colocou à nossa disposição muita
informação acerca de como ter os melhores relacionamentos pos-
síveis. Estude o que ele tem a dizer.
O que vem a seguir...
Enquanto avalia a sua história e decide como irá trabalhar
com o seu passado, você logo perceberá que formou muitas
expectativas de como deveria ser o casamento e a educação de
filhos. Essas expectativas, em última análise, influenciarão o nível
de satisfação do seu casamento. Para estar satisfeito e feliz em seu
relacionamento, você precisa identificar suas expectativas e apren-
der a expressá-las de maneira transparente com o seu cônjuge.
Este será o foco do próximo capítulo.
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