Cabras do Pai

44

description

Ilustração sobre fotos de um rebanho

Transcript of Cabras do Pai

Design Gráfico: Bruno Reis Santos¶ Coordenação Geral: Joana Vilela, Patrícia Viegas¶ Créditos dos textos: Bruno Reis Santos¶ Créditos das Fotografias: João Serpa¶ Créditos das Ilustrações: Lord Mantraste¶ Impresso na Obrigraf

www.joaoserpa.tumblr.comwww.lordmantraste.com

FICHA TÉCNICA

6Cabras; 8-9D.Leonor; 10D.Catarina; 11D.Isabel; 12-13Princesa Sónia; 14D.Leopoldina; 15D.Urraca; 16-17D.Joana;

18Bodes; 20-21 D.Mário Barrosa; 22-23; D.João II

24Cabritos; 26-27Pedro e Inês; 28-29Eduardo;30-31Lúcia, Jacinto e Francisca;

34-35Índice de Imagens; 36Agradecimentos; 37Bibliográfia; 38Notas; 39Índice Remessivo

ÍNDICE

Os caprinos foram dos primeiros animais a ser domesticados, são conhecidos pela sua facilidade de adaptação pois conseguem encontrar comida sozinhos e depois voltar para casa. Para além da carne, eles fornecem lã como caxemira e angorá, queijo, couro e leite. Não precisam de ser tosquiados no verão como as ovelhas, pois a lã renovasse sozinha.

O elemento masculino da família dos caprinos é o bode, o feminino a cabra e as crias são conhecidas como cabritos. Estes animais são bastante mais calmos e dados do que as ovelhas e comem tudo o que lhes aparece a frente. Na mitologia são associados a figuras como “Bhaphomet o bode expiatório” e ao próprio “Diabo”.

Como o meu pai é pastor1 e no seu rebanho tem alguns caprinos decidi-me por realizar este catálogo devido à proximidade que tive com estes animais desde muito cedo, sempre os achei animais fascinantes. O objectivo deste catálogo é, não só mostrar o outro lado dos caprinos, como também um outro lado meu.

Para enriquecer o catálogo, também serão feitas algumas ilustrações por cima das fotos, sempre com o objectivo de facilitar a narrativa, as ilustrações serão feitas de modo digital sobre as fotos, baseadas nos trabalhos de Rembrandt e Mucha, numa tentativa de mistura entre a Art nouveau e um rebanho de cabras.

O cenário é algures no Nadadouro, perto das Caldas da Rainha, zona calma e bonita, banhada pela lagoade Óbidos, lá prevalece a natureza, lá cresci eu, lá foram criadas estes animais e lá nasceu este livro!

Bruno Reis Santos

INTRODUCÃO

Para o meu pai!

10

A Dona Leonor, chamada também Dona Leonor do Nadadouro. É uma cabra portuguesa do Rebanho do meu pai, é a Cabra Rainha desde 2005, pelo casamento com seu primo D. João II do Touguio2, o Bode Perfeito. Pela sua vida exemplar, pela prática constante da misericórdia, e mais virtudes cristãs, alcançou de alguns pastores o epíteto de Cabra Perfeitíssima, inspirado no cognome do rei seu marido, a cuja altura sempre se soube manter para o juízo da História.A Cabra Rainha D. Leonor é também a terceira e última rainha consorte do rebanho nascida no Nadadouro. D. Leonor foi sem dúvida uma das mais notáveis soberanas cabras de todos os tempos, pelo seu leite, pêlo, balido e legado aos vindouros.Foi também ela o primeiro dos ocupantes do novo curral do meu pai. Nasceu no dia em que o Sporting ganhou 5-3 ao Benfica depois de estar a perder por dois golos a zero, ganhando assim certos privilégios junto do pastor1. Os golos do Sporting foram marcados por, 68’ 84’ Yannick Djaló, 76’ Liedson, 79’ Derlei, 90+3’ Simon Vukcevic. E dai vem o nome da cabra, em homenagem ao jogador Simon Vukcevic, que tem uma prima com o mesmo nome.

D. LEONORA Cabra Perfeitíssima

> D.Leonor Outono de 2011, junto a uma parreira, durante uma refeição a meio da tarde.

D. Catarina das Gaeiras (ou Catarina a Cabra de Óbidos) é a arquiduquesa do curral, princesa dos Pastos. Filha de Dona Leonor com D. João II.Teve duas irmãs, entre as quais a Princesa Sónia, a malhada, e D. Isabel do Arelho3 (a Cabra Santa). Dona Catarina foi vendida para as Gaeiras, Óbidos, mas mais tarde voltou para o rebanho por desentendimentos com o antigo pastor1 devido a sua rebeldia juvenil. Pelos vistos o antigo proprietário queria que ela comesse umas hortas do vizinho por vingança, mas a D. Catarina recusou e marrou no mesmo, fazendo com que este troce-se o pé, falhando assim um jogo entre amigos no pavilhão das Gaeiras.

D. CATARINAA Cabra de Óbidos

< D.Catarina enquanto pasta.

D.Isabel comendo uma folha de caniço.

D.Isabel com o rebanho.

13

Isabel do Arelho3 (ou, a Cabra Santa), é uma infanta nascida no Arelho3 enquanto a sua mãe pastava. Passou à história com a fama de santa por ter dado a luz três cabritos de uma só vez de forma imaculada, foi cobaia de um cientista louco alemão amigo do meu pai, que a fertilizou invitro, experiencia bem sucedida até ao momento, pois os três cabritos são portadores de uma saúde e energia incrível. Isabel é a filha do meio do rei D. João II, o Bode Perfeito, e de D. Leonor, a Cabra Perfeitíssimas. Uma das suas características é o seu sorriso.

D. ISABELA Cabra Santa

14

15

Princesa Sónia da Barrosa4, também conhecida como Sónia, a Malhada. Filha de D.Leonor e de D.João II. Sónia é a jóia do rebanho, devido a sua beleza. Desejada por todos os Bodes, a Malhada, como lhe chama o pastor1, ainda não encontrou o seu príncipe encantado, situação complicada pois esta a chegar a época de reprodução e cabra sem macho não tem utilidade para o rebanho. Esta situação põem em causa o seu posto de herdeira do trono, estando em vista uma possível ida para outras pastagens, longe do curral que tem o direito de um dia vir a governar.A Princesa Sónia, apesar das complicações com a herança, não tem qualquer problema com as irmãs, a única que a podia vir a substituirá era D. Isabel, A Cabra Santa, mas como os filhos foram reproduzidos de forma imaculada, mantêm-se o problema de falta de um Rei Bode consorte.Já com as tias a história é diferente, a Imperatriz Leopoldina Faísca e a Condensa Urraca do Boro, estão tão certas que a sobrinha nunca vai ser rainha que passam os dias na pastagem a competir para ver qual das duas é a próxima Rainha do rebanho.

PRINCESA SÓNIAA Malhada

< Princesa Sónia a cheirar uma flor

16

Imperatriz Leopoldina Faísca, (a cabra do Negrelho5) é a arquiduquesa das pastagens do Negrelho5 e Cabra-consorte de um curral da Quinta Nova onde reina o seu esposo Pascoal Cipriano, O Bode Marialva .A cabra Leopoldina, é também uma das leiteiras principais do curral de cima, e a única depois do pastor1 com conhecimentos suficientes para tratar enfermos do rebanho, há quem conte que curou uma maleita na lã de uma cabra do curral, com apenas duas ambidelas. Desde muito nova mostrou os seus dotes para a veterinária, catando os imãs de insectos inoportunos.Leopoldina Faísca é irmã da D.Leonor, a Cabra Rainha e da Condensa Urraca do Boro. Passando os últimos dias a marrada com a última, por interesses relacionados com a herança do trono, visto que D.Leonor esta a ser pronta para uma Chanfana Real e depois disso o curral vai ficar sem rainha.

D. LEOPOLDINAA Cabra do Negrelho

17

Condensa Urraca do Bouro, Irmã mais nova das Três filhas da Rainha velha Dona Teresa, a Cabra Negra. Urraca é também uma apaixona pela natureza, passando a sua vida a estuda-la, já comeu em mais de 100 pastos diferentes, reconhecendo mais de mil espécies diferentes de ervas.A Condensa é casada com o Conde do Bom Sucesso, o Bode seca adegas, conhecido por ser um apreciador de vinhos, tendo com isso alguns problemas matrimoniais e não só, chega a ficar meses inteiros fechado no estábulo só a comer palha e água devido a desacatos. Urraca do Boro e sua irmã Leopoldina Faísca, andam constantemente em confrontos, conhecidas como melhores amigas, e devido a conflitos relacionados com a herança do reino houve um volte-face que acabou com essa amizade. No entanto esta rivalidade não deixa de agradar ao pastor1, vendo isto com certo divertimento.

D. URRACAA Cabra do Bouro

D. Joana, a Rainha velha, também conhecida com a Cabra Negra, devido ao seu ma feitio e mão de ferro. Joana é casada com Dom Mário Barrosa, o Bode velho. D. Joana é ainda a mãe de D.Leonor, Leopoldina Faísca e da condensa Urraca.A Rainha velha, devido a sua avançada idade passa os dias a passear por pastos exclusivos, tem os seus desacatos com o pastor1 mas nada que não se resolva com uma pequena referência ao talho do senhor João.O seu feitio é conhecido em todo o rebanho, é tão teimosa que ninguém se atreve a discordar do que diz. Mas todos a respeitam, pois em 1998 um rebanho vindo do sul tentou roubar a pastagem ao seu rebanho, e ela com o seu mau feitio correu tudo a cornada, entortando assim um dos cornos.

D. JOANAA Cabra Negra

<> D.Joana durante um passeio no Negrelho

23

Dom Mário Barrosa, o Bode velho. Antigo Rei do curral de Santo Onofre antes da extinção do mesmo. Conhecido pela sua sapiência e pela sua veia de Don Juan. Passa os dias ou a meditar sobre a vida no campo, ou a olhar para os rabos das Cabritas. Não é surpresa para ninguém que as vezes salta a cerca para fazer umas visitas as cabras do vizinho, tendo inclusive alguns cabritos bastardos. A sua esposa, D. Joana parece pouco se importar, quanto menos tempo o esteja a aturar melhor.Dom Mário foi o responsável pelo Tratado de Capri, de onde foram declarados os direitos de todos os caprinos, juntamente com os deveres de todos os pastores para com os mesmos.

D. MÁRIO BARROSAO Bode Velho

< D.Mário Barrosa a observar uma cabra do rebanho que pasta numa das suas vinhas

25

Rei D. João II do Touguio2, o Bode Perfeito. Nasceu no Touguio2, no curral do Rafael6, sacristão da igreja local. Era filho do rei Bode, Toino I, o tira olhos e de Dona Gloria. João II é um Bode viajado, participou em várias feiras como as da Benedita, Malveira e Santarém.O cognome de Dom João, o Perfeito, deriva da sua beleza e do seu carácter. É o bode numero um do pastor1, estando sempre por perto. Mantém boas relações seja com cabras, seja com ovelhas.

D. JOÃO IIO Bode Perfeito

< D.João II numa demontração de elegância

28

Inês e Pedro, os filhos de Urraca e Leopoldina. Inês é filha de Urraca com o Conde do bom sucesso, Pedro por sua vez é filho de Leopoldina Faísca com o Bode Marialva.Apesar das constantes discussões entre as suas mães, os primos parece que são inseparáveis, fazendo as alegrias de todo o rebanho especialmente da sua tia, a Cabra Rainha.

PEDRO E INÊSOs Inseparáveis

>Pedro e Inês na brincadeira

30

31

Eduardo, é a mascote do reino, com apenas e meses é ele, com as suas palhaçadas que dá alegria ao rebanho. Nunca se soube quem era os pais deste cabrito, mas ele também não se parece importar pois já no natal vai servir de jantar para alguma família.As cabras contam que Sebastião apareceu no rebanho num dia de nevoeiro, não se sabe bem de onde. O pastor1 não se importou, mais um menos um não lhe faz diferença e desde que ninguém o venha chatear, esta tudo bem.Foi dado maior destaque ao eduardo, unica e simplesmente para ocupar mais espaço, não se pense que foi uma coisa super argumentada, se pensar, está bem enganado. Ja agora aproveito para encher mais chouriço e falar do tempo que não anda nada famoso. Tem estado um frio lixado e não pára de chover.

EDUARDOA Mascote

<Eduardo a fumar um cigarro as escondidas do Pastor

32

Lúcia, Jacinto e Francisca, são os filhos de Dona Isabel do Arelho3, Reproduzidos de maneira imaculada, são os três cabritinhos do rebanho, andam sempre juntos, há quem diga que fazem milagres, mas que guardam segredo em relação a isso. Jacinto é do piorio anda sempre a fazer estragos e a contar mentiras, a sua irmã Lúcia é mais reservada, e dedica o seu tempo livre a ajudar as ovelhas a pastar. Francisca por sua vez é a mais atrevida, há dias em que só chega ao curral depois das 9 da noite.

LÚCIA, JACINTO E FRANCISCA Os Cabritinhos

>Lucia, Jacinto e Francisca a espera de um milagre, que tarda em aparecer

33

Quando eu não te tinhaAmava a Natureza como um monge calmo a Cristo.Agora amo a NaturezaComo um monge calmo à Virgem Maria,Religiosamente, a meu modo, como dantes,Mas de outra maneira mais comovida e próxima…Vejo melhor os rios quando vou contigoPelos campos até à beira dos rios;Sentado a teu lado reparando nas nuvensReparo nelas melhor —Tu não me tiraste a Natureza…Tu mudaste a Natureza…Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,Por tu me escolheres para te ter e te amar,Os meus olhos fitaram-na mais demoradamenteSobre todas as cousas.Não me arrependo do que fui outroraPorque ainda o sou.

QUANDO EU

Alberto Caeiro em “O Pastor Amoroso”

35

36

1

2 3 4

5

8 9 10

12

13

16 17

14 15

11

6 7

37

18

21

22

23

19 20

1 - Pastor com o Rebanho2 - D.Leonor e a sua irmã D. Isabel3 - D.Leonor Outono de 2011, junto a uma parreira, durante uma refeição a meio da tarde.4 - D.Isabel comendo uma folha de caniço.5 - D.Catarina enquanto pasta.6 - D.Isabel com o rebanho.7,9 e 10 - Princesa Sónia a cheirar uma flor8 - D- Leopoldina11 - D. Urraca12 e 13- D.Joana durante um passeio no Negrelho14 - D. Mário Barrosa mais 3 cabras15 - Pedro e Inês na brincadeira16 - D.Mário Barrosa a observar uma cabra do rebanho que pasta numa das suas vinhas17 - Cabritos a brincar aos indios18, 19 e 20 - D.João II numa demontração de elegância21 - Eduardo a fumar um cigarro as escondi-das do Pastor22 - Lucia, Jacinto e Francisca a espera de um milagre, que tarda em aparecer23 - Capa

ÍNDICE DE IMAGENS

38

Quero agradecer em primeiro lugar ao meu pai (Armando Barros Santos) pela paciência, ao João Serpa pelas fotografias e pelo mau feitio, à Joana Vilela e à Patrícia Viegas pelas dicas e pela boa nota que espero vir a receber. Também queria agradecer a todos os caprinos que se disponibilizaram para ser fotografados pela boa disposição, peço desculpa pelos momentos de incómodo que os fizemos passar.

AGRADECIMENTOS

39

-Alphonse Mucha — http://www.muchafoundation.org/MHome.aspx — 2011;-Rembrandt Harmenszoon van Rij — http://www.rembrandtpainting.net/ — 2011;-Jimmy Wales — http://pt.wikipedia.org — 2011;- Eco, Umberto, Caprinos, 6.ª edição, Lisboa, Editorial Presença, 1995.- Caproper, Lista de Cáprinos da Zona Oeste , 1.ª edição, Caldas da Rainha, 2011

BIBLIOGRÁFIA

40

[1]Pastor — O dono do rebanho, Armando Santos.[2]Touguio — Divisão Regional da Freguesia do Nadadouro.[3]Arelho — Freguesia do concelho de Óbidos.[4]Barrosa — Nome de zona que rodeia a Quinta da Barrosa.[5]Negrelho — Mata do Nadadouro.[6]Rafael — Sacristão do Nadadouro.

NOTAS

41

Arelho p.10,11,30

Barrosa p.13,17,21

Catarina p.11

Eduardo p.29

Francisca p.30

Inês p.26

ÍNDICE REMESSIVOIsabel p.13,18

Jacinto p.30

Joana p.14,8,7

João p.7,10,25

Leonor p.6,12,21

Leopoldina p.16

Mário p.14, 26

Negrelho p.16

Pastor p.8,10,14

Pedro p.8,26

Rafael p.28

Sónia p.12,16

Touguio p.8,10,20

Urraca p.14,18