Breve caracterização das comunidades da Ilha Grande
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Breve caracterização das comunidades da Ilha Grande
O processo de caracterização das comunidades da Ilha Grande nos remete a
uma série de reflexões fundamentais para a compreensão do atual estado da ilha.
A ausência ou a dificuldade em se obter dados populacionais e de infra-
estrutura, além de indicadores sociais, econômicos e ambientais específicos da Ilha
Grande ou de suas comunidades, dificultam a realização de qualquer diagnóstico,
plano de ação ou planejamento de seu território. Reflete assim, um erro estratégico
na maneira como a Ilha Grande é administrada e planejada. Aqui, ilustramos esta
situação comparando dados do IBGE de 2000 e 2006 (este ultimo representa dados
estimados, disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Município de Angra dos Reis)
e estimativas feitas pelos próprios moradores obtidas em campo. Vale destacar a
imprecisão dos dados populacionais disponibilizados e nota-se uma tendência a se
apresentarem dados bastante inferiores a realidade.
Tampouco, podemos considerar a Ilha Grande como uma única comunidade.
As distâncias entre as localidades, percorridas apenas de barco ou por trilhas, não
são o único fator que as separam. A diversidade existente entre as comunidades,
conseqüente do complexo mosaico histórico-cultural característico da Ilha Grande,
dificulta a elaboração de políticas e estratégias comuns para todo o território. Cada
localidade terá suas próprias potencialidades, vocações econômicas, infra-estrutura,
grau de mobilização social, conflitos etc, sendo por isso necessário, um trabalho
específico com cada comunidade.
Ainda assim podemos citar de antemão alguns problemas que são comuns a
maior parte das comunidades. Observa-se uma deficiência de serviços públicos
como: saneamento básico, postos de saúde, transporte, educação de qualidade e ao
alcance de todos, serviço de energia elétrica eficiente, além da dificuldade de acesso
a informação e meios de comunicação e ausência de atividades culturais. Em relação
ao mercado de trabalho, há uma crítica geral relacionada a forma de exploração do
turismo, não-inclusiva, gerando apenas sub-empregos, sem carteira assinada,
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perpetuando o estigma de exploração existente na ilha. A falta de perspectivas
econômicas para os jovens se reflete no processo de êxodo para o continente. Soma-
se a crescente especulação imobiliária e a perda da identidade cultural local.
Outro fator que chama atenção é o quadro de baixa participação social,
associado ao alto nível de descrença e desconfiança de seus moradores. Algumas
comunidades importantes ainda não possuem uma Associação de Moradores
constituída e mesmo as que possuem sofrem com a falta de legitimidade de sua
Associação. É difícil então, enxergar a efetividade ou atuação dessas organizações,
até porque não há uma cultura de participação dos moradores nas reuniões. A
representação política da maior parte das comunidades se dá pela atuação de
lideranças comunitárias, nutridos na maior parte das vezes de boa fé, porém sem
muita legitimidade perante a comunidade.
Neste trabalho procuramos apenas fazer uma breve caracterização das
principais comunidades da Ilha Grande, sem qualquer pretensão de se assemelhar a
um trabalho antropológico. Trata-se da tentativa de se desenhar um quadro da
situação atual, sob diferentes aspectos que nos saltam aos olhos em cada
comunidade. Muitas informações aqui contidas exigem um certo grau de
conhecimento da história da região para serem realmente compreendidas.
Aventureiro – Diante do atual quadro de conflito envolvendo a comunidade, os
orgãos ambientais e a prefeitura, que chegaram a proibir o camping em Aventureiro,
a comunidade parece estar bastante consciente da necessidade de se unir e
organizar a atividade turística na praia, apresentando um maior nível de participação
social em relação a outras comunidades da ilha. É também a comunidade com mais
resquícios da cultura caiçara.
Além das dificuldades impostas pelo isolamento geográfico, a comunidade
sofre com a ausência de serviços como: esgotamento sanitário adequado, o que já
gerou surtos de doenças como “bicho de pé” e “bicho geográfico”; coleta de lixo, não
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é raro depararmo-nos com pilhas de sacos de lixo ao lado do cais; posto de saúde,
obrigando-os a grandes deslocamentos, muitas vezes perigosos devido ao “mar
agitado”; educação, uma vez que a escola local só vai até a 4a série, fazendo com
que os alunos tenham que enfrentar o mar todos os dias para estudar em Provetá, e
em dias de “mar agitado” os alunos fazem o percurso por trilha, chegando a escola,
cansados e sujos; e comunicação, uma vez que não há energia elétrica, acesso a
internet e telefones públicos. Apenas uma operadora de telefonia celular é captada
no Aventureiro.
Atualmente a associação de moradores é presidida pelo Luís (camping do
Luís) e é uma das associações com maior legitimidade junto a população local.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 95
habitantes e 33 domicílios, as estimativas do IBGE para 2006 apontavam 54
habitantes. Já a estimativa dos moradores é a de que hajam aproximadamente 100
habitantes.
Provetá – Segunda maior comunidade da Ilha Grande, é a maior comunidade
pesqueira da Ilha e uma das maiores colônias de pescadores do Estado do Rio de
Janeiro. Aqui, o crescimento desordenado é evidente. Apesar de ter sido favorecida
com a rede de energia elétrica instalada em 2001 e a existência de um posto
telefônico público, a localidade ainda carece de rede coletora de água e esgoto. Há
valas de esgoto a céu aberto e o córrego principal está poluído. Nesta comunidade
funciona a única escola de ensino médio, além da Vila do Abraão, fazendo com que a
comunidade receba diariamente alunos das comunidades do Aventureiro e de todas
as comunidades da face noroeste da ilha, da Praia Vermelha a Bananal.
A força da Igreja Evangélica é tamanha que o Pastor Eliseu parece ser o
principal representante e interlocutor da comunidade. O Manoelzinho também foi
indicado como uma liderança social.
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O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 1234
habitantes e 333 domicílios, as estimativas do IBGE para 2006 apontavam 883
habitantes. Já a estimativa dos moradores é a de que haja mais de 2000 habitantes.
Praia Vermelha – Habitada basicamente por famílias que tradicionalmente viveram
da pesca e em função da fábrica de sardinha que ali existiu, possui um pequeno
comércio e poucas pousadas. A praia recebe um número considerável de turistas
mergulhadores que de lá saem para expedições, também de lá se chega à gruta do
acaiá.
Na Praia Vermelha, assim como em todas as comunidades da Ilha Grande, fica
evidente a falta de perspectivas profissionais e educacionais para o jovens,
fortalecendo o quadro de exôdo para o continente e especulação imobiliária. Além da
falta de emprego, problemas referentes ao saneamento básico, transporte, acesso a
informação e saúde também são apontados pela comunidade.
Nota-se o baixo grau de participação social entre os habitantes, não havendo
associação de moradores constituída. Destacam-se socialmente a influência da igreja
evangélica e do espaço escolar (escola municipal até a 4a série). O maricultor
Miguel, apesar de não ser nativo, também é apontado como uma referência para a
comunidade.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 192
habitantes e 71 domicílios, as estimativas do IBGE para 2006 apontavam 134
habitantes. Já a estimativa dos moradores é a de que hajam mais de 200 habitantes.
Praia Grande de Araçatiba – É o terceiro maior povoado da Ilha Grande, e a
segunda em atividade turística atrás de Abraão, guardando com esta certa
semelhança. Na praia existem diversas pousadas, casas disponíveis para aluguel por
temporada, comércio e embarcações que realizam regularmente o transporte entre a
ilha e o continente e passeios de barco. Araçatiba agrega também alguns fazendeiros
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marinhos que vivem do cultivo de mexilhão e é lá que ocorre o “Festival do
Mexilhão" no mês de outubro.
A comunidade dispõe de um posto de saúde e de uma escola até a oitava
série do primário, o que a torna um centro de referência para as comunidades
vizinhas.
Questões referentes a transporte, desemprego, saneamento básico (há uma
campanha para a despoluição do principal córrego da praia), participação social e
atividades culturais são as mais recorrentes na comunidade. As pequenas praias
vizinhas apresentam fortes sinais de tentativa de privatização, havendo boatos entre
os locais de que investidores estrangeiros estariam comprando-as para fins de
turismo de alto poder aquisitivo.
A professora Sara é uma forte liderança local e junto com o maricultor Loro,
está a frente do PIAJIG – Projeto de Incentivo e Apoio aos Jovens da Ilha Grande.
Ela também preside a instituição OPA – Organização das Pessoas de Araçatiba,
criada para ampliar o debate político na comunidade.
O censo demográfico do IBGE de 2000 unificou os dados de Araçatiba e Praia
da Longa, apontando uma população total de 415 habitantes e 207 domicílios. As
estimativas do IBGE para 2006, apenas para Araçatiba, apontavam 123 habitantes
(!!!). Já a estimativa dos moradores é a de que haja mais de 500 habitantes.
Praia da Longa – É uma praia que ainda não faz parte do roteiro turístico da Ilha
Grande, tendo um estaleiro como único empreendimento local. Possui a
peculiaridade de não possuir nenhuma pousada, há apenas casas para aluguel de
temporada. Em conversas com os moradores percebe-se uma postura bastante
crítica em relação ao tipo de turismo que é praticado nas outras praias da Ilha
Grande, pois eles temem a chegada de aspectos como a violência, drogas,
especulação imobiliária e poluição.
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Em relação aos serviços públicos, a praia possui apenas uma escola até a 4a
série do primário. Não há posto de saúde, telefone público, transporte adequado e
há uma queixa recorrente, quanto a falta de emprego e de meios de comunicação.
A professora da escola Ângela é reconhecida como uma jovem liderança local
e se mostrou bastante consciente e engajada nas atividades político-sociais e
culturais da sua comunidade.
Estimativas apontam a existência de aproximadamente 170 habitantes.
Enseada do Sítio Forte – A Enseada do Sítio Forte é composta por pequenas
praias: Ubatubinha, Tapera, Sítio Forte, Marinheiro, Maguariquissaba e Passaterra. A
localidade que teve papel importante durante a escravidão e no período do cultivo da
cana-de-açúcar, guardando ainda ruínas dos antigos casarões, não apresenta mais
uma comunidade tradicional residente. Pelo contrário, a enseada é fortemente
marcada por pousadas, restaurantes e grandes casas de pessoas de fora da Ilha,
havendo claros indícios de tentativa de privatização destas praias. A atividade de
maricultura é bastante forte entre os nativos restantes, abrigando um dos cultivos
mais bem sucedidos de toda a ilha e sendo estabelecida também uma Associação de
Maricultores. A região é ponto de parada para lanchas vindas de Angra dos Reis, em
busca de ostras e mexilhões e muito visitada por mergulhadores, devido à presença
de um naufrágio.
A enseada possui apenas uma escola que vai até a 4a série do primário. A
questão fundiária parece ser o principal problema da região, havendo um forte
movimento de êxodo dos “nativos” para o continente.
A Associação de Maricultores parece ser a única instituição social em atividade
no local, presidida pelo Roberto, sendo pessoa influente na comunidade.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 396
habitantes e 179 domicílios, as estimativas do IBGE para 2006 apontavam 102
habitantes. Esta estimativa parece se confirmar devido ao forte processo de êxodo
dos “nativos”, que vendem suas posses e migram para o continente.
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Matariz – Onde até a alguns anos atrás funcionou a última fábrica de pescados
enlatados da Ilha Grande, hoje há uma comunidade totalmente abandonada pelo
poder público. Com baixíssimas perspectivas de desenvolvimento econômico, a
impressão é a de que Matariz seja a comunidade mais pobre de toda a Ilha. Apesar
de não parecer, é bastante populosa, possui uma grande quantidade de jovens, que
são obrigados a se deslocar por duas horas de barco para chegar até Provetá, escola
de ensino médio mais próxima. Os jovens de Matariz são considerados os mais
indisciplinados do Barco Escola. Na comunidade há apenas uma escola até a 4a série
do primário, uma pousada e pequeno comércio. Problemas relacionados a
saneamento básico, desemprego, violência e drogas são bastante citados pelos
moradores. Outro problema que teve seu foco inicial em Matariz e depois se alastrou
por toda a ilha foi a introdução e proliferação do caramujo africano, potencial vetor
de doenças.
A comunidade conta com Associação de Moradores, atualmente presidida pela
Bete. A ONG Cio da Terra, da Amanda (nativa de Matariz), vem desenvolvendo um
trabalho junto aos moradores, realizando oficinas e atividades que a tornaram bem
conceituada.
A estimativa do IBGE para 2006 é a de que haviam 274 habitantes, porém
segundo os moradores há mais de 400 habitantes.
Bananal – Apesar da proximidade com Matariz, é notadamente uma comunidade
muito mais desenvolvida, articulada e com um turismo já representativo. A praia do
Bananal possui 2 atracadouros, diversas pousadas, restaurantes, bares e operadora
de mergulho. Aqui, a ONG Cio da Terra também desenvolve uma série de atividades,
apoiadas pelo Preto, da Pousada do Preto, que é uma das principais lideranças
comunitárias.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 292
habitantes e 154 domicílios. As estimativas do IBGE para 2006 apontavam 126
habitantes, porém a realidade parece condizer mais com o Censo de 2000.
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Entre o Bananal e Praia Vermelha se percebe uma já incipiente
integração comunitária que é incentivada através das escolas locais.
O Bananal é como se fosse a “última comunidade” dessa face da Ilha, visto
que existe um total distanciamento para com as próximas comunidades.
Freguesia de Santana – primeiro povoado da Ilha e por muitos anos o mais
importante e populoso, hoje Freguesia de Santana é uma praia completamente
privatizada e sem qualquer presença de uma comunidade nativa. Diversos turistas a
procuram para visitar a igreja de Santana – 1796, considerado o mais importante
patrimônio histórico da Ilha Grande, onde acontece todo fim de julho a festa de
Santana, marcada por uma procissão de barcos. Apesar de sua importância histórica,
atualmente tem-se uma impressão um tanto frustrante da localidade, devido ao fato
de a igreja estar sempre fechada e de não haver qualquer sinal de uma comunidade
tradicional. Há apenas uma grande propriedade privada que ocupa toda a praia, com
bóias que dificultam a atracação de barcos e apenas algumas casas espalhadas ao
longo da trilha para o Bananal, em condições absolutamente precárias.
A estimativa do IBGE para 2006 é a de que haviam 44 habitantes.
Japariz – constituída por membros da mesma família, sua importância restringe-se a
ser ponto de parada de refeição para as diversas escunas que realizam passeio por
aquela área.
É em Japariz que está instalado o terminal que recebe o cabo subterrâneo que
leva energia elétrica para ser distribuída na Ilha.
A estimativa do IBGE para 2006 é a de que haviam 102 habitantes.
Enseada da Estrelas – A enseada que abriga as praias da Feiticeira, Iguaçú,
Camiranga, Grande e de Fora, possui uma comunidade bem populosa que se
estabelece ao longo de sua grande área. Atualmente, esta comunidade se confronta
com o cercamento de praias e restrição de acesso por parte de pousadas e
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propriedades privadas que vêm ocupando a região de maneira bastante agressiva.
Há o desvio de servidões públicas históricas, desmatamento de manguezais,
construções de atracadouros irregulares, trânsito de embarcações em alta velocidade
(o que afeta o frágil ecossistema local) e diversas ocupações irregulares. Esta nova
ocupação por parte de grandes empreendimentos parece ser o maior motivo de
preocupação dos moradores.
A comunidade possui uma escola até a 4a série do primário e os jovens acima
desta série tem que se deslocar para Abraão. A situação mais crítica é a dos alunos
que cursam o ensino médio, como as aulas são ministradas apenas no turno da
noite, os jovens não dispõe do Barco Escola, e têm que se deslocar por conta
própria.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 424
habitantes e 162 domicílios. As estimativas do IBGE para 2006 apontavam 301
habitantes, porém a realidade parece condizer mais com o Censo de 2000.
Vila do Abraão – é a maior comunidade da ilha e ponto de chegada das barcas que
partem de Angra e Mangaratiba. Grande mosaico cultural (nativos, barqueiros,
pousadeiros, estrangeiros...), sendo o turismo sua maior vocação. Possui muitas
pousadas, de todos os níveis, restaurantes, operadoras de passeios de barco,
comércio, posto de saúde e escola até o ensino médio. Apesar de concentrar a maior
parte das pousadas e serviços comerciais da Ilha Grande, Abraão não é sinônimo de
localidade bem desenvolvida. Sendo a maior comunidade, é a que mais sofreu o
processo de ocupação desordenado e falta de infra-estrutura. A presença do IEF na
Vila do Abraão devido a parte da Vila se situar no interior do Parque Estadual da Ilha
Grande e de uma sub-sede da Prefeitura de Angra dos Reis não impediu que lá se
desenvolvessem graves problemas como: esgoto a céu aberto, lixo nas ruas,
doenças endêmicas, ocupação e construções irregulares, desmatamentos e falta de
água. Abraão pode ser considerada o “patinho feio” da Ilha: a comunidade que
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nenhuma comunidade quer virar. Outro fato curioso é que ali foi o palco principal
dos principais projetos fracassados para a Ilha Grande.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 1481
habitantes e 695 domicílios. As estimativas do IBGE para 2006 apontavam 1477
habitantes, já a estimativa dos moradores é a de que haja mais de 2000 habitantes.
Palmas – Ponto de parada no caminho que liga Abraão a Praia de Lopes Mendes.
Não há comércio desenvolvido e nenhum serviço público, apesar de esta ser uma
localidade que recebe muitos visitantes, que ficam acampados nos quintais das casas
dos moradores. Possui também pequenos restaurantes e três pousadas.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 115
habitantes e 51 domicílios.
Dois Rios – Esta Vila parece até hoje carregar a herança maldita de ter sido sede do
Instituto Penal Cândido Mendes, com uma comunidade residente formada por
antigos funcionários do presídio e que ocupam irregularmente as casas que são do
Governo do Estado (Recentemente a UERJ ganhou na justiça o direito de finalmente
ocupar estas casas). Também é sede do Campus da UERJ, que é responsável pela
gestão da Vila de Dois Rios e possui um Centro de Estudos Ambientais e
Desenvolvimento Sustentável - CEADS no local. Claramente, até por falta de
recursos, a instituição universitária ainda não conseguiu desempenhar atividades de
pesquisa e extensão representativas para além da Praia de Dois Rios. A UERJ
pretende em breve realizar obras para a implementação de um museu (Ecomuseu).
Praia da Parnaioca – Parnaioca já foi no passado a praia mais populosa da Ilha
Grande, chegando a ter mais de mil habitantes que viviam da pesca e da agricultura.
Importante atividade na época do Brasil Colônia devido ao cultivo do café. Das
fazendas de café que lá se desenvolveram só restaram ruínas das antigas
construções feitas pelos escravos e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus que ainda
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mantém seus traços principais. Parnaioca foi vivendo aos poucos a saída dos seus
moradores. Sendo esta a localidade mais próxima do Presídio, por medo dos
fugitivos, a população saiu da praia. Hoje, poucas famílias permanecem com moradia
fixa no local, alugando seus quintais para a prática do camping.
O censo demográfico do IBGE de 2000 apontava uma população total de 5
habitantes e 6 domicílios.
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