Brasil Observer #16 - Portuguese Version

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www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 READ IN ENGLISH #0016 JULY 31 – AUGUST 13 DIÁLOGOS DE INOVAÇÃO LEANDRO DE BRITO PARCERIA ENTRE BRASIL E REINO UNIDO QUE PRETENDE ACELERAR SOLUÇÕES INOVADORAS PARA CIDADES SUSTENTÁVEIS TRAÇA ESTRATÉGIAS PARA OLIMPÍADA DO RIO >> Páginas 10 e 11 CLÁSSICO DO CINEMA ‘Terra em Transe’ tem exibição especial em Londres >> Página 15 REPRODUÇÃO

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Brasil e Reino Unido traçam estratégias sustentáveis para Olimpíada do Rio 2016

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FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826

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# 0 0 1 6

JULY 31 – AUGUST 13

DIÁLOGOS DE INOVAÇÃO

LEANDRO DE BRITO

PARCERIA ENTRE BRASIL E REINO UNIDO QUE PRETENDE ACELERAR

SOLUÇÕES INOVADORAS PARA CIDADES SUSTENTÁVEIS TRAÇA

ESTRATÉGIAS PARA OLIMPÍADA DO RIO

>> Páginas 10 e 11

CLÁSSICO DO CINEMA ‘Terra em Transe’ tem exibição especial em Londres >> Página 15

REPRODUÇÃO

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CONECTANDO

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

ELEIÇÕES 2014

CAPA

Congresso Nacional em renovação

Brasil e Reino Unido unem forças para o Rio 2016

A história de uma professora soropositiva

Glauber Rocha e muito mais...

Fábio Panone Lopes

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] Kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Alec Herron, Antonio Veiga, Bianca Dalla, Gabriela Lobianco, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

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EM FOCO

BRASIL NO UK

UK NO BRASIL

BRASILIANCE

Notícias que foram destaques na quinzena

BRICS começam a construir nova ordem

Desafios da literatura brasileira no exterior

Amistoso celebra 100 anos da Seleção Brasileira

16|17CAPA DO GUIA18NINETEEN EIGHT-FOUR19GOING OUT22/23NEW CANVAS OVER OLD24/25TRAVEL

Começou a corrida eleitoral. Ainda um pouco tímida, pois a exposição dos candidatos através dos programas eleitorais de radio e TV tem início a partir do dia 19 de agosto. Além do cargo de Presidente da República, brasileiros e brasileiras vão às urnas para escolher seus representantes no Congresso Nacional: senadores e deputados federais. E, a nível estadual, governador e deputados estaduais.Por isso, a partir desta edição você poderá acompanhar o nosso especial Eleições 2014. Nas páginas 12 e 13, você fica por dentro do funcionamento do sistema político do país, entendo a atuação do Congresso Nacional, além da composição que forma as duas casas.Nas próximas quatro edições, até o primeiro turno das elei-ções, dia 5 de outubro, apresentaremos o perfil de cinco dos

11 candidatos ao cargo de Presidente da República. Adotando a lógica da colocação nas pesquisas eleitorais recentemente di-vulgadas, começaremos com o pastor Everaldo Pereira (PSC) e Luciana Genro (PSOL), seguindo por Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).Desta forma, valorizando a construção de ideias através de discussões e debates, apresentamos esta edição. E convidamos nossos leitores a participar enviando seus comentários, críti-cas e sugestões no decorrer deste processo que, mesmo com inúmeros defeitos, compõe o sistema democrático do Brasil. Envie sua mensagem através das nossas redes sociais: www.facebook.com/brasilobserver | www.twitter.com/brasilobserver

Até a próxima!

E D I T O R I A L

BRASIL OBSERVER NAS ELEIÇÕES Por Ana Toledo – [email protected]

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3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu a posição do governo brasileiro que condenou “energica-mente o uso desproporcional da força” por Israel em conflito na Faixa de Gaza.“Condenamos a desproporcionalidade da

reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis”, disse o ministro em evento em São Paulo.O ministro lembrou que o Itamaraty

já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza. “Israel se queixa que não repetimos a condenação que já tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua, somos abso-lutamente contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se man-tém. Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso”, afirmou.Figueiredo rebateu ainda afirmação do

porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que classificou o Brasil de “anão diplomáti-co”, apesar de sua posição econômica e cultural. “O que eu li é que o Brasil é um gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU. E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomá-tico, o Brasil não é um deles”, reagiu o chanceler.Segundo Figueiredo, as declarações do

porta-voz da Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade entre os dois países. “Países têm o direito de discordar. E nós estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, des-tacou.O chanceler também defendeu a po-

sição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Uni-das. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para in-vestigar todas as violações e julgar os responsáveis.

Ato reuniu 2 mil pessoas em São Paulo

BRASIL CONDENA AÇÃO DE ISRAEL EM GAZA

MERCOSUL DEVE ANTECIPAR TARIFA ZERO GRUPOS DEFENDEM MANIFESTANTES PRESOS

Representantes de movi-mentos sociais condenaram o processo contra 23 ativis-tas acusados de associação criminosa no Rio de Janei-ro, em entrevista coletiva que reuniu o grupo Tortura Nunca Mais, o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Fede-rais em Saúde e Previdên-cia Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindsprev-RJ), o Sindicato dos Petroleiros, a Frente Internacionalista dos Sem Teto e o Instituto dos Defensores dos Direitos Hu-manos (DDH). O recém-criado Comitê

Popular contra o Estado de Exceção, que anunciou que estava convocando atos em várias partes do país para o dia 30 de julho, também participou da declaração.Joana Ferraz, que repre-

sentou o grupo Tortura Nun-ca Mais na entrevista, afir-mou que a entidade mandou alertas para organizações na-cionais e internacionais, afir-mando que os 23 ativistas estão sendo perseguidos, tor-turados e obrigados a viver na clandestinidade. Coordenador do DDH, que

teve advogados presos no in-

quérito, Thiago Melo disse que as acusações do proces-so são genéricas porque não há fundamentos para as acu-sações individuais e especí-ficas. Ele também disse que as acusações são autoritárias e reclamou dos grampos tele-fônicos de linhas do instituto, que defende vítimas de viola-ções praticadas por policiais. “É duplamente grave que isso tenha acontecido. A comuni-cação dos clientes com advo-gados tem que ser secreta”, avaliou. “Temos uma tradução clara de que os movimentos sociais estão sendo interpreta-dos pela polícia e pela justiça criminal como crime organiza-do”, disse.O Sindsprev-RJ distri-

buiu uma nota em que se posiciona sobre a acusação de ter financiado marmitas para manifestantes, afirman-do que participa ativamente de todas as mobilizações po-pulares e que apoia direta-mente as mobilizações que questionam governos. “Em vez de atender às exigên-cias da população, a resposta dos governantes foi tratar os protestos como caso de polí-cia”, diz a nota.

O Brasil quer a redução a zero das tarifas de importação de produtos entre o países mem-bros do Mercosul, além de Co-lômbia, Peru e Chile – apesar de não pertencerem ao bloco, os três países mantêm acordos de redução de tarifas com os mem-bros do bloco. O anúncio estava previsto para ser feito durante a 46ª Reunião de Cúpula do Mer-cosul, no dia 29 de julho, em Caracas, capital da Venezuela. Segundo o vice-secretário-ge-

ral da América do Sul, Central e do Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Si-mões, o bloco já tem acordos de redução de tarifas de importação. A intenção do governo brasileiro é antecipar a vigência da tarifa zero. “Hoje, conforme o que foi assinado, a tarifa zero viria no final de 2019. Nós propomos antecipar para o final deste ano,” explicou o embaixador.Caso os países do Mercosul

concordem com a proposta, o passo seguinte será realizar uma reunião do bloco com cada um dos três países não membros. Essa proposta, que já foi discutida an-teriormente, voltará à pauta nesta reunião, disse Simões.Colômbia, Peru e Chile inte-

gram a Aliança do Pacífico, bloco

comercial que inclui ainda o Mé-xico e a Costa Rica. A proposta é realizar uma reunião com a Alian-ça do Pacífico antes de dezembro. O Mercosul tem também acordos de liberalização comercial com Bolívia e Equador. Segundo o embaixador, o in-

teresse do Brasil em antecipar a redução das tarifas explica--se pelo aumento no comércio com os três países e por en-volver produtos manufaturados. “De 2002 a 2013, por exemplo, o comércio com a Colômbia aumentou 300%, com o Peru, 389%, e com o Chile, 200%”, informou Simões. “É um co-mércio importante porque en-volve produtos manufaturados. Que são de alto valor agregado, que rendem empregos com car-teira assinada.”A 46ª Cúpula do Mercosul

também marca o retorno do Pa-raguai ao bloco regional. Além dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff; da Argentina, Cristina Kirchner; do Paraguai, Horacio Cartes; do Uruguai, José Mujica; e da Venezuela, Nicolás Madu-ro, estará presente o presidente boliviano, Evo Morales. A Bolí-via é associada ao bloco e está em processo de incorporação como membro pleno.

MÍDIA NINJA

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BRASILIANCE

Por Wagner de Alcântara Aragão

Talvez só com o tempo se dê a devida conta, mas desde já é possível arriscar que o mês de julho de 2014 vai entrar para a história da geopolítica internacio-nal. No dia 15 daquele mês, durante a VI Cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, foi formalizada a criação de dois instrumentos econômico-financeiros que simbolizam a consolidação de um novo bloco de poder no mundo, em contraposição ao G-7, gru-po dos sete países mais ricos do planeta. Tratam-se do Novo Banco de Desen-

volvimento (NBD) e do Arranjo Con-tingente de Reservas (ACR). O banco vai financiar obras de infraestrutura e projetos de desenvolvimento sustentável nos países do BRICS e em outros emer-gentes – há uma demanda mundial de crédito não atendida da ordem de US$ 1 trilhão por ano somente na área de infra-estrutura, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio de Desenvolvimento. Já o Arranjo de Con-tingente de Reservas vai funcionar como um fundo para auxiliar financeiramente países com eventuais problemas de liqui-dez. O NBD vem cumprir uma função hoje exercida pelo Banco Mundial, en-quanto o ACR se contrapõe ao Fundo Monetário Internacional (FMI).Há, porém, uma diferença qualitativa.

O NBD terá um capital inicial autorizado de US$ 100 bilhões e um capital inicial subscrito de US$ 50 bilhões, aportados em partes iguais. Diferentemente do é praticado pelo FMI, onde o voto de cada país é proporcional ao seu peso econô-mico e político – o que gera contínuas reclamações das nações mais pobres –, os cinco países do BRICS terão o mes-mo peso nas concessões de auxílio, uma arquitetura coerente com a estratégia do bloco de construir uma organização mul-tipolar no cenário mundial.O primeiro presidente do Novo Banco

de Desenvolvimento será da Índia e sua sede, em Xangai. O presidente do Con-selho de Governadores será da Rússia e do Conselho de Administração, do Bra-sil. Haverá ainda a criação de um centro regional na África do Sul.

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA

PROTAGONISTAS DE UMA NOVA ORDEM Em reunião de cúpula realizada em Fortaleza, países do BRICS

– Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – criam banco

e fundos próprios, reúnem-se com chefes de Estado da América

Latina e começam a organizar uma nova ordem econômica

VI Cúpula do BRICS aconteceu em Fortaleza

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O TAMANHO DE CADA UM (PIB)

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O TAMANHO DO BRICS

INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANAA criação dos dois instrumentos finan-

ceiros foi o destaque da VI Cúpula do BRICS em Fortaleza, mas não a única decisão tomada pelos chefes de Estado dos cinco países. Foi por posicionamen-tos do bloco sobre outros assuntos glo-bais que o encontro ganhou contornos de marco histórico. É o que pensa o professor da Universidade Federal da In-tegração Latino-Americana (Unila), Zeno Soares Crocetti, doutor em Geografia e com especialização em Geopolítica.“A Declaração de Fortaleza não para

por aí [criação do banco e do contin-gente de reservas]; ela afirma a dispo-sição do bloco em atuar em uma ampla gama de temas estratégicos em disputa na arena global”, disse o professor em entrevista ao Brasil Observer (leia mais na página ao lado). “Sempre reiterando a centralidade das Nações Unidas, o BRICS se posicionou claramente em relação aos conflitos na Síria, no Irã e a questão nuclear, Afeganistão, Iraque, Ucrânia, Palestina, e reafirmou a neces-sidade de uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança”, exemplificou.Crocetti destacou ainda a integração

do grupo com a América do Sul, viabi-lizada pelo encontro entre os chefes de Estados do BRICS e da União das Na-ções Sul-Americanas (Unasul), realizado em Brasília, no dia seguinte à Cúpula de Fortaleza. O encontro também foi enaltecido pelo professor e sociólogo Emir Sader, que classificou a reunião como “o feito histórico mais importante desde a Guerra Fria”. “Eu diria até que é uma espécie de Bretton Woods do sul do mundo, que foi o acordo no final da Primeira Guerra Mundial pelas grandes potências capitalistas para controlar o sistema internacional, do qual surgiu o FMI”, comparou em entrevista concedi-da à Rede Brasil Atual.Outro que salientou a reviravolta que

o encontro entre os países do BRICS e da Unasul representou para a geopolíti-ca internacional foi o cientista político Juan Manuel Karg, da Universidade de Buenos Aires. Em seu blog no site da TeleSur – emissora de televisão mul-tiestatal da América do Sul –, Karg considerou que a reunião entre os dois blocos “demonstra o novo papel da América Latina” no cenário mundial. O cientista político lembrou que o surgi-mento de ambos os blocos se deu con-temporaneamente, a partir da segunda metade da década passada. Agora, os caminhos de ambos se cruzam.“Não por casualidade o documento

final da VI Cúpula do BRICS destaca ‘processos de integração da América do Sul’ e, em especial, ‘a importân-cia da Unasul’”, escreveu o analista. “Em um novo mundo onde Washington já não deterá a hegemonia econômica, a inter-relação entre BRICS e Unasul

abre valiosas portas para um desenvol-vimento autônomo de nosso continen-te”, completou.A criação do Novo Banco de Desen-

volvimento, para Juan Manuel Karg, gera “uma nova arquitetura financeira mundial”. Entretanto, ressalvou ele, a nova instituição só vai de fato se con-trapor ao FMI e ao Banco Mundial se não repetir as práticas desses dois. “O novo banco só poderá ser uma alterna-tiva válida se não intervir na política interna dos países para os quais efetuar os empréstimos, se não impor condi-ções ‘leoninas’ como as do FMI e do Banco Mundial, quais sejam redução dos gastos públicos, privatizações etc.”.

O FATOR CHINÊSUm desafio para o Brasil e para a

América Latina de um modo geral está em alcançar relações comerciais mais equilibradas com a China – o mais poderoso país do BRICS. Isso se o objetivo do grupo é, de fato, promover uma maior integração. O comércio bila-teral Brasil-China, por exemplo, chegou a quase US$ 90 bilhões em 2013, cifra recorde, segundo o governo brasileiro. No entanto, mais de 80% das expor-tações brasileiras para o país asiático são de produtos primários, commodities como minério de ferro, soja e outros itens do extrativismo e de agricultura. Já a pauta de exportações da China para o território brasileiro é baseada em produtos industrializados.Foi-se o tempo em que chegavam da

China só artigos de vestuário, artigos do lar, brinquedos etc. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), há dez anos a China ocupava a décima posição entre os países dos quais a in-dústria de transformação brasileira mais adquiria máquinas. Hoje, a China está em segundo no ranking que usa como critério o valor monetário das impor-tações e em primeiro no ranking por volume (peso). No dia 17 de julho foi realizada ain-

da uma reunião entre a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, o presidente da China, Xi Jinping, e chefes de Estado e representantes da América Latina exa-tamente com o propósito de debater as relações entre os dois lados do planeta. Do encontro se decidiu constituir o Fó-rum América Latina, Caribe e China, que deve se reunir pela primeira vez no ano que vem. “Eu considero que foi uma reunião

de alto nível, em que questões im-portantes foram olhadas, numa ótica e perspectiva da América Latina”, disse Dilma em coletiva à imprensa. Se-gundo o Palácio do Planalto, Dilma Rousseff e Xi Jinping assinaram 32 atos, “dentre eles, importantes parce-rias comerciais”. Ainda de acordo com o Planalto, “Dilma destacou a necessi-dade de diversificar e agregar valor às exportações e investimentos brasileiros relacionados à China”.

Brasil Observer: A Cúpula do BRICS pode ser considerada um passo importante para a mudança da ordem internacional?

Zeno Soares Crocetti: Foi um momento histórico para o Mundo Periférico. O encontro representou uma importante força para mudanças e reformas nas atuais instituições mul-tilaterais globais em direção à uma governança mundial mais representativa e equitativa. É um esforço pela recuperação econômica mundial e por alternativas que tenham impac-to sobre a vida das pessoas, ainda atingidas por políticas neoliberais de arrocho agressi-vas, que empobrecem e cortam direitos sociais de trabalhadores em diversos países, so-bretudo na Europa. O conteúdo [da Declaração de Fortaleza] por si só é revolucionário e subversivo, e sua realização concreta beira provocação às forças conservadoras que sustentam o imperialismo.

Brasil Observer: É possível projetar como Estados Unidos e União Europeia devem reagir diante da consolidação do BRICS?

Zeno Soares Crocetti: Num primeiro momento, a mídia global, influenciada pela pressão do imperialismo, tentou ignorar a reunião histórica da cúpula e a criação do banco. Depois tentou transformá-lo num brechó. Reduziu a quinquilharias o acordo multilateral do BRICS, que sozinho poderá abrigar, nos próximos dez anos, segundo dados da ONU, 1,8 bilhão de consumidores com renda superior a US$ 3 mil anuais, entre os quais 200 milhões com ganhos acima de US$ 15 mil.

Brasil Observer: O fortalecimento do BRICS pode afastar o Brasil do processo de integração latino-americana?

Zeno Soares Crocetti: Desde que o PT ganhou as eleições e passou a administrar o país há mais de uma década, um dos maiores acertos de gestão se deu na política externa. Deixamos de ser vassalos do imperialismo, abandonamos nosso posto de subserviência e passamos a ser protagonistas. Mas isso tem um preço. O Brasil, devido sua ousadia, passou a ser chamado de país subimperialista. O centro do capitalismo passou a tratar e reconhecer o país como competidor, cortando vários incentivos e isenções fiscais e monetárias. Nossa balança comercial despencou. Desse processo teve início a construção de pontes com os países latino-americanos, africanos, asiáticos e com o Oriente Médio. Acredito que cada vez mais o Brasil será latino-americano.

Momento histórico para o mundo periférico

18% do PIB mundial

46% da população do planeta

26% da massa do planeta

China: 53%

Brasil: 18,8%

Índia: 13,8%

Rússia: 13,2%

África do Sul: 3,3%

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6 brasilobserver.co.uk

BRASIL NO UK

A internacionalização da literatura bra-sileira está em destaque: tanto no Brasil quanto no Reino Unido acontecem even-tos que caminham nesse sentido. No dia em que este jornal chega às ruas, começa a 12ª edição da Festa Literária Interna-cional de Paraty (FLIP) – este ano de 31 de julho a 3 de agosto –, que é a maior vitrine da literatura tupiniquim para o mundo. A 2ª edição da versão inglesa do festival, a FlipSide, será em outubro (www.flipsidefestival.co.uk), mas quem já quiser entrar no clima pode conferir o colóquio “Brazilian Literature: Challenges for Translation”, que acontece dia 18 de agosto no Strand Campus do King’s Col-lege London, em Covent Garden.O evento, gratuito e com duração de

um dia, está sendo organizado pelo De-partamento de Estudos Espanhol, Portu-guês e Latino-Americano da universida-de, assim como pelo Instituto Brasil.De acordo com os organizadores, há

alguns anos é possível observar um in-teresse crescente pela literatura brasileira – tanto do mercado quanto dos leitores – no Reino Unido e nos Estados Unidos, especialmente depois da publicação do título “The best of young Brazilian no-velists”, pela revista Granta (2012), além da tradução de novos romances de Clari-ce Lispector por Benjamin Moser (2009). Assim, com o objetivo de encorajar a

reflexão sobre o processo de seleção, tra-dução, publicação e circulação da literatu-ra brasileira no exterior, o King’s College London abre espaço para a discussão entre estudantes, pesquisadores, editores, tradu-tores e demais interessados. O evento será dividido nos seguintes painéis: 1) “Brazi-lian literature on the international scene”; 2) “Brazilian literature and the publishing market”; 3) “Brazilian literature, and the dynamics and politics of translation”; e 4) “Beyond Brazilian literature: into the twenty-first century”. Entre os participan-

tes convidados estão Cimara Valim de Melo (King’s Brazil Institute), Lenita Este-ves (Universidade de São Paulo), Francis-co Vilhena (Granta Magazine) e Moema Salgado (Fundação Biblioteca Nacional). Desde que o romance Iracema, de José

de Alencar, foi traduzido para o inglês pelo explorador e escritor britânico Richard Bur-ton no século 19, relativamente poucos tra-balhos foram traduzidos nos Estados Unidos e no Reino Unido, tanto de escritores clás-sicos quanto dos mais novos. O português, que é a sexta língua mais falada no mundo, não está entre os idiomas mais traduzidos para o inglês. Além disso, no Brasil, único país da América Latina cujo idioma oficial é o português, 60% dos livros publicados são traduções, sendo 75% do inglês. Nos Estados Unidos, para se tenha uma ideia, apenas 3% dos livros publicados todos os anos são traduções de outra língua.Tudo isso forma um momento oportu-

no para a discussão proposta pelo King’s

College, ou seja, como reposicionar a literatura brasileira no mundo contem-porâneo. Para mais informações sobre o colóquio – e para reservar seu lugar – acesse o endereço http://goo.gl/zr9Ba2.

LANÇAMENTOSUm dia após o colóquio, em 19 de

agosto, o King’s Brazil Institute vai pro-mover o lançamento de dois livros: Brazil: The Troubled Rise of a Global Power (de Michael Reid) e The Country of Football: Politics, Popular Culture and The Beau-tiful Game in Brazil (editado por Paulo Fontes e Bernardo Buarque de Holanda). Reid e Fontes estarão no evento e vão responder perguntas da plateia. A entrada é gratuita e não há necessidade de reserva.

g Mais em http://goo.gl/NJ61iW

REPRODUÇÃO São raros os livros de autores brasileiros traduzidos para o inglês, mas o interesse está ficando cada vez maior

DESAFIOS DA LITERATURA BRASILEIRA EM INGLÊS

Colóquio organizado pelo King’s

College London vai debater

a situação atual da literatura

brasileira traduzida, assim como as

perspectivas para sua circulação

internacional

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7brasilobserver.co.uk

UK NO BRASILO Governo Britânico no Brasil, o Flu-

minense FC e o Exeter City FC cele-braram no dia 20 de julho os 100 anos da primeira partida da Seleção Brasileira, disputada contra o time inglês, no bairro de Laranjeiras. O Tributo ao Centenário foi realizado no mesmo campo onde foi feito o jogo de 1914 e o chute inicial foi feito com a bola original utilizada naquela partida histórica. Ao todo, 900 convida-dos assistiram à disputa pela Taça Marcos Carneiro de Mendonça. Muitos sócios presentes e torcedores in-

gleses prestigiaram o amistoso internacio-nal entre o time sub-23 do Fluminense e o Exeter City. O jogo, embora bastante movimentado no segundo tempo, acabou ficando num empate sem gols – o que deu o troféu ao time inglês, conforme previsto anteriormente em caso de empate. De todo modo, o que valia mesmo era a festa. Antes da partida, houve um longo cerimonial com a presença de dirigentes do Exeter e do clube carioca. A história do primeiro amistoso foi detalhadamente contada. Em 1914, nas Laranjeiras, a Se-leção Brasileira jogou pela primeira vez em sua história, justamente contra o Exe-ter, e venceu por 2 a 0.Filha de Marcos Carneiro de Mendonça,

goleiro brasileiro do jogo de 1914, Barbara Heliodora Carneiro de Mendonça, que tam-bém é crítica teatral, falou emocionada sobre o evento. “É uma oportunidade para relem-brar meu pai que teve tanta história no fute-bol pelo Fluminense. Ele dizia que o chute, quando é feito de forma correta, sempre é defensável. A única boa que não tinha salva-ção era aquela que desviava ou que acertava o caminho do gol sem querer”, contou.Jornalista, tricolor ilustre e apresentador

da TV Globo, Pedro Bial também marcou presença no evento e, à reportagem do LANCE!Net, comentou o histórico momen-to: “Depois da derrota do Brasil na Copa do Mundo e vendo este jogo histórico hoje, se no passado tivemos a fundação da Seleção Brasileira, este Fluminense e Exeter City poderia marcar a refundação da Seleção Brasileira. Nada mais simbólico”.Eric Menezes, responsável por levar o

Exeter ao Brasil, explicou o significado do evento para o time inglês. “Vieram mais de 150 torcedores com o time. É uma celebração da existência do Exeter. Aquele jogo com o Brasil foi o mais marcante da história e reviver isso aqui nas Laranjeiras, contra o Fluminense, foi absolutamente especial. Hoje é mais um dia feliz para o Exeter”, disse Menezes.Para a Cônsul Geral do Reino Unido

no Rio de Janeiro, Paula Walsh, a data é um importante marco da boa relação entre os países. “O Brasil está ligado ao Reino Unido por uma grande paixão que dividi-mos pelo futebol. Nossa relação não po-deria ser melhor tanto em campo quanto fora dele”, disse a diplomata, que discur-sou junto aos presidentes do Fluminense e do Exeter antes da execução dos hinos.

AMISTOSO NO RIO CELEBRA 100 ANOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Time sub-23 do Fluminense e o Exeter City FC empataram em 0 a 0, em jogo que relembrou a

primeira partida da Seleção Brasileira, também contra o time inglês, em 1914

(1) Jogadores de Fluminense e Exeter perfilados antes da partida; (2) a Taça Marcos Carneiro de Mendonça; (3) imagem rara do primeiro jogo da Seleção Brasileira, contra o Exeter, no Rio de Janeiro, em 1914.

DIVULGAÇÃO/UK IN BRAZIL

DIVULGAÇÃO/UK IN BRAZIL REPRODUÇÃO

Page 8: Brasil Observer #16 - Portuguese Version

8 brasilobserver.co.uk

Arquiteto e artista brasileiro esteve recentemente em Londres e conversou com o Brasil Observer sobre seu trabalho, a experiência na capital britânica e o que pensa sobre graffiti

PERFIL

Por Rômulo Seitenfus

Da mistura de linhas expressivas da arquitetura, somadas a preenchimentos super coloridos do graffiti, o gaúcho Fábio Panone Lopes, natural de Caxias do Sul, expõe em suas obras um estilo diferenciado. Com influências que vão da Pop Art à Art Nouveau, traz ainda para suas pinturas um toque essencial-mente brasileiro, com referências à fau-na e à flora, assim como aos indígenas. FPLO, como é conhecido, mistura e

expõe seus conhecimentos artísticos há 15 anos. No Brasil, já participou de diversos eventos, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No exterior, rodou por diver-sas cidades dos Estados Unidos e pa-íses da Europa, como França, Alema-nha e, mais recentemente, Inglaterra. Em Londres, onde esteve pela se-

gunda vez em julho passado, ficou responsável pela pintura de murais no teatro Sadler’s Wells, um dos mais prestigiados da cidade, por conta do espetáculo ‘Brasil Brasileiro’, que fi-cou em cartaz até o fim do mês. A curadoria foi de Letty Lyons, que che-gou ao artista graças a Pigment, que já há alguns anos traz para a Europa artistas brasileiros ligados ao graffiti.Nesta entrevista exclusiva ao Brasil

Observer, Fábio fala sobre como come-çou a desenvolver suas técnicas de de-senho, sobre a experiência de levar seu trabalho para o exterior e reflete sobre a essência do graffiti, assim como seu desenvolvimento fora das ruas.

Fábio Panone Lopes:Internacionalizando conhecimento

A essência do graffiti é a rua. Quando eu sou chamado para decorar um ambiente ou para expor em uma galeria, noto que o dever está sendo bem cumprido nas ruas

Fábio Panone Lopes (foto 1) assinou trabalhos no teatro Sadler’s Wells (2 e 3) e nas ruas de Camden Town (4)

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Page 9: Brasil Observer #16 - Portuguese Version

9brasilobserver.co.uk

Desenhar é um dom, mas exige aperfeiçoamento. Como isso aconteceu com você? Quando começou a desenhar e como foi o processo até chegar ao traço técnico que usa hoje?

Gosto de desenhar desde criança. Lembro que gostava muito de desenhar em folhas A4 e pendu-rar na parede do meu quarto, como se fossem telas. Mais tarde comecei a pintar alguns murais na rua e nunca mais parei. Já pratiquei diversas formas de pintura dentro do graffiti. Lembro que os estilos que eu mais gostava de pintar eram o 3D e o Wild Sty-le. Depois, ao ingressar na faculdade de Arquitetura e Urbanismo, fui pegando gosto pelo traçado livre e expressivo, pois projetamos sempre com croquis rápidos. E a arte que faço hoje ganhou minha identi-dade de forma natural. Um mix das linhas expressi-vas da minha formação de arquiteto com o universo multicolorido dos sprays, com degrades e formas clássicas do graffiti.

Você é arquiteto. Como alia a profissão com sua arte?

Hoje eu praticamente vivo as duas coisas de simul-taneamente. Às vezes eu projeto, e às vezes eu realizo alguma obra. Nos finais de semana me sobra mais tempo e ai eu consigo realizar os murais na rua. O mais legal é que às vezes eu faço algum projeto para algum cliente e o cliente já pede antecipado para ter uma tela assinada por mim, ou alguma parede grafi-tada na casa. Acontece muito também de colegas ar-quitetos indicarem o meu trabalho para seus clientes.

O graffiti saiu das ruas e, além de entrar em museus e galerias de arte, entra cada vez mais no lar das pessoas. Isso pode ser considerado um objetivo cumprido do graffiti?

A essência do graffiti é a rua. Quando eu sou cha-mado para decorar um ambiente ou para expor em uma galeria, noto que o dever está sendo bem cum-prido nas ruas. É o reconhecimento de que estou tra-zendo vida para as cidades e despertando sensações nas pessoas dentro do meio urbano. Dessa forma, é natural que o graffiti venha a invadir cada vez mais as galerias e os ambientes, pois as pessoas que circulam nas ruas e sentem prazer em ver uma arte no meio do caos urbano, são as mesmas que irão no futuro querer alguma obra para embelezar o seu próprio lar ou o seu ambiente de trabalho.

O graffiti se relaciona com a questão urbanística das cidades...

Diretamente. Trazendo cor, vida e expressão para as cidades. O graffiti geralmente rompe as barreiras visuais (muros), ou até mesmo resgatam o olhar das pessoas para grandes intervenções em fachadas de edifícios, históricos ou não. Na minha visão, os gra-ffitis de diversos artistas espalhados pelas cidades

transformam as mesmas em uma galeria a céu aber-to dentro da malha urbana. Você pode ir ao trabalho e voltar para casa, e no meio do caminho encontrar uma nova “exposição”.

Como é levar seu trabalho para diversos cantos do mundo?

Sempre que eu vou para fora do Brasil levo na bagagem um pouco da nossa cultura além do fute-bol e do carnaval. Realizo murais pelas ruas com temas da nossa fauna e flora. Um pouco dos povos indígenas também faz parte das minhas referências. Enfim, procuro levar um pouco mais da riqueza e da cultura que existe aqui no Brasil e que às vezes pas-sa despercebido pelas pessoas que vivem no exterior. Internacionalização da arte, internacionalização de conhecimento... Sempre uma troca muito justa.

Como foi sua experiência em Londres no evento ‘Brasil Brasileiro’? Teve um jornal daqui que falou que o evento era um “One Way Ticket” para o Rio...

Foi inesquecível! Representar a arte do graffiti brasileiro dentro de um dos teatros de dança mais importantes do Reino Unido (Sadler’s Wells Theatre) foi uma experiência muito boa! A responsabilidade era grande, e busquei inspiração nos movimentos da apresentação dos dançarinos do mesmo espetá-culo apresentado nas ruas de Londres dias antes da pintura, para expressar o que senti através da arte. Acho que o resultado ficou bacana. O pessoal do te-atro gostou bastante e me disse que ficou melhor do que o esperado quando finalizei a pintura. Tenho visto através das redes sociais, fotos dos murais feitos pelas pessoas que estão indo ao espetáculo. Estou super fe-liz em poder ter contribuído com o evento.

Você também pintou em outros lugares de Londres...

Sim. Como eu já havia visitado Londres em 2010, fiz questão de focar esse ano apenas para colorir as ruas. Fiquei uma semana na cidade e pintei todos os dias. Fiz diversas intervenções em Camden Town, Shoreditch e Hackney Wick.

Como foi sua parceria com a Pigment? Qual a importância de inicitavas como esta para artistas brasileiros fora do país?

Muito bacana. Já havia ouvido falar por outros amigos e artistas brasileiros sobre a Pigment, e quando planejei ir para Londres entrei em contato com o pessoal. É super interessante formalizar essas parcerias. Afinal de contas eu volto ao Brasil, mas deixo em Londres o meu trabalho, tendo a certeza de que a Pigment seguirá formalizando novos contatos para possíveis futuros trabalhos, não só em Londres, como pela Europa toda.

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Brasil e Reino Unido têm crescido, há cinco anos ou mais, de forma cada vez mais conjunta. Envolvidos na mútua pai-xão por futebol e cultura, têm buscado novas parcerias e, não à toa, assinaram importantes acordos comerciais e estabe-leceram projetos bilaterais de longo prazo por meio de programas governamentais. A passagem da bandeira olímpica de

Londres para o Rio de Janeiro foi opor-tunidade perfeita para estreitar ainda mais as relações e efetivar ações tanto simbólicas quanto práticas. A esperança é que a Cidade Maravilhosa possa repe-tir, daqui dois anos, o espírito, o apoio popular e o sucesso geral que foram os Jogos Olímpicos de Londres 2012. Ainda que os desafios do Rio 2016

sejam diferentes e até maiores em esca-la, a preocupação comum entre as duas cidades é a ideia de construção de um legado dos jogos. Em vez de apenas construir belos estádios e apresentar uma

cerimônia de abertura memorável, os or-ganizadores do evento devem considerar a sustentabilidade do mesmo. Tanto em Londres quanto no Rio, as pessoas que-rem ter a certeza de que todo esforço, dinheiro e por vezes irritações causadas pelo fato de ser sede de uma grande festa valerão a pena. Useful Simple Projects é uma empresa

de consultoria sediada em Londres que trabalha com diversas organizações no desenvolvimento de estratégias de sus-tentabilidade, além de identificar oportu-nidades de inovação. A companhia tra-balhou na Olimpíada de 2012 na capital britânica e agora está focada em ajudar o Rio a desenvolver a sua. A missão deles envolve a implemen-

tação da Estratégia de Sustentabilidade para o Parque Olímpico carioca, proven-do as diretrizes para empresa AECOM, responsável pelo design do parque.O planejamento tem objetivos dividi-

dos em seis áreas destinadas a assegurar que as construções olímpicas sejam fei-tas com consciência ambiental; uso de fontes de energia renováveis; melhora da ecologia; redução de desperdícios e aplicação de práticas sustentáveis rela-cionadas ao uso da água e do transporte para o Rio 2016.As áreas de água e transporte são par-

ticularmente importantes para a cidade. Apesar de sua costa litorânea, a capital carioca não possui acesso universal à água limpa e se sistema de esgoto está calamitosamente subdesenvolvido. Como muitas outras regiões metropolitanas no Brasil, o rápido crescimento do número de carros e a crescente população le-varam as ruas e avenidas da cidade a ponto de ebulição. Da mesma maneira, a falta de investimentos significa que há também falta de inovação e melhora no transporte público, o que consequente-mente encoraja mais pessoas a optarem

pelo transporte individual, elevando o problema de trânsito congestionado.O planejamento e a experiência dos

envolvidos na Estratégia de Sustentabi-lidade tanto em Londres quanto no Rio devem assegurar que os jogos não se-jam apenas um sucesso midiático, mas também promotor de impacto duradouro para as próximas gerações. É também um excelente sinal de estreitamento das relações entre Brasil e Reino Unido, mostrando como o compartilhamento de conhecimento e recurso pode fazer esses países mais fortes.Mas, afinal, o que exatamente a Es-

tratégia de Sustentabilidade planeja para resolver os problemas citados e fazer do Rio 2016 um evento sustentável e de sucesso? A seguir estão os objetivos ge-rais do planejamento traçado, como eles devem ajudar a cidade em longo prazo e como eles já estão sendo desenvolvidos pelos responsáveis.

Por Kate Rintoul

Com apoio da Embaixada Britânica no Brasil, Useful Simple Projects desenvolve programa Diálogos de Inovação e colabora com a construção do Parque Olímpico do Rio 2016

CAPA

BRASIL E REINO UNIDO JUNTAM FORÇAS PARA O RIO 2016

Transformação: Vista aérea do local de construção do Parque Olímpico e a projeção de como ele ficará

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/RIO

2016

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CERTIFICAÇÃO EM LIDERANÇA EM ENERGIA E DESIGN AMBIENTAL

ENERGIA

ECOLOGIA

ÁGUA

TRANSPORTE

MATERIAIS E DESPERDÍCIO

Como parte do comprometimento com a sustentabilidade, a cidade do Rio busca a certificação das construções dos salões es-portivos e outras obras permanentes do Par-que Olímpico para assegurar que as mesmas sejam desenhadas, construídas e operadas de maneira que reduzam ao máximo possível o impacto ambiental dos projetos. O design das estruturas temporárias

será baseado em arquitetura nômade – módulos que podem ser desmontados e reutilizados, operados e movidos para ou-

tros locais com impacto mínimo.O trabalho nesta área começou com a

elaboração de um manual técnico que ofe-rece padrões de referência e que será cer-tamente um legado para o setor de eventos brasileiro. Um time de arquitetos está tra-balhando com o mercado fornecedor para melhorar o entendimento sobre o sistema e materiais necessários. Isso significa que em longo prazo mais projetos de infraestrutu-ra e arquitetura deverão ser desenvolvidos com consciência ambiental no Brasil.

O fato de ser sede da Olimpíada de 2016 estimulou a construção de obras de larga escala no Rio. Em 2012, o Useful Simple Projects, através do UK Brasil Diálogos de Inovação, recebeu fi-nanciamento para desenvolver um manual capaz de ajudar projetistas e desenvolve-dores a adereçar mecanismos de energia sustentável em novos projetos de arquite-tura e na reforma de prédios na cidade. Em vez de produzir um relatório de ren-

dimento, foi criado um website (www.rio-renewables.com), com versões em inglês e português, o que significa que a informação é acessível para maior número de pessoas.Edifícios com eficiência energética e o

uso adequado da tecnologia de energia

renovável vão ajudar a garantir que o Rio se desenvolva de forma sustentável e que os jogos deixem um legado positi-vo para a cidade. A incorporação desses princípios em projetos de edifícios ajuda-rá na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e gerará uma gama de bene-fícios ambientais, sociais e econômicos.Os organizadores dos jogos já se com-

prometeram a operar ônibus e veículos leves com combustíveis limpos prove-nientes de recursos renováveis. O obje-tivo é ter ao menos 75% dos veículos leves operando com etanol e eletricidade, ao passo que todos os ônibus operem com a mais elevada porcentagem de bio-diesel disponível.

No sentido de promover um desenvolvi-mento moderno e sustentável, o meio am-biente tem sido uma preocupação constan-te – e isso em todos os níveis, segmentos e fases de vários projetos em andamento.O plano para a Barra da Tijuca do

UK Brasil Diálogo de Inovação foca na limpeza e desenvolvimento sanitário do sistema de lagos. A Zona Oeste da ci-dade terá seus rios e lagoas revitalizados através de drenagem para que a popula-ção local tenha um legado permanente.

A estratégia para a área triangular do parque na Barra da Tijuca cobre o supri-mento, a coleta e o tratamento da água, assim como a drenagem da superfície e a integração com a Logoa de Jacarepaguá.

Para isso, o Useful Simple Project uti-lizou o conhecimento adquirido durante a construção do Parque Olímpico de Lon-dres, do qual também ficou responsável pela estratégia de utilização da água.

Nesta área, as obras incluem um reno-vado sistema de trens, uma estrutura de metrô expandida e quatro novas linhas de ônibus rápido. Essa rede, que será integrada a diversas estações ligadas às quatro áreas que receberão competições e com locais importantes da cidade, pre-tende transformar o ambiente urbano e deixar um forte legado: esperado para ser entregue em dezembro de 2015, o siste-ma expandido deve ser capaz de atender 230 mil passageiros por dia.

Com tais melhorias e a atenção mun-dial que será dada ao Rio, a Olimpíada pode trazer um senso de melhor autoes-tima para a cidade e para o país. Isso foi perfeitamente resumido por Alberto Murray, ex-membro do Comitê Olímpico Brasileiro, que disse: “O Rio é o cartão postal do Brasil e não há cidade me-lhor para receber os jogos. Se os jogos são democraticamente mostrados para o mundo, então os problemas sociais não podem ser escondidos”.

Ainda que os organizadores tenham tentado onde possível usar e reformar obras e estádios já existentes, o Parque Olímpico na Barra da Tijuca requer um desenvolvimento completo do local com a construção de novos estádios e arenas, além de acomodações para aproximada-mente 15 mil atletas que vão participar dos jogos. O período de cinco a sete anos após

a Olimpíada é classificado como segunda fase e ilustra como o local pode operar durante a transição quando tudo já es-tiver construído. Os times do UK Bra-sil Diálogos de Inovação e a AECOM também desenharam o lugar, então nesse período 25% da área podem ser utiliza-dos para treinamento dos futuros talentos

esportivos do Brasil. O restante do local estará disponível para uso temporário: festivais, feiras, exibições etc.A terceira fase, que será desenvolvida

após 15 anos, verá um desenvolvimen-to em longo prazo, com sugestões que incluem complexos de compras, centros comerciais e prédios residenciais. Os materiais de construção e o des-

perdício também são preocupações recor-rentes. A reutilização e reciclagem dos materiais demolidos foram estabelecidas por garantias contratuais e já estão sendo colocadas em prática. As obras do Par-que Olímpico começaram em julho de 2012 com a remoção do antigo circuito automobilístico de Jacarepaguá, que se transformou em torre de observação.

Page 12: Brasil Observer #16 - Portuguese Version

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Senado e Câmara dos Deputados: obra do prestigiado arquiteto Oscar Niemeyer em Brasília

ELEIÇÕES 2014

Até o dia 5 de outubro, mais de 24 mil candidatos vão disputar na televisão, rádio, internet e nas ruas o voto de 140 milhões de eleitores. Em disputa estarão 1.059 vagas em uma eleição para escolha de deputado estadual e distrital (somente no Distrito Federal), governador, deputado federal, senador e presidente.A maioria dos brasileiros está de olho na

eleição presidencial – a sétima depois da redemocratização –, mas os 6.970 candida-tos que disputam vaga para cargo de se-nador ou deputado federal, nas duas casas que formam o Congresso Nacional (Câma-ra dos Deputados e Senado), também não economizam para conquistar o eleitor.E se a eleição presidencial promete ser

acirrada entre os três principais candida-tos – Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – os candidatos ao parlamento não ficam atrás. Dos 6.789 que disputam uma vaga na Câmara dos Deputados, 399 concorrem à reeleição. Segundo o Departamento Inter-sindical de Assessoria Parlamentar (Diap), haverá uma mudança drástica na Câmara dos Deputados este ano. A previsão é que a renovação da Casa ultrapasse a média

histórica e supere os 50%. Das 513 ca-deiras, mais da metade será ocupada por novos parlamentares.Já no Senado, nas vagas em disputa (27

cadeiras, um terço do total de 81), a renova-ção promete ser ainda maior e pode passar de 70% (ou 25% do total das cadeiras). O Senado Federal, que teve inspiração na Câ-mara dos Lordes inglesa, foi criado durante o Império. Com a proclamação da República, em 1889, a Casa passou por alterações e incorporou o modelo norte-americano.Ao lado da Câmara dos Deputados, o

Senado compõe o Congresso Nacional, for-mando o Poder Legislativo. Enquanto os 81 senadores legislam em nome dos 26 Estados e do Distrito Federal, a Câmara, com 513 deputados, tem como função re-presentar o povo.Para manter o equilíbrio nas decisões, cada

unidade federativa tem o direito de eleger três senadores, em mandato de oito anos. A escolha para o cargo ocorre a cada qua-tro anos. Em 2014, um terço da Casa será renovado e em 2018, outros dois terços. O sistema é majoritário. São eleitos os dois mais votados, quando a renovação é de dois terço. Neste ano, será eleito um por Estado.

CONGRESSO NACIONAL EM

RENOVAÇÃOA previsão é de que a reformulação

no Senado chegue a 70%, enquanto

que na Câmara dos Deputados

supere os 50%

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ÃO

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SENADO: FUNÇÃO EXCLUSIVAUma lei só entra em vigor depois que

ela é aprovada pelas duas Casas (Sena-do Federal e Câmara dos Deputados) e assinada pelo presidente da República. Proposições encaminhadas pela Presidên-cia, como medidas provisórias e projetos, primeiro é votada na Câmara e só então analisada e votada no Senado. O Senado avalia primeiro quando o projeto é de autoria de seus parlamentares.Quando há sessões conjuntas – Con-

gresso Nacional –, são para analisar e votar os vetos presidenciais. Compete ao Congresso verificar se a aplicação dos recursos públicos ocorre de acordo com a lei. Para isso, o órgão conta com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), que pode, por exemplo, exigir esclarecimentos de qualquer pessoa que gerencie receitas, bens e valores públicos.É função exclusiva do Senado proces-

sar e julgar o presidente da República, o procurador-geral da República, além de ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal.

DEPUTADOS FEDERAISNa eleição para deputado federal o voto

é proporcional e aberto. As cadeiras são distribuídas proporcionalmente à votação de cada partido ou coligação. Definidos o nú-mero de cadeiras, as vagas são preenchidas de acordo com o mais votado, seja pelo partido ou pela coligação. Na hora da tota-lização dos votos, a Justiça Eleitoral exclui os votos brancos e nulos, que não benefi-ciam nenhum candidato, para fazer a divi-são das vagas. Na sequência, é calculado o quociente eleitoral. Este é o número que cada partido ou coligação precisa alcançar para conseguir uma cadeira no Legislativo.Como as vagas são dividas pelos parti-

dos ou coligações, nem sempre os candida-tos que recebem mais votos acabam eleitos. Se o candidato estiver em uma chapa com muitos candidatos bem votados é possível que ele não consiga se eleger mesmo tendo mais votos do que adversários de outros partidos ou coligações que conquistam va-gas devido à configuração de suas chapas.Nas últimas eleições, algumas legendas fo-

caram suas campanhas nos chamados “puxa-dores de voto”. Em 2010, por exemplo, o então palhaço Tiririca foi eleito com 1,35 mi-lhão de votos pelo PR. Garantiu sua vaga e a de mais 3,5 deputados de seu partido. Em 2002, Enéas Carneiro, candidato pelo Prona, fez 1,5 milhão de votos e levou para Câmara outros quatro deputados de seu partido.A Câmara dos Deputados, com seus 513

parlamentares, discute a aprovação de leis sobre diversos temas e fiscaliza o uso dos recursos arrecadados. A divisão das cadei-ras é proporcional ao número de habitantes dos estados e do Distrito Federal, respei-tando o mínimo de 8 e o máximo de 70 parlamentares por unidade da federação.

COMPOSIÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL*

VOTO NO EXTERIOR

*Dados referentes a maio de 2013

n PMDB (20) n PT (12) n PTB (6) n PDT (5) n PP (5) n PR (5) n PSB (4) n PCdoB (2) n PSD (2) n PRB (1) n PSC (1) n Pv (1)

n PSDB (12) n DEM (4) n PSOL (1)

SITUAÇÃO

SITUAÇÃO

SENADO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

OPOSIÇÃO

OPOSIÇÃO SEM PARTIDO

n PT (89) n PMDB (82) n PSD (46) n PP (37) n PR (35) n PDT (26) n PSB (26) n PTB (18) n PSC (16) n PCdoB (13) n PRB (10) n PV (10) n PTdoB (3) n PEN (2) n PRP (2) n PHS (1) n PRTB (1) n PSL (1)

Uma parcela dos eleitores que vão escolher o próximo presidente do Brasil mora e vota no exterior. Trata-se de um número cada vez maior de pessoas. Em 2014, serão 354.184 eleitores aptos a votar fora do país – um aumento de 77% em relação às últimas eleições gerais, de 2010, quando 200.392 brasileiros participaram do pleito.

Os eleitores estão em 120 países. Serão, ao todo, 1.033 seções elei-

torais organizadas com a ajuda de missões diplomáticas e repartições consulares. Para quem é domiciliado no exterior, o voto é obrigatório para o cargo de presidente. A inscrição, transferência ou revisão do título têm que ser feitas até 151 dias antes do pleito, prazo que já foi encerrado. As faltas precisam ser justificadas.

g Mais informações em www.brazil .org.uk.

n PSDB (49) n DEM (28) n PPS (11) n PMN (14) n PSOL (3) n 1 Deputado

Page 14: Brasil Observer #16 - Portuguese Version

14 brasilobserver.co.uk

CONECTANDO

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvolvido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar global, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua história para nós! Saiba como participar entrando em contato pelo [email protected]

Quando recebi meu diagnóstico de soropositiva aos 20 anos, sou-be, desde o começo, que não ia hesitar em ser visível, isto é, em contar que tinha HIV. Já conhecia minha vocação: o trabalho social.Obtive o diploma de assistente

social com orientação em peda-gogia, especializada em educação. Sempre me perguntei se havia, inconscientemente, escolhido esta orientação por minha condição so-rológica, já que para trabalhar em escolas o acesso ao cargo é por um ato público com base na clas-sificação em concurso, sem exa-mes pré-admissionais. Tradução: Não serei discriminada por viver com HIV para ter acesso a um trabalho no campo da educação.Trabalho em educação numa es-

cola de educação básica e numa escola de ensino médio. Ambas são frequentadas por adolescentes e jovens. Também sou professora da matéria “Construção da cidada-nia”. Desde o começo, soube que contar meu diagnóstico de HIV a meus colegas, companheiras e companheiros docentes e aos es-tudantes se transformaria numa ferramenta de trabalho. Também poderia entrelaçar meu ativismo em HIV/AIDS com minha mili-tância em educação. O que facili-tou este processo foi o apoio que tinha do Programa de Promoção e Prevenção do HIV/AIDS, da Confederação de Trabalhadores da Educação da Republica Argentina.Em 2009, com outras doze pes-

soas da América Latina que vi-vem com o vírus, protagonizei a campanha “Paixão pela vida” para a Iniciativa de Meios Latino-Ame-ricanos sobre a AIDS (IMLAS). Isto significaria uma grande mu-dança em minha vida e, realmen-te, daria maiores frutos ao meu trabalho e à luta contra o estig-ma das pessoas que vivem com HIV. Esta campanha era composta de um spot de trinta segundos

que passava na TV aberta e a cabo, internet e rádio. Também participei na ampla difusão da campanha, que incluiu entrevistas em revistas, diários, programas de televisão nacionais e rádio. Isto implicava que seria visível nos meios de comunicação de massa, que já não contaria com o direito à confidencialidade.Fiz um trabalho antes do lan-

çamento em minha psicoterapia. Além disso, contava com o apoio da organização da qual faço par-te, a Rede Argentina de Mulheres que Vivem com HIV/AIDS (RA-MVHIS). Certamente, devo men-cionar em primeiro lugar minha família, meu marido e meus ami-gos. Estes últimos, sem sabê-lo, contribuiriam para a luta contra o estigma das pessoas que têm HIV.Chegou o lançamento... As en-

trevistas, as transmissões de tele-visão e rádio. Depois tinha que esperar as reações e repercussões que não tardaram em aparecer. As pessoas perguntavam se era verdade ou se era só uma pu-blicidade, se era por isso que dava as oficinas de HIV e insistia tanto em capacitá-los no cuida-do da saúde sexual e reprodutiva. Perguntavam-me como estava de saúde. A reação menos esperada foram alguns abraços espontâneos que recebi no pátio. Deram-me apoio sem dizer nada mais que “Ontem te vi na TV”. Esse tam-bém foi o caso de alguns homens de um de meus cursos depois que uma companheira trouxe uma das revistas.Era o motivo para voltar a tra-

balhar o tema e oferecer-lhes a parte testemunhal porque a esta-vam solicitando. Não havia razão para não incluir esta parte, já que, através de minha história de re-sistência, iriam concretizar os co-nhecimentos que haviam adquirido quanto à discriminação, o HIV, o estigma e o dia-a-dia.

Na sala de professores disseram que alguns estudantes haviam feito comentários ou que eles mesmos haviam visto alguma das entrevis-tas. Então, a partir disto começá-vamos a falar sobre o HIV, os meios de transmissão, os métodos de prevenção e a medicação.A diretora de uma das escolas

sempre comenta com certo or-gulho que a assistente social da escola tem HIV, fala isso normal-mente com as pessoas e interna-lizou isto como algo natural. As professoras de biologia me convi-dam para participar nas classes de educação sexual.Em nenhuma ocasião vivi uma

situação de discriminação dentro das escolas por parte do pesso-al docente. Sempre tiveram uma atitude positiva e tentaram obter mais informação sobre o tema e o novo vocabulário que não gera discriminação contra as pessoas com HIV.Meu caso, a conversão de uma

assistente social numa referência do tema de HIV no âmbito da educação, era possível graças à aceitação e à solidariedade de meus companheiros de trabalho.Desde que meus companheiros

docentes, não docentes, estudantes da escola, as famílias e toda a comunidade educativa conheceram meu diagnóstico, me demonstra-ram que dar uma identidade às pessoas que vivem com o HIV serve para desarmar preconceitos e estigmas e trabalhar contra a discriminação. Favorece ainda es-paços de trabalho amigáveis, es-pecificamente na escola, onde a discriminação é vivida todos os dias por muitos outros fatores.O âmbito educativo pode, com

esforço, consciência e orientação, ser um local de trabalho de acei-tação, solidariedade e dignidade para os trabalhadores que vivem com HIV.Dedicado a Ludmila

Spot de trinta segundos da campanha “Paixão pela vida” passava na TV aberta e a cabo, internet e rádio

DIVULGAÇÃO

ÂMBITO DE TRABALHO EDUCATIVO POSITIVOO setor educativo pode, com esforço, consciência e orientação, ser um local de trabalho de aceitação, solidariedade e dignidade para os trabalhadores que vivem com HIV

Por Mariana Iaconog

g Publicado originalmente em “Trabalhadores/as positivos/as escrevem!”. Confira o trabalho completo em http://ninj .as/dgte1

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15brasilobserver.co.uk

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ENTRANCED LONDONAs a leader of the Brazilian Cinema Novo movement and director

of some Brazilian cinema classics, Glauber Rocha

was undoubtedly one of the country’s most

competent movie makers. Discover more about the

man, the movies and what they say about the world

past and new at a special screening at the Institute

of Contemporary Art. >> Read on pages

16 and 17

Glauber Rocha foi provavelmente o cineasta

mais competente do Brasil, líder do movimento

Cinema Novo e diretor de alguns dos maiores

clássicos do cinema nacional, como Deus e

o Diabo na Terra do Sol (foto), Terra em Transe e

Idade da Terra. Descubra qual desses será exibido

em Londres em sessão única no mês de agosto.

>> Leia nas páginas 16 e 17

Page 16: Brasil Observer #16 - Portuguese Version

16 brasilobserver.co.uk

The ICA’s summer programme, Cinema-theque: We must discuss, we must invent started on 8 July and runs until 2 Septem-ber, as part of the cultural centre’s current exhibition and event series Journal. The season of screenings explores the

artist’s role in bringing focus to a con-stantly changing world and highlights the “Third Cinema” movement, with films that provide a glimpse into the conti-nents of Asia, Africa and Latin America, which have traditionally been labelled as “third world”. The concept was out-lined during the Cuban Revolution of 1959 and rise of Brazilian Cinema Novo, within the famous manifesto of the na-tional Nouvelle Vague director Glauber Rocha, born in Bahia State, “The Aes-thetics of Hunger”. Nico Marzano, cinema coordinator at

the ICA responsible for curating the se-ries, describes the movement as a “set of radical manifestos and low-budget ex-perimental movies by a group of Latin American filmmakers who defined a ‘cinema of opposition’ in reaction to Hollywood and European models”. Mar-zano reiterates the importance of these works, “The multiplicity of identities and histories needs to be displayed through subjects able to read a dialogue between new technologies, class, gender and a mix of languages. Due to a changing multiracial and multicultural reality, Third Cinema must reinvent itself in terms of gender, class and geographical identity – and consequently in terms of narrative structure and aesthetics”.

AN IDEAD IN HEAD The Brazilian Cinema Novo filmmak-

ers were influenced by the Italian Neo-realist movement and the French Nou-velle Vague, and set out to aesthetically renew the films that Brazil produced during the 40s and 50s. With “A camera in hand and an idea in head”, as his motto, Glauber Rocha was one of the best known directors of the movement.It was only fitting therefore that among

the selected films shown at the ICA, Bra-zil’s entry, Terra em Transe (Entranced

Earth) was directed by Rocha. The film is the second installment of a trilogy: Deus e o Diabo na Terra do Sol (Black God, White Devil - 1964), Terra em Transe (Entranced Earth - 1967) and Idade da Terra (The Age of the Earth - 1980). While the three films can be watched indivdiually, Rocha had intended them to be seen in successtion, in a letter to the American producer Tom Luddy, he said they form “a single speech about Brazil and the world”. Unfortunately the direc-tor died a month after writing this letter and so far, the display of three films in sequence was never shown at a cinema, as he had wished. Entranced Earth is set in Eldorado,

a fictitious Latin Amercian country and against the backdrop of an internal strug-gle for political power. The film follows the story of the jaded journalist Paulo Martins who opposes two equally cor-rupt political candidates: a populist and a conservative but whose life has become increasingly entangled in theirs. For film critic and scholar of Glauber Rocha, Fran-cis Vogner dos Reis, the “film strongly identified with not only questions of Bra-zil under dictatorship, but also with all the winds in the 1968 world”.The film comes from Rocha’s own

political concerns and search for an art focused on reflection, that would encour-age viewers to question and emerge a critical review of reality. The aesthetics of Entranced Earth are not based on the linearity of logic and common sense. Trance is the driving force of the narra-tive and the character’s agenda. Vogner dos Reis says “Rocha directly confronts Latin American (left and right) pop-ulism and implies the role of intellectu-als against anxieties of revolution, the contradiction between the fights for the people and their affinities with power”. For all that and because it represents

the deep Brazilian and world ideas so well, the film is a must see. This screen-ing will be accompanied by an introduc-tion from ICA Film & Cinema Manager Nico Marzano who will offer an over-view and insight into the work and will take place 6.30pm on 19 August. Info: www.ica.org.uk.

BRAZILIAN CINEMA CLASSIC IN LONDON

A special screening of Terra em Transe (Entranced Earth), the masterpiece by director Glauber Rocha, to be shown at the

Institute of Contemporary Art

By Gabriela Lobianco

1) Entranced Earth scene and2) Glauber Rocha

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O ciclo cinematográfico ICA Cinema-theque: We must discuss, we must in-vent acontece desde o dia 8 de julho e se estende até 2 de setembro, como parte do projeto Journal (exibições, filmes e eventos) do Institute of Contemporary Arts (ICA), em Londres. Organizado pelo coordenador de cinema do ICA, Nico Marzano, o evento destaca o movimento “Terceiro Cinema”, projetando obras que proporcionam um olhar sobre os conti-nentes da Ásia, África e América Latina, zonas rotuladas como de “terceiro mundo”. O conceito delineou-se a partir da Rev-

olução Cubana de 1959 e do Cinema Novo brasileiro, com o famoso manifesto do di-retor baiano da Nouvelle Vague nacional, Glauber Rocha, “Uma Estética da Fome”. Marzano, no blog do ICA, descreve que

a ideia formou-se a partir de “um conjun-to de manifestos radicais e filmes experi-mentais de baixo orçamento por um grupo de cineastas latino-americanos que definiu um ‘cinema de oposição’ em reação à Hollywood e modelos europeus”. E jus-tifica a escolha: “A multiplicidade dessas identidades e histórias precisa ser exibida através de assuntos capazes de promover um diálogo entre as novas tecnologias, classe, gênero e uma mistura de línguas. Devido a uma realidade multirracial, o Terceiro Cinema se reinventa em termos de gênero, classe, identidade geográfica, estrutura narrativa e estética”.

UMA IDEIA NA CABEÇA“Uma câmera na mão e uma ideia

na cabeça”. Esse foi o mote principal de Glauber Rocha e outros cineastas do Cinema Novo brasileiro – influen-ciado pelo Neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa –, que tinha a proposta de renovar esteticamente o cinema que vinha sendo produzido no Brasil nos anos 40 e 50.Assim, dentre os filmes selecionados

para projeção no ICA, está o repre-sentante do Brasil, dirigido pelo próp-rio Glauber Rocha, Terra em Transe. O filme é parte integrante da Trilogia da Terra do cineasta: Deus e o Dia-bo na Terra do Sol (1964), Terra em

Transe (1967) e Idade da Terra (1980). Sobre essas três obras, Rocha afirmou, em carta endereçada ao produtor norte-americano Tom Luddy, formarem “um único discurso sobre o Brasil e sobre o mundo”. O diretor faleceu um mês depois de escrever essa carta; até o mo-mento, a exibição dos três filmes em sequência nunca foi projetada numa sala de cinema, como era o seu desejo.Terra em Transe narra a saga do jor-

nalista e poeta Paulo Martins (Jardel Filho) e seu triângulo amoroso com o político conservador Porfirio Díaz (Paulo Autran) e à amante dele, a meretriz Silvia (Danuza Leão), enquanto o fictício país em que se passa a trama, República de Eldorado, está na iminência de um golpe de Estado. O protagonista Paulo, rodeado por militantes revolucionários e políticos autoritários, acaba por sacrificar sua vida por um ideal. Para o crítico de cinema e estudioso

do legado de Glauber Rocha, Francis Vogner dos Reis, trata-se de “um filme fortemente identificado não somente com as questões do Brasil sob uma ditadura, mas também com todos os ventos de 1968 no mundo (o maio francês, a pri-mavera de Praga...)”. Reafirmando, as-sim, a ideia de que a película pode ser uma metáfora do Brasil da década de 60. O cinema de Rocha vem de suas in-

quietações políticas e da busca por uma arte voltada à reflexão, fazendo com que o espectador se questione e emirja numa revisão crítica da realidade. Com isso, a es-tética de Terra em Transe foge da lineari-dade lógica e do senso comum. O transe é a força motora da narrativa e pauta os personagens, as campanhas políticas, o golpe de Estado, as orgias, etc. Vogner completa dizendo que “Glauber Rocha [no filme] confronta diretamente os populismos latino-americanos (à esquerda e à direita) e implica o papel do intelectual frente aos anseios de revolução, a contradição entre a sua luta junto ao povo e suas afinidades com o poder”. Por tudo isso, por represen-tar tão bem o Brasil profundo a também a América Latina, o filme é imperdível. A sessão está marcada para as 6.30pm

do dia 19 de agosto. Para mais infor-mações, como venda de ingressos, acesse www.ica.org.uk.

CLÁSSICO DO CINEMA BRASILEIRO EM LONDRESTerra em Transe, do diretor Glauber Rocha, compõe a programação cinematográfica do Instituto de Artes Contemporâneas: dia 19 de agosto as 6.30pm

Por Gabriela Lobianco

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NINETEEN EIGHT-FOUR

WHAT’S NEW TO LISTEN TO? O QUE TEM DE NOVO PARA OUVIR?By Ricardo Somera

There is a famous song sung by Elis Regina that says: “Our idols are still the same and appearances do not deceive”. The song, titled Como nossos pais (Like our pa-rents), was recorded in the 1970s, but the ideas hold true today. Many of us still love the songs of protest written during Brazil’s military dictatorship, the baião rhythm of Luiz Gonzaga and distinctive piano sounds of Bossa Nova. While times change, the creation of art and music, never

end; artists may not be the figureheads as they were 40 years ago, but the music industry still has an important social role to play. This week, I’ve written about the new talent that might

not make as much noise as those of yore, but who have made their presence known just one stand out record or as a viral sensation that make them exciting acts to watch.

WADO After 10 years of making music, Wado only reached the general public (I’m parochial so “general public” to me is synonymous with Sao Paulo) after the release of his latest album Vazio Tropical produced by Marcelo Camelo. This new sound is great, but the artist’s back catalogue is a mess. When trying to find his music on Deezer and Spo-tify it’s impossible to find what came before the current album. Confused. Summed up in one word: Timeless. Play: Fortalece Aí, Cordão de Isolamento and Quarto Sem Porta.

5 A SECO This band of five young guys from Sao Paulo take turns with different instruments and voices to create interested compositions. Their story has been a quick rise to fame, from playing at friend’s parties, to getting thousands of YouTube views and then becoming known throughout Brazil (when will this modern fairytale “from the internet to the world?” get old? Or is it already old?). 5 a Seco have appeared on my feed for years. Once I clicked on one of their videos and the sound quality was really bad, so I gave up. Recently it appeared again with audio taken from the DVD recorded at the Ibirapuera Auditorium in Sao Paulo which won me over. From You Tube to accom-panying me through life on mobile phone, that’s a story that does not get old.Summed up in one word: Talent. Play: Pra você dar o nome.

FILIPE CATTO Darling of Brazilian music radios and festivals, Felipe Catto is a good blend of mainstream and underground music. With a sound that mixes up the more experimen-tal (using the timbre that many classify as female in my vision a kind of Ney Mato Grosso), Catto has a poetic delicacy voice that’s won him fans and has every com-poser lining up to work with him. Great to dance along, enjoy and be enchanted. Summed up in one word: Voice. Play: Roupa do Corpo.

Por Ricardo Somera

Tem uma canção famosa na voz de Elis Regina que diz: “Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém”. A música, cujo título é Como nossos pais, foi gravada na década de 1970, mas a ideia de que o passado era melhor faz sentido até os dias de hoje. Ainda adoramos as músicas de protesto contra a di-

tadura militar, o baião de Luiz Gonzaga e o piano da Bossa Nova. A criação e a arte, porém, nunca se acabam; os artistas talvez não sejam tão grandiosos quanto eram 20 anos atrás, mas a indústria musical também não tem essa importância toda. Até o final de 2014, vou escrever algumas colunas sobre os novos talentos que talvez não façam tanto barulho quanto aqueles de outrora, mas que marcam nem que seja com apenas aquele single gravado no computador ou no clipe viral que os tornou a melhor banda de todos os tempos da última semana.

WADOCom mais de dez anos de carreira, o alagoano Wado alcançou o grande público (bairrista que sou “grande pú-blico” para mim é sinônimo de São Paulo) após o lança-mento do seu último álbum Vazio Tropical, produzido por Marcelo Camelo (eterno Los Hermanos). O som é ótimo, mas a discografia do artista é uma bagunça só. No Deezer e Spotify é um jeito (sem o Vazio Tropical e músicas trocadas), no site só tem o álbum em questão. Confuso.Definição do artista em uma palavra: Atemporal.Escutar: Fortalece Aí, Cordão de Isolamento e Quarto Sem Porta.

5 A SECOCinco jovens paulistanos que se revezam nas composições e nos instrumentos e vozes. Das festinhas de amigos, para o YouTube e depois para todo o Brasil (quando será que vai ficar velha essa história “da internet para o mundo”? Ou já está muito velha?). O 5 a Seco aparece há anos no meu feed; uma vez cliquei no vídeo e o som estava muito ruim, desisti. Recentemente apareceu de novo com um áudio retirado do DVD gravado no Auditório do Ibi-rapuera. Escutando tinha certeza que quem estava cantando Feliz pra Cachorro era o Lenine. Aí a história não fica velha: do YouTube pro meu celular.Definição da banda em uma palavra: Talento.Escutar: Pra você dar o nome.

FILIPE CATTO Queridinho das rádios de música brasileira e dos festi-vais pelo país, Felipe Catto é uma mistura de mainstre-am com underground da música tupiniquim. Com uma sonoridade que confunde os mais desatentos – o timbre que muitos classificam como feminino na minha visão (audição?) é Ney Matogrossense – Catto é a voz com a qual todo compositor gostaria de ter uma música grava-da; é a delicadeza poética. Pra dançar junto, curtir uma fossa e se encantar.Definição do artista em uma palavra: Voz.Escutar: Roupa do Corpo.

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Europe’s biggest street festival, Notting Hill Carnival is a vivid spectacle representing London’s multicultural past and present. Since 1964 the capital’s Afro-Car-ibbean communities have celebrated their culture and traditions with a two-day festival of fantastic live music ranging from reggae to dub to salsa, soca floats, steel bands, uplifting beats, jerk chicken and fried plantain food stalls, and much more.

Clube do Choro UK hosts one of the most revered cavaquinho players in Brazil, Henrique Cazes. Born in Rio de Janeiro, Henrique Cazes has been playing professionally since 1976. He started to play the guitar when he was six years old and gradually went on to play cavaquinho, mandolin, tenor guitar, banjo, twelve-string caipira guitar and lately electric guitar, all self taught! He is well known for his Beatles’n’Choro adaptations.

Inspired by the Institut Francais’ brilliant La Nuit de la Philoso-phie / My Night with Philosophers, Casa Latin America Theatre Festival is excited to announce the very first all night celebration of Latin American culture in the heart of East London. From 6pm to 6am there will be an amazing line up of talks and debates on politics, literature, drugs, sex, art, architecture and more alongside movie and documentary screenings, traditional board-games, play-readings, live music and genre-busting DJs.

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WELCOME TO THE WEIRD WORLD OF VLOGGING

By Kate Rintoul

Trend spotters say you can see when an un-derground movement has gone mainstream when you see it three times in quick succession, and this is exactly what happened to me when, in the space of two days I had read about, found myself talking about and watching various vlogs.These last few weeks have seen me traverse

a wide range of emotions from skepticism, as-tonishment, admiration and all out confusion as I have tried to get my head around the weird world of vlogging.Of course, I call only it weird because I was born

before 1990, can remember life before Facbook and find the inexplicable popularity of the selfie totally unnerving, annoying and horribly narcissistic.This journey started during my weekly rea-

ding of the Financial Times Weekend’s ‘Lunch with…’ section which always profiles interesting, professionally successful characters over lunch with the journalist and this kind of informal in-terview brings out real insights. As someone who would one day like to be seen as interesting and professionally successful, I hope that by reading I will gain nuggets of wisdom from older people with established careers that I admire. So imagi-ne my reaction when lunch on this occasion was to be share with Zoella: the fashion and beauty ‘vlogger’ who is three years younger than me, has a seemingly questionable penchant for pink and who prior to this, I’d never heard of before.As it turns out there was a lot to learn from

this encounter. While I admit I wasn’t all that interested in watching Zoella discuss the merits of cherry shaded lipstick (but then I’m hardly her target audience), her meteoric rise to vlogging stardom is something to admire. The article also gave real insight into how this form of new media is expanding and the commercial potential of it. As a once-aspiring documentary filmmaker who

found that the more I learnt about funding bids, production costs and non-existing wages put me off ever actually making films, the sheer amount of money being exchanged on the vlogosphere is very interesting to me. As YouTube has grown especially popular with

the golden demographic of 16-24 year olds, the money from traditional advertising has gone with it, providing funding to smaller experimental projects which would not have otherwise been possible. Of course it has also made certain vloggers,

very very rich. The same FT article said that advertisers are considered “to be willing to pay £20,000 a month for banners on well-known

vloggers’ YouTube channels, while £4,000 can change hands for each mention of their product in the video itself.” And said that “based on the rates commanded by the most successful vlog-gers, [Zoella’s] income from advertising alone could now be running at a rate of several hun-dred thousand pounds a year”. Wow not bad for a 24-year old who spends her time shopping and giving beauty advice from the comforts of her very pink bedroom!Then the next day while working on an advice

article for independent filmmakers in Brazil, my attention was drawn to ParaMaker. Headed up by 26-year old Rio-born media entrepreneur Felipe Neto, this is an extension of Maker Studios in Los Angeles and is the first and largest YouTube network company in Brazil. ParaMaker oversee hundreds of YouTube chan-

nels, and help vloggers and talented Brazilians start their channel and coach them on how to be successful. The company creates numerous oppor-tunities to learn different roles and progress the careers of those working on and off screen and 90 per cent of the company is under 30 years-old. I spoke to the American-Brazilian editor Re-

becca Roche who graduated last year and deci-ded to make Rio the place to start her career and currently works as an editor and assistant director for a ParaMaker beauty channel called TOP which is sponsored by Pantene. Platforms like ParaMaker and Maker have

made filmmaking more accessible and have em-powered recent graduates who a few years ago in the wake of the recession were being labelled ‘the lost generation’. Roche said her fluidity, rapid growth of the

YouTube market and lucrative advertising part-nerships means that those working in film can speed track their careers, “I started out as an editor, but I was quickly encouraged to partici-pate in pre-production. They wanted to hear my opinions and ideas for the videos. A few weeks ago, I was assigned to be the assistant director of the channel´s production team, as well as an editor. I couldn’t be happier with all the opportu-nities I’ve been given. I am very fortunate to be learning and growing with the company.”So while I might grapple with the ethics of

people with often no known experience or exper-tise being paid by large corporations to endorse products to impressionable teenagers, I can’t help but hope that vlogging somehow also represents a new salvation for independent filmmakers that we wouldn’t otherwise get to see. And surely that can be no bad thing.

Based on the rates commanded by the most successful vloggers, Zoella’s income from advertising alone could now be running at a rate of several hundred thousand pounds a year

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BEM-VINDO AO ESTRANHO MUNDO DOS ‘VLOGS’

Por Kate Rintoul

Observadores de tendências dizem que um movimento underground vira mainstream quando você vê o mesmo três vezes em curto espaço de tempo; foi exatamente o que acon-teceu comigo quando, em um período de dois dias, me peguei lendo, vendo e falando sobre diversos vlogs – abreviação de vídeo blog. Nas últimas semanas passei por uma di-

versa gama de emoções: ceticismo, surpre-sa, admiração e toda confusão relacionada a minha tentativa de entender o estranho mundo dos vlogs.Obviamente, só uso termo “estranho” por-

que nasci antes de 1990 e posso lembrar-me da vida antes do Facebook, assim como acho o inexplicável fenômeno das selfies algo ex-tremamente narcisista.Tudo começou com minha leitura semanal

da sessão “Lunch with...” do Financial Ti-mes, que sempre traça interessantes perfis de profissionais de sucesso e proporcional ideias muito valiosas. Como alguém que almeja se tornar um dia uma pessoa vista como profis-sionalmente bem sucedida, eu esperava que, através da leitura, me deparasse com pessoas sábias que pudessem dar bons conselhos. En-tão imaginem minha reação quando a perso-nagem da vez foi Zoella: a vloger de moda e beleza que é três anos mais nova que eu. Acontece que havia muito que aprender

com a entrevista. Ainda que eu admita não estar tão interessada em assistir Zoella dis-cutir os méritos de cada batom (dificilmente faço parte do público alvo dela), sua ascen-são meteórica é algo a se admirar. O artigo também deu boas ideias de como essa nova forma de mídia está se expandindo e sobre o potencial comercial dela.Para uma ex-interessada em produzir filmes

como eu, que descobriu que a realidade do meio é desesperadoramente difícil, notar a quantidade de dinheiro sendo negociada na vlogosphere é bastante instigante.Com o crescimento do YouTube especial-

mente entre a faixa de ouro entre 16 e 24 anos, o dinheiro de anúncios tradicionais mi-grou junto para a internet, financiando pe-quenos projetos experimentais que de outra maneira não teriam sido colocados em prática. Isso fez com que muitos vloggers se tor-

nassem muito, muito ricos. O mesmo artigo do Financial Times diz que anunciantes estão considerando pagar 20 mil libras por mês

por um banner em um canal popular do You-Tube, enquanto 4 mil libras podem mudar de mãos para cada menção sobre seus produtos no próprio vídeo. Baseado nos números dos mais famosos vloggers, o rendimento de Zo-ella pode ultrapassar as centenas de milhares de libras por ano. Nada mal para uma pessoa de 24 anos que gasta seu tempo fazendo compras e dando conselhos em frente a uma câmera em seu quarto.No dia seguinte, enquanto trabalhava em

um artigo sobre cinema independente no Brasil, minha atenção se prendeu a Para-Maker. Liderada pelo empreendedor carioca Felipe Neto, a empresa é uma extensão da Maker Studios de Los Angeles e é a pri-meira e maior companhia voltada ao You-Tube no Brasil. A ParaMaker administra centenas de ca-

nais do YouTube e ajuda novos talentos a começar seus próprios canais com sucesso. A empresa cria numerosas oportunidades de aprendizado e trabalho; 90% de seus empre-gados têm menos de 30 anos de idade.Eu conversei com a editora Rebecca Ro-

che, que acabou sua graduação no ano passa-do e escolheu o Rio de Janeiro para começar sua carreira. Ela trabalha atualmente como editora e diretora assistente da ParaMaker no canal de beleza chamado TOP, que é patro-cinado pela Pantene. Plataformas como a ParaMaker tem torna-

do a produção de filmes mais acessível e tem dado poder a jovens recém graduados que anos atrás, no meio da crise financeira, faziam parte da chamada “geração perdida”.Roche disse que o rápido crescimento do

lucrativo mercado de anúncios do YouTube significa que aqueles que trabalham com fil-me podem crescer também rapidamente na carreira. “Eu comecei como editora, mas fui logo encorajada a participar de pré-produção. Eles queriam ouvir minhas ideias para os vídeos. Semanas atrás, fui promovida para diretora assistente, além de editora. Não po-deria estar mais satisfeita”, ela contou. Por isso, ainda que eu possa discordar com

o fato de que pessoas com pouca experiência estejam sendo muito bem pagas por grandes corporações para endossar produtos a ado-lescentes deslumbrados, apenas posso esperar que o mundo dos vlogs represente um novo caminho para jovens diretores que de outra maneira não estariam sendo vistos. Certa-mente isso não pode ser uma coisa ruim.

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TRAVEL

DESTINATIONS TO ENJOY THE WINTER IN BRAZIL

DESTINOS PARA CURTIR O INVERNO NO BRASIL

Thinking of winter in Brazil may sound strange to some peo-ple. But yes, winter doesn’t just exist in Brazil, it’s a also a

huge part of tourism in the country. The best Brazilian winter cities offer everything that a traveller wants: hot chocolate, fondue, roaring fireplaces, charming inns, excellent restau-

rants, great mountain vistas, good music and comfort. Brasil Observer tells you more about four Brazilian cities where you

can enjoy the winter tropical country!

Pensar em inverno, friozinho ou baixas temperaturas no Bra-sil pode soar estranho para algumas pessoas. Mas sim, tem

inverno no Brasil! E as melhores cidades de inverno do país oferecem tudo aquilo que o turista quer: frio, chocolate, fon-due, lareiras crepitantes, pousadas charmosas, restaurantes

estrelados, grandes paisagens de montanha, boa música e conforto. Para esta edição o Brasil Observer lista quatro ci-dades brasileiras onde aproveitar o inverno do país tropical!

GRAMADO – RIO GRANDE DO SUL The chill of the Serra Gaucha combined with Bavarian architecture, cozy inns, good food, hospitality and shopping make this a lovely winter destination. Famous for chocolate, film festivals and festive lights, the city also has beautiful landscapes that seem like something straight out of a romantic movie scene. There’s also a chance of frost and occasional snow with thermometers dropping below 0°C.

CAMPOS DO JORDÃO – SÃO PAULO Located in the Serra da Mantiqueira, the city of Campos do Jordao is known as the Brazi-lian Switzerland. The city receives thousands of tourists during the winter because of its in-tense cultural programming, cozy bars and fine restaurants. At Campos do Jordao it is not un-common for thermometers to score zero tem-peratures. It is the highest Brazilian city, at an altitude of more than 1600 meters and is ideal for those who enjoy the chill of the mountains and all the charm of a city with architecture based on European buildings.

CURITIBA – PARANÁ With it’s world renowned transportation sys-tem, excellent museums and green surroun-dings, the state capital of Paraná is considered one of the best cultural destinations in Brazil. Curitiba preserves the quiet atmosphere of small towns, with the infrastructure of a great metropolis. In winter, tourists visiting the city in search of leisure and entertainment, delight in the beauty of the parks, squares and woods.

TERESÓPOLIS – RIO DE JANEIRO The city of Teresopolis is located in the moun-tainous region of Rio de Janeiro and is a sui-table destination for those looking to immerse themselves in mountainous nature. One of the main attractions is the Finger of God, a rocky peak that reaches 1692 meters.

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GRAMADO – RIO GRANDE DO SUL O friozinho da Serra Gaúcha aliado à arqui-tetura bávara, pousadas aconchegantes, boa comida, hospitalidade, compras e segurança garantem Gramado como um encantador des-tino de inverno. Famosa pelos festivais de cine-ma e das luzes, e também por belas paisagens românticas que parecem cenário de filme, os termômetros na cidade chegam a marcar tem-peraturas abaixo de 0ºC com neve ocasional.

CAMPOS DO JORDÃO – SÃO PAULO Localizada na Serra da Mantiqueira, a cidade de Campos do Jordão é conhecida como a Suíça brasileira. A cidade recebe milhares de turistas durante o inverno devido sua intensa programação cultural, seus bares aconchegan-tes e restaurantes requintados. Em Campos do Jordão, não é raro os termômetros mar-carem temperaturas negativas. Um dos mais altos municípios brasileiros, com mais de 1.600 metros de altitude, é ideal para quem gosta de curtir o friozinho das montanhas e todo o charme e beleza de uma cidade que possui ar-quitetura baseada nas construções europeias.

CURITIBA – PARANÁ A capital do Estado do Paraná é considerada um dos melhores destinos culturais do Brasil. Não fosse suficiente, Curitiba preserva o clima pacato das pequenas cidades, com a infraes-trutura de uma grande metrópole. No inverno, os turistas que visitam a cidade, em busca de lazer e entretenimento, se encantam com a beleza dos parques, praças e bosques.

TERESÓPOLIS – RIO DE JANEIROA cidade de Teresópolis está localizada na Re-gião Serrana do Rio de Janeiro e é um destino indicado para quem busca por natureza e o clima ameno. Um dos seus principais cartões postais é o Dedo de Deus, um pico rochoso com 1.692 metros de altitude.

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