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Julho de 2013 Revista Barracuda 1 O INSTRUMENTAL DO ARMAZÉM DA MELODIA INCOMPLETA CANÇÕES EMBALADAS A BLUES CINCO PERGUNTAS COM THE NOYZY VOZES FEMININAS NO SAMBA WARCURSED ENCARANDO NOVOS DESAFIOS BARRACUDA S01E00 • JULHO DE 2013

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Edição número zero da primeira revista paraibana de música.

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Julho de 2013 Revista Barracuda

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O INSTRUMENTAL DO ARMAZÉM DA MELODIA

INCOMPLETA

CANÇÕESEMBALADAS

A BLUES

CINCO PERGUNTASCOM THE NOYZY

VOZESFEMININASNO SAMBA

WARCURSEDENCARANDO NOVOS DESAFIOSBARRACUDA S01E00 • JULHO DE 2013

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Esta é a edição de lançamento da Revista Barracuda — a número zero —, surgindo após muitos meses de trabalho, conversas, correria, burocracias, muitas ideias e mais trabalho.

Para que o projeto saísse do ‘mundo das ideias’ e fosse para o tangível, a Barracuda montou uma pequena equipe que não tinha tanto conhecimento na área jornalística. O que seria um empecilho acabou se transformando no nosso maior trunfo. Assim, a revista é produzida por músicos, entusiastas, jornalistas, estudantes, entre outros — mas com uma coisa comum a todos: a paixão pela música.

A ideia surgiu diante da falta de informações e dificuldade em conhecer melhor os artistas da nossa região. A grande maioria das publicações e notícias são relacionadas ao eixo Sul-Sudeste, e as poucas informações da nossa terra vêm dos próprios artistas e do trabalho dos coletivos. Assim, criamos um periódico bimestral que trará informações e novidades dos artistas locais.

Esperamos que essa publicação se torne referência e seja abraçada por leitores, artistas e amigos. Boa leitura!

EDITORIAL

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QUEM FAZ

LIgIA COELIJornalista, fã de Hunter Thompson, Johnny Cash, apaixonada por cachorros e Literatura. É a editora-chefe da revista.

MAyARA MEDEIROs Aprendiz de jornalista. Ama ler, escrever e, acima de tudo, acredita que a música é o ‘combustível’ da alma. É responsável pela revisão da revista.

BARRACUDA s01E00Colunistas:Zé FilhoArthur PessoaEd Félix

Fotografias:Thiago Santos

Capa:MF Fotografias (Fotografia)Diego Costa (Edição de Imagem)

Agradecemos ao artista campinense Galdino Otten, autor das fontes utilizadas nos títulos das matérias dessa edição. Mais do seu trabalho pode ser visto no site galdinootten.com.

Você pode entrar em contato conosco através do [email protected].

DIEgO POnTEsFilósofo em formação, aspirante a guitarrista, gosta de música, cultura e está sempre planejando a próxima viagem. É diretor geral e redator da revista.

DIEgO COsTADesigner Gráfico, gosta de animais, Mad Max e bolo. Responsável pela diagramação da Barracuda.

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Zé Filho é guitarrista, professor de música e

diretor musical.

É muito curioso ver como os estilos de música mais

singulares nasceram e se desenvolveram. O filme Cadillac Records (2008) conta a história de uma das primeiras gravadoras de blues nos Estados Unidos — a Blues Label Chess Records. A história se passa nos anos 50 e 60 na cidade de Chicago quando a gravadora foi fundada pelo polonês Leonard Chess. A Chess Records era especializada em blues, R&B, soul, música gospel, no início do rock and roll, e ocasionalmente lançava jazz. Gerenciada pelos irmãos Leonard e Phil Chess, a empresa produziu e lançou muitos singles e álbuns importantes, que são agora considerados lendas. O músico e crítico Cub Koda descreveu a Chess

O Blues e seus primórdios

Você deveria assistir Por Zé Filho

Records como “maior gravadora de blues da América”. Algumas das maiores lendas do blues são os personagens desse filme: Muddy Waters, Little Water, Chuck Berry e Etta James, interpretada por Beyoncé, o que lhe rendeu o prêmio “Best Traditional R&B Vocal Performance” pela interpretação de At Last. Além da grande performance de todo o seu elenco o filme possui como ponto alto a sua trilha sonora, que passou 48 semanas como número um da “Billboard Blues Albums”. Destaco a cena em que Chuck Berry aparece tocando num pub em Chicago, onde para muitos foi ali que nasceu o rock’n’roll. O filme é um presente para os nossos ouvidos!

Assista: Cadillac Records (2008, Sony Pictures)

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DO FREvO AO ROCk, DO jAZZ AO sAMBA E DO BAIãO AO FUnk:O ExPERIMEnTALIsMO DO ARMAZéM DA MELODIA InCOMPLETA.

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DO FREvO AO ROCk, DO jAZZ AO sAMBA E DO BAIãO AO FUnk:O ExPERIMEnTALIsMO DO ARMAZéM DA MELODIA InCOMPLETA.

São quase três anos de estrada, praticando o experimentalis-mo musical com base forte

no jazz e rock, mas sem perder de vista os bem incorporados acordes do regionalismo nordestino. É assim que a banda Armazém da Melodia Incompleta, de Campina Grande (PB), já coleciona shows nos festi-vais de música da Paraíba e tem no currículo apresentações nos palcos do Grito Rock, Overdoze e Festival 7 Notas (ambos do SESC), Festival Borborema e Encontro para a Nova Consciência, realizado na Rainha da Borborema. Com acordes que lembram o frevo e o baião e com a capacidade de mudar suavemente para as batidas de funk em uma mesma faixa, não é de surpreender que a banda tenha sido cotada para estrear duas trilhas sonoras de curtas produzidos no Estado. Os filmes Platô (2012) e Portas da Percepção (2013) receberam a ambientação musical densa, que sugere agitação e calma em fração de segundos, do trio formado por Weskley Dantas (guitarra), Igor Nóbrega (baixo) e Beto Kbeça (bateria). Além de selecionada para a coletânea Music From Paraíba¹, este ano a banda recebeu a ótima notícia de aprovação no Fundo Estadual de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos (FIC)² para financiar a gravação de seu primeiro álbum, que será intitulado “Impressões Serranas” e tem lançamento previsto para o início de 2014. “Foi muito gratificante poder ter esse retorno das bancas julgadoras desses dois editais. Foram atividades que nos empenhamos bastante e ficamos muito felizes com tais aprovações”, diz Weskley Dantas. Segundo Igor Nóbrega, “a coletânea nos propicia a possibilidade de circulação em Foto: Bella Cavalcanti

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ares antes não explorados, pois o álbum será distribuído gratuitamente em feiras de música no Brasil e no exterior, a exemplo da Womex, no País de Galles. Desde o início do ano estamos nos trabalhos de pesquisa e composição do nosso primeiro álbum, possibilitado através deste incentivo do FIC.” O primeiro EP da banda foi lançado em agosto de 2012, composto por quatro músicas. “Nossa distribuição é gratuita, por meio da internet. A divulgação é por meio de nossa ‘Fã Page’ no Facebook e de blogs especializados em música e em outros de conteúdo mais geral”, explica Weskley. A ideia de montar o Armazém da Melodia Incompleta surgiu em 2010, após o termino de um projeto também de música instrumental no qual Weskley e Igor

¹ O projeto “Music From Paraíba”, é uma coletânea de artistas paraibanos ou residentes no Estado, que será distribuída gratuitamente em feiras de música no Brasil e no exterior.

² O FIC é um projeto do Governo do Estado da Paraíba que visa fomentar a cultura, financiando projetos relacionados a: Artes Integradas; Artes Visuais; Audiovisual; Circo; Cultura Popular; Dança; Livro, Leitura e Literatura; Música; Patrimônio; Teatro.

/AmelodiaIncompleta /ArmazemMelodiaIncompleta @instrumentalAMI

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Nóbrega participavam. “Sentimos a necessidade de continuar realizando um trabalho nesse segmento da música Após a participação de alguns músicos, tivemos a chegada de Beto ‘Kbeça’ à frente da batera, e está sendo bastante interessante, por ser um cara bastante experiente, profissional e, acima de tudo, por ter se identificado com a proposta do grupo. Estamos felizes por ele ter se juntado a nós nessa empreitada e trabalhando pesado em novas músicas”, fala Weskley. A busca por editais de seleção é uma das alternativas encontradas pelo grupo para a divulgação do trabalho. “No ano de 2013 esperamos oportunidades para ecoar nossa música o mais longe possível. Por enquanto estamos tentando alcançar outros shows e

festivais através de editais. A cena autoral independente na Paraíba está em pleno vapor em sua essência e produtividade, sempre se reinventando. Nomes da nossa vertente instrumental como Burro Morto, Ubella Preta, Sex on the Beach, Néctar do Groove e até grupos novos como os meninos do Califon aqui de Campina Grande, também são pontos de referência, identidade e unidade de cena para nós”, declara Igor Nóbrega. A Barracuda indica! O Armazém desses campinenses é realmente recheado de boas influências e as músicas são uma ótima pedida, seja para embalar um jantar animado com amigos ou revestir de clima de suspense uma cena de filme. A versatilidade desse trio é realmente surpreendente.

Foto: Bella Cavalcanti

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Vozes femininas no Samba: quatro

artistas indicam o que nao pode faltar no

repertorioPode surgir de uma batucada tímida na mesa, embalar o happy hour e se misturar com as conversas elétricas nos barzinhos. Tocar baixinho no rádio aquela canção que fala do amor esquecido ou ser a trilha sonora que anima o almoço em família no domingo. É ele, o ritmo que é a cara do Brasil e dificilmente deixa parado quem o escuta... é samba! Com o desafio de eleger as músicas prediletas das mulheres que fazem samba e movimentam o cenário cultural em Campina Grande, a equipe da Barracuda entrevistou quatro artistas e quer saber: afinal, quais as vozes que fazem o samba delas?

Por Ligia Coeli

THALITA OLIVEIRA

A jovem Thalita Oliveira começou a cantar profissionalmente há cerca de dois anos em barzinhos e teatros de Campina Grande e região. O repertório é eclético mas ela alerta: “Não pode faltar samba, é sempre o ‘bloco’ que anima mais a plateia e que levanta, literalmente, o público para dançar. O samba para mim é a alma brasileira, é muito difícil não se deixar levar pelo ritmo. O samba traz com maior rapidez o feedback do público, é bom ver a plateia dançar e demonstrar gostar do que está ouvindo, com outras músi-cas não acontecem deste jeito, mas o samba tem esse poder”, falou.

Entre as canções que não podem faltar nos shows de Thalita estão ‘Cabi-de’, a imortal ‘Tiro ao Álvaro’, do Adoniran Barbosa e ‘A sonhar’, do músico campinense Sócrates Gonçalves. A cantora elegeu a voz de Mart’nália como uma das mais representativas da atualidade. “Ela tem uma voz única, in-confundível e as músicas que ela interpreta me agradam bastante”, disse.

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GITANA PIMENTEL

A sertaneja Gitana Pimentel mudou-se para Campina Grande, onde iniciou a carreira de cantora e se firmou enquanto artista. Chegou a dividir os palcos com outros músicos e participou de bandas. “Quando parti pra carreira solo já fui direto ao ponto, ou melhor, fui direto ao samba. Isso foi em 2009 e o grupo com o qual iniciei minha jornada como sambista é o mesmo que me acompanha até hoje”, conta. Lançou o primeiro disco em 2011, ‘Enfim Só’, que tem como base o samba, que recebe influências do jazz e da música latina.

Gitana diz ter admiração por várias cantoras e compositoras de samba, entre elas Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra e Beth Carvalho. “Como intérprete, Beth é a minha maior inspiração”, diz. E quanto ao repertório, a cantora é enfática. “Existem três canções que sempre estão na minha lista: Vacilão, de Zé Roberto; Se Você Jurar, de Ismael Silva e um samba que é pra-ticamente um hino das rodas em todo o Brasil: Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço, de Dona Ivone Lara e Hermínio Bello de Carvalho”, fala.

LARA SALES

Lara Sales iniciou a carreira em 2011, canta em barzinhos e eventos na Rai-nha da Borborema e se prepara para liderar um projeto em 2014 que é um misto de releituras com composições próprias. E para ela, o que significa o samba? “É a força do brasileiro, a alegria do Brasil que tanto amo e admiro... O samba me completa, me envaidece, me orgulha. Me sinto completamente realizada com o som do violão 7 cordas, cuíca, pandeiro, cavaquinho... Pra mim é um bálsamo para a alma, um encontro com meu eu”, revela.

No repertório dela a prioridade são os sambas interpretados por Clara Nunes. “São grandes composições de Paulo César Pinheiro, Cartola, Chico Buarque, Candeia, João Nogueira. Não podem faltar as músicas ‘Canto das três raças’, ‘Coração Leviano’ e ‘Lama’”, diz.

ELOISA OLINTO

De Campina Grande, a voz inconfundível de Eloísa Olinto é atualmente uma das mais conhecidas na Paraíba. A artista ganhou projeção após cantar a música ‘Cabide’, de Ana Carolina, durante uma das eliminatórias do reality show The Voice. A cantora está finalizando o primeiro CD autoral intitulado ‘Deixe o meu samba passar’ e comenta a importância desse ritmo para a sua carreira. “O Samba sempre teve um papel relevante no meu repertório, é o protagonista, influencia minha carreira em todos os sentidos e sempre esteve comigo. A impressão que eu tenho é que eu o liberava a conta-go-tas. Isso se tornou consideravelmente mais forte depois das influências de Duduta, o mestre do choro. Comecei a cantar chorinho ao lado dos maiores nomes da música regional daqui e minha paixão só aumentava. Samba e choro são primos de 1º grau”, brinca.

Entre as músicas que não podem faltar nas apresentações de Eloísa Olinto estão ‘Pé do Meu Samba’, de Caetano e a inesquecível canção ‘Quem te viu, quem te vê’, de Chico Buarque. Para ela, nomes como Roberta Sá, Tereza Cristina, Mariene de Castro e Clara Nunes são sinônimos de samba apaixo-nado. “A Clara tem uma firmeza no cantar, uma propriedade. Quando canta, não há dúvidas, é uma afirmação, uma força sobrenatural: afinação, voz firme, notas claras, dicção. Fora a identidade, um estilo próprio, marcante. Quando abre a boca, fisga e quando sai, deixa saudade”, revela.

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Formada em 2001 por estudan-tes da UFPB, o grupo surgiu com uma proposta musical

aberta às mais variadas influências e continua seguindo pela cartilha da diversidade, dando uma contribui-ção importante a produção indepen-dente contemporânea e aparecendo como uma das bandas mais criati-vas da sua geração. Formada por Genaro Cam-boim (guitarra e voz), Nielsen Batis-ta (bateria), Léo Gomes (voz), Rosa Limeira (voz), Edy Gonzaga (baixo) e Marcos Deparis (teclados), a La Gambiaja promove uma interes-sante fusão de ritmos, com letras inteligentes e canções repletas de referências à musicalidade brasi-leira, que vão desde o samba até os ritmos nordestinos como o coco e baião, sem deixar de lado as influên-cias advindas da música estrangeira como o Funk e a Soul Music. Com patrocínio do FMC (Fun-do Municipal de Cultura) da cidade de João Pessoa, o grupo adiantou recentemente pela internet um EP promocional com quatro músicas que dão ideia do conceito geral do novo trabalho. Gravado em João Pessoa no SG Studio pelos músicos Sérgio Gallo e Igor Wendel, o disco deverá ser lançado com dez faixas autorais,

O som atemporal de La Gambiaja

Som daqui Por Arthur Pessoa

que foram compostas ao longo da carreira da banda, além de músicas inéditas. Abordando assuntos con-temporâneos, como os problemas que assolam as grandes metrópoles do mundo, a música do La Gambiaja passeia por temas que vão desde a corrupção presente na política (“Um Palhaço em Brasília”), até as questões de gênero (“Véu de Ísis”) e sociais (“Sócio-Educando” e “Morte Súbita”). Em “Um Palhaço em Brasília”, por exemplo, a guitarra de Genaro Camboim dialoga harmoniosamente com os teclados de Marcos Deparis, fazendo solos paralelos sem que um ofusque o outro, enquanto a bateria sustenta um ritmo preciso e afinado com a linha firme de baixo de Edy Gonzaga. A letra da música, por sua vez, denuncia com inteligência o circo político na capital do país com uma crítica ácida quando diz: “Nes-se circo onde a ética padece, cada artista tem o eleitor que merece”. A banda que tem dado uma contribuição valiosa ao cenário independente nacional e, em pouco tempo, levará o seu trabalho para além das fronteiras da Paraíba e do Brasil, mostrando que sua música não fica presa a modismos passa-geiros, sendo um som cada vez mais atemporal.

Arthur Pessoa é músico, membro da banda

campinense Cabruêra.

Ouça o disco: ‘Kaliyuga’

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Ed Féliz é jornalista, crítico cultural e editor do site

Embrulhador.com.

Conheça: Rhye (Los Angeles, EUA - art pop,

chillout, neo-soul)

Ouça o disco: ‘Woman’ (2013, Innovative Leisure

Records)

Veja os clipes:‘Open’

‘The Fall’

Qual é a trilha sonora ideal para um jogo de con-

quista? Você já deve ter se deparado com mix-tapes ou sugestões de músicas para a hora do sexo, mas o que está em questão agora é a jornada até o sexo. As preliminares. Mas bem preliminares mesmo, entende? A troca de olhares, as tentativas de aproximação, os convites com quíntu-plas intenções... Eu sempre tive uma queda por proje-tos musicais misterio-sos, quase anônimos, quase secretos. O duo californiano Rhye tem essas características. Mike Milosh e Robin Hannibal, os músicos que estão por trás do disco ‘Woman’, pratica-mente não aparecem, mas soltam pistas que instigam o ouvinte a descobrir mais sobre seus sons envolventes. O primeiro tra-balho do Rhye traz dez canções com a figura

Onde mora a sedução

feminina como fixação e uma temática laten-te: a sedução. Milosh é um exímio contrate-nor e sua voz tem um poder hipnotizante ao longo das faixas, com-pletadas por clipes excelentes e uma arte visual para emoldurar. ‘Woman’ tem momen-tos de chillout, como ‘Open’, a primeira mú-sica do disco, e ‘Shed Some Blood’, ambas sobre ocultar/evitar uma frustração no tal jogo da conquista. Mas o grande destaque vai para o potencial pop de faixas como ‘The Fall’, ‘Last Dance’, ‘3 Days’ e a me-lhor do disco: ‘Hunger’. O tom de smooth soul justifica comparações do Rhye com a cantora Sade. Dos elementos eletrônicos aos metais, o som é de uma sofisti-cação fora do comum. Estilo jazzy que fica bem na sala de estar, mas não vai decepcio-nar na cama.

Som de fora Por Ed Félix

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Foto: Jhésus Tribuzi

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WARCURSED

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A PROXIMA MARCHAEles já passaram de cover do Megadeth ao desafio do autoral e em nove anos de carreira tiveram a história marcada pela participação em famosos festivais de música do país. É assim que a Warcused representa Campina Grande e a Paraíba no cenário brasileiro do metal.

O quarteto, formado por Jean Sauvé (Baixo/Vocal), Richard Senko (Gui-tarra), Eduardo Victor (Guitarra) e

Marsell Senko (Bateria) dá vida à banda que leva aos palcos uma mistura de trash metal, death e senso melódico. Munidos de muita criatividade, energia e presença de palco, o grupo se prepara para mais um desafio: lançar o novo trabalho, o CD inti-tulado “The Last March”. O álbum promete ser ainda mais agressivo, técnico e bem trabalhado do que o primeiro, amplamente divulgado em 2012. A Barracuda conversou com o quar-teto para saber mais sobre o lançamento do novo CD, como foi a turnê de divulgação do último álbum pelo Nordeste e quais os projetos da banda para este ano. O resulta-do dessa conversa você confere na entre-vista.

No início vocês faziam cover de quais bandas? De onde veio a ideia de transitar para o meio autoral?

No início nós tínhamos uma banda cover do Megadeth, banda americana que é liderada pelo vocalista e guitarrista Dave Mustaine. Logo em seguida, começamos a criar mú-sicas de nossa autoria, mas ainda assim tocando covers de bandas como Kreator, Destruction, Slayer, Death, Annihilator, etc. Quando decidimos realizar o primeiro lan-çamento de material autoral escolhemos o nome “Post Mortem” para a banda, mas mesmo depois de algumas apresentações, tivemos de mudar de nome mais uma vez por este já pertencer a outra banda ame-

ricana que voltou à ativa. Foi então que surgiu o nome “Warcursed”, o qual acredi-tamos que se encaixa perfeitamente com a proposta da banda e com toda a temática que abordamos em nossas letras e nossas músicas.

Em 2012 vocês lançaram de forma inde-pendente o primeiro CD, chamado “Es-cape From Nightmare”, e divulgaram o álbum fazendo uma turnê no Nordeste, passando por grandes festivais do Brasil. Como foi essa experiência?

Nossa recepção foi inquestionável. Sempre fomos super bem tratados e o público nos acolheu com muita empolgação, comprando material, tirando fotos, pogando durante os shows e até cantando as letras das músi-cas. A experiência de estar em turnê é algo único para uma banda, pois faz com que ela ganhe experiência e maturidade para aguentar muitas outras da mesma forma.

Nós passamos por grandes festivais com a turnê do “Escape From Nightmare”, como o Grito Rock, Festival Mundo, Palco do Rock, Titans Of Metal, Rock Cordel, Festival Do-sol, Encontro da Nova Consciência, Carnal Metal, entre outros. A maioria dessas via-gens nós fizemos de carro próprio, com um Uno Mille preto que já rendeu boas risadas, histórias e muito calor. A cena fora da Paraí-ba é bem maior do que sempre imaginamos. Existem grandes públicos, cada um com sua característica marcante e muitos produto-res super responsáveis e que sabem de ver-dade como trabalhar com profissionalismo.

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Foto: Jhésus Tribuzi

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E como era esse malabarismo para vocês qua-tro viajarem em um único carro?

Realmente, era o mesmo que brincar de tetris, pois o aperto era grande. Nós sempre viajamos e carregamos os instrumentos no carro junto co-nosco, em nossos braços ou em nossos pés. Sem-pre carregamos grande parte do nosso “backli-ne”, ou seja, o baixo, as guitarras, pedal boards e equipamento de bateria (caixa, pedal, pratos, rack com ferragens) aos nossos pés e atrás do banco do motorista, o que já nos rendeu boas dores nas pernas depois de algumas horas.

A banda firmou recentemente parceria com a Mahadeva Custom Tattoo que também é de Campina Grande. Vocês participaram da 7th Natal Tattoo Expo e da 1ª Expo Tattoo Campi-na, onde Marsell e Eduardo foram tatuados por Sóstenes Carneiro. Nesses dois eventos eles ganharam os prêmios na categoria de “tatua-gem oriental”. Como foi que surgiu essa parce-ria, e como foi participar dessas convenções?

A parceria com o Mahadeva Custom foi algo sen-sacional. Os trabalhos dos tatuadores Sóstenes Carneiro, Jade Carneiro e Lessandro Stabel são incríveis e super profissionais. Nós acreditamos que a arte da tatuagem tem tudo a ver com mú-sica e ainda mais com o Heavy Metal, e por isso lançamos a proposta de parceria, ficando bastan-te contentes em poder receber mais esse apoio e em poder representá-los. A participação na convenção em Natal (RN) e Campina Grande (PB) foram muito boas, pois além de conseguirmos mostrar o potencial do pessoal do Mahadeva Cus-tom nós conseguimos ganhar visibilidade e ainda fazer ótimos contatos. E todos nós com certeza ficamos super felizes com nossas novas tattoos, principalmente Marsell e Eduardo com suas tat-toos premiadas.

Vocês também fecharam parceria com o 1404 Studio, que tem como produtor musical Victor Hugo Targino. Como irá funcionar essa parceria?

Ficamos extremamente felizes quando nosso produtor e amigo Victor Hugo Targino nos fez a proposta de parceria com o 1404 Studio. Nós gos-

tamos muito de trabalhar com ele e sabemos o quão profissional ele é em tudo que faz. Será uma honra poder contar com esse grande apoio e será ótima essa troca mútua de divulgação, em todos os sentidos. As parcerias são sempre interessan-tes para ambas as partes. Esperamos ainda que muitas outras sejam firmadas em breve.

Este ano vocês vão lançar um novo CD, intitula-do “The Last March”. Como está a produção do novo álbum?

A pré-produção está bem adiantada. Estamos gravando as músicas e analisando como podemos melhorá-las. Esse trabalho está sendo feito em nosso estúdio, pois assim podemos gravar com mais tranquilidade e repensar quantas vezes for necessário. A previsão para início das gravações

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no 1404 Studio será no final de Maio. Para nossos fãs, nós apenas dizemos que aguardem paciente-mente, pois valerá a pena. Temos certeza de que esse álbum vai superar o primeiro, pois está ainda mais agressivo, técnico e bem trabalhado. Com relação ao relançamento, nós só podemos adian-tar que nós vamos fazer uma homenagem com as bônus tracks. Vai ser uma boa surpresa, sem dúvida!

Fora a banda, o que vocês fazem? O que a famí-lia de vocês acha dessa relação com a música?

Fora a banda, cada um tem seus próprios traba-lhos. Temos um fazendo graduação em Geografia, um mestrando em Engenharia Mecânica, outro que trabalha em uma empresa de Biotecnologia e por fim, um graduado em Sistemas de Informa-

ção. Nossas famílias apoiam até certo ponto, pois sabem que o meio da música não é fácil. Além disso, ficam bastante preocupadas com nossas viagens e com o perigo que podemos enfrentar. Mas fora isso, sempre nos apoiaram e nós sempre agradecemos por tudo. Sempre foi importante contar com o apoio das pessoas próximas a nós.

Com relação ao estúdio que a banda possui, como surgiu? Vocês também disponibilizam para ensaio de outras bandas?

Bom, nós queríamos um espaço apropriado e de qualidade para ensaiarmos e compor as músicas da Warcursed. Como estávamos com um espa-ço disponível, depois de muita luta, pesquisa e tempo, iniciamos a construção do estúdio. Hoje em dia nós alugamos esse estúdio para que as

Foto: Raphael Passos

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bandas interessadas possam ensaiar. Foi um investimento que valeu a pena para todos. Ficamos muito honrados de poder contribuir com as bandas locais, de modo que todos tenhamos um local de qualidade para produzir e ensaiar.

A Warcursed foi confirmada na nova edição do Agreste in Rock, que acontecerá na cidade de Caru-aru, Pernambuco, nos dias 30 e 31 de agosto. O festival é uma ação que assume e busca contribuir com a promoção, maturação e desenvolvi-mento de um dos mais férteis, refe-rendados e aquecidos segmentos da música em Pernambuco: o Pop/Rock e sua transversalidade com a cultura popular. O quarteto tocará ao lado de grandes nomes da música, como Sepultura, Ratos do Porão, Dr. Sin, Lobão e Devotos. A banda também confirmou uma parceria com a empresa TL Amps, que desenvolverá um ampli-ficador exclusivo para o guitarrista do grupo Richard Senko. A TL Amps, situada na cidade de Campina Gran-de, Paraíba, vem desde meados de 2011 com a proposta de desenvolver amplificadores valvulados para gui-tarra, sob medida e gosto do cliente. A empresa já firmou parceria e en-dorsement com renomados artistas nacionais, como a banda Infected Mind e o guitarrista campinense Giordano Frag.

www.warcursed.com /Warcursed

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Vontade de querer acreditar no amor é o que me move. É por isso que eu escrevo. No Blues, vejo muita entrega sem superficialidade. Tudo é tão inteiro e visceral.

Foto: MF Fotografias

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Por Diego Pontes

Trazendo uma proposta de retorno ao universo romântico que foi vivido na década de 50,

quando o Blues aparecia evidente e ganhava força nas rádios ameri-canas, o cantor e compositor Igor di Cavalcanti aposta na simplicidade de suas poesias que basicamente tratam de experiências e aspectos típicos do nosso cotidiano. As mú-sicas falam do amor, das variações das sensações de amar; euforia, conquista, frustração, tristeza, soli-dão. No fundo, a vontade de querer acreditar no amor é o seu caminho poético. Nascido em Fortaleza (CE), Igor atualmente vive em Campina Grande (PB), mas foi no período que viveu em Louisiana (EUA) de onde trouxe do contato com a cultura afro-americana as influências para a sua música, buscando as raízes desse ritmo. É evidente em suas compo-sições que o encontro no Blues foi o lugar ideal para expressar suas ideias e sua visão de mundo, juntan-do em melodias melancólicas e em letras bem trabalhadas o relato de suas próprias experiências de vida. O cantor recebe influências das músicas britânicas e americanas de vários artistas, sendo B.B. King, Ray

Canções embaladas a Blues

Charles, Nirvana, The Animals e The Beatles os seus favoritos. As letras falam de temas espirituais, do amor e da liberda-de, descritas em melodias sutis, permitindo ao solista desenvolver um discurso melódico dramático e envolvente. Músicas como “A Fool in Love”, “Through The Phone” e “Too Far Girl” trazem o tema do amor não correspondido, esperança da con-quista, tristezas e expectativas, tudo isso em melodias doces e suaves. Já em “Sleeping Beauty” encontramos uma ideia otimista, onde, por meio de uma fábula o compositor ironiza a menina que finge não perceber o interesse do rapaz nela, e mostra um discurso seguro dele sobre o que pode ser o amor e que nada é mais forte que o destino.

Igor teve contato com a mú-sica desde cedo. Filho da pianista Maria Di Cavalcanti e do engenheiro de som Roberto Gibbs, iniciou os estudos na flauta doce aos 7 anos. Durante a adolescência teve aulas de contrabaixo, violão e guitarra. Ainda em Fortaleza, iniciou seus passos profissionais musicais, tocando em bandas distintas e executando, como guitarrista e cantor, repertórios de estilos variados.

/IgorDiCavalcanti /IgorDiCavalcanti /IgorDiCavalcanti

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Foto: A. Murat Koçac

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A banda surgiu na mídia após uma grande polêmica envolvendo o trio e um famoso produtor norte-ameri-

cano. Jack Endino foi produtor do primei-ro e emblemático disco do Nirvana — o Bleach, de 1989 — e outras bandas grunge dos anos 90, além de ter trabalhado com alguns artistas brasileiros, a exemplo dos Titãs e Nando Reis. Tudo começou quando o baixista Phelipe Andrew enviou, através do Facebook, o link do EP de sua banda para o produtor, que respondeu dizendo que a música soava bem, mas não entendia nada das palavras, cantadas em inglês. A partir desse momento, o post tomou uma repercussão não esperada. Para conhecer um pouco melhor a banda e entender mais sobre essa polêmi-ca, fomos conversar um pouco com o trio.

A banda teve início como cover. Como sur-giu a ideia de formar a banda e partir para o meio autoral?

Ikaro - A banda começou em meados de 2011, quando Phelipe veio falar comigo para montar um projeto cover, homenagean-do bandas que curtíamos como The Cure, Smashing Pumpkins, Lemonheads, Nirva-na, Tad, Stone Temple Pilots, Pixies e Sonic Youth. Na época eu tocava numa banda chamada “Squizopop” e estava em processo de gravação, no dia mesmo que nos conhe-cemos. Eu tinha passado o dia inteiro no estúdio, bebendo e produzindo, meio ‘enfa-dado’ por ficar ali dentro. Nessa mesma noi-te, houve um evento (Fête de La Musique) e

nós fomos tocar. Daí, fiz uma apresentação extremamente caótica. Eu estava caindo o tempo todo no palco, estava realmente mui-to bêbado. Em algum momento do show eu dei um mosh e aparentemente todo mundo saiu (eu estava com a guitarra) e apenas o Phelipe ficou e me segurou nos braços como se eu fosse um bebê! Acabamos nos encon-trando depois nas redes sociais e trocando mais informações sobre bandas e referên-cias.

Betto - A gente estava ‘fudido’, sem grana pra investir em demos e em ensaios. Então, tivemos a ideia de fazer o “Zen Freaks”. Era um projeto que reunia nossas influências em covers de várias bandas que ‘tirávamos’, como The Stooges, Pixies, Nirvana, Husker Du, Alice in Chains, entre outras. Tudo isso em troca de bebidas e alguns trocados, que ajudavam bastante nas nossas pré-produ-ções e demais gastos da banda.

Como foi a polêmica com o Jack Endino? Quem foi o responsável por enviar o ma-terial, o que acharam da resposta dele, e da repercussão que a crítica tomou?

Betto - Quando estávamos terminando o EP “Noyzy is Fun”, começamos a trabalhar em coisas novas e a ensaiar bastante pra um possível CD. O foco era encontrar algum estúdio bacana e um produtor que quisesse trabalhar conosco lá fora. Enviamos mate-rial para tudo que era “buraco” para ver no que ia dar. Mandamos para vários produto-res, mixers e masters: Howie Weinberg, Ste-

CINCO PERGUNTAS COM THE NOYZYSurgindo de um encontro ao acaso, festas, amizade, críticas e muita música, a The Noyzy pode dizer que já tem o seu início marcado como um bom enredo de banda de rock. Formada por Ikaro Maxx, Phelipe Andrew e Betto Monteiro, a banda encarou a tarefa de montar um power trio, trazendo a ativa o punk, grunge, garage rock e muita atitude.

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ve Albini, algumas gravadoras que gravaram o Dinosaur Jr. Tivemos algumas respostas dos produtores, dentre elas, a do “Tio Jack” que acabou gerando toda aquela história.

Phelipe - A polêmica toda começou numa certa noite ociosa em que eu estava procu-rando algumas referências de produtores para trabalhar conosco no nosso futuro dis-co e recebi uma indicação de outro gringo, o qual não quero envolver na polêmica. Ele me indicou o Endino. Entrei em contato e tro-quei alguns e-mails e, então, decidi publicar na timeline dele a música Erotomania. E o resto, todos já sabem, né? Com relação a crítica, aceitamos numa boa, a única coisa que não gostei na repercussão toda foi que ele destratou todas as bandas que cantam em inglês, e isso não é legal.

A grande polêmica foi com relação ao

inglês do Ikaro. Após a crítica, vocês fize-ram algo para melhorar isso?

Ikaro - Sim. Nós lançamos um novo tipo de inglês: o Ikariano! Inclusive estou dando cursos, viu? Brincadeira! Na realidade nós entendemos que exista, sim, uma padro-nização fonética de todos os idiomas e tal, que funciona como estrutura sintético-léxi-ca da comunicação entre os indivíduos es-palhados em comunidades regiões, países e etc., e que elas precisam disso para tornar a sua vida, sua economia, sua troca simbólica mais eficiente. Mas, em se tratando de arte, todo o som (fazendo ou não sentido em si mesmo e por si mesmo) é elemento a ser ex-plorado. Não que estejamos desprezando ou passando por cima das regras ou mesmo da gramática, por assim dizer. Quanto à impor-tância de tal crítica, claro que a acolhemos pro nosso bem e temos alguns consultores

Foto: Thercles Silva

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/TheNoyzy @The_NoyzyisFun

(amigos e professores) que nos au-xiliam no caso de algum erro muito grosseiro.

A banda também está lançando um clipe com o fotógrafo turco Murat Koçac. Como surgiu essa parceria?

Ikaro - Bem, conheci o Murat através de um grande amigo que fazia parte de uma cena poética comigo, o Cézar Sturba. O cara tava muito afim de co-nhecer alguns artistas que moravam na região - o Murat casou por aqui - e trocar ideias. Daí quando o conheci rolou uma identificação intelectual imediata. Como tínhamos basica-mente as mesmas referências a gente conseguiu se comunicar bem, apesar do inglês de cada um. Depois de um bom tempo de frequente intercâmbio acabei fazendo o convite pro cara e ele topou.

Qual a expectativa da banda para o CD? Como está sendo feito o traba-lho e quando será lançado?

Ikaro - Nós estamos bastante an-siosos e trabalhando pesado. Ainda estamos definindo as faixas, o título e o “conceito” dele para partirmos com maior acuidade para a parte de pré-produção prática no local onde vamos gravá-lo, no caso, a cidade de Goiânia. Como Goiânia meio que se tornou a Meca nacional do rock alter-nativo, decidimos tentar contatos por lá e rolou bonito. Estamos pensando ainda no formato do álbum, traba-lhando delicadamente os arranjos e as letras, com a paciência de chinês mesmo. Estamos planejando começar o processo mais hardcore mesmo pro final do segundo semestre.

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Foto: A. Murat Koçac

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yEs - CLOsE TO ThE EDgE (1972)Recentemente, um disco que não tem saído da minha rotina sonora é um da banda de rock progressivo inglês YES, que realmente tem me expandido os bons sentimentos. Coleciono vinis, e meu primeiro contato com a banda veio através de um deles, num processo que chamo de “garim-pagem”, se resumindo no ato de comprar discos baratos e desconhecidos para mim na intenção de realizar uma boa compra. Diante de um dis-co antigo, da capa verde, veio um emocionante presente sonoro, o ‘Close to the edge’ de 1972, um daqueles discos que não se pode escutar uma música somente, existe uma narrativa, uma linha que merece ser respeitada. Chegando em casa, fui arrebatado a primeira audição, o álbum pos-sui somente 3 canções, das quais destaco todas, Close to the edge (a música) por exemplo, é uma verdadeira tempestade de momentos, que vão da estranheza a mais sublime ternura. Sempre agradeço aquelas pessoas que me apresentam músicas que me comovem de alguma forma, este disco tem 3 delas.

O QUE EsTOU EsCUTAnDO?

Todos passamos por várias fases durante nossas vidas, e a música sempre está presente em cada uma delas, acompanhando nossa evolução e nossas mudanças. Partindo disso, conversamos com o músico e diretor de arte Fernando Ventura, da banda Grandphone

Vancouver, para saber o que ele anda escutando ultimamente.

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gUILhERME ARAnTEs - CALOR (1986)A década de 80 realmente foi muito marcante para o Brasil no meio musical, tanto os grandes medalhões como Chico, Caetano, Milton, etc, continuaram produzindo um material super digno para a MPB, como o espaço para surgirem ou-tros nomes formidáveis foi bastante generoso. Desta nova safra oitentista, sou fan inconteste do Guilherme Arantes. ‘Calor’ de 1986, é um disco regular, mas traz muita força em alguns hits para trilha de novelas da Globo. Indico ‘Coisas do Bra-sil’, a enérgica ‘Loucas Horas’ e, uma das minhas favoritas, ‘Mexer com Fogo’.

RPM - REvOLUçõEs POR MInUTO (1989)Quando converso com alguém sobre as melhores bandas nacionais, fico pasmo como as pesso-as ignoram o que fez o RPM. Na década de 80, Paulo Ricardo era o moço com ar de Mick Jag-ger numa banda que alcançou popularidade tão meteórica quanto os Beatles (guardada as suas devidas proporções). O RPM foi a banda de maior vendagem da indústria fonográfica nacional na época. Boatos, brigas, drogas, fãs ensandecidas, letras politizadas, sex symbol, recorde de vendas, estádios lotados, tudo isso o RPM teve. Item de colecionador, ‘Revoluções por Minuto’, de 1985, emplacou 8 de suas 11 músicas nas rádios. Só sucesso, vale a pena conferir tanto o disco como este constante não reconhecimento pelos seus serviços prestados.

ThE sTROkEs - COMEDOwn MAChInE (2013)Certa vez um amigo me disse que esta banda nunca decepcionava, mas isto foi antes do ‘Angles’ de 2011. Um disco não tão consistente assim, con-fuso, estranho, transitório. Todavia, The Strokes é uma banda consolidada, são mais de 10 anos de carreira, onde aquela postura messiânica não é mais tão opressora assim. Livres e desimpedidos, acabaram de lançar o empolgante ‘Comedown Machine’, não mais na atmosfera de salvadores do rock, ainda bem. O que não empolga muito é a postura arcaica com que alguns fãs insistem em manter, e só veem o “verdadeiro” Strokes em canções como All the time, e que se oponhem a outras como a post tecno-brega ‘One way trigger’, incrível por sinal. Tão incrível quanto Tap Out e Welcome to Japan, músicas que valem a pena se apaixonar à primeira vista.

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