Atualidades Do Zohar

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Excertos do Zohar mostram a atualidade da obra judaica Publicado em: 26/8/2012 Não são muito comuns as publicações destinadas à divulgação que têm o cuidado e a seriedade desta edição de excertos do grande compêndio místico judaico, O Zohar - O Livro do Esplendor (Zohar, em hebraico), feita pelo rabino sefardita (de origem hispano- portuguesa) Ariel Bension (1880-1932). Esta versão, a partir do inglês e do espanhol - o que é devidamente informado - traz, além de apresentações, explicações e glossário, um notável prefácio de Miguel de Unamuno, feito para a primeira edição castelhana, mais dois textos de Bentsion a respeito de suas intenções, da obra, sua história e o objetivo da empreitada. Impressiona a largueza da visada desse rabino no terreno da mística e da religião judaica, à qual confere seu devido alcance universal, vencendo barreiras como as que vedaram o acesso feminino às fontes da cultura entre os povos. Um grande problema é sempre como encarar O Livro do Esplendor, obra central da Cabalá. Hoje, após os estudos textuais e históricos de Guershon Sholem (seus livros estão no catálogo da Perspectiva), considera-se praticamente provada a autoria da primeira parte da obra como sendo do rabino espanhol Moisés de León, que viveu no século 13, a partir do qual essas interpretações místicas da Bíblia Hebraica se tornaram conhecidas. As histórias, baseadas em certos fatos, de que o Moisés de León escreveu o Zohar (como a alegada confissão de sua viúva), contribuíram para lançar dúvidas sobre a honestidade do rabino, que passaria de homem santo a falsário. Porque o Zohar é atribuído, em suas páginas, ao rabino Shimon ben Iohai, do início da era comum. Isso está superado, pois a pseudo- epigrafia é uma tradição que não invalida coisa nenhuma. [...] Esse conteúdo de universalidade é visto por Unamuno como uma mensagem da época em que foi escrito, remanescente do convívio entre a religião muçulmana, judaica e cristã na Ibéria medieval. O pensador viu no Zohar uma "religiosidade profundamente hispânica, ibérica". Nele está presente, escreveu, "o cerne da fé de nosso povo, limpa de excrescências escolásticas e dogmáticas, ainda revestidas de cendais e véus e mantos de fantasia. Da fantasia dos que sonharam a vida da alma nesta nossa Espanha eterna, a dos três povos".

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Excertos do Zohar mostram a atualidade da obra judaica

Publicado em: 26/8/2012

Não são muito comuns as publicações destinadas à divulgação que têm o cuidado e a seriedade desta edição de excertos do grande compêndio místico judaico, O Zohar - O Livro do Esplendor (Zohar, em hebraico), feita pelo rabino sefardita (de origem hispano-portuguesa) Ariel Bension (1880-1932). Esta versão, a partir do inglês e do espanhol - o que é devidamente informado - traz, além de apresentações, explicações e glossário, um notável prefácio de Miguel de Unamuno, feito para a primeira edição castelhana, mais dois textos de Bentsion a respeito de suas intenções, da obra, sua história e o objetivo da empreitada.

Impressiona a largueza da visada desse rabino no terreno da mística e da religião judaica, à qual confere seu devido alcance universal, vencendo barreiras como as que vedaram o acesso feminino às fontes da cultura entre os povos. Um grande problema é sempre como encarar O Livro do Esplendor, obra central da Cabalá. Hoje, após os estudos textuais e históricos de Guershon Sholem (seus livros estão no catálogo da Perspectiva), considera-se praticamente provada a autoria da primeira parte da obra como sendo do rabino espanhol Moisés de León, que viveu no século 13, a partir do qual essas interpretações místicas da Bíblia Hebraica se tornaram conhecidas. As histórias, baseadas em certos fatos, de que o Moisés de León escreveu o Zohar (como a alegada confissão de sua viúva), contribuíram para lançar dúvidas sobre a honestidade do rabino, que passaria de homem santo a falsário.

Porque o Zohar é atribuído, em suas páginas, ao rabino Shimon ben Iohai, do início da era comum. Isso está superado, pois a pseudo-epigrafia é uma tradição que não invalida coisa nenhuma. [...] Esse conteúdo de universalidade é visto por Unamuno como uma mensagem da época em que foi escrito, remanescente do convívio entre a religião muçulmana, judaica e cristã na Ibéria medieval. O pensador viu no Zohar uma "religiosidade profundamente hispânica, ibérica".

Nele está presente, escreveu, "o cerne da fé de nosso povo, limpa de excrescências escolásticas e dogmáticas, ainda revestidas de cendais e véus e mantos de fantasia. Da fantasia dos que sonharam a vida da alma nesta nossa Espanha eterna, a dos três povos".