AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO E SUA APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO -...
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AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO:
CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO E SUA APLICAÇÃO
NA EDUCAÇÃO
Prof. Dr. Paulo Gomes Lima
Prof. Adjunto da Faculdade de Educação – FAED
Docente do Mestrado em Educação [PPGEdu]
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
Mato Grosso do Sul – MS - Brasil
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1. Antecedentes sociológicos
Organização dos arranjos sociais
Relações de trabalho e modos de produção
Concepção e materialização da educação
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Estado Selvagem
Barbárie
Produção para subsistência
Meios de produção
Produção excedente
Divisão de tarefas
Organização do trabalho
Força de trabalho braçal
Força de trabalho intelectual
1. Relações de poder
2. A propriedade passa a ter dono
3. Muda-se o ideal da educação.
Civilização Estado
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1.1. Idade antiga: o mito como explicação do
mundo e do homem
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1.2. Grécia: do pensamento mítico à busca pela
racionalização (filosofia)
•Os gregos foram os primeiros a entender o conhecimento como uma necessidade, mobilizados por novos arranjos sociais, o mito não desaparece imediatamente mas passa a ter papel secundário...
Arché –
pré-socráticos
•A mudança é explicada pela organização política da pólis e das transformações nas relações de trabalho: aristocracia fundiária – intensificação do comércio, empobrecimento dos pequenos proprietários de terra e o domínio sobre a plebe (pequenos artesãos, trabalhadores braçais e marinheiros).
Filosofia
•O desenvolvimento da pólis foi decisivo para o desenvolvimento do pensamento racional
Ética
Medicina
•Das contribuições de outros povos, como os egípcios que criam na ressurreição – por isso desenvolveram conhecimentos químicos e biológicos (conservação de cadáveres), os gregos sistematizaram as formas possíveis de se conhecer, a partir da filosofia...
Ciência, política
• A ciência passa a ser materializada racionalmente num desvelamento do mundo e do homem.
Educação
•a racionalidade (Logos) grega enfatiza um outro tipo de educação e da pedagogia centrada na formação do homem integral.
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1.3. O alcance geográfico da cultura grega
Império romano
A leitura dos arranjos sociais são mais sistematizados
Roma - a escola a partir do período
helenístico, principalmente com o crescimento do império romano,
passara a ter e a ser de interesse do
Estado – educação pública.
A escola romana que será
desenvolvida no império até 476 d.C
seguirá estruturalmente a
tipologia grega
O conteúdo cultural da filosofia fizera da
org. social e da educação grega um marco na história da
educação e do pensamento
pedagógico, do qual, mesmo a
idade medieval não poderia ignorar.
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1.4. Idade média e a dimensão teocêntrica
como explicação do homem e do mundo..
Igreja
Ciência
Monopólio educacional
Defesa da fé
Preparação de um
homem determinado
Organização social -
imobilidade
Patrística
Escolástica
Enciclopedismo
Burguesia
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1.5. Uma sociologia pré-científica
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1.5.1. Renascimento e a sociedade utópica
•Revisitação dos valores greco-latinos1
•A imprensa é inventada/ aperfeiçoada2
• Período em que as grandes navegações são empreendidas3
•A ciência moderna é inaugurada/ Século do método (XVII)4• Thomas Morus – Atlântida – “Utopia” , Tomaso Campanela– “A cidade do sol”, Francis Bacon –
Nova Atlântida”, Voltaire (Micrômegas” - Pensamento social de mundos ideais quesimbolizavam como a realidade deveria ser
5
•Maquiavel: o criador da ciência política – “O príncipe” –Análise das bases em que se assenta o poder político.6
•Visão laica da sociedade e do poder:
•A partir deste período a vida dos homens passa a serconsiderada como resultado das condições econômicas epolítica e não de sua fé ou de sua consciência individual
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1.5.2. A ilustração e a sociedade contratual
Nova etapa do pensamento
burguês
• Conhecimento
• Empreendedorismo
• Surto de idéias (ilustração)
• Proposição de formas de governo baseadas na legitimidade popular.
A filosofia social dos séculos XVII e XVIII
• Economia regida por leis naturais de oferta e de procura;
• Descartes – a razão como essência do ser humano
• Rousseau –Desenvolve a idéia de pacto social – os homens renunciam suas vontades particulares em favor de toda a comunidade.
• John Locke –Defende o liberalismo político
Adam Smith: o nascimento da
ciência econômica
• O trabalho/ produtividade – fonte das riquezas das nações
• A função da moeda e dos bancos.
• Defensor do liberalismo econômico.
Legitimidade e Liberalismo
• As teorias sociais da ilustração foram o início da análise científica da sociedade;
• Lançam as bases do Estado capitalista,
• Bases da constituição norte-americana de 1787 (três poderes) – 1ª república liberal democrática burguesa.
• Nascem os ideais político liberais e democráticos modernos.
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1.5.3. A crise das explicações religiosas
e o triunfo das ciências
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2. SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
Contexto
Contexto
Contexto
• Alterações no processo produtivo;
• Utilização crescente do trabalho assalariado (homens, mulheres, crianças) – sistema fabril.
• Consolidação do sistema capitalista na Europa
• Revolução americana
• Revolução francesa
• Reflexões sobre a sociedade (Saint-Simon, Hegel, David Ricardo)
• Augusto Comte (positivismo)
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2.1. Primeira corrente do pensamento
sociológico: positivismo.
A obra que marca as características diretrizesdas idéias positivistas: Curso de FilosofiaPositiva (1830-1842) e Sistema de PolíticaPositiva ou Tratado de Sociologia que Instituia Religião da Humanidade (1851-1854).
Através dessa “fé” na ciência é que a visãopositivista nasce e esparrama seu conteúdobaseado na objetividade do mundo dos fatos, quetem como instrumento maior a quantificação, amensurabilidade na investigação científica o que aposteriori seria introduzido também na educação eem suas formas possíveis de investigação.
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2.2. Sistematização da sociologia: Durkheim
Francês, filho de uma família de rabinos, Émile Durkheim (1858-1917), pode-se afirmar que foi o sistematizador da sociologia ou
ainda o “Pai do realismo sociológico”, cuja orientação era explicar o social pelo social e o
social como um fato mensurável, observável de acorda com a linha
positivista que representava
Para Durkheim os fatos sociais devem ser considerados como coisas. Este é um pressuposto de uma regra
metodológica da sociologia sistematizada por ele.
Características dos fatos sociais:
1. Coercitividade – conformação dos indivíduos
2. Exterioridade – existência exterior ao indivíduo
3. Generalidade – estado comum ao grupo.
Defendia o método sociológico para compreensão dos fatos sociais –
experimentação.
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2.3.A sociologia compreensiva ou interpretativa de Max Weber
Weber argumenta que as ciências sociais só podem ser compreendidas
através do contexto do objeto de estudo e de suas relações, portanto,
a seu ver a investigação científica deverá ter como objetivo principal a
compreensão interpretativa da realidade.
O método compreensivo permite a elaboração de HIPÓTESES sobre o
sentido da ação
A SIGNIFICAÇÃO CULTURAL DE UM ACONTECIMENTO SÓ PODE SER
ESTABELECIDA QUANDO SE PRODUZ UMA RELAÇÃO COM
VALORES...
Para Weber a sociedade não é apenas uma “coisa” exterior e coercitiva que
determina o comportamento dos indivíduos, mas o resultado de inúmeras
interações interindividuais.
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2.4. A sociologia em Karl Marx
Marx em seus estudos tem como de partida aconcepção materialista histórica e dialética do real. Ahistória do homem, neste sentido, não é derivada deum conjunto de idéias ou de uma idéia universal, masde uma realidade material, concreta construída nasrelações de produção do homem, dos fatos e das lutasde classes sociais.
Marx & Engels (1987, p.25-26) vão afirmar que a “produção deidéias, de representações e da consciência está em primeirolugar direta e intimamente ligada à atividade material e aocomércio material dos homens; é a linguagem da vida real (...)Não é a consciência que determina a vida, mas a vida quedetermina a consciência.”
Método materialista histórico para compreensão da realidade social:
Necessário se faz enfatizar que Marx e Engels concebiam a“matéria” ou o “materialismo” como “todos os fenômenos,coisas e processos que existem fora e independentemente daconsciência do homem” – Tese/Antítese/Síntese.
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3. CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO E SUA APLICAÇÃO
NA EDUCAÇÃO
daí a importância do olhar sociológico sobre a educação uma vez que a Sociologia é
aplicada à educação tendo como objetivo a compreensão do
mundo e do homem no espaço social.
A educação quer em sentido amplo,
quer em sentido específico é um processo social.
...se dá num contexto de interações sociais, sendo uma das interfaces que possibilita entender a realidade social, formas de organização da
sociedade e como tais elementos influenciam a vida do indivíduo,
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3.1. A educação na perspectiva da sociologia
clássica – identificando os representantes
Autores Clássicos- Sociologia – cosmovisão e contribuição
historicamente situada
a) Augusto Comte – considerado “Pai da Sociologia” - Foi o primeiro a
utilizar o termo em 1839.
b) - Sociologia Funcionalista - (Inculcação dos
valores sociais em nome de seu funcionamento)
c) Herbert Spencer - Sociologia Evolucionista (comparou a sociedade
com organismo biológico – sua forma de organização e
desenvolvimento)
d) - Sociologia Crítica (Ideologia e sua relação com a
educação/Educação e classes sociais)
e) – Sociologia Compreensiva (Possibilidade de
entender o fenômeno social também a partir das subjetividades entre os
sujeitos)
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3.1.1.
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3.1.2.
EDUCAÇÃO
DIMENSÃO PESSIMISTA
O capitalismo reduzia tudo, inclusive a educação, à mera busca por riqueza material e status –
TREINAMENTO DE UMA TIPOLOGIA DE HOMEM
Para ele, não há nada que se possa fazer a respeito...
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3.1.3.
Educação
as relações sociais e a prática interventiva no real, o trabalho
manual como mola propulsora da construção do conhecimento
educação integral baseada no trabalho produtivo como
princípio...
A escola será um espaço epistemológico de formação para a
ação de um mundo que requer intervenções conscientizadas em
processo dialético sobre as solicitações sociais.
A denúncia de Marx sobre a sociedade burguesa e a sua educação
reprodutivista solicita a formação do indivíduo da classe trabalhadora numa
dimensão da politecnia: ensino intelectual (cultura geral),
desenvolvimento físico (ginástica e esporte) e aprendizado profissional
(técnico e científico).
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4. TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO
Karl Mannheim
propõe que a sociologia sirva de embasamento teórico para educadores e educandos no objetivo
de compreenderem a situação educacional
moderna.
Propunha a formulação de projetos educacionais que ampliassem o horizonte do homem, que superasse as
divisões em blocos políticos e ideológicos
Em Mannheim a Sociologia da Educação se constitui como área de estudo específica...
Propõe a “educação sadia” – observa que é
possível a contribuição da coletividade no processo
educacional
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4.1. Representantes do pensamento sociológico em educação
Dewey - Escola Nova – Uma revolução educacional – O aluno como centro do processo ensino-aprendizagem
Karl Mannhein - A ed. Como planejamento da sociedade e
como técnica social
Esbablet & Baudelot –
1) denúncia da educação como reprodução das sociedades de classes
2) a linguagem que aparece na escola é propriedade de classes hegemônicas
3) explicação do fracasso escolar a partir das diferenças sociais.
Georges Snyders - 1) Forças progressistas presentes na
escola como agentes de emancipação do homem.
2) A escola como espaço de transformação social
Edmund Husserl, Heidegger, Dilthey(Fenomenologia e Educação)– a importância da
intersubjetividade para entendimento das interações sociais.
Antonio Gramsci – valor do trabalho e superação da dicotomia entre pensar e fazer na escola e na vida.
Bourdieu & Passeron – A escola como agência de
violência simbólica
Louis Althusser – A escola como inculcadora a ideologia
do Estado
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4.2. Representantes da sociologia educação no Brasil
A sociologia no Brasil se materializa na forma da sociologia da Educação...
• Expressão máxima – Em 1935 sob influência de Durkheim publica “Princípios de sociologia” – vê o aluno, no entanto, como indivíduo que participa do ato educativo.
• Em 1940 – “Sociologia educacional” – influenciou a formação de professores no Brasil e na América Latina
Fernando Azevedo
(1894-1974)
• Tradutor de uma obra de Durkheim “Educação e sociologia” - 1940
•
• Encampou os ideais da Escola Nova posteriormente.
Lourenço Filho
• Sob orientação de Fernando Azevedo ministrou cursos na USP sobre os Fundamentos sociológicos da Educação.
Antonio Cândido
(1918 -)
• Não tem uma formação específica em Sociologia da Educação, mas tem uma preocupação centralizada na questão educacional brasileira
• Publica um livro na década de 1960 (Educação e sociedade no Brasil) em que acentua os desvios históricos entre discursos e projeções do país.
Florestan Fernandes
(1920-1995)
• Situam as diferentes tendências do pensamento sociológico e sua vinculação com o âmbito educacional;
• Em 1963 publicam a coletânea “Educação e sociedade” - referência sobre os estudos sociológicos no Brasil.
Luis Pereira e Marialice M. Foracchi
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4.3. A sociologia da educação na contemporaneidade
Constitui-se um estudo sistemático sobre a educação por meio da utilização de referenciais teóricos e metodológicos da sociologia, mas acrescida de contribuições de distintos paradigmas para a compreensão da problemática educacional...
Como é caso da Teoria da complexidade de Edgar Morin...
Na perspectiva transdisciplinar de Morin, a ciência tornou-se de tal forma “burocratizada” e “cega” que resiste e rejeita quaisquer questionamentos, caracterizando-os como “não científicos” se não corresponderem ao modelo convencionalmente estabelecido, nisto reside sua “incapacidade de controlar, de prever, e mesmo de conceber o seu papel social, ... sua incapacidade de integrar, de articular, de refletir (sic) os seus próprios conhecimentos”
A transdisciplinaridade zela pela construção de um saber uno concebido na diversidade, onde o todo e as partes se interpenetram e se transpenetram, se ligam e religam sem parcelar o conhecimento.
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5. A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA
FORMAÇÃO DE EDUCADORES
a sociologia da educação, traz ao educador a possibilidade de entender as relações que se travam no interior da escola, da comunidade extra-escolar e das políticas públicas que constituem o sistema escolar.
Estuda os processos e condicionantes sociais relativos ao fenômeno educacional, por meio de métodos sociológicos específicos: experimentação, observação, comparação, questionário, entrevista, formulário, estudos
de caso, etnografia
Analisa a escola como grupo social de forma intrínseca e extrínseca, encaminhando questões que solicitam respostas
Explica a influência da escola no comportamento e na personalidade de seus membros, a partir de uma leitura de sua realidade,
Propõe encaminhamentos para a consolidação de reformas educacionais a partir da leitura do real,
Analisa os sistemas escolares à luz dos sistemas sociais e políticas públicas
Estuda os padrões, as necessidades e solicitações de interação entre escola e demais grupos sociais da comunidade,
Propicia a leitura dos condicionantes e determinantes para a formação do educador numa sociedade que solicita um profissional transversal em educação
Permite ao educador perceber que a educação não pode prescindir da leitura do contexto social para explicação e compreensão do fenômeno educativo e que só tem sentido numa
perspectiva coletiva.
Possibilita a compreensão da vida social em si e os condicionantes interferentes no fenômeno educacional
Problematiza o papel da educação e educação escolar na sociedade e em seu desdobramento em todos os seus âmbitos