Artigo_Não Maltratem a Educação

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Artigo| Não maltratem a educação13 de dezembro de 2013

Sabemos que educação não se faz só com dinheiro. Se faz com prioridade, com

determinação.

RICARDO RUSSOWSKY*

O Brasil é mesmo um país de contrastes. Ao mesmo tempo em que quer estar entre as

grandes e desenvolvidas nações, age na contramão. A má qualidade da educação

brasileira é um exemplo típico. Sabe-se que educação e produtividade são irmãs

siamesas. Com baixo investimento em educação, o Brasil não consegue avançar. Não se

trata de uma opinião. Os números escancaram esta realidade. Entre 2002 e 2012,

avançamos apenas 1% ao ano, muito abaixo dos países do Brics. E ocupamos as últimas

posições no ranking geral do Pisa (principal exame internacional da educação básica que

avalia estudantes de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências). Dos 65 países

comparados, o Brasil ficou em 58º lugar. E vem perdendo posição, porque em 2009

estava na 54ª posição.

A prova do Pisa aplicada pela OCDE (organização das nações mais desenvolvidas)

acendeu o sinal vermelho no Brasil, que ficou entre os piores _ mesmo que tenha evoluído

levemente em matemática. Uma realidade que leva (ou deveria levar) a pensar muito

mais nas soluções. Vamos ter que evoluir da maneira mais simples: começando a estudar

mais e melhor.

Nossos alunos, que não sabem o básico do básico, se atrapalham na interpretação de

textos da sua própria língua e tropeçam nas contas. E não é por não fazerem a lição de

casa. Aliás, a lição de casa não está sendo feita por ninguém. Começa pelo governo, que

não mostra qualquer interesse em mudar de página.

Diferentemente dos asiáticos, a educação verde-amarela não é valorizada. Os professores

de lá são reverenciados, ganham bons salários e participam de uma carreira meritória e

nobre. No Brasil, a miséria dos salários é autoexplicativa.

Sabemos que educação não se faz só com dinheiro. Se faz com prioridade, com

determinação e com crença no futuro. Valorizados, professores e mestres terão o prazer

de investir e multiplicar seu conhecimento através do ensino, até porque sabemos que

esta classe de educadores tem vocação de sobra.

Mas aqui não é assim: um terço de nossos alunos, aqueles mesmos que foram avaliados

pelo Pisa, já repetiram de série. Muitos fizeram o Ensino Fundamental em 12 e não em

nove anos _ uma rotina nas escolas brasileiras.

Cresce também o abismo entre escolas particulares e públicas. E a medida é mais

assustadora ainda por regiões. Sul e Sudeste à frente. Norte e Nordeste entre os 10

piores lugares do planeta no ensino da matemática.

As soluções são velhas conhecidas, mas esquecidas. É preciso incluir valor no ensino, não

maltratar a educação como faz o governo ao desvalorizar nossos mestres.

É fundamental acrescentar valia nesta lição. É preciso acreditar que é possível, sim,

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desde que tenhamos professores satisfeitos.

Temos que ganhar onde estamos perdendo feio. Caso contrário, nem é bom pensar…

*Presidente da Federasul

Fonte:

http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2013/12/13/artigo-nao-maltratem-a-educacao/?topo=13,1,1,,,13