Artigo matheus koerich a patria de chuteiras na europa

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Universidade do Vale do Itajaí Centro de Educação São José Curso de Relações Internacionais A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE MATHEUS SELL KOERICH Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Relações Internacionais pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. Professor Orientador: MSc. Paulo Jonas Grando UNIVALI - São José SÃO JOSÉ - 2010

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Universidade do Vale do Itajaí Centro de Educação São José Curso de Relações Internacionais

A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS

PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES

BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE

MATHEUS SELL KOERICH

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

banca examinadora como parte das exigências

para a obtenção do título de bacharel em

Relações Internacionais pela Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI.

Professor Orientador: MSc. Paulo Jonas Grando

UNIVALI - São José

SÃO JOSÉ - 2010

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RESUMO

Palavras-chave: Brasil, Europa, Futebol Internacional, Jogadores de Futebol, Negócios

Internacionais.

Abstract

Key-words: Brazil, Europe, International Business, International Soccer (Football), Soccer

Players.

Este artigo discute a importância do futebol na esfera dos negócios internacionais. Nesse

sentido, o foco é a “exportação” de jogadores profissionais do Brasil que passam a atuar na

Europa e secundariamente, observa a importância econômica deste negócio internacional

para a Balança Comercial Brasileira nos últimos anos. Através de pesquisa empírica e com

base em dados secundários apresenta os principais motivos alegados por atletas e pelos

clubes para os venderem, e os primeiros por optarem jogar futebol em outro continente.

Neste contexto, e com o foco na Europa, realiza-se o diagnóstico de quais os principais

destinos para os atletas naquele continente. O exame destas informações permite mostrar

que, de fato, o futebol através das transações entre clubes, federações, agentes FIFA e atletas

criam oportunidades e com isto alavancam negócios neste meio, o que faz movimentar

valores em termos econômicos no cenário internacional, o que reflete na economia do Brasil

e dos países da Europa, foco deste estudo. Com isto, constata-se que o Brasil exportou cerca

de dois mil e quatrocentos e trinta e seis (2.436) jogadores de futebol para os principais

destinos do exterior, ou seja, o equivalente a cerca de cem (100) times de futebol formados

por jogadores titulares e suplentes.

This article presents the importance of Soccer (Football) and the Soccer Business

internationally. Then, the main focus is the “exportation” of professional Soccer Players

from Brazil to Europe to work (play soccer hired by a club). Followed by that, the article

notes the economic importance in international business for the Brazilian Trade Balance in

the last five years. After that, an empirical research has been made which shows the main

reasons given by soccer athletes and clubs about the option to play soccer in another

continent and sell their athletes. After all, the examination of these allegations allows and

explains that, in fact, Soccer and its players transfers between clubs, federations, FIFA

Agents create opportunities to leverage countries and continents economy in the

international plan, reflecting in Brazil and Europe, focus of this paper.About these theme, it

was noted that Brazil exported about two thousand and four hundred and thirty-six (2436)

soccer players to the major destinations abroad which means the equivalent of almost one

hundred (100) soccer teams formed by its players and substitutes.

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A PÁTRIA DE CHUTEIRAS NA EUROPA: UM ESTUDO DOS

PRINCIPAIS DESTINOS E MOTIVAÇÕES PARA JOGADORES

BRASILEIROS DE FUTEBOL ATUAREM NO VELHO CONTINENTE

Matheus Sell Koerich

Sumário: 1. Introdução; 2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o exterior e sua importância para balança comercial brasileira; 3. Características, motivos e estímulos para atletas profissionais brasileiros atuarem em solo estrangeiro; 4. Os principais destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa; 5. Considerações Finais; 6. Referências Bibliográficas. 1. INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda uma questão que não é nova no cenário internacional, porém

se mostra pouco estudada no mundo acadêmico das Relações Internacionais (RI)1: trata-se da

temática esportiva2. Especificando, discute-se a “exportação” de jogadores de futebol

brasileiros para o continente europeu. A delimitação deste cenário está centrada na

importância econômica desta “área de negócios internacionais3”, atrelada ao Setor de Serviços

Brasileiro4, nos motivos que produzem o fato empírico e nos principais destinos profissionais

em que atuam os jogadores brasileiros de futebol, na Europa.

Do exposto, o problema da pesquisa envolveu os questionamentos que seguem: a)

Qual é o comportamento econômico que a exportação de jogadores profissionais produz na

balança comercial brasileira dos últimos anos? b) Quais são os principais motivos alegados

1 Neste caso, Relações Internacionais em maiúsculas se refere à disciplina acadêmica. E relações internacionais

em letras minúsculas aborda o conjunto de intercâmbios que acontece entre nações, povos e/ou culturas. 2 Este tema é bastante novo. Por exemplo, em uma pesquisa rápida no guia de assuntos já abordados pela mais

prestigiada revista brasileira dedicada à política externa e às relações Internacionais (Revista Política Externa) os

temas de esporte e futebol não aparecem, mas na prática o governo brasileiro utiliza-se da Seleção Brasileira de

Futebol para promover o país no exterior, em campanhas pacifistas como no caso da partida de futebol entre o

time brasileiro e a Seleção do Haiti em 18 de agosto de 2004, no Estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe (Haiti). 3 O Manual de Negociações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP,

elaborado por seu Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior – DEREX, destaca que as

negociações servem, sobretudo, para possibilitar a liberalização do comércio entre os países e para garantir um

ambiente mais seguro para produtores e investidores. Disponível em:

http://www.fiec.org.br/artigos/negocios/manual_negociacoes_internacionais.pdf Acesso: 25 de julho de 2010. 4 De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, o setor de serviços

(ou terciário) da economia brasileira envolve a comercialização de produtos e a prestação de serviços comerciais,

pessoais ou comunitários à população. As estatísticas disponíveis revelam a importância do setor de serviços

para a economia brasileira. Em 2008, o setor contribuiu com 65,3% do valor adicionado ao PIB e foi, no mesmo

período, o principal receptor de investimentos diretos (38,5%). Tradicionalmente, é também o maior gerador de

postos formais de trabalho do País: segundo dados do Ministério do Trabalho. Disponível em:

http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=2412 Acesso: 25 de julho de 2010.

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por clubes e jogadores para a venda ou para os profissionais optarem por atuar no exterior? E

c) Quais são os principais destinos nacionais destes jogadores no continente europeu?

As principais premissas teóricas (liberalismo, construtivismo, realismo, e marxismo)

das RI enfocam, predominantemente, a Política Internacional. Esta condição está atrelada ao

fato de que nas relações entre atores dotados do instituto da soberania, o fator político torna-se

determinante para o exercício e defesa de suas prioridades (OLIVEIRA, 2008). Mas isto não

impede que outros assuntos e temas que não façam parte da política internacional, como o

futebol, não sejam trabalhados por àqueles profissionais que atuam com RI.

Desta maneira, pode-se apontar que na disciplina de RI este é um tema novo, devido

ao foco que se dá a esta carreira, onde as pesquisas estão mais ligadas a disciplinas como

diplomacia, teorias de Relações Internacionais, política externa, ciência política, direito

internacional, entre outras. Porém, ao abordar negociações internacionais na área esportiva,

um internacionalista, ao atuar como negociador entre clubes e atletas, também faz o papel de

diplomata, porém não representando um Estado e seus interesses, mas sim interesses

comerciais de entidades, clubes ou pessoas.

Ao tratar de negócios internacionais na área do futebol nota-se a importância da

globalização, a qual afeta, principalmente, o contexto econômico e cultural da atividade. Este

subsetor da economia, atrelado ao setor de serviços, atua com a chamada “produção de

emoções”. Neste sentido, o futebol, conhecido no Brasil e na Europa como o esporte das

massas se destaca, pois nenhum outro segmento esportivo é tão internacionalizado como este.

Este aspecto gera uma indústria específica muito grande em termos de movimentação

econômico-financeira. Por isto e esta é uma das razões, a escolha do tema baseou-se pela

importância dada a este esporte no plano internacional e principalmente pelos seus reflexos no

espaço nacional. No Brasil este esporte movimenta bilhões anualmente, através de seus

Clubes, Federações, Associações, Agentes FIFA56

, investidores, atletas, e outros atores que

atuam nesta “indústria”.

Ao ser tratado como um negócio internacional, isto desde 1910 (COELHO, 2009), a

exportação de jogadores profissionais pelo Brasil se destaca. A questão é vista pelos valores

financeiros que a atividade apresenta: consideradas altas e em elevação. Nesse sentido, as

transferências de determinados atletas, realizadas com diversos países do mundo, apresentam

a Europa como o continente onde estas magnitudes financeiras são crescentes.

5 Fédération Internationale de Football Association – FIFA (Federação Internacional de Futebol – FIFA)

6 A atividade de Agente FIFA consiste em representar atletas e clubes nas transações nacionais e internacionais e

outros tipos de negócios profissionais envolvendo o futebol, buscando as melhores oportunidades e procurando

estabelecer uma relação profissional e de respeito com os clubes.

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A identificação das características, incentivos e estímulos dados a estes atletas

profissionais para atuarem em solo estrangeiro e o que lhes é proporcionado para exercerem

esta profissão em clubes daquele continente é o objetivo deste estudo. Por isto, este artigo

buscou pesquisar a importância econômica da exportação de jogadores profissionais na

balança comercial brasileira nos últimos anos, os principais destinos destes jogadores no

continente europeu e os motivos mais alegados por clubes, agentes de futebol e jogadores para

optarem por atuar no exterior.

Ao abordar as transferências de jogadores brasileiros de futebol, a pesquisa observou

os principais destinos na Europa, os incentivos e os principais motivos que levam os

jogadores a tomar a decisão de se transferir para um clube de outro continente. Neste caso, via

pesquisa bibliográfica e entrevistas com jogadores profissionais, foram levantados alguns dos

fatores que são freqüentemente mencionados como fundamentais nestas decisões. No mesmo

sentido, dados da balança comercial brasileira de serviços foram utilizados para demonstrar os

valores referentes a compra e venda de atleta profissionais, isto com base nos dados do

Boletim Anual de Relações Econômico-Financeiras com o Exterior, do Banco Central do

Brasil – BACEN e dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via

Internet, denominado Alice Web, desenvolvido pela Secretaria de Comércio Exterior

(SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. No

mesmo sentido as relações de Transferência Internacionais da Confederação Brasileira de

Futebol – CBF permitiram detalhar os principais destinos dos jogadores brasileiros nos

gramados europeus.

Do exposto, a estrutura do trabalho observa que a primeira seção trata dos aspectos

econômicos das transferências de jogadores de futebol para o exterior e as conseqüências na

balança comercial brasileira nos últimos anos. Em seguida, após as estruturas analisadas em

conjunto e informações coletadas com atletas profissionais desta categoria, é apresentado os

principais motivos alegados por jogadores para serem vendidos ao exterior, e o que os levou a

tomarem estas decisões. Por fim, abordam-se os principais destinos europeus para jogadores

brasileiros praticarem o futebol.

2. Indicadores sobre as transferências de jogadores brasileiros para o

exterior e sua importância para balança comercial brasileira

O foco e a justificativa apresentada possibilitam o estudo do assunto sob o ângulo

dos negócios internacionais. Como qualquer outro setor da economia, o instrumento de

exportação de atletas é visto como um fator de ganha-ganha entre atletas e clubes. Por um

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lado, os europeus ganham com a qualidade nos gramados, estádios cheios e a aplicação de

técnicas de marketing7 das mais diversas formas, por terem em seu clube um ou mais

brasileiros, e por outro, o lado dos clubes brasileiros, as negociações são vistas com um

propósito importante: o de os clubes se livrarem das dívidas. É o que aponta Damiani (2009),

para quem “a participação da venda de jogadores na composição da receita de diversos clubes

brasileiros de futebol está situada, tipicamente, em aproximadamente 25%. Essa constatação

ressalta que se trata de um item de receita que tem se mostrado fundamental para que muitas

agremiações possam buscar o equilíbrio de suas despesas e receitas”. Continuando na

discussão do assunto, o autor consultado observa que:

Pode-se já entender que, do ponto de vista de transações, envolvendo atletas,

submeter-se-ia, se assim se pode dizer, à força da gravidade, que estabelece a

atração de dois corpos como diretamente proporcional às suas massas e

inversamente proporcional ao quadro da distância entre eles. Como decorrência,

atletas tenderão a gravitar em torno de massas de maior expressão econômica, como

representadas pelas ligas européias, no lugar de buscar órbitas associadas a massas

menores. É natural, portanto, que sejam por elas, as ligas mais expressivas, atraídos

e retidos, em sua maior parte (DAMIANI, 2009).

O futebol é um espetáculo de massas que movimenta números astronômicos em

público e dinheiro (CARRANO, 2000). Neste caso, os jogadores são os artistas deste

espetáculo, mas também são mercadorias expostas nas “vitrines” que são os clubes, e ainda,

nas “vitrines eletrônicas” como sites de internet, rádios e televisão. Neste sentido, o esporte e

seus principais personagens são produtos prontos para ser consumidos por cidadãos-

consumidores do mundo globalizado, como apontado por Paulo Cesar R. Carrano.

Este tipo de negócio internacional figura como uma importante atividade pelos

valores que movimenta na balança comercial brasileira de serviços. Esta é mais uma

justificativa relevante para o foco desta parte do trabalho. A questão financeira é importante e

este aspecto se sustenta na supremacia econômica dos países, e conseqüentemente de seus

clubes. De acordo com Paulo Vinícius Coelho (2009) esta filosofia tem os empresários do

ramo como os principais protagonistas.

Buscando aprofundar esta questão, em Lucas Amorim Pereira (2007) é possível de

observar que a exportação de jogadores cresceu 650% nas últimas três décadas, seguindo a

mesma trajetória da exportação de serviços. Ao abordar o ano de 2006, o autor cita que neste

período o setor do futebol se expandiu em 35%, em relação ao ano anterior, e chegou a marca

de R$ 12 bilhões. Neste a atividade, da “exportação de atletas”, movimentou 2,5% desse

7 De acordo com Kotler e Keller (2006) é o conjunto de atividades que têm por finalidade a criação e divulgação

de ações que correspondem a um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas divulgam e

podem obter aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e

serviços de valor com outros. E ainda de acordo com Kotler: "Marketing é a atividade humana dirigida para a

satisfação das necessidades e desejos, através dos processos de troca."

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montante, ou R$ 300 milhões. Ainda, agora observando este aspecto no mundo, isto pode ser

observado por uma das mais prestigiadas instituições de pesquisas do país:

De acordo com o relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro

(2000) da Fundação Getúlio Vargas - FGV, que inclui os agentes diretos, como

clubes e federações, e indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a

mídia, o futebol mundial movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares

anuais (LEONCINI & SILVA, 20038).

Neste sentido, Pereira (2007), através de dados do Banco Central do Brasil, revela que

as atividades empresariais e profissionais lideram a pauta de exportações, com 38% do total.

É neste posto que se destaca o futebol e o trabalho dos jogadores, sobre os quais a FGV

apresenta que o PIB deste esporte cresce a níveis de 10,8% ao ano e representa 1,95% do PIB

nacional. Porém, na contramão desta expansão os clubes que disputam o Campeonato

Brasileiro acumulam dívidas de cerca de R$ 900 milhões e apenas 4,3% dos atletas ganham

mais de vinte salários mínimos por mês. Por isto, Pereira (Op. cit.) aborda que, neste contexto,

a exportação de jogadores é inevitável.

Também Carrano (2000), ao enfatizar a globalização do futebol em sua obra, constata

que este esporte está presente no dia-a-dia dos negócios internacionais, e movimenta valores

em transações dos mais diversos tipos. Tais negócios envolvem: a) direitos de transmissão de

jogos (de ligas nacionais como o Campeonato Brasileiro, Série A Italiana, Liga Espanhola,

Copa Libertadores, Copa do Mundo FIFA, Eurocopa, Copa América, e outros campeonatos

ao redor do mundo) entre cadeias de televisão públicas; b), patrocínios em camisas dos clubes

(exemplos atuais do clube de futebol A.C. Milan e a empresa aérea Emirates Airlines no valor

de €60 milhões por quatro anos); c) transmissão de jogos por rádio; d) compra de terrenos

para construção de novos estádios; e) direitos de naming de estádios (caso da empresa PPL

Energy Plus junto ao estádio do clube Philadelphia Union dos Estados Unidos, o que

significou mudar o nome do estádio para PPL Park pelos próximos 11 anos pelo valor de

€14,7 milhões); f) fornecimento de equipamentos esportivos cujo principal exemplo é a

atuação da multinacional Nike9 para clubes por todo o plano internacional.

Com isto, a “globalização no mundo do futebol”, faz com que jovens e torcedores

adotem clubes e ídolos globais. Esta força mundializada10

do futebol é impulsionada por

imagens capazes de criar torcedores de times europeus em bairros populares do Rio de

8 LEONCINI, M. P. & DA SILVA, M. T. Entendendo o Futebol como um negócio: Um estudo exploratório.

2004. Disponível em: http://tinyurl.com/2dxr8mc Acesso: 22 de abril de 2010. 9 Futebol Finance. Os 15 maiores negócios do futebol em fevereiro de 2010. Disponível em:

http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-fevereiro-2010 Acesso: 11 de abril de 2010. 10

Termo francês, que ao se referir a Mondialisation, designa expansão e harmonização entre as nações,

atividades humanas e sistemas políticos em todo o mundo, afetando as pessoas, na maioria das vezes, com

efeitos ao que se refere a transferências, intercâmbios internacionais de bens, trabalho e conhecimento.

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Janeiro, vender camisetas do Flamengo em Moscou, bonés do “Barça11

” em Salvador e faz

com que marcas de empresas esportivas norte-americanas sejam pirateadas e vendidas nos

inúmeros mercados informais, como no Calçadão de Madureira, na cidade do Rio de Janeiro

(CARRANO, 2000).

Ao aprofundar a discussão sobre a “exportação” de jogadores de futebol, com foco na

Europa, é importante destacar algumas observações apresentadas por Eduardo Galeano em

sua obra, Futebol ao Sol e à Sombra (2004). Nesta, o autor aborda pontos relevantes sobre

questão dos “preços” deste material humano. Ele afirma que dirigentes, agentes, procuradores,

empresários e demais atores deste cenário ocupam um espaço relevante na mídia nacional e

internacional e elabora uma crítica interessante. Segundo ele, antigamente os “passes” se

referiam à viagem da bola de um jogador para o outro; agora, os passes aludem, antes, a

viagem do jogador de um clube para outro de um país para outro. Neste sentido, os valores

das transferências de atletas brasileiros para o exterior estão em elevação e os atletas estão

saindo do país em idades menores12

. Como exemplo, merece destaque o caso do atacante

Neymar13

do Santos F.C., que no ano de 2006, quando ainda estava nas categorias de base do

clube Santista, sofreu assédio de clubes Europeus, como o próprio Real Madrid.

Neste diapasão, os dados apontam que o processo das transferências de jogadores de

futebol do Brasil para o exterior representa 0,3% na Balança Comercial Brasileira de acordo

com o Relatório Anual do Banco Central do Brasil14

de 2008 (figura 01 a seguir).

11

Alusão ao F.C. Barcelona, clube espanhol. 12

É o que ressalta Paulo Roberto Falcão, ao escrever o prefácio do livro Bola Fora – A história do êxodo do

futebol brasileiro, de Paulo Vinicius Coelho (2009). Segundo Falcão, hoje tem jogador que nem se

profissionalizou ainda e já está saindo. Ele aponta que o público e os torcedores costumam ver essas transações

como negócios, e é um fato real, pois a realidade do futebol é a realidade do mercado. 13

O atleta Neymar do Santos FC é foco de clubes Europeus como Real Madrid e o Chelsea de Londres. Na mira

do Real Madrid, Neymar é chamado de 'Messi brasileiro' por diário espanhol. Sensação do Santos estaria

avaliada em €30 milhões (ou R$ 72 milhões de acordo com o câmbio do dia 14/04/2010). Fonte:

GLOBOESPORTE.COM Disponível em: http://tinyurl.com/38evhzp Acesso: 15 de abril de 2010. 14

Segundo o Banco Central, os dólares provenientes da venda de atletas entram e são computados na Balança

Comercial de Serviços. O órgão começou a contabilizar os valores das transferências em 1993, e desde então, a

exportação de jogadores já rendeu ao país mais de US$1 bilhão.

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Figura 01 – Exportação de atletas em milhões de dólares.

Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN.

Os dados do quadro 115

, podem ser considerados pequenos se comparados com os

US$152,9 bilhões16

que o país exportou no ano de 2009. No entanto, a exportação de

jogadores, se tomada individualmente é um negócio importante. O aumento destes números

não quer dizer que o país é ou se tornou o ator que movimenta cada dia mais valores no plano

internacional neste setor da economia, porém não fica para trás nesta leitura. Contudo, pode-

se apontar que é definitivamente um agente relevante, se não o mais importante, quando se

fala deste esporte no sentido de “fabricar” novos atletas. A Inglaterra, por exemplo, na

temporada 2008/2009 investiu £812 milhões17

na compra de jogadores. Porém, diferente do

Brasil e de outros países da América Latina, os ingleses não buscam a venda de atletas como

15

Dados do Banco Central, apud NERY, André Luís. Brasil exporta mais atletas, mas ganha menos, extraído

pelo autor do portal G1 – O portal de notícias da Globo – Economia e Negócios. Disponível em:

http://tinyurl.com/2fkwa8t Acesso: 13 de abril de 2010. 16

Informações disponíveis em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Acesso: 15 de abril de 2010. 17

Site LANCE!NET. Futebol Brasileiro lucra fortuna com transferências. Lance!Net, LancePress. Disponível

em: http://www.lancenet.com.br/noticias/09-02-05/482261.stm?futebol-brasileiro-lucra-fortuna-com-transferencias. Acesso:

6 de abril de2010.

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receita para a continuidade do negócio, mas fazem isto via ações de marketing das mais

diversas maneiras, inclusive e principalmente com os atletas brasileiros contratados.

A perspectiva de evolução deste negócio implica no aumento de investimentos em

jovens por parte dos clubes de futebol, agentes FIFA, empresários e outros métodos de

investimento. Ao adquirir os passes dos jovens antes de suas carreiras deslancharem existe a

responsabilidade destes atores se tornarem os empregadores destes atletas ainda no Brasil.

Esta estratégia é bastante utilizada, pois ela representa custos muito inferiores daqueles que

um clube ou empresário deveria arcar se a jovem promessa se transformar em um atleta que

deslanche no mercado, “exploda”, ou seja, seu talento seja reconhecido por especialistas. Por

isto, os empresários “assumem” os salários destes jovens atletas nas condições brasileiras e

programam suas carreiras até estes jogadores atuarem no exterior.

É certo que há riscos para os clubes e para os investidores. Um exemplo empírico é o

caso do Figueirense Futebol Clube18

. Nesta instituição, nos últimos dez anos, um novo

modelo de gestão19

foi implantado e uma das áreas que recebeu maior atenção por parte da

direção foi a de formação de atletas. A assessoria de imprensa do clube avalia que no Brasil,

dentre as principais fontes de receita de um clube de futebol profissional que almeja

crescimento técnico e econômico, está a negociação20

de jovens valores formados no próprio

clube. Os dirigentes do clube citado apontaram que em 2008, cerca de 11% do orçamento

total do clube, ultrapassando a soma de três milhões de reais, foram destinados somente para o

investimento na formação de jovens talentos.

18

Figueirense Futebol Clube. Figueirense é apontado como uma das melhores categorias de base do país.

Assessoria de Imprensa. Disponível em: http://tinyurl.com/2awp98u Acesso: 15 de abril de 2010. 19

De acordo com o conceito clássico inicialmente desenvolvido por Jules Henri Fayol, compete a gestão atuar

através de atividades de planejamento, organização, liderança e controle, de forma a atingir os objetivos

organizacionais pré-determinados. Porém não seja possível encontrar uma definição universalmente aceite para o

conceito de gestão e, por outro lado, apesar deste ter evoluído muito ao longo do último século, existe algum

consenso relativamente a que este deva incluir obrigatoriamente um conjunto de tarefas que procuram garantir

todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos objetivos pré-determinados. Por

outras palavras, cabe à gestão a otimização do funcionamento das organizações através da tomada de decisões

racionais e fundamentadas na recolha e tratamento de dados e informação relevante e, por essa via, contribuir

para o seu desenvolvimento e para a satisfação dos interesses de todos os seus colaboradores e proprietários e

para a satisfação de necessidades da sociedade em geral ou de um grupo em particular. 20

Para Lewicki, Saunders e Minton na obra Fundamentos da Negociação (2002), este não é um processo

reservado apenas ao diplomata habilidoso, ou a um advogado: é algo que todos fazem dia-a-dia. Embora os

interesses não sejam tão importantes como acordos de paz ou fusões de grandes empresas; as vezes as pessoas

negociam coisas maiores como um novo emprego, e em outras vezes coisas relativamente menores, como lavar

os pratos. Isto ocorre devido a um destes dois motivos: 1 – Criar algo novo que nenhuma das partes poderia fazer

por si só ou 2 – para resolver um problema ou uma disputa entre as partes. Já o Institute of World Affairs, órgão

da Organização das Nações Unidas - ONU define que a negociação em seu nível mais fundamental pode ser

definida como o processo em que duas ou mais partes compartilham idéias, informação e opções para atingir um

acordo mutuamente aceitável. A negociação é um processo que envolve o intercâmbio de propostas seguras e

garantias, freqüentemente por escrito. É então o meio pelo qual as pessoas buscam o entendimento e o consenso.

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Para exemplificar os aspectos acima destaca-se os atletas das categorias de base que

fizeram parte do clube em sua história recente e que foram negociados com clubes do

exterior. A nominata é a que segue: zagueiros: Felipe Santana (para o Borussia Dortmund da

Alemanha), Rafhael (para o Porto de Portugal) e Édson (para o Porto de Portugal), o volante

Pedro (para o Salamanca da Espanha), o atacante Michel Simplício (para o Naval de

Portugal), os laterais: Filipe Luís (para o Ajax da Holanda, Real Madrid “B”, La Coruña da

Espanha e convocado para a Seleção Brasileira), Massari (para o Porto de Portugal) e

Guilherme (para a Udinese da Itália), entre outros.

Com isso, retomando a discussão sobre a importância dos valores envolvidos no

negócio de exportação de jogadores de futebol este aspecto pode ser melhor dimensionado

pelo exame do quadro abaixo. Neste apresentam-se informações sobre os últimos anos desta

atividade para a economia do país cujo tema foi abordado pelo jornalista André Luís Nery, ao

abordar as transferências de jogadores de futebol nos anos de 2005 e 2006.

Figura 02 – Vendas de atletas x produtos, em milhões de dólares.

Fonte: Banco Central do Brasil – BACEN e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –

MDIC.

A figura 02 mostra os valores referentes a produtos comuns do dia-a-dia do brasileiro,

e exportáveis, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior – MDIC, através de seu Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior

via Internet, denominado ALICE Web. Neste sentido, ao analisarmos a representação esta

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mostra a posição da venda de atletas (que é um item considerado como serviço para o Banco

Central do Brasil) frente a diversos produtos da balança comercial brasileira, como banana,

mamão, melão, uva, equipamentos médicos, pimenta em grão, maçã, lagosta congelada e trigo

em grão. Os dados mostram que a exportação de jogadores representou para o Brasil no

período em exame rendimentos de mais dólares do que as vendas de diversas frutas

tradicionais da pauta exportadora brasileira.

Esta relação, porém, é somente parte do que há por de trás desta atividade

internacional. Os valores das transações dos atletas no momento da venda não correspondem

somente àqueles números, até porque os jogadores recebem altos salários mensais pelos

clubes em que se sujeitam a jogar, e também recebem prêmiações, valores por participação

em mídias e marketing em geral. Dada as condições sociais de muitos destes atletas, boa parte

deles reinvestem seus ganhos no Brasil. Ou seja, grande parte destes recursos investidos neste

material humano volta a seu país de origem, das mais diversas formas, através de empresas,

fundações21

, obras sociais, gastos com imóveis, bens de consumo e outros.

Sobre este aspecto, José Trajano, na obra Cartão Vermelho: Os bastidores do Esporte

(2004) alude a um exemplo desta observação. Trata-se do caso do artilheiro da Bundesliga22

de 2004 pelo clube Werder Bremen, o jogador Aílton. O resumo a seguir é uma ilustração dos

argumentos do autor sobre o problema da falta de oportunidades no Brasil, a esperança de

sucesso no futebol e para aqueles que se destacam, a perspectiva da Europa como destino.

Neste texto, José Trajano (2004) resgata que o atleta em questão, à época, tornou-se o

maior artilheiro da Europa e ganhou a chuteira de prata. Pois bem, Aílton é oriundo de uma

cidade chamada Mogeiro na Paraíba, com aproximadamente 10 mil habitantes. Nas férias, o

atleta volta a sua cidade e se reúne todos os dias com pessoas para atender seus pedidos,

escritos em pedaços de papel: nestes uns querem poltronas, outros passagens para algum

lugar, outros ainda querem arrumar o telhado de casa, cestas básicas e por aí vai.

Aílton está na Alemanha há seis anos e não fala uma palavra em alemão. É uma

pessoa que se salvou da vida miserável por meio do futebol. Por isto, é enorme o número de

crianças que aparecem nos clubes onde haja peneira23

. No caso dos que conseguem, com a

atual situação dos clubes brasileiros, a Europa é destino inevitável. O futebol é para poucos.

Os que já são craques não têm alternativa senão sair do país. Onde mais haveria lugar para um

Kaka‟ ou um Ronaldinho senão na Europa, onde acontecem os melhores e mais ricos

21

Exemplos de ex-jogadores da Seleção Brasileira como Cafu, com a Fundação Cafu – Alimentando sonhos, de

Raí, com a Fundação Gol de Letra e de Edmílson com a Fundação Edmílson – Semeando sonhos. 22

Campeonato Nacional de futebol da Alemanha 23

Nome popular dado ao processo seletivo de jogadores feito pelos clubes de futebol nas categorias de base, com

atletas que não sejam profissionais e tenham menos de 18 anos. Nesta atividade são observadas características

físicas (altura, peso, porte, velocidade, impulsão) e técnicas (passe, drible, lançamento). Disponível em:

http://www.sitedalusa.com/base/peneira.php Acesso: 22 de abril de 2010.

Page 13: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

13

campeonatos do mundo? O que ocorre é que as seleções desses países europeus não jogam tão

bem porque não podem convocar esses jogadores estrangeiros – brasileiros muitas das vezes.

Os estrangeiros levam dinheiro para o campeonato, os tornam atrativos. Contudo, em

meio a valores como os apresentados e exemplos de atletas e seus casos em particular, é

inevitável que seja discutido o futebol como um tema internacional. O tema em evidência,

ligado a economia e ao plano internacional, possibilita estudar matérias como negociações

internacionais em cursos de graduação em universidades brasileiras. Neste sentido, aponta-se

na ilustração 03 a seguir os dados sobre o crescimento da atividade no país desde o início dos

anos 1990.

Figura 03 – Evolução das transferências dos jogadores brasileiros para o exterior entre 1992 e 2009.

Fonte: JACOBS & DUARTE, 2006; Confederação Brasileira de Futebol – CBF e Folha de São Paulo, 2009,

organizado pelo autor.

As informações da figura 03 permitem indicar o comportamento quantitativo de atletas

brasileiros que optaram por atuar no exterior. De acordo com fontes oficiosas, e desde que se

começou a registrar o número destas operações pelos clubes brasileiros e por suas federações,

o número pulou de 235 atletas em 1992 para 1.017 no ano de 2009, porém com pico de 1176

atletas no ano de 2008. Nos últimos dezoito anos, tomando o ano de 1993 como base e o de

2009 como referência, o aumento das exportações foi de quase 340%. Portanto, do exame dos

Page 14: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

14

números apontados pode-se concluir que, ano a ano, a quantidade de jogadores profissionais

que deixam os gramados nacionais para atuar no exterior vem aumentando significativamente.

Neste sentido a evolução desta atividade, destacando-se a questão das exportações e

retornos dos atletas, é outro fator a ser ressaltado. Este aspecto, devido a diversos processos e

acontecimentos por parte dos atletas, clubes, seus agentes e as federações, varia apenas em

relação às quantidades anuais. Por outro lado, se muitos jogadores saem do país para atuar no

exterior, muitos também retornam. Na figura 04 estes números são ilustrados para os anos de

2005 a 2009.

Figura 04 – Comparação entre os retornos e êxodo de atletas brasileiros para o exterior, entre 2005 e 2009.

Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF

Dos números apresentados na figura 04, observa-se que o ano de 2008 apresentou o

maior número de jogadores exportados, com 1.176 jogadores de futebol enviados ao exterior.

Contudo, o principal aspecto a ser ressaltado dos dados da figura 04 é que, na comparação

entre os que saem para o exterior e os que retornam24

, a linha que representa os atletas que

passaram a atuar no exterior sempre foi superior a dos que retornaram, ou seja, vão para o

exterior, todos os anos, mais atletas que aqueles lá estão e que retornaram ao Brasil.

Por fim, os números mostram dois aspectos significativos e complementares: existe

uma elevação constante do número de jogadores de futebol brasileiros que decidiram atuar no

24

Os números referentes as transferências na questão que trata dos retornos de jogadores brasileiros de futebol

ao Brasil abrangem não somente números advindos da Europa, mas todos os países e continentes que realizam

processos de transferências com a Confederação Brasileira de Futebol – CBF.

Page 15: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

15

exterior e também dos valores que o Brasil recebe pela venda destes profissionais. No mesmo

sentido, embora com dificuldades de levantar números oficiais, pode-se apontar que parte dos

ganhos que os jogadores brasileiros conseguem auferir no exterior são reinvestidos no Brasil.

Logo, também se observa que os números apontam que, sempre é maior o número dos

jogadores que saem para exercer sua profissão no exterior do que aqueles que estão

retornando ao Brasil. Do exposto, o próximo tópico aborda alguns dos principais motivos que

podem ajudar a explicar este êxodo dos melhores jogadores profissionais para o exterior.

3. Características, motivos e estímulos para atletas profissionais brasileiros

atuarem em solo estrangeiro

Existem fatores importantes e motivos a serem discutidos, em relação às questões que

levam um atleta a atuar fora de seu país e sair de sua “zona de conforto”, os quais são

abordados nesta seção. Os fatores de “decisão locacional” de um atleta para mudar-se para o

exterior não funcionam da mesma maneira que as decisões de uma empresa sobre onde

elaborar um produto qualquer, pois envolvem diversas questões, muitas vezes de cunho

particular. No mesmo sentido, o aumento do número de transações de jogadores, que passam

a atuar no exterior, não é garantia de que estes números manterão a tendência de crescimento,

também no futuro. Aspectos como a falta de adaptação a climas diferentes, fatores culturais,

alimentação, tratamento dispensado aos atletas25

questões salariais e contratuais estão entre os

diversos fatores que influenciam estas decisões.

Dados os aspectos já apontados, esta parte do trabalho também aponta alguns dos

principais motivos que os atletas pesquisados26

alegam para deixarem o Brasil e jogar um

dado período de tempo, em um país da Europa, principalmente. Ao estudar a obra de Eduardo

Galeano, vimos que o principal motivo deste êxodo foi a profissionalização do futebol.

Contudo, mesmo antes daquele período já acontecia de jogadores brasileiros serem

25

Exemplo disto são os episódios de mau comportamento do atleta Adriano (ex-jogador de Internazionale de

Milão, Flamengo, e em transição para o AS Roma da Itália), quando este jogador se atrasava para os

treinamentos diários na Itália (quando atuava pela Inter), o mesmo era punido, tinha conversas com o técnico

português José Mourinho (que é o atual campeão Italiano, da Super Copa da Itália e da Champions League pela

própria Internazionale de Milão) que lhe mandava de volta para casa, e como punição lhe cortou de partidas do

Campeonato Italiano. Porém, o atraso não fora o único motivo da punição pelo técnico, mas sim de que este não

teria gostado de saber que o jogador brasileiro tenha ficado em uma boate em Milão na madrugada de domingo

para segunda-feira (dia de treino) com outros amigos jogadores (como Ronaldinho Gaúcho do A.C. Milan).

Porém, no Brasil o tratamento é diferenciado, a Diretoria de seu ex-clube, Flamengo, perdoa o jogador na

maioria das vezes e não desconta salários, não deixa de relacionar o atleta para jogos. Isto é o que diferencia o

Brasil da cultura europeia. Disponíveis em: http://tinyurl.com/22wv8y8 & http://tinyurl.com/2eahxnz &

http://tinyurl.com/2dka34x Acessos: 3 de junho de 2010. 26

A pesquisa fora realizada com atletas profissionais da região de Florianópolis, entre clubes das séries A e B do

Campeonato Brasileiro de Futebol e demonstra a realidade de jogadores com relativo destaque no cenário

internacional, mas que atuam no estado de Santa Catarina.

Page 16: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

16

contratados por clubes europeus. É o que Coelho (2009, p.11), em sua obra Bola Fora: A

história do êxodo do futebol brasileiro27

destaca: “Arnaldo Porta [...] em 1914, foi o primeiro

brasileiro a jogar na Europa, mais precisamente no futebol italiano no clube Verona, nota-se

que esta atividade não é recente, não vem dos anos 1980 e 1990. Faz muito mais tempo do

que as pessoas costumam imaginar que os jogadores brasileiros vão embora para a Europa.

Nos casos apontados por Coelho (Op. cit.), destaca-se um motivo geralmente

influenciável na maioria das decisões dos atletas se afastarem de seu país: o aspecto

financeiro. Desde a década dos anos 1970 e 1980 e até recentemente, constata-se que a

experiência saudita resistiu. Contudo, no que se refere a negócios internacionais nesta área, há

que se ressaltar o seguinte: as oportunidades surgem para profissionais talentosos. Após 1980

e principalmente 1990, sob o comando dos empresários da bola, a intenção dos atletas é jogar

onde se paga mais e se tem mais visibilidade (COELHO, 2009).

Sobre isto, Eduardo Galeano, na obra Futebol ao Sol e à Sombra (1995), relata uma

lógica cotidiana sul-americana, e porque não brasileira. De acordo com ele, o jogador com

boas pernas e boa sorte: de seu povoado passa à cidade do interior; desta passa a um time

pequeno da capital do país; na capital, o time pequeno não tem outra solução senão vendê-lo a

um time grande; este, asfixiado pelas dívidas, vende-o a outro time maior de outro país; e

finalmente o jogador coroa sua carreira na Europa. Não é de hoje, Galeano já conseguia ler

esta atividade como uma indústria de exportação que despreza o mercado interno. Em sua

análise o autor lamentava que a drenagem contínua de jogadores tornasse medíocre o esporte

profissional na América, e o que isto desanimava o público que acompanha as competições.

Para complementar, sobre os motivos que os jogadores justificam sua opção em atuar

no exterior, a pesquisa empírica foi a estratégia utilizada28

. Nesta, buscou-se a investigar

atletas que repassassem informações sobre esta discussão, mas sem definir uma perspectiva

metodológica de base estatística para a seleção dos entrevistados, no que poderia ser definida

como uma enquete, apenas. Na investigação empírica entrevistamos o total de quarenta e nove

27

Encontram-se atletas e até alguns técnicos de futebol, que utilizamos como exemplo. “Rubens Minelli, ex-

jogador de futebol, até então técnico do São Paulo, explica: Eles me ofereceram sete vezes mais do que eu

ganhava no São Paulo. Na época, meu salário era o maior do país. Telefonei para minha mulher, que estava de

férias em São José do Rio Preto, e disse que estava arrumando as malas, que eu ia viajar para Riad27

. Minelli

disse que a conta era muito simples. Se eu ganharia sete vezes mais do que no Brasil, pensei: é como se eu

trabalhasse por três anos e recebesse o equivalente ao que receberia nos próximos 21. Tenho de aceitar – pensou.

No Oriente Médio, Minelli foi contratado para dar idéias técnicas aos jogadores. (COELHO, 2009, p. 99). 28

A metodologia utilizada na pesquisa foi um questionário. Este abordava doze questões onde o entrevistado

poderia assinalar todas as opções, com três alternativas (1 – razão mais relevante; 2 – razão relevante; e, 3 –

razão não relevante) de sua escolha. As opções para o atleta abrangiam questões como maiores salários, jogar ao

lado de atletas consagrados no cenário internacional, segurança pessoal e familiar, qualidade de vida superior,

maior visibilidade de seu trabalho no futebol mundial, busca por convocação a Seleção Brasileira, evolução

tática, prêmios, independência econômica, se fora levado por seu agente ou empresário, atuar em ligas ou

campeonatos melhor organizados e a opção “outros” que ficava ao critério de preenchimento pelo atleta, onde

alguns citaram a oportunidade de aprender novas línguas, conhecer países e culturas diferentes da sua, e auxilio

constante a seus familiares.

Page 17: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

17

(49) jogadores profissionais de futebol para tentar descobrir os motivos que estes alegam para

atuar em clubes do exterior, no caso, na Europa. Os principais resultados podem ser

observados a seguir, iniciando-se pela figura 05:

Figura 05 – Apresentação das importâncias dos fatores questionados aos atletas para atuarem na Europa.

Fonte: Pesquisa de campo, com atletas profissionais que atuam no Estado de Santa Catarina, nas séries A e B do

Campeonato Brasileiro de Futebol, sobre seus motivos para atuar no exterior, realizada pelo autor nos meses de

março, abril e maio do ano de 2010.

Dentro dos motivos que levam os atletas a irem a outro país jogar futebol, está em

primeiro lugar os salários recebidos naquele continente em relação ao Brasil. Como visto no

gráfico representado pela Figura 05, 88% dos atletas considera como muito relevante optar

por atuar no exterior em troca de maiores salários, 10% consideram a opção relevante e

apenas 2% não a consideram relevante29

.

Outra questão abordou a segurança dos jogadores e familiares. No Brasil, seqüestros

como o da mãe do jogador Robinho30

do Manchester City (da Inglaterra), atualmente

emprestado ao Santos e titular da Seleção Brasileira, por exemplo, são acontecimentos

freqüentes no meio do futebol. Assaltos, ameaças feitas por torcedores, arremessos de

objetos31

durante os jogos são outras questões de segurança. Quanto a estes casos, na Europa

são bastante raros e até mesmo arremesso de objetos nos campos de futebol, são casos pouco

freqüentes, pois a punição é severa. Neste sentido, indagamos aos atletas se eles buscam por

29

Nas entrevistas com os atletas, foi lhes solicitado que respondessem um conjunto de questões, e nestas assinalassem:

Muito relevante quando um determinado aspecto fosse essencial para sua motivação a jogar na Europa; Relevante

quando o assunto não era um item essencial, mas junto a outro conjunto fosse importante; e, Não relevante quando o

assunto não lhe motivasse a sair do Brasil para atuar no exterior. 30

CARVALHO, Samir. Temendo seqüestro, City contrata seguranças para Robinho. Terra Esportes. Disponível em:

http://tinyurl.com/25zporf Acesso: 27 de maio de 2010. 31

Flamengo vence, mas não consegue classificação na Taça Libertadores. Portal ESPBR. Disponível em:

http://tinyurl.com/25oofom Acesso: 27 de maio de 2010.

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18

locais com melhor organização para jogar futebol e que, ao mesmo tempo, estes assegurem

mais segurança pessoal e aos seus familiares. Por isto, na pesquisa empírica, também

abordamos se a decisão de atuar em outro país tinha relação com aspectos ligados a segurança

pessoal e familiar dos jogadores. Este aspecto foi considerado muito relevante por 51% dos

atletas, 25% a consideraram relevante e 24% definiram este aspecto com não relevante.

Uma questão abordada com os atletas indagou sobre a possibilidade de eles atuarem

ao lado de jogadores famosos, estrelas do futebol mundial. O resultado foi que 31%

consideram uma opção muito relevante, 63% analisam este aspecto como relevante, e 6% dos

entrevistados não a considerou relevante.

Neste mesmo aspecto entra a questão da qualidade de vida. Sobre isto 65% dos

entrevistados puderam afirmar que consideram muito relevante esta questão; que é relevante

foi respondida por dos 35% atletas. Sobre isto, alguns atletas responderam que a organização

das cidades europeias os impressionaram. Os meios de transporte, a alimentação de qualidade,

e até opções culturais acessíveis foram pontos realçados, e tudo isso sem o assédio em

demasia e abusivo de alguns torcedores que não sabem os limites do próximo.

Dentre outros motivos, ao viabilizar uma transferência para jogar no exterior um atleta

precisa se destacar ou demonstrar estar em ascensão profissional. Por isto indagou-se sobre a

questão da visibilidade do trabalho dos jogadores. Este aspecto é muito relevante para 71%

dos atletas, relevante para 25% deles e não relevante para 4% dos entrevistados. Sobre este

aspecto, de acordo com Lucas Amorim Pereira (2007), diversos jogadores, de níveis técnicos

diferentes são “importados” pelos clubes europeus32

. Os motivos para isto é que em um médio

clube europeu, ou até em uma pequena equipe, um jogador pode conseguir mais visibilidade,

o que pode contribuir para a possibilidade do atleta vir a atuar por um grande clube daquele

continente, do que por um clube grande no Brasil.

Na questão sobre fazer parte da Seleção Brasileira de Futebol, a pesquisa observou que

esta é a meta de muitos atletas profissionais. Sobre isto, 37% consideram a opção muito

relevante, 55% relevante e somente 8% não considera este um objetivo a ser alcançado. Dos

atletas convocados pelo atual técnico da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo da FIFA

2010 na África do Sul, dos 23 convocados, 20 atuam naquele continente. Por isso, a idéia de

que atuar naquele continente pode ser o caminho “mais curto” para atingir este foco. Os

únicos convocados atuando no Brasil são Robinho do Santos, Klebérson do Flamengo e

Gilberto do Cruzeiro. Mas neste sentido há quem seja contra os “estrangeiros” na Seleção, ou

pelo menos contra a banalização deste tipo de convocação33

.

32

PEREIRA (2007) destaca na obra Made In Brazil: Jogadores tipo Exportação, o exemplo de atleta, que passou por

clube de Santa Catarina em 2002, com salário em média de R$1,5 mil, e hoje defende um clube Espanhol da região da

Galícia, com salário em torno de R$ 13 mil, valor este próximo a dez salários mínimos espanhóis. 33

GUILHERME, Paulo. Perfil „estrangeiro‟ da seleção dificulta elo com a torcida, dizem especialistas. Portal G1 - O

portal de notícias da Globo. Disponível em: http://tinyurl.com/32zdfch Acesso: 27 de maio de 2010.

Page 19: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

19

Ainda, no Brasil não existe a prática de educar os atletas taticamente, diferente da

cultura européia, em que alguns técnicos treinam só fisicamente (leia-se atividades de

academia e jogos de bola chamados de “rachão”) e então, após isso, o treino tático. No Brasil

esta idéia está mudando com alguns técnicos chamados da “nova geração”, como Paulo Silas

(Grêmio), Ricardo Gomes (São Paulo), Dorival Júnior (Santos), Mano Menezes (Corinthians),

que perceberam em suas passagens pelo cenário internacional ou com estudos aprofundados

da modalidade que estas ações são importantes para as competições, pois a finalidade dos

clubes é ganhar títulos. Na pesquisa de campo buscou-se observar se os atletas abordados

viam o aspecto tático como um fator relevante ao optarem por jogar em um clube europeu.

Nas respostas que obtivemos 37% dos jogadores consideram este assunto um ponto muito

relevante; 51% disseram ser relevante e 12% consideraram a opção sem relevância alguma.

Outro fator solicitado foi a importância de prêmios que possam ser recebidos pelos

atletas. Dentre os pesquisados, 49% consideram que prêmios, honrarias, valores recebidos por

vitórias, empates e até derrotas são fatores muito relevantes para suas escolhas, seguidos de

35% que consideram relevantes, e 16% não consideram como uma opção válida ou relevante.

Na questão sobre quem trata de futebol, negócios e as relações internacionais entre

clubes e atletas foi abordado o tema representado pelos Agentes FIFA e empresários. Apesar

de estes atores serem vistos com desconfianças no cenário do futebol, sob o argumento de que

alguns deles geram más influências no mercado e até atitudes prejudiciais a alguns clubes,

pois visam apenas lucros, foi notado que o Agente FIFA tem papel no mundo do futebol. Uma

ligação telefônica pode mudar o caminho de clubes e atletas em poucos minutos. Devido a

elaboração de contratos de longa duração, com multas elevadas para segurar os atletas e um

conjunto muito grande de cláusulas com a finalidade de “garantir” os investimentos dos

clubes, é necessário que os jogadores possam contar com uma assessoria externa. Sobre isto,

em Futebol tipo Exportação, Lucas Amorim Pereira (2007) transcreve a opinião de um

Agente FIFA, para quem “a figura do agente existe como em qualquer outra profissão. Só que

no futebol somos mais visados pela mídia”. No mesmo sentido, o Antropólogo Arlei Damo,

que durante cinco anos pesquisou a formação de jogadores de futebol no Brasil e na Europa,

nota que o trabalho de pessoas como Empresários e Agentes FIFA é importante porque a

maioria dos atletas brasileiros têm baixo nível escolar e não dispõem de instrução e

capacidade de reconhecimento do mundo para gerir sua própria vida profissional. Nas

entrevistas com jogadores de futebol, notamos que a ida para o exterior através de um

empresário é considerada uma questão muito relevante em apenas 19% dos casos, relevante

em 16% das opiniões e não relevante para 65% dos atletas.

Por fim, na pesquisa de opinião com os atletas abordou-se, a questão da organização

das ligas de futebol européias, tais como os campeonatos nacionais (La Liga de Fútbol

Profesional (Espanha), Serie A (Itália), e Premier League (Inglaterra)) e ainda os campeonatos

Page 20: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

20

europeus como a Liga Europa da UEFA34

e a UEFA Champions League35

. No quesito da

organização dos campeonatos, isto foi muito relevante para 41% dos jogadores, relevante para

49% deles e 10% disseram não ser relevante. Ainda entre os pontos abordados,

disponibilizou-se para os atletas na pesquisa a opção de eles inserirem outras opções ao

questionário fechado. Os seguintes resultados: 4% desejam conhecer novas culturas, 6% tem

interesse em desenvolver aprendizado em novas línguas, 4% tem a vontade de conhecer novos

países, e 2% querem “ajudar suas mães”.

Dentre os motivos assinalados pelos atletas constatou-se que os principais são:

maiores salários, jogar ao lado de jogadores famosos e consagrados no cenário internacional,

e acesso à seleção brasileira de futebol foram os mais apontados. Mas argumento de Paulo

Roberto Falcão (2009) precisa ser levado em consideração: Ele observa que o profissional do

futebol precisa se adequar à realidade do mercado, pois segundo ele: vencer longe de casa

exige sacrifício, desprendimento, coragem e inteligência.

4. Os principais destinos para jogadores de futebol brasileiros na Europa

Apresentados os principais fatores motivacionais que os atletas apontaram para jogar

fora do Brasil, esta seção procura mostrar onde estão atuando os jogadores “exportados”. Com

foco na Europa buscou-se apontar as quantidades, os principais países de destino e as

principais características do cenário onde atuam a maioria dos jogadores naquele continente.

Para isso, utilizaram-se informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, com base

de dados disponibilizada ao público desde o ano de 2005. Marginalmente, apresenta-se,

também, os destinos em outros países, mas sem avançar na discussão.

No quadro 01 a seguir, são apresentados de forma resumida os principais destinos

Europeus dos últimos cinco anos para os atletas de futebol brasileiros.

EUROPA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL

Alemanha 20 20 44 58 60 202

Áustria 7 11 19 15 12 64

Armênia 0 5 7 3 2 17

Bélgica 11 7 13 12 13 56

Bósnia 6 2 4 6 4 22

Bulgária 3 6 9 8 6 32

34

A Liga Europa da UEFA, antiga Taça UEFA ou Copa da UEFA. É, atualmente, o segundo campeonato mais

importante no futebol europeu, atrás apenas da Liga dos Campeões da UEFA. 35

A Liga dos Campeões da UEFA ou UEFA Champions League evoluiu da antiga Taça dos Clubes Campeões

Europeus. É a competição organizada pela UEFA desde 1992 (desde 1955 no seu antigo formato) para os clubes de

futebol mais prestigiados na Europa. O premio é a European Champion Clubs' Cup (mais conhecida por European

Cup), é o troféu mais prestigiado do desporto na Europa.

Page 21: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

21

Croácia 5 22 20 14 8 69

Dinamarca 7 8 7 7 2 31

Eslováquia 2 2 x 8 9 21

Espanha 24 35 38 34 39 170

Estônia 1 0 1 2 3 7

Finlândia 6 4 6 8 11 35

França 21 14 14 15 12 76

Geórgia 1 7 2 0 7 17

Grécia 28 27 18 32 14 119

Holanda 2 6 11 12 4 35

Hungria 2 5 3 6 9 25

Inglaterra 3 7 6 15 7 38

Itália 34 39 47 53 45 218

Lituânia 4 12 13 12 2 43

Macedônia 5 4 3 8 7 27

Malta 1 0 4 13 7 25

Noruega 2 1 3 5 2 13

Polônia 12 24 13 12 8 69

Portugal 138 142 227 209 181 897

Rep. Tcheca 5 9 13 6 9 42

Romênia 4 2 18 20 14 58

Rússia 2 9 11 8 6 36

Sérvia 0 0 10 11 8 29

Suécia 9 20 19 46 27 121

Suíça 18 14 17 25 8 82

Turquia 20 13 13 18 6 70

Ucrânia 9 4 7 6 12 38

TOTAL 412 481 640 707 564 2804

Quadro 01: Transferências de brasileiros para o exterior entre 2005 e 2009.

Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizado pelo autor, país a país.

Apresentadas as informações sobre os destinos das transferências brasileiras de

jogadores de futebol para a Europa, de 2005 a 2009, no quadro 01, a ordem dos maiores

importadores são: Portugal, Itália, Alemanha, Espanha, Suécia, Grécia, Suíça, França,

Turquia, Croácia, Polônia, Áustria, Romênia, Bélgica, Lituânia, República Tcheca, Inglaterra,

Ucrânia, etc.

Page 22: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

22

Com base nestes dados, pode-se notar que o principal país de destino para brasileiros

na Europa na história recente é Portugal. Este destino conta com oitocentas e noventa e sete

(897) transferências desde o ano de 2005 até fim de 2009 (não se contabilizou 2010, pois o

período de transferências ainda não está fechado). O destino luso é o de mais facilidade para

os brasileiros, devido à língua e a cultura serem semelhantes. O perfil do país português leva

em conta a tradição e os títulos de clubes grandes como Benfica, Sporting Lisboa e Porto. E

de times médios como Braga, Vitoria de Guimarães e Marítima. No aspecto econômico, a

principal competição portuguesa é mantida por uma grande empresa, que possui os direitos de

naming do campeonato português, nominada de Liga Sagres. Desde a temporada de 1934-

1935 até a atualidade os vencedores desta são times do escalão principal, tendo Benfica, Porto

e Sporting conquistado juntos 74 dos 76 títulos disputados naquele país.

Pelo fato de Portugal ser um país pequeno em termos geográficos e demográficos, não

permite muitas probabilidades a seus principais clubes conseguirem “formar” os atletas que

eles necessitam para compor suas equipes no nível das competições na Europa. Desta

maneira, os principais clubes esportivos do país necessitam de reforços externos, devido ao

fato de que são eles os principais representantes do país luso nas ligas européias, como a

UEFA Champions League. Por isso o interesse no Brasil se justifica. Por outro lado, um

aspecto que também deve ser levado em consideração é que as transferências dos jogadores

brasileiros para Portugal, muitas vezes, é utilizada como entrada e posterior venda a outros

clubes da Europa. Para justificar este aspecto, utilizou-se o mesmo estudo, o qual revela um

parâmetro que aponta Portugal na primeira posição de todas as ligas européias, referindo-se à

percentagem de receitas provenientes da venda de jogadores, onde os clubes portugueses

lideram com 86%.

Porém, quando os destinos abrangem a questão de melhores salários e valores

expressivos na questão de transferências destacam-se as principais competições européias

como a Barclays Premier League da Inglaterra, a Liga BBVA da Espanha, a Bundesliga da

Alemanha, a Série A da Itália, a Ligue 1 da França, a Eredivisie da Holanda, além da Liga

Sagres de Portugal, esta em menor proporção. Estas competições ficam a frente das demais

devido os valores investidos por seus dirigentes nos clubes36

, em atletas, mídias, e marketing.

Os exemplos que usamos são os do estudo das consultorias SPORT+MARKT e PR Marketing

European Football Mechandising Report divulgadas pela Futebol Finance37

. Por esta fonte,

no ano de 2008, os valores que as ligas Inglesa, Espanhola, Alemã, Italiana, Francesa,

36

Globo Esporte.com. Blog de Emerson Gonçalves. Como comprar Kaka’ e Cristiano? Disponível em: http://tiny.cc/vre37

Acesso: 13 de junho de 2010. 37

Futebol Finance. O merchandising dos maiores clubes Europeus. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/o-

merchandising-dos-maiores-clubes-europeus Acesso: 13 de junho de 2010.

Page 23: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

23

Holanda e Portuguesa gastaram em merchandising38

estão na casa dos €5.5 milhões a €171

milhões e as médias de investimento dos clubes denominados “grandes” ultrapassam da casa

dos €8.6 milhões por ano, dependendo do país.

Ainda, com relação a outras ligas européias, a Itália é outra grande importadora de

jogadores brasileiros. Nos últimos cinco anos contou com transferências de duzentos e dezoito

(218) atletas. A tradição e o poderio econômico de sua liga é formada pelo primeiro escalão

italiano (Internazionale, Juventus e Milan), e pelos clubes médios: Bologna, Fiorentina,

Genoa, Lazio, Napoli, Roma e Torino, no que se refere a títulos. A participação deste país em

competições européias é marcante por sua força no futebol mundial: é a atual campeã da Copa

do Mundo FIFA (2006). Seu campeonato nacional, o Campeonato Italiano ou Serie A, é a

maior competição de futebol do país e reúne mais de quatro mil clubes divididos em 10

divisões. Em nível nacional existem cinco divisões: as Série A, B, C1, C2 e Serie D, porém

isto pode mudar no próximo ano, com a inserção de uma nova liga, denominada Serie A

Legue ou Italiana Premier League39

. No momento, as empresas que mantém o principal

campeonato italiano são as de telefonia celular, televisão, refinarias de petróleo e eletricidade.

Em seguida aparece a Alemanha, com participação efetiva na compra e duzentos e

dois (202) atletas brasileiros que reforçaram o futebol alemão. Sua força econômica,

demonstrada na publicação da Futebol Finance40

, mostra que a empresa Premiere – Alemanha

adquiriu os direitos de transmissão de televisão pelos próximos quatro anos no valor de €870

milhões. O principal campeonato dos germânicos é a Fußball-Bundesliga, a primeira divisão

do futebol alemão que foi criada em 1963 e, a partir de 1991, depois da reunificação alemã,

passou a contar com as equipes da Alemanha Oriental. Este destino tem tradição na história

do futebol, pois o país é dono de três títulos mundiais, sendo o último em 1990. No entanto,

em termos de títulos europeus, o Bayern de Munique foi a último clube alemão a levantar a

taça da Champions League em 2001, participou da final no ano de 2010, mas ficou com a

segunda posição perdendo para os italianos da Internazionale. Os principais clubes alemães

por ordem de tradição e títulos são Bayern Munique, Dínamo Berlin, e os clubes médios são

Borussia, Dortmund, Borussia Mönchengladbach, Dínamo Dresden, Nuremberg, Hamburgo,

Kaiserslautern, Schalke 04, Stuttgart, Werder Bremen. Os maiores investidores desta liga são

38

Para ilustrar, a superioridade econômica do futebol no continente estudado, apenas em patrocínio nas camisas, das 5

maiores ligas Européias, de acordo com informações da agência Reuters, foi de 365 milhões de Euros na temporada de

2009/10. Neste aspecto, os clubes da Bundesliga continuam na liderança, sendo que em média cada clube arrecada cerca de

€6,3 milhões por ano. Já na Barclays Premier League inglesa, cada clube registrou uma média de €4,8 milhões em

patrocínios nas camisas, 2008-2009. 39

Futebol Finance. Direitos Televisivos. Serie A League, ou a nova Italian Premier League. Disponível em:

http://www.futebolfinance.com/serie-a-league-ou-a-nova-italian-premier-league Acesso: 16 de junho de 2010. 40

Futebol Finance. Estudos e Rankings. Os 15 maiores negócios do futebol – 1º Semestre 2009. Disponível em:

http://www.futebolfinance.com/os-15-maiores-negocios-do-futebol-1%C2%BA-semestre-2009 Acesso: 16 de junho de 2010.

Page 24: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

24

uma companhia multinacional alemão de seguros, laboratório farmacêutico e empresa de

equipamentos esportivos.

Atuais campeões europeus e mundiais, os espanhóis possuem a segunda maior taxa de

investimentos do futebol mundial. No estudo da Futebol Finance se observa que quatro dos

cinco atletas mais bem pagos do mundo jogam em clubes como Barcelona e Real Madrid41

.

As contratações recordes de Ibrahimovic pelo Barcelona, Cristiano Ronaldo e Kaká por parte

do Real Madrid, colocaram o futebol na Espanha em destaque em 2010. A Espanha42

importou do Brasil, cento e setenta (170) jogadores de futebol desde o ano de 2005. Sobre

suas competições, os espanhóis têm como principal destaque o Campeonato Espanhol de

Futebol (em espanhol La Liga de Fútbol Profesional, ou simplesmente La Liga ou Primera

Liga) para clubes profissionais. Foi criada em 10 de Fevereiro de 1929 e é jogada, atualmente,

entre os meses de setembro e junho com a presença de 20 equipes. A Liga é conhecida

popularmente como "Liga das Estrelas" por motivos óbvios. Os principais clubes, por títulos,

do país são Barcelona e Real Madrid. Os médios clubes são Athletic Bilbao, Atlético Madrid,

Deportivo La Coruña, Real Betis, Real Sociedad, Sevilla e Valencia. A principal empresa que

patrocina o campeonato e tem os direitos de naming é o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria

(BBVA), este, um grupo internacional de serviços financeiros e multinacional espanhola.

Por importância econômica, tem-se ainda a França como um destino relevante. Os

clubes franceses importaram setenta e seis (76) atletas do Brasil nas últimas temporadas. O

campeonato Francês abrange cinco divisões nacionais e outras diversas Ligas Regionais e

Distritais. Porém, profissionalmente, existem apenas duas divisões, Ligue 1 e Ligue 2, e parte

do Championnat National, equivalente à terceira divisão. As quarta e quinta, divisões

regionais e distritais são competições amadoras. O perfil francês na questão de valores é

regido pela LFP (Liga Profissional de Futebol Francesa) a qual anunciou que as receitas

geradas pelo futebol profissional43

(que incluem os clubes da Ligue 1 e Ligue 2) continuam a

aumentar, podendo atingir o valor de €1.1 bilhão na temporada de 2007-2008. As médias das

receitas dos clubes Franceses, tiveram um aumento significativo nas últimas duas temporadas,

em cerca de 43%. Os principais clubes da França são, por ordem de títulos Lyon, Bordeaux,

Olympique, e os clubes médios são representados por Auxerre, Lille, Nice e PSG. Os

41

Futebol Finance. Prêmios e Salários. Os 50 maiores salários de jogadores de futebol 2009-2010. Disponível

em: http://www.futebolfinance.com/os-50-maiores-salarios-de-jogadores-de-futebol-20092010 Acesso: 16 de

junho de 2010. 42

A Espanha é o país que mais gera receitas a nível mundial, mas só “importou” do Brasil neste período cento e

setenta (170) atletas nos últimos cinco anos. Disponível em: http://www.futebolfinance.com/deloitte-football-

money-league-2010 Acesso: 5 de junho de 2010. 43

Futebol Finance. Análise Financeira. Aumento das receitas na Ligue 1. Disponível em:

http://www.futebolfinance.com/aumento-das-receitas-na-ligue-1 Acesso: 16 de junho de 2010.

Page 25: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

25

principais investidores da Ligue 1 são empresas de produtos lácteos, redes de televisão por

assinatura e de telefonia móvel.

Para concluir o tema dos principais destinos europeus para os jogadores brasileiros,

destacam-se algumas informações sobre a Inglaterra. É um país que não possui um histórico

igual aos demais na importação de jogadores do Brasil. Até este momento, tem apenas trinta e

oito (38) importações nos últimos cinco anos, mas, o avanço dos negócios com o futebol na

Inglaterra44

permite afirmar que a atividade pode crescer muito naquele país. A Inglaterra

reflete os investimentos postos em atletas, mídia e marketing em geral: apenas os gastos

realizados pelas cinco principais clubes ultrapassaram o valor de €680 milhões anuais45

. Estes

valores foram investidos pelos cinco primeiros colocados na competição nacional de 2010.

Neste momento, os principais clubes ingleses por poderio econômico são Liverpool,

Manchester United, Arsenal, Chelsea, e por títulos são Liverpool, Manchester United,

Arsenal, Everton e Aston Villa. Na questão econômica, quem detém os direitos de naming da

competição inglesa é a Barclays, fornecedora de serviços financeiros, que denomina a

competição de Barclays Premier League.

Estas são evidências dos principais países futebolísticos da Europa. Porém, nas outras

ligas menores da Europa também se observa um recente histórico de crescimento de

transferências de atletas brasileiros, provavelmente devido ao fato de que o nível das

competições que suas equipes participam se tornaram mais difíceis46

. As ligas menores

identificadas e que tiveram grande interesse no futebol do Brasil recentemente são países

como Suécia com cento e vinte e uma (121) transferências, Grécia com cento e dezenove

(119), Suíça com oitenta e duas (82), Turquia com setenta (70), Croácia com sessenta e nove

(69), Polônia com sessenta e nove (69), Áustria com sessenta e quatro (64), Romênia com

cinqüenta e oito (58), Bélgica com cinqüenta e seis (56), Lituânia com quarenta e três (43),

República Tcheca com quarenta e duas (42), Ucrânia com trinta e oito (38). São números

44

A Inglaterra é o país que possui mais clubes denominados "ricos" entre os grandes Europeus, dos vinte clubes

listados pela Revista Forbes, sete estão entre os vinte, e o Manchester United encabeça esta lista. E além deste

reconhecimento, há também a lista dos clubes mais valiosos de todos os esportes, que é da Revista Forbes.

Também nesta listo o Manchester United aparece com o principal clube com avaliação de seu valor estimado em

€1,2 bi e de outro clube inglês, o Arsenal, em sétimo colocado, com seu valor estimado em €831 mi. Informação

disponível em http://tinyurl.com/34osddb & http://tinyurl.com/yc7asgc Acesso: 5 de junho de 2010. 45

Futebol Finance. Estudos e Rankings. O custo salarial dos clubes da Premier League 09-10. Disponível em:

http://tinyurl.com/254dvaj Acesso: 16 de junho de 2010. 46

A título de ilustração, o aumento de transferências de jogadores brasileiros para países com ascensão recente

no futebol como os casos da Grécia campeã da UEFA EURO 200446

e da Turquia com a presença dos seus dois

principais clubes na UEFA Champions League, Fenerbahce SK e Galatasaray SK pode ser sintamático. Nestes

casos, as transferências de jogadores brasileiros de alto nível técnico para a Grécia são recentes, cujo caso mais

significativo é o de Gilberto Silva, atleta titular da Seleção Brasileira e do clube de futebol Panathinaikos, da

capital Athenas. O caso Turco, já não tão recente, começa no ano de 1995 com a transferência do goleiro

Page 26: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

26

significativos, contudo estes destinos Europeus, não chamam tanta atenção devido ao foco

que se dá as outras praças devido à força econômica das maiores agremiações. Nesta ótica, os

jogadores brasileiros que se transferiram para estes países nos últimos cinco anos foram de

oitocentos e trinta e um (831) atletas enquanto que as transferências para os países do

primeiro escalão do futebol europeu foram de mil e seiscentos e um (1601) profissionais,

totalizando dois mil e quatrocentos e trinta e dois (2432) atletas nos últimos cinco anos.

Outro aspecto pode estar ligado ao peso do esporte para a economia daquele

continente. Com base em informações do Livro Branco47

sobre o desporto apresentado pela

Comissão das Comunidades Européias, o esporte gerou um valor de €407 bilhões em 2004, o

que representou 3,7% do PIB da União Européia – UE e gerou 15 milhões de empregos, o que

representa 5,4% da mão-de-obra ocupada daquele continente. Apenas no futebol profissional,

os principais clubes europeus movimentaram, de acordo com a auditoria Deloitte48

, €14.6

bilhões na temporada 2007-2008, apresentando um crescimento nos últimos três anos de €1

bilhão em cada ano. Ainda, no artigo divulgado pela Deloitte, nota-se a importância da UEFA

para a “Indústria do futebol”. Na parte onde são abordadas as premiações a clubes, seleções,

na temporada 2007-2008 a UEFA pagou €586 milhões aos 32 clubes participantes da UEFA

Champions League e €37 milhões aos 40 clubes participantes da Liga Europa (antiga Taça

UEFA).

Ainda, de forma secundária e a título de ilustração, também foram levantados outros

destinos dos jogadores de futebol que optaram por atuar fora do Brasil. Em levantamento

complementar, com informações da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, apontou-se

também, países ditos como “exóticos”, para a prática do esporte no cenário internacional.

Neste sentido, serão apresentadas informações de outros grupos de países como os Países

Árabes e continentes como América (Norte e Sul), e Ásia. Para isto, no quadro 02 abaixo

aponta-se os destinos com base nos anos de 2005 a 2009.

AMÉRICA CENTRAL E DO NORTE 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL

CANADÁ 0 8 0 5 2 15

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 12 10 14 23 25 84

MÉXICO 23 7 9 6 11 56

TOTAL 35 25 23 34 38 155

Taffarel e do técnico Carlos Alberto Parreira para o Galatasaray SK, e para o Fenerbahce SK a contratação dos

atletas Alex e Roberto Carlos e o técnico e ex-atleta Zico. 47

Livro Branco. Disponível em: http://ec.europa.eu/sport/white-paper/doc/wp_on_sport_pt.pdf Acesso: 13 de

junho de 2010. 48

Futebol Finance. Análise Financeira. UEFA: A maior faturação do futebol global. Disponível em:

http://www.futebolfinance.com/uefa-a-maior-facturacao-do-futebol-global Acesso: 13 de junho de 2010.

Page 27: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

27

AMÉRICA DO SUL 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL

ARGENTINA 6 6 3 9 10 34

BOLÍVIA 24 16 12 20 13 85

PARAGUAI 17 13 21 20 31 102

URUGUAI 14 7 10 26 15 72

TOTAL 61 42 46 75 69 293

ÁSIA 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL

CHINA 5 15 27 23 15 85

HONG KONG 5 15 31 12 14 77

ÍNDIA 9 9 5 4 3 30

INDONÉSIA 13 15 21 6 3 58

JAPÃO 40 49 57 32 41 219

VIETNÃ 30 16 20 16 34 116

TAILÂNDIA 2 2 4 2 12 22

TOTAL 104 121 165 95 122 607

PAÍSES ÁRABES 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL

ARÁBIA SAUDITA 15 11 9 3 4 42

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS 14 9 9 29 12 73

IRÃ (REPÚBLICA ISLÂMICA DO IRÃ) 9 3 6 10 13 41

OMAN 2 2 4 15 6 29

QATAR 6 7 13 12 16 54

TOTAL 46 32 41 69 51 239

Quadro 02: Transferências de brasileiros para o exterior entre os anos de 2005 e 2009.

Fonte: Confederação Brasileira de Futebol – CBF, organizada pelo autor, por continente e destinos.

No quadro apresentado, viu-se a que na América do Norte as “importações” pelos os

Estados Unidos tiveram destaque nas transferências internacionais: o país lidera com oitenta e

quatro (84) transferências, o México com cinqüenta e seis (56), e Canadá com apenas quinze

(15) transações. A América do Norte, representada por estes três países como principais

destaques, tem histórico recente de sucesso em competições internacionais, como os EUA,

segundo colocado na última Copa das Confederações49

de 2009, melhor resultado deste país

em competições internacionais, quando perdeu para a Seleção Brasileira de Futebol na final.

O México se destacou internacionalmente no ano de 1999, após ganhar da Seleção Brasileira

de Futebol no mesmo torneio e no caso do Canadá, seu histórico é fraco neste esporte.

49

Torneio de futebol organizado pela FIFA. Os participantes são os seis campeões continentais mais o país-sede

e o campeão mundial, perfazendo um total de oito países.

Page 28: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

28

No que segue, aponta-se a participação de países da América do Sul. No período dos

últimos cinco anos, o Paraguai lidera com cento e duas (102) transações, seguido de Bolívia

com oitenta e cinco (85), Uruguai com setenta e duas (72) e Argentina com trinta e quatro

(34). Ao analisar os principais destinos na América do Sul, vemos que o Paraguai tem

conquistas inexpressivas, possui apenas a Copa América50

de 1953 e 1979 e nenhuma

aparição de destaque no cenário internacional recente. A Bolívia possui apenas a conquista da

Copa América de 1963. O Uruguai apresenta destaque internacional, com dois remotos títulos

mundiais nos anos de 1930 e 1950, porém nenhuma menção recente. O país vizinho,

Argentina, rivais históricos da Seleção Brasileira de Futebol, possui diversos destaques

internacionais, com aparições de grandes jogadores na atualidade, como Lionel Messi e Diego

Milito. É destaque por seus dois títulos de Copa do Mundo em 1978 e 1986, catorze Copas

América, e duas Olimpíadas em 2004 e 2008 e recente destaque para atuações de seus clubes

de futebol nacionais, como o Club Atlético Boca Juniors e Club Estudiantes de La Plata,

campeões da Copa Libertadores da América51

nos anos de 2003 e 2009 respectivamente.

Para comentar sobre a participação da Ásia no mercado internacional do esporte,

começa-se a análise a partir de dados da China. Este país, por suas proporções geográficas

continentais e a maior população do globo terrestre, com as importações de técnicos e

jogadores de futebol brasileiros, em um futuro próximo pode iniciar uma ascensão com maior

inserção e crescimento em competições internacionais. A China apresenta, nos últimos cinco

anos, oitenta e cinco (85) transações provenientes do Brasil. Mas, o Japão que importou

duzentos e dezenove atletas (219) é o principal destaque na região. O Vietnã com cento e

dezesseis (116), Hong Kong com setenta e sete (77), Indonésia com cinqüenta e oito (58),

Índia com trinta (30), e Tailândia com vinte e duas (22) transferências complementam o

quadro. O comentário a ser adicionado é sobre as “importações” japonesas. Este país teve

forte investimento no futebol a partir dos anos 1990 através de empresas, e com a inserção do

futebol “técnico” através de Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Este ex-atleta e hoje técnico de

futebol atuou pelo clube japonês Kashima Antlers de 1991 a 1994, ensinando e inserindo a

cultura do futebol profissional naquele país, onde posteriormente foi técnico do mesmo clube

e em seguida técnico da Seleção Japonesa.

50

Principal competição entre seleções de futebol das nações da Confederação Sul-Americana de Futebol,

CONMEBOL. 51

Taça Libertadores da América. O nome oficial é Copa Santander Libertadores por motivos de naming. É a

principal competição de futebol entre clubes profissionais da América do Sul, organizado pela Confederação

Sul-Americana de Futebol - CONMEBOL.

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29

Ao contabilizar destinos “exóticos” para praticar o futebol, acredita-se que as

principais surpresas quando se noticía onde um atleta irá atuar, acorre com os países árabes. O

futebol destes países não possui destaque e suas equipes não fazem parte de grandes

competições e torneios no cenário internacional. Nesta região, entre os principais destinos de

jogadores brasileiros da modalidade aparecem Emirados Árabes Unidos com setenta e três

(73) atletas transferidos, Qatar com cinqüenta e quatro (54), Arábia Saudita com quarenta e

dois (42), República Islâmica do Irã com quarenta e um (41) e Omã com vinte e nove (29). O

destaque dos Emirados Árabes Unidos pode ter alguma relação com o histórico de uma Copa

do Mundo FIFA em 1990, que teve como Carlos Alberto Parreira como seu técnico. O Qatar

não possui histórico relevante em competições internacionais de futebol, assim como Omã.

Porém a Arábia Saudita participou da Copa do Mundo FIFA em 1994 e ganhou por quatro

vezes a Copa da Ásia52

nos anos de 1976, 1984, 1988 e 1996. Já o Irã possui três participações

em Copas do Mundo FIFA, nos ano de 1978, 1998 e 2006. E conquistou o título da Copa da

Ásia por três vezes seguidas, em 1968, 1972 e 1976. O futebol asiático e árabe é hoje regido

por grande parte de técnicos brasileiros, e com diversos atletas atuando nestes países, porém

os perfis e cenários deste futebol são uma incógnita, cujos investimentos são feitos através da

atuação dos Xeques árabes.

Por fim, pode-se concluir que os principais destinos na Europa para os jogadores

brasileiros são inicialmente Portugal e depois, pela ordem das transações, seguem: Itália,

Alemanha, Espanha. Por outro lado, existe uma série importante de clubes e países não tão

badalados que estão formando suas equipes com a ajuda dos atletas do Brasil. Contudo, ao

concluir esta parte é importante destacar que o número de jogadores que se transfere para

outros países pode ser visto apenas como um indicativo, pois outro fator pode ser também

importante. Nos países apontados, o que suas principais equipes contratam são “jogadores

talentosos” com “técnica refinada”, os quais têm seus passes e valores majorados. Por

exemplo, para Portugal é onde vai grande parte dos brasileiros, mas não é lá que acontecem as

transações mais caras ou se pagam os maiores salários. Este glamour é reservado à Espanha,

Itália e Inglaterra, cujos clubes procuram contratar o que de melhor existe no mercado

mundial. Desta forma outros países podem contratar mais brasileiros em termos de

quantidades, porém neste caso os valores das transações e os salários são menores.

52

Copa das Nações da Ásia é a principal competição de futebol da Confederação Asiática de Futebol e do

continente da Ásia.

Page 30: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

30

5. Considerações Finais

Ao ter a idéia de realizar uma pesquisa sobre transações internacionais na área do

futebol, discutiu-se e pensou-se como este tema poderia ser trabalhado, se faria parte das

discussões de Relações Internacionais, das disciplinas estudadas durante a graduação e se isto

poderia gerar futuras abordagens acadêmicas. O objetivo foi apontar a possibilidade de

pessoas graduadas na área tornarem-se especialistas em outra matéria, porém que não fosse

comércio exterior, política externa, questões regionais dos continentes, etc.

Neste sentido, apontou-se que as questões neste setor também são movidas por

interesses, mas estes de clubes, federações, atletas, agentes FIFA, empresários. Contudo, estas

relações se enquadrariam no âmbito das relações internacionais como relações entre agentes

privados, principalmente, embora algumas relações sejam conduzidas por uma instituição

internacional, a qual dirige as associações nacionais de futebol, a FIFA.

O que se tentou deixar claro é que na atualidade a profissionalização do futebol, a qual

tem por sua essência os negócios, gera bilhões de reais todos os anos para o país e a

economia. Na questão da exportação de jogadores como um negócio internacional a pesquisa

pôde identificar que esta atividade fica muito a frente de diversos produtos da balança

comercial brasileira como as exportações de banana, mamão, melão e equipamentos médicos,

por exemplo.

Na questão dos motivos que os jogadores alegam para as transferências ao exterior, a

pesquisa feita com quarenta e nove atletas que já atuaram no exterior apontou como principais

resultados os seguintes aspectos: Em primeiro lugar se destacou o desejo dos atletas por

maiores salários. Em segundo lugar a busca de obter maior visibilidade e projeção de seu

trabalho na mídia. Na terceira posição foi apontada a busca por melhor qualidade de vida; em

quarto lugar e de jogar ao lado de atletas já consagrados no cenário internacional ou atletas

famosos; em quinto lugar o desejo por uma convocação à Seleção Brasileira e, por fim a

opção de maior qualidade no que se trata a segurança pessoal e familiar.

O outro fator que foi abordado na pesquisa é a apresentação dos principais destinos

europeus para jogadores brasileiros de futebol. Quanto a estes, Portugal foi o destaque,

secundados por Itália, Alemanha e Espanha. A pesquisa foi realizada baseada em informações

cedidas pela Confederação Brasileira de Futebol – CBF, e paralelo a isto, houve a constatação

de que não só a Europa leva os talentos brasileiros para o continente, mas diversos destinos

como a Ásia, Países Árabes e as Américas.

Page 31: Artigo matheus koerich   a patria de chuteiras na europa

31

6. Referências

Brazil Futsal Center. Portugal e Itália são os principais destinos de jogadores brasileiros de

Futsal. Disponível em: http://www.brazilfutsalcenter.com/noticias.php?id=696&pagina=7 Acesso: 9

de junho de 2010. COELHO, Paulo Vinicius. Bola fora: A história do êxodo do futebol brasileiro. 1ª Ed. São Paulo:

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