Artigo II - A Inovação Na Teoria Econômica - Uma Revisão

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A “INOVAÇÃO” NA TEORIA ECONÔMICA: UMA REVISÃO. Ricardo Lobato Torres, IE/UFRJ, [email protected] Área temática: Economia da ciência, tecnologia e inovação. Resumo O progresso tecnológico é um tema já abordado nos escritos de Smith, Ricardo e Marx, embora não como foco principal de análise econômica. Apesar da consciência da importância do progresso tecnológico nesses autores, o tema passou para segundo plano com a revolução marginalista na teoria econômica. Foi somente com Schumpeter que o progresso tecnológico voltou a ser estudado como um elemento fundamental para o desenvolvimento econômico em economias capitalistas. “Inovação” foi a palavra usada por Schumpeter para descrever uma série de novidades que podem ser introduzidas no sistema econômico e que alteram substancialmente as relações entre produtores e consumidores, sendo o elemento fundamental para o desenvolvimento econômico. Uma série de trabalhos foi realizada a partir dos anos 1930 para estudar a importância do progresso tecnológico para o desenvolvimento econômico. Muitos focaram nos efeitos do progresso tecnológico sobre as taxas de crescimento do PIB. Outros tentaram explicar o ganho de produtividade a partir do estudo de tecnologias específicas. O que presente trabalho propõe é apresentar uma breve revisão de conceitos fundamentais que foram desenvolvidos na literatura econômica, a saber: invenção, inovação, mudança técnica, mudança tecnológica e difusão de tecnologias. A partir dessa conceituação, são apresentados e discutidos dois grupos de trabalhos teóricos: aqueles que focaram em quantificar e teorizar sobre os efeitos do progresso tecnológico no crescimento econômico e aqueles que buscaram teorizar sobre o processo de inovação e difusão de novas tecnologias. Mesmo o trabalho seminal de Schumpeter careceu de uma teoria da inovação. Desenvolvimentos teóricos posteriores foram realizados, de forma que, hoje, há um entendimento maior sobre o processo de inovação, ainda que não haja consenso. O presente trabalho trata da discussão acerca das nuances do processo de inovação, embora não esgote toda a literatura. Palavras-chave: inovação, mudança tecnológica, difusão.

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A INOVAÇÃO NA TEORIA ECONÔMICA - UMA REVISÃO

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  • A INOVAO NA TEORIA ECONMICA: UMA REVISO.

    Ricardo Lobato Torres, IE/UFRJ, [email protected]

    rea temtica: Economia da cincia, tecnologia e inovao.

    Resumo

    O progresso tecnolgico um tema j abordado nos escritos de Smith, Ricardo e Marx,

    embora no como foco principal de anlise econmica. Apesar da conscincia da importncia

    do progresso tecnolgico nesses autores, o tema passou para segundo plano com a revoluo

    marginalista na teoria econmica. Foi somente com Schumpeter que o progresso tecnolgico

    voltou a ser estudado como um elemento fundamental para o desenvolvimento econmico em

    economias capitalistas. Inovao foi a palavra usada por Schumpeter para descrever uma

    srie de novidades que podem ser introduzidas no sistema econmico e que alteram

    substancialmente as relaes entre produtores e consumidores, sendo o elemento fundamental

    para o desenvolvimento econmico. Uma srie de trabalhos foi realizada a partir dos anos

    1930 para estudar a importncia do progresso tecnolgico para o desenvolvimento

    econmico. Muitos focaram nos efeitos do progresso tecnolgico sobre as taxas de

    crescimento do PIB. Outros tentaram explicar o ganho de produtividade a partir do estudo de

    tecnologias especficas. O que presente trabalho prope apresentar uma breve reviso de

    conceitos fundamentais que foram desenvolvidos na literatura econmica, a saber: inveno,

    inovao, mudana tcnica, mudana tecnolgica e difuso de tecnologias. A partir dessa

    conceituao, so apresentados e discutidos dois grupos de trabalhos tericos: aqueles que

    focaram em quantificar e teorizar sobre os efeitos do progresso tecnolgico no crescimento

    econmico e aqueles que buscaram teorizar sobre o processo de inovao e difuso de novas

    tecnologias. Mesmo o trabalho seminal de Schumpeter careceu de uma teoria da inovao.

    Desenvolvimentos tericos posteriores foram realizados, de forma que, hoje, h um

    entendimento maior sobre o processo de inovao, ainda que no haja consenso. O presente

    trabalho trata da discusso acerca das nuances do processo de inovao, embora no esgote

    toda a literatura.

    Palavras-chave: inovao, mudana tecnolgica, difuso.

  • 1. INTRODUO

    O progresso tecnolgico um tema j abordado nos escritos de Smith, Ricardo e Marx,

    embora no como foco principal de anlise econmica. Em sua obra, A Riqueza das Naes,

    Smith usou o exemplo da produo de alfinetes para mostrar como a mudana na organizao

    do processo de fabricao, com a diviso social do trabalho e a especializao dos

    trabalhadores em tarefas simples e repetitivas, aumentou significativamente a produtividade

    do trabalho (FAGERBERG, 2005). Em O Capital, Marx tambm explorou a importncia do

    progresso tecnolgico para a expanso do capitalismo. Chama ateno o fato de que sua

    unidade de anlise no era o indivduo, ou um inventor ou inveno especfica, mas as

    instituies sociais. Raramente, afirmou Marx, o progresso tecnolgico resultado do esforo

    de um indivduo especfico. Ao analisar a evoluo do artesanato, da manufatura e da

    revoluo industrial, Marx observou que foram as oportunidades de lucros pela descoberta da

    Amrica, pela expanso das rotas comerciais com a sia e Austrlia, que estimularam o

    progresso tecnolgico para a produo em volumes cada vez maiores. Marx foi tambm o

    primeiro a propor um modelo econmico de dois setores: um produtor de bens de consumo e

    outro de bens de capital. No processo de substituio da mo-de-obra na produo por

    maquinrio, as prprias mquinas comearam a ser adotadas para a fabricao de novas

    mquinas, o que alterou substancialmente a forma de produo capitalista (ROSENBERG,

    1976).

    Apesar da conscincia da importncia do progresso tecnolgico nesses autores, o tema

    passou para segundo plano com a revoluo marginalista na teoria econmica. A escola

    neoclssica buscou a formulao de modelos econmicos que pudessem ser representados

    matematicamente, com foco em variveis como preos, quantidades e disponibilidade de

    fatores de produo (capital e trabalho), sendo as instituies sociais abstradas dos modelos e

    a tecnologia reduzida a um coeficiente tcnico de uma funo de produo. Foi somente com

    Schumpeter que o progresso tecnolgico volta a ser estudado como um elemento fundamental

    para o desenvolvimento econmico em economias capitalistas. Inovao foi a palavra usada

    por Schumpeter para descrever uma srie de novidades que podem ser introduzidas no sistema

    econmico e que alteram substancialmente as relaes entre produtores e consumidores,

    sendo, na definio do autor, o elemento fundamental para o desenvolvimento econmico. E

    neste ponto, Schumpeter se diferencia dos demais economistas de sua poca, pois o

  • desenvolvimento econmico no tratado como sinnimo de crescimento econmico este

    sendo resultado do aumento do emprego dos fatores de produo, como no caso do fluxo

    circular da vida , mas representa um crescimento espetacular da produo

    concomitantemente que sua mudana estrutural, a partir do surgimento de novas tecnologias,

    produtos e indstrias (SCHUMPETER, 1934).

    Uma srie de trabalhos foi realizada a partir dos anos 1930 para estudar a importncia

    do progresso tecnolgico para o desenvolvimento econmico. Muitos focaram nos efeitos do

    progresso tecnolgico sobre as taxas de crescimento do PIB. Outros tentaram explicar o

    ganho de produtividade a partir do estudo de tecnologias especficas (Rosenberg, 1971). O

    objetivo deste trabalho discutir, a partir de uma reviso destes estudos, conceitos

    fundamentais que foram debatidos na literatura, a saber: inveno, inovao, mudana

    tcnica, mudana tecnolgica e difuso de tecnologias. Esses conceitos esto associados a

    diferentes abordagens tericas, porm, no inteno deste trabalho dividi-las de acordo com

    escolas de pensamento. A proposta aqui separar os estudos de acordo com aqueles que

    procuraram quantificar e teorizar sobre os efeitos do progresso tecnolgico no crescimento

    econmico e aqueles que procuraram teorizar sobre o processo de inovao e difuso de

    novas tecnologias.

    O trabalho est assim dividido: na segunda seo, trabalha-se com a conceituao dos

    termos acima mencionados. Na terceira seo, apresenta-se uma breve reviso dos principais

    trabalhos que buscaram quantificar os efeitos do progresso tecnolgico no crescimento

    econmico. Na quarta seo, so discutidas as elaboraes tericas relacionadas ao processo

    de inovao e de difuso de tecnologias. A quinta e ltima seo apresenta as consideraes

    finais.

    2. CONCEITUAO

    Na Teoria do Desenvolvimento Econmico (TDE), Schumpeter faz uma enftica

    distino entre inveno e inovao. Para o autor, a inveno a criao de um novo artefato

    que pode ou no ter relevncia econmica. A inveno s se torna uma inovao se ela for

    transformada em uma mercadoria ou em uma nova forma de produzir mercadoria, e que seja

    explorada economicamente. A inovao refere-se a novas combinaes de recursos j

    existentes para produzir novas mercadorias, ou para produzir mercadorias antigas de uma

    forma mais eficiente, ou ainda mesmo para acessar novos mercados. Schumpeter define cinco

    tipos de inovao: (1) novos produtos, (2) novos mtodos de produo, (3) novas fontes de

  • matria-prima, (4) explorao de novos mercados e (5) novas formas de organizar as

    empresas (SCHUMPETER, 1934).

    Em sua teoria, dois elementos so essenciais para a inovao: o empresrio e o crdito.

    Enquanto o primeiro o agente transformador, ou seja, aquele que realiza as novas

    combinaes, o segundo o meio atravs do qual o empresrio consegue obter recursos

    financeiros para adiantar o pagamento dos fatores de produo em uma economia em

    equilbrio. Atravs da inovao, o empresrio consegue oferecer novos produtos, produtos de

    melhor qualidade, ou a custos reduzidos, que lhe permite auferir lucros mais elevados do que

    os outros empresrios. As expectativas de lucros extraordinrios o incentivo para inovar e

    a inovao o motor do desenvolvimento econmico na teoria de Schumpeter. a constante

    introduo de inovaes que empurra a economia para alm da fronteira de possibilidades de

    produo, isto , para um crescimento alm daquele de melhor alocao dos recursos de uma

    economia, como no caso do fluxo circular da vida. Por outro lado, os lucros extraordinrios de

    uma inovao so temporrios. Existe sempre a possibilidade de o inovador ser imitado pelos

    demais capitalistas, atrados pela oportunidade de ganhos elevados. A imitao desencadeia

    um ciclo de investimentos por parte dos outros empresrios que leva a difuso da tecnologia

    introduzida pelo empresrio pioneiro. Durante esse ciclo h um crescimento econmico

    espetacular, que se interrompe quando os lucros extraordinrios so diludos entre os

    concorrentes, fazendo com que a economia encontre um novo ponto de equilbrio

    (SCHUMPETER, 1934).

    Ruttan (1959) argumenta que a definio de inovao de Schumpeter se aproxima da

    definio de mudana tcnica utilizada pelos economistas do crescimento. A mudana tcnica

    pode ser entendida como a mudana no produto final utilizando-se as mesmas quantidades de

    fatores de produo (capital, trabalho, terra). Schumpeter parece deixar claro essa relao no

    seu livro Business Cycles, conforme expresso na citao do prprio Ruttan (traduo nossa):

    Vamos definir inovao mais rigorosamente por meio da funo de produo [...]. Essa

    funo descreve a maneira pela qual a quantidade de produtos varia se a quantidade de

    fatores varia. Se, ao invs da quantidade de fatores, variarmos a forma da funo, temos

    uma inovao. [...] definiremos inovao simplesmente como o estabelecimento de uma

    nova funo de produo. Isso cobre o caso de uma nova mercadoria bem como aqueles

    de uma nova forma de organizao ou uma fuso, ou a abertura de novos mercados [...]

    (SCHUMPETER, 1936, apud RUTTAN, 1959).

    Como o prprio Ruttan conclui, essa a praticamente a mesma definio usada por

    Sollow (1957). No entanto, convm ressaltar que, apesar disso, Schumpeter se diferencia dos

    autores neoclssicos de sua poca quanto definio da funo de produo (que exclua o

  • capital como fator de produo) e, mais importante, que ele rejeitava a possibilidade de

    mensurar os efeitos da inovao atravs de mudanas na funo de produo. Para

    Schumpeter, a mudanas nos preos e o carter no-neutro da inovao limitariam a

    capacidade de mensurao (RUTTAN, 1959).

    Por outro lado, Ruttan (1959) considera que a distino entre inveno e inovao

    menos relevante do que parece ser. Ao comparar os trabalhos de Usher (1955) e Schumpeter

    (1934), o autor sugere que ambos os conceitos podem ser combinados em um s. Os

    economistas geralmente associam palavra inveno aquelas inovaes que podem ser

    patenteadas. A soluo de Usher foi definir inveno como o surgimento de novas coisas

    que requerem atos de insight, que vo alm do exerccio normal das habilidades tcnicas ou

    profissionais (USHER, 1955). Ento, para Ruttan, sob o guarda-chuva da inovao estariam

    todas as novas coisas nas reas da cincia, da tecnologia e da arte. Assim, quando for

    necessria maior preciso na definio, o termo inovao poderia ser acompanhado de um

    adjetivo, como inovao cientfica, inovao tcnica, inovao organizacional. A

    inveno seria apenas um subconjunto da inovao tcnica, para a qual se pode obter uma

    patente. E, como a inveno pode ser explorada comercialmente, ela comportada dentro do

    simples termo inovao.

    O termo progresso tcnico (ou tecnolgico) tambm usual na literatura

    econmica. Para Rosenberg (1982), o progresso tcnico pode ser entendido como o conjunto

    de conhecimentos que torna possvel a produo, a partir de uma quantidade limitada de

    recursos, (1) de um maior volume de produtos ou (2) de produtos qualitativamente superiores.

    A importncia da segunda parte da definio deve ser ressaltada. comum o entendimento de

    que o progresso tcnico trata-se do aumento do produto, mediante a mesma combinao de

    fatores de produo. No entanto, a criao de novos produtos, ou o surgimento de novas

    indstrias, fundamental para o entendimento do desenvolvimento econmico1. Como

    exemplo, o autor cita o surgimento da ferrovia, do transporte martimo movido mquina a

    vapor e dos avies a jato, como uma grande revoluo nos meios de transportes. Nas palavras

    do prprio autor: no se trata da produo mais eficiente de carroas, mas da produo de um

    produto qualitativamente superior e o gradual abandono do produto anterior. Fica claro que o

    termo progresso tcnico empregado por Rosenberg tem o mesmo sentido de inovao de

    Schumpeter, e que a questo do lanamento de novos produtos no uma mera questo de

    mudana tcnica.

    1 No sentido que Schumpeter (1934) utilizou.

  • Essa concepo remete idia de destruio criadora que Schumpeter em

    Capitalismo, Socialismo e Democracia (CSD). Para o autor, as inovaes tecnolgicas

    geravam descontinuidades nos produtos ou nas formas de produzir, ou seja, a criao de uma

    nova tecnologia levava a destruio da velha tecnologia (SCHUMPETER, 1942). Esse

    processo, no entanto, no radical, como apontaram Usher (1955) e Ruttan (1957): a

    tecnologia antiga coexiste com a nova e h uma transio gradual.

    O conceito de inovao geralmente desdobrado em dois tipos: inovao de produto e

    inovao de processo, sendo que este ltimo englobaria as demais definies de Schumpeter

    (1934) que no novos produtos. Blaug (1963) e Rosenberg (1982) argumentam que a diviso

    inovao de produtos e inovao em processos um tanto artificial. A produo mais

    eficiente de antigas mercadorias pode ser feita mediante o uso de um novo equipamento. No

    entanto, tal equipamento pode ser um novo produto introduzido pela indstria de bens de

    capital que melhora o processo produtivo das demais indstrias. Da mesma forma, melhorias

    no processo produtivo que reduzam os custos de produo podem viabilizar o lanamento de

    novos produtos. Apesar disso, ainda sobra o caso em que o simples rearranjo ainda no

    tentado da forma de produzir (inovao organizacional) d margem para reduo dos custos

    unitrios. Assim, do ponto de vista analtico, novas formas de fazer coisas antigas podem ser

    distinguidas das velhas formas de fazer novidades. Portanto, uma inovao de processo pode

    ser definida como qualquer melhoria na tcnica de produo que reduza os custos unitrios da

    produo mesmo que os preos dos insumos no se alterem (BLAUG, 1963).

    Mudana tcnica e mudana tecnolgica so dois conceitos que merecem ateno.

    Muitas vezes esses termos so tratados como sinnimos na literatura, independente da escola

    de pensamento. A mudana tcnica pode ser entendida como a alterao no produto final a

    partir do emprego da mesma quantidade de fatores de produo (como capital e trabalho),

    geralmente entendido como variaes na produtividade dos fatores (SOLOW, 1957). J a

    mudana tecnolgica pode se entendida como o processo de inveno, inovao e difuso de

    uma tecnologia. Assim, mudana tecnolgica pode ser entendida como sinnimo de progresso

    tecnolgico ou progresso tcnico, conforme definio apresentada acima (ROSENBERG,

    1982). Convm destacar a questo da difuso das novas tecnologias e suas implicaes sobre

    o sistema econmico que aparece nessa definio e est de acordo com a teoria de

    Schumpeter.

    Pode ocorrer que ganhos de produtividade uma mudana tcnica seja resultado da

    mudana tecnolgica, ou seja, que a introduo de novas tecnologias no sistema produtivo

  • aumente a produtividade total dos fatores. Porm, possvel que a mudana tcnica decorra

    de outras causas como na existncia de economias de escala crescente , sem que haja

    qualquer mudana tecnolgica. Assim, trabalhos como a teoria do crescimento de Sollow

    (1957) explicam a mudana tcnica e no mudana tecnolgica. Mesmo o trabalho de Romer

    (1990), intitulado Endogenous Technological Change, trata da mudana tcnica, embora

    incorpore elementos relacionados mudana tecnolgica, como a qualificao da mo-de-

    obra e pessoal dedicado pesquisa e desenvolvimento, que podem ser interpretados como

    insumos necessrios para gerao de inovaes2, mas no descrevem por completo o processo

    de inveno, inovao e difuso de novas tecnologias.

    Por outro lado, os economistas que se dedicam a explicar o processo de criao e

    difuso de novas tecnologias muitas vezes usam o termo mudana tcnica para descrev-lo.

    Para evitar essa confuso conceitual, sero seguidas, ao longo deste trabalho, as distines

    supracitadas: mudana tcnica para se referir a alteraes na produtividade dos fatores de

    produo, e mudana tecnolgica para descrever o processo de inovao e difuso de novas

    tecnologias em uma economia.

    A difuso de novas tecnologias to, ou talvez mais, importante do que a prpria

    inovao. A capacidade de criar idias novas um passo necessrio para o progresso

    tecnolgico, mas sem a difuso, teria pouco valor para o estudo do desenvolvimento

    econmico. Se as inovaes ficassem restritas a um grupo de indivduos ou firmas especficas,

    os impactos sobre o total da economia poderiam ser irrelevantes. Mas, o amplo uso de uma

    nova tecnologia, com o uso de mquinas movidas a energia eltrica ao invs de queima de

    carvo ou outros combustveis fosseis, por exemplo, que permite a mudana tcnica,

    descrita acima, em nvel agregado (HALL, 2005). A difuso de inovaes um processo

    social conflitante. Do ponto de vista do inovador, interessante manter o monoplio sobre

    uma inovao, pois isso lhe proporciona lucros extraordinrios, conforme teorizado por

    Schumpeter (1934). Do ponto de vista social, uma nova tecnologia se amplamente utilizada,

    pode elevar o padro de vida da sociedade, seja pela maior produo com o uso de menos

    recursos, seja pela produo de mercadorias de melhor qualidade, como definido por

    Rosenberg (1982). Alm disso, a difuso no um processo simples. A transferncia de

    tecnologia pode ocorrer por imitao, licenciamento, engenharia reversa, compra de

    equipamentos com a nova tecnologia incorporada, etc. A forma de difuso vai depender da

    2 Ambas as teorias sero revistas em detalhes na prxima seo.

  • natureza da tecnologia, das possibilidades de apropriao (como direitos de propriedade

    intelectual), dos conhecimentos e capacitaes necessrios para sua incorporao, etc.

    Buscou-se, nesta seo, clarificar alguns conceitos fundamentais antes de prosseguir

    para a discusso dos efeitos e das causas da inovao. Em sntese, uma inveno pode ser

    entendida como a criao de uma nova idia ou de novo conhecimento. Para os economistas,

    comum associar a inveno a uma inovao patentevel, pois o prprio sistema legal de

    proteo dos direitos de propriedade intelectual utiliza esse termo. Sugeriu-se que o conceito

    de inovao mais amplo do que uma inveno patentevel, sendo que esta pode ser includa

    como uma dentre vrias possibilidades de inovao. A inovao, portanto, se refere a novas

    combinaes dos recursos ainda no tentadas, para utilizar a definio de Schumpeter (1934),

    e de acordo com sua natureza, pode receber um adjetivo complementar, como inovao

    tecnolgica, inovao organizacional, etc., como sugeriu Ruttan (1959). Foi estabelecida

    ainda uma diferena entre mudana tcnica e mudana tecnolgica, sendo a primeira

    entendida como uma alterao no produto final a partir do emprego dos mesmos fatores de

    produo, e a segunda definida como o processo de inveno, inovao e difuso de novas

    tecnologias. Os termos progresso tcnico e progresso tecnolgico podem ser vistos como

    sinnimos da mudana tecnolgica. Por fim, por difuso tecnolgica, entende-se o amplo uso

    de uma nova tecnologia pelos agentes de uma determinada economia. Geralmente, a difuso

    ocorre por imitao, transferncia voluntria ou a descoberta de outras aplicaes para a nova

    tecnologia.

    3. EFEITOS DA INOVAO

    O trabalho de Abramovitz (1956) foi um dos primeiros a tentar separar a contribuio

    dos fatores de produo (capital e trabalho) para o crescimento do produto dos Estados

    Unidos3. A teoria econmica geralmente atribui o crescimento do produto ao crescimento de

    ambos os recursos e ao aumento na produtividade dos fatores. Em seu artigo, Abramovtiz

    observa que, no perodo de 1870 a 1953, o produto nacional lquido per capita praticamente

    quadriplicou, enquanto a populao e o capital per capita triplicaram. Esses dados sugerem

    que o incremento no se deve apenas ao aumento na disponibilidade de recursos, mas tambm

    de outro elemento, nomeadamente, ganhos de produtividade. Em um exerccio experimental,

    estabelecendo a produtividade constante em um perodo base, observa-se que o crescimento

    total dos fatores foi de somente 14 por cento. Para que o produto atingisse o nvel quatro

    3 Tentativas anteriores, mas para perodos de tempo mais curtos, foram conduzidas por Simon Kuznets (1952).

  • vezes maior do que nos anos 1870, a produtividade total dos fatores deve somar, ento, um

    crescimento de 250 por cento. O autor reconhece as limitaes das estatsticas e at mesmo

    dos conceitos, como a formao bruta de capital fixo, que uma definio limitada para o

    estoque de capital da economia. O processo de urbanizao, incorporao do trabalho

    feminino, retirada de crianas e adolescentes e idosos da produo pela regulamentao do

    trabalho, entre outros fatores, tambm modificaram substancialmente a composio, no

    adequadamente captado pelas estatsticas de populao ou horas de trabalho. As dificuldades

    de mensurao podem levar a uma subestimao do papel do aumento do estoque de capital e

    da fora do trabalho no crescimento do produto e superestimar a contribuio dos ganhos de

    produtividade. Por outro lado, Abramovitz no nega que, mesmo que esses problemas

    pudessem ser superados, ainda haveria um papel importante para os ganhos de produtividade,

    cujas causas deveriam ser mais profundamente estudadas.

    Abramovtiz argumenta que uma poro do crescimento e talvez uma poro crescente

    esteja associada a gastos especficos na economia, como investimento de recursos em

    pesquisa, educao e sade, que resultam nos ganhos de produtividade, tanto do trabalho,

    quanto do capital. Nas palavras do prprio autor (traduo nossa):

    [...] podemos, eventualmente, ser capazes de atribuir com preciso a contribuio de cada

    um desses recursos medida que aprendermos a traar a conexo entre esse investimento

    no conhecimento e sua contribuio marginal social [...]. Alm deste ponto, no entanto,

    existe o crescimento gradual do conhecimento aplicado que , sem dvida, o resultado da

    atividade humana, mas no desse tipo de atividades que envolvem a escolha custosa que

    ns pensamos como insumo econmico (ABRAMOVITZ, 1956).

    O trabalho de Solow (1957) prope uma maneira simples de separar as variaes no

    produto per capita em funo da mudana tcnica e da mudana na disponibilidade dos

    fatores de produo (capital e trabalho). A base terica dada pela seguinte funo de

    produo agregada:

    Onde representa o fator acumulado de mudana tcnica ou fator tecnolgico,

    insumos de capital fsicos e insumos de trabalho. A formulao acima pressupe que a

    mudana tecnolgica neutra, ou seja, afeta a produtividade de ambos os fatores e na

    mesma magnitude.

    Partindo do pressuposto de retornos constantes de escala, pode-se definir que o produto

    por trabalhador dado por:

  • Onde , , , mostrando que as variveis explicativas do produto

    por trabalhador, que uma proxy do produto per capita.

    Tratado em termos de variao percentual, a equao acima pode ser rescrita, aps

    algumas manipulaes algbricas, da seguinte maneira:

    Onde a variao do produto por trabalhador, variao no fator tecnolgico, a

    participao relativa do capital4 e a variao do capital por trabalhador. A equao acima

    representa, portanto, a variao percentual do produto por trabalhador como funo da

    variao percentual do fator tecnolgico e do capital por trabalhador, este ponderado pelo

    coeficiente .

    Assim, com um exerccio economtrico, pode-se estimar a contribuio da mudana

    tecnolgica ao longo do tempo. Solow fez essa estimativa para a economia estadunidense no

    perodo de 1909 e 1949, usando dados do PNB e de FBCF5, este ponderado pela participao

    dos rendimentos de propriedade na renda nacional, sendo o fator tecnolgico obtido por

    resduo. Seus resultados sugerem, apesar de todas as consideraes metodolgicas que devem

    ser levadas em conta, que o PNB per capita estadunidense dobrou ao longo do perodo, sendo

    que a contribuio da mudana tcnica respondeu por 87,5%, enquanto o incremento no

    capital por trabalhador respondeu por apenas 12,5% da variao do produto per capita. Como

    conclui o prprio autor (traduo prpria):

    claro que isso no significa dizer que a taxa observada de progresso tcnico seria

    persistente se a taxa de investimento tivesse sido muito menor ou reduzida a zero.

    Obviamente muitas, se no quase a totalidade, das inovaes devem estar embutida em

    novas plantas e equipamentos a ser realizado, afinal (SOLOW, 1957).

    Ambos os trabalhos anteriores apresentam medidas da contribuio da mudana

    tecnolgica para como um resduo. Dentro da conceituao discutida na seo anterior, esses

    modelos mostram, na verdade, a medida da mudana tcnica, que pode ser decorrente, ao

    menos em parte, de uma mudana tecnolgica ocorrida no perodo de anlise dos autores.

    4 Pressupe-se tambm que os fatores so remunerados de acordo com sua produtividade marginal. Assim, a

    participao do capital foi mensurada pela participao das remuneraes de propriedade no total das

    remuneraes na economia estadunidense (SOLOW, 1957). 5 Formao bruta de capital fixo.

  • Portanto, os modelos tericos em que se baseiam adotaram a mudana tecnolgica como

    exgena.

    Em uma tentativa de elaborar um modelo de crescimento econmico em que a mudana

    tecnolgica fosse explicada internamente foi realizada por Romer (1990). A formulao

    terica do autor parte de trs premissas: (1) a mudana tecnolgica o corao do

    crescimento econmico; (2) a mudana tecnolgica decorre da ao intencional das pessoas

    de acordo com incentivos no mercado; e (3) o custo de criar uma inveno fixo, mas ela

    pode ser usada varias vezes sem custos adicionais. O componente de nvel tecnolgico do

    modelo apresenta dois componentes distintos: o primeiro o invento em si, cujas instrues

    uma vez criadas, podem ser reproduzidas sem custos relevantes. Ou seja, o conhecimento

    novo gerado pelos seres humanos pode ser reproduzido sem custos. Isso daria um carter de

    bem pblico ao conhecimento: no rival e no exclusivo. Os direitos de propriedade

    intelectual alteram em parte essa natureza: o conhecimento continua no-rival, mas

    exclusivo por determinao da lei. Porm, a transformao das instrues, ou do

    conhecimento, em uma mercadoria ou uma forma de produzir, efetivamente, demanda

    habilidades profissionais do trabalhador. O trabalhador qualificado, em si, tanto rival quanto

    exclusivo, j que no pode trabalhar em vrias empresas ao mesmo tempo. Portanto, existe

    um componente do nvel tecnolgico que tem as caractersticas dos bens econmicos

    tradicionais e, portanto, pode ser explorado economicamente, servindo de incentivo

    mudana tecnolgica para a iniciativa privada. A este componente, Romer denomina de

    capital humano, que justamente a habilidade e conhecimento profissional dos

    trabalhadores. Toda atividade devotada para o avano do conhecimento que determina o nvel

    tecnolgico apresenta dois efeitos: um efeito spillover, ou seja, parte do conhecimento

    tornada pblica, e um efeito restritivo, que impacta na concorrncia empresarial, que permite

    o ganho de algum grau de monoplio para a empresa inovadora. justamente esse efeito

    restritivo que torna atrativa a atividade inventiva por parte das empresas. Em ambos os casos,

    quanto maior a atividade inventiva e o capital humano, maiores devem ser os efeitos sobre o

    crescimento do produto de uma nao.

    O modelo de crescimento de Romer (1990) representado da seguinte maneira:

    Onde o produto da economia, o estoque de capital, o estoque de idias,

    o nmero de trabalhadores e um parmetro com valor entre 0 e 1.

  • Alm disso, o estoque de idias, que o parmetro responsvel pela produtividade dos

    fatores de produo (capital e trabalho) determinado por:

    Onde o nmero de trabalhadores dedicados atividade de descoberta de novas

    idias (em P&D, por exemplo) e a taxa qual eles descobrem novas idias. Portanto,

    d o total de trabalhadores de uma economia.

    Assim, o progresso tecnolgico ser mais intenso quanto mais pessoas tiverem

    empregadas em atividades inventivas e quanto maior o nmero de idias que essas pessoas

    conseguem descobrir. Obviamente existe um limite para a primeira condio, pois ao

    empregar pessoas em atividades inventivas, reduz o nmero de pessoas empregadas em

    atividades produtivas. Ento, empregar 100% do pessoal em atividades inventivas

    representaria produo nula. Esse modelo tem algum respaldo na observao emprica: pases

    com maior nvel de renda costumam a ter maior nmero de pessoas empregadas em atividade

    de P&D, bem como tendem a gastar mais nessa atividade, em termos relativos ao total de

    trabalhadores e ao PIB, respectivamente. Apesar dos avanos em relao s elaboraes

    tericas anteriores, o modelo assume que as inovaes so resultado da dedicao exclusiva

    de pessoas descoberta de novas idias, como aquelas que trabalham em departamento de

    P&D de empresas, em universidades ou institutos de pesquisa. Porm, em uma conceituao

    mais ampla de inovao, como em Schumpeter (1934), a atividade inventiva, como P&D,

    apenas uma fonte para o progresso tecnolgico. Outras inovaes podem surgir no mbito da

    produo, a partir do aprendizado dos trabalhadores6, por exemplo. Alm disso, o modelo trs

    a concepo de que uma inovao surge a partir dos esforos cientficos para depois serem

    empregados na produo e finalmente comercializados no mercado, o que o aproxima da idia

    do chamado modelo linear de inovao que ser discutido na prxima seo.

    4. PROCESSO DE INOVAO

    Schumpeter (1928) buscou demonstrar que o capitalismo possui uma fora interna que

    gera uma instabilidade no prprio sistema. Essa instabilidade no aquela causada por fatores

    polticos e sociais, como uma guerra mundial, ou por fatores externos, como a abertura ou

    acesso a novos mercados consumidores no exterior. Trata-se da dinmica de novas

    combinaes de recursos e fatores de produo, no tentadas anteriormente, que resultam em

    6 Conforme elaborao terica de Arrow (1962a).

  • novos produtos ou novas tcnicas de produo e comercializao de mercadorias. Tais

    inovaes normalmente tm como efeito a gerao de lucros extraordinrios, ou quase-rendas,

    para o inovador, ainda que possam ser temporrios medida que a imitao por parte dos

    outros capitalistas leve competio e queda da taxa de lucro. Essa concepo da inovao

    se afasta da anlise econmica tradicional, que assume uma curva de demanda negativamente

    inclinada e uma curva de oferta positiva inclinada, em que o efeito das externalidades seria

    apenas o descolamento de tais curvas. Na verdade, a proposta de Schumpeter que, com

    inovaes, a funo agregada de produo constantemente alterada, gerando contnuos

    desequilbrios. Schumpeter (1928) no rompe completamente com a idia de equilbrio, mas

    trabalha com o conceito de ciclos de negcios. A introduo de um novo produto e de uma

    nova tcnica de produo ou de comercializao proporciona ao inovador uma quase-renda.

    Os demais capitalistas ao se aperceberem disso, passam a copi-lo. Produtos ou mtodos

    antigos de produo coexistem, at que sejam completamente substitudos ou que se ajustem a

    participao relativa de cada um (antigo e moderno). A inovao gera, portanto, um distrbio

    no equilbrio, mas medida que os demais capitalistas respondem ao choque imposto pelo

    inovador, a economia tende a caminhar para um novo equilbrio, at que o ciclo se repita com

    a introduo de inovaes subseqentes.

    No capitalismo competitivo, o inovador o empresrio individual (TDE). No

    capitalismo monopolstico, o inovador a grande corporao (CSD). Schumpeter (1928) usa

    essas duas denominaes para separar os perodos histricos do capitalismo entre os

    primrdios (mais precisamente de meados XVIII, tambm denominado de capitalismo

    industrial), do perodo mais recente (final do sculo XIX e incio do sculo XX). Apesar de

    explicar a importncia da inovao para o desenvolvimento econmico e de enderear os

    atores responsveis pela introduo de inovaes no sistema econmico, Schumpeter no

    elaborou uma teoria de inovao propriamente dita.

    Solo (1951) faz algumas crticas incisivas teoria da inovao de Schumpeter. Em

    primeiro lugar, a economista discorda da distino, e principalmente, da possvel desconexo,

    entre inveno e inovao. Todo estado da arte inclui o conhecimento tecnolgico potencial e

    o efetivamente em uso, argumenta. Assim, se inveno definida como a criao de novo

    conhecimento, a mudana tecnolgica resulta da aplicao desse novo conhecimento (ou do

    seu efetivo uso), que Schumpeter chama de inovao. Mas este no pode ocorrer sem

    aquele. Em segundo lugar, argumenta que Schumpeter no explica a origem da inspirao do

    empreendedor para realizar novas combinaes. Schumpeter explica que pode haver situaes

  • em que o inventor e o empreendedor sejam a mesma pessoa, mas que raramente este o caso.

    O empreendedor aquela que realiza novas combinaes, rene os fatores de produo

    necessrios para a criao do novo nova empresa, novo produto, novo processo produtivo,

    etc. Mas tal ao no possvel sem a inveno prvia. Mesmo que o empreendedor seja

    aquele que explore de forma comercial uma inveno, ele deve obter a idia de algum

    inventor, possivelmente comprando os direitos de propriedade intelectual. Assim, haveria um

    mercado para invenes e, mais importante, uma relao entre a inveno (muitas vezes

    associada pesquisa cientfica bsica) e a introduo da inovao em si no mercado.

    O segundo ponto fundamental de sua crtica a observao de que as atividades de

    introduo de novos produtos ou processos, ou melhoramentos dos antigos, so parte

    integrante da competio empresarial. A concorrncia via preos apenas parte das armas

    disponveis para enfrentamento no mercado: a inovao talvez a principal forma de

    competio capitalista. Assim, todas as empresas naturalmente se esforam para inovar por

    trs razes bsicas: usar suas inovaes na competio, diminuir os riscos da empresa e tentar

    garantir a sobrevivncia de longo prazo e o crescimento da firma. Solo argumenta que as

    empresas mantm a atividade de pesquisa e desenvolvimento e que, embora Schumpeter

    reconhea esse fato no CSD, ele ainda no abandona a idia de que o novo homem de negcio

    (empreendedor) fundamental para a introduo da inovao, mesmo dentro das grandes

    corporaes. Como parte da atividade rotineira, afirma Solo, a inovao no requer

    necessariamente novas empresas e novas instalaes, as invenes e sua aplicao podem ser

    feitas pelas empresas j estabelecidas, j que esta estratgia faz parte da natureza da

    competio empresarial. Nesse aspecto, sua crtica est orientada mais para a idia de que a

    inovao no , sem si, um fator perturbador do equilbrio, j que todas as firmas usam da

    inovao como uma forma de competio. Por outro lado, reconhece que a anlise tradicional

    da competio (via preos) no d conta de explicar a verdadeira forma de concorrncia

    empresarial e, portanto, a obra de Schumpeter tem o mrito de enderear a verdadeira fora da

    expanso capitalista (Solo, 1951).

    Dois trabalhos foram fundamentais para descrever a importncia das invenes e, em

    especial, da pesquisa cientfica bsica para o progresso tecnolgico. O primeiro foi o artigo de

    Nelson (1959). Para o autor, a pesquisa bsica apresenta natureza distinta, embora

    relacionada, com a pesquisa aplicada. Enquanto a segunda est voltada para a soluo de um

    problema prtico, a primeira est associada ao avano no conhecimento. Geralmente, a

    pesquisa bsica mais livre, e seus objetivos no so claramente definidos antes do incio de

  • um projeto. Por esse motivo, a pesquisa bsica possibilita o redirecionamento da ateno dos

    pesquisadores para novos caminhos no previstos anteriormente. As revolues cientficas

    decorrem muitas vezes dessas mudanas de trajetrias e quase sempre so dependentes do

    conhecimento cientfico desenvolvido at o momento. As grandes mudanas dependem

    revolues cientficas, como no caso da telecomunicao por ondas de rdio ou da produo

    de vacinas. Por outro lado, os resultados da pesquisa bsica so incertos e a transformao do

    novo conhecimento em uma inveno til para sociedade e mesmo em uma mercadoria pode

    apresentar um grande intervalo de tempo. Por essas caractersticas, argumenta Nelson (1959),

    a pesquisa bsica tem sido financiada, em sua grande maioria, pelos governos e por instituio

    sem fins lucrativos, como as universidades. Apesar disso, algumas firmas se envolvem na

    pesquisa bsica. Geralmente, so aquelas que possuem uma ampla base de conhecimento

    cientfico. Como a pesquisa bsica pode dar origem a descobertas no planejadas, as empresas

    que dominam os princpios cientficos podem usufruir dos benefcios da nova trajetria, ao

    transformar o novo conhecimento em novo produto ou processo produtivo. J firmas com

    base de conhecimento restrita, preferem focar seus esforos em pesquisa aplicada, orientada

    para a soluo de um problema prtico, cujo resultado e foco da pesquisa podem ser

    estabelecidos ex-ante.

    Embora muitas invenes ocorram sem a necessidade da pesquisa bsica, outras so

    dependentes das revolues cientficas. Deve haver um limite para as inovaes por esforos

    sistemticos de atingir um objetivo prtico particular. Nelson (1959) defende que a pesquisa

    cientfica est cada vez mais acoplada s invenes. Nem toda pesquisa cientfica est

    associada soluo de problemas prticos, algumas esto focadas apenas no avano do

    conhecimento. Mas a relao entre conhecimento puro e aplicao prtica no binria, h

    um espectro entre esses dois extremos. medida que se avana em direo pesquisa bsica,

    aumenta o grau de incerteza sobre os resultados, e as metas so pouco claras e menos

    relacionadas a um problema especfico do ponto de vista prtico. Essas caractersticas

    reduzem os incentivos privados ao investimento em pesquisa bsica. Por outro lado, h uma

    maior probabilidade da pesquisa bsica gerar ganhos substanciais de externalidade, o que

    justificaria, do ponto de vista social, a orientao de recursos para esse tipo de pesquisa. Isso

    porque o novo conhecimento pode ser de grande valor como um insumo chave para outros

    projetos de pesquisas, como aqueles aplicados a soluo de problemas prticos. E a

    possibilidade de se apropriar do resultado de tais solues prticas faz com que as firmas

    concentrem seus esforos na pesquisa aplicada.

  • O segundo trabalho a explorar o papel das invenes e da pesquisa bsica no sistema

    econmico foi de Arrow (1962b). O autor define a inveno como a produo de

    informaes. Se pensssemos na informao como uma mercadoria, existiriam problemas

    para a sua comercializao decorrente de trs fatores: incerteza sobre os resultados da

    atividade inventiva, indivisibilidade da informao e a capacidade apropriao da informao.

    Dada a incerteza dos resultados, os recursos alocados para a sua produo pela iniciativa

    privada seriam menores do que o socialmente desejado, mesmo que mecanismos de proteo

    (seguros) ou de repartio dos custos fossem adotados. Alm disso, a comercializao da

    informao apresenta um problema associado indivisibilidade entre a informao em si e a

    informao necessria para saber se aquela informao valiosa ou no, do ponto de vista da

    demanda. Portanto, seria impossvel precificar, ex-ante, a informao, sem saber o que a

    informao realmente . Mas, ao divulgar a informao, o inventor no conseguiria apropriar-

    se dos seus benefcios, j que ela se tornaria um bem pblico. As patentes resolvem apenas

    em parte esse problema. Ao garantir os direitos de propriedade intelectual de uma

    determinada inveno, as patentes permitem a divulgao e a comercializao da informao.

    No entanto, apenas um nmero restrito de invenes pode ser codificado e registrado sob

    forma de patente. Assim, ainda haveria um espao para sub-alocao de recursos em

    atividades inventivas, associada incapacidade de apropriao dos benefcios do invento. A

    informao, alm de ser um produto da atividade inventiva, poder ser um insumo para ela

    mesma. Mas, dada a incerteza dos resultados, em cada etapa de deciso sobre os caminhos a

    seguir, menor o leque de possibilidades de trajetrias possveis e maior a dependncia de

    informaes anteriores, o que concentra o risco das atividades inventivas. Por esses motivos,

    Arrow conclui que o esforo inventivo da iniciativa privada menor do que o socialmente

    desejado, e que esse espao pode ser preenchido pelo governo, universidades e institutos de

    pesquisa, cujo incentivo atividade inventiva no reside exclusivamente na explorao

    comercial de seus resultados (como o caso da pesquisa bsica).

    Assim, a partir da concepo terica de Nelson (1959) e Arrow (1962b) pode-se

    entender que, se no a totalidade, boa parte das inovaes relevantes so decorrentes de

    avanos cientficos. Um trabalho emprico da mesma poca, no entanto, apontou em outra

    direo. Schmookler (1962), ao estudar a relao entre as invenes (medida pelo nmero de

    patentes) e o produto (medido pela formao bruta de capital fixo) em algumas indstrias,

    como a do refino do petrleo e da produo de equipamentos de transporte ferrovirio,

    observou uma correlao estatstica entre essas variveis, verificando que tanto no longo

  • prazo, quanto em perodos mais curtos, o comportamento dos dados era semelhante, com

    pequena tendncia do nmero de invenes aumentarem aps o aumento do produto. A partir

    dessa observao emprica, Schmookler (1962) descarta a tese de que as invenes precedem

    as vendas, ou seja, que o modelo linear da descoberta cientfica, ou dos gastos em P&D,

    precede o lanamento de novos produtos. Assim, parece haver um fator externo que

    condiciona o comportamento tanto das vendas quanto do esforo inventivo. O autor defende

    que a demanda da sociedade exerce influncia determinante sobre a atividade inovadora. O

    autor argumenta que a atividade inventiva requer gastos e pessoal empenhado na pesquisa,

    desenvolvimento e melhoramento de produtos. Esse custo s efetivamente realizado, no

    entanto, se existe perspectiva de retorno sobre os custos incorridos nos esforos inventivos.

    Assim, poucos inventores podem, em um primeiro momento, lanar novos produtos no

    mercado. Mas geralmente, esses prottipos necessitam de melhoramentos. A partir do

    momento que h perspectiva de vendas e presso social para melhoramentos daquele novo

    produto, as empresas passam tanto a comercializ-lo quanto a buscar formas de melhor-lo.

    Com mais pessoal empregado e maior volume de vendas, tem-se tanto mais pessoas

    envolvidas na atividade inovativa, quanto recursos financeiros para isso (mesmo que

    percentual, como o aumento das vendas, o montante de recursos dedicados a P&D se eleva).

    Portanto, nas palavras do prprio Schmookler (traduo nossa): o ponto essencial que o

    incentivo para fazer uma inovao, como o incentivo de produzir outra mercadoria qualquer,

    afetado pelo excesso de retorno esperado sobre os custos esperados. Enquanto o custo do

    esforo inventivo pode ser considerado fixo, os retornos de tal investimento variam com as

    circunstncias. Ento, a deciso de incorrer em custos com a atividade inventiva depende da

    existncia, potencial ou efetiva, de demanda social por uma inveno.

    Esses e outros trabalhos deram origem a um intenso debate sobre a direo da inovao

    tecnolgica: se os avanos cientficos permitiam as inovaes no sistema econmico ou se as

    necessidades sociais (ou a demanda) direcionavam os esforos inventivos. O trabalho de

    Freeman (1979) encerra essa discusso mostrando que o processo inovativo mais complexo

    do que ambas as linhas de pensamento pressupem. O autor argumenta que a importncia da

    demanda para guiar a inovao depende das mudanas nos ciclos (surgimento, crescimento e

    declnio) e descontinuidades das indstrias. Partindo de um estudo da indstria qumica

    fabricao de produtos de plstico, mais especificamente mostra que houve uma mudana

    no padro de inovao: de novos produtos para melhoria nos processos e nos produtos. No

    surgimento da indstria qumica, os avanos cientficos foram fundamentais para as

  • inovaes. medida que a indstria cresceu e foi maturando, foram as necessidades dos

    consumidores que passaram a guiar os esforos inovativos.

    Alm disso, Freeman (1979) argumenta que a relao entre cincia, tecnologia e

    inovao distinta em cada setor de atividade. Essa idia deu origem taxonomia

    desenvolvida por Pavitt (1984), que props uma classificao de setores econmicos de

    acordo com a criao ou incorporao de inovaes tecnolgicas, estabelecendo quatro

    categorias. A primeira denominada de setores dominados por fornecedores, ou seja, aqueles

    setores cujo avano tecnolgico no gerado por si mesmo, mas depende de avanos dos

    fornecedores de insumos e maquinaria. o exemplo da agricultura, que depende de avanos

    tecnolgicos em fertilizantes, sementes e tratores para aumentar a produtividade. Outra

    categoria so os setores intensivos em escala, em que as fontes de inovao so tanto internas

    quanto externas. o exemplo da indstria automobilstica, em que avanos de design e

    engenharia so criados internamente, mas outras inovaes podem ser promovidas por

    fornecedores ou em parcerias com estes. A terceira categoria formada por fornecedores

    especializados, como o exemplo dos fabricantes de bens de capital. A caracterstica

    principal de inovao o conhecimento tcito acumulado pela especializao na produo de

    uma pequena linha de produtos. Por fim, os setores baseados em cincia, onde pode se

    enquadra a indstria farmacutica, em que o processo inovativo depende de pesquisa

    cientfica bsica.

    Mais importante do que a inovao original, no entanto, a difuso da inovao.

    Geralmente o processo de difuso lento, somente empregado quando o custo de sua

    implementao menor do que os custos de manter a tecnologia antiga. Alm disso, o

    impacto sobre a produtividade agregada ser maior ou menor de acordo com o emprego da

    nova tecnologia em vrios setores da economia. As relaes inter-setoriais tambm so

    importantes. Por exemplo, a melhoria nos transportes, pode aumentar a produtividade em

    outros setores, como na agricultura (escoamento e preservao da produo). Uma inovao

    isolada, portanto, no responsvel pelo aumento da produtividade. Mais importante a

    capacidade de gerar inovaes em uma economia, a capacidade de gerar solues alternativas

    e complementares que promovam o progresso tcnico de maneira generalizada (Rosenberg,

    1982).

    Difuso o termo usado para descrever o processo pelo qual indivduos e empresas de

    uma sociedade adotam uma nova tecnologia, ou substituem uma tecnologia antiga por uma

    mais nova. A difuso no apenas a ampla utilizao de uma nova tecnologia que til para a

  • sociedade, ela parte do processo de inovao e envolve o aprendizado, a imitao e o

    feedback em torno da inovao original (HALL, 2005).

    Griliches (1960) foi o primeiro economista a estudar a difuso de sementes hbridas de

    milho nos EUA. Seu estudo enfatizou o papel dos fatores econmicos como os lucros

    esperados e a escala de produo para determinar as diferentes taxas de difuso da semente

    hbrida no pas. O autor verificou que a variao na data inicial de seu uso dependeu da

    velocidade em que as sementes foram adaptadas para o uso em regies geogrficas

    especficas. Isto , a difuso dependeu, em certa medida, da capacidade dos fornecedores em

    adaptar as sementes s condies locais, o que mostra que a tecnologia original sofre

    alteraes no processo de difuso.

    Outros estudos observaram comportamento semelhante na difuso de outras tecnologias

    de tal forma que se tornou um fato estilizado que a adoo de uma nova tecnologia, se

    representada graficamente ao longo do tempo, apresenta uma curva em formato de S. Isso

    implica que o ritmo de difuso lento no incio, acelerando-se rapidamente aps um tempo, e

    ento declinando, conforme a nova tecnologia esteja saturada ou outra tecnologia mais nova

    esteja iniciando um processo de substituio. O Grfico 1, a seguir, apresenta um exemplo da

    adoo do motor eltrico na indstria estadunidense. Como apontado, a saturao ocorreu por

    volta de 90%, provavelmente porque para usos especializados outros tipos de motores podem

    ser preferidos (HALL, 2005).

    Grfico 1 Adoo de motores eltricos na indstria estadunidense. Fonte: Hall (2005).

  • O trabalho de Mansfield (1961) procurou explicar como e quanto tempo leva para que

    uma inovao, uma vez introduzida por uma empresa, seja imitada pelas demais. Sua

    elaborao terica propunha que a probabilidade de uma empresa introduzir uma nova tcnica

    uma funo crescente da proporo de empresas que j a adotaram e da rentabilidade de

    faz-lo, e uma funo decrescente do tamanho o investimento necessrio. O autor aplicou seu

    modelo a doze invenes em quatro setores industriais distintos, obtendo resultados empricos

    satisfatrios. Com isso, pde verificar a existncia de diferenas inter-industriais na taxa de

    imitao.

    Sintetizando essa discusso, a literatura econmica sobre o processo de inovao mostra

    que h uma importante relao entre a cincia (ou a pesquisa bsica) e a gerao de novos

    produtos e processo de produo de mercadorias (bens e servios), sendo que, nas palavras de

    Nelson (1959), h um limite para as inovaes que resultam da experincia na busca por

    solues prticas, o que mostra a importncia dos avanos cientficos para grandes

    transformaes econmicas. Por outro lado, no se pode ignorar o papel da demanda e das

    necessidades sociais para direcionar os esforos inovativos, tanto da pesquisa aplicada, quanto

    da pesquisa bsica. Um exemplo disso so os esforos cientficos devotados para a busca pela

    cura do cncer ou do de fontes alternativas de energia para o combustvel fssil. As invenes

    e inovaes originais s tm relevncia, do ponto de vista econmico, quando so difundidas,

    ou seja, amplamente empregadas em uma determinada economia. A difuso envolve no

    apenas a imitao, mas o aprendizado, o aperfeioamento e a realizao de inovaes

    complementares inovao original.

    5. CONSIDERES FINAIS

    O objetivo deste trabalho foi revisar conceitos fundamentais associados teoria da

    inovao nas cincias econmicas, bem como elaborar uma breve discusso sobre o

    tratamento da inovao do ponto de vista terico. Ao invs de dividir as teorias por escolas

    de pensamento, os trabalhos foram divididos entre aqueles que procuraram analisar ou

    explicar o efeito das inovaes sobre o crescimento e desenvolvimento econmico, e aqueles

    que procuraram elaborar, propriamente dito, uma teoria da inovao. Do ponto de vista do

    crescimento econmico, a teoria tradicional no provia explicao suficiente quando o

    fenmeno era observado empiricamente. Os expressivos ganhos de produtividade dos fatores

    de produo foram atribudos pelos economistas, ao menos em parte, ao progresso

    tecnolgico. Estudos de casos, como da semente hbrida de milho, conduzida por Griliches

  • (1960) mostram como algumas inovaes podem aumentar significativamente a

    produtividade. Modelos de crescimento econmicos mais sofisticados foram elaborados para

    quantificar o efeito do progresso tecnolgico, como o de Solow (1957), e outros tentaram

    inclusive endogenizar o progresso tcnico, como o de Romer (1990).

    No entanto, o processo de inovao mais complexo do que pressupunham esses

    autores, e uma medida nica para o agregado da economia esconde nuances importantes.

    Mesmo o trabalho seminal de Schumpeter, que destacou o papel da inovao como um

    elemento fundamental para o desenvolvimento econmico, careceu de uma teoria da

    inovao. Desenvolvimentos posteriores foram realizados, de forma que, hoje, h um

    entendimento maior sobre o processo de inovao, ainda que no haja consenso. Por um lado,

    a pesquisa cientfica bsica vista como fundamental para a gerao de inovaes radicais,

    como defende Nelson (1959), por outro, inovaes resultantes da pesquisa aplicada e guiadas

    pela demanda, como argumenta Schmookler (1962). Deve-se considerar, no entanto, como

    lembrou Freeman (1979), que cada vez mais a inovao est ligada cincia, dada a crescente

    complexidade das novas tecnologias, como o caso das tecnologias de informao e

    comunicao. Alm disso, deve-se ter em mente, tambm, que a difuso pelo menos to

    importante quanto inovao, j que esse processo envolve a substituio da antiga

    tecnologia, o aprendizado, a aperfeioamento e a gerao de inovaes complementares que

    so to importantes quanto inovao original.

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