Arcadismo em portugal e no brasil.

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Letícia Santos Arcadismo em Portugal e no Brasil

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Letícia Santos

Arcadismo em Portugal e no Brasil

“Todo mundo tá feliz? Todo mundo quer dançar?” É isso aí, galera! Literatura está de volta!

ArcadismoOriginado na Itália em 1690, o Arcadismo inspirou-se

numa região lendária da Grécia Antiga: a Arcádia. Segundo a lenda, a Arcádia era um lugar dominado pelo deus Pan e habitado por pastores, que viviam de modo simples e espontâneo, divertindo-se por meio de disputas poéticas e celebrando o prazer e o amor;

O Arcadismo literário foi fortemente marcado pelas ideias iluministas;

O Arcadismo brasileiro e português ocorreu aos moldes do Arcadismo italiano.

Características geraisQuanto ao conteúdo Quanto à forma

Antropocentrismo; Vocabulário simples;

Racionalismo, busca de equilíbrio; Gosto pelo soneto e pelo decassílabo;

Elementos da cultura greco-latina; Ordem direta das palavras;

Volta à Antiguidade Clássica;

Fugere urbem, carpe diem, aurea mediocritas;

Pastoralismo, bucolismo;

Busca da clareza das ideias;

Harmonia do homem com a natureza; Ideia de locus amoenuns

Arcadismo em PortugalA fundação da academia literária Arcádia Lusitana, em

1756, é considerada o marco inicial do Arcadismo em Portugal;

O gênero predominante nessa estética em Portugal foi o poema;

IMPORTANTE: Manuel Maria Barbosa du Bocage, apesar de estar classificado em muitos livros como um autor árcade, apresenta em sua obra alguns traços da estética posterior: o Romantismo. Sendo, por isso, considerado por muitos um autor pré-romântico português.

Principais autores

Filinto Elísio (Francisco Manuel do Nascimento)

Nos foge o tempo

Se mais que aéreas nuvens pressuroso,Se mais que inquietas ondas inconstantes,

Nos foge o Tempo; é inútil o saudoso Pranto, dado a quem foge; eu incessante

Quero abarcar, e com ardor ansiosoEntranhar na alma cada alegre instante:

Pois que a vida é passagem, as lindas floresBom é colher na estrada dos Amores.

Bocage

I

Fiei-me nos sorrisos da ventura,Em mimos feminis, como fui louco! Vi raiar o prazer; porém tão pouco Momentâneo relâmpago não dura: 

No meio agora desta selva escura, Dentro deste penedo húmido e ouco, Pareço, até no tom lúgubre, e rouco Triste sombra a carpir na sepultura:

Que estância para mim tão própria é esta! Causais-me um doce, e fúnebre transporte, 

Áridos matos, lôbrega floresta! 

Ah! não me roubou tudo a negra sorte: Inda tenho este abrigo, inda me resta 

O pranto, a queixa, a solidão e a morte.

Os garços olhos em que Amor brincavaXIII

Os garços olhos em que Amor brincavaOs rubros lábios, em que Amor se ria,As longas tranças, de que Amor pendia,

As lindas faces, onde Amor Brilhava:

As melindrosas mãos, que Amor beijava,Os níveos braços, onde Amor dormia,

Foram dados, Armânia, à terra fria,Pelo fatal poder que a tudo agrava.

Seguiu-te Amor ao tácito jazigo,Entre as irmãs cobertas de amargura;

E eu que faço (ai de mim!) como não os sigo!

Que há no mundo que ver, se a formosura,Se Amor, se as Graças, se o prazer contigo

Jazem no eterno da sepultura?

Arcadismo no BrasilO Arcadismo no Brasil teve início no ano de 1768, com a

publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa.O Arcadismo brasileiro originou-se e teve maior expressão

em Vila Rica (Ouro Preto);Os jovens brasileiros costumavam ser mandados para

Coimbra para estudar, uma vez que não havia no Brasil ainda instituições de ensino superior. Ao retornarem ao país, esses jovens traziam consigo as ideias iluministas que faziam fermentar a vida cultural portuguesa à época de inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal.

Principais autores

Cláudio Manuel da Costa

XIIINise? Nise? onde estás? Aonde esperaAchar te uma alma, que por ti suspira,

Se quanto a vista se dilata, e gira,Tanto mais de encontrar te desespera!

Ah se ao menos teu nome ouvir puderaEntre esta aura suave, que respira!

Nise, cuido, que diz; mas é mentira.Nise, cuidei que ouvia; e tal não era.

Grutas, troncos, penhascos da espessura,Se o meu bem, se a minha alma em vós se esconde,

Mostrai, mostrai me a sua formosura.

Nem ao menos o eco me responde!Ah como é certa a minha desventura!Nise? Nise? onde estás? aonde? aonde?

XXVIIIFaz a imaginação de um bem amado,Que nele se transforme o peito amante;Daqui vem, que a minha alma delirante

Se não distingue já do meu cuidado.

Nesta doce loucura arrebatadoAnarda cuido ver, bem que distante;

Mas ao passo, que a busco neste instanteMe vejo no meu mal desenganado.

Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo,E por força da idéia me convertoNa bela causa de meu fogo ativo;

Como nas tristes lágrimas, que verto,Ao querer contrastar seu gênio esquivo,Tão longe dela estou, e estou tão perto.

Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio GonzagaObras: “Marília de Dirceu”, que traz um conjunto de poemas

líricos, no qual é cantado o amor do pastor Dirceu por uma bela pastora chamada Marília. É atribuída também a esse autor a obra “Cartas Chilenas”, que traz poemas satíricos, escritos em versos decassílabos brancos (sem rimas), que circularam em Vila Rica (hoje, Ouro Preto) em manuscrito, poucos anos antes da Inconfidência Mineira, em 1789. “Cartas Chilenas” possui um aspecto satírico, um tom mordaz, agressivo, jocoso. Nessa segundo livro, o poeta satiriza ferinamente a mediocridade administrativa, os desmandos dos componentes do governo, o governador de Minas e a Independência do Brasil.

Lira I 

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,que viva de guardar alheio gado,

de tosco trato, de expressões grosseiro,dos frios gelos e dos sóis queimado.Tenho próprio casal e nele assisto;dá-me vinho, legume, fruta, azeite;das brancas ovelhinhas tiro o leite,e mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela.graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte:dos anos inda não está cortado;

os Pastores que habitam este monterespeitam o poder do meu cajado.

Com tal destreza toco a sanfoninha,que inveja até me tem o próprio Alceste:

ao som dela concerto a voz celestenem canto letra, que não seja minha.

Graças, Marília bela.graças à minha Estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,só apreço lhes dou, gentil Pastora,depois que o teu afeto me segura

que queres do que tenho ser senhora.É bom, minha Marília, é bom ser dono

de um rebanho, que cubra monte e prado;porém, gentil Pastora, o teu agrado

vale mais que um rebanho e mais que um trono.Graças, Marília bela.

graças à minha Estrela!

Os teus olhos espalham luz divina,

A quem a luz do Sol em vão se atreve:

Papoula, ou rosa delicada, e fina,

Te cobre as faces, que são cor de neve.

Os teus cabelos são uns fios d’ouro;

Teu lindo corpo bálsamos vapora.

Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,

Para glória de Amor igual tesouro.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Leve-me a sementeira muito embora

O rio sobre os campos levantado:

Acabe, acabe a peste matadora,

Sem deixar uma rês, o nédio gado.

Já destes bens, Marília, não preciso:

Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta;

Para viver feliz, Marília, basta

Que os olhos movas, e me dês um riso.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Irás a divertir-te na floresta,

Sustentada, Marília, no meu braço;

Ali descansarei a quente sesta,

Dormindo um leve sono em teu regaço:

Enquanto a luta jogam os Pastores,

E emparelhados correm nas campinas,

Toucarei teus cabelos de boninas,

Nos troncos gravarei os teus louvores.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Depois de nos ferir a mão da morte,

Ou seja neste monte, ou noutra serra,

Nossos corpos terão, terão a sorte

De consumir os dois a mesma terra.

Na campa, rodeada de ciprestes,

Lerão estas palavras os Pastores:

"Quem quiser ser feliz nos seus amores,

Siga os exemplos, que nos deram estes."

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

(Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu)

Santa Rita Durão

Principal obra: “Caramuru”Publicado pela primeira vez em Lisboa no ano de 1781, o poema épico Caramuru gira em torno de Diogo Álvares Correia e sua lendária existência entre os índios. Naufragando no litoral da Bahia, um tiro de espingarda lhe confere, na imaginação dos aborígenes, características sobrenaturais. Dão-lhe o apelido pelo qual será conhecido dali em diante – Caramuru – e destinam-lhe Paraguaçu, a mais bela moça da aldeia como esposa. Outra índia, Moema, também se apaixona pelo herói, que a despreza em favor do amor de Paraguaçu. Por ser cristão, Diogo resolve levar a sua amada à França para que ela seja batizada e, assim, poder recebê-la como esposa perante os reis Henrique II e Catarina de Médicis. O elogio da terra é corroborado pela visão que tem Paraguaçu do seu futuro histórico, pontilhado de uma extraordinária empresa colonizadora e de lutas contra os estrangeiro cobiçoso.

Basílio da Gama

Principal obra: “O Uraguai”Poemeto épico, em cinco cantos, estrofação livre, decassílabos brancos, gira em torno da guerra que portugueses e espanhóis moveram contra indígenas e jesuítas em Sete Povos de Missões do Uraguai, em 1759. No poema, o herói, Gomes Freire de Andrade, divide as honras com Cacambo, herói indígena, que se mostra como um guerreiro forte e valente, mas que infelizmente batalha ao lado das pessoas erradas, ou seja, os jesuítas.

Caros pastores e pastoras da

Arcádia do CAVest, isso é tudo! Vamos

nessa! Beijinho, beijinho e...

Tchau, tchau!