Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 138-139

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«Traduções» a copiar nas lacunas (aqui, desordenadas, claro):

 Perante a visão que só a alma tem

Senão o destino de esperar pela morte em vida

É da natureza humana ser descontente, querer possuir

Passados os quatro Impérios

Surgir à luz do dia

A Europa — todos esses Impérios acabaram

Pobre de quem vive seguro

Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas

Pobre aquele que se dá por contente

Gerações passam

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De que tratam as três partes de Mensagem?

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A 1.ª parte, «Brasão», trata da fase de formação de Portugal e seu crescimento.

A 2.ª parte, «Mar Português», versa a expansão de Portugal, os Descobrimentos.

A 3.ª parte, «O Encoberto», trata da estagnação da pátria e, profeticamente, do seu ressurgimento.

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A parte «O Encoberto» implica a visão esotérica de Pessoa, uma síntese de história, mito e profecia. Esta parte situa-se depois do desastre de Alcácer Quibir. Está aliás toda centrada na figura do rei D. Sebastião, o encoberto. Logo pelos títulos se vê que a organização, agora, decorre mais do simbolismo, não se adoptando tanto o formato ‘galeria de personagens’. A epígrafe é «Pax in excelsis» (‘Paz nos céus’), que corresponderá ao estado ideal conseguido com o profetizado Quinto Império.

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O Encoberto  I — Os símbolosD. Sebastião (71)

O Quinto Império (72-73)

O Desejado (74)

As Ilhas Afortunadas (75)

O Encoberto (76)

II — Os avisosO Bandarra (79)

António Vieira (80)

[Screvo meu livro à beira-mágoa] (81)

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III — Os temposNoite (85-86)

Tormenta (87)

Calma (88-89)

Antemanhã (90)

Nevoeiro (91)

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O Quinto Império

O Quinto Império, a Nova Vida

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Triste de quem vive em casa,

Pobre de quem vive seguro

Contente com o seu lar,

Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem

Sem que um sonho, no erguer de asa,

Sem um sonho maior, um desejo

Faça até mais rubra a brasa

Um íntimo fogo e objectivo

Da lareira a abandonar

Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas

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Triste de quem é feliz!

Pobre aquele que se dá por contente

Vive porque a vida dura

Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja

Nada na alma lhe diz

Esse não tem alma

Mais que a lição de raiz —

Senão o instinto de não morrer

Ter por vida a sepultura.

Senão o destino de esperar pela morte em vida

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Eras sobre eras se somem

Gerações passam

No tempo que em eras vem.

Num tempo que é feito de gerações

Ser descontente é ser homem.

É da natureza humana ser descontente, querer possuir.

Que as forças cegas se domem

Mas as forças da guerra, irracionais, param

Pela visão que a alma tem!

Perante a visão que só a alma tem

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E assim, passados os quatro

Passados os quatro Impérios

Tempos do ser que sonhou,

Completado o seu reino terreno

A terra será o teatro

A Terra verá o quinto

Do dia claro, que no atro

Surgir à luz do dia

Da erma noite começou.

Ele que começou a gerar-se da noite (morte)

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Grécia, Roma, Cristandade,

Grécia, Roma, o Império Cristão

Europa — os quatro se vão

A Europa — todas esses Impérios acabaram

Para onde vai toda idade.

Acabaram porque tudo se acaba com o tempo

Quem vem viver a verdade

Falta assim viver o Império da Verdade

Que morreu D. Sebastião?

O Quinto Império a que preside D. Sebastião.

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O Quinto Império, a Nova Vida

Pobre de quem vive seguro

Pobre de quem, seguro, se contenta com o pouco que tem

Sem um sonho maior, um desejo

Um íntimo fogo e objectivo

Um sonho maior que faça abandonar todos os confortos e as certezas

Page 19: Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 138-139

Pobre aquele que se dá por contente

Pobre de quem apenas sobrevive e nada mais deseja

Esse não tem alma

Senão o instinto de não morrer

Senão o destino de esperar pela morte em vida

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Gerações passam

Num tempo que é feito de gerações

É da natureza humana ser descontente, querer possuir

Mas as forças da guerra, irracionais, param

Perante a visão que só a alma tem

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Passados os quatro Impérios

Completado o seu reino terreno

A Terra verá o quinto

Surgir à luz do dia

Ele que começou a gerar-se da noite (morte)

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Grécia, Roma, o Império Cristão

A Europa — todas esses Impérios acabaram

Acabaram porque tudo se acaba com o tempo

Falta assim viver o Império da Verdade

O Quinto Império a que preside D. Sebastião

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Nevoeiro

Nem governante nem leis, nem tempos de paz ou de conflito

Podem definir a verdade, a essência

No que no presente é um fulgor triste

Portugal, país pobre, sem esperança e entristecido

Vida exterior sem luz intensa, sem fogo de paixão e vontade

Como as luzes do fogo-fátuo (que surge dos materiais em decomposição)

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Os Portugueses não sabem o que verdadeiramente querem!

Não conhecem a sua alma — o seu Destino

Nem para o bem, nem para o mal

Adivinha-se, no entanto, uma ânsia neles, uma ânsia de querer

Mas tudo é incerto, morte

Tudo em Portugal é parcial, não há vontade de erguer nada

Portugal é, no presente, como o nevoeiro.

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É o momento de surgir o Quinto Império, a Nova Vida.

À vitória!

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O poema inicia-se com uma imagem negativa de Portugal, que estará a «entristecer». Portugal surge personificado, marcado pela falta de identidade nacional (acentuada pelos quatro conetores disjuntivos em «nem rei nem lei, nem paz nem guerra») e por um estado de indefinição. A simbologia do título («Nevoeiro») ajuda nesta caracterização depreciativa. Também boa parte do léxico da primeira estrofe remete para a opacidade, embora em contraste com a hipótese de uma luz («fulgor baço», «brilho sem luz», «fogo-fátuo»).

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Entretanto, surge o parêntese «(Que ânsia distante perto chora?)», a assinalar a passagem para um clima menos cético. A oposição de caráter paradoxal «distante perto» relaciona-se com a linha ideológica que estrutura Mensagem: a simultaneidade da decadência de Portugal e a esperança do seu renascer. Dois pares de anáforas («Ninguém», «Ninguém»; «Tudo», «Tudo») intensificam a indefinição que envolve Portugal.

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O apelo final («É a hora!») e a saudação em latim («Valete, fratres»), pelo tom exortativo que encerram revelam a crença na mudança de um Portugal que, no último verso da segunda estrofe, ainda surge mergulhado em «nevoeiro».

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Compara este final de Mensagem com as estâncias (quase) finais também de Os Lusíadas (sobretudo 145-146, p. 191).

 

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No final de ambas as obras, o texto assume um tom disfórico, com a descrição crítica do povo português. Contudo, em ambos os poemas, surge um apelo à renovação. Nos Lusíadas, o poeta lembra a D. Sebastião a qualidade dos seus vassalos. No último poema de Mensagem, traça-se um retrato sombrio da nação portuguesa, mas conclui-se com uma exortação à mudança, à ação.

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