APOSTILA_LINGUA E COMUNICAÇÃO

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SUMÁRIO Apresentação 03 Introdução: O Ensino da Língua Portuguesa 05 MÓDULO I FUNDAMENTOS LINGUISTICOS DA COMUNICAÇÃO 07 1 Compreendendo a Comunicação 08 1.1 A Importância de Falar e Escrever bem 09 1.2 A Leitura 10 1.3 O Domínio do Idioma é hoje elemento de primeira necessidade 11 1.4 O Ato de Ler 14 1.5 As Leituras 15 1.6 Apostando na Leitura 17 1.7 Por que estudar a Língua Portuguesa? 18 2 Linguagem, língua, signo e fala 21 2.1 Signos Verbais e Signos Não-Verbais 21 2.2 Língua 21 2.3 Elementos Estáveis e Instáveis da Língua 22 2.4 Fala 23 2.5 Língua Falada e Língua Escrita 24 3 Variedade e Unidade da Língua Portuguesa 26 4 O Processo de Comunicação 27 4.1 Métodos de Comunicação 29 4.2 Barreiras da Comunicação Eficaz 31 4.2.1 Superando as Barreiras 32 5 Funções da Linguagem 33 6 Níveis da Linguagem 38 MÓDULO II TÉCNICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL E EXPRESSÃO ORAL 40 1 Noções de Parágrafo (Comunicação e Socialização) 41 2 As Pessoas Gramaticais no Texto (Língua e Sociedade) 42 3 Justificando argumentos em um Texto (Palavras e Idéias) 43 4 Os Dicionários, as Palavras e os Textos 45 5 Clareza, Concisão e Coerência 46 6 Coesão Textual 48 6.1 Os Elementos de Transição - Conectivos 48 6.2 Elaborando um bom Texto 49 7 O Parágrafo no Texto 51 8 Tópico Frasal 52 9 A Estrutura do Texto 54 10 Pontuação 56 11 Expressão Oral 60

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SUMÁRIO Apresentação 03 Introdução: O Ensino da Língua Portuguesa 05

MÓDULO I – FFUUNNDDAAMMEENNTTOOSS LLIINNGGUUIISSTTIICCOOSS DDAA CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO

07

1 Compreendendo a Comunicação 08 1.1 A Importância de Falar e Escrever bem 09 1.2 A Leitura 10 1.3 O Domínio do Idioma é hoje elemento de primeira necessidade 11 1.4 O Ato de Ler 14 1.5 As Leituras 15 1.6 Apostando na Leitura 17 1.7 Por que estudar a Língua Portuguesa? 18 2 Linguagem, língua, signo e fala 21 2.1 Signos Verbais e Signos Não-Verbais 21 2.2 LLíínngguuaa 21 2.3 Elementos Estáveis e Instáveis da Língua 22 2.4 Fala 23 2.5 Língua Falada e Língua Escrita 24 3 Variedade e Unidade da Língua Portuguesa 26 4 O Processo de Comunicação 27 4.1 Métodos de Comunicação 29 4.2 Barreiras da Comunicação Eficaz 31 4.2.1 Superando as Barreiras 32 5 Funções da Linguagem 33 6 Níveis da Linguagem 38

MÓDULO II – TÉCNICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL E EXPRESSÃO ORAL

40

1 Noções de Parágrafo (Comunicação e Socialização) 41 2 As Pessoas Gramaticais no Texto (Língua e Sociedade) 42 3 Justificando argumentos em um Texto (Palavras e Idéias) 43 4 Os Dicionários, as Palavras e os Textos 45 5 Clareza, Concisão e Coerência 46 6 Coesão Textual 48 6.1 Os Elementos de Transição - Conectivos 48 6.2 Elaborando um bom Texto 49 7 O Parágrafo no Texto 51 8 Tópico Frasal 52 9 A Estrutura do Texto 54 10 Pontuação 56 11 Expressão Oral 60

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11.1 A sua vez de falar 60 11.2 Vencendo a Comunicação 62

MÓDULO III – A GRAMÁTICA NORMATIVA E O TEXTO

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1 O Processo de Coordenação e Subordinação 64 2 Sintaxe 65 3 Emprego de algumas palavras 68

MÓDULO IV – REDAÇÃO OFICIAL E CORRESPONDÊNCIA - EMAIL

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1 Redação Oficial 71 1.1 Princípios da Redação Oficial 71 1.2 Segredos da Redação na Correspondência 72 2 Correspondência 73 2.1 Memorando 73 2.2 Ofício 75 2.3 Introduções e fechos 77 2.4 Procuração 78 2.5 Relatório 79 3 Formas de Tratamento utilizadas na Redação Oficial 80 3.1 Aprenda a se expressar na Língua Escrita 83 4 Mensagens Eletrônicas - Email 84 4.1 Exemplário de Mensagens Eletrônicas 86 4.2 Por trás das carinhas - Internet 87 5 Leitura Complementar – Texto: A Cidadania Plena, em uma Sociedade

como a nossa, so é possível para os leitores. 88

REFERÊNCIAS 89

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Apresentação

Olá estudante! Seja bem-vindo (a)

Você está iniciando mais uma disciplina do curso de Administração na

modalidade de Educação à Distância. Trata-se da disciplina de Língua e Comunicação.

Considera-se que a dificuldade com a Língua Portuguesa não é nova,

entretanto nunca foi tão notada e apreciada como atualmente. Na vida pessoal, o domínio

do Português pode ser a base de projetos de vida bem-sucedidos. No campo profissional

pode fazer a diferença.

Esta apostila apresenta o conteúdo completo de Língua e Comunicação e é fruto

de um trabalho criterioso de pesquisa e longa vivência, consistindo assim em um recurso

valioso, em virtude da praticidade oferecida aos que operam com a Língua Portuguesa. Para

a elaboração da mesma, recorreu-se à outros professores, colheu-se idéias, textos,

pensamentos e o mais importante, a inexorável contribuição dos alunos, que jamais seriam

excluídos, uma vez que são agentes ativos e essenciais à este processo de construção do

conhecimento.

Dessa forma, a apostila está estruturada em quatro módulos devidamente

organizados e sistematizados de forma a apresentar o conteúdo de forma abrangente,

significativa e prática. O módulo I compõe-se dos Fundamentos Linguisticos da

Comunicação, abordando de forma ampla todos os aspectos e elementos envolvidos no

processo da Comunicação; O módulo II apresenta as técnicas de produção textual e

expressão oral; Já o módulo III traz o entendimento da Gramática normativa e do texto.

Finalizando, o módulo IV trata da redação oficial e da correspondência eletrônica.

É oportuno ressaltar que não se pretende formar escritores, mas dar um suporte

para a capacitação, através das orientações transmitidas e apreendidas, além de atividades

práticas que irão proporcionar ao estudante o uso correto da linguagem e

consequentemente, a lavra adequada de um texto, seja no campo profissional, quando na

execução das tarefas no ambiente do trabalho, ou fora deste.

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Passar-se-á a compreender que quando um profissional codifica suas idéias em

mensagens, à medida que se comunica com outra pessoa, ele precisa refletir na sua

habilidade, atitude, conhecimento e sistema-sócio-cultural, de forma à reduzir, minimizar

ou mesmo eliminar, qualquer distorção no processo de comunicação.

Hoje, no mercado globalizado e emergente, falar e escrever bem faz o

diferencial, já que são ferramentas imprescindíveis para o eficaz desempenho do processo

de comunicação de qualquer máquina administrativa, condição sine qua non tanto para a

manutenção quanto para um especial marketing pessoal.

Seja bem-vindo (a) ao processo pela busca do saber, onde você é um sujeito

ativo e o professor um mediador, e que juntos, possamos estabelecer uma cumplicidade

valorizada por curiosidade, motivação e exigência, propiciando a finalidade principal do

ensino universitário: o exercício da crítica na pesquisa, no ensino e na extensão.

Lembro que todas as orientações para a formatação e uniformização dos

trabalhos acadêmicos estão apresentadas e seguem os critérios da ABNT - Associação

Brasileira de Normas Técnicas, através das Normas Brasileiras Regulamentadoras - NBR s

6.023 (Referências) e 10.520 (Citações), como aqueles definidos pelo UNICEUMA.

Bons estudos!

Professor Conteudista Emanoel Sousa Costa

Prof. Esp. Magistério Superior

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Introdução: O Ensino da Língua Portuguesa

Comunicar-se bem, pela fala e pela escrita, é fundamental. Saber expressar-se

corretamente, de forma clara e objetiva, é meio caminho andado para o sucesso na vida

profissional ou privada. Se o carisma e a lábia são primos que têm em comum a boa

comunicação, a linguagem e o pensamento são irmãos gêmeos, daí a importância do

aprendizado da língua e das suas linguagens. O trabalho em equipe, a apresentação de

propostas, o bom relacionamento entre os indivíduos, competências tão valorizadas nos

dias de hoje, passam, obrigatoriamente, pela capacidade de bem falar e escrever, da mesma

forma que saber posicionar-se, argumentar, criticar, analisar, sintetizar etc... são habilidades

que também exigem essa capacidade. Além de tudo, o conhecimento da língua é um direito

do cidadão e um signo da cidadania, assim como o seu desconhecimento é uma forma de

exclusão social e perda de referenciais.

Saber comunicar-se bem é saber transformar idéias e sentimentos em palavras,

na forma e no momento adequado, compreendendo e fazendo-se compreender, pois a

comunicação é uma via de duas mãos e exige intelecção e expressão. A intelecção tem duas

percepções – o ouvir e o ler – e a expressão tem duas manifestações – o falar e o escrever –

por isso o aprendizado da língua deve desenvolver essas quatro habilidades – sem perder de

vista que este aprendizado é uma ferramenta imprescindível para qualquer outra área do

conhecimento. A língua e suas linguagens não são fins em si mesmas, mas o meio pelo qual

o indivíduo entende e se relaciona com o mundo. Claro que a palavra não é a única forma

de comunicação, todas as artes, os gestos, os sons e as imagens também o são, mas o verbo

é criador.

É bem verdade que a televisão calou a família e a escassez do convívio, pelas

exigências da vida moderna, nos encurtou as conversas. Até no lazer dos jovens, as músicas

são tocadas em tal volume que os impedem de dialogar, o que, para alguns, chega a ser uma

benção redentora. De qualquer forma, a escola precisa rever o seu compromisso com a fala,

com essa oralidade cidadã que permite a participação social e profissional do indivíduo, a

expressão das suas idéias e sentimentos, dos seus questionamentos e emoções, tornando-o

parte ativa da comunidade. A fala é a principal forma de expressão do ser humano e precisa

ter uma ação contínua, intencional e planejada do educador.

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O ensino da língua portuguesa e suas linguagens não deveria ser apenas tarefa

do professor de Português, mas de todos os professores, pois ela é fundamental em todas as

áreas do conhecimento.

Prof. Adriano Prado

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MÓDULO I – FFUUNNDDAAMMEENNTTOOSS

LLIINNGGUUIISSTTIICCOOSS DDAA CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO

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1 Compreendendo a Comunicação

A importância de uma comunicação eficaz para os profissionais não pode ser exagerada, por uma razão específica: tudo o que um profissional faz, envolve a comunicação. Não são algumas coisas, mas todas! Um profissional não pode tomar uma decisão sem informação. Esta informação tem que ser comunicada. Uma vez que uma decisão é tomada, a comunicação novamente tem que acontecer.

Caso contrário, ninguém saberá que ela foi tomada. A melhor idéia, a sugestão mais criativa, ou o melhor plano, não podem acontecer sem comunicação. Os profissionais precisam então de habilidades de comunicação.

Não se trata de dizer que boas habilidades de comunicação sozinhas podem levar um profissional ao sucesso, mas torna-se evidente que habilidades de comunicação ineficazes podem levar à um fluxo contínuo de problemas para o mesmo.

OO QQUUEE ÉÉ CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO??

A comunicação envolve a transferência de significado. Se nenhuma informação ou idéia for transmitida, a comunicação não ocorre. O palestrante que não é ouvido ou o escritor que não é lido, não comunica.

Para que a comunicação tenha sucesso, o significado deve ser divulgado e também compreendido. Por exemplo, uma carta escrita em português, dirigida à uma pessoa que não lê esta língua, não pode ser considerada comunicação, até que seja traduzida para um idioma que a pessoa conheça e compreenda.

Nesse sentido, a comunicação é a transferência e compreensão do significado. A comunicação perfeita, se tal coisa fosse possível, existiria quando um pensamento ou idéia transmitida, fosse percebido pelo receptor exatamente como foi concebido pelo emissor.

Um outro ponto que se deve ter em mente é que a boa comunicação é muitas vezes definida de forma errônea pelo comunicador como concordância, em vez de clareza de compreensão. Por exemplo, se alguém discorda de nós, é comum supormos que a pessoa simplesmente não compreendeu inteiramente a nossa posição.

Em outras palavras, muitos de nós definimos a boa comunicação como fazer com que alguém aceite a nossa visão. Entretanto, vale ressaltar que uma pessoa pode compreender de forma muito clara o que a outra diz, mas isso não significa que tenha que concordar com ela.

Na verdade, alguns observadores concluem que a falta de comunicação deve estar acontecendo, devido à ocorrência de um conflito durante um tempo prolongado. Entretanto, as vezes, um exame detalhado revela que existe uma grande quantidade de comunicação eficaz acontecendo. Um lado compreende inteiramente a posição do outro. O problema é que a comunicação eficaz está sendo igualada à concordância.

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Vale ressaltar que este estudo tem o foco voltado para a comunicação interpessoal.Trata-se da comunicação entre duas ou mais pessoas, em que as partes são tratadas como indivíduos e não como objetos. Entretanto, para que esses indivíduos alcancem seus objetivos assim como uma maior capacitação e qualificação, é preciso dedicação em um instrumento imprescindível, indispensável, portanto, impenhorável: A leitura.

(Texto de Emanoel Sousa Costa – Professor Universitário – Especialista em Magistério Superior)

1.1 A Importância de Falar e Escrever bem

Escrever e falar bem não são tarefas fáceis, isso é fato. Mas, de certo modo, qualquer pessoa pode sim escrever corretamente e expressar de maneira clara suas idéias através da fala. Isto é praticamente algo acessível à todas as pessoas, dependendo de uma série de fatores que, normalmente, podem ser conseguidos individualmente, sem dependência de mestres ou incentivos de qualquer natureza. Claro que a habilidade de combinar palavras, aliada à capacidade de inventar ou narrar histórias e descrever cenários interessantes são bastante pessoais. Mas não se trata aqui de escrever textos complexos, falar uma língua extremamente rica em seu vocabulário, coisas de difícil entendimento para a maioria das pessoas, e que exige estudo mais aprofundado da língua. Não se trata de transformar todos em exímios escritores e oradores eloquentes; trata-se de algo bem mais simples: escrever e falar de forma adequada, clara, fazendo o receptor entender exatamente o que se quer dizer. É simples, mas não é o que se observa. Tanto que salta aos olhos e ouvidos um texto relativamente bem escrito ou um discurso um pouquinho mais cuidadoso que seja. Por exemplo, em uma seleção ou entrevista de emprego, quem será que leva a melhor? Aquele candidato que redigiu seu currículo com certo cuidado ou aquele que não teve habilidade para tal? Aquele que sabe se expressar diante do entrevistador ou aquele

AATTIIVVIIDDAADDEE DDEE AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM::

CCoommeennttee,, lliivvrreemmeennttee,, oo tteexxttoo ddoo PPrrooff.. EEmmaannooeell SSoouussaa CCoossttaa,, ssoobbrree oo qquuee éé CCoommuunniiccaaççããoo..

Boa sorte!

Todo o conhecimento adquirido com o estudo da língua portuguesa facilita o nosso convívio social. É através dele que se torna possível expressar, com lucidez, idéias, sensações e opiniões de forma culta e agradável, sem causar constrangimentos ou algo parecido. Com todo o seu estoque de palavras e regras, a língua portuguesa acaba por se transformar num elo de entendimento entre as diferentes classes sociais, além, naturalmente, de revelar um mundo de riqueza em sabedoria para todo ser social que almeja o sucesso, não somente como detentor de conhecimentos, mas também como ser humano.

Daniele Amaral

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que titubeia na construção da fala? E olha que, dependendo do emprego pretendido, não é exatamente necessário ter um domínio das letras digno de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Dessa forma, no dia-a-dia nota-se a importância de falar e escrever bem: conquista-se o respeito das pessoas, os lugares de destaque na sociedade, a liderança de um grupo, a promoção na empresa. E quanto maior o domínio da escrita e da fala, maior o nível de conhecimento, e vice-versa, representando um movimento cíclico. O importante é tomar a iniciativa, dar o primeiro passo.

Evidentemente, nenhum ser humano nasce escrevendo ou lendo, é preciso ser treinado. E após essa conquista, torna-se necessário o aprimoramento, através do ato de ler e escrever. Parece algo óbvio, não é? Mas, então, por que as pessoas não fazem isso? E se o fazem, por que não fazem bem? Afinal, não basta ler, é preciso ler “bem”. Ler como lazer não é como ler para aprender, infelizmente. Para aprender mais é preciso analisar o texto, aprender com as construções, o modo como o autor descreve a história e os vocábulos utilizados. Finalmente, pratica-se a escrita e a fala “imitando” o que se leu, e com o tempo escrever e falar se tornam algo simples e natural, sem que haja esforço para isso, aproveitando as vantagens que a boa escrita e a boa fala podem proporcionar. (Texto de Jeisael de Jesus Pacheco – Universitário)

1.2 A Leitura

A aptidão para ler e produzir textos com proficiência, perícia, habilidade é o mais significativo indicador de bom desempenho linguistico. Ler com proficiência implica ser capaz de apreender os significados inscritos no interior de um texto e de correlacionar tais significados, com o conhecimento de mundo que circula no meio social em que o texto é produzido. Produzir um bom texto implica a capacidade de, por meio dele, atingir o resultado que se tem em mente. A utilidade dessa dupla aptidão é indiscutível: no âmbito da escola, é o seu caráter interdisciplinar o traço de maior relevo, já que interfere decisivamente no aprendizado de todas as demais matérias do currículo; no âmbito da vida extra-escolar, constitui uma condição indispensável para o exercício da cidadania, na medida em que torna o indivíduo capaz de compreender o significado das vozes que se manifestam no debate social e de pronunciar-se com sua própria voz. Ninguém pode, nos dias de hoje, ignorar o fato de que qualquer aluno dispõe de uma quantidade mais do que expressiva de informações sobre quase todos os domínios do conhecimento; o que ele não sabe é hierarquizá-las, estabelecer as devidas correlações entre elas, discernir as que se implicam das que se excluem, utilizá-las apropriadamente como recursos argumentativos para sustentar seus pontos de vista... Ora, é no interior dos textos que tais articulações se realizam. Daí decorre a conclusão de que é nos textos e pelos textos que o aluno vai adquirir a competência de operar criativamente com os dados armazenados, um tipo de saber cada vez mais raro na contemporaneidade e que precisa ser recuperado.

Ler não se faz com a galera, com a turma. Leitura é uma atividade penosa. “Exige concentração, silêncio, raciocínio, solidão”

Pascoale Cipro Neto

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A responsabilidade pelo ensino da leitura e produção de textos não é exclusiva do professor da Língua Portuguesa, mas é seu compromisso prioritário. E para o sucesso desse projeto não é suficiente prover o aluno de um estoque de conhecimentos gramaticais, nem habituá-lo à analisar e produzir frases isoladas: é necessário dar um passo além, já que a construção de um texto envolve mecanismos mais complexos do que a mera justaposição de uma frase ao lado de outra. O passo além, consiste em descrever os mecanismos de construção textual e capacitar o aluno a operar com eles. (Texto de Platão Savioli e José Luiz Fiorin )

““QQUUEEMM NNÃÃOO LLÊÊ,, NNÃÃOO PPEENNSSAA.. EE QQUUEEMM NNÃÃOO PPEENNSSAA

SSEERRÁÁ PPAARRAA SSEEMMPPRREE UUMM SSEERRVVOO”” ((EEMMAANNOOEELL SSOOUUSSAA))

1.3 O Domínio do Idioma é hoje elemento de primeira necessidade

Você elaborou mentalmente inúmeras vezes o seu pedido de transferência de departamento e na hora H – a exemplo dos diversos ensaios – foi um fiasco. Não encontrou as palavras certas, não conseguiu ser convincente e seu superior encerrou o assunto no primeiro argumento. Você estreou em um novo cargo e sua apresentação à nova equipe foi lastimável, o discurso foi desconexo e sem objetividade.

Fora da esfera profissional, as dificuldades não são diferentes. Um suposto amigo foi desleal e você ensaiou um monólogo indignado e magnânimo. Na hora (prejudicado pelo nervosismo, é verdade), o discurso saiu piegas, sem força argumentativa, faltando palavras...

Quando se trata da escrita, o resultado não é muito diferente. Para redigir uma proposta, são dias e dias de trabalho árduo. Um e-mail importante, então, é uma grande e dolorosa jornada com direito à várias expedições ao dicionário. E o tormento não tem fim. Um dia depois de um texto enviado por email, por exemplo, você encontra alguns erros, que vão desde os vergonhosos erros ortográficos até os de interpretação, porém, tarde demais... Já está nas mãos do destinatário. O seu despreparo e sua inabilidade do idioma já foram documentados, já têm testemunhas, já são públicos...

A dificuldade com o idioma não é nova, mas ela nunca foi tão notada e apreciada como atualmente. Na vida pessoal, o domínio do idioma pode ser a base de

AATTIIVVIIDDAADDEE DDEE AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM::

Explicite a sua compreensão sobre o texto acima, explicando a dupla aptidão que ninguém pode ignorar.

Boa sorte!

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projetos de vida bem-sucedidos e no campo profissional pode fazer a diferença entre o emprego e o desemprego.

Se socialmente, um indivíduo que se expressa ou escreve mal é visto com ressalvas, na esfera profissional essas ressalvas multiplicam-se, com um agravante: a desconfiança não fica restrita à habilidade de comunicação, mas também à competência profissional.

Sem contar que a forma como você se expressa, seja oralmente ou por escrito, é o indicativo primeiro do seu grau de instrução, sua postura diante da vida, seu tipo de personalidade. Quem escreve e fala bem, demonstra pensamento sistematizado, raciocínio lógico e clareza de idéias.

É como se sua forma de se comunicar “contasse” um pouco de sua história. E mais do que isso: é o meio que você utiliza para se relacionar com as outras pessoas, com o mundo.

Português fluente?

A exigência atual é de um terceiro idioma (o inglês já é uma espécie de pressuposto), porém, muitos ainda se dedicam ao aprimoramento do seu primeiro idioma. Os sinais estão por toda parte. Nunca foram publicados tantos livros sobre o uso correto do idioma: há sites que literalmente dão aulas do idioma e tiram dúvidas via internet, como, por exemplo, www.portugues.com.br e www.gramaticaonline.com.br;. Sem contar que bons profissionais deste ramo, como o professor de português Pasquale Cipro Neto, e o de expressão verbal Reinaldo Polito, ganharam status de celebridade. São convidados para palestras com auditórios lotados, participam de programas de entrevistas, disparam o índice de audiência de programas de auditório.

Dificuldade coletiva

Apesar da preocupação com o domínio efetivo do idioma, a realidade é que a maioria dos brasileiros tem um nível de conhecimento sofrível e poucos são os que dominam a norma culta do idioma. Tanto, que o domínio do português passou de obrigação à diferencial. E esta não é uma realidade nova. Há anos a prova de língua portuguesa (gramática, literatura e a temida redação) é eliminatória nos vestibulares do País para qualquer curso, mesmo para os ligados às disciplinas de Exatas e Biológicas. Para ingressar no mercado de trabalho, a exigência permanece no processo seletivo. Por motivos óbvios. Afinal, na era do conhecimento e da informação, uma comunicação com clareza e objetividade é obrigatória.

Alicerce humano

Se você sempre encheu o peito para declarar o seu ódio ao idioma e na escolha do curso universitário fugiu das carreiras da área de humanas para livrar-se do incômodo de estudar a língua portuguesa... pior para você. A linguagem é a base de tudo e sem ela o domínio de todos os outros aprendizados fica comprometido. Por exemplo, considera-se que não há mais lugar para o engenheiro que não sabe redigir um relatório, o médico que não tem habilidade para “traduzir-se” para o paciente, o líder – de qualquer segmento – que não consegue conduzir uma reunião com começo, meio e fim.

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O mundo do trabalho, com o avanço tecnológico, mudou muito. Hoje predominam a força do trabalho em equipe, negociações, fusões e cooperações. Ações estas que exigem habilidade para a comunicação articulada, fluente e clara. Portanto, vale ressaltar que aqueles que só se preocupam com o ato de falar devem estar cientes que grande parte da comunicação com o mercado, que antes era feita por telefone, agora é feita por e-mail. Já imaginou a idéia que um cliente poderá fazer de você e da sua empresa vendo erros grosseiros de troca de “s” por “ç”, crimes com as conjugações verbais e pior, textos confusos e desconexos.

Vários passos para trás

É verdade que a exigência hoje – principalmente nos mercados das grandes cidades, mais exigentes e seletivos – é de um domínio avançado do português. Porém, é preciso que se encare que só uma minoria domina o idioma. O brasileiro médio está longe do domínio que seria razoável para a língua.

De acordo com a consultora empresarial em língua portuguesa Laurinda Grion, autora do livro “Manual de Redação para Executivos”, muitos não dominam a parte formal e são entendidos. Mas há vários níveis de aprendizado e de uso do idioma. “Há muitos analfabetos funcionais. Entendem, mas não sabem falar sobre aquilo. Lêem, mas não sabem redigir um texto sobre o assunto. Não sabem literatura, gramática, redação. Não sabem o que é prosa, o que é dissertação. Já aconteceu, em muitos cursos para pessoas de nível superior, alguns deixarem de fazer algum exercício porque não sabiam o que era escrever em prosa”, diz ela.

Segundo o professor Reinaldo Polito, o maior estudioso em expressão verbal do Brasil, há cerca de 30,5% de analfabetos funcionais no País. Pessoas que aprenderam a ler e a escrever e não sabem como usar isso. “Há muitas pessoas bem preparadas que não sabem transmitir o que conhecem. Falam mal, expressam-se mal ou simplesmente não falam”, diz Polito. De acordo com Reinaldo Polito, a forma como você fala e escreve mostra e mede o seu preparo, a sua formação. Se um profissional comete erros de concordância, de vocabulário, poderá ser avaliado como alguém sem preparo, com lacunas na sua formação e sua credibilidade e competência como profissional poderão ser postas em causa e até diminuídas. Para cada atividade há exigências diferentes. Porém, hoje na vida profissional não se admitem deficiências na expressão verbal e escrita. É claro que isto prejudica mais um advogado, por exemplo, mas também prejudica o engenheiro. A maneira como você se expressa não pode comprometer a qualidade do conhecimento que você tem. Segundo Pasquale Cipro Neto, o professor de português mais famoso do Brasil, os novos tempos exigem que se abra a boca. “O abrir a boca é dominar o idioma, com conteúdo, com clareza, é ser convincente, saber estruturar as informações. Quem não abre a boca hoje está perdido. E quem abre a boca melhor, sai-se melhor”, afirma.

(Texto da Revista Vencer)

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11..44 O Ato de Ler

O ato de ler é geralmente interpretado como a decodificação daquilo que está escrito. Dessa forma, saber ler consiste em um conhecimento baseado principalmente na habilidade de memorizar determinados sinais gráficos (as letras). Uma vez adquirido tal conhecimento, a leitura passa a ser um processo mecânico, prejudicado apenas por limitações materiais (falta de luz ou mau estado do impresso, por exemplo) ou por questões linguísticas (palavras de significado ignorado ou frases muito complexas).

No início do texto você encontrou um conceito de leitura muito mais amplo do que essa mera habilidade mecânica. Relacionando o conteúdo do texto com o título “O ato de ler”, você percebeu (“leu”) que a intenção é a de apresentar a leitura justamente como um processo amplo, que inclui o relacionamento do sujeito com a realidade e a forma como se pensa essa realidade e esse relacionamento. Ler é, portanto, um processo contínuo que se confunde com o próprio fato de estar no mundo – biológica e socialmente falando.

A sociedade produz e mantém uma cultura. Essa cultura é um conjunto complexo e dinâmico que abrange desde rituais mínimos de convivência até aprofundados conhecimentos científicos e técnicos. Desse conjunto fazem parte valores que o sujeito aprende a associar às coisas e às ações. Fazem parte também idéias sobre a realidade, que muitas vezes levam à vê-la de uma forma pouco “real”. Aprender a ler o mundo (adquirir a “inteligência do mundo”, nas palavras de Paulo Freire) significa conhecer esses valores e essas idéias. Significa, também, pensar, sobre eles, desenvolvendo uma posição crítica e própria.

Aprende-se à ler a realidade no dia-a-dia social. A convivência social ensina a perceber quais lugares deve-se frequentar, quais comportamentos deve-se adotar ou evitar em situações determinadas. Adquirindo uma cultura, aprende-se a ler o grupo social, interiorizando os pequenos rituais estabelecidos para as relações sociais. Aprende-se também que somos permanentemente “lidos”, o que leva a utilizar nosso comportamento como uma forma de linguagem, capaz de agradar, despertar simpatia, agredir, demonstrar indiferença.

Esse aprendizado social inclui também formas de pensar a realidade. Aprende-se a pensar, por exemplo, que é necessário adquirir conhecimentos técnicos e científicos que permitam ingressar no mercado de trabalho de forma vantajosa. Aprende-se a ver na infância e na adolescência períodos da vida destinados principalmente à preparação da vida adulta. Aprende-se muitos outros valores sociais, que criam hábitos de consumo e posições perante a vida. A vida social, dessa forma, não se limita à nos ensinar a ler a realidade, mas chega ao ponto de orientar essa leitura em um sentido mais ou menos permanente, levando à adoção de determinadas expectativas, cuja satisfação é vista como forma de felicidade.

O mundo social é permanentemente leitor e leitura dos seus indivíduos. A cultura transfere aos sujeitos conhecimentos sobre a realidade de formas de pensar essa mesma realidade. Aprender a ler o mundo é apropriar-se desses valores da cultura. É também, submetê-los à um processo permanente de questionamento, do qual participa a

“Ler é estimulante. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, por vezes, complicados. Os livros partilham sentimentos, pensamentos, interesses... Os livros colocam-nos em outros tempos, outros lugares, outras culturas. Os livros colocam-nos em situações e dilemas jamais por nós imaginados. Ajudam-nos a sonhar, a pensar, a refletir, muitas vezes até mudarmos para resto de nossas vidas”.

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capacidade de duvidar. Afinal, será essa a única maneira de organizar a vida? Será esse o único mundo que somos capazes de fazer? Não será possível pensar a humanidade em outros termos? Esse exercício da dúvida é sempre benéfico, pois oferece condições de superar as leituras mais imediatas da realidade, atingindo releituras importantes para quem se preocupa com a saúde social e física do ser humano.

(Texto de Ulisses Infante. Do texto ao texto. São Paulo. Ed. Scipione.)

11..55 -- AAss LLeeiittuurraass

A primeira leitura que se faz de qualquer texto é sensorial. O leitor, ao tomar em suas mãos uma publicação, trata-a como um objeto em si, observando-a, apalpando-a, avaliando seu aspecto físico e a sensação tátil que desperta. Essa atitude é um elemento importante do relacionamento com a realidade escrita. Observe o cuidado gráfico com que são apresentadas as revistas nas bancas: cores, formas e até mesmo embalagens procuram atrair o interesse do comprador. Com os livros acontece a mesma coisa: basta entrar numa livraria e perceber que todos aqueles volumes expostos e dispostos constituem uma mensagem apelativa aos sentidos do leitor. Além disso, há quem sinta muito prazer em possuir livros, acariciando-os e exibindo-os como objetos artísticos: são os bibliófilos.

A leitura sensorial do texto escrito é uma primeira etapa do processo de decodificação. À ela, costuma-se seguir a chamada leitura emocional que é quando se passa ao conhecimento do texto propriamente dito, percorrendo as páginas e travando contato com o “conteúdo”. Dessa forma, considera-se que a leitura produz emoções: a história pode ser emocionante ou tediosa, o artigo ou matéria pode fazer rir ou irritar, os poemas podem ser fáceis de ler e agradáveis ou complicados e aborrecidos. Normalmente, a leitura emocional conduz a apreciações do tipo “gostei”/“não gostei”, sem maiores pretensões analíticas: é uma experiência descompromissada, da qual participa o gosto e a formação do leitor.

A leitura emocional costuma ser criticada, sendo muitas vezes chamada de superficial e alienante. Essa avaliação tem muito de racionalismo e nem sempre é verdadeira. Por exemplo, quando um sujeito opta por ler um romance de ficção científica, por “pura distração”, pode entrar em um universo cujas relações apresentam uma realidade diferente, capaz de conduzi-lo, sem grandes floreios intelectuais, a pensar sobre o mundo. O mesmo pode acontecer com revistas em quadrinhos e outros textos considerados “menos nobres”. Isso não significa, no entanto, que não existam publicações que realmente

AATTIIVVIIDDAADDEE DDEE AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM::

Na sua opinião, o que é ser leitor e ao mesmo tempo, leitura da sociedade? Boa sorte!

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invistam na vontade de “descansar a cabeça”, oferecendo assim um elenco de informações e idéias que reforçam os valores sociais dominantes. Isso também é relativo, pois há quem defenda esses valores.

A leitura sensorial e a emocional fornecem subsídios importantes para a realização de um terceiro tipo de leitura: a intelectual. Essa leitura não deve ser vista como uma forma esterilizante de abordar os textos, reduzindo-os à feixes de conceitos incapazes de despertar qualquer prazer. Ela começa por um processo de análise que procura detectar a organização do texto, percebendo como ele constitui uma unidade e como as partes se relacionam para formar essa unidade.

A leitura intelectual não se limita a analisar estruturalmente os textos. Na realidade, o que a fundamenta é a consciência permanente de que todo texto é um ato de comunicação, respondendo, portanto, à um projeto de quem o produz. Em outras palavras: a leitura é intelectual quando o leitor nunca perde de vista o fato de que aquilo que está lendo foi escrito por alguém que tinha propósitos determinados ao fazê-lo. Procurar detectar esses propósitos juntamente com a informação transmitida e com a estruturação do texto, é fazer uma leitura intelectual satisfatória.

Essa proposta de leitura intelectual se refere principalmente à textos informativos, como os de jornais, revistas, livros técnicos e livros didáticos. São textos que se oferecem como fontes de informações, mas que requerem uma abordagem crítica permanente, pois apresentam sempre traços que indicam as intenções de quem escreve e publica. Também os textos publicitários devem ser incluídos nesse grupo, bem como aqueles escritos para apresentação oral (rádio) ou audiovisual (televisão).

Portanto, lembre-se: a leitura intelectual implica uma atitude crítica, voltada não só para a compreensão do “conteúdo” do texto, mas principalmente ligada à investigação dos procedimentos de quem o produziu. Por isso, ao ler, levante sempre a questão: “Mas, o que pretendia quem escreveu isto?”.

(Texto de Ulisses Infante. Do texto ao texto. São Paulo. Ed. Scipione.)

“O livro sendo o mesmo para todos, uns percebem dele muito; outros pouco; outros nada. Cada um conforme a sua capacidade. Pois, o livro é um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e não tendo ação em si mesmo, move os ânimos e causa grandes efeitos”

(OS SERMÕES - Padre Antônio Vieira)

AATTIIVVIIDDAADDEE DDEE AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM::

Defina, em uma frase cada uma das seguintes leituras: leitura sensorial; leitura emocional e leitura intelectual.

Boa sorte!

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1.6 Apostando na Leitura

Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a leitura

de livros necessita de aprendizado mais regular, que geralmente acontece na escola. Mas leitura, seja de mundo ou de livros, só se aprende e se vivencia de forma plena coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a compreensão dos outros, do mundo e de si mesmo.

Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a qual juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos, o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante na sociedade. Foi o texto escrito que o mundo ocidental elegeu como linguagem que representa a cidadania, a sensibilidade e o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele que regula os direitos de um cidadão para com os outros, de todos para com o Estado e vice-versa.

Pois a cidadania plena, em sociedade como a nossa, só é possível – se e quando ela é possível – para leitores. Por isso, a escola é direito de todos e dever do Estado: uma escola competente, como precisam ser os leitores que ela precisa formar. Daí, talvez, o susto com que se observa qualquer declínio na prática de leitura, principalmente dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse, da derrocada da cultura e da civilização.

(Texto de Marisa Lajolo)

São os livros uns mestres mudos que ensinam sem fastio, falam a verdade sem despeito, repreendem sem pejo; amigos verdadeiros, conselheiros singelos; e assim como a força de tratar com pessoas honestas e virtuosas se adquirem insensivelmente os seus hábitos e costumes, também à força de ler os livros se aprende a doutrina que eles ensinam. Forma-se o espírito nutre-se a alma com os bons pensamentos; e o coração vem por fim experimentar um prazer tão agradável, que não há nada que se compare; e só o sabe avaliar quem chegou a ter a fortuna de o possuir.

Padre Antônio Vieira

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1.7 Por que estudar a Língua Portuguesa?

Antes de estudar qualquer outra disciplina, o indivíduo deve conhecer a própria

língua, pois é basicamente através dela que entrará em contato com o mundo. Dessa forma, quanto melhor o sujeito dominar os códigos e convenções da língua portuguesa, mais fácil será entender as pessoas e fazer-se entender, em qualquer atividade.

A condição humana provém do fato do indivíduo possuir um sistema de articulação verbal com poder de simbolização. Isso quer dizer que somos todos humanos, devido à capacidade, através da língua, de fazer referências à acontecimentos que possam estar situados em tempos diferentes ou até mesmo à fatos hipotéticos.

A comunicação, portanto, se dá por meio da língua, cujas palavras se enquadram em um sistema no qual a pronúncia e o entendimento se fazem de maneira semelhante pelos membros de uma determinada comunidade linguistica. Vale ressaltar que uma língua, quando escrita, alarga a comunicação, porque permite o entendimento entre pessoas não presentes simultaneamente.

Essas breves anotações quanto ao uso da língua permitem dizer que falar uma língua não exige, aparentemente, nada além de um esforço no sentido de aproximação com o outro na busca de compreensão, já que falar é um ato natural. Entretanto, vale considerar que toda língua está estruturada de tal forma que, sem o conhecimento de alguns princípios linguisticos, o falante não é capaz de dominá-la adequadamente. O seu domínio, portanto, passa pelo aprendizado, na medida que o idioma português, enquanto língua materna, é o veículo por onde circulam todas as experiências que a vida possibilita.

O aprendizado da língua

Diz o professor Rudolfo Ilari que o ensino do português é uma espécie de educação permanente. Para ele, essa educação consiste, ao mesmo tempo, em uma reflexão e em uma análise da situação linguistica em que todo o indivíduo está envolvido.

Dessa forma, considera-se que o sujeito recorre à língua sempre que busca o estabelecimento de um equilíbrio entre o meio social e sua atividade: a leitura do jornal, a rádio, o cartaz, a televisão, o diálogo com os amigos e etc...

A prática maior da linguagem se assenta na relação que se dá entre a fala, a escrita e a leitura. Enquanto a fala corresponde à uma realização concreta da língua, a escrita e a leitura é que permitem a prospecção do universo, dando ao leitor um espaço privilegiado, porque é do convívio com a palavra escrita que se retira não só uma forma de compreensão do mundo, mas também a possibilidade de cooperação para o seu desenvolvimento.

A leitura, portanto, é um modo de aprendizado permanente, não só porque possibilita a reconstrução e integração de certas mensagens, mas, sobretudo, porque é através dela que se exercita o conhecimento. Mas não é só aí que reside a importância da língua: é ela que possibilita, no seu mais expressivo sentido, a identidade que se assume ante atos e a fala. Nesse rol de aspectos positivos envolvendo a língua, acrescenta-se que o conhecimento linguistico está associado ao poder. Em uma sociedade em que a vida se

“Ensinar a aprender é não apenas mostrar os caminhos, mas também orientar o aluno para que desenvolva um olhar crítico que lhe permita desviar-se das “bombas” e reconhecer, em meio ao labirinto, as trilhas que conduzem às verdadeiras fontes de informação e conhecimento.”

Emanoel Sousa

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regula pela escrita, pelo livro, pelo cheque, pelo documento, o domínio linguistico passa a ser não só um objetivo, mas uma necessidade. É através da língua que se alcançam os objetivos pessoais e sociais, em um caminho que começa na escola e se expande para a vida.

A língua: uma leitura do mundo

Pensando a língua como uma forma de conhecimento que vai além da linguagem, isto é, que não serve apenas para a comunicação, pode-se dizer que ela permite ler a sociedade através de seus costumes e instituições. Um exemplo: uma estátua, uma catedral, são formas de linguagem, um modo de ler de forma particular um tempo e uma circunstância que liga o homem à uma certa realidade. E essa leitura revela-se capaz de determinar a importância de uma obra e ao mesmo tempo, estabelecer relações com uma consciência viva.

Por que estudar a língua?

Se a língua, no caso, o idioma português, permite essa abrangência do mundo, por que é tão difícil o seu estudo? Talvez se possa dizer que, na realidade, o que dificulta o aprendizado é a circunstância de que na fase escolar, a matéria de Língua Portuguesa é vista como uma simples disciplina do programa, quando, de fato, é muito mais do que isso. O estudo da língua materna é um processo que acompanha o sujeito de forma permanente, fazendo com que, quanto maior o domínio de sua própria língua, maior também a possibilidade de conhecer o mundo.

As outras “línguas”

Ocorre que a vida moderna está marcada por um desenvolvimento como certamente não se conheceu antes, mas também por uma dinâmica que faz com que o mundo se abra à novas linguagens, representadas pela cultura que traz as mais recentes tecnologias, bem como por uma necessidade de acompanhar essa nova realidade. Desse modo, pode-se dizer que, além do estudo e conhecimento da nossa própria língua, estamos todos comprometidos com outras realidades culturais que obrigam à essa educação permanente. Vale ressaltar que como vivemos em um país em desenvolvimento, ficamos à mercê de uma nova linguagem, representada pelos estrangeirismos, isto é, palavras que usamos na comunicação corrente mas que no entanto, provém de outras línguas, especialmente o idioma inglês. Embora seja um fenômeno linguistico comum à todas as línguas, é necessário saber que a inclusão de termos novos significa não somente a apreensão de uma nova palavra, mas também a assimilação de uma nova cultura.

Não é demais lembrar que é através da própria língua que nos tornamos brasileiros e, portanto, é pela língua portuguesa que isso é possível. Muitas vezes, por desconhecimento de certas realidades, acabamos preterindo a língua materna em favor de uma outra. Isso é natural. O estudo sistemático na escola possibilita ver, compreender e rever isso. Torna-se discutível, o uso de termos e expressões estrangeiros sem que isso represente uma necessidade, ou o que é pior: quando isso é feito por mera imitação.

O real conhecimento da própria língua se situa como um dos aspectos mais importantes não só do estudo escolar, mas, principalmente, da vida prática, na medida em que é por esse conhecimento que o indivíduo se reconhece como pessoa e como cidadão. (Texto de Volnyr Santos, doutor em Letras, professor de Língua Portuguesa e Literatura na PUCRS).

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“Estudamos a língua portuguesa para nos distanciarmos de nossa condição animalesca, nos tornando pessoas humanas, que dialoga e interage no meio em que vive. Devemos conhecer a fundo nossa língua para usá-la como instrumento de transformação social, promovendo e enriquecendo a cultura. Quem lê fala e escreve bem, é luz para os indivíduos que não têm visão crítica da realidade. E mais, além de detectar os problemas, apresenta soluções. Podemos concordar que o estudo de nossa língua nos leva a enfrentar os problemas sociais vantajosamente, além de enfrentar o mercado de trabalho em melhores condições.”

Elvisley Araújo

“É estranho a quantidade de pessoas que não sabem a importância de se estudar a língua portuguesa. Perdem tempo com os entretenimentos dos meios de comunicação de massa, deixando os estudos para o segundo plano. Isso é justamente o que “muitos” querem, já que, assim, a maioria das pessoas não aprenderá a ler, escrever, se comunicar e principalmente, não desenvolverá posicionamento crítico diante dos fatos, tornando-se alienadas e consequentemente, meros expectadores da história. Para mudar tal nefasta situação, é imperiosamente necessário que o ensino da língua portuguesa não só seja priorizado, mas também, amplamente reformulado, dando oportunidade a todos pensarem e agirem de forma sábia, participando de forma ativa nas decisões da sociedade.”.

Fernanda Lima

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22.. Linguagem, língua, signo e fala

Na origem de toda atividade comunicativa do ser humano está a linguagem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos. 2.1 Signos Verbais e Signos Não-Verbais

Considera-se que os sinais oouu ssiiggnnooss ccllaassssiiffiiccaamm--ssee eemm ddooiiss ttiippooss:: ooss ssiiggnnooss vveerrbbaaiiss ee ooss ssiiggnnooss nnããoo--vveerrbbaaiiss..

OOss ssiiggnnooss vveerrbbaaiiss são as palavras que constituem uma língua. Por exemplo:

QUANDO REDIGIMOS UM TEXTO, NÃO DEVEMOS MUDAR O REGISTRO, A NÃO SER QUE O ESTILO O PERMITA. ASSIM, SE ESTAMOS DISSERTANDO - E NESSE TIPO DE REDAÇÃO, USA-SE, GERALMENTE, A LÍNGUA PADRÃO-, NÃO PODEMOS PASSAR DESSE NÍVEL PARA UM OUTRO, COMO A GÍRIA, POR EXEMPLO.

Os signos não-verbais referem-se à qualquer outro signo que não seja a palavra falada ou escrita. Esses signos são criados com desenhos, sons, cores etc.

Considera-se que uma linguagem não é um simples amontoado de signos, mas um conjunto de signos que se relacionam entre si, de forma organizada, formando um sistema. Quando os signos se organizam, afirma-se que eles constituem uma linguagem. Por isso, é possível falar em linguagem do trânsito, linguagem da matemática, linguagem dos gestos, linguagem da música e outras.

LLiinngguuaaggeemm éé ttooddoo ssiisstteemmaa oorrggaanniizzaaddoo ddee ssiiggnnooss qquuee sseerrvvee ccoommoo mmeeiioo ddee ccoommuunniiccaaççããoo eennttrree ooss iinnddiivvíídduuooss..

22..22 LLíínngguuaa

A língua é um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem que utiliza palavras.

Observe um fragmento do romance “Gabriela, cravo e canela” em quatro versões. O romance escrito em português por Jorge Amado, foi traduzido para inglês, italiano e espanhol, entre outras línguas.

- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Português

Naquele ano de 1925, quando floresceu o idílio da mulata Gabriela e do árabe Nacíb, a estação das chuvas tanto se prolonga além do normal, e necessário, que os

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fazendeiros, como um bando assustado, cruzavam-se nas ruas a perguntar uns aos outros, o medo nos olhos e na voz:

- Será que não vai parar?

- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Inglês

In that year of 1925, when the idyll of the mulatto girl Gabriela and Nacíb the Arab began, the rains continued long beyond the proper and necessary season. Whenever two planters met in the street, they would ask each other, with fear in their eyes and voices:

“How long can this keep up?”

- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Italiano

In quell’anno 1925, quando sbocciò L’idillio della mulatta Gabriella e dell’arabo Nacib, il periodo delle piogge s’era tanto prolungato oltre il naturale e il necessario che i proprietari sostavano sugli angoli delle strade, come gregge smarrito, per chiedersi l’un l’altro, la paura negli occhi e nella voce:

- Finirà?

- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Espanhol

En aquel año de 1925, cuando floreció el idilio de la mulata Gabriela y del árabe Nacib, la estación de las lluvias habíase prolongado más allá de lo normal y necessario, a tal punto que los plantadores, como un rebaño asustado, al entrecruzarse en las calles se perguntaban unos a otros, con miedo en los ojos y en la voz:

- ¿No parará nunca?

O português, o inglês, o italiano e o espanhol são línguas diferentes. Cada povo utiliza determinada língua para se comunicar.

LLíínngguuaa éé aa lliinngguuaaggeemm vveerrbbaall uuttiilliizzaaddaa ppoorr uumm ggrruuppoo ddee iinnddiivvíídduuooss qquuee ccoonnssttiittuueemm uummaa ccoommuunniiddaaddee..

2.3 Elementos Estáveis e Instáveis da Língua

A língua é um fenômeno dinâmico e apresenta os seguintes elementos:

• EELLEEMMEENNTTOOSS EESSTTÁÁVVEEIISS -- São estáveis as características básicas de cada língua.

Graças à essa estabilidade no tempo, consegue-se entender hoje, ainda que com alguma dificuldade, um texto escrito há muito tempo em uma língua conhecida.

O fato de um brasileiro de Porto Alegre comunicar-se com um brasileiro de Manaus sem dificuldades, por exemplo, demonstra a estabilidade da língua no espaço geográfico.

• EELLEEMMEENNTTOOSS IINNSSTTÁÁVVEEIISS -- São os elementos da língua que se modificam no tempo e no espaço.

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Em relação à modificação no tempo considera-se que há termos que deixam de ser empregados ou passam a ser empregados em um só sentido, sem contar as palavras novas que se incorporam à língua, enriquecendo-a. Televisor, por exemplo, é uma palavra que só passou a fazer parte do vocabulário no início de 1931, quando esse aparelho foi inventado. O mesmo observa-se com o celular.

Destaca-se que também ocorrem mudanças no espaço, no local em que se emprega a língua. Dessas mudanças surgem diferenças que no entanto, não chegam à impossibilitar a comunicação entre falantes da mesma língua que vivam em locais diversos.

Vale ressaltar que a gíria consiste no exemplo mais evidente da instabilidade da língua.

Leia o fragmento:

Me olhando assim, cara? Eu relaxei numa boa e fechei os olhos, ela começou a levar um som em inglês que num sacava, cara, era um lance da gente se falar sem se falar que durou até o céu ficar pretão.

No texto acima identifica-se a presença de várias gírias. Observa-se que as

gírias variam de acordo com o período, pois as gírias de uma época não servem para outra, pela rápida modificação que sofre. Há também gírias que são empregadas apenas em determinadas regiões, principalmente em Estados e países mais desenvolvidos.

22..44 FFaallaa

A seleção brasileira feminina de vôlei conquistou importante título em um torneio internacional. Veja como três jornais noticiaram o fato:

Seleção derrota EEUU e fica com título

Brasil bate EEUU e ganha torneio de vôlei

Brasil mata EEUU e ganha título histórico

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Comparando os textos, conclui-se:

a) os três títulos tratam do mesmo assunto; b) os três redatores empregaram o mesmo código: a língua portuguesa; c) os redatores obedeceram às regras de funcionamento do português, como

qualquer falante da língua que deseje comunicar-se adequadamente. Apesar dessas semelhanças, os textos não são iguais, porque cada emissor

empregou a língua a sua maneira, com seu estilo próprio, individual. Cada usuário da língua faz uso individual do código. A essa utilização pessoal,

particular da língua, dá-se o nome de fala.

22..55 Língua Falada e Língua Escrita

A língua falada mantém uma profunda vinculação com as situações em que é

usada. A comunicação oral normalmente se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo: o uso de pronomes como eu, você, isto, isso, aquilo ou de advérbios como aqui, cá, já, agora ou lá, possibilita indicar os seres e fatos envolvidos na mensagem sem nomeá-los explicitamente.

Na língua escrita, a elaboração da mensagem requer uma linguagem menos alusiva. O uso de pronomes e certos advérbios, eficientes e suficientes na língua falada, obedecem à outros critérios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e não mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, são utilizados formas de referência mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres.

Assim, a língua escrita demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos: como a língua escrita busca ser suficiente em si mesma, redator e leitor não precisam mais da proximidade física para que a mensagem se transmita satisfatoriamente.

Não pense, entretanto, que qualquer uma dessas duas formas de língua é melhor ou pior do que a outra: são apenas diferentes, cada uma delas é apropriada à uma determinada forma de comunicação.

Até agora, tem-se falado da diferença essencial entre a língua escrita e a língua falada. Dessa diferença se originam outras, igualmente importantes e em alguns casos, tão significativas que se pode mesmo falar na existência de dois códigos distintos: o código

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Qual a distinção entre Língua, Linguagem, Signo e Fala? Boa sorte!

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falado e o código escrito, cada um com suas regras próprias de funcionamento. Entre elas destaca-se:

�A língua falada se concretiza por meio da emissão dos sons da língua, os fonemas. Na escrita, utilizam-se as letras, que não mantêm uma correspondência exata com os fonemas: há letras que representam fonemas diferentes (a letra x, por exemplo, em exame, xadrez e sintaxe); há fonemas representados por mais de uma letra; há até casos em que a letra não representa nenhum fonema (h em homem, por exemplo). Fatos como esses fazem com que a ortografia se torne complexa; ora, é óbvio que essa questão afeta diretamente o manejo da língua escrita, tendo reduzida influência sobre o código falado. �O código oral conta com elementos de expressividade que o código escrito não consegue reproduzir com muita eficiência. Destaca-se a acentuação e a entonação, capazes de modificar completamente o significado de certas frases e que só são parcialmente recuperáveis por certas construções da língua escrita. Há, por exemplo, várias formas de falar a palavra sim, podendo-se até atribuir-lhe significação oposta à usual. Na escrita, o que se pode fazer são construções do tipo: “Sim!”, disse ela, alvoroçada. “Sim...”, respondeu uma voz debilitada. “Sim?”, irrompeu, indignado. “Sim!”, observou ele, com profunda ironia.

Além disso, a língua utiliza a pontuação para sugerir certas características da língua falada. Não se deve esquecer, entretanto, que a pontuação tem antes de tudo uma função organizadora dos enunciados, permitindo uma disposição das idéias de forma lógica. Essa função antecede uma eventual tentativa de reproduzir de forma escrita a melodia própria da língua falada. �O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são praticamente exclusivos da língua escrita.

(Texto de Ulisses Infante. Do texto ao texto. São Paulo. Ed. Scipione.)

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Na sua opinião, por que a escrita é sucedânea da fala ? Boa sorte!

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3 Variedade e Unidade da Língua Portuguesa

O conceito de língua é bastante amplo, englobando as manifestações da fala,

com suas incontáveis possibilidades. Dentro desse extenso universo, há também variações que não são decorrentes do uso individual da língua, mas sim, de outros fatores. Esses fatores podem ser: geográficos, sociais, profissionais e situacionais. a) Geográficos: há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas

diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo de falar, por exemplo, de um lisboeta (natural ou habitante de Lisboa) e de um carioca ou na expressão de um gaúcho em contraste com a de um paraense. Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos;

b) Sociais: o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de

instrução difere daquele empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto outras, são vítimas de preconceito por empregarem formas menos prestigiadas. Cria-se, desta maneira, uma modalidade de língua – a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não pertencem ao grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes linguisticas sujeitas à contínuas transformações;

c) Profissionais: o exercício de certas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, linguistas e outros especialistas;

d) Situacionais: em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega

diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes assumidas em situações formais (um discurso numa solenidade de formatura, por exemplo) e em situações informais (uma conversa descontraída com amigos). Em cada uma dessas oportunidades, emprega-se formas de língua diferentes, procurando adequar o nível vocabular e sintático ao ambiente linguístico em que o sujeito se encontra.

Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas do

cotidiano comunicativo e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a língua literária. Nesse caso, a escolha e a combinação de elementos linguisticos subordinam-se à atividades criadoras e imaginativas. Código e mensagem adquirem uma importância elevada, deslocando o centro de interesse para aquilo que a língua é em detrimento daquilo para que ela serve.

(Texto de Ulisses Infante. Do texto ao texto. São Paulo. Ed. Scipione.)

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4 O Processo de Comunicação

Antes que a comunicação possa acontecer, um propósito, expresso como mensagem a ser transmitida, deve existir. Ela passa entre uma fonte (o emissor) e um receptor. A mensagem é convertida em uma forma simbólica (chamada de codificação) e passada por intermédio de algum meio (canal) para o receptor, que traduz a mensagem do emissor (chamada de decodificação). O resultado é a transferência de significado de uma pessoa para outra.

Adicionalmente, o processo inteiro é suscetível a ruídos, ou seja, perturbações que interferem com a transmissão da mensagem. Exemplos típicos de ruído incluem letras ilegíveis, estática no telefone, falta de atenção por parte do receptor ou ruídos de fundo de máquinas numa fábrica.

Lembre-se de que tudo que causa interferência na compreensão – seja internamente (com o baixo volume de voz de quem fala ou emissor) ou externo (como vozes altas de companheiros de trabalho que falam no escritório do lado) – pode ser considerado ruído. Este pode criar distorção em qualquer ponto do processo de comunicação.

Vale considerar a existência de algumas fontes potenciais internas de distorção do processo de comunicação. Uma fonte inicia uma mensagem codificando um pensamento. Quatro condições afetam a mensagem codificada: habilidades, atitudes, conhecimento e o sistema sócio-cultural.

Se autores de livros não possuem as habilidades necessárias, suas mensagens não irão alcançar os alunos de forma desejada. O nosso sucesso na comunicação com você depende de nossas habilidades como escritores. O sucesso total como comunicador também compreende habilidades de falar, ler, ouvir e raciocinar.

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Pesquise e identifique as regiões das respectivas linguagens: 1) Ei. Bichim.. Isso é um assalto... Arriba os braços e num se bula nem faça fumaça... Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim, se não enfio a pexeira no teu bucho e boto teu fato de fora. Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tou com uma fome da moléstia... 2) Ô sô, prestenção... Isso é um assarto, uai... Levanta os braço e fica quetin quié mió procê... Esse trem na minha mão tá chei de bala... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje... Vai andando, uai!... Ta esperando que, sô ?? 3) Ô guri, fica atento báh... Isso é um assalto... Levanta os braço e te aquieta, tchê!... Não tente nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê... Passa as pilas pra cá! E te manda a lá cria, senão o quarenta e quatro fala.

Boa sorte!

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As atitudes influenciam o comportamento. O sujeito possui idéias preconcebidas a respeito de diversos assuntos, e estas idéias afetam as comunicações. Além disso, deve-se considerar que o indivíduo é restrito em suas atividades comunicativas pela extensão de seu conhecimento a respeito de um assunto particular.

Não se pode comunicar o que não se sabe; e se o conhecimento for muito extenso, é possível que o receptor não compreenda a mensagem. É claro que a quantidade de conhecimento que se possui a respeito de um assunto afeta a mensagem que se quer transferir. Finalmente, como as atitudes influenciam o comportamento, o mesmo ocorre com a posição no sistema sócio-cultural em que o sujeito está inserido.

Dessa forma, considera-se que as crenças e os valores atuam de forma a influenciar como fontes de comunicação. A medida que um administrador codifica suas idéias em mensagens, quando se comunica com seus empregados, ele precisa refletir na sua habilidade, atitude, conhecimento e sistema sócio-cultural, de forma a reduzir qualquer distorção no processo.

A própria mensagem pode causar distorção no processo de comunicação, independentemente do aparato de suporte usado para transmiti-la. A mensagem é o produto físico real codificado pela fonte. Quando se fala, o discurso é a mensagem. Quando se escreve, o que está escrito é a mensagem. Quando se faz gestos, o movimento dos braços e a expressão do rosto são a mensagem.

A mensagem é afetada pelo código ou grupo de símbolos que são usados para transferir significado, o próprio conteúdo da mensagem e as decisões que a fonte toma ao selecionar e organizar tanto os códigos quanto o conteúdo. Cada um, destes três segmentos, pode agir de forma a distorcer a mensagem.

O canal é o meio escolhido pelo emissor para mandar a mensagem. Os canais comuns são: o ar para a palavra falada e o papel para a palavra escrita. Se você decide transmitir à um amigo em uma conversa frente a frente algo que aconteceu a você durante o dia, você está usando a palavra falada e gestos para transmitir a sua mensagem. Mas você tem opções. Uma mensagem específica – por exemplo, um convite para uma festa – pode ser comunicada oralmente ou por escrito.

Em uma organização, certos canais são mais apropriados para determinadas mensagens. Obviamente, se o edifício está em chamas, um memorando para divulgar o fato não é apropriado! Se algo é importante, tal como a avaliação de desempenho de um empregado, um administrador pode querer utilizar canais múltiplos – por exemplo, uma exposição oral, seguida por uma carta por escrito resumindo os pontos. Isto diminui o potencial de distorção.

O receptor é o indivíduo para o qual a mensagem é dirigida. Mas antes dela ser recebida, os símbolos que ela contém devem ser traduzidos para uma forma que possa ser compreendida pelo receptor. Esta é a decodificação da mensagem. Assim como o codificador estava limitado por suas habilidades, atitudes, conhecimento e sistema sócio-cultural, o receptor também é limitado por esses mesmos fatores. Assim como a fonte deve ter habilidades para escrever ou falar.

Nesse sentido, considera-se que o receptor deve saber ler ou ouvir, e ambos devem conseguir raciocinar. O nível de conhecimento de uma pessoa influencia sua habilidade de receber, assim como o de enviar. Além disso, as atividades de background cultural do receptor podem distorcer a mensagem que está sendo transferida.

A última ligação no processo é o feedback. Quando um receptor decodifica a mensagem recebida e ela é colocada de volta no sistema, tem-se um feedback. Ou seja, o

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feedback faz com que a mensagem volte ao emissor, e assim fornece uma verificação da sua compreensão.

4.1 Métodos de Comunicação

Os métodos de comunicação mais utilizados pelas pessoas nas organizações são: interação verbal ou oral, comunicações escritas, comunicação não-verbal e mídia eletrônica.

Em relação a interação verbal ou oral, considera-se que as pessoas normalmente se comunicam umas com as outras falando ou se comunicando oralmente. As formas conhecidas de comunicação oral incluem discursos, discussões formais entre duas pessoas e em grupo, discussões informais e os rumores.

A maior vantagem da comunicação oral é a de que uma mensagem verbal pode ser transmitida e uma resposta recebida em um intervalo mínimo de tempo. Se o receptor não está seguro da mensagem, um feedback rápido permite que o emissor detecte o erro e corrija. No entanto, a maior desvantagem é o potencial de distorção, especialmente se a mensagem passar por diversas pessoas. Quanto mais pessoas estão envolvidas, maior o potencial de distorção. Em uma organização, onde decisões e outras comunicações são passadas verbalmente para cima e para baixo na hierarquia, existe uma chance considerável de que as mensagens sejam distorcidas.

A comunicação escrita compreende memorandos, cartas, publicações da organização, relatórios da diretoria ou qualquer outro instrumento que transmita palavras escritas ou símbolos.

Quando as comunicações são complexas ou extensas, é importante que exista um registro permanente, tangível e que possa ser verificado. E como colocar alguma coisa por escrito força uma pessoa a pensar de forma mais detida a respeito do que ela deseja transmitir, a comunicação escrita têm mais chances de ser bem-concebida, lógica e clara.

Apesar da escrita ser mais precisa, ela também consome um tempo bem maior. Na verdade, você pode dizer em dez a quinze minutos a mesma coisa que provavelmente levaria uma hora para escrever. Uma outra restrição é a de que a comunicação por escrito não possui um mecanismo incorporado de feedback. Não existe nenhum indício de que a mensagem tenha sido recebida e compreendida.

Vale ressaltar que algumas das comunicações mais significativas não são nem faladas nem escritas. São as comunicações não-verbais. Um alarme que toca alto ou uma luz vermelha em um cruzamento dizem coisas a você sem usar palavras. Quando um professor de um colégio está dando aula em uma turma grande, ele não precisa de palavras para perceber que seus alunos estão entediados quando seus olhares estão vidrados, ou quando eles começam a ler o jornalzinho do colégio. De maneira análoga, quando começa um barulho de papel e os cadernos começam a ser fechados, a mensagem é clara: a hora de terminar a aula está se aproximando. O tamanho do escritório de uma pessoa, ou as roupas que ela veste, também transmitem mensagens para os outros. No entanto, as áreas mais conhecidas de comunicação não-verbal são: a linguagem do corpo e a entonação.

O termo linguagem do corpo refere-se à gesto, configurações faciais e outros movimentos do corpo. Um rosto com uma sobrancelha franzida, por exemplo, diz algo

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diferente de um sorriso. O movimento das mãos, as expressões faciais e outros gestos podem comunicar emoções ou temperamentos como agressão, medo, timidez, arrogância, alegria e raiva.

O termo entonação refere-se à ênfase que uma pessoa dá a palavras ou frases. Para ilustrar a forma como elas podem alterar o significado de uma mensagem, pense no aluno que pergunta algo ao professor. Ele responde: “O que você quer dizer com isso?” A reação do estudante irá variar, dependendo do tom da resposta do professor. Um tom macio e suave cria um significado diferente do que se ele for abrasivo e colocar uma forte ênfase na última palavra. A maior parte das pessoas perceberia a primeira entonação como vinda de alguém que procura de forma sincera esclarecer as coisas, enquanto a segunda sugere que a pessoa está sendo agressiva ou defensiva.

O fato de que toda comunicação oral também possui uma mensagem não-verbal, não pode ser excessivamente valorizado. Por quê? Porque o componente não-verbal, normalmente, é o que causa maior impacto. Um pesquisador descobriu que 55% de uma mensagem oral são oriundos da expressão facial e postura física, 38% da entonação e apenas 7% das palavras que estão realmente sendo ditas.

Hoje em dia utiliza-se diversos meios eletrônicos sofisticados para transmitir comunicações. Além dos meios mais comuns, como o telefone por exemplo, tem-se o circuito fechado de televisão, computadores acionados por voz, reprodução por fotocópia, software multimídia, aparelho de fax e diversos outros aparelhos eletrônicos, como o celular, que podem ser usados juntamente com a fala ou o papel, para criar uma comunicação mais eficaz. Talvez aquele que esteja crescendo de forma mais rápida, seja o correio eletrônico (e-mail), que oferece aos indivíduos a possibilidade de transmitir de forma instantânea, mensagens escritas, através de computadores que estão ligados com o software adequado. As mensagens ficam no terminal do receptor, esperando para serem lidas à sua conveniência. O correio eletrônico é rápido e barato. Pode ser usado para enviar a mesma mensagem para dezenas de pessoas simultaneamente. Seus outros pontos fortes e fracos são aproximadamente equivalentes aos da comunicação por escrito.

“A Televisão valoriza coisas que estão em sentido oposto ao da leitura, enfatizando o entretenimento como alienação. Sem apoio na família, sem apoio na escola e ainda com estímulos contrários, quem conseguir se tornar um leitor é um herói.”

Cecília Garcez

“O indivíduo que não lê se transforma no pai que se mantém ao largo dos livros ou no professor sem leitura, ao qual falta a consciência crítica necessária para o exercício de educar.”

Claudia Costin

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4.2 Barreiras da Comunicação Eficaz

No processo de discussão a respeito do processo da comunicação, nota-se um potencial consistente para a distorção. Mas o que causa a distorção? Além das distorções gerais identifica-se no processo da comunicação, outras barreiras à comunicação eficaz.

Filtragem: A filtragem é a manipulação deliberada da informação, para fazer com que ela pareça mais favorável para o receptor. Por exemplo, quando um administrador diz ao seu chefe o que ele quer ouvir, ele está utilizando a filtragem de informação.

A quantidade de filtragem tende a ser proporcional ao tamanho da estrutura da organização e da cultura organizacional. Quanto mais níveis verticais existirem na hierarquia organizacional, maiores serão as oportunidades para a filtragem. A cultura organizacional pode incentivar ou desestimular a filtragem, através do tipo de comportamento que ela reforça através das recompensas. Quanto mais as recompensas organizacionais reforçarem estilo e aparência, mais os administradores estarão motivados para alterar as comunicações em seu favor.

Emoções: A forma como um receptor se sente quando a mensagem é recebida influencia o modo como a interpreta. Você muitas vezes irá interpretar a mesma mensagem de forma diferente, dependendo de estar feliz ou não. Emoções extremas, como júbilo ou depressão, têm grande chance de atrapalhar a comunicação eficaz. Em tais casos, muitas vezes se despreza os processos de pensamento racional e objetivo e se utiliza julgamentos emocionais. Dessa forma, é melhor evitar tomar decisões quando se está nervoso, já que há poucas chances de pensar de forma clara.

Linguagem: As palavras significam coisas diferentes para pessoas diferentes. Idade, educação e background cultural são três das variáveis mais evidentes a influenciar a linguagem que uma pessoa utiliza e as definições que ela dá às palavras. Por exemplo, a linguagem que Reinaldo Polito utiliza é claramente diferente daquela que um trabalhador de fábrica com educação de nível secundário costuma usar. Este último, na verdade, teria bastante dificuldade para compreender a maior parte do vocabulário de Polito.

“Hoje, na vida profissional, não se admitem deficiências na expressão verbal e/ou escrita. É claro que isto prejudica mais um advogado, por exemplo, mas também prejudica o engenheiro, o administrador, o gestor, o contabilista e tantos outros. De forma que, a maneira como você se expressa não pode comprometer a qualidade do conhecimento que você tem.”

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44..22..11 SSuuppeerraannddoo aass BBaarrrreeiirraass

Diante dessas barreiras à comunicação, o que se pode fazer para superá-la? As seguintes sugestões devem ajudá-lo a tornar sua comunicação mais eficaz.

Utilize Feedback: Muitos problemas de comunicação podem ser atribuídos diretamente a imprecisões e mal-entendidos. Estes problemas têm menor chance de ocorrer se o administrador utilizar no processo de comunicação o feedback, podendo ele ser verbal ou não-verbal. Se um emissor pergunta para um receptor: “Você compreendeu o que eu disse?” A resposta representa um feedback. Ele normalmente deveria incluir mais do que perguntas com respostas do tipo sim ou não. O emissor pode fazer uma série de perguntas a respeito da mensagem, de forma a determinar se ela foi recebida da forma pretendida. Ainda melhor, o emissor pode pedir ao receptor que repita a mensagem com suas próprias palavras. Se ele ouve o que procurou dizer, a compreensão e precisão estão adequadas. Quando você faz uma palestra para um grupo de pessoas, você olha nos olhos delas e procura outros sinais não-verbais que possam dizer se elas estão recebendo sua mensagem ou não.

Simplifique a Linguagem: Como a linguagem pode ser uma barreira, o emissor deveria escolher palavras e estruturar suas mensagens de forma que elas fiquem mais claras e compreensíveis para o receptor. O emissor precisa simplificar sua linguagem e levar em conta a audiência para a qual ela está sendo dirigida, de forma que a linguagem seja feita sob medida para os receptores. Lembre-se de que a comunicação eficaz é alcançada quando uma mensagem é recebida e compreendida. A compreensão é aumentada quando se simplifica a linguagem utilizada em relação à audiência pretendida. Isto significa, por exemplo, que um administrador hospitalar deveria sempre tentar se comunicar com termos claros e de fácil compreensão e que a linguagem utilizada nas mensagens para a equipe cirúrgica deveria ser intencionalmente diferente daquela usada com os empregados administrativos. Os jargões podem facilitar a compreensão quando são usados junto a um grupo que os conhece, mas podem causar diversos problemas quando utilizados fora deste grupo.

Escute Ativamente: Quando alguém fala, o outro ouve, entretanto nem sempre escuta. Escutar é uma busca ativa pelo significado, enquanto o ato de ouvir é passivo. Ao escutar, duas pessoas estão pensando: o emissor e o receptor. Grande parte das pessoas são maus ouvintes. Por quê? Porque é difícil e normalmente é mais satisfatório, estar na ofensiva. Escutar na verdade, é muitas vezes mais cansativo do que falar. Exige um esforço intelectual. Ao contrário de ouvir, escutar ativamente exige uma total concentração. A escuta ativa pode ser melhorada desenvolvendo empatia com o emissor, ou seja, colocando-se na sua posição. Como eles diferem em atitudes, interesses, necessidades e expectativas, a empatia torna mais fácil compreender o conteúdo real da mensagem. O indivíduo que escuta e possui empatia guarda o julgamento para o conteúdo da mensagem e ouve de forma cuidadosa o que está sendo dito.

“Quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais profundo e acurado é oprocesso mental da reflexão. Quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas mais rudimentares da comunicação”.

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Restringir as Emoções: Seria ingênuo supor que o emissor sempre se comunica de uma maneira inteiramente racional, sabendo que as emoções podem distorcer e encobrir de forma violenta a transferência do significado. Um administrador que está emocionalmente perturbado por uma questão tem maior chance de receber mal as mensagens que chegam e não conseguir expressar sua mensagem de forma clara e precisa. O que ele pode fazer? A resposta mais simples é evitar qualquer outra comunicação até ter recuperado a sua compostura.

Observar Sinais Não-verbais: Se ações falam mais alto do que palavras, então é importante observar suas ações para assegurar-se de que elas se alinham e reforçam as palavras que vão junto com elas. Observa-se que as mensagens não-verbais têm muito peso. Dado este fato, o comunicador eficaz observa seus sinais não-verbais para ter certeza de que eles também estão transmitindo a mensagem desejada.

55 Funções da Linguagem

Em todo ato de comunicação existe uma intenção por parte do emissor da mensagem. A intenção de cada autor é diferente. Na letra de uma música, o emissor sugere, sua intenção não é informar, mas produzir uma mensagem artística que desperte a emoção do leitor/ouvinte.

Dependendo do objetivo que o emissor deseja atingir com sua mensagem, nela vai predominar uma determinada função da linguagem. A função, portanto, está intimamente relacionada ao objetivo do emissor da mensagem, seja ela verbal ou não-verbal.

Antes de iniciar o estudo de cada uma das funções da linguagem, tenha em mente o seguinte:

1. Ao estudar uma mensagem, deve-se considerar sua função na situação de

comunicação em que esta mensagem foi produzida; 2. Mesmo que não tenha consciência ou conhecimento das funções da linguagem - e a

maioria das pessoas não tem esse conhecimento -, o emissor sempre vai montar sua mensagem de acordo com a finalidade pretendida;

3. Nenhuma mensagem apresenta uma única função da linguagem: uma das funções será predominante, mas nunca exclusiva, única.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

CCrriiee uummaa ssiittuuaaççããoo ddee ccoommuunniiccaaççããoo eemm qquuee hhaajjaa bbaarrrreeiirraass ddee ccoommuunniiccaaççããoo.. AAoo mmeessmmootteemmppoo,, ffoorrmmuullee uummaa ssiittuuaaççããoo aa ffiimm ddee qquuee sseejjaamm ssuuppeerraaddaass aass rreessppeeccttiivvaass bbaarrrreeiirraass..

Boa sorte!

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As funções da linguagem são: Referencial, Informativa ou Denotativa; Emotiva ou Expressiva; Fática ou de Contato; Conativa ou Apelativa; Metalinguistica; Poética.

• Função Referencial, Informativa ou Denotativa

FURTO Carro oficial furtado na porta de uma lanchonete

Um veículo pertencente à Prefeitura Municipal de São Luís foi furtado, no final de semana, da porta da Lanchonete Mariscaldos, na Vila Vem Quem Quer. Até o encerramento desta edição os suspeitos Alex e Sansão ainda não haviam sido encontrados. Maiores detalhes na edição de amanhã.

Analisando o texto observa-se que:

- Expõe-se uma informação de modo objetivo: o emissor não faz comentários ou expressa julgamentos, isto é, não avalia se o fato é bom ou ruim, certo ou errado, útil ou inútil etc. Ele simplesmente traduz em palavras, de forma objetiva e direta, um fato acontecido; - Não há palavras empregadas em sentido figurado; - A notícia não permite mais de uma interpretação: todos os leitores que tenham o mesmo nível de conhecimento da língua entenderão o texto basicamente da mesma maneira. Essa compreensão não depende de sentimentos, de juízos críticos, de emoções etc., pois as palavras foram organizadas de modo a informar objetivamente um fato; - Citam-se nomes de pessoas que existem ou existiram.

No texto lido predomina a função referencial, informativa ou denotativa da linguagem. Em jornais, revistas e publicações similares é frequente a combinação de linguagem verbal e não-verbal para criar mensagens em que predomina a função denotativa.

•• FFuunnççããoo EExxpprreessssiivvaa oouu EEmmoottiivvaa

“Minto”. Sua decadência, suas lamentações eram mentiras, vazio, ele se empurrava para o vácuo, à superfície de si mesmo, para fugir à pressão insustentável de seu mundo verdadeiro. Um mundo negro e terrível que fedia a éter. Era um atrevido e um criminoso... Sem lirismo. Teria o filho ou iria arriscar a vida nas mãos de um charlatão... “Casa com ela, falso boêmio, casa com ela, tu estás na idade da razão, deves casar”.

Jean Paul Sartre (filósofo)

O autor do texto, no trecho, narra o mundo dos personagens Mathieu e Marcelle. Analisando o texto, observa-se que:

- Percebe-se as emoções do narrador; - O emissor centra-se em si para manifestar suas sensações e emoções; - O narrador manifesta opiniões com as quais outras pessoas podem ou não concordar: “um mundo negro e terrível que fedia a éter”;

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- No texto lido predomina a função emotiva ou expressiva da linguagem.

No texto lido predomina também a função emotiva, pois o autor expressa sua opinião. São comuns em textos desse tipo, os pontos de exclamação e de interrogação.

Os autores de novelas devem se convencer de uma vez por todas que mostrar pornografia para as crianças não é modernismo nem avanço.

Folha de São Paulo

No texto acima, novamente, predomina a função emotiva. O “eu” está sempre presente na função expressiva.

•• FFuunnççããoo FFááttiiccaa oouu ddee CCoonnttaattoo

“Na próxima semana haverá prova. Estudaste Português? Vais ao Show da Sexta na Batuque? Não está chovendo. É isso aí! Vai ser hiper legal! Não acha?”

Observa-se que:

- O texto não é objetivo. Trata-se de uma fala vaga, cheia de rodeios. Na verdade, o emissor transmite pouca informação; - O emissor testa o canal com o ouvinte: “Estudaste...?, Vais ao show...?, “Não acha ?

No texto predomina a função fática da linguagem. Neste caso, a informação que se transmite é secundária, pois o objetivo mais imediato do emissor é simplesmente manter aberto o canal de comunicação entre ele e o ouvinte.

Além de ser utilizada para testar o canal, a função ocorre também quando:

a) quer iniciar a comunicação: - Olá! Como vai?

b) visa prolongar o contato com o emissor: - Ele não cansa nunca... Concorda comigo? Não acha?

c) deseja interromper o ato de comunicação: - Outra hora, amigo, eu volto a te ligar.

•• FFuunnççããoo Conativa ou Apelativa

Prove. Mude. Peça. Nova ANTI-BAFÔMETRO !!!

Use camisinha!

Vote na mudança. Vote no novo. Vote em mim!

Faça certo, faça CEUMA!

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Analisando os exemplos acima de textos com função conativa ou apelativa, observa-se que: - O objetivo do emissor é influenciar o comportamento do receptor, levando-o a adquirir o produto ou mudar de opinião; - Os textos estruturam-se em torno de verbos no modo imperativo (expressam ordem, desejo, convite, apelo...); - Há clara intenção em convencer o receptor a mudar de opinião, alterar condutas já estabelecidas, suscitando estímulos, impulsos para provocar reações no receptor. Daí o nome de função conativa, termo relacionado ao verbo latino conari, cujo significado é promover, suscitar, provocar estímulos. Os sinais de trânsito são exemplos de função apelativa, na linguagem não-verbal.

•• FFuunnççããoo MMeettaalliinngguuiissttiiccaa

PPAAZZ:: 11..AAuussêênncciiaa ddee lluuttaass,, vviioollêênncciiaass oouu ppeerrttuurrbbaaççõõeess ssoocciiaaiiss;; ttrraannqquuiilliiddaaddee ppúúbblliiccaa;; ccoonnccóórrddiiaa,, hhaarrmmoonniiaa..

22.. AAuussêênncciiaa ddee ccoonnfflliittooss eennttrree ppeessssooaass;; bboomm eenntteennddiimmeennttoo;; eenntteennddiimmeennttoo,, hhaarrmmoonniiaa.. 33.. AAuussêênncciiaa ddee ccoonnfflliittooss íínnttiimmooss;; ttrraannqquuiilliiddaaddee ddee aallmmaa;; ssoosssseeggoo..

Nessa mensagem, utiliza-se o código (língua portuguesa) para explicar um elemento do próprio código (a palavra PAZ). Quando o código é utilizado como assunto ou explicação do próprio código ocorre a função Metalinguistica, também chamada metalinguagem. Os dicionários são o melhor exemplo de emprego da função metalinguistica. Neles traduz-se um termo utilizando o próprio código a que pertence esse termo. A metalinguagem pode ocorrer também no cinema, no teatro, na pintura, etc.

• Função Poética

Inscrições na areia

O meu amor não tem importância nenhuma.

Não tem o peso nem de uma rosa de espuma! Desfolha-se por quem? Para quem se perfuma? O Meu amor não tem Importância nenhuma.

(Cecília Meireles)

Observe que a autora não se preocupou apenas com o significado da mensagem, mas sobretudo com a construção da mesma. Essa preocupação com esse tipo de elaboração

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é um reforço no esforço do que o autor quer expressar. Esse aspecto é fundamental para a impressão que o emissor quer provocar no leitor. Destaca-se os seguintes recursos:

a) as rimas, o ritmo e a sonoridade do texto: tem/nem, nenhuma/espuma, quem/tem, perfuma/nenhuma; b) o emprego de imagem. O autor emprega uma linguagem que o leitor é capaz de visualizar o que expressa: “rosa de espuma”. A imagem, portanto, torna o texto mais vivo, mais correto, mais próximo da realidade.

Com a utilização desses recursos, o autor demonstra a valorização à construção da mensagem. Quando isso acontece, ou seja, o emissor enfatiza a construção e a elaboração da mensagem, afirma-se que nessa mensagem predomina a função poética. O predomínio dessa função em uma mensagem distingue-a de outras empregadas no cotidiano.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

De forma livre, faça um comentário crítico sobre a função de linguagem “predominante” nos meios de comunicação.

Boa sorte!

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6 Os Níveis de Linguagem

Para que se efetue a comunicação é necessário haver um código comum. Diz-se, em termos mais gerais, que é preciso “falar a mesma língua”: o português, por exemplo, enquanto língua materna. Mas trata-se de uma língua portuguesa ou de várias línguas portuguesas? O português do Maranhão é o mesmo português do Rio Grande do Sul? Não está cada um deles sujeito à influências diferentes – linguísticas, climáticas, ambientais? O português de um médico é igual ao de seu cliente? O ambiente social e o cultural não determinam a língua? Estas questões levam à constatação de que existem níveis de linguagem. O vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronúncia variam segundo esses níveis.

Inicialmente se distingue a língua escrita da língua falada. Admitem os linguistas que no interior da língua falada existe uma língua comum, conjunto de palavras, expressões e construções mais usuais, língua tida geralmente como simples, mas correta. A partir desse nível tem-se em ordem crescente do ponto de vista da elaboração, a linguagem cuidada (ou tensa) e a linguagem oratória. E no sentido contrário, da informalidade, tem-se a linguagem familiar e a linguagem informal ou “popular”.

Língua Falada Língua Escrita

Linguagem Oratória Discursos, Sermões

Linguagem Cuidada Cursos, Comunicações Orais

Linguagem literária, cartas e documentos oficiais.

Linguagem Comum Conversação, Rádio, Televisão.

Comunicações escritas comuns.

Linguagem Familiar Conversação informal “não-elaborada”

Linguagem descuidada, incorreta, linguagem literária que procura imitar a língua falada.

Essas distinções são um pouco fluidas, uma vez que se estabelecem segundo

critérios heterogêneos. A distinção linguagem popular/linguagem cuidada, por exemplo, apóia-se num critério sociocultural, ao passo que a distinção linguagem informal/linguagem oratória se apóia, sobretudo, numa diferença de situação. O mesmo indivíduo não empregará a mesma linguagem ao fazer um discurso e ao conversar com os amigos num bar.

Ademais, na expressão oral, as incorreções gramaticais são geralmente em função de restrições materiais: dificilmente poderá um comentarista esportivo manter uma linguagem cuidada ao descrever e comentar uma partida de futebol ao vivo.

De modo geral, a linguagem cuidada emprega um vocabulário mais preciso, mais raro, e uma sintaxe mais elaborada que a da linguagem comum. A linguagem oratória cultiva os efeitos sintáticos, ritmos e sonoros e utiliza imagens.

As linguagens familiar e popular recorrem às expressões pitorescas, à gíria e muitas de suas construções são tidas como “incorreções graves” nos níveis de maior formalidade.

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A língua escrita é geralmente, mais elaborada que a língua falada. Aí os níveis são menos numerosos e diretamente relacionados com o condicionamento sociocultural.

Os vocabulários próprios de determinadas regiões, determinadas profissões, ciências ou técnicas levam ainda à definição de outros níveis, segundo critérios diferentes. Vê-se, então, que a noção não é muito precisa. O essencial é ter consciência desses níveis de linguagem na medida em que determinam o bom funcionamento da comunicação. Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é efetuar um ato de comunicação.

É difícil imaginar como um professor daria suas aulas se não empregasse uma linguagem acessível às crianças; entretanto, a preocupação de levar os alunos à utilização da linguagem comum obriga o mestre a recorrer a uma linguagem um pouco mais trabalhada que a de seus ouvintes, tanto no vocabulário quanto na sintaxe. A comunicação envolve, neste caso, uma reelaboração.

(Texto de Francis Vanoye. Usos de Linguagem.)

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

Promova uma entrevista com um interlocutor a sua escolha, abordando qualquer tema em, no mínimo, cinco perguntas. Ao final, sem que ele saiba, procure identificar qual o nível de linguagem detectado nas respostas.

Boa sorte!

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MÓDULO II –

TÉCNICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL E EXPRESSÃO ORAL

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1 Noções de Parágrafo (Comunicação e Socialização)

Lembre-se o leitor como se fez gente: sua casa, seu bairro, sua escola, seus amigos. A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, através do qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família, de seu grupo de amigos, de sua vizinhança, de sua nação. Foi assim que adotou a sua “cultura”, isto é, os modos de pensamento e de ação, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Isso não ocorreu por “instrução”, pelo menos antes de ir para a escola: ninguém lhe ensinou propositadamente como está organizada a sociedade e o que pensa e sente a sua cultura. Isso aconteceu indiretamente, pela experiência acumulada de numerosos pequenos eventos, insignificantes em si mesmos, através dos quais travou relações com diversas pessoas e aprendeu naturalmente a orientar seu comportamento para o que “convinha”. Tudo isso foi possível graças à comunicação. Não foram os professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com os pais, irmãos e/ou amigos, na casa, na rua, nas lojas, no ônibus, no jogo, no botequim, na igreja, que lhe transmitiu as qualidades essenciais da sociedade e a natureza do ser social.

Contrariamente ao que alguns pensam, a comunicação é muito mais do que os meios de comunicação social. Esses meios são tão poderosos e importantes na vida atual, que as vezes se esquece que eles representam apenas uma mínima parte da comunicação total.

Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um homem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora de deitar-se, no fim do dia. A quantidade de atos de comunicação é simplesmente inacreditável, desde o “bom-dia” à sua mulher, acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, à decodificação de números e cores dos ônibus, que o leva ao trabalho. O pagamento ao cobrador, a conversa com o companheiro de banco, os cumprimentos aos colegas no escritório, o trabalho com documentos, recibos, relatórios, as reuniões e entrevistas. A visita ao banco e as conversas com seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o almoço, a escolha do prato do menu, a conversa com os filhos no jantar, o programinha de televisão, o diálogo amoroso com sua mulher antes de dormir, e o ato final de comunicação num dia cheio dela: “boa-noite”.

A comunicação confunde-se, assim, com a própria vida. Somente se percebe a sua essencial importância quando, por um incidente ou uma doença, se perde a capacidade de se comunicar. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.

(Texto de Juan Díaz Bordenave)

“Se socialmente, um indivíduo que se expressa ou escreve mal é visto com ressalvas, na esfera profissional, as ressalvas multiplicam-se, com um agravante: a desconfiança não fica restrita à habilidade de comunicação, a competênciaprofissional também é questionada.”

Revista Vencer

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22 AAss PPeessssooaass GGrraammaattiiccaaiiss nnoo TTeexxttoo ((LLíínngguuaa ee SSoocciieeddaaddee))

O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às mais novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a própria Cibernética.

Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguisticos nos cerca e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação, esse indivíduo começamos a formular nossas mensagens. E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de que dispomos para tal.

Sons, gestos, imagens, imprevistos, cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbvre diria, poeticamente, que “niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e contagiadas”). Transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM: Analisando o texto acima “Comunicação e socialização” observe que no primeiro parágrafo, o desenvolvimento segue três etapas: a) uma introdução, que vai de “Lembre-se o leitor...” até “... de sua nação”. É o

ponto em que o autor apresenta o assunto: a aquisição da cultura via comunicação.

b) um desenvolvimento, que vai de “Foi assim que...” até “... para o que ‘convinha’”. Nessa altura, o autor expõe como o cotidiano comunicativo forma o ser social.

c) uma conclusão, que vai de “Tudo isso foi possível...” até o final. O autor explicita sua colocação: é a comunicação cotidiana que transmite à criança os valores sociais.

Prezado estudante, considera-se que o desenvolvimento desse parágrafo pode servir de modelo para muitos dos seus próprios parágrafos. Note como a sequência lógica introdução/desenvolvimento/conclusão permite uma exposição clara e precisa dos aspectos discutidos. Nesse sentido, a sua tarefa é: Elabore um parágrafo, devidamente estruturado, conforme orientações acima. O tema é: Por que estudar a Língua Portuguesa ? Boa sorte!

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telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo escrito. E através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado.

Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que compreende não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural, científica ou literária.

(Texto de Dino Preti)

3 Justificando argumentos em um Texto (Palavras e Idéias)

Há alguns anos, o Dr. Johnson O’Connor, do Laboratório de Engenharia Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey, submeteu à um teste de vocabulário, cem alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais (industrial executives), os executivos. Cinco anos mais tarde, verificou que os dez por cento que haviam revelado maior conhecimento ocupavam cargos de direção ao passo que dos vinte e cinco por cento mais “fracos”, nenhum alcançara igual posição.

Isso não prova, entretanto, que para vencer na vida, basta ter um bom vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas parece não restar

Refletindo e Praticando ... Prezado estudante, analisando o texto acima, observa-se que Dino Preti utilizou de maneira bastante produtiva as pessoas gramaticais. Observe como no primeiro parágrafo, em que são feitas colocações de caráter mais científico, o autor utiliza a terceira pessoa do discurso (“... parece ter sido..”, “... acredita-se...”, “... seu papel...”). Já no segundo, em que a experiência individual de cada um dos leitores é importante para a consistência da argumentação, o autor passa a utilizar a primeira pessoa do plural (“... nascemos...”, “... nos cerca...”, “... começamos...”, “... nossa vida em sociedade...”). Essa mudança de tratamento atrai o leitor, fazendo-o cúmplice, co-participe daquilo que o autor afirma. O terceiro parágrafo sintetiza o movimento empregado: inicia-se na terceira pessoa, enumerando fatos e idéias e encerra-se na primeira pessoa do plural, convidando-nos à participação. Perceba, assim, como um recurso linguistico simples pode exercer um importante papel nas relações autor-texto-leitor.

Agora, a sua tarefa é analisar novamente o texto “Comunicação e Socialização” e iddeennttiiffiiccaarr aass ppeessssooaass ggrraammaattiiccaaiiss nnoo mmeessmmoo..

Boa sorte!

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dúvida de que dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, tem-se melhores condições de assimilar conceitos, refletir, escolher, julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para tarefa vital da comunicação.

Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar que “amanhã tenho uma aula as 8 horas”, se não prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou de outras palavras equivalentes? Não se pensa in vácuo. A própria clareza das idéias está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o mundo físico, através de experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões vivas não haverá expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem dúvida: “... nossos hábitos linguisticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a percepção, os sentimentos, a emoção, a imaginação”. De forma que um vocabulário escasso e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender e até mesmo de sentir. “Não se diz nenhuma novidade ao afirmar que as palavras, ao mesmo tempo que veiculam o pensamento, lhe condicionam a formação. Há século e meio, Herder já proclamava que um povo não podia ter uma idéia sem que para ela possuísse uma palavra”, testemunha Paulo Rónal em artigo publicado no Diário de Notícias, no Rio de Janeiro, e mais tarde transcrito na 2ª edição de Enriqueça o seu vocabulário (Rio, Civilização Brasileira), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.

Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro, profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto, formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos, dos infantes e dos irracionais. (Texto de Othon Moacir Garcia)

Refletindo e Praticando ... Prezado estudante, o ponto de partida do texto que você acabou de ler são os dados estatísticos obtidos pelo Dr. Johnson O’Connor. Esses dados são as evidências que o autor utiliza para, logo de início, comprovar e ao mesmo tempo, valorizar as idéias que irá expor. Ao lado dos dados estatísticos, percebe-se o uso de outras formas de evidências: o exemplo (que surge na forma de pergunta, no terceiro parágrafo) e os testemunhos (citações de especialistas, colocadas entre aspas). O manuseio dessas evidências, que fundamentam os argumentos do autor, confere ao texto um forte poder de persuasão. Lembre-se sempre: Ao produzir textos que expõem idéias e conceitos, apresente evidências como as que você viu no texto, pois isto fortalece e justifica seus argumentos. Agora, a sua tarefa é elaborar um texto sobre o tema “Eu posso fazer a diferença”. Mas lembre-se: No decorrer do seu texto apresente evidências para fortalecer seus argumentos.

Boa sorte!

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44 Os Dicionários, as Palavras e os Textos

Dominar um bom vocabulário é requisito para a elaboração eficiente de textos escritos. Afinal, dentre as características específicas da modalidade escrita da língua, destaca-se a necessidade de um vocabulário preciso e criterioso, capaz de suprir a ausência dos recursos mínimos e dos matizes da entonação da língua falada.

Manejar um bom vocabulário não significa impressionar os outros com um punhado de palavras difíceis e desconhecidas. O que importa é conhecer e utilizar as palavras necessárias para a produção de textos claros. O nível do vocabulário utilizado decorre dos fatores que condicionam a elaboração do texto: o tema tratado, a finalidade a que se propõe, o receptor a que se dirige, o meio de divulgação utilizado. Um comunicado oficial a ser lido na ONU ou uma carta aberta à população de uma pequena vila ameaçada pela devastação da natureza podem tratar do mesmo assunto, mas a seleção vocabular deve ser apropriada a cada caso. Uma mesma notícia, transmitida por uma revista especializada ou por uma emissora de rádio, terá redação e vocabulário diferentes. Dessa forma, as melhores palavras são as mais eficazes e não as mais pomposas (a não ser, é claro, nos discursos prolixos e demagógicos, cujo exagero verbal procura encobrir a pobreza do conteúdo ou a tendenciosidade das posições).

Você deve habituar-se à consultar os dicionários sempre que se relaciona com a expressão escrita. Tanto na leitura, como na redação, a consulta aos dicionários contribui de forma decisiva para a perfeita compreensão e expressão de idéias, opiniões, sentimentos. Um bom dicionário, oferece várias e úteis informações sobre as palavras. Veja, por exemplo, as informações contidas no verbete progresso do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa – o “Aurelião”:

Progresso. [Do lat. Progressu.] S.m. 1. Ato ou efeito de progredir; progredimento, progressão. 2. Movimento ou marcha para diante; avanço: o progresso de uma expedição. 3. O conjunto das mudanças ocorridas no curso do tempo; evolução. 4. Desenvolvimento ou alteração em sentido favorável; avanço, melhoria. 5. Expansão, propagação: o progresso de um incêndio, de uma campanha publicitária. [Cf. pregresso.]

A etimologia da palavra, ou seja, sua origem histórica.

Os diferentes significados que a palavra pode apresentar, dispostos em ordem numérica. Também são oferecidos sinônimos e exemplos de emprego da palavra.

A classe gramatical a que pertence a palavra (podendo indicar também o gênero e o número) – no caso, um substantivo masculino.

Informações sobre outras palavras que têm alguma relação com aquela pesquisada. No caso, pede-se o confronto (Cf. – “confronte”) com pregresso (ocorrido anteriormente).

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Observe que, para esclarecer alguns sentidos da palavra, o dicionário teve de contextualizá-la (“os fatores do progresso”, “o progresso de um incêndio”). Essa necessidade traduz um problema típico: o fato de que as palavras só adquirem seu significado pleno quando em uso, ou seja, quando se relacionam com outras palavras e com o mundo. Às vezes, o significado decorre de fatores sociais mais sutis: pense no uso da palavra progresso no discurso de um deputado ligado à interesses de grandes empresas e na mesma palavra numa publicação de um grupo radical de defesa do meio ambiente. No primeiro caso, ela provavelmente terá algo de divino e profético; no segundo, sugerirá algo perigoso, que inspira cuidados. Fique, pois, atento à essas relações entre as palavras, os textos e o mundo.

(Texto de Ulisses Infante. Do texto ao texto. São Paulo. Ed. Scipione.)

“O livro sendo o mesmo para todos, uns percebem dele muito; outros pouco; outros nada. Cada um conforme a sua capacidade. Pois, o livro é um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e não tendo ação em si mesmo, move os ânimos e causa grandes efeitos.”

(OS SERMÕES – Padre Antonio Vieira)

5 Clareza, Concisão e Coerência

Atualmente observa-se que os profissionais escrevem de maneira imprecisa e sem coerência. Constroem frases de dez a quinze linhas e nada comunicam. Considera-se que para escrever bem é preciso levar em conta os chamados 3C: clareza, concisão e coerência.

• CLAREZA

Primeiramente, deve-se sempre pensar no leitor. É para ele que se escreve e não para si mesmo. Clareza é uma questão de conceber o texto sob o ponto de vista dos outros, sentindo como eles sentem e entendendo com eles entendem. Portanto:

- escolha bem as palavras, evitando aquelas muito técnicas ou rebuscadas, assim, sua comunicação será clara e precisa; - evite também palavras estrangeiras, gírias e outras que geram duplas interpretações; - use com moderação adjetivos e advérbios e ligue corretamente as idéias, usando expressões como: então, assim, contudo, porém etc; - pesquise sinônimos, antônimos ou crie analogias.

A palavra-chave da clareza é vocabulário.

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• CONCISÃO

Trata-se de deixar o texto mais curto, porém, sem perder sua essência. Portanto:

- use frases curtas, vá direto ao assunto sem embromações; - comece com as informações mais importantes e feche o texto com as informações menos importantes. Analise a redação dos grandes jornais e como eles a elaboram para conseguir atrair o leitor; - evite dispersar-se elaborando frases longas ou repetindo palavras ou idéias.

• COERÊNCIA

É a harmonia das informações. É ligar as idéias de forma linear e sequencial de modo à formar um texto equilibrado. Portanto:

- coloque apenas as idéias que interessam; - selecione os tópicos mais importantes e procure detalhá-los; - a coerência é o oposto da imprecisão e das idéias soltas, sem qualquer ligação entre elas.

À clareza, à concisão e à coerência acrescenta-se mais três elementos de suma importância para a comunicação escrita: musicalidade, leitura e elegância.

• MUSICALIDADE

Quando se escuta Mozart, Chopin ou mesmo um frevo, percebe-se que as músicas possuem um ritmo, uma harmonia e sons diferentes. Dessa forma, ao escrever, deve-se notar a sonoridade das letras e do conjunto que elas constituem. Caso contrário, o texto fica monótono e o leitor simplesmente vai embora.

• LEITURA

Sem a diversificação da leitura é quase impossível redigir bem, pois é com ela que se aprende novas frases e expressões, novas formas de se relacionar com o mundo, aprendendo ainda a raciocinar, que por sua vez, consiste no primeiro passo para escrever bem.

Mas se o pensamento é confuso, como enriquecer o vocabulário e/ou colocar no papel o que se pensa?

A palavra-chave da concisão é simplicidade.

A palavra chave da coerência é lógica.

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• ELEGÂNCIA

Aparece quando o texto une todas as características citadas, permitindo uma combinação idêntica àquela das notas musicais em uma partitura barroca.

OUTROS CONSELHOS PRÁTICOS:

� ler o texto várias vezes – de preferência em voz alta – para achar as repetições de palavras ou idéias;

� ampliar o vocabulário, variando as leituras diárias; � ter sempre à mão uma gramática e um dicionário; � estudar e fazer cursos de redação para se aperfeiçoar e tirar dúvidas; � procurar empregar palavras novas sempre que as aprender; � aprender com os diversos autores, de Machado de Assis à Fernando Sabino, e com

livros técnicos, além de jornais e revistas; � escrever tudo que vem à mente para depois organizar o texto; � planejar o que vai escrever, executando um plano de idéias principais.

Escrever exige prática e muita paciência ao pesquisar, ao refazer, ao corrigir os

erros gramaticais e as repetições de idéias para, finalmente, atingir o leitor. Dessa forma, procure envolver e até transformar seu leitor. Escrever não é um trabalho árduo. Lembre-se de Hércules, aquele “semideus” grego que enfrentou 12 trabalhos quase impossíveis, mas que realizou todos, com força, suor e coragem. Assim deve ser a construção do texto: a persistência do semideus mitológico contra a preguiça mental avassaladora do dia-a-dia, que impede o homem de pensar e escrever.

6 Coesão Textual 6.1 Os Elementos de Transição – Conectivos

A manutenção do tema em uma redação é fundamental para a progressão textual. O conhecimento de certos termos de transição - conhecidos como conectivos - ajudam a fazer esta progressão de forma clara, coesa e coerente. Entretanto, há um meio termo para o uso destes articuladores: não se deve iniciar cada frase com um, mas também não se deve ignorá-los. O redator deve ter bom senso para perceber quando é necessário usá-los e estabelecer as relações textuais, sem deixar o texto cansativo – ou seja, exige certa sutileza que só com leitura e treino se adquire. E lembre-se de que não se escreve um texto bem articulado e uno sem os termos de transição.

Nesse sentido, considera-se que é fundamental saber a idéia que cada um destes conectores quer passar, visando a utilização adequada. Alguns são para somar uma informação, outros para dar ênfase, outros são para opor idéias e assim por diante. Abaixo, segue uma lista de alguns destes termos e suas respectivas funções:

1. ADIÇÃO: e, nem, também, não só...mas também. 2. AFETIVIDADE: felizmente, pudera, ainda bem (que). 3. AFIRMAÇÃO: certamente, com certeza, indubitavelmente, de fato, por certo. 4. ALTERNÂNCIA: ou...ou, quer...quer, seja...seja. 5. CAUSA: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por(+infinito).

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6. COMPARAÇÃO: com, assim como. 7. CONCESSIVO: mesmo que, ainda que, embora, posto que. 8. CONCLUSÃO: em suma, em síntese, em resumo, logo, portanto, por fim. 9. CONDIÇÃO: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que. 10. CONSEQÜÊNCIA: com efeito, assim, consequentemente, de modo que, de sorte

que, de forma que, de maneira que. 11. CONTINUIDADE: além de, ainda por cima, bem como, outrossim, também; 12. DÚVIDA: talvez, provavelmente. 13. ÊNFASE: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só. 14. EXCLUSÃO: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão. 15. EXPLICAÇÃO: a saber, isto é, por exemplo, pois, porque, porquanto, ou seja. 16. FINALIDADE: para que, afim de que, para(+ infinito). 17. INCLUSÃO: inclusive, também, mesmo, até. 18. OPOSIÇÃO: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, mesmo que, apesar

de(+infinito), pelo contrário, ao contrário, diversamente. 19. PRIORIDADE: inicialmente, antes de tudo, acima de tudo, em primeiro lugar. 20. PROPORÇÃO: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos. 21. RESTRIÇÃO: apenas, só, somente, unicamente. 22. RETIFICAÇÃO: aliás, ou melhor, digo, retificando. 23. TEMPO: antes, depois, já, posteriormente, quando, logo que, assim que, toda vez

que, enquanto. OBS: Não é demais lembrar que o contexto onde estiver o texto é que reservará a noção que se quer dar ao mesmo. A expressão das idéias, portanto, do pensamento, é que irá determinar quais os elementos mais indicados e que devem ser utilizados para que de fato seja transmitida uma mensagem clara.

6.2 Elaborando um bom Texto

Ortografia impecável, concordância e conjugação verbal vá lá... Mas, conteúdo, clareza, objetividade? Exatamente. A exigência atual vai além de um texto sem erros de ortografia e com começo, meio e fim. Na era da agilidade da informação, a exigência é a habilidade para redigir ou falar de forma clara, com objetividade e concisão.

É. O caminho é árduo e não tem fim. Mas com estudo, o cultivo de alguns hábitos e treino, você pode melhorar a cada dia.

““AA bbuussccaa ddeevvee sseerr oo eerrrraarr mmeennooss;; nnaa

llíínngguuaa ppoorrttuugguueessaa oo eerrrroo éé iinneevviittáávveell..””

LLaauurriinnddaa GGrriioonn

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

Pesquise um texto, relacionado à área de Administração. Após a definição do texto, leia-o atentamente, destacando os elementos de coesão textual. Após destacá-los, classifique-os.

BBooaa ssoorrttee!!

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Sem preconceito – Primeiro de tudo livre-se do fantasma que sobrevoa o “curso de português”. Independentemente da sua idade ou do seu grau de escolaridade, estudar o idioma mostra que você atingiu um grau de maturidade e sofisticação extrema. Indica seriedade e preocupação com o seu desenvolvimento. Não tenha medo de mencionar até mesmo no seu currículo. Estudar a língua portuguesa é um diferencial. Outra coisa: a reciclagem no estudo faz com que você se livre dos preconceitos, mitos e teorias ultrapassadas que insistem em rondar o idioma.

Realismo e disciplina – Segundo os especialistas, um ponto importante que precisa ser encarado é que o estudo do idioma é eterno. “Não tem fim. É um eterno desafio”, diz Pasquale. O professor explica ainda que a tarefa vai além do estudo permanente, inclui também uma postura favorável ao aprendizado contínuo. “É preciso estar inquieto, ser curioso, é preciso pesquisar”, completa. De acordo com Laurinda Grion, a busca deve ser o errar menos, porque o erro vai sempre acontecer, é inevitável: “A língua portuguesa é complexa”, diz.

Reciclagem e atualização – Isto é feito com leitura atenta de jornais, revistas, observar os outros. Cursos de reciclagem em ortografia, análise sintática e redação são fundamentais, principalmente para que você se liberte de certos conceitos errados. “Afinal, quem é que nunca ouviu falar que vírgula serve para respirar?, pergunta Pasquale.

Gramática? – O ensino do idioma melhorou muito. Há bons cursos e o inadequado método de decorar regras já ficou pra trás. Pasquale afirma que é necessário dominar certos mecanismos, o resto é entendimento. “Gramática não é o fim. Nunca foi e nunca será. Ela é o meio. Fico doido com perguntas de certo e errado. Depende. Tudo depende”, diz ele. Para quem tem medo de nomenclaturas e teorias complicadas, o conselho é não se preocupar. Pasquale afirma que muitas vezes nem é necessário utilização de terminologia e dá um exemplo: há dificuldade de entender o tempo verbal “passado (pretérito) mais-que-perfeito”. Vamos lá. O passado perfeito refere-se à uma ação inteira, completa. Um passado feito completamente, acabado até o fim. Portanto, passado perfeito: eu fiz o pacote. No passado mais-que-perfeito a conjugação é fizera. “Quando ela chegou (passado perfeito) eu já fizera (mais-que-perfeito) o pacote.” É uma ação mais velha do que o passado perfeito, portanto é um passado “mais-que-perfeito”. Para aprender o português não é preciso decorar regras e palavras difíceis.

Cultive o hábito de ler – Pasquale afirma que o exercício que não pode faltar no aprimoramento do idioma é o ato de ler. E reconhece a dificuldade que envolve a leitura, principalmente na vida atual. “Ler é uma atividade penosa, exige concentração, silêncio, raciocínio, solidão. Ler não se faz com a galera, com a turma. Hoje as pessoas vivem em bando e tudo tem que ser feito em bando. Ler não é algo que se faz em bando. É o oposto disso. Em tempos de vida moderna, do celular, cadê a concentração? Cadê a solidão? Nestes tempos, ler é difícil”, conclui. O professor acredita que há muita hipocrisia e que não se enfrentam as coisas como elas são. “As pessoas querem o tempo todo confusão, se afastam de si, têm medo delas mesmas. Neste contexto não há espaço para a leitura”.

““LLeerr nnããoo ssee ffaazz ccoomm aa ggaalleerraa,, ccoomm aa ttuurrmmaa.. AA lleeiittuurraa éé uummaa aattiivviiddaaddee ppeennoossaa,, eexxiiggee ccoonncceennttrraaççããoo,, ssiillêênncciioo,, rraacciiooccíínniioo,,

ssoolliiddããoo””..

PPaassqquuaallee CCiipprroo NNeettoo

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É bom lembrar que para a apreensão do conteúdo (sem este componente, a leitura é inútil) que é lido, é preciso: acuidade intelectual, capacidade de abstração, refinamento, imaginação e sensibilidade. Assim, é essencial ler com qualidade, com atenção, com reflexão e se necessário, ler, reler.

7 O Parágrafo no Texto

Elaborar um texto é tecer as idéias, enlaçar as palavras, construir com habilidade um enunciado (oral ou escrito) capaz de transmitir uma mensagem, construindo um todo significativo, com intenção comunicativa. Portanto, assim, a mensagem, a informação, o discurso.

Na produção textual, vários elementos são necessários, entre eles a competência. Requer o conhecimento do código, para a combinação satisfatória de signos de um sistema linguistico. Essa competência é que permitirá o desempenho adequado da atividade linguistica.

COMO REDIGIR

Redigir é comunicar idéias sobre determinado assunto, expressando o ponto de vista do emissor. É um sistema semiótico composto de vocábulos que se estruturam por meio de frases enfileiradas umas às outras, em combinações semântico-sintáticas com organização interna coerente, compondo um todo estrutural denominado parágrafo, ou seja, a unidade de compreensão textual dotada de uma idéia central à qual se juntam idéias secundárias, em torno de uma mensagem.

Exemplo: “Não há cidadania sem efetivo acesso à justiça. Não há acesso à justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à justiça se grande parte da população não detém os meios concretos para exercê-lo e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à justiça quando o Estado se revela impotente para responder as demandas reais da sociedade, inclusive através de seu poder competente”.

IMPORTÂNCIA DO PARÁGRAFO

Facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as idéias principais da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.

O parágrafo, como unidade de composição, deve ser suficientemente amplo para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curto para nos permitir a análise dos componentes desse processo, na medida em que contribuem para a tarefa da comunicação.

ESTRUTURA DO PARÁGRAFO

O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais períodos, em que se desenvolve determinada idéia central, à qual se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. Como todo e qualquer texto, o parágrafo há de conter Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Exemplo: “Identificou Hegel o pensamento com o “Ser”(Introdução). Daí ver o real como racional. Aproximando-se de Heráclito, reconheceu que a idéia e o pensamento estão em

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devenir. Como a realidade é a objetivação da idéia, encontra-se também em devenir que, em Hegel, se caracteriza pelo processo dialético entre idéias com síntese, que é sempre mais real e completa, passando, por sua vez, a ser nova tese contra a qual se erguerá outra antítese, e assim até ser atingida a idéia absoluta.(Desenvolvimento). Portanto, em Hegel, negação tem valor construtivo.”(Conclusão).

EXTENSÃO DO PARÁGRAFO

Há parágrafos de uma ou duas linhas como há os de páginas inteiras. Não é apenas o senso de proporção que deve servir de critério para bitolá-lo, mas também, o seu núcleo, a sua idéia central.

A composição é um conjunto de idéias associadas, cada parágrafo, - em princípio, pelos menos – deve corresponder a cada uma dessas idéias, tanto quanto elas correspondem às diferentes partes que o autor julgou conveniente dividir o seu assunto. É a divisão do assunto que depende, em sua maioria, a extensão do parágrafo, admitindo-se, por evidente, que as idéias mais complexas se possam desdobrar em mais de um parágrafo.

PARÁGRAFO – PADRÃO

O parágrafo-padrão é aquele de estrutura comum e eficaz, presentes sobretudo, na dissertação e descrição de três partes: introdução, representada, na maioria dos casos, por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de maneira sumária e sucinta a idéia-núcleo, central (o tópico frasal); desenvolvimento, isto é, a explanação dessa idéia-núcleo; E a conclusão, mais rara, nos parágrafos pouco extensos, ou naqueles em que a idéia central é menos complexa.

Exemplo: Não há cidadania sem efetivo acesso à justiça. Não há acesso à justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à justiça se grande parte da população não detém os meios concretos para exercê-lo e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à justiça quando o Estado se revela impotente para responder as demandas reais da sociedade, inclusive através de seu poder competente.

8 Tópico Frasal

Refere-se à Introdução do tema. Tem a função de delimitar o tema e fixar os objetivos da redação, logo, não deve ser redigido com mais de duas frases, devendo ser mais genérico do que o desenvolvimento e não apresentar idéias conclusivas. O cuidado de enunciar de pronto a idéia-núcleo garante a unidade do parágrafo, sua coerência, facilitando a tarefa de realçar o tema.

Exemplo: “A política é necessária para que a sociedade funcione normalmente, para que o poder seja exercido em comum, sem o predomínio abusivo de um homem, de um grupo, de uma classe (tópico frasal-introdução). A primeira coisa que fazem os governos totalitários autoritários é erradicar a vida política como planta daninha, (explicitação por analogia) a fim de melhor monopolizarem o poder (desenvolvimento). Da mesma forma, (expressão indicadora de analogia) certa dose de religião é indispensável ao bom equilíbrio social. O indivíduo isolado pode viver sem religião, os povos não. A ponto

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de governos declaradamente ateus, como o da União Soviética, não poderem evitar em seu meio a Sacralização do Estado, que ocupa o lugar antes tomado por Deus (conclusão)”

TIPOS DE TÓPICOS

- A televisão não faz bem às pessoas. (opinião)

-Alguns programas de televisão, em virtude de seu caráter ideológico, violento e massificativo, prejudicam o crescimento intelectual e humano das pessoas. (argumentativo)

FRASE-GUIA

O parágrafo é iniciado por uma frase ou período que encerra uma idéia básica, que constitui o Tópico Frasal.

TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DO TÓPICO FRASAL

Exemplos:

- Para aprender a escrever é preciso ler. (obscuro – sem pormenor)

- A aprendizagem de técnicas de redação não se faz sem a leitura de escritores contemporâneos, como Fernando Sabino, Rubem Braga, Autran Dourado, bem como sem a prática constante de exercícios redacionais. (claro – pormenorizado)

Classificação de tópicos-frasais: Declaração inicial, definição, divisão, alusão histórica, interrogação, implícito ou diluído no parágrafo.

Exemplo: “Não há sofrimento maior do que o da privação da justiça. As crianças o trazem no coração com os primeiros instintos da humanidade, e, se lhes magoam essa fibra melindrosa, muitas vezes nunca mais o esquecem, ainda que a mão, cuja áspera as lastimou, seja a do pai extremoso ou a da mãe idolatrada.”

Tipos de desenvolvimento do guia-frasal: explanação da declaração inicial, contraste, enumeração, exemplificação, causa-consequência, resposta à interrogação, tempo e espaço.

Exemplo: “O valor é sempre bipolar. A bipolaridade possível no mundo dos objetivos ideais, só é essencial nos valores, e isto bastaria para não serem confundidos com aqueles. Um triângulo, uma circunferência são e a esta maneira de ser, nada se contrapõe. Da esfera dos valores, ao contrário, é inseparável a bipolaridade, porque à um valor se contrapõe um desvalor; ao bom se contrapõe o mau; ao belo, o feio; ao nobre, o vil; e o sentido de um exige o do outro. Valores positivos e negativos se conflitam e se implicam em um processo. (Miguel Reale)

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM: Desenvolva o seguinte tópico frasal “O Ensino à Distância já é uma realidade”.

BBooaa ssoorrttee!!

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99 A Estrutura do Texto

Disposição metódica dos textos. A inteligibilidade do texto dependerá da disposição dos fatos e da capacidade expressiva, dos recursos linguísticos de quem escreve.

Disposição: Introdução, desenvolvimento e conclusão ou conclusão, introdução e desenvolvimento.

• INTRODUÇÃO

A principal finalidade da introdução é anunciar o assunto, definir o tema que vai ser tratado, de maneira clara e concisa. Procura-se dar uma visão geral, de forma sintética, do que se pretende fazer, quais as idéias principais que constarão no desenvolvimento. Explica-se qual é o tema do trabalho, de que ponto de vista ele será abordado, delimitando-se o assunto. É aconselhável referir-se à sua relevância, esclarecendo o porquê de sua importância. Em resumo: na Introdução, são requisitos básicos a definição do assunto e a indicação do caminho que será seguido para sua apresentação.

A introdução deve ser breve, porém de acordo com a extensão da redação. Nos trabalhos de cinco páginas, por exemplo, essa parte deverá ocupar, no máximo, uma página. Nas redações de 20, 30 linhas ou mesmo nas de quatro ou cinco páginas, bastam dois ou três parágrafos para a introdução (que dispensa título – INTRODUÇÃO – em destaque). Considera-se a introdução apenas como um trailer do trabalho, indicando sucintamente suas partes. Nos trabalhos de maior extensão, como monografias e dissertações, a introdução deve conter outras informações. Embora a redação se inicie pela introdução, nos trabalhos mais extensos ela é a última a ser redigida; porém, todo o plano da redação é sempre provisório.

• DESENVOLVIMENTO

É o corpo do texto. Deve manifestar: Unidade, movimento e interesse. Unidade: É o ponto de vista que torna comuns todas as idéias. Sentido.

Correlação. Movimento: Lento ou Rápido. Interesse: Manter o Leitor atento, curioso... O desenvolvimento é a parte mais importante e mais extensa da redação. Nessa

parte, são apresentados os argumentos, as idéias principais e a linha de raciocínio adotada. Nos textos dissertativos, em primeiro lugar, analisa-se a idéia principal, desdobrando-a, decompondo o todo em partes que serão analisados, entendidos, justificados e demonstrados, com base na compreensão das partes, para chegar-se ao entendimento do todo.

A explanação do assunto consiste em um processo de reflexão, mediante a apresentação de argumentos e baseia-se na articulação das idéias ou fatos racionais, que têm a finalidade de comprovar o que se quer demonstrar.

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O processo de explanação obedece à uma linha lógica de raciocínios encadeados, geralmente realizados em três fases: explicação, discussão e demonstração.

Explicação (ou apresentação): Explicar consiste em apresentar o sentido de uma noção, analisar, esclarecer o ambíguo, o obscuro, tornando evidente o que estava implícito.

Discussão: Refere-se ao desenrolar do raciocínio, ao exame de oposições contrárias, que são confrontadas, comparadas, num processo dialético que envolve a tese e a antítese, como a fusão das duas.

Demonstração: É a fase complementar da análise, é a dedução lógica do trabalho. Consiste em utilizar a argumentação adequada ao tipo de raciocínio. Apresenta-se uma sequência de argumentos concatenados, cada qual comprovando uma parte do discurso.

• CONCLUSÃO

É a parte final do trabalho, o arremate. É a decorrência lógica do processo de argumentação. Complementa a introdução, na qual anuncia-se o que se vai fazer. Na conclusão, confirma-se o que foi feito. Se a introdução pode ser considerada um “trailer” do trabalho, a conclusão é um “replay”. É a parte menos extensa da redação, deve ser breve e concisa.

Nas redações menos extensas, de 30 linhas, para facilitar a clareza da exposição, desdobra-se o desenvolvimento em duas partes, que poderão ser organizadas por: oposição de idéias, vantagens e desvantagens, causa e consequência, comparação...

Nas redações de quatro ou cinco laudas, bastam 2(dois) ou 3(três) parágrafos. Nas redações de 30 linhas, muitas vezes uma só linha é o suficiente para a conclusão.

A linguagem deve ser objetiva, por exemplo: A análise dos dados permite concluir-se que... Conclui-se, com base nos argumentos apresentados que... De tudo que foi exposto, conclui-se que...

Portanto, prezado estudante, lembre-se:

- Introdução, Desenvolvimento e Conclusão não são autônomas, independentes. Devem apresentar-se de forma plenamente articulada. Embora a cada parte se atribua um conteúdo específico, as três devem compor um todo sequencial, lógico e harmonioso;

- Na introdução, anuncia-se o que será feito; no desenvolvimento, faz-se o que foi anunciado na introdução e na conclusão, confirma-se o que foi feito, demonstrando que, no desenvolvimento, cumpriu-se o que foi proposto na introdução.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

Elabore um texto com 4 parágrafos: 1 para introdução; 2 para o desenvolvimento e 1 para conclusão. Tema: Vencendo a comunicação.

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1100 PPoonnttuuaaççããoo

“A Pontuação: funciona como condutor do pensamento do autor e marco de expressividade das idéias. Há uma linguagem literária e uma linguagem corrente; da mesma forma há uma pontuação literária e uma pontuação corrente. A pontuação de um escritor, dotado de personalidade marcante, será, também, pessoal.”

Antônio Henriques e Regina Toledo

Observe as Pontuações a seguir:

� Mata-los já, não. Aguardem. � Mata-los já, não aguardem.

� PAPA PAULO. � PAPA, PAULO.

� SONHA JOSÉ. � SONHA, JOSÉ.

Pontuação “é a arte de dividir, por meio de sinais gráficos, as partes do discurso que não têm entre si ligação intima, e de mostrar do modo mais claro as relações que existem entre essas partes”

Júlio Ribeiro

Sinais Pausais: Vírgula (,) Ponto (.) Ponto e Vírgula (;) Dois pontos (:)

Sinais Melódicos: Ponto de interrogação (?) Ponto de Exclamação (!) Reticências (...) Aspas (“ ”) Parênteses ( () ) Colchetes ([]) Travessão (-)

UUSSAA--SSEE AA VVÍÍRRGGUULLAA::

1- Entre os termos da oração

a) Em caso de aposto: - Reginaldo de Castro, notável advogado, tem apresentado larga contribuição para o novo Código Civil.

b) Em caso de vocativo: - Que idéias tétricas, meu senhor!

c) Em caso de enumeração: - Bacharéis, Advogados, Juízes, Desembargadores estão envolvidos, compromissadamente, com as reformas do Poder Judiciário.

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d) Em datas: - São Luís, de de 200...

e) Com certas palavras e/ou expressões explicativas, conclusivas, retificativas ou enfáticas tais como: pois, porém, outrossim, isto é, a saber, assim, bem, com efeito, sim, não, ou melhor, digo, por exemplo, etc.: - Com efeito, valeu a pena o nosso esforço. - Todos viram o filme, ou melhor, a maioria.

f) Em caso de Zeugma(supressão do verbo); - Excelente profissional, aquele rapaz - Alessandra lê contos; Rafhaela, romances. - O ENADE, perto de você.

g) Com Adjuntos adverbiais, especialmente quando deslocados: - No banquinho de três pés, o caboclo enrolava seu cigarro.

OBS: Se o adjunto for curto, mesmo deslocado, não precisa ser isolado por vírgula, a não ser que haja uma sequência de adjuntos:

-O Diretor voltou hoje. -Hoje o Diretor voltou. Hoje, agorinha mesmo, inesperadamente, o Diretor voltou.

h) Adjunto modificando uma oração inteira: - Lamentavelmente, ela não foi à nova Europa.

i) Nome de rua e nº do imóvel: - Rua 21 de novembro, 7023.

j) Antes de ETC: - O juiz mostrou-se calmo, amável, educado, etc.

l) Em casos de gradação: - Aqui, canta-se; ali, dança-se; acolá, bebe-se.

m) Em orações assindéticas: - “Eu pensei em mim, eu pensei em ti, eu chorei por nós” G.Gil.

n) Para separar orações sindéticas, exceto as iniciadas com a conjunção e: - A palestra foi interessante, porém tudo foi ilustrado. - Estuda, trabalha e ainda pratica esporte.

NNÃÃOO UUSSAA--SSEE AA VVÍÍRRGGUULLAA::

a) Entre o verbo e o seu complemento. - Ofereci um livro ao amigo.

b) Entre o verbo e seu sujeito. - Os alunos leram bastante.

c) Entre o nome e o seu complemento. - Temos necessidade de auxílio mútuo.

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d) Entre o aposto e a palavra fundamental. - O orador romano Cícero era senador.

e) Entre o verbo e o último termo do sujeito composto. - A terra, o céu, o mar são obras de Deus.

OO PPOONNTTOO EE VVÍÍRRGGUULLAA

a) Separar orações Coordenadas extensas: Muitos daqueles antigos livros de poesias populares eram interessantes; porém a maioria do povo daquela cidade do interior desconhecia a existência deles.

b) Separar orações Coordenadas que já venham quebradas por vírgula: Com razão, aquelas pessoas, muitas vezes, reivindicam seus direitos; porém os insensíveis burocratas, em tempo algum, deram atenção a elas.

c) Separar vários itens de um, considerando uma enumeração: Considerando:

a) A valorização; b) As altas de juros; c) E o crescente desemprego.

DDOOIISS PPOONNTTOOSS

a) Para dar início a uma fala ou citação.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

UUssee aa vvíírrgguullaa,, sseemmpprree qquuee nneecceessssáárriioo..

a) O acusado subtraiu várias jóias um par de botas duas camisas um rádio portátil e um cinzeiro.

b) Durante a excursão uns foram ao teatro outros preferiram o cinema muitos escolheram a praia.

c) O magistrado homem de notória idoneidade proferiu com exatidão a sentença final. d) O requerente no entanto se esquece de que o ônus da prova compete a quem alega. e) Uns foram ao teatro; outros ao cinema. f) Jesus Cristo o filho de Deus morreu para nos salvar. g) Triste solitário doente facilmente desistiria da empreitada. h) As aulas continuam sempre de muita importância. i) Aluísio Azevedo autor de O mulato nasceu em São Luís do Maranhão. j) Viam-se ao longe montanhas vales rios florestas encantadoras.

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b) Para dar início a uma sequência que explica, esclarece, desenvolve, discrimina uma idéia anterior.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

FFaaççaa aa ppoonnttuuaaççããoo aaddeeqquuaaddaa ddoo tteexxttoo aabbaaiixxoo::

AABBRRAAMM AALLAASS PPRRAA MMIIMM:: AA LLEEIITTUURRAA

A Escola lugar onde crianças e jovens passam grande parte do seu tempo é de certa forma a responsável pela projeção de valores e posturas que influenciarão decisivamente a vida dessas pessoas. Ultimamente preocupada em atender exigências teóricas de uma educação em moda e na tentativa de acertar dedicar-se à transmissão de saberes científicos o que de certa forma é válido. Contudo não é válido esquecer que ao tomar por base a ideologia científica e tecnológica deixa de trabalhar o imaginário o sonho a fantasia presentes na leitura de bons livros que têm perdido lugar para outras práticas. Práticas que incapacitam as nossas crianças de sonhar e impossibilitam-nas o despertar para um mundo de imaginação e criatividade só possíveis e plenas no ato de ler e consequentemente no de escrever.

Não devemos permitir que nada nem mesmo a mais avançada tecnologia dos modernos micros responsáveis pela tão falada “viagem” nos roube um prazer que só a leitura o folhear o revirar das páginas de um livro pode nos proporcionar. Aliás é necessário que façamos certas restrições à esse modelo virtual que se convencionou chamar de viagem. Por quê? Nesse viajar pela INTERNET a criança depara-se quase sempre com “modelos” educativos nada saudáveis para o seu crescimento intelectual social espiritual enfim. Necessário é refletir sobre de que forma estão sendo educadas.

É preocupante o poder que os meios de comunicação especialmente a TV que invade indistintamente as casas têm exercido sobre os seres humanos indicando-lhes “o melhor caminho” seduzindo escancaradamente as crianças com “sonhos” fúteis pequenos grosseiros manipuladores de valores anti-cristãos anti-sociais anti-culturais transformando-as em consumidores de coisas marionetes conduzidas pelo que há de mais grotesco em certos programas e quadros exibidos em horários inoportunos.

Acreditamos que um país lembrando Monteiro Lobato “se faz com homens e livros” porque ler é adquirir conhecimento e cultura esperanças de um mundo mais humano e melhor.

(Texto de Camila Mª – Professora Universitária.)

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11 Expressão Oral

11.1 A sua vez de falar

O ato de falar é um diferencial que vale ouro para aqueles que dominam bem a arte. Em contrapartida, a falta de domínio pode significar um passo gigante para o fracasso em negociações, relacionamentos e empreendimentos. Cerque-se de cuidados e comece o seu desenvolvimento. Há muitos cursos e workshops de expressão verbal (uma dica: os mais eficientes são os que contam com muitos exercícios práticos), porém, verifique a qualidade do seu domínio na escrita e não esqueça de estar atento ao conteúdo. Afinal, técnicas para falar melhor, sem conteúdo, são um exercício inútil.

Seja você mesmo. A linguagem precisa ser adequada – mais formal ou menos formal – à ocasião e este é um dos motivos do erro número um da comunicação verbal: a falta de naturalidade. Segundo Reinaldo Polito, a maioria das pessoas, quando precisa ser mais formal, adota um estilo que não é dela. Por quê? “Primeiro é inconsciente. Quanto mais importante for o ouvinte, mais tendência você terá para tentar impressioná-lo, para que ele tenha uma idéia positiva à seu respeito. Como você tenta projetar uma imagem que não é sua, acaba ficando uma comunicação deficiente, artificial”, diz Polito.

“Ela também precisa ser adequada à ocasião, é como usar uma roupa. Imagine você em uma pelada dizendo: por favor, passe-me a bola”, completa Laurinda Grion.

Prezado estudante, você pode estar pensando: Escrevo bem, logo falo bem?

Quanto à esta questão, considera-se que se você tem um bom texto e acha que será fácil, Reinaldo Polito explica que não é bem assim. Escrever e falar são atividades diferentes. Tanto o ato de escrever como o de falar, exigem conhecimento e treinos específicos. O mestre dá o exemplo de dois brasileiros famosos. “O escritor Luís Fernando Veríssimo se preparou ao longo da vida para o ato da escrita. Ele é muito preparado inte-lectualmente, escreve maravilhosamente bem, mas para falar... nada. Já o comunicador Silvio Santos não tem preparo intelectual, nem escreve, mas fala maravilhosamente bem”, afirma.

Ainda de acordo com Polito, muitas pessoas que falam bem atrapalham-se na hora de escrever, pois na escrita não se tem a liberdade que se tem na fala... Do outro lado, aqueles que dominam a habilidade de escrever têm dificuldade de falar bem, pois se preocupam tanto com o rigor que se sentem tolhidos. Sem contar que na expressão verbal entram outros elementos como a entonação, o ritmo da fala, o pensar rápido, que não existe na escrita. Já no texto escrito, pode-se corrigir, ratificar, substituir palavras, rever, explica Polito.

Mas atenção: a base de ambas é o ato de pensar bem. “Quem pensa bem e fala bem tem condições de escrever bem. Quem pensa bem e escreve bem nem sempre tem condições de falar bem”, afirma Polito. Isto não quer dizer que quem escreve bem não fale bem. Quer dizer que o aprendizado não é tão automático.

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O dia-a-dia é uma escola. Um ponto de apoio importante é o hábito de, antes de falar, organizar o raciocínio. Faça isto sempre. No cotidiano, seja um observador atento da sua forma de comunicação e das outras pessoas do seu convívio. Tenha consciência dos seus erros e lute para consertá-los. Polito explica que algumas pessoas têm o hábito de interromper a fala e esperar que o outro termine a frase ou entenda-a incompleta mesmo. Se for o seu caso, livre-se já deste vício. “Além de correr o risco de não ser compreendido, ou ser mal interpretado, você deixa de exercitar a sua capacidade de verbalização, a sua articulação”, diz ele. E, detalhe, se você se acostuma, a tendência é ir reduzindo cada vez mais a sua verbalização.

“Isto é muito comum em ambientes familiares. Muitas famílias comunicam-se por grunhidos. Às vezes, o entendimento se dá pela inflexão da voz, pelo gesto, mas não pode-se deixar que isto substitua a verbalização”, completa. Mas reflexão sobre a comunicação vai além disto. Procure pensar no sentido das palavras que você costuma usar. Os adjetivos, por exemplo, varie-os. Estude outros sinônimos dos adjetivos mais recorrentes no seu dia-a-dia e alterne o uso dos sinônimos. Estude mesmo, entenda o significado, não vá cometer gafes. E não esqueça de “usar” o conhecimento do seu interlocutor. Quando não entender uma palavra ou expressão, pergunte, peça detalhes, aprenda e incorpore ao seu vocabulário.

Ative o vocabulário. Não adianta você ler um livro, descobrir uma palavra nova, pesquisar o significado e depois não utilizar. Polito explica que há um vocabulário ativo e outro que se conhece mas não se usa, ou seja, um vocabulário que está desativado. Ative este vocabulário! O domínio só vem com o uso. Não há nada pior do que ficar substituindo palavras por “coisa”, “troço”, “aquela pecinha” etc. Muitas vezes a falta de palavras para se comunicar não é nervosismo, é falta de vocabulário mesmo. E não economize no aprendizado. “Quanto mais amplo e abrangente for o vocabulário, mais pronta, desenvolta e segura será sua comunicação”, afirma Polito.

Plante-se em terreno fértil. O ambiente em que você vive é muito importante. Se você convive com intelectuais, com pessoas bem formadas, automaticamente se expressará melhor. “Veja o Lula, as conquistas dele na capacidade de expressão vêm do estudo, mas também do seu convívio com intelectuais que sempre se aproximaram do PT. Como ele é inteligente, aprendeu. É o mesmo com a criança. Se os pais conjugam bem os verbos, articulam mais as palavras, elaboram concordâncias, a criança aprenderá a falar bem de forma mais rápida”, atesta.

Tudo automático. Depois de tantas lições, cuidados e regras, a pergunta que vem é: como pode haver naturalidade, depois de tudo isto? A naturalidade, na verdade, é a prova da assimilação das lições e só vem com o tempo mesmo. Nesse caso, a naturalidade é o fruto do empenho. No seu livro “Como se tornar um bom orador e se relacionar com a imprensa” (Editora Saraiva), Polito cita o depoimento do famoso advogado criminalista Waldir Troncoso sobre a sua luta para a automatização de conceitos aprendidos no seu ato de comunicar. “Enquanto o orador estiver preocupado com a palavra que vai dizer, com o verbo que vai conjugar, com o adjetivo e o substantivo que irão compor a frase que deverá

““AA ppaallaavvrraa éé oo ddoorrssoo ppoorr oonnddee ccaammiinnhhaamm nnoossssoo rraacciiooccíínniioo ee sseennttiimmeennttooss.. SSeemm eellaa,, ddiiffiicciillmmeennttee ppooddeerrííaammooss eexxtteerrnnaarr oo qquuee

ppeennssaammooss oouu qquueerreemmooss..””

RReeiinnaallddoo PPoolliittoo

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refletir o seu pensamento, estará preso à forma da comunicação e sofrerá, com isto, um rebate de produtividade. Só depois que o orador não tiver mais que pensar no que vai dizer e em como vai dizer é que terá incorporado a automatização da fala e poderá transmitir suas idéias sem o atrelamento à forma.”

Essa é uma conquista que requer anos de estudo, experiência, prática e observação. “É importante observar e aprender novos termos para a ampliação do vocabulário, mas é fundamental que eles sejam usados. Se não existir a prática, as novas palavras serão inúteis”, conclui Polito.

1111..22 Vencendo a Comunicação

A determinação sempre foi uma das características mais importantes na vida dos grandes líderes. Por exemplo, Demóstenes era um logógrafo extraordinário. Tinha tanta habilidade para escrever discursos que chegava a ser convidado pelas partes adversárias para escrever as peças de acusação e de defesa. E produzia ambas com a mesma competência.

Entretanto, para falar, Demóstenes não possuía a mesma competência que tinha para escrever – sua voz era fraca, não pronunciava bem as palavras e era motivo de zombaria por causa do vício de levantar seguidamente um dos ombros enquanto falava. Essas dificuldades naturais poderiam fazer com que qualquer outra pessoa desistisse de ser orador. Mas Demóstenes era determinado e não se conformou com a condição que a natureza havia lhe imposto. Para fortalecer a voz, passou a fazer longas caminhadas na praia e falava diante do mar, procurando desenvolver um volume que superasse o bramido das ondas.

Com o objetivo de aperfeiçoar a dicção, colocava seixos na boca e com as pedrinhas dificultando a fala, aprimorou a pronúncia das palavras. O vício do ombro foi corrigido com um recurso muito curioso – colocou uma espada pendurada no teto, com a ponta voltada para baixo, e ao exercitar os discursos na frente de um espelho, era ferido sempre que produzia o movimento involuntário.

Determinado à se concentrar nos seus exercícios e a não desistir, raspou metade do cabelo e metade da barba e com essa aparência ridícula, ficou impedido de aparecer em público e se obrigou à continuar seu treinamento.

Depois de todo esse sacrifício e com atitude sempre determinada, Demóstenes não apenas pôde falar em público, como se tornou o maior orador da Antiguidade. Costuma-se comparar Demóstenes à outro extraordinário orador, o romano Cícero. Bem preparado, culto, eloquente, era um orador imbatível e difícil de ser enfrentado. Todavia, era muito vaidoso e não tinha escrúpulos para juntar-se aos poderosos sempre que julgava conveniente. Por isso, ao mesmo tempo em que angariava admiração pelo seu talento, despertava ódio e antipatia pelas suas atitudes.

Dizem os historiadores que a grande diferença entre um e outro está no ato de que, enquanto Cícero falava, o povo exclamava: Que maravilha, como fala este orador! E, quando Demóstenes falava, o povo marchava. Essa é uma importante reflexão – será que, ao falar, o orador apenas se preocupa em ser admirado pela maneira como se expressa, ou está interessado em fazer com que as pessoas vejam em suas atitudes um exemplo, aceite a sua liderança e concorde em abraçar a mesma causa que lhe permitirá afastar os mais pesados obstáculos e caminhar para a conquista das vitórias?! (Texto de Reinaldo Polito)

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MÓDULO III –

A GRAMÁTICA NORMATIVA E O

TEXTO

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1 O Processo de Coordenação e Subordinação

A língua portuguesa é dotada de uma gama de recursos para expressão de alguns fatos de pensamento. Algumas relações do pensamento são: causa de consequência, comparação, condição e hipóteses, oposição, tempo.

Assim como a causa é o fato determinante de outro, assim também esse outro é a consequência daquele. Portanto, trata-se de conceitos interdependentes.

Exemplo: Ninguém lhe deu atenção, (causa) e o triste saiu só. (consequência) O doutor desistiu do concurso (consequência) por considerar-se despreparado

(causa).

OOss rreeccuurrssooss ppeellooss qquuaaiiss ssee eexxpprreessssaa ccaauussaa ssããoo::

• Processo de Coordenação Mediante orações unidas por e, a primeira é a que encerra a idéia causal. Ex: O aluno estudou demais e cansou Ex: O aluno estudou demais: cansou.

• Processo de Subordinação Oração iniciada pela partícula porque ou um sucedâneo dela como: desde que, já que, pois que, portanto, uma vez que, visto como, visto que. Ex: O aluno cansou porque estou demais.

OOss rreeccuurrssooss ppeellooss qquuaaiiss ssee eexxpprreessssaa ccoonnsseeqquuêênncciiaa ssããoo::

• Processo de Coordenação Empregando: Logo, pois, por consequente. Ex: O empresário foi competente; logo, a empresa está bem

• Processo de Subordinação Oração iniciada por “que” se correlaciona à outra anterior, onde há palavras de intensidade: tão, tal, tamanho... Ex: Foi tamanho o susto, que o ancião teve colapso.

OUTROS EXEMPLOS:

- DE CAUSA

(coordenação) - Estudou demais e cansou. (subordinação) - Porque estudou demais, cansou.

- DE CONSEQUÊNCIA

(coordenação) - Estudou demais, logo cansou. (subordinação) - Estudou tanto, que cansou.

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- DE COMPARAÇÃO (constrói-se confrontando elementos)

(coordenação) - Ele estudou como se fosse o melhor. (subordinação) - Ele estudou mais do que o outro.

- DE CONDIÇÃO E HIPÓTESE

(coordenação) - Estudes, e serás feliz. (subordinação) - Uma vez que estudes, serás feliz.

- DE OPOSIÇÃO

(coordenação) - Estuda muito, mas não aprende. (subordinação) - Embora não aprenda, estuda muito.

- DE TEMPO

(coordenação) - Estudou, formou-se, hoje, é profissional. (subordinação) - Formou-se grande profissional, assim que terminou os estudos. 22 Sintaxe

Disposição das palavras na proposição e das proposições no discurso. Relação lógica das palavras entre si. Adequada construção gramatical.

Os tipos de sintaxe são:

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA:

a) Concordância Verbal b) Concordância Nominal

SINTAXE DE REGÊNCIA:

a) Regência Verbal b) Regência Nominal

SINTAXE DE COLOCAÇÃO

A parte da gramática normativa que trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase, é chamada de colocação pronominal.

Os pronomes oblíquos átonos podem ocupar três posições em relação ao verbo.

Exemplos:

- Convidaram-me para a reunião (ênclise) - Não me convidaram para a reunião (próclise) - Convidar-me-ão para a reunião (mesóclise)

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O USO DA ÊNCLISE

1. Com verbos no início da frase: - Emprestaram-me os livros. - Revelaram-nos os segredos.

2. Verbo no imperativo afirmativo: - Todos, retirem-se imediatamente.

3. Com verbo no gerúndio: - Retirou-se, deixando-nos a sós.

4. Verbo no Infinitivo Pessoal: - Era necessário esperá-la por instantes. - Calou-se para não magoar-se - Calou-se para não me magoar

O USO DA MESÓCLISE

Somente é possível quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro de pretérito, desde que o verbo não venha precedido por palavra atrativa.

Exemplos:

- Entregar-me-ão os processos ainda hoje. - Entregar-me-iam os processos ainda hoje. - Não me entregarão os processos - Nunca me entregariam os processos.

O USO DA PRÓCLISE

É obrigatória quando houver palavra atrativa antes do verbo, desde que entre a palavra atrativa e o verbo não haja pausa marcada na escrita por sinal de pontuação.

Principais Palavras Atrativas:

a) De sentido negativo: (não, nunca, jamais, nada, ninguém, etc.) - Nada nos interessa no presente. - Ninguém lhe dava valor.

b) A maioria dos advérbios: - Sempre me convidavam para audiências. - Aqui se estuda com afinco.

c) Conjunções subordinativas e pronomes relativos: - Quando me falaram não dei crédito. - Há acontecimentos que nos causam dó.

d) Pronomes indefinidos e Pronomes demonstrativos neutros: - Tudo se acaba no decorrer do tempo. - Aquilo nos diz respeito.

e) Orações interrogativas: - Quem te falou sobre o assunto? - Quando nos devolverão os documentos?

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f) Orações iniciadas por palavras exclamativas ou optativas: - Quanto nos vale essa boa lembrança! - Deus te abençõe.

Prezado estudante, observe com atenção a colocação dos pronomes no texto abaixo. Trata-se do texto “A importância do ato de ler”, uma palestra do renomado educador Paulo Freire.

AA IIMMPPOORRTTÂÂNNCCIIAA DDOO AATTOO DDEE LLEERR

Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos.

Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.

Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir a continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” os diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.

A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra.

Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.

A velha casa, meus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas leituras.

Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se

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encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.

(Texto de Paulo Freire)

Observação: Lembre-se que na Língua Oral a colocação pronominal é livre.

3 Emprego de algumas palavras

-- UUSSOO DDEE PPOORRQQUUEE // PPOORR QQUUÊÊ // PPOORR QQUUÊÊ // PPOORRQQUUÊÊ

Escreve-se Por que (pelo qual) Ex: Não encontrei os documentos por que procurei.

Escreve-se Por quê (quando depois dele vier escrita ou subentendida a palavra “razão”. Ao final da frase será acentuado) Ex: Por que razão você não foi ao Juizado? Por que ele não compareceu ao Júri? Não sabemos por que ele faltou. Você não foi por quê?

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:

1. Coloque adequadamente o pronome em cada frase:

- Revelaram os motivos de sua saída (me) - Jamais entregaram os livros que encomendei (me) - Aqui trabalha durante a noite (se) - Alguém convidou para a cerimônia (nos) - Convidarão para solenidade de posse (me) - Não convidarão para a solenidade (me)

2. Corrija as frases abaixo:

- Me chamaram para resolver o problema. - Alguém falou-me da importância do evento. - Sempre disseram-me o resultado da pesquisa. - Não conheço a pessoa que revelou-me tudo. - Quando entregaram-me o processo, fui embora. - Entregarão-me os resultados ainda hoje. - Nada incomoda-nos. - Em tratando-se de estudo, prefiro português. - Tenho contido-me em meus limites.

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Escreve-se Porque (quando se tratar de conjunção explicativa ou causal – nesse caso, geralmente equivale a “pois”). Ex: Faltou ao Seminário porque estava viajando.

Escreve-se Porquê (quando se tratar de um substantivo). Ex: A sociedade sabe o porquê dos problemas sociais. -- UUSSOO DDEE OONNDDEE // AAOONNDDEE

Aonde: emprega-se com verbos que dão idéia de movimento. Ex: Aonde você vai com tanta pressa?

Onde: emprega-se, evidentemente, com os verbos que não dão idéia de movimento. Ex: Onde você fica no Tribunal? -- UUSSOO DDEE MMAALL // MMAAUU

Mau: É sempre um adjetivo, seu antônimo é bom. Ex: O senhor não é mau advogado.

Mal: pode ser:

a) Advérbio de modo, equivale a “bem”. Ex: Comportou-se mal no tribunal

b) Conjunção temporal, equivale a logo que. Ex: Mal entrou na Delegacia, brigou.

c) Substantivo, haverá sempre um determinante. Ex: O mal se paga com o próprio mal.

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MÓDULO IV REDAÇÃO OFICIAL E CORRESPONDÊNCIA – EMAIL

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1 Redação Oficial

A redação oficial é o meio pelo qual se procura estabelecer relações de serviço na administração pública. Para tanto, traçam-se normas de linguagem e padronização no uso de fórmulas e estética para as comunicações escritas.

A linguagem é burocrática, o código verbal é o mesmo, as palavras são as mesmas, mas a redação obedece à certas formalidades.

A redação oficial tem como objetivo racionalizar o trabalho e diminuir o custo. Por isso, procura disciplinar o uso de expressões e fórmulas, aconselhando determinados fechos em lugar de outros que se apresentam demasiadamente prolixos e melosos. Evita-se, portanto:

- Para os devidos fins. - De ordem superior. - Chamo a atenção de V. Sa. - Reporto-me ao seu ofício em referência. - O assunto em epígrafe.

A preocupação principal deve ser com uma linguagem sóbria e clara, isenta de

pleonasmos, circunlóquios, juízos de valor, repetições, chavões, clichês, frases forçadas e sem nenhum proveito. Há necessidade de procurar continuamente novos caminhos, aplainar os já trilhados para se alcançar eficácia na correspondência oficial ou particular.

Na redação oficial, as palavras têm significados preciosos, caracterizados de idéias ou fatos. De um lado, a ausência de preocupação com a precisão vocabular, na maioria das vezes, gera equívocos, conflitos e prejuízos; de outro lado, o uso do código fechado favorece uma comunicação clara e objetiva. 1.1 Princípios da Redação Oficial

1. Adoção de formatos padronizados; 2. Uso da datilografia ou digitação; 3. Emprego da ortografia oficial; 4. Clareza, precisão e sobriedade de linguagem; 5. Imparcialidade e cortesia; 6. Concisão na elucidação do assunto; 7. Transcrição dos dispositivos da legislação citados; 8. Margem esquerda de 20 espaços e direita de 10 espaços; 9. Parágrafos em entrada de 5 espaços; 10. Espaço interlinear de 1½ para o texto; 11. Espaço simples (um) para citações ou transcrições; 12. Espaço duplo entre parágrafos; 13. Numeração dos parágrafos: não são numerados o primeiro e o fecho;

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14. Cabeçalho ou timbre são os dizeres impressos na folha a ser usada para a digitação da mensagem;

15. Uso de diplomacia, mas sem chegar ao servilismo; 16. Inferior para superior redige: Solicitamos envie ou providencie; 17. Superior para inferior: Solicito envie ou providencie.

A ementa deve ser clara e concisa; localiza-se no alto, à direita. Toda referência à elementos constantes de outros documentos deve ser feita citando-se a página ou folha onde se encontra. 11..22 Segredos da Redação na Correspondência

As expressões usadas não devem ser curtas e claras, somente devem ser precisas.

Expressões evitáveis Substituir por

Acima citado Acusamos o recebimento

Agradecemos antecipadamente Anexo à presente Anexo segue

Antecipadamente somos gratos Anterior a

Até o presente momento Como dissemos acima Com referência ao

Conforme assunto em referência acima citado

Conforme acordado Conforme segue abaixo relacionado

Datada de Encaminhamos em anexo

Estamos anexando Estamos remetendo-lhe Estou escrevendo-lhe

Levando ao seu conhecimento Ocorrido no corrente mês Referência supracitada Seguem em anexo

Temos a informar que Vimos solicitar

Citado Recebemos Agradecemos

Anexo Anexo

Agradecemos Antes de

Até o momento Mencionado Referente ao Mencionado

De acordo com

Relacionado a seguir de ..../ ..../ ....

Anexamos Anexamos

Remetemo-lhe Escrevo-lhe Informamos

Ocorrido neste mês Mencionada

Anexos ou anexamos Informamos que Solicitamos

Usa-se palavras específicas, pertinentes ao assunto, com verbos no imperativo, evitando-se sempre que puder a voz passiva.

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2 Correspondência 2.1 Memorando

Na administração pública o memorando representa a forma de correspondência entre autoridades de um mesmo órgão ou entre diretores e chefes ou vice-versa. Serve para comunicações internas sobre assuntos rotineiros. Caracteriza-se, portanto, pela simplicidade, concisão e clareza. Pode ser considerado um ofício em miniatura.

Pode ter caráter meramente administrativo, ou se empregado para a exposição de projetos, idéias, diretrizes, etc., a serem adotados por determinado setor do serviço público.

Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.

No memorando devem constar:

a) número do documento e sigla de identificação de sua origem (ambas as informações devem figurar na margem esquerda superior do expediente). Exemplo: Memorando nº 19/DJ (nº do documento: 19; órgão de origem: Departamento Jurídico).

b) data (deve figurar na mesma linha do número e identificação do memorando): Exemplo: Memorando nº 19/DJ Em 12 de Abril de....... c) destinatário do memorando: no alto da comunicação, depois dos itens a e b acima

indicados; o destinatário é mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplo: Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração.

d) assunto: resumo do teor da comunicação, datilografado em espaço um: assunto: Administração. Instalação de microcomputadores. e) Texto: desenvolvimento do teor da comunicação. O corpo do texto deve ser iniciado 4

cm ou quatro espaços duplos (‘espaço dois’) verticais, abaixo do item assunto, e digitado em espaço duplo (‘espaço dois’). Todos os parágrafos devem ser numerados, na margem esquerda do corpo do texto, excetuados o primeiro e o fecho (este procedimento facilita eventuais remissões à passagens específicas, em despachos ou em respostas à comunicação original);

f) fecho: Atenciosamente, ou Respeitosamente, conforme o caso. g) nome e cargo do signatário da comunicação: 4 cm ou quatro espaços duplos (‘espaços

dois’) verticais após o fecho.

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Observe abaixo um exemplo de memorando: Memorando nº 19/DJ Em 4 de setembro de.... Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores. 4 cm

Nos termos do “Plano geral de informatização”, solicito a V. Sa. verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores neste Departamento.

2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria que o equipamento fosse dotado de “disco rígido” e de monitor padrão “EGA”. Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um “processador de texto”, e outro “gerenciador de banco de dados”. 3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já manifestou seu acordo a respeito. 4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos desteDepartamento ensejará uma mais racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados. 1 cm

Atenciosamente,

4 cm

(Nome e cargo do signatário)

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75

2.2 Ofício

O Ofício é texto proveniente de uma autoridade, que consiste em comunicação de qualquer assunto de ordem administrativa, ou estabelecimento de uma ordem; distingue-se da carta por apresentar caráter público e só poder ser expedido por órgão da administração pública, como uma secretaria, um ministério, uma prefeitura e outros. O destinatário pode ser órgão público ou um cidadão particular.

É uma participação escrita em forma de carta que as autoridades das secretarias endereçam à seus subordinados. É um meio de comunicação por escrito dos órgãos do serviço público. O que o distingue de uma carta é o caráter oficial de seu conteúdo.

As partes de um ofício são:

1. Timbre ou cabeçalho: dizeres impressos na folha, símbolo (escudo, armas);

2. Índice e número: iniciais do órgão que expede o ofício, seguidas do número de ordem do documento. Separa-se do índice do número por uma diagonal. O número de ofício e o ano são separados por hífen: Of. Nº DRH/601-2008 = Ofício número 601, do ano de 2008, expedido pelo Departamento de Recursos Humanos;

3. Local e data: na mesma altura do índice e do número. Coloca-se ponto após o ano: Brasília, 20 de setembro de ...

4. Assunto ou ementa: só justificável quando o documento é extenso. Assunto: Exoneração de Cargo.

5. Vocativo ou invocação: tratamento ou cargo do destinatário - Senhor Presidente, Senhor Diretor. Na correspondência oficial não se usa Prezado Senhor.

6. Texto: exposição do assunto. Se o texto for longo, pode-se numerar os parágrafos a partir do segundo, que deverá receber o número 2. Se o texto do ofício ocupar mais de uma folha, escrevem-se 10 linhas na primeira folha e o restante nas demais. Nesse caso, colocam-se endereço e iniciais na primeira folha. Repetem-se o índice e o número das demais folhas, acrescentando-se o número da folha. Exemplo: Ofício nº 52/ - fl.2

7. Fecho ou cumprimento final: não será numerado.

8. Assinatura: nome do signatário, cargo e função. O designativo do cargo ou função deve ser separado por vírgula do nome do signatário. Trata-se de um aposto:

José Carlos, Marcos da Silva, Supervisor Presidente.

Não se antepõe qualquer título profissional ao nome do signatário. O nome,

cargo ou função do signatário são grafados preferencialmente com letras minúsculas, exceto as iniciais.

9. Anexos: se o ofício contém anexo, colocar: /3 (o ofício contém três anexos) /4 (o ofício contém quatro anexos)

Quando se trata de um anexo somente, procede-se do seguinte modo: Anexo: diploma de 3º grau. Anexa: nota fiscal.

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Observa-se que a palavra anexa deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere.

10. Endereço: fórmula de tratamento, nome civil do receptor e cargo ou função do signatário, seguidos da localidade e do destino.

11. Iniciais: primeiras letras dos nomes e sobrenomes do redator e digitador. Usar letras maiúsculas. Se o redator e o digitador forem os mesmos, basta colocar iniciais após a barra diagonal: /MIR.

Observe abaixo um modelo de ofício:

2,5 cm

5,5 cm 6,5 cm

10 cm Ofício nº DRH/601-08 Brasília, 27 de setembro de...........

Senhor Deputado, 1,5 cm

Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de 24 de abril

último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em sua carta nº 6.708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 20... (cópia anexa).

2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressaltava a necessidade de que – na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração as características socioeconômicas regionais. 3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, §- 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir aspectos etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual competente. 4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade civil. A Sua Excelência o Senhor Deputado (nome) Câmara dos Deputados 70160-000 Brasília – DF 2 cm

1,5 cm

5 cm

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77

2.3 Introduções e fechos

O quadro abaixo apresenta alguns exemplos de introduções e fechos (superadas e atuais) usados nas redações.

INTRODUÇÕES ANTIGAS

-Vimos, por intermédio do presente, levar ao conhecimento de V. Sa. que ... - Este tem por finalidade levar ao conhecimento de V. Sa. que ...

INTRODUÇÕES ATUAIS

- Comunicamos a V.Sa. que... - Informamos a V. Exa. que...

FECHOS ANTIGOS

- Com os protestos de estima e apreço... - Com os protestos de elevada estima e distinta consideração. - Aproveitamos o ensejo para reafirmar a V. Sa. nossos protestos de estima e apreço.

FFEECCHHOOSS AATTUUAAIISS

- Atenciosas saudações. - Respeitosas saudações. - Atenciosamente. - Respeitosamente.

1 cm 2,5 cm Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e das entidades civis acima mencionadas. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro da Justiça sobre os limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária transparência e agilidade. 1 cm Atenciosamente, 2,5 cm

(Nome e

cargo do signatário)

Page 78: APOSTILA_LINGUA E COMUNICAÇÃO

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2.4 Procuração

Em linguagem jurídica, significa o instrumento do mandato, isto é, o escrito ou documento em que se outorga o mandato e se explicitam os poderes conferidos. Por extensão, designa o próprio mandato. Assim, define-se como sendo o título ou documento por meio do qual um indivíduo, chamado mandante, confere a outra pessoa, chamado mandatário, poderes para praticar atos em seu nome e por sua conta. A procuração pode ser particular ou por escrita pública. Conforme os poderes, a procuração recebe vários nomes: procuração ad judicia, procuração em causa própria, procuração em termos gerais, procuração especial, procuração extrajudicial, procuração geral, procuração particular, procuração pública, procuração insuficiente, e outras.

EExxeemmpplloo ddee pprrooccuurraaççããoo aadd jjuuddiicciiaa::

PROCURAÇÃO

................................................,............................................,..................................................

(nome) (nacionalidade) (estado civil)

...........................,............................,..............................,..................,...................................... (profissão) (residência) (cidade) (Estado)

Portador do RG nº ..........., CPF nº........, pelo presente instrumento de procuração, constitui e nomeia seu bastante procurador, ............................,...................................,................................,............................................

(nome) (nacionalidade) (estado civil)

..........................., com escritório na ................................................................................., (profissão) (cidade)

..........................................., inscrito na OAB, seção de ............., (Estado)

sob nº ........., CPF nº ....................... Para que em seu nome, como se presente fosse, em qualquer juízo ou tribunal,

possa requerer tudo o que em direito for permitido, usando os poderes AD JUDICIA, em toda sua extensão, podendo, também, acordar, transigir, receber e dar quitação, substabelecer, praticando, enfim, todos os atos permitidos em direito, por mais especiaisque sejam, o que tudo dará por firme e valioso, a bem deste mandato.

...................,............de...................de.........

(assinatura com firma reconhecida)

Testemunhas .................................. ..................................

Texto-base para qualquer

procuração

Texto

específico

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79

2.5 Relatório

É narração ou exposição, escrita ou oral, sobre um ou vários fatos, em que se discriminam seus aspectos e elementos. É dirigido ao superior hierárquico e dele consta exposição circunstanciada sobre atividades em função do cargo que exerce.

Os dados que constam no relatório são: 1. Título: Relatório. 2. Invocação: fórmula de tratamento; cargo ou função da autoridade a quem é

dirigido. Exemplos: Sr. Presidente, Exmo. Sr. Governador. 3. Texto: exposição do assunto. 4. Fecho: fórmula de cortesia. Pode-se usar as mesmas fórmulas do ofício. 5. Local e data 6. Assinatura: nome, cargo ou função da autoridade ou servidor que apresenta o

relatório. Modelo de relatório:

RELATÓRIO

Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e Cultura:

Honrados com a designação de V. Exa. para integrarmos a Comissão de

Inquérito Administrativo (...), apresentamos o relatório, após audiência de

testemunhas e da realização de diligências.

2. Os fatos chegaram ao conhecimento de V. Exa. (...) quando V. Exa. houve

por bem nos designar, baixando a Portaria nº.... de.... de 20...., para apuração das

irregularidades apontadas no processo anteriormente mencionado.

3. Esta comissão conseguiu apurar que (...) cabe a maior responsabilidade ao

Chefe de Setor do órgão competente, uma vez que negligenciou quando da remessa

das cartas-convites...

Certos de havermos enviado todos os esforços no cumprimento do mandato que

V. Exa. nos conferiu, despedimo-nos, atenciosamente,

_______________,

Presidente.

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80

3 Formas de Tratamento utilizadas na Redação Oficial

Apresenta-se no quadro abaixo as formas de tratamento utilizadas na redação oficial considerando as autoridades às quais se referem.

AUTORIDADES DO PODER EXECUTIVO

ENDEREÇAMENTO EM ENVELOPES

PESSOALMENTE ABREV.

CIVIS

Presidente da República e Vice-Presidente da República

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Ministros de Estados Excelentíssimo Senhor

Ministro Vossa Excelência V.Exª.

Secretário-Geral da Presidência da República

Excelentíssimo Senhor Secretário-Geral da

Presidência da República Vossa Excelência V.Exª.

Consultor-Geral da República Excelentíssimo Senhor

Consultor-Geral Vossa Excelência V.Exª.

Chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República

Excelentíssimo Senhor Chefe do Gabinete da Presidência da

República Vossa Excelência V.Exª.

Secretários da Presidência da República

Excelentíssimo Senhor Secretário da Presidência da

República Vossa Excelência V.Exª.

Secretário Executivo e Secretário de Ministérios

Excelentíssimo Senhor Secretário Executivo

Vossa Excelência V.Exª.

Embaixadores Excelentíssimo Senhor

Embaixador Vossa Excelência V.Exª.

Advogado-Geral da União e Membros da Advocacia-Geral da

União

Excelentíssimo Senhor Advogado-Geral da União

Vossa Excelência V.Exª.

Governadores e Vice-Governadores de Estado

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Governador e Vice-Governador do Distrito Federal

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Procurador-Geral de Estado e Membros da Procuradoria-Geral

de Estado

Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral

Vossa Excelência V.Exª.

Secretários de Estado dos Excelentíssimo Senhor Vossa Excelência V.Exª.

Page 81: APOSTILA_LINGUA E COMUNICAÇÃO

81

Governos Estaduais Secretário

Prefeitos e Vice-Prefeitos Municipais

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Municipais.

Senhor Diretor (cargo respectivo)

Vossa Senhoria V.Sª.

MILITARES

Chefe do Estado-Maior das forças Armadas

Excelentíssimo Senhor Chefe do Estado-Maior das Forças

Armadas Vossa Excelência V.Exª.

Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

Excelentíssimo Senhor Chefe do Gabinete Militar da

Presidência da República Vossa Excelência V.Exª.

Oficiais Generais da Forças Armadas

Excelentíssimo Senhor (respectiva patente)

Vossa Excelência V.Exª.

Outras Patentes Senhor (respectiva patente) Vossa Senhoria V.Sª.

AUTORIDADES DO PODER LEGISLATIVO

ENDEREÇAMENTO EM ENVELOPES

PESSOALMENTE ABREV.

Presidente, Vice-Presidente e Membros da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal.

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Deputados Federais e Estaduais Excelentíssimo Senhor

Deputado Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros de Tribunal de Contas da União e

dos Estados

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros das Câmaras Municipais

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

AUDITORES DO PODER JUDICIÁRIO

ENDEREÇAMENTO EM ENVELOPES

PESSOALMENTE ABREV.

Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal (STF)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros do Excelentíssimo Senhor Vossa Excelência V.Exª.

Page 82: APOSTILA_LINGUA E COMUNICAÇÃO

82

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

(cargo respectivo)

Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar (STM)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Auditores da Justiça Militar Excelentíssimo Senhor

Auditor Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais

(TRE’s)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho

(TST)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho

(TRT’s)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais

(TRF’s)

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça

Excelentíssimo Senhor (cargo respectivo)

Vossa Excelência V.Exª.

AUTORIDADES DO MINISTÉRIO PÚBLICO

E DEFENSORIA PÚBLICA

ENDEREÇAMENTO EM ENVELOPES

PESSOALMENTE ABREV.

Procurador-Geral da República e Membros da Procuradoria-Geral

da República

Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da

República Vossa Excelência V.Exª.

Procurador-Geral de Justiça e Membros da Procuradoria-Geral

de Justiça

Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral de Justiça

Vossa Excelência V.Exª.

Defensor Público Geral e Membros da Defensoria Pública

Excelentíssimo Senhor Defensor Público Geral

Vossa Excelência V.Exª.

AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS

ENDEREÇAMENTO EM ENVELOPES

PESSOALMENTE ABREV.

Papa Santíssimo Padre Vossa Santidade V.S.

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Cardeais Eminentíssimo Senhor

Cardeal Vossa Eminência Reverendíssima

V.Em.ª Rev.ª

Arcebispos e Bispos Reverendíssimo Senhor Vossa Excelência Reverendíssima

V.Ex.ª Rev.ª

Monsenhorias, Cônegos e Superiores Religiosos.

Reverendíssimo Senhor Vossa Reverendíssima V.Rev.ª

Sacerdotes, Clérigos e demais Religiosos.

Reverendo Senhor Vossa Reverência V.Rev.ª

Formas de Tratamento ABREV. VOCATIVO

Vossa Excelência V.Ex.ª Excelentíssimo Senhor

Vossa Senhoria V.S.ª Senhor

Vossa Magnificência V.Mag.ª Magnífico Reitor

Vossa Santidade V.S. Santíssimo Padre

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima

V.Em.ª ou V.Em.ª Rev.ª Eminentíssimo Senhor

Vossa Excelência Reverendíssima V.Ex.ª Rev.ª Reverendíssimo Senhor

Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima

V.Rev.ª ou V.S.ª Ver.ª Reverendíssimo Senhor

Vossa Reverência V.Rev.ª Reverendo Senhor

3.1 Aprenda a se expressar na Língua Escrita

A comunicação escrita é o calcanhar de Aquiles de muitas pessoas. Desde a época de escola, muitos sujeitos foram pouco estimulados à redação. No trabalho, a elaboração de cartas, e-mails e relatórios repetem o drama. Na vida pessoal, o drama persiste: desde uma carta para o diretor da escola até outra para um amigo. Na busca de emprego também é comum a solicitação do currículo vir acompanhado de “carta do próprio punho”.

E qual é a solução para esta dificuldade? O sujeito acaba aderindo à um modelo. Isto é, pega um padrão de carta e o repete como fórmula. Há inclusive livros só com modelos de cartas. Este recurso – a cópia do modelo – é muito antigo. E o que é pior: a maioria das pessoas não atualiza a cópia do modelo. O mesmo estilo de cartas do início do século continua circulando, principalmente no mercado de trabalho. Veja, por exemplo, há quantos anos não se diz “mui respeitosamente”?

Manuela Rodriguez, professora de Comunicação e de Espanhol, autora dos livros “Manual de Modelos de Cartas Comerciais” e “Manual de correspondência Del

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Mercosur”, editados pela Atlas, e que acaba de lançar “Comunicação & Objetividade” (Editora STS), é especialista no assunto e afirma que a resistência na atualização das cartas ainda é grande. “Em muitas empresas a carta continua andando mal das pernas. Ainda há chefes que não aceitam a nova redação, simples, direta e objetiva”.

Manuela, que ministra palestras, principalmente para secretárias, conta que o principal comentário é que elas desejam que o chefe estivesse presente, ou, então, que Manuela fizesse uma palestra especial para os chefes. O profissional quer se atualizar, escrever dentro de um padrão mais moderno, porém a chefia ainda está presa aos modelos do passado.

A professora tem uma coleção de frases descabidas, geralmente enviadas por suas alunas. Conheça algumas delas: “Sem mais, com estima e consideração receba um grande amplexo”; “No interesse de granjear sua simpatia, subscrevemo-nos...”; “Em anexo, junto à carta que segue hoje pelo correio, envio 3 notas promissórias...”; “Assim sendo, enviamos a presente proposta para lembrá-los da nossa existência e colocamo-nos mais uma vez ao seu inteiro dispor, firmando-nos mui, Atenciosamente”; “Nos desculpem por nossa longa carta, mas era necessária para mencionar todas as nossas propostas. (3 páginas)”. Atenção: todas as frases acima são verídicas.

“Uma carta comercial tem que ser simples e objetiva, como se você estivesse falando pessoalmente com o receptor. Ela tem que prender a atenção logo no primeiro parágrafo, para que o leitor continue lendo”, diz a professora.

Manuela afirma que os formalismos e as palavras rebuscadas podem ser dispensados do começo ao fim. “O início da carta deve ser rápido e sem preparação; no meio, você deve expor claramente o motivo da carta, e o encerramento deve, basicamente, atender aos seguintes objetivos: Levar o leitor a fazer aquilo que deseja dele ou deixar boa impressão sobre o remetente, caso não se pretenda a ação do destinatário”, ensina.

E o traço para a assinatura? “Não é preciso. Apenas mencione: Atenciosamente ou Cordialmente, para terminar a sua carta. Se tiver que agradecer, mencione: Grato(a) pela atenção”. 4 Mensagens Eletrônicas – Email

O correio eletrônico ("e-mail"), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão de documentos.

Forma e Estrutura

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

No campo assunto, do formulário de correio eletrônico, a mensagem deve ser preenchida de modo a facilitar a organização documental, tanto do destinatário, quanto do remetente.

Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.

Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar na mensagem pedido de confirmação de recebimento.

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85

Valor documental

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Como escrever um texto para veiculá-lo por e-mail?

Diante da tarefa de redigir um e-mail ou responder algum texto que lhe foi enviado, considere que escrever é um processo que envolve variadas etapas. Inicialmente, faça uma coleta dos dados que deseja transmitir a seu correspondente e ponha-se a pensar sobre tais informações.

Não seja apressado a pôr-se a escrever imediatamente. Controle seus impulsos, para que o texto que vai escrever seja resultado de suas reflexões.

Lembre-se de que você não é um suposto literato experimentado, capaz de escrever sem considerar esta etapa inicial. Além disso, os grandes escritores sempre se dedicaram mais à reflexão do que propriamente à redação, visto que um texto bem pensado pode alcançar melhores resultados que um escrito às pressas.

Concluída a etapa inicial, considere o fato mais importante que tem em vista comunicar e qual é seu objetivo. Se precisa dizer que viajará em 10 dias, diga simplesmente: “Estou viajando dentro de 10 dias” ou “Viajo daqui a 10 dias”. Não se admite construir um texto complexo, com palavras difíceis, com os termos da oração invertidos. Nada disso. Evite fazer literatura, introduzindo em seu texto metáforas ou outras figuras de linguagem de difícil compreensão.

O importante é comunicar um pensamento, tornar comum o que você deseja que seu correspondente entenda. Por isso, considere o nível de conhecimento de seu interlocutor e saiba que um texto não gramatical pode trazer inúmeros prejuízos à você, pois erros de grafia, de concordância verbal ou nominal, de regência verbal ou nominal, de conjugação verbal e outros, transmitem uma imagem ruim de sua pessoa.

Textos mal escritos não convencem ninguém. Com o argumento de que foram escritos às pressas, seu valor é muito pequeno. Portanto, tenha em mente que um dos argumentos mais fortes nas comunicações empresariais é o uso da linguagem gramatical.

Não pense que o outro será compreensivo com suas falhas. Em geral, as pessoas com algum conhecimento prestam muita atenção aos erros gramaticais alheios.

Para escrever com segurança, além da competência linguística, que consiste em ler e entender textos alheios, bem como em produzir textos bem articulados e compreensíveis, é também relevante o conhecimento dos elementos do processo de comunicação: emissor, referente, mensagem, código e destinatário.

Se você não conhece seu destinatário, maiores dificuldades terá para elaborar uma mensagem. É preciso saber qual o nível de conhecimento dele, a amplitude de seu

Grande parte da comunicação com o mercado, que antes

era feita por telefone, agora é feita por E-mail. Já imaginaram a idéia que uma pessoa poderia fazer de você e de sua empresa vendo erros grosseiros de troca de ‘S’ por

‘Ç’, crimes com as conjugações verbais e, pior, textos confusos, desconexos...

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vocabulário (repertório); se dispuser de algumas informações sobre seu comportamento, melhor ainda.

A comunicação, para estabelecer-se, necessita desses conhecimentos, e talvez o grande problema da maioria das pessoas que não são hábeis para elaborar uma mensagem resida na excessiva confiança de que para comunicar-se basta conhecer a língua.

Há obstáculos que devem ser levados em conta, como: preconceitos, preferências, que se constituem em ruídos na comunicação. Um comunicador de sucesso dedica-se à elaborar textos do mesmo nível linguístico de seu interlocutor.

Se você é desajeitado com as palavras e a elas não se dedica, possivelmente não aprenderá a redigir mensagens comunicáveis. Um dos segredos da comunicação está no uso das palavras: escolha-as como se fosse um cozinheiro selecionando produtos para fazer um prato delicioso. Examine as palavras, considerando seu perfume, as reações que podem provocar, sua cor, seu gosto, o som que estabelecem.

Escreva com clareza, apresentando suas idéias em ordem direta: sujeito + verbo + complemento. Use poucos adjetivos e advérbios. É preciso transmitir idéias e elas são transmitidas por substantivos.

Estruturalmente, o texto deve ter um vocativo (saudação inicial), a mensagem propriamente dita, uma despedida respeitosa e assinatura (nome do remetente).

A saudação inicial deve ser composta: nome da pessoa, seguido de dois pontos: - Prezado Moisés: - Tereza Araújo: - Cecília Meireles:

Ao digitar seu texto, evite o excesso de destaque, como uso de letras maiúsculas, itálico, sublinhado, negrito (bold), aspas e outros. Ocupe-se, sobretudo, com a coesão das idéias. Elas precisam estar relacionadas umas com as outras. Por isso, é recomendável o uso de frases curtas (de até 15 palavras), de orações coordenadas:

- Estou enviando o livro que me pediu. - Aguardo sua resposta até 18 horas.

Enfim, substitua todas as expressões que você perceber que podem gerar dúvidas. A comunicação é eficaz quando consegue alcançar seu objetivo.

- Quando eu vir refere-se ao verbo ver. - Quando eu vier refere-se ao verbo vir.

É de destacar a conjugação dos verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar e odiar, que pedem um e antes de i:

- Medeio - Anseio - Remedeio - Incendeio - Odeio

4.1 Exemplário de Mensagens Eletrônicas � Verificamos que ainda não recebemos sua resposta à nossas solicitações de 3-3-20... � Por favor, queira enviar-nos sua proposta. � Solicitamos-lhe uma descrição rigorosa da qualidade de seus produtos. � Gostaríamos que nos informasse sobre a garantia de seus produtos.

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� Para o andamento equilibrado de nossos pedidos, gostaríamos de saber o nível de seu estoque para o produto X.

4.2 Por trás das carinhas - Internet

Os estudiosos da linguagem têm, nos últimos anos, dado uma grande atenção ao fenômeno da escrita via meio eletrônico. Alguns preconizaram que o uso de editores de texto significaria o fim da opressão gramatical, pois todos os que dominassem as ferramentas adequadas estariam para sempre livres das armadilhas ortográficas que espreitam os redatores a cada linha produzida.

Outros pensadores, mais desconfiados, acenaram com o depauperamento geral da língua escrita, pois ninguém mais estaria obrigado a estudar as regras gramaticais. Bastaria um simples clique e os mais absurdos erros estariam automaticamente corrigidos, sem a menor necessidade do uso de conhecimentos aprofundados da língua por parte do aspirante a escritor.

O tempo foi passando e começou a ficar claro que o simples fato de saber manejar um computador não habilitava ninguém a posar de escritor, pois sem uma mínima capacidade de concatenar as idéias de nada adianta ter à mão instrumentos que apenas corrigem palavras e períodos. Sem a menor interferência na construção lógica da idéia, que é a alma e a força motriz da construção de qualquer bom texto.

Mais recentemente, com a popularização da Internet, com o uso cada vez mais corrente da correspondência eletrônica (e-mail), com a repentina febre de MSN, Orkut e de mensagens enviadas por aparelhos de telefonia móvel, vieram à baila as discussões acadêmicas acerca das abreviações impostas às palavras. E, ainda, sobre o uso constante dos ícones gráficos (as chamadas carinhas) como substitutos de palavras, ou mesmo, de frases inteiras.

Quase do dia para noite, alguns vocábulos tiveram a grafia alterada nas mensagens eletrônicas. Palavras como: aqui, também, você, quando, não e beleza passaram, sem a menor cerimônia, a ser grafadas como aki, tb, vc, qdo, naum e blz. Pior o que parecia apenas um “modismo” de adolescentes, encantados com a possibilidade de uma comunicação prática e instantânea, transformou-se em uma espécie de vocabulário paralelo, praticamente obrigatório para os frequentadores de salas de bate-papo (os famosos chats) e para os usuários dos inúmeros sites de relacionamento.

Tal fenômeno, o da abreviação exagerada, vem preocupando alguns estudiosos pouco afeitos à aceitação de uma das leis mais respeitadas do Universo: a do menor esforço. Outros professores entendem que a linguagem, aparentemente, cifrada na Internet, não oferece perigo, desde que os usuários atentem sempre para a diferenciação contextual na empregabilidade dos signos linguísticos. Por tal perspectiva, então, escrever uma carta comercial ou um requerimento em internetês (como alguns vêm chamando a nova grafia) seria tão esdrúxulo e inusitado como tentar manter uma conversação on line, usando tão somente as normas ortográficas em vigor, desprezando o código usual dos demais internautas.

Mas essa discussão ideológica, que ainda vai longe, acaba, de uma forma ou de outra, escondendo um outro problema ainda mais sério: o despreparo ortográfico de alguns navegantes virtuais, que nem sabem usar a norma padrão, nem se adaptaram à variante codificada.

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Desse modo, em uma passada por alguns sites, pode-se coletar as preciosidades transcritas a seguir: “nossão”, “almentar”, “tosso pra que ele seje felis”, “segure essa oportunidade o macimo que pulder”, “vc e mais inportante q qualque coisa”, “desiluzão”, “é perca de tempo”, “surjir” e “conhecir ela”, entre outras anomalias.

Bem, como pode ser visto, ninguém, em sã consciência, irá culpar apenas a Internet pelas incorreções supracitadas. Isso pode ser um aviso para que se pare de discutir o que não leva a nada e para que se passe à repensar o tipo de educação escolar que é oferecida aos nossos jovens.

(Texto de José R. Neres Costa - Professor Universitário)

55 LLeeiittuurraa CCoommpplleemmeennttaarr –– TTeexxttoo:: AA CCiiddaaddaanniiaa PPlleennaa,, eemm uummaa SSoocciieeddaaddee ccoommoo aa nnoossssaa,, ssoo éé ppoossssíívveell ppaarraa ooss lleeiittoorreess..

O fato de que os jovens não gostam de ler, que lêem mal ou lêem pouco, é um refrão antigo, que de sala de professores à congressos de educação, ressoa pelo país afora. Em tempo de vestibular, o susto transporta para a imprensa e, ao começo de cada ano letivo a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos que apregoam vender, com a história que contam, o gosto pela leitura.

Talvez, assim, pacifique corações saber que desde sempre – isto é, desde que se inventaram livros e alunos – se reclama da leitura dos jovens, do declínio do bom gosto, da bancarrota das belas letras! Basta dizer que Quintiliano, mestre-escola romano, acrescentou a seu livro “Institutione Oratoria” uma pequena antologia de textos literários, para garantir um mínimo de leitura para os estudantes de retórica. No século 1 da era cristã!

Estamos, portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão, se cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-professores, leitores pais-e-mães, leitores tios-e-tias, leitores avôs-e-avós, montar sua própria antologia e contagiar por ela outros leitores, sobretudo leitores-alunos, leitores filhos-e-filhas, leitores sobrinhos-e-sobrinhas, leitores netos-e-netas, por certo a prática de leitura na comunidade representada por tal círculo de pessoas, terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor, iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de poemas, de romances, de crônicas, e do que mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e paciência, apostam no aprendizado social da leitura.

ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM: Primeiro crie uma situação qualquer, a seu critério e a partir desta situação elabore um memorando, um ofício e um email. Depois, elabore um mini-relatório sobre as atividades desenvolvidas no decorrer deste módulo.

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