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Segurana do trabalho

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SUMRIO CAPTULO 1 - O que Ergonomia? CAPTULO 2 - Noes Bsicas de Anatomia e Fisiologia CAPTULO 3 - Noes Bsicas de Anatomia e Fisiologia CAPTULO 4 - Anlise Postural do Corpo Humano CAPTULO 5 - Posto de Trabalho CAPTULO 6 - Antropometria CAPTULO 7 - L.E.R. Cumulativos) CAPTULO 8 - Fadiga CAPTULO 9 - Psicopatologia do Trabalho CAPTULO 10 - A Ergonomia e a Segurana do Trabalho (leses por Esforos Repetitivos) ou L.T.C. (Leses por Traumas

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Captulo 1 - O que Ergonomia? Histrico e Fases da Ergonomia Abrangncia da Ergonomia Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia j existia e era aplicada. Quando descobriu-se que uma pedra poderia ser afiada at ficar pontiaguada e transformar-se numa lana ou num machado, ali estava se aplicando a Ergonomia. Quando posicionavam-se galhos ou troncos de rvores sob rochas ou outros obstculos, como alavancas, ali estava a Ergonomia. A Ergonomia, pois, a cincia aplicada a facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que interpreta-se aqui a palavra trabalho como algo muito abrangente, em todos os ramos e reas de atuao. O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e NOMOS (leis, normas e regras). portanto uma cincia que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tornando este ltimo compatvel com as caractersticas fsicas e psquicas do ser humano. Para que isto seja possvel, uma infinidade de outras cincias so usadas pela Ergonomia, para que o profissional que desenvolve projetos Ergonmicos obtenha os conhecimentos necessrios e suficientes e resolva uma srie de problemas identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho organizado e executado. Exemplos: FISIOLOGIA E ANATOMIA ANTROPOMETRIA E BIOMECNICA HIGIENE DO TRABALHO E TOXICOLOGIA DOENAS OCUPACIONAIS FSICA

Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1.949, derivada da poca da 2 Guerra Mundial. Durante a guerra, centenas de avies, tanques, submarinos e armas foram rapidamente desenvolvidas, bem como sistemas de comunicao mais avanados e radares. Ocorre que muitos destes equipamentos no estavam adaptados s caractersticas perceptivas daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes e mortes. Como cada soldado ou piloto morto representava problemas serssimos para as Foras Armadas, estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Mdicos e Cientistas, a fim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas, botes, pedais, etc.) e painis, alm do campo visual das mquinas de guerra. Iniciava-se, assim, a adaptao de tais equipamentos aos soldados que tinham que utiliz-los em condies crticas, ou seja, em combate. Aps a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na Inglaterra, para trocar idias sobre o assunto. Na mesma poca, a Marinha e a Fora Area dos Estados Unidos montam laboratrios de pesquisa de Ergonomia (l conhecida por Human Factors, ou Fatores Humanos), com os mesmos objetivos. Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e os EUA, a Ergonomia ganha impressionante avano junto NASA. Com o enorme desenvolvimento tecnolgico divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se disseminou pelas indstrias de toda a Amrica do Norte e Europa. Assim, percebe-se uma Primeira Fase da Ergonomia, referente s dimenses de objetos, ferramentas, painis de controle dos postos de trabalho usados por operrios. O objetivo dos cientistas, nesta fase, concetrava-se mais ao redimensionamento dos postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores. Numa Segunda Fase, a Ergonomia passa a ampliar sua rea de atuao, confundindo-se com outras cincias, eis que fazendo uso destas. Assim, passa o Ergonomista a projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente industrial agressivo, seja por agentes fsicos ( calor, frio, rudo, etc.), seja pela intoxicao por agentes qumicos (vapores, gases, particulado3

slido, etc.). O que se percebe uma abrangncia maior do Ergonomista nesta fase, adequando o ambiente e as dimenses do trabalho ao homem. Em uma fase mais recente (Terceira Fase), poca da dcada de 80, a Ergonomia passa a atuar em outro ramo cientfico, mais relacionado com o processo COGNITIVO do ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de transmisso de informaes mais adequadas s capacidades mentais do homem, muito comuns junto informtica e ao controle automtico de processos industriais, atravs de SDCDs (Sistema Digital de Controle de Dados) . Tal fase intensificou sua atuao mais na regio da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo. Por fim, na atualidade, pesquisas mais recentes esto se desenvolvendo em relao PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO e na ANLISE COLETIVA DO TRABALHO. Especificamente a Escola Francesa de Ergonomia interessou-se por tais cincias e as vem divulgando pelo mundo, inclusive no Brasil. A primeira estuda as reaes PSICOSSOMTICAS dos trabalhadores e seu sofrimento frente situaes problemticas da rotina do trabalho, principalmente levando em considerao que muitas destas situaes no so previstas pela empresa, e muito menos aceitas por estas. J a Anlise Coletiva do Trabalho estabeleceu um importante dilogo entre o Ergonomista e grupos de trabalhadores, que passam a explicar livremente suas crticas, idias e sugestes relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu trabalho, sem sofrer presses por parte das chefias, o que essencial . Com o objetivo de resumir o que estudamos at aqui, vejamos um exemplo no qual possamos identificar as formas de atuao do Ergonomista, seus objetivos e as cincias das quais ele faz uso para identificar problemas e apontar solues. Lembramos, de incio, que o OBJETIVO PRINCIPAL do Ergonomista o de ADEQUAR O TRABALHO AO HOMEM, seja este trabalho de qualquer caracterstica, em qualquer rea de atuao. Portanto, qualquer agresso fsica ou psquica dever ser isolada ou eliminada em relao ao trabalhador.

A ergonomia e os fatores humanos- adaptao ao trabalho O estudo da adaptao ao trabalho inclui as modificaes que ocorrem no incio da atividade e a adaptao pelo treinamento. Adaptao ao trabalho de fundamental importncia ao homem e ao ambiente, pois nesse momento h menores riscos de acidentes, alm de o rendimento ser maior. O organismo humano possui caractersticas que influenciam no desempenho do trabalho, como a fadiga, a monotonia, a motivao, a idade, o sexo e o estresse, falaremos de alguns desses fatores. Fadiga E a consequncia de trabalhos ininterruptos, com uma carga acima do normal, que causa enfraquecimento de um orgo ou organismo e conseqentemente, uma diminuio radical do rendimento de um trabalhador. No qual o indivduo se sente bloqueado, perturbado, sem vontade de exercer suas tarefas, a fadiga um sinal de alerta o qual indica que est havendo uma sobrecarga fsica e intelectual, e pode provocar transtornos fisiolgicos e pscolgicos.

Distrbio fisiolgico Com o aumento da carga de trabalho ou da durao do trabalho, poder ocorrer um comprometimento na parte fsica e intelectual: o rendimento oscila, a fora muscular diminui, acarretando a demora na execuo dos movimentos. O trabalhador que sofre de fadiga pode apresentar os seguintes sintomas: ansiedade, aborrecimento fcil, falta de iniciativa e fastio.

Distrbio psicolgico Seus sintomas no se manifestam isoladamente, so amplos e complexos. Esto relacionados com outros fatores, como a monotonia, a sade, o relacionamento com o social, a motivao e outros.

Monotonia

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Ocorre quando um indivduo executa tarefas ou atividades constantes e com poucos estmulos, experimenta, como conseqncia a sensao de fadiga, a sonolncia, a falta de vontade e a reduo da ateno. Estresse H a ocorrncia do estresse quando o trabalhador perde o estmulo e a confiana, sofre de insnia, descuida da higiene pessoal e torna-se agressiva. Para a pessoa que j possui algum vcio, como beber e fumar, o problema tende a se agravar. Isso ocorre devido a presso no trabalho, a ameaa de perder o emprego, competies no ambiente laboral dificuldades do dia a dia.

Influncias do estresse

So muito variadas. Quando h um excesso de exigncias, que podem ser no campo fsico ou mental: a) Atividade e tipo de trabalho O ritmo de produo e a presso exercida para manter esse ritmo so considerados os maiores fatores de estresse. Os conflitos, as responsabilidades e outras formas de insatisfao. b) Incapacidade de interao Sobrevm em decorrncia da avaliao individual da pessoa, diante da incapacidade de realizar uma tarefa ou um trabalho estabelecido. c) Ambiente de trabalho Condies fsicas inadequadas contribuem para aumentar o estresse (excesso de calor, rudo ventilao deficiente, pouca ou exagerada iluminao,ofuscamento, gases txicos, cores irritantes). Os projetos inadequados influenciam a postura, a visualizao dos instrumentos e os controles. d) Recursos opercionais A escassez ou ausncia de incentivos e os exageros por parte dos chefes e supervisores. Incluem se tambm as questes salariais, os horrios de trabalho, as horas extras e os turnos.

e) Aspectos econmicos e sociais Os conflitos com colegas de trabalho, com a famlia, com os amigos e a falta de dinheiro.

Exemplo: Uma operria trabalha numa fbrica de rdios e toca-fitas para automveis, desenvolvendo seu trabalho numa linha de montagem, na qual uma srie de componentes eletroeletrnicos deve ser posicionada em um pequeno painel. Seu trabalho feito na postura sentada, defronte uma bancada, na qual h caixas de diferentes tamanhos posicionadas esquerda da cadeira, em alturas variveis. Uma das caixas est frente da banqueta, servindo de apoio para os ps da operria. Numa anlise ergonmica preliminar, o profissional observa a operria desenvolvendo suas atividades em seu posto de trabalho e constata que a altura do tampo da bancada muito elevada, que h falta de espao para as pernas da operria, pois abaixo do tampo h cantoneiras de ao obstruindo a passagem das pernas, o que a faz girar as pernas para a direita, em relao ao tronco. Como h caixas com componentes sua esquerda, acentua-se a rotao da coluna vertebral da operria, quando esta deve alcanar alguma pea que ali se encontra. Mas no s. Aps a montagem das peas num painel, este dever ser expedido por uma correia transportadora que se encontra ao fundo da bancada, o que obriga a operria a debruar-se sobre o tampo e retificar sua coluna vertebral, alm de estender por completo o brao e antebrao, passando estes por sobre as caixas com componentes.5

Toda a situao acima agravada pelo fato da operria estar sentada numa banqueta industrial, cujo assento foi confeccionado em madeira e que no recebeu qualquer revestimento (espuma, por exemplo). Como a operria trabalha com as pernas fletidas e rotacionadas para a direita, sente uma forte presso na regio das ndegas, os ps ficam dormentes vrias vezes ao dia, h fortes dores na altura do pescoo, estendida at os braos. A dor nas costas considerada insuportvel. Mas no acabaram os problemas! As bordas da bancada foram revestidas com perfilados de alumnio em L, de canto vivo, local onde a operria apoia os cotovelos, antebraos ou at mesmos os punhos, enquanto encaixa peas no painel. Por fim, dada a inviabilidade de trabalhar sentada, a operria acaba por ver-se obrigada a ficar em postura de p, sentindo mais dores nas costas, pernas e ps. Uma breve entrevista efetuada junto operria pelo Ergonomista, que est acompanhado pelo chefe do setor. A operria parece confusa, amendontrada e responde por monosslabos. Pergunta-se a respeito de uma ferida que claramente aparece na testa, pouco acima do superclio direito. Explica que, ao abaixar a cabea para apanhar um componente que estava numa caixa, que estava apoiada no piso da rea, bateu fortemente a cabea de encontro uma quina de uma das cantoneiras que fazem parte da estrutura da bancada. O Chefe do Setor fez questo de comentar que a operria foi advertida para que trabalhasse com mais ateno, evitando acidentes. Algumas medidas da bancada so tiradas, bem como algumas fotografias do local. O modelo da banqueta anotado. Vrias observaes so efetuadas com outras operrias do mesmo setor, constatando-se, basicamente, os mesmos problemas. Pois bem, se o Ergonomista leva em considerao as caractersticas da 1 Fase da Ergonomia, o desenvolvimento de seu projeto teria como objetivo redimensionar o posto, eliminando a adoo de posturas inadequadas, possibilitando que a operria trabalhasse sentada em uma banqueta mais confortvel, com o devido espao para suas pernas, os ps apoiados numa altura compatvel, as caixas de componentes todas em altura de modo a facilitar o alcance motor, bem como a correia transportadora em igual situao. Se levasse em considerao as caractersticas projetuais da 2 Fase da Ergonomia, j ampliaria a anlise Ergonmica para o ambiente no qual se encontra a operria, diagnosticando situaes crticas como a temperatura, o nvel de iluminamento, rudos, vibrao, entre outros. Contudo, h muitos outros fatores presentes nas atividades e no local de trabalho da operria, que lhe tornam o trabalho mais cansativo e irritante. Observe na folha seguinte: - a cadncia na qual cada painel deve ser montado, ou seja, a velocidade com a qual a operria produz cada painel completo e sua produo no final de uma hora de atividade. Tal situao prdeterminada pela chefia do setor, que reporta-se direo da fbrica. Esta ltima define um nmero X de rdios a serem fabricados por dia. A operria que no conseguir adequar-se s exigncias da empresa demitida; - o ritmo de trabalho. No exemplo, observa-se que o rtmo imposto pela empresa, determinando quantos rdios devem ser produzidos, o que resulta numa velocidade de produo. A situao claramente foge ao controle da operria, que apavora-se perante perspectiva de no corresponder ao rtmo que lhe imposto (ameaa de demisso); - cobranas e exigncias absurdas feitas pela chefia do setor. O nmero de vezes que a operria vai ao banheiro documentado, por exemplo, bem como o nmero em que se desloca at o bebedouro. Sabe-se que as operrias procuram desesperadamente fugir ao rtmo alucinado que lhes imposto, adotando medidas paleativas como as acima exemplificadas. A operria que mais foge ser perseguida e advertida; - quando a linha de montagem dos rdios foi projetada, muitos dados tcnicos no foram levados em considerao. Contudo, as operrias so obrigadas a trabalhar efetuando uma srie de improvisos. Veja: Exemplos: 1) A quantidade de componentes inicialmente projetada para os rdios era uma, mas o modelo sofre modificaes tecnolgicas que alteram tal nmero. Assim, caixas e mais caixas vo sendo6

adicionadas cada bancada de trabalho, dificultando cada vez mais o alcance motor e visual das operrias. 2) Um grande nmero de fornecedores diferentes, que fabricam componentes do rdio diferentes uns dos outros, causam verdadeiro desespero s operrias, pois uma determinada pea (XKL-71C, por exemplo), que DEVERIA ser sempre igual (mesmo tamanho, mesma cor, etc.), apresenta discretas diferenas. Assim, o fornecedor A fabrica a pea XKL-71C na cor azul e o fornecedor B fabrica a mesma pea numa tonalidade de verde. Acostumadas a pegar sempre uma pea azul num determinado instante, as operrias ficam confusas ao no encontrar peas desta cor nas caixas, atrapalhando-se. Pior, podem pegar outra pea que tem a cor azul e tentar encaix-la no painel, quebrando seus contatos. 3) O tamanho das letras impressas no corpo das peas tambm varia, conforme o fornecedor. Assim, algumas tm a identificao facilitada, outras, dificultada. - cada operria tem os segmentos corporais com dimenses particulares ( umas so mais baixas, outras so mais altas e uma pode estar grvida, etc.) . Contudo, a altura das bancadas fixa e o ritmo de trabalho o mesmo para todas, o que representa diversas incompatibilidades para as trabalhadoras; - em reunies mensais efetuadas no Setor, o encarregado de cada equipe faz questo de apresentar um demonstrativo de produtividade, na qual detalha que Fulana de Tal a pior operria (ou a mais lenta, ou a que mais faltou naquele ms, etc.), humilhando a mesma perante suas colegas. Igualmente, caso uma das operrias tenha alcanado alguma marca melhor em relao sua performance anterior, ser elogiada e colocada como ... um exemplo a ser seguido ... pelas outras. Estas situaes produzem revolta e mdo nas trabalhadoras, o que as induz competio entre si e ausncia de amizade.

Fatores Ambientais Fsicos no Ambiente de Trabalho um conjunto de fatores interdependentes, materiais ou abstratos, que atua direta e indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados dos seus trabalhos (Wada, 1990). Um local de trabalho, seja um escritrio, uma fbrica, um banco, deve ser sadio e agradvel. O homem precisa encontrar a condies capazes de lhe proporcionar o mximo de proteo e, ao mesmo tempo, satisfao no trabalho. Neste sentido, o ambiente de trabalho composto de um conjunto de fatores, que podem ser agrupados em dois blocos, quais sejam, fatores fsicos e fatores organizacionais do ambiente de trabalho. importante salientar que, no h uma hierarquizao de importncia, pois um ambiente de trabalho , na verdade, produto da contribuio desses diversos fatores.

AMBIENTE TRMICO Segundo Verdussen (1978), a temperatura um ponto que deve merecer o maior cuidado, quando se busca criar adequadas condies ambientais de trabalho. H temperaturas que nos do uma sensao de conforto, enquanto outras tornam-se desagradveis e at prejudiciais sade. Temperatura do corpo humano - Trocas trmicas O organismo humano, para a manuteno de sua estrutura, consome uma energia "mnima de repouso" que se traduz por uma "temperatura interna constante". A fim de manter sua temperatura interna constante o homem deve ento comunicar-se com seu meio ambiente (Noulin, 1992). As trocas de energia se realizam por: . Conduo: a propriedade de um corpo transmitir energia calorfica a outro, com o qual esteja em contato. . Conveco: trocas por intermdio de um fluido (ar ou gua). . Radiao: troca de calor entre o organismo e o ambiente, que consiste na transmisso de energia por meio de ondas eletromagnticas .7

. Evaporao: o mecanismo mais importante do equilbrio trmico. Quando as condies de temperatura ambiente atingem um nvel tal que a dissipao do calor do corpo, tanto por radiao como por conduo-conveco, no mais atende s necessidades do organismo, entra em ao o processo de evaporao do suor, que resfriar a superfcie do corpo. Conforto trmico Definio: um estado de esprito que reflete a satisfao com o ambiente trmico que envolve a pessoa. Se o balano de todas as trocas de calor a que est submetido o corpo humano for nulo e a temperatura da pele e suor estiverem dentro de certos limites, pode-se dizer que o homem sente conforto trmico Lamberts et al (1997). As variveis ambientais que influenciam este conforto so: temperatura do ar umidade do ar velocidade do ar calor radiante Alm destas variveis, a atividade desenvolvida pelo homem (met:W/m2) e a vestimenta que ele usa (resistncia trmica: Iclo) tambm interagem na sensao de conforto trmico do trabalhador, em seu ambiente de trabalho (Lamberts et al, 1997). Meios de medio das variveis ambientais - Temperatura do ar (Tar): A temperatura do ar pode ser medida com um termmetro convencional de mercrio; - Umidade do ar (UR umidade relativa do ar): Esta obtida com ajuda de um aparelho denominado psicmetro giratrio, que contempla dois termmetros: termmetro de bulbo mido (TBU) e termmetro de bulbo seco (TBS), com os quais coleta-se a temperatura de bulbo mido e a temperatura de bulbo seco, respectivamente. Com estas duas medidas encontra-se a umidade relativa do ar correspondente, fazendo uso da carta psicomtrica. - Velocidade do ar (Var): O aparelho mais indicado para medir velocidade do ar o termo-anemmetro; - Calor radiante: Este fator medido atravs de um aparelho denominado termmetro de globo; - Temperatura radiante mdia (Trm): A Trm obtida a partir de duas equaes da ISO 7726, uma de conveco natural e outra de conveco forada (equaes 7 e 8, respectivamente), tendo como principais variveis: temperatura de bulbo seco e temperatura de globo. Trabalho em temperaturas extremas Segundo Noulin (1992), o trabalho em ambientes particularmente quentes ou frios trazem riscos sade dos trabalhadores. Trabalho em temperaturas elevadas Segundo Laville (1977), durante o trabalho fsico no calor, constata-se que a capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a atividade mental se altera, apresentando perturbao da coordenao sensrio-motora. A freqncia de erros e acidentes tende a aumentar pois o nvel de vigilncia diminui, principalmente a partir de 30 C. Abaixo relaciona-se outros problemas ligada sade, quando o indivduo est trabalhando em locais com temperaturas elevadas: Internao ou insolao; Prostrao trmica; Cibras;8

Catarata e conjuntivites; Dermatites. - Algumas recomendaes para o trabalho em locais quentes Isolamento das fontes de calor; Roupas e culos adequados no caso de calor por radiao; Pausas para repouso; Reposio hdrica adequada - beber pequenas quantidades de lquido (0,25 l/vez), freqentemente. Ventilao natural. Sempre que as condies de conforto trmico no forem atendidas pela ventilao natural, recomenda-se a utilizao de ventilao artificial

Trabalho em baixas temperaturas Os danos sade, nestes casos, apresentam uma relao direta entre o tempo de exposio e as condies de proteo corporal. Destaca-se, ainda, os cuidados necessrios preveno dos denominados choques trmicos, que podem ocorrer quando o organismo exposto a uma variao brusca de temperatura. Os efeitos sobre a sade do trabalhador frente a um ambiente de trabalho com baixas temperaturas so, entre outros: enregelamento dos membros devido a m circulao do sangue; ulceraes decorrentes da necrose dos tecidos expostos; c) reduo das habilidades motoras como a destreza e a fora, da capacidade de pensar e julgar; d) tremores, alucinaes e a inconscincia. - Algumas recomendaes para o trabalho em baixas temperaturas: Para os trabalhos externos e prolongados, recomenda-se uma boa alimentao em calorias e roupas quentes.

AMBIENTE ACSTICO Definies: O SOM se caracteriza por flutuaes de presso em um meio compressvel. no so todas as flutuaes de presso que produzem a sensao de audio quando atingem o ouvido humano; a sensao de som s ocorrer quando a amplitude destas flutuaes e a freqncia com que elas se repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores.; estas flutuaes tm as seguintes caractersticas: a) Freqncia (f) : definida como o n de repeties das flutuaes de presso ou ciclos/segundo ou n de ciclos/segundo (1 ciclo/segundo = 1 Hz). 20 - 20000 Hz as ondas sonoras podem ser audveis. b) Amplitude : o deslocamento mximo da posio de equilbrio. c) Comprimento de onda (l ) : a distncia entre dois picos sucessivos de ondas com amplitudes similares. O RUDO Definio subjetiva: som desagradvel e indesejvel

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Definio operacional: um estmulo que no contm informaes teis tarefa em execuo Exemplo: o bip intencional de uma mquina, ao final de um ciclo de operao, pode ser considerado til ao operador (aviso), mas para seu colega pode ser considerado um rudo, se estiver concentrado em outra tarefa. A Influncia do rudo na sade e no desempenho do trabalhador A conseqncia mais evidente do rudo a surdez. A surdez pode ter naturezas diferentes: surdez de conduo: causada por infeo, perfurao do tmpano, acmulo de cera; surdez nervosa: reduo da sensibilidade das clulas nervosas. Essa insensibilidade pode ocorrer, principalmente, nas faixas de maior freqncia, acima de 1000 Hertz e em funo da idade, sobretudo aps os 40 anos. Os homens apresentam uma perda auditiva mais rpida do que as mulheres, principalmente na faixa de 2000 a 4000 Hz; surdez temporria ou permanente: a exposio diria a um certo NPS elevado, durante a jornada de trabalho, sempre provoca algum tipo de surdez temporria, que tende a desaparecer com o descanso dirio (desaparece num intervalo de 24 a 48 horas). Fatores diversos como freqncia, intensidade e tempo da durao da exposio podem influir de modo a no haver mais a recuperao, tendendo a um efeito cumulativo, nestes casos a surdez temporria passa a ser permanente e irreversvel. Formas de reduzir o rudo nos locais de trabalho Para combater o rudo deve-se agir sobre: a) a preveno no planejamento (quando da concepo da empresa) - fbrica: colocar os postos de trabalho (escritrios) onde se desenvolve atividades mentais afastados das fontes de rudo (mquinas); - empresa de servios: postos afastados de janelas que do para ruas movimentadas. b) a fonte - compra de equipamentos menos ruidosos (dentro do recomendado); - manuteno constante (fixao, ajuste dos parafusos e equilbrio dos aparelhos rotatrio); - adaptaes na tecnologia (troca de peas retas por helicoidais das engrenagens, silenciadores nos escapamentos de ar comprimido). c) a propagao (direta e indireta - via area ou slida) - vibraes: ps anti-vibratrios, pranchas intermedirias, fundaes independentes; - isolamento interno: usar placas de material absorvente de som no teto e nas paredes (escritrios); - gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de rudo. c) proteo individual do operador (menos aconselhvel) - soluo paliativa; - deve ser adequado ao trabalhador (so geralmente pouco confortveis); - deve ser de qualidade (no deixar passar o som); dificulta a comunicao entre os trabalhadores.

AMBIENTE VIBRATRIO

Definio: A vibrao qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando no segue nenhum padro determinado. A vibrao definida por trs variveis: a freqncia (Hz), a acelerao mxima sofrida pelo corpo (m/s2) e pela direo do movimento, que dada em trs eixos (figura 3): x (das costas para frente), y (da direita para esquerda e z (dos ps cabea).

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A vibrao pode afetar o corpo inteiro ou apenas parte do corpo, com as mos e os braos. A vibrao do corpo inteiro ocorre quando h uma vibrao dos ps (posio em p) ou do assento (posio sentada). O funcionamento de mquinas, veculos e a manipulao de ferramentas produzem vibraes que so transmitidas ao conjunto do organismo, mas de forma diferente, conforme as partes do corpo, as quais no so sensveis as mesmas freqncias. Cada parte do corpo pode tanto amortecer como ampliar as vibraes. As ampliaes ocorrem quando partes do corpo passam a vibrar na mesma freqncia e, ento, dizemos que entrou em ressonncia. O corpo inteiro mais sensvel na faixa de 4 a 8 Hz, que corresponde a freqncia de ressonncia na direo vertical (eixo z). Na direo x e y, as ressonncias ocorrem a freqncias mais baixas, de 1 a 2 Hz. Os efeitos da vibrao direta sobre o corpo humano podem ser extremamente graves, podendo danificar permanentemente alguns rgos do corpo humano. As vibraes danosas ao organismo esto nas freqncias de 1 a 80 Hz, provocando leses nos ossos, juntas e tendes. As freqncias intermedirias, de 30 a 200Hz, provocam doenas cardiovasculares, mesmo com baixas amplitudes e, nas freqncias altas, acima de 300 Hz, o sintoma de dores agudas e distrbios. Alguns desses sintomas so reversveis, podendo ser reduzido aps um longo perodo de descanso. O primeiro estudo quantitativo no assunto foi realizado por Goldmann e publicado em 1960. Os efeitos da vibrao sobre o corpo humano podem ser extremamente graves. Alguns exemplos desses efeitos so: viso turva - O efeito das vibraes sobre a viso de grande importncia uma vez que o desempenho do trabalhador diminui, aumentando, assim, o risco de acidentes. As vibraes reduzem a acuidade visual e torna a viso turva, ocorrendo a partir de 4 Hz. 2- perda de equilbrio - Os indivduos que trabalham com equipamentos vibratrios de operao manual, tais como martelo pneumtico e moto serra, apresentam degenerao gradativa do tecido muscular e nervoso. 3- falta de concentrao; 4- danificao permanente de determinados rgos do corpo - Os efeitos aparecem na forma de perda da capacidade manipuladora e do controle do tato nas mos, conhecido, popularmente, por dedo branco. Essas doenas so observadas, principalmente, em trabalhadores de minas e florestais (moto-serras 50-200 Hz). Os dedos mortos surgem no mximo aps 6 meses de trabalho com uma ferramenta vibratria. A ISO 2631 apresenta valores mximos de vibraes suportveis para tempos de um minuto a 12 horas de exposio, abrangendo trs critrios de severidade: limite de conforto, sem maior gravidade (ex: veculos de transporte coletivo); limite de fadiga, provocando reduo da eficincia dos trabalhadores (ex: mquinas que vibram); limite de exposio, correspondente ao limiar do risco sade. A norma brasileira NR-15, estabelece nveis mximos de vibrao, utilizando os dados especificados pelas recomendaes da ISO 2631.

AMBIENTE LUMNICO Na sociedade moderna as pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes iluminados, parcialmente por aberturas, mas predominantemente iluminado artificialmente (ex: nas estradas, noite, estamos totalmente dependentes dos faris dos veculos e das luminrias das ruas para nossa segurana). Desta forma, a maior parte dos ambientes que vemos, seja de trabalho ou no, iluminado artificialmente. Boa iluminao aumenta a produtividade, gera um ambiente mais prazeroso e pode tambm salvar vidas. Portanto, garantir a iluminao adequada uma das principais responsabilidades no s dos projetistas, mas tambm de administradores e autoridades.11

Conforto visual, segundo Lamberts et al (1997), entendido como a existncia de um conjunto de condies, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o mximo de acuidade (medida da habilidade do olho humano em discernir detalhes) e preciso visual. Luz, ou radiao visvel - a energia em forma de ondas eletromagnticas capazes de excitar o sistema humano olho-crebro, produzindo diretamente uma sensao visual. Ao contrrio do som ou vibrao, que so vibraes mecnicas, ondas eletromagnticas no necessitam do meio para sua transmisso. Elas passam atravs de slidos, lquidos ou gases, mas se propagam mais eficientemente no vcuo, onde no h nada para absorver a energia. O espectro eletromagntico cobre uma grande variedade de energia radiante, classificadas de acordo com a magnitude de suas freqncias ou comprimento de onda. Numa extremidade do espectro, de grande comprimento de onda (milhares de metros; baixa freqncia) encontram-se as ondas de rdio, enquanto que na outra ponta, esto os raios gama e raio X com comprimentos de onda na ordem de 10-12 m (alta freqncia). Apenas uma pequena parte desta energia radiante percebida pelo olho humano; esta faixa chamamos de luz. Esta radiao visvel situa-se no espectro entre 0,38 a 0,78m (10-6 m). O sistema olho-crebro no somente percebe a radiao dentro desta faixa mas tambm capaz de descriminar diferentes comprimentos de onda para produzir a sensao de cor. Principais Grandezas do Ambiente Lumnico alguns requisitos so necessrio para a avaliao do conforto visual de um ambiente, como: Iluminao suficiente; Boa distribuio de iluminncia; Ausncia de ofuscamento; Contrastes adequados (equilbrio de luminncias); Para determinar a quantidade de luz, necessrio distinguir entre a luz ambiental e a iluminao no local de trabalho. a) luz ambiental Uma luz ambiental de 10 a 200 lux suficiente para lugares como: corredores, depsitos e outros lugares onde no h tarefas crticas. O mnimo necessrio para visualizar obstculos de 10 lux e uma intensidade maior necessria para ler avisos e, tambm, para evitar grandes contrastes. O olho demora mais tempo para se adaptar, quando h grandes diferenas de brilhos. Para diminuir esses contrastes, pode-se fazer algumas adaptaes, como por exemplo um tnel deve ser melhor iluminado durante o dia, podendo ficar mais escuro durante a noite. b) iluminao em locais de trabalho A intensidade de luz que incide sobre a superfcie de trabalho deve ser suficiente para garantir uma boa visibilidade. Alm disso, o contraste entre a figura e o fundo tambm importante. (i) tarefas normais - para tarefas normais, como leitura de livros, montagens de peas e operaes com mquinas, aplicam-se as seguintes recomendaes. uma intensidade de luz de 200lux suficiente para tarefas com bom contrastes, sem necessidade de percepo de muitos detalhes, como na leitura de letras pretas sobre um fundo branco; necessrio aumentar a intensidade luminosa medida que o contraste diminui e se exige a percepo de muitos detalhes; uma intensidade maior pode ser necessria para reduzir as diferenas de brilhos no campo visual, como por exemplo, quando h presena de uma lmpada ou uma janela no campo visual;12

as pessoas idosas e deficientes visuais requerem mais luz. (ii) tarefas especiais - quando h grandes exigncias visuais, o nvel de iluminao deve ser aumentado, colocando-se um foco de luz diretamente sobre a tarefa. Isso ocorre, por exemplo, em tarefas de inspeo, em que pequenos detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste muito pequeno. Nesses casos, o nvel pode chegar at 3000 lux. Entretanto, nveis muito elevados provocam fadiga visual. (iii) algumas recomendaes para os ambientes de trabalho Consegue-se melhorar a iluminao, providenciando intensidade luminosa suficiente sobre os objetos e evitando as diferenas excessivas de brilho no campo visual, causadas por focos de luz, janelas e sombras. Quando a informao for pouco legvel, mais efetivo melhorar a legibilidade da mesma do que aumentar o nvel de iluminao (os aumentos da intensidade luminosa acima de 200 lux no aumenta significativamente a eficincia visual). A legibilidade pode ser melhorada com aumento dos detalhes (usando fontes maiores ou reduzindo a distncia de leitura) ou aumento do contraste (escurecendo a figura e clareando o fundo). A iluminao local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior luz ambiental. A relao entre elas depende das diferenas de brilho entre a tarefa e o ambiente, e tambm das preferncias pessoais. De qualquer forma, conveniente que a luz local seja regulvel. A luz natural pode ser usada para compor a iluminao ambiental. A luz natural, assim como a viso do exterior, apreciada por muitas pessoas. Mas, podem ocorrer nos postos de trabalho junto a janelas, o ofuscamento. As grandes variaes da luz natural, durante o dia, podem ser reguladas com uso de cortinas ou persianas. A incidncia de luz direta deve ser evitada, colocando-se anteparos entre a fonte de luz e os olhos. Contudo, algumas superfcies podem ficar mal iluminadas. Nesse caso, a luz natural pode ser complementada ou substituda pela luz artificial, convenientemente posicionada. A luz deve ser posicionada, em relao tarefa, de modo a evitar os reflexos e as sombras. Nos trabalhos com monitores, deve-se tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre a tela. Os reflexos podem ser evitados com uso de luz difusa no teto. Isso pode ser feito tambm substituindo as superfcies lisas e polidas das mesas, paredes e objetos, por superfcies rugosas e difusoras, que disseminam a luz.

QUALIDADE DO AR Em virtude do desenvolvimento industrial e o conseqente aumento no uso dos produtos qumicos, nenhum tipo de ocupao est inteiramente livre da exposio de substncias capazes de produzir efeitos nocivos aos organismos biolgicos. O National Institute of Ocupacional Safety and Health (NIOSCH) nos Estados Unidos relacionou em 1974, cerca de 42.000 substncias txicas. Hoje calcula-se em aproximadamente 600.000 compostos qumicos. Por isto, a importncia de estudos que possibilitem a obteno de informaes a respeito da toxicidade dessas substncias empregadas em processos industriais (toxicologia ocupacional). Definio Qualidade do ar aceitvel definido como o ar sem concentraes de contaminantes prejudiciais sade e com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se sintam satisfeitas (Lamberts, 1994). Os diversos agentes qumicos que entram em contato com o organismo dos trabalhadores, podem apresentar uma ao localizada ou generalizada (diversos rgos) As principais vias de penetrao destas substncias no organismo so: Respiratria (inalao) ar inalado durante a jornada de trabalho.13

Digestiva atravs da higienizao dos locais de refeitrios e individual. Cutnea limitada a certas substncias como: nitrobenzeno, nitroglicerina, fenol Ocular a viso facilmente atingida durante a manipulao de agentes qumicos. Contaminantes Atmosfricos so gases, vapores e as partculas slidas ou lquidas suspensas ou dispersas no ar. A contaminao pode ocorrer por: - agentes biolgicos (microorganismos: vrus, bactrias e fungos) - agentes qumicos ( gases e vapores, poeiras, fumos, fumaas neblinas e nvoas) Por sua vez os agentes qumicos podem ocorrer no estado slido, lquido ou gasoso. Os slidos so poeiras nocivas que podem ser de origem: animal (pelos e couro), vegetal (fibras de algodo e do bagao de cana), mineral (slica livre e cristalina, amianto, berlio e carvo) e sinttica (fibras de plstico). Os lquidos, so solues cidas, alcalinas ou solventes orgnicos. Os gasosos so os gases e vapores, sendo este ltimo a evaporao de substncias slidas ou lquidas que esto distribudo no ar. Ex.: monxido de carbono, metano e gs carbnico. O material particulado suspenso no ar constitui os aerodispersides ou aerosis, isto , disperso de partculas slidas ou lquidas, de tamanho bastante reduzido. Classificao dos aerosis, de acordo com sua formao: POEIRAS so partculas slidas resultantes da desintegrao mecnica de substncias orgnicas ou inorgnicas (rochas, minrios, metais, carvo, madeira, gros, plens, etc), seja pelo manuseio, operaes de esmagamento, de moagem, triturao, detonao e outros. FUMOS so pequenssimas partculas slidas resultantes da condensao, sublimao ou reao qumica de vapores, geralmente, provenientes da volatizao de metais em fuso ( fumos de xidos de zinco, de chumbo, etc.). FUMAA so partculas resultantes da combusto incompleta de materiais orgnicos (fumaas industriais). NVOAS so aerosis constitudo por partculas lquidas (gotculas) resultantes da condensao de vapores, ou disperso mecnica de lquidos ( nvoa de cido crmico, de cido sulfrico, tinta pulverizada e agrotxicos). O ar de um ambiente, alterado principalmente pelos seguintes fatores: excreo de substncias aromticas; formao de vapor dgua; liberao de calor; produo de cido carbnico e impurezas do ar, que penetram de fora para dentro, ou so produzidas pelo processo do trabalho. A qualidade do ar, considerando alguns tipos de ambientes de trabalho, pode ser afetada pelos seguintes agentes: Poluio entre paredes Fontes - Fotocopiadora - Ar-condicionado - Ambientes fechados - Fumaa de cigarro - Carpete14

- Tinta para caneta - Vernizes - Cola de mveis Detergentes Agentes de envenenamento - Bactrias - Fungos - Poeira - Benzina - Tolueno - Oznio - Formaldedos Riscos para a sade: cansao sonolncia - dor de cabea - alergias de pele e respiratria tontura - doenas pulmonares cncer

PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA: a - Qual o principal objetivo da Ergonomia ? b - Qual a importncia da Escola Francesa de Ergonomia ? c - Quais so as trs fases que mostram a evoluo da Ergonomia ? d) Quais fatores humanos interferem no ambiente de trabalho? e)Quais fatores fsicos ambientais interferem no ambiente de trabalho?

GLOSSRIO: PSICOSSOMTICA, Reao : reao apresentada no corpo (parte fsica do indivduo), derivada de distrbios em seu meio psquico. Normalmente as manifestaes se traduzem por gastrite, lcera, insnia e crises nervosas, tais como choro e irritao fcil. Palavra derivada de PSICO + SOMTICO. COGNITIVO, Processo : processo no qual se d a aquisio de um conhecimento. Est diretamente relacionado transmisso de informaes e como estas chegam at o ser humano.

Captulo 2 - Noes Bsicas de Anatomia e Fisiologia Identificao das Limitaes do Organismo Humano

Sabendo-se que a Ergonomia tem por objetivo adequar o trabalho s caractersticas do Homem, sejam fsicas, sejam psquicas, necessrio que o Ergonomista tenha conhecimentos mnimos de como nosso organismo funciona e quais so as limitaes do nosso corpo, para que possa desenvolver projetos que correspondam a tais caractersticas. Na aula passada, verificamos um exemplo de como importante para o profissional de Segurana e Higiene do Trabalho conhecer as limitaes do corpo humano e como este pode se sobrecarregar, com o intuito de buscar solues para os problemas diagnosticados. Naquele exemplo, verificamos que a operria, apesar de trabalhar numa postura sentada, sentia fortes dores nas costas, ombros, punho esquerdo, bem como sentia dormncia na parte inferior das pernas e ps. Feridas na altura dos joelhos e da cabea tambm foram15

constatadas. Comentou-se que as dimenses do posto de trabalho encontravam-se inadequadas, bem como a especificao do mobilirio, dentre outros problemas. Atravs de conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, compreenderemos o por que de algumas das reaes adversas no organismo da operria. A Anatomia estuda a localizao dos rgos de nosso corpo, bem como lhes d uma terminologia adequada, conforme tal localizao. J a Fisiologia estuda como funcionam os rgos e qual a relao de interdependncia de cada rgo com os sistemas que compem o organismo humano. O Ergonomista possui conhecimentos mais voltados aos Sistemas Locomotor (ossos, msculos, tendes, tecidos), Sanguneo (artrias, veias e capilares) e Respiratrio. Os rgos dos sentidos tambm so estudados, co-relacionando conhecimentos j adquiridos em Higiene do Trabalho. SISTEMA LOCOMOTOR Sub-dividiremos o estudo de tal sistema em Esqueltico e Msculo-Ligamentar. O primeiro representa a estrutura de sustentao de todo o corpo, tanto como base movimentao, quanto para proteger rgos vitais. O segundo possibilita justamente os movimentos do corpo e a fora aplicada nos diversos segmentos, bem como a velocidade e preciso de tais movimentos. Sistema Esqueltico A ttulo de organizao do estudo deste sistema, o mesmo pode ser dividido em 3 partes fundamentais: Cabea, Tronco e Membros. - a cabea, na extremidade superior do esqueleto, sustentada pela coluna vertebral; - o tronco, na regio central do corpo, abrangendo a coluna vertebral e as costelas; - os membros, superiores e inferiores, compreendendo, acima, os braos, antebraos, punhos e mos e, abaixo, as pernas e ps; - as cinturas, escapular (acima) e plvica (abaixo).

Das partes acima descritas, algumas merecem destaque para o estudo e aplicao da Ergonomia, em funo das posturas adotadas por nosso organismo, quando em atividade.

1) COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral uma estrutura flexvel composta por 33 vrtebras, localizadas em quatro regies distintas, a saber (de cima p/baixo): Regio Cervical, Regio Torxica ou Dorsal, Regio Lombar e Regio Sacro-coccigeana. Entre as vrtebras, observa-se uma articulao cartilaginosa, conhecida como DISCO INTERVERTEBRAL, sub-dividido em duas partes: Um ANEL FIBROSO e um NCLEO PULPOSO. Este ltimo cumpre uma importante funo, a de amortecimento das presses que incidem sobre a coluna, sendo auxiliado pelo anel, que lhe d uma sustentao flexvel, cujas fibras se deslocam lateralmente conforme as necessidades posturais adotadas pelo indivduo. Assim, percebemos que a COLUNA VERTEBRAL, no ser humano, cumpre 3 finalidades: - SUSTENTAO da parte superior do corpo; - AMORTECIMENTO de foras que incidem sobre o esqueleto; - MOBILIDADE da parte superior do corpo, a partir da cintura plvica.

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As duas ltimas caractersticas merecem destaque, em funo de uma srie de reaes apresentadas pelo sistema em questo e de algumas limitaes apresentadas por alguns elementos anatmicos que fazem parte deste sistema.

AMORTECIMENTO DE FORAS Tal finalidade desempenhada pelos DISCOS INTERVERTEBRAIS, que j conhecemos. Os discos promovem uma proteo essencial s vrtebras, na medida que impedem que estas sofram fraturas. So tambm os discos que promovem a ligao fibrosa entre todas as vrtebras, uma uma, auxiliando que a coluna se torne uma estrutura rgida, quando assim o desejamos, ou flexvel, quando necessrio. O amortecimento das presses exercidas sobre o conjunto desempenhado essencialmente pelos ncleos pulposos (NPs), que distribuem radialmente a presso recebida. Isto equivale a dizer que o ncleo, que se encontra dentro dos anis, tende sempre a aumentar seu dimetro quando recebe a carga de cima para baixo, fazendo presso sobre as paredes dos anis que o envolvem, enquanto diminui de altura. Ocorre que o disco intervertebral apresenta uma degenerao natural que se acentua a partir dos 20 anos de idade, poca em que as artrias que alimentam a regio da coluna vertebral comeam a se fechar, interrompendo a vaso-irrigao e, claro, sua alimentao. Assim, o disco passa a receber alimentao de lquidos nutrientes que se encontram na regio, principalmente aqueles que permanecem no tecido esponjoso que reveste as faces superiores e inferiores dos corpos vertebrais. Contudo, claro est que quando a coluna recebe uma carga sobre o conjunto de vrtebras, o lquido ser expulso da regio na qual se encontra naturalmente, dada a presso ali concentrada. O comportamento similar a uma esponja. Tal fato muito importante, vez que podemos concluir que, pressionada, a coluna vertebral no se alimenta e que tal situao facilita ainda mais a degenerao dos discos intervertebrais. Sem alimentao, a caracterstica fibro-elstica destes tende a diminuir, o que inicia um processo de rompimento das paredes dos anis que envolvem o NP, toda vez que este tenta se deslocar de sua origem. A funo de amortecimento, pois, vai diminuindo medida em que a idade do indivduo aumenta. Situaes agudas, que promovem rompimento repentino de grande nmero de anis fibrosos, causam leses que sero comentadas mais adiante.

MOBILIDADE DA COLUNA VERTEBRAL Como j vimos, a coluna composta por 33 vrtebras, cada uma apoiada sobre um disco que est sobre a vrtebra imediatamente abaixo da 1 . Esta caracterstica possibilita a todo o conjunto uma mobilidade extraordinria, dentro de limites impostos pela prpria estrutura anatmica de cada regio da coluna. Assim que a regio cervical apresenta a maior mobilidade (flexibilidade) de todo o sistema, seguida pela regio lombar e dorsal, at atingirmos a regio sacro-coccigeana, que apenas rotaciona sobre o eixo da cintura plvica. A mobilidade do conjunto, entretanto, representa no apenas flexibilidade til para o desenvolver de inmeras tarefas efetuadas pelo ser humano, mas alguns riscos regio da coluna vertebral, como agora observaremos. Como se viu, os discos degeneram com o passar do tempo, perdendo a elasticidade necessria. Com isto, a capacidade de amortecer presses diminui e h uma tendncia do NP extravazar-se da regio central que originalmente ocupa. Tal situao agravada ainda mais quando a coluna vertebral sai da posio em que suas curvaturas naturais so mantidas. A mobilidade torna a regio lombar particularmente propensa leses nos discos intervertebrais, justamente pela disposio agora adotada entre as vrtebras e os discos que as interligam. Vamos considerar, a ttulo de exemplo, que a pessoa inclinou o tronco para baixo com o objetivo de erguer uma caixa que pesa uns 30 quilos, mantendo as pernas eretas (sem flexo).17

No momento em que, nesta postura, a pessoa levanta a caixa, a presso equivalente carga de 30 quilos ser transmitida para a coluna, principalmente na regio lombar, que est servindo como ponto de apoio alavanca necessria operao (erguer a caixa). Nessa situao percebe-se que o brao da alavanca entre o ponto A e a caixa muito maior que o brao formado entre o mesmo ponto A e os msculos que recobrem a regio lombar. Esta situao representa uma sobrecarga para a qual tal musculatura no est preparada, causando-lhe leses. Isto se deve, basicamente, ao fato de que os msculos da regio lombar se encontram inseridos nas asas da coluna vertebral por meio de tecidos ligamentares chamadas de FSCIAS. As Fscias so apenas uma fina camada de tecido, muito diferente de outros ligamentos presentes no corpo humano, como os TENDES, que possuem maior resistncia quando estimulados pela movimentao do organismo (a serem estudados em outra aula). Assim, quando sobrecarregadas, as Fscias tendem a inflamar e provocar fortes dores na regio em estudo. Outros problemas relacionados tal postura sero discutidos a seguir.

A. PROTUSO DO NP A protuso intradiscal um problema grave. Ocorre quando a postura acima detalhada se repete com freqncia nas atividades rotineiras de um trabalhador ou, quando eventuais, mas nos indivduos que j apresentam degenerao nos discos inter-vertebrais. Caracteriza-se pelo fato do ncleo pulposo arremessar-se para trs, rompendo os anis fibrosos que o envolvem, at chegar na regio perifrica do disco. Esta regio passa a apresentar um volume mais acentuado, pressionando um ligamento que corre de cima baixo a coluna, o Ligamento Posterior. Terminaes nervosas neste localizadas provocam fortes dores no indivduo, acompanhadas de espasmos musculares. B. HRNIA DE DISCO A hrnia de disco um problema ainda mais grave que a protuso intradiscal. Na hrnia, o NP consegue extravazar-se de dentro do anel e sai do disco intervertebral, empurrando os tecidos da regio, pressionando-os. Esta leso se verifica mais na regio lombar, principalmente quando o indivduo flexiona o tronco para erguer cargas e o rotaciona lateralmente, movimentando a carga da direita para a esquerda, por exemplo. O ligamento longitudinal posterior que reveste a coluna vertebral vai diminuindo de largura medida que passa pela regio lombar, at chegar ao osso SACRO. Deste modo, permite que regies laterais ao local por onde passa no sejam sustentadas. No caso da sobrecarga imposta regio lombar, quando o trabalhador deve erguer a carga, a regio encontra-se desprotegida, facilitando a expulso do NP do interior do disco, provocando o problema. C. BICO DE PAPAGAIO (OSTEFITOS) uma leso conseqnte, geralmente, dos problemas observados anteriormente, principalmente derivada da hrnia de disco. Caracteriza-se pela formao de protuberncias sseas nas paredes externas do corpo da vrtebra, mais precisamente em locais onde h contato de um corpo de vrtebra com outro, ocasio em que os dois entram em atrito. O tecido sseo possui uma interessante caracterstica. Quando submetido a presses concentradas em determinados pontos, o tecido inicia um processo de multiplicao de suas clulas, formando um CALO SSEO. Tal processo verifica-se quando h uma fratura num osso, o que possibilita que as duas partes separadas sejam reunidas. Contudo, tal reao de defesa do tecido sseo traz o inconveniente de produzir, quando no controlada, a calcificao indesejada de protuberncias conhecidas como OSTEFITOS, resultando em problemas graves de coluna. Conhecidos popularmente como BICO DE PAPAGAIO, os OSTEFITOS pressionam e at mesmo podem perfurar rgos e tecidos vizinhos coluna vertebral, produzindo inflamao e muita dor. Veja a Prancha n 06-B.

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Quando um NP hernia-se do interior do disco intervertebral, h um esmagamento do anel fibroso existente entre as duas vrtebras, diminuindo-se a distncia entre estas. Com o passar do tempo, uma vrtebra comea a encostar na outra, entrando em atrito e produzindo a reao acima detalhada.

2) CINTURA ESCAPULAR Localiza-se na parte superior do tronco, representando o conjunto de elementos anatmicos que formam o OMBRO. Como algumas leses originadas por problemas de inadequao ergonmica aparecem na regio, a Ergonomia a estuda. constituda pelas vrtebras do trax, costelas, esterno, clavcula, escpula e pela parte superior do mero (osso do brao).

3) CINTURA PLVICA Localiza-se na parte inferior do tronco, representando o conjunto de elementos que formam a BACIA ou PELVE. constituda por dois amplos ossos coxais, cujas regies subdividem-se em ILACO, SQUIO e PBIS, alm da regio central, na qual localizam-se o SACRO e o CCCIX. A rea da articulao coxo-femoral, formada pela cabea do fmur com a cavidade cotilide bastante pequisada pela Ergonomia, assim como a regio inferior do squio.

4) MEMBROS SUPERIORES So formados pelo conjunto, de cima para abaixo, dos principais ossos, ou seja, o MERO, o RDIO e o ULNA, o CARPO e os DEDOS das mos. As articulaes so bastante estudadas pela Ergonomia, principalmente a nvel da regio do EPICNDILO (cotovelo) e CARPO (punho).

5) MEMBROS INFERIORES So formados pelo conjunto, de cima para baixo, dos principais ossos, ou seja, do FMUR, da TBIA e da FBULA, alm do TARSO e dos dedos dos ps. Tambm as principais articulaes so estudadas, ou seja, o JOELHO e o TORNOZELO.

6) ARTICULAES So a unio entre dois ossos, possibilitando maior gama de movimentos ao segmento corporal destes. No ponto de unio, o tecido sseo externo revestido por uma cartilagem que apresenta caractersticas especficas, a CARTILAGEM HIALINA, compacta, extremamente lisa e, geralmente, arredondada, a fim de facilitar ao mximo que as superfcieis que entram em contato deslizem uma sobre a outra, diminuindo o atrito. Entre os dois ossos que formam uma articulao, encontra-se uma membrana protetora fibrosa que se estende para cada osso. Ao redor desta membrana temos uma cpsula articular externa, que protege todo o conjunto interno. Dentro da cpsula h uma pequena quantidade de lquido sinovial, que serve como lubrificante da articulao.

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PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA: a- Qual a diferena entre Anatomia e Fisiologia ? b- Qual a funo do CORPO da Vrtebra ? c- Qual a funo do DISCO INTERVERTEBRAL ? d- Como se d a alimentao da COLUNA VERTEBRAL ? e- O que ocorre com o Ncleo Pulposo quando submetido presses ? f- O que implica uma postura que confere coluna vertebral o formato de uma letra C ? g- Qual a relao entre o LIGAMENTO LONGITUDIONAL POSTERIOR e o aparecimento da HRNIA DE DISCO ? h- Como se inicia um BICO DE PAPAGAIO ? i- Para que serve a CARTILAGEM HIALINA ?

Captulo 3 - Noes Bsicas de Anatomia e Fisiologia Identificao das Limitaes do Organismo Humano

SISTEMA MSCULO - LIGAMENTAR o responsvel pela movimentao do corpo humano, sendo formado pelo conjunto de MSCULOS e suas inseres nos ossos, atravs de TENDES E FSCIAS. MSCULOS Os msculos so tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contrao e alongamento de suas clulas, conhecidas por MIOFIBRILAS. Estas, so especialistas em retirar energia qumica, proveniente dos alimentos que ingerimos e transportada pelo sangue, em energia mecnica. O trabalho produzido pelos msculos possibilitado pela vasta vaso-irrigao que lhes garante a devida alimentao, dentro de determinadas condies. A contrao dos msculos recebe duas classificaes bsicas: - contrao Isotnica ou DINMICA: o tamanho do msculo alterado, mas no h aumento de tenso em sua parte interna. Exemplo: Fletir o antebrao sobre o brao. - Contrao Isomtrica ou ESTTICA: ocorre o contrrio, ou seja, no alterado o tamanho do msculo, mas h um aumento de sua tenso interna. Exemplo: Sustentar uma carga com a mo, enquanto o brao permanece estendido. Tal classificao muito importante, pois as diferentes contraes implicam num consumo diferenciado de oxigncio pelo msculo. Assim, a contrao DINMICA implica em maior consumo de oxignio, mas possibilita um fluxo sangneo facilitado aos tecidos musculares, pois neste tipo de contrao, h perodos intercalados de contrao e relaxamento dos msculos. J na contrao ESTTICA, h um aumento de presso muscular externa sobre as artrias e vasos capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo muito o fluxo sangneo, sem que haja relaxamento durante a atividade. Com esta diminuio do fluxo sangneo, a taxa de oxignio nos tecidos cai e, ao mesmo tempo, aumenta a taxa de cido ltico, que responsvel por dores musculares. Dependendo do tempo de20

durao da contrao, para realizar-se a atividade, haver tambm a presena de tremores musculares, que prejudicam a preciso dos trabalhos. Outro detalhe muito importante relacionado alimentao dos msculos, seja qualquer a contrao por eles apresentada, refere-se CARGA HEMODINMICA, relacionada coluna a ser vencida pelo fluxo sangneo, quando um membro est elevado. Um timo exemplo o do brao estendido acima do nvel da cabea, abduzido sobre o ombro, desenvolvendo alguma atividade (apertar parafusos com uma chave combinada, muito comum para mecnicos). Com os braos elevados, o fluxo de sangue encontra enorme dificuldade em subir at a extremidade (ponta das mos), resultando em dormncia no brao. Tambm nesta situao haver, portanto, diminuio da taxa de Oxignio nos tecidos (veja slide projetado na sala de aula). TENDES - so feixes de fibras colgenas, formadas num tecido conjuntivo denso e modelado, vez que tais fibras encontram-se orientadas em direes bem definidas, de modo a oferecer resistncia alta em relao s foras que atuam sobre o tecido. Os tendes so estruturas anatmicas VISCOELSTICAS, ou seja, possuem um certo grau de elasticidade, mas este inferior elasticidade apresentada pelas fibras dos msculos, cuja capacidade de contrao e expanso muito maior. Uma das caractersticas mais importantes dos tendes, a nvel de fisiologia, refere-se ao TEMPO DE REPOUSO necessrio para que o tecido que forma estes consiga retornar ao seu estado natural, ou seja, VISCO-ELSTICO. Quando sobrecarrega-se um tendo, solicitando-o em demasia, o mesmo tende a sofrer leses nas fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de elasticidade facilmente ultrapassado. Tal problema grave na medida em que um tendo lesionado possui recuperao bastante lenta, pois so estruturas no diretamente vaso-irrigadas, mas de alimentao indireta (alimentam-se de substncias nutritivas presentes em tecidos vizinhos, este ltimos, vaso-irrigados). Os tendes so responsveis pela transmisso de foras atuantes nos msculos, conferindo movimento aos segmentos corporais, pois servem de elemento de ligao entre o corpo central do msculo e os ossos. Outro detalhe anatmico muito importante relacionado aos tendes se refere ao desenvolvimento e fortalecimento diferenciado entre os primeiros e os msculos. O msculo possui grande facilidade de hipertrofiar-se, o que j no ocorre com o tendo. Assim, deduzimos que o desenvolvimento muscular e seu fortalecimento no so necessariamente seguidos pelos tendes que atuam em conjunto, o que pode produzir leses nos pontos de insero do tendo, quando solicitado. Determinados grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e inferiores, possuem feixes de tendes que movimentam-se dentro de bainhas (tneis), conhecidas por BAINHAS SINOVIAIS. O nome deriva-se do fato de tais bainhas serem constitudas por TECIDO SINOVIAL, que apresenta duas importantes caractersticas : 1) liso e possui clulas secretoras de um lquido lubrificante, o LQUIDO SINOVIAL. Tal caracterstica facilita a livre movimentao do tendo no interior da bainha; 2) possui capacidade fagocitria, ou seja, de eliminar resduos metablicos presentes na regio, limpando-a. Por fim, de se ressaltar que os tendes podem passar por regies nas quais h um estreitamento natural do organismo, determinado, por exemplo, pela presena de ossos ou msculos.

FSCIAS : So lminas de tecido conjuntivo que envolvem os msculos e possuem trs funes bsicas:

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1) como lminas elsticas de conteno, as fscias auxiliam no trabalho de trao muscular, quando da contrao dos msculos, limitando-os num local restrito: 2) como possuem uma superfcie lisa, as fscias existentes ao redor dos msculos possibilitam que estes deslizem facilmente entre si; 3) algumas fscias musculares possuem uma terminao que serve para prender o msculo ao esqueleto, como no caso da musculatura da regio dorsal e lombar, cujas terminaes se inserem nas asas das vrtebras da coluna, como j comentado na aula anterior.

SISTEMA SANGNEO OU SISTEMA CIRCULATRIO Tem como funo principal levar nutrientes e oxignio s clulas do organismo, retirando os resduos produzidos pelo metabolismo e levando-os at os rgos que so responsveis por sua eliminao. O sangue que circula pelos tubos do sistema (artrias, veias e capilares) tambm leva clulas especficas que so organismos de defesa contra substncias estranhas ao corpo humano. O principal rgo do sistema o CORAO, msculo oco que atua como uma bomba contrtilpropulsora, na qual chega sangue venoso e do qual sai sangue oxigenado, que passou pelo processo de HEMATOSE, ou seja, pela troca de CO2 por O2. O sangue venoso circula pelas VEIAS e o sangue j oxigenado, pelas ARTRIAS. O sistema vital ao nosso organismo, na medida em que percebemos que qualquer tecido que constitui os rgos de nosso corpo, necessita de alimentao e tambm da retirada de resduos metablicos. Do corao parte verdadeira tubovia de artrias que medida que se afastam do msculo principal do sistema, se ramificam e estreitam de dimetro, atingindo as regies mais perifricas e superficiais do corpo, j na condio de vasos capilares. Justamente quando chega aos capilares que o sangue alimenta os tecidos do corpo humano, removendo as impurezas e retornando, pelas veias, para passar pelos pulmes. Os capilares tambm desempenham uma importante funo junto aos tecidos conjuntivos, quando sofremos um corte ou uma contuso. Clulas com propriedades coagulantes (plaquetas) atuam de imediato no caso de cortes, alm de que o plasma sangneo passado para a regio que est inflamada, sendo esta embebida, transformando-se num EDEMA. A recuperao de tecidos lesados tambm se d graas alimentao proveniente do sangue, sem falar que o mesmo leva os leuccitos aos locais necessrios, a fim de combater bactrias e microorganismos estranhos.

SISTEMA RESPIRATRIO composto pelos pulmes, corpos localizados na regio do trax, cada qual de um lado do corao e pelas vias areas. Juntamente com o sistema circulatrio (item acima), responsvel pelo suprimento de oxignio a todos os tecidos do corpo. O sistema protegido pelas costelas e o conjunto inteiro conhecido como caixa torxica. Esta ltima revestida por um tecido em fina pelcula, conhecido como pleura. Sua misso facilitar que os rgos do sistema deslizem suavemente um de encontro ao outro. A tarefa principal do sistema a da respirao. Tal atividade desenvolvida principalmente pelo diafragma, membrana que se encontra abaixo da caixa torxica, constituda por tecidos musculares resistentes. O diafragma auxiliado pela atuao dos msculos abdominais (quando um est tensionado, o outro est relaxado). O mecanismo da respirao implica na passagem do ar externo ao organismo atravs da inalao: o ar entra pelo nariz, passa pela traquia e atinge os brnquios, duas ramificaes que se derivam da traquia. Dos brnquios, o ar vai ramificando-se ainda mais, passando pelos bronquolos, at chegar aos alvolos, minsculas bolsas de ar revestidas por capilares. As paredes dos alvolos so extremamente finas, o que possibilita a passagem do ar que ali se encontra para dentro dos capilares, cujas paredes so permeveis. importante ao ergonomista o conhecimento de como atua o sistema respiratrio, na medida em que sabe-se que determinadas posturas

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prejudicam o funcionamento de tal sistema e que o modo como um trabalho pode ser organizado altera o ritmo respiratrio dos trabalhadores. O mecanismo de INSPIRAO do ar merece uma considerao antomo-fisiolgica importantssima para o estudo e aplicao da Ergonomia.Ocorre que a respirao depende do aumento e da dimunuio do VOLUME da caixa torxica, estando este diretamente relacionado ao funcionamento do diafragma e ao mecanismo da INSPIRAO. Esta ltima ocorrendo, determina uma diminuio na presso interna da caixa torxica, com duas conseqncias. 1) penetrao de ar pela traquia at os alvolos; 2) aumento da presso da circulao venosa para o interior do lado direito do corao, com boa chegada de sangue venoso parede alveolar, em contato com ar renovado e rico em oxignio. Da concluirmos como importante para a manuteno da HEMATOSE a inspirao facilitada por uma postura correta, assunto a ser detalhado na aula a seguir.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA: a - Diferencie a contrao muscular Dinmica da Esttica. b - No que consiste a Carga Hemodinmica? c - Explique a importncia do tempo de REPOUSO para os tendes. d - Como os alvolos atuam no processo de Hematose?

Captulo 4 - Anlise Postural do Corpo Humano

Na aula 01 observamos que o Ergonomista comparece indstria para analisar como um operrio trabalha, avaliando, entre outras coisas, a sua POSTURA DE TRABALHO e as ATIVIDADES MOTORAS pelo mesmo desenvolvidas. Atravs desta anlise que so identificadas diversas incompatibilidades existentes entre o posto de trabalho e os limites do corpo humano. A postura do corpo compreendida como o arranjo relativo entre as partes que compem este corpo. A BOA postura aquela que se caracteriza pelo EQUILBRIO entre os diversos segmentos corporais estruturais (ossos e msculos, de modo geral), protegendo o organismo contra agresses e deformidades. Na BOA postura, portanto, as estruturas orgnicas desempenham suas funes de modo eficiente. Por concluso, a M postura pode ser conceituada como aquela em que h DESEQUILBRIO entre aquelas partes do corpo e tambm na qual o relacionamento entre as estruturas ineficiente, induzindo o organismo agresses e leses diversas, localizadas ou generalizadas. J as atividades motoras so compreendidas como os movimentos que rearranjam os segmentos corporais entre uma postura e outra, sejam tais movimentos amplos ou reduzidos. Podemos classificar, segundo WISNER, as atividades motoras em: - gestos de observao; - gestos de ao e - gestos de comunicao. Os gestos de observao so aqueles utilizados para se captar informaes e sinais que chegam ao posto de trabalho. Os gestos de ao so os modos operatrios adotados pelo trabalhador neste mesmo posto. Por fim, os gestos de comunicao so compreendidos pela linguagem gestual usada pelos trabalhadores para transmitir alguma mensagem.

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Repare que todos os gestos esto diretamente relacionados realizao de uma tarefa e, para que esta seja efetuada com sucesso, so adotadas posturas de trabalho e, entre estas, so desenvolvidas atividades motoras.

Exemplo: Um operador de ponte rolante est na cabine de operao deste equipamento, a 30 metros de altura. Um trabalhador est no piso de galpo. O operador da Ponte observa o outro trabalhador, que lhe faz um sinal, para que abaixe o guincho at sobre um motor de bomba que est no piso. Interpretando este sinal, o operador posiciona o guincho na altura indicada.

FATORES QUE INFLUEM NA ADOO DE POSTURAS Como vimos, os gestos so adotados entre uma postura e outra para a realizao de tarefas. Mas preciso analisar PORQUE os gestos so adotados pelo trabalhador, levando-o adoo desta ou daquela postura. Vrios so os fatores que influem e, at mesmo obrigam o trabalhador adoo de posturas inadequadas, levando seu organismo agresses e leses diversas.

- Fatores relacionados natureza da tarefa. Dependendo do tipo de tarefa, esta mais voltada atividade mental ou atividade fsica. Cada atividade implicar na adoo de posturas que correspondem natureza. Exemplos: A- Um operador de painel que trabalha numa sala de controle, sentado, observando dezenas de mostradores, controlando vriaveis de um processo industrial. A atividade de natureza mental. B- Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos de caf, no cais do porto. Seu trabalho implica em permanente movimentao e esfro fsico.

- Fatores Fsicos Ambientais. Compreendem a quantidade de grandezas fsicas existentes no ambiente e no posto de trabalho, no qual est o trabalhador. Rudo, iluminamento, temperatura, umidade, so alguns fatores que implicam na adoo de posturas. Exemplos: A- Um metalrgico controla a qualidade de peas produzidas numa linha de montagem e sua movimentao nesta linha, observando tais peas atravs de uma pequena abertura existente num tapume que serve de proteo. O tapume no foi previsto originalmente para a linha de produo, mas o prprio metalrgico o colocou defronte linha, pois as peas que por ali passam ainda esto incandescentes, irradiando calor em excesso, que no suportado pelo organismo humano. Neste exemplo, observa-se que o trabalhador acaba inclinando a cabea at a altura da abertura existente no tapume, a fim de obter um ngulo de viso das peas. O calor (agente fsico) implicou na colocao do tapume (Veja slide na sala de aula). B- Um digitador trabalha sentado defronte uma mesa, operando seu micro. O CPD no qual trabalha refrigerado por sistema de ar condicionado central. Uma calha percorre a sala do CPD no sentido longitudinal, com vrias derivaes da calha central que distribuem diversas tubulaes de insuflao de ar no ambiente. Uma grelha de ar est sobre a mesa do digitador, insuflando ar frio que atinge a regio da sua coluna cervical. Inconscientemente, o digitador adota uma postura encolhida, tensionando os msculos da cintura escapular e da cervical.

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- Fatores Dimensionais. Muito comuns, os fatores dimensionais de um posto de trabalho influenciam diretamente na adoo de posturas e gestos dos trabalhadores. Referem-se ao tamanho e localizao de alavancas, botes, pedais, teclados, volantes, entre outros dispositivos de comando de mquinas e equipamentos. Tambm a presena de estruturas, degraus, passagens, influenciam na postura adotada. Exemplos:

A- Na aula 01 j temos um timo exemplo, em relao postura adotada pela operria da linha de montagem de rdios e toca-fitas. No havia espao abaixo da bancada de trabalho, pela presena de cantoneiras, impossibilitando a colocao das pernas e ps da operria, o que a obrigou a rotacionar o tronco para um dos lados, torcendo a coluna. Para colocar painis com dispositivos eletro-eletrnicos j montados numa esteira rolante, a operria debruava seu corpo sobre caixas de plstico e estendia todo o brao. So posturas adotadas em funo das dimenses do posto e da localizao de seus diferentes componentes.

B- Um operador de Ponte Rolante debrua o tronco e a cabea por sobre o caixilho da janela localizada na cabine de controle, numa altura de 03 andares (possibilidade de queda-livre). Tal postura absurda (veja o slide) ocorre em funo da necessidade que o operador da PR tem de visualizar os equipamentos que se encontram abaixo da cabine da ponte. No exemplo, percebemos que, se o operador ficar sentado no banco existente dentro da cabine, ser impossvel enxergar as bobinas de ao que devem ser iadas pelo guincho, o que o obriga a debruar-se para fora da cabine.

C- Numa rea industrial de grande porte, com diversos pavimentos, encontram-se equipamentos com altura elevada, como tanques de estocagem (entre 15 e 20 metros) sobre os quais h motores, bombas e tubulaes que sofrem manuteno mecnica. Falhas no projeto da rea industrial possibilitam que alguns destes equipamentos sejam posicionados muito prximos a pisos, plataformas ou paredes da rea, o que implica em verdadeiros malabarismos posturais por parte dos trabalhadores. Bocas de visita de tanques e caldeiras, muitas vezes de dimetro restrito, s permitem mesmo que os mecnicos e outros profissionais de manuteno entrem no vaso por terem dimenses corporais pequenas.

- Fatores Temporais. So de grande importncia, na medida em que j temos conscincia de que os trabalhadores so obrigados a adotar posturas absurdas e que as agresses ao organismo so ainda mais acentuadas, quanto maior for o tempo em que o corpo permanece em desequilbrio. Se as atividades so desenvolvidas sob presso de tempo, a situao se agrava em funo da tenso nervosa qual o trabalhador se expe. Mais uma vez usaremos o exemplo da operria mencionada na AULA 01: A- O controle da velocidade da esteira rolante que corre junto s bancadas de trabalho no da operria, sujeitando-se a mesma velocidade imposta por sua chefia. Ela sabe muito bem que se a velocidade aumentada na linha de montagem, um recado est sendo enviado todas as operrias: TRABALHEM MAIS RPIDO. Tal situao s leva muitas vezes a um descontrole emocional, pois esto sendo pressionadas a aumentar o ritmo de trabalho. Esta situao costuma fazer com que a concentrao mental das trabalhadoras aumente muito, implicando-as a aproximar o tronco e a cabea ao plano de trabalho da bancada, alterando a postura.25

O mais impressionante que a operria nem ao menos se d conta de tal situao. S no final de um turno de trabalho, quando sai para almoar, por exemplo, que a operria sente a agresso postural, manifestada por fortes dores musculares e retesamento de tecidos, ligamentos, etc.

B- Situaes parecidas tambm se verificam na seo de controle de qualidade, no final da linha de montagem de produtos. Uma esteira rolante faz com que os produtos acabados passem na frente de um inspetor, que deve observar alguns detalhes da pea, procurando defeitos. Caso haja detalhes que exigem grande acuidade visual por parte do inspetor, o mesmo acaba debruando o tronco sobre a esteira, aproximando a cabea (e os olhos) do objeto a ser inspecionado, adotando uma postura errada. Se a velocidade da esteira for incompatvel capacidade mental do inspetor, o fator temporal (tempo para identificar defeitos e rejeitar a pea) caracterizado.

O TRABALHO NA POSTURA SENTADA E NA POSTURA DE P J est comprovado cientificamente que ambas as posturas resultam em uma srie de inconvenientes para o nosso organismo. Quando se est de p, necessitamos considerar duas situaes distintas: de p com o corpo parado e de p com o corpo em movimento (andando, por exemplo).

DE P, COM O CORPO PARADO Situao muito comum para vendedores e balconistas, tal postura caracteriza-se por um acmulo de sangue venoso retido junto aos tecidos dos membros inferiores, em funo de um esforo muscular esttico. Como no h movimentao, ou esta muito discreta, o sangue tem dificuldade em voltar ao corao, onde oxigenado. A dor nas pernas em tal situao comum e at mesmo a sensao de formigamento relatada.

DE P, COM O CORPO EM MOVIMENTO Quando andamos, os msculos das pernas encontram-se em contrao e relaxamento alternados, o que facilita o fluxo de sangue e conseqnte oxigenao do mesmo. No ocorrendo acmulo de sangue venoso nos tecidos, estes no ficam entumecidos, concluindo-se que dificilmente haver dores na regio. Contudo, quando caminhamos em rampas (planos inclinados) ou em escadas, o dispndio energtico aumenta, pela necessidade que temos de equilibrar a parte do corpo que est momentaneamente sem apoio.

SENTADO Ao contrrio do que muitos possam pensar, a postura sentada no implica num relaxamento da musculatura corporal e num trabalho mais facl e confortvel. Tais respostas apenas se verificam em condies especiais, nas quais a cadeira que se usa perfeitamente adequada s caractersticas anatmicas de seu usurio.26

Normalmente as situaes vivenciadas pelos trabalhadores que ativam-se em postura sentada resulta em dores e incmodos relevantes, chegando ao ponto em que o trabalhador passa a recusar o assento e d preferncia ao trabalho em postura de p (exemplo da aula 01). De fato, o constante trabalho sentado promove uma flacidez no msculos abdominais, geralmente acompanhada por uma indesejvel curvatura nas costas, desde a regio dorsal at a regio lombar (coluna em C). Tal postura inclinada resulta na convergncia das costelas superiores, o que diminui a amplitude de seus movimentos. Tambm o espao onde normalmente atua o diafragma diminudo. A conseqncia ser uma respirao reduzida. Acompanhando tais problemas, verifica-se que a postura da coluna em C, produz uma presso assimtrica nos discos intervertebrais, o que favorece a sada do lquido nutriente que embebe os tecidos do anel e do ncleo pulposo e j vimos, quais as conseqncias de tal situao (degenerao acelerada da coluna vertebral). A postura inclinada para frente (ou coluna em C) promovida geralmente quando no h encosto na cadeira ou quando este existe, mas intil, pois o trabalhador se v obrigado a deslocar o tronco para a frente, a fim de obter o alcance motor e/ou visual em relao ao plano de trabalho (um painel de controle, uma bancada, etc.). H outra situao em que torna a postura sentada bastante incmoda. Quando no h espao para colocar as pernas abaixo do tampo de uma mesa, o indivduo obrigado a sentar com as pernas de lado, rotacionando exageradamente a coluna lombar e dorsal em relao cintura plvida. Tal postura acarreta a tenso localizada de determinados grupos musculares das costas, dificultando a oxigenao destes e causando rapidamente dores. Quando trabalha-se sentado de frente a um balco de mesa muito alta, a coluna fica retificada, com diminuio das curvaturas naturais (lordose e cifose). Ocorre que tais curvaturas so responsveis pela sustentao do tronco e, diminudas, resultam numa contrao esttica da musculatura do dorso, que se reflete na alimentao da coluna vertebral, expulsando o lquido nutriente do interior dos discos.

NEM SENTADO, NEM DE P muito comum observar em oficinas e em reas industriais uma postura em que o indivduo parece estar de p, mas tal a inclinao de seu tronco para a frente, que no podemos considerar tal posio como ortosttica, mas sim , no Meio do Caminho. Esta postura inclinada, que confere o famoso formato em C coluna, implica nos problemas j citados nos itens anteriores (veja tambm a AULA 02).

RECOMENDAES PARA O TRABALHO SENTADO Impossvel seria considerarmos que o indivduo que trabalha sentado deve preocupar-se apenas com a cadeira que usa, visto que o trabalho sentado se d em relao uma superfcie de trabalho que relaciona-se com o assento no qual est o indivduo. Assim, as recomendaes ergonmicas no se limitam especificaes de cadeiras adequadas a tal postura, mas tambm superfcies de trabalho frente da cadeira. A relao dimensional entre os dois componentes do posto de trabalho muito importante, como veremos a seguir.27

A CADEIRA Observaes efetuadas por profissionais de Medicina do Trabalho com funcionrios tpicos de escritrio, relatam que h diversas posturas de trabalho sentado no decorrer do dia e que no h postura padro. Tal fato facilmente justificvel na medida em que nosso organismo no suporta condies estticas, mas sim, gosta da alternncia dos movimentos. J vimos que quando o sistema muscular contrai-se e relaxa alternadamente, h uma boa vaso-irrigao dos tecidos, o que evita dores. Portanto, quando trabalhamos sentados, no permanecemos numa nica postura, mas adotamos diversos reajustes posturais. Conclumos, assim, que a cadeira na qual estivermos sentados dever possibilitar tais ajustes, sendo flexvel, nunca fixa (a cadeira onde voc est sentado agora possui regulagens?). Tais regulagens devem existir para que sempre que tenhamos que mudar de postura, as partes da cadeira (assento e encosto) se movimentem junto com o corpo, sustentando-o. Exemplo: se voc estiver numa cadeira de encosto fixo, e quiser se espreguiar, jogando o tronco para trs, levantando os braos, verificar que isto impossvel, a no ser que voc jogue a cadeira para trs e caia no cho. O encosto, portanto, deve ser mvel, basculando para trs e para a frente junto com os movimentos executados pelo tronco. Outra importante considerao refere-se ao assento da cadeira. Voc j deve ter sentado num daqueles sofs que engolem a pessoa, afundando e tendo grande dificuldade para levantar-se depois. Tambm j deve ter sentado em bancos e cadeira de madeira IN NATURA, sem qualquer tipo de revestimento ou frro. Qual das duas situaes acima a pior? - Resposta: AS DUAS ! Vejamos o sof que engole pessoas: quando nos sentamos, temos uma impresso inicial de muito confrto, pois o assento muito macio. Isto apenas um iluso que leva poucos minutos, para que logo mudemos de opinio! Ocorre que o sof em tais condies fora a coluna para uma inclinao frontal, pois se ficarmos na posio engolida, nosso tronco e a cabea ficaro arremessados para trs (olharemos para o teto!). Assim, a musculatura das costas fica em contrao esttica e j sabemos o que resulta tal contrao para nossos msculos e para a coluna. Ao mesmo tempo, a face posterior das coxas encontra-se totalmente apoiada no assento, o que no nada bom, pois h um lento, mas progressivo, esmagamento de tecidos superficiais daquela regio, com presso exercida sobre os vasos capilares. Tal presso dificultar a circulao sangnea e os ps em breve ficaro formigando. Vejamos agora o que ocorre com o banco de madeira. A superfcie, no sendo revestida, produz uma concentrao de presso sobre a parte inferior da cintura plvica, sobre duas tuberosidades localizadas nos squions. que todo o peso do corpo que se encontra acima da bacia passado para esta regio, sem que haja uma distribuio da carga sobre uma superfcie uniforme da face posterior das ndegas e das coxas. Portanto, o assento da cadeira no deve ser constitudo apenas com uma tbua de madeira, nem receber um revestimento tipo almofada de sof. O ideal que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e revestida de espuma com uns 2 centmetros de espessura. A altura do assento deve ser regulvel, com curso de 10 cm. Sistema de amortecimento com mola ou a gs essencial.

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A SUPERFCIE DE TRABALHO Tampos de mesa, bancadas, painis de controle, pranchetas de desenho, volantes de mquinas, teclados de computadores so superfcies de trabalho que se localizam geralmente frente de assentos de trabalho. Postos de trabalho que implicam na postura sentada so bastante comuns e inmeros apresentam inadequaes em relao anatomia do corpo humano. Caixas de supermercados, de farmcias, desenhistas, dentistas, bancrios, operrias de linhas de produo, escolhedeiras, datilgrafos, digitadores, so profissionais que se sujeitam diariamente posturas foradas quando esto sentados. Tais posturas ocorrem porque a relao entre a cadeira na qual sentam as pessoas no est compatvel com os planos de trabalho em questo.

Exemplo: CAIXA DE BANCO Repare que o caixa de banco costuma trabalhar muito de p, mesmo tendo sua disposio uma banqueta. que a superfcie de trabalho do caixa no se limita a um balco, mas possui uma gaveta de grandes propores, que, para ser aberta, invade o espao ocupado pelo tronco do funcionrio, caso este fique sentado na banqueta. Para ficar sentado, o caixa deve posicionar a banqueta longe do balco, para dar espao gaveta que aberta constantemente. Se ficar afastado, no alcana a registradora que est no fundo do balco. Assim, prefere ficar de p, postura na qual obtm maior mobilidade em relao ao posto de trabalho.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA PROVA: a- Como pode um fator fsico AMBIENTAL alterar uma postura? (d um exemplo diferente daquele da apostila!) b-D dois exemplos de fatores DIMENSIONAIS que obrigam um trabalhador a adotar posturas inadequadas (no adianta copiar da apostila!) c- A operria mencionada na aula 01 trabalha sentada, em seu posto de trabalho. Tente relatar TODOS OS PROBLEMAS POSTURAIS que ela enfrenta diariamente. d- Procure explicar qual a relao existente entre a cadeira usada por um digitador e a mesa onde est o micro que ele usa, em relao s posturas que o digitador adota em seu trabalho. Faa uso de exemplos, imaginando que o teclado est muito baixo, ou que o monitor de vdeo est muito alto, etc.

Captulo 05 - Posto de Trabalho

CONCEITO Por Posto de Trabalho entendemos um local no qual um trabalhador desenvolve suas atividades. Para tanto, informaes chegam ao posto, bem como partem dele. do posto que parte a atuao do trabalhador, atravs dos elementos que constituem tal base, como os comandos pelos quais se controla uma mquina, um veculo, uma aeronave, etc.

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importante, contudo, perceber que a anlise ergonmica de um posto de trabalho no se limita ao tamanho do posto ( uma cabine, uma bancada, uma mesa, etc). Tal ocorre em funo da ABRANGNCIA do posto, que pode se estender por diversas reas de atuao, que so controladas daquela base. Inmeros exemplos ilustram o mencionado acima: Exemplo 1: Imagine uma central eltrica, integrante de uma usina hidreltrica. Na sala de controle, diversos paneis de controle permanecem 24 horas por dia atuando sobre a gerao e distribuio de energia. Da sala, controlam-se centenas de quilmetros de raio ao redor da usina e tudo que ocorre de anormal registrado nos paneis. Percebe-se, portanto, a abrangncia enorme de tal posto de trabalho.

Exemplo 2: Um operador de ponte rolante atua numa rea de uma siderrgica. Sua funo bsica controlar os guinchos da ponte, para a elevao, transporte e descarga de peas, maquinrios, etc. Interessante observar, contudo, que o operador encontra-se dentro de uma cabine elevada a aproximadamente 30 metros de altura e que a ponte movimenta-se ao longo de um galpo cujo comprimento chega a 500 metros. Toda e qualquer pea, objeto, mquina, etc.a ser transportada pela ponte estar, portanto, a pelo menos 30 metros de distncia do homem que controla tal operao. Ao analisarmos ergonomicante tal posto de trabalho, no podemos atentar apenas s caractersticas da cabine da ponte rolante. Na verdade, interessa ao ergonomista todo e qualquer detalhe presente ao longo dos 500 metros do galpo no qual atua a referida ponte, pois para l que o operador ir olhar. Exemplo 3: Um operador de locomotiva atua na cabine de controle da mquina, que responsvel pelo deslocamento de uma composio de 60 vages. Toda e qualquer manobra efetuada pela locomotiva ser de imediato transmitida composio, sendo que h situaes nas quais o operador no consegue ver o que ocorre com os ltimos vages, pela presena de tneis, curvas, morros, entre outros obstculos. Pelos exemplos acima, percebe-se como a anlise ergonmica no se limita mquina, ao painel, ou cabine de onde se controlam operaes, mas vasta rea de atuao controlada da base de trabalhos. Isto nos leva a um importante conceito, chamado pelos ergonomistas de SISTEMA HOMEM X MQUINA.

O SISTEMA HOMEM X MQUINA Em todos os exemplos acima, h uma caracterstica em comum. ALGUM est controlando o andamento das operaes. Para tanto, uma seqncia observada, um ciclo de atividades fechado de tempos em tempos, anotaes so feitas, posturas so adotadas, informaes so recebidas, processadas, interpretadas, concluses so tiradas e, caso necessrio, aes so desempenhadas, para alterar um rumo, uma trajetria, um movimento, uma determinada quantidade, etc. Observemos uma etapa do trabalho do maquinista da locomotiva: A composio j se encontra em andamento sobre os trilhos. Na cabine, o trabalhador controla regularmente o nvel de combustvel, a velocidade, a temperatura, o nvel de leo, condio dos freios, entre outras variveis inerentes ao seu trabalho. So dados provenientes da prpria mquina que ele opera. Mas o que no dizer a respeito do ambiente externo locomotiva? Est chovendo? A trajetria est livre frente? noite ou dia? Quais as condies de visibilidade (neblina, chuva, fumaa, etc)? Tudo isto se refere s INFORMAES. Nestas que o operador presta a ateno, pois analisandoas que consegue tomar ATITUDES (freiar, acelerar, acender faris, ligar o limpador de pra-brisa, etc).30

Pois bem, o mecanismo de recebimento e emisso de informaes e atitudes conhecido como interface HOMEM X MQUINA ou SISTEMA HOMEM X MQUINA. A Ergonomia estuda tal sistema para interferir nos projetos dos postos, de forma a trabalhar com as dimenses, os formatos, as cores, a iluminao, a localizao de vidros, passagens, acessos, visibilidade, entre tantos outros fatores. Para tanto, a Ergonomia faz uso das cincias que j foram citadas anteriormente, para conhecer os limites sensoriais do homem (espectro de cores visveis, nveis de presso sonora, tato, etc) e limites fisiolgicos e anatmicos (alcances, ngulos de confrto, fora muscular, etc.) A Ergonomia tambm analisa e interfere na comunicao que se estabelece entre o homem e seu posto de trabalho, alterando o formato e tamanho de letras impressas em mostradores (voltmetros, ampermetros, termmetros, etc. indicadores de nvel de variveis das mais diversas), alterando ngulos, eliminando reflexos e ofuscamento, otimizando a iluminao no ambiente, encontrando a velocidade mais adequada para que uma escala se movimente, etc., etc. As reas envidraadas, que possibilitam uma viso do que ocorre externamente ao posto, tambm sofrem estudos.

A IMPORTNCIA DOS ALCANCES MOTOR E VISUAL Por ALCANCE MOTOR entendemos que um objeto qualquer alcanado por um segmento corporal, geralmente pela mo. Quando o maquinista da locomotiva aperta um boto no painel que se encontra sua frente, est exemplificando o ALCANCE MOTOR. Por ALCANCE VISUAL entendemos tudo aquilo que devemos ver e que, efetivamente, conseguimos ver e interpretar como informaes. Estas informaes geralmente so essenciais ao bom andamento do trabalho. Novamente, recorrendo ao exemplo do maquinista, encontramos uma situao aplicvel ao ALCANCE VISUAL, pois a trajetria da composio nos trilhos acompanhada constantemente pelo visor frontal e superior da locomotiva.

EXERCCIO: Observe o slide apresentado em sala de aula e procure explicar qual a relao entre o ALCANCE VISUAL e o ALCANCE MOTOR do posto de trabalho da locomotiva. Agora procure responder: a) Por que o maquinista projeta sua cabea pela janela lateral e olha para fora? b) O que ocorre com o ALCANCE MOTOR de seu brao esquerdo quando adota tal postura? A anlise que voc acaba de fazer caracterstica tpica do trabalho desenvolvido pela Ergonomia. sempre necessrio perguntar por que uma determinada situao de desconfrto (e at mesmo de risco) est ocorrendo e tambm as conseqncias de tal situao.

REAS DE TRABALHO E ALCANCES As reas de trabalho de um posto implicam necessariamente em alcances (motor e/ou visual). Contudo, certos equipamentos, certos painis ou certos botes so muito mais utilizados do que outros. Claro est, portanto, que aqueles instrumentos mais utilizados devem estar mais ao alcance do trabalhador, sendo considerados prioritrios.

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A localizao de tais instrumentos, regra geral, no deve implicar em alteraes posturais do trabalho, na medida do possvel. Um excelente exemplo verifica-se nos automveis, quanto ao posto do motorista. Observe que o motorista controla a t