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Professores: André de Azevedo e Angelo Ricordi 1 PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA SALETTE APOCALIPSE CURSO DE TEOLOGIA 2014

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Professores: André de Azevedo e Angelo Ricordi

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PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA SALETTE

APOCALIPSE

CURSO DE TEOLOGIA 2014

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PARTE I: A APOCALÍPTICA

1 GÊNERO LITERÁRIO APOCALÍPTICO

O verbo grego apocalyptein significa descobrir, revelar, tirar o véu; isso tanto no

sentido físico como no metafísico. Essa palavra foi usada na Septuaginta num sentido

puramente material. Somente no grego neotestamentário é que esta palavra ganha um

sentido metafísico, significando "revelar um segredo divino". Que segredo seria esse?

Não se trata de revelar o fim do mundo, mas revelar um plano divino, um projeto de Deus.

As raízes da literatura apocalíptica se perdem nos séculos, tendo fonte no

profetismo. Retomando os profetas, normalmente dividimos a profecia em três períodos:

Profetas oradores: dos primórdios ao século IX a.C. Não escreveram nada e a

Sagrada Escritura traz histórias sobre eles.

Época áurea: dos séculos VIII - VI a.C. (aqui temos os grandes profetas).

Pós-exílio: dos séculos VI - III a.C.; são os profetas da restauração (profetas

menores).

Por volta do século III a.C. desaparecem os profetas e o profetismo, como

movimento, se encerra. A apocalíptica, por conseguinte, encaixa-se como uma

continuação da profecia. As raízes da apocalíptica se perdem dentro do gênero profético.

O período áureo da apocalíptica está entre II a.C. – II d.C.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA APOCALÍPTICA

A História Sagrada se tece a partir de uma promessa de Deus: posse da terra e

descendência numerosa. A terra da promessa foi conquistada no século XIII a.C. com o

êxodo. Desde este século até 586 a.C. o povo viveu nesta terra; criou-se, assim, uma

mentalidade de que bastava crer em Deus para que suas promessas se cumprissem. É

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contra isso que os profetas lutam, ou seja, querem ser sinal de Deus para que a justiça

social se estabeleça.

Ora, em 586 a.C. acontece a grande catástrofe: Israel é invadido pelo Império

Babilônico e exilado. Isso cria um grande choque e a fé do povo de Deus é questionada:

Como pode Deus falhar na sua promessa e Jerusalém não ser mais sua cidade? Coloca-

se em xeque toda uma teologia e toda uma fé. (Observação: esse, segundo os exegetas,

é o período em que a Sagrada Escritura começou a ser escrita).

Em 538 a.C. os babilônicos são derrotados pelos persas, pelo rei Ciro, que é

chamado, por Jeremias, de "servo de Javé". Ciro é o “tipo” do Messias. O povo volta do

exílio, mas grande parte dele fica na Babilônia. O povo volta para a terra, mas essa terra é

propriedade dos persas. Não há mais dinastia davídica e, aparentemente, a promessa de

um herdeiro forte se esvai no tempo Em 515 a.C. há a reconstrução do Templo de

Jerusalém.

Essa situação perdura até 323 a.C., quando surge Alexandre Magno e o período

da colonização grega. Alexandre Magno, assim, conquista a Palestina não apenas

geograficamente, mas também culturalmente. Neste mesmo ano a Palestina passou das

mãos de Alexandre para os Selêucidas (Síria).

Um dos selêucidas, chamado Antíoco Epifanes, que governou de 175-164 a.C.,

decretou que no seu império a língua seria o grego. Israel era uma espécie de “gueto” em

que se falava aramaico. Antíoco quis acabar com a cultura judaica proibindo a

circuncisão, a observância do sábado e a leitura da Torá; mandou queimar todos os

textos bíblicos e proibiu os sacrifícios colocando uma estátua de Zeus sobre o altar dos

holocaustos. O Templo está profanado e Jerusalém está arrasada.

Essa situação provoca a revolta dos Asmoneus (dinastia da cidade de Asmona).

Quem começa a revolta é Judas Matatias, que recebe o nome de Macabeu (em aramaico:

macaba = cabeça de martelo). Depois de muito esforço conseguem a independência do

país em 132 a.C. Entretanto, no ano 64 a.C. temos a dominação romana.

Percebemos, então, o seguinte drama: há uma promessa de Deus a Abraão da

terra. A realidade é que não se tem a posse dessa promessa. A fé afirma que Deus não

falha e não nega sua palavra, mesmo que a realidade presente não condiga com a

promessa. Começa-se, dessa maneira, a se questionar quando se dará esta promessa. É

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justamente aqui que nasce a literatura apocalíptica, um gênero literário e,

consequentemente, um movimento de espiritualidade que fornece esperança; não se trata

de um gênero que afirma que Deus vai destruir a realidade presente, mas que Deus

cumprirá sua promessa.

3 CARACTERÍSTICAS DA APOCALÍPTICA

3.1 Revelação

No gênero profético prevalece o oráculo; na apocalíptica prevalece a visão, isto é, o

que está em jogo não é tanto o falar, mas o ver.

Normalmente mostra-se o céu aberto e a pessoa é chamada a entrar no céu para

ter as revelações divinas. Essas revelações podem ser feitas diretamente por Deus ou

através de um anjo.

Deus revela seus segredos por dois modos: Deus pode falar ou pode mostrar

(audição ou visão). A pessoa pode ver por dois modos: sonhos ou visões. Deus revela

tudo aquilo que a nossa capacidade humana não pode compreender. Essas revelações

podem ser do passado, presente ou futuro.

É interessante notar que os objetivos dos apocalipses não são as descrições do

passado, mas o entender o futuro, que tem sua raiz no passado. Quando falam do futuro,

a maioria deles se atém sobre o último combate entre o bem e o mal, sobre a ressurreição

final, como será a parusia, etc. Como muitos apocalipses, ao abordarem o futuro, podem

ser mal interpretados gerando uma confusão entre apocalíptica e escatologia.

3.2 Pseudonímia

A palavra “pseudonímia” é referente a “pseudônimo”, isto é, escolha de um nome

“falso”, geralmente de uma autoridade para corroborar o escrito. Qual o motivo dessa

escolha literária?

Ora, a apocalíptica surgiu numa época em que não existiam profetas e, para um

judeu, os segredos divinos são revelados a um profeta. Assim, os autores da apocalíptica

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atribuem a obra a um personagem importante do Antigo Testamento. Temos apocalipses

de Abraão, Moisés, Isaías, Jeremias, Sofonias, Henoc, etc.

3.3 Caráter esotérico

Todos os apocalipses têm um caráter esotérico (= secreto, fechado, reservado).

Por essa razão, os livros são antidatados, isto é, sofrem o fenômeno da antidatação para

que, de certa maneira, “fiquem obscuros”, propensos à sensação do mistério.

3.4 Indeterminismo da Linguagem

Os apocalipses têm sempre uma linguagem indeterminada, aproximativa, pois

permitem manter o caráter secreto e, por outro lado, o indeterminismo é consequência da

revelação recebida, que não pode ser compreendida, e, consequentemente, as

expressões mais usadas são: "era como, tinha o aspecto, parecia, era semelhante", etc.

3.5 Simbolismo

É uma das principais características da literatura apocalíptica. Sua função é manter

o esoterismo e confere a facilidade de descrever coisas incompreensíveis. Os símbolos

podem ser:

3.5.1 Numéricos

3: é o número da intensidade, é o número da divindade.

4: é o número da realidade humana (por causa dos 4 cantos da terra). Deste

número resulta o número 40 (= tudo aquilo que um homem pode fazer bem; é o

tempo suficiente para se fazer algo bom).

7: é o a soma do divino com o humano (3 + 4); é o número da perfeição, entendida

como perfeição ética e moral. Os derivados de 7 são o 70 e 77.

6: indica a quase perfeição.

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8: indica o mais que perfeito, é a plenitude.

3 e meio: é o imperfeito, o limitado.

10: indica certa perfeição (número dos dedos).

12: é o número do povo, número da totalidade.

1000: um número incontável.

144mil: é 12x12; mil é igual a um número incontável.

3.5.2 Cromáticos

Branco: símbolo da divindade, símbolo da vitória.

Brilhante: símbolo também de Deus.

Vermelho: símbolo do martírio, guerra.

Púrpura: luxo, cor dos reis; também indica luxúria.

Preto: indica a ausência de alguma coisa.

3.5.3 Terriomórficos

Leão: nobreza ou força irresistível.

Touro: força muito grande.

Pantera: traição.

Urso: potência irresistível.

Águia: perspicácia.

Dragão: é sempre o demônio.

Asas: proteção e agilidade, rapidez.

Chifre: indica uma força militar.

3.5.4 Corpo humano

Cabeça: vida, vitalidade.

Olhos: conhecimento.

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Mãos: pode indicar a pertença, proteção.

Pernas e pés: estabilidade, domínio.

Boca: indica o oráculo.

Cabelos brancos: indica a eternidade.

3.6 Determinismo

Tudo é visto em dois planos: um plano terrestre e um plano celeste. Diante de

Deus a história já está determinada. Deus é Senhor da história e sabe aonde vamos

chegar.

O gênero apocalíptico insiste no determinismo porque é uma literatura que insiste

na esperança.

4 EXEMPLOS DE ALGUNS APOCALIPSES

Século II a.C.: Livro de Henoc, Livro dos Jubileus (é também chamado de

Apocalipse de Moisés), Testamento dos Doze Patriarcas.

Século I a.C.: Livros Sibilinos; Salmos de Salomão.

Século I d.C.: IV Livro de Esdras; Ascensão de Isaías; Apocalipse de Abraão; Vida

de Adão e Eva.

Século II d.C.: Testamento de Abraão; Apocalipse de Baruc e Apocalipse de

Sofonias.

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PARTE II: O LIVRO DO APOCALIPSE

1 O LIVRO CANÔNICO DO APOCALIPSE DE SÃO JOÃO

1.1 Relação entre Apocalipse e Apocalíptica

Se confrontarmos de maneira superficial o Apocalipse de João e os livros da

apocalíptica, veremos que o Apocalipse canônico é apenas mais um livro desse gênero

literário, com muitas semelhanças entre eles. Entretanto, há elementos no Apocalipse

canônico que não se encontram na apocalíptica:

Fato cristão: o livro é todo dominado pela figura de Cristo (Cristo na figura do

Cordeiro). A apocalíptica fala de uma era final que irá chegar; o Apocalipse

canônico afirma que já vivemos esta era, este último momento, pois desde a

ressurreição de Cristo está inaugurado o tempo messiânico, apenas esperamos

que ele se realize totalmente.

Fato de o autor considerar-se um profeta: ele não se considera um escritor

apocalíptico, mas um profeta, visto que ele nomeia seu livro de profecia.

Assim, podemos afirmar, estamos, sim, diante do gênero literário apocalíptico, mas

há uma mescla com o profetismo. Seria, então, correto afirmar que autor tem uma

intenção profética com jeito de apocalíptica; a alma é profética e o corpo é apocalíptico.

1.2 Autoria

Excetuando as cartas de Paulo, o Apocalipse é o único livro do Novo Testamento

que traz em seu texto o nome do autor. O autor chama-se João, sem nenhuma outra

especificação a não ser "Servo de Jesus Cristo" (Cf. Ap 1,1) e "companheiro na

tribulação" (Cf. Ap 1,9), ou seja, ele faz parte de uma Igreja que está vivendo um

momento de perseguição. Nenhuma vez ele se autodenomina “apóstolo de Jesus Cristo”.

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Quem é, afinal, este João, servo de Cristo e companheiro na tribulação? Temos

algumas respostas:

Este João é o apóstolo (posição da Tradição).

Este João não é o apóstolo: estamos diante de um caso de pseudonímia. Portanto,

o autor é desconhecido (posição da maioria dos exegetas).

Outros falam que o autor é João apóstolo, mas o evangelho não é dele.

Outros dizem que o autor não é João apóstolo, mas que o evangelho é dele.

As primeiras dúvidas da autoria apostólica apareceram já no século III. Os que

viveram antes disso afirmavam que era de João apóstolo (Cf. testemunho de Justino,

Clemente, Ireneu e Tertuliano).

A primeira pessoa a duvidar da autoria do Apocalipse foi um tal de Gaio, chamado

de presbítero romano. Gaio dizia que o Apocalipse foi escrito por Cerinto (fundador dos

ebionitas) 1. Ele faz isso para atacar o montanismo2, que tinha sua base de argumentação

no Apocalipse.

1 Segundo alguns, por esse nome - ebionitas - designam-se os seguidores de uma personalidade chamada

Ebion. Porém, o mais provável é que possui em sua base o vocábulo grego ebion (pobre). Segundo isso, os seguidores desse movimento vêm em seu próprio nome uma alusão a seu modo de viver, isto é, consideram-se eles os “pobres de Javé”. Como características da corrente heterodoxa ebionita apresentamos: na teoria da origem do mundo, os ebionitas professavam ideias dualistas; Deus estabeleceu desde o começo um princípio bom e outro mau, a este se entrega o domínio sobre o mundo atual, ao outro, sobre o mundo vindouro. O princípio bom é Cristo, o profeta messiânico prometido. Jesus de Nazaré foi consagrado por Deus como Messias e dotado de força divina no dia de seu batismo no Jordão. Não era, portanto, o filho preexistente de Deus, mas filho natural dos pais terrenos, que por seu exemplar cumprimento da lei foi elevado por Deus a Messias. Assim, a imagem ebionítica de Cristo está essencialmente definida pelo adocionismo (Jesus de Nazaré foi adotado como filho) e pela negação do valor soteriológico da vida e morte de Cristo. Com uma supervalorização da lei mosaica e a negação do valor soteriológico da morte de Cristo, conseqüentemente temos uma certa negação da doutrina paulina, a qual era vista como inimiga da lei e falsificadora do verdadeiro pensamento de Jesus. A seita floresceu na Palestina nos séculos II a IV e seus membros consideravam a pobreza um princípio básico, tendo seus bens como propriedade comum. A maior parte dos membros da seita vivia na Transjordânia e na Síria Oriental.

2 Heresia propagada por Montano, sacerdote pagão convertido ao cristianismo, na Frigia. Iniciou sua

pregação com duas mulheres, Priscila e Maximila, que lhe faziam eco. Não ensinavam doutrinas especiais, porém anunciavam que o fim do mundo estava próximo. Isso fascinou muita gente. Montano e as profetizas continuaram com grande entusiasmo excitando a uma rigorosa penitência. Para ter autoridade, Montano se apresentava como encarnação do Espírito Santo e isso pretendia provar com os seus êxtases e inspirações celestes, com seu rigor de costumes. Este rigorismo característico dos montanistas se manifestava nos seguintes princípios:

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A crítica mais séria à questão da “paternidade” do Apocalipse foi feita por Dionísio,

bispo de Alexandria. Ele fez um estudo comparativo entre Apocalipse e o Evangelho de

João e chegou à conclusão de que o Apocalipse não é joanino.

1.3 Local e Data

O próprio livro diz que seu autor teve as visões quando esteve exilado na ilha de

Patmos (próximo a Éfeso; tem 12 km de extensão e 4 km de largura); era um lugar

reservado às pessoas exiladas. Alguns autores acham que em Patmos tiveram lugar as

visões e o livro foi escrito em Éfeso.

Quanto à data, temos algumas opiniões:

Santo Ireneu: diz que foi escrito no final do império de Domiciano (81-96).

Eusébio de Cesareia: foi escrito no 14o ano de Domiciano (96).

Além disso, temos alguns indícios do próprio texto do Apocalipse:

Capítulos 1-3: temos cartas às sete Igrejas da Ásia Menor. A crítica que o autor

faz a essas Igrejas é que elas perderam o fervor primitivo e procura alertar para o

perigo de heresias. Essas Igrejas são de fundação paulina. Se são de fundação

paulina e possuem a presença de heresias, devemos datar o livro com mais ou

menos vinte anos depois da morte de Paulo.

a. Apartar-se dos costumes introduzidos nas comunidades cristãs e exercitarem-se em uma mortificação intensa de si mesmos, com a renúncia ao matrimônio e o exercício de um rigoroso jejum. O pouco tempo que faltava para a parusia devia-se passá-lo com mortificações e jejuns;

b. Deviam estar dispostos ao martírio e assim buscá-lo, ficando, por isso, proibido ocultar-se nos momentos de perseguição;

c. Não devia se esperar o perdão dos pecados. Eis um ponto mais típico do rigorismo montanista, pois para eles não havia o perdão dos pecados veniais.

d. O movimento se estendeu muito no Oriente. Anunciava-se que a próxima vinda de Cristo teria lugar em Pepuza e, com efeito, para lá acorrera grande massa. Apesar do desengano sofrido, a seita foi crescendo.

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Organização da Igreja: essas Igrejas já têm organização e as cartas são uma

ameaça ao "anjo" da Igreja (= epíscopo, bispo). A Igreja tem uma organização e o

anjo tem uma autonomia.

Autoridade do autor sobre as Igrejas: prova-se pelas ameaças presentes no

texto.

Perseguição: essas Igrejas são ameaçadas de perseguição. Nós sabemos que a

Igreja sofreu duas grandes perseguições no primeiro século: perseguições: a

perseguição de Nero (54-68), que era limitada à cidade de Roma, e a perseguição

de Domiciano (81-96); esta última perseguição apresentou um problema político:

Domiciano se autoproclamou deus e, se não se aceitasse o imperador como deus,

se era considerado um traidor. Assim, Domiciano persegue os cristãos.

Há um texto de Ap 17,10.11 que, interpretado, nos ajuda a compreender a

descrição da besta do Apocalipse. Sete reis: Augusto César (27 aC –14 dC),

Tibério (14-37), Caio Calígula (37-41), Cláudio (41-54), Nero (54-68), Vespasiano

(69-79), Tito (79-81). Temos 7 reis, dos quais 5 já caíram, um existe (Vespasiano),

virá um que durará pouco tempo (Tito). A besta é o oitavo rei (Domiciano: 81-96),

mas ela é um dos 7 (o autor se baseia numa lenda romana de Domiciano, a lenda

do “Nerus redivivus”, isto é, que Domiciano é a reencarnação de Nero). Por essa

razão a besta tem o número 666 (que na gematria, a arte da enumeração de

valores referentes a palavras, é o resultado do nome “Cesar Nero”). Isso no leva a

crer que o Apocalipse foi escrito no reinado de Domiciano (95).

1.4 Destinatários

A pergunta que levantamos aqui é: A quem é dirigido o livro do Apocalipse?

Podemos falar de dois tipos de destinatários:

Imediatos: as sete Igrejas da Ásia Menor. Por que a essas Igrejas? A maioria dos

autores admite que era porque essas Igrejas eram as que mais sofriam

perseguição.

Mediatos: o Apocalipse é dirigido a toda a Igreja, de todos os tempos e de todas

as partes.

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1.5 Objetivo

Qual o objetivo do autor ao compor o livro do Apocalipse? Podemos encontrá-lo no

próprio texto:

Alertar a comunidade cristã sobre os perigos que rondam a própria comunidade.

Oferecer uma palavra de ânimo e consolo.

Quais são esses perigos?

Perigos internos: perda da fé, perda do fervor primitivo, relaxamento moral,

surgimento de heresia.

Perigos externos: perseguição, que começa com Nero (54-68); uma perseguição

localizada (cidade de Roma). Logo após, a perseguição generalizada de

Domiciano.

1.6 Estrutura do Livro

Basicamente o Apocalipse possui duas grandes partes: a profética e a apocalíptica.

Vejamos:

Primeira parte: 1,9-3,22 (parte profética). Essa primeira parte é dominada pela

carta às Igrejas; 1,9-20 (visão inaugural); 2,1 - 3,22 (cartas às Igrejas);

Segunda parte: 4,1-22,5 (parte apocalíptica), que assim podemos classificar:

a. 4,1-11: visão do trono de Deus. Deus está num trono com um livro (é o Senhor da

história).

b. 5,1-14: visão do Cordeiro: é o único que tem a capacidade de revelar o livro, pois

ele é o Cordeiro imolado, é o único que nos faz compreender os desígnios de Deus

na história.

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c. 6,1 - 8,1: os sete selos (selos = lacre). A cada lacre rompido apresenta-se uma

realidade da terra. O 7 será sempre o jogo “4 + 3”, isto é, a união do divino (3) com

o humano (4). Antes do sétimo selo interrompe-se a ordem e temos uma visão

intermediária: 7,1-17 (os 144 mil assinalados). Depois do silêncio no céu (=

expectativa), no sétimo selo aparecem 7 anjos que irão tocar as 7 trombetas.

d. 8,1 - 9,21: sete anjos que irão tocar as 7 trombetas. As trombetas indicam que

Deus vai agir (As trombetas indicavam a chamada de atenção, um alerta no mundo

antigo. Até hoje os judeus usam o “chofar”, espécie de trombeta feita de chifre,

para darem início às suas festas). As trombetas vão retomar as pragas do Egito.

e. 10,1 - 11,14: temos mais uma visão intermediária: duas testemunhas da Palavra

são mortas, jogadas na praça e ressuscitam.

f. 11,15: temos a sétima trombeta: aparece no céu três grandes sinais (12,1 - 16,21):

a) uma mulher vestida de sol; b) um enorme dragão que se serve de duas bestas;

a primeira é personificação do demônio (Império Romano) e a segunda é

inofensiva (imperador); c) 7 anjos com 7 taças, repletas da ira de Deus.

g. 17-18: fala do juízo e da queda da Babilônia (= Roma).

h. 19: canto de vitória no céu.

i. 20: são os mil anos.

j. 21: nova Jerusalém.

Percebe-se que toda a estrutura é montada a partir de setenários, os quais são:

Selos: simbolizam a realidade.

Trombetas: simbolizam os castigos de Deus.

Sinais: batalha entre Deus e o demônio.

Sete taças: vitória de Deus.

Tudo isto é uma visão simbólica da realidade do mundo de então, uma espécie de

“raios-X” da situação por meio de simbolismos. Como é feita sobre símbolos, pode ser

aplicada a qualquer realidade.

E aqui temos o coração do Apocalipse: Deus vai modificar a realidade totalmente.

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2 SISTEMAS DE INTERPRETAÇÃO

Sistema escatológico: aqui se lê o Apocalipse vendo nele os últimos fatos, isto é,

o fim do mundo.

Sistema histórico-antigo: o Apocalipse é uma descrição simbólica da história da

Igreja do século I, ou seja, tudo o que está no Apocalipse já aconteceu e o autor

demonstra a ação de Deus na história.

Sistema histórico-universal: o Apocalipse não é um livro nem do futuro e nem do

passado: é do presente, ou seja, o que o autor descreve em suas páginas está

acontecendo agora.

Sistema de teologia da história: é a interpretação teológica da história.

Analisamos o Apocalipse como uma leitura da história. Aqui também dizemos que

estamos nos últimos tempos (os últimos tempos, teologicamente falando, se tecem

entre a Encarnação até a Parusia). Aqui o leitor é chamado a fazer a interpretação

para o nosso tempo.

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PARTE III: ANÁLISE DE ALGUNS TEXTOS

1 Ap 1,9-20

Os primeiros versículos do livro (Ap 1,1-8) são uma espécie de introdução. Nos

versículos 9-10 temos uma apresentação da obra (quem, onde, quando e como):

O autor se autodenomina João.

Ele se define como irmão e companheiro em três coisas: tribulação, realeza e

perseverança. A tribulação, na Sagrada Escritura, sobretudo no Apocalipse, indica

uma pressão externa: é a perseguição; a realeza, no Apocalipse, indica sempre um

triunfo final de Deus (instauração definitiva do Reino de Deus); a perseverança é

coragem e fé.

O autor se encontrava na ilha de Patmos. O que o levou ao exílio foi a Palavra de

Deus e o testemunho.

O autor diz quando se efetua a revelação: no Dia do Senhor. É a primeira e mais

clara alusão ao domingo no Novo Testamento. Os Atos dos Apóstolos fazem

referência ao “primeiro dia da semana”; aqui se fala de Dia do Senhor.

O autor diz como se efetua a revelação: foi movido no Espírito Santo. O modo

como ele terá a visão não será por sonho, mas por êxtase. Ele ouviu uma voz

como de trombeta (significa que possui uma voz possante, forte e estridente; voz

forte é sempre a voz de Deus).

O v. 11 apresenta a ordem que o autor recebe: escrever as visões às sete Igrejas.

A pergunta que se faz aqui é: Por que a essas sete Igrejas?

Alguns afirmam que essas sete cidades eram distritos postais.

Alguns acham que são as Igrejas mais necessitadas, as que sofrem a perseguição

externa e os problemas internos.

Outros pensam que são as Igrejas mais ligadas ao autor.

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16

Não podemos, também, esquecer o simbolismo do número 7: o número 7 indica

perfeição e isso significa que o livro é destinado à Igreja Universal.

Analisemos alguns versículos:

O v. 12 diz que o autor viu sete candelabros; candelabro é um elemento litúrgico. O

v. 20 nos ajuda a interpretar o que são os candelabros: as sete Igrejas. O autor

quer mostrar-nos que, numa dimensão celeste cada comunidade tem um

correspondente. Vemos no simbolismo dos candelabros uma realidade eclesial.

No v. 13 o autor vê, no meio dos candelabros (= Igreja), um alguém como filho de

homem (Cf. Dn 7,13). Segundo Daniel, este homem desce do céu e vem como juiz.

Isto quer dizer que no âmbito eclesial há alguém que tem as características de juiz.

Este alguém está com uma túnica longa, que, segundo Daniel, é símbolo de

sacerdote. Ele possui, à altura do peito, um cinto de ouro: ouro é nobreza, é

realeza. Assim, quem está dentro da Igreja é juiz, sacerdote e rei.

O v. 14 demonstra que os cabelos eram brancos como a neve (= sinal de

eternidade). Isso quer dizer que esse homem é eterno. Seus olhos parecem

chamas de fogo (= algo que penetra, que queima os olhos; também pode ser

entendido como conhecimento. Tal aspecto visualiza sua onisciência).

O v. 15 afirma que seus pés têm um aspecto de bronze incandescente: é um ser

firme, estável, possui firmeza no seu juízo e na sua palavra. A voz é como o

estrondo das águas: é a própria voz de Deus.

Versículo 16: na mão direita esse ser segura sete estrelas (Cf. v. 20), que são os

anjos das sete Igrejas. Anjo aqui significa o responsável, o líder da Igreja. Dizer

que esse Ser tem as estrelas na mão direita significa dizer que esse Ser tem

autoridade sobre os líderes. De sua boca sai uma espada afiada de dois gumes: o

que o Ser pronuncia atinge a todos; seu rosto brilha: o brilho do sol é próprio de

Deus, ou seja, este Ser é Deus.

O v. 17 representa o temor diante do Divino. "Não temas!" é uma saudação do

Ressuscitado. Jesus se define como o Primeiro e o Último (Cf. Is 44,6), ou seja,

Deus é sempre o mesmo.

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17

O v. 18 define Cristo como o Vivente, o que fornece a noção de que ele possui e é

dono de sua própria vida. Há uma alusão clara, aqui, à morte-ressurreição. Ele tem

poder sobre a morte e sobre o Hades (= mansão dos mortos). Dizer que o Senhor

tem a chave do Hades significa dizer que ele tem poder sobre os que já estão

sobre o poder da morte.

O v. 19 dá a ordem de escrever.

Assim, a primeira visão do Apocalipse apresenta Cristo dentro de sua Igreja.

2 Ap 2 – 3

Façamos algumas observações quanto às cartas que estão presentes nesses

capítulos:

Todas começam no singular e terminam no plural, ou seja, o que é dito a uma

Igreja se diz a todas (Cf. 2,1.7; 2,8.11; 2,12.17; 2,18.29; 3,1.6; 3,7.13; 3,14.22).

Parte-se de uma realidade de uma Igreja para se dirigir a todas as Igrejas.

Este ser se dirige a cada uma das Igrejas com alguma característica de si mesmo:

a. 2,1: o que segura as estrelas (Cf. 1,16. 12-13).

b. 2,8: o que morreu e vive, o Primeiro e o Último (Cf. 1,17.18).

c. 2,12: o que tem a espada de dois gumes (Cf. 1,16).

d. 2,18: o que tem olhos como chamas de fogo e pés semelhantes ao bronze (Cf.

1,14).

e. 3,1: o que tem os sete espíritos de Deus e sete estrelas (Cf. 1,16).

f. 3,7: o que tem a chave (Cf. 1,18).

g. 3,14: o princípio (Cf. 1,5).

Essa apresentação de suas próprias características demonstra que aquele que fala

com a Igreja é o mesmo ser que o autor está tendo a visão.

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18

2.1 A Estrutura das Cartas

Endereço: "ao anjo da Igreja de...".

Autoapresentação do Cristo: "assim fala aquele que...".

Juízo sobre a comunidade: pode ser positivo ou negativo; normalmente começa

com a frase "conheço a tua conduta, o teu sofrimento...".

Exortação particular: há sempre uma exortação particular dirigida àquela Igreja

especificamente. Normalmente começa com um imperativo, o que indica uma

urgência.

Exortação geral: há uma exortação geral dirigida a todas as Igrejas ("quem tem

ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito tem a dizer às Igrejas").

Promessa: promessa ao vencedor que se manter fiel.

Alguns autores dizem que este não é um esquema literário, mas um convite

penitencial.

3 Ap 4,1-11

Aqui temos a parte propriamente apocalíptica, parte em que o autor tem uma visão

do trono de Deus, da coorte celeste. Vejamos:

O trono indica o rei, ou seja, Deus é descrito como rei. O que estava sentado no

trono tinha aspecto de jaspe, esmeralda, etc. Percebam que o autor não descreve

a Deus, apenas diz que Deus é um ser que brilha.

Ao redor do trono havia 24 tronos (12 + 12): duas vezes a totalidade do povo de

Deus. Havia 24 anciãos (ancião = dignidade da pessoa); estão vestidos de branco

(têm a cor da divindade, têm coroa, ou seja, são reis). Quem são os 24 anciãos?

Esses 24 homens provavelmente indicam não apenas os 12 patriarcas e os 12

apóstolos, mas indicam o povo da Antiga Aliança e o povo da Nova Aliança. Em

resumo: temos os santos e santas de Deus, que, de certa maneira, participam da

realeza de Deus.

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19

O v. 5 afirma que do trono saem relâmpagos, vozes e trovões: significa a ação de

Deus na nossa história. Diante do trono há sete lâmpadas, que são os sete

espíritos de Deus (= Espírito Santo).

O v. 6 diz que havia à frente do trono como que um mar de cristal. Na antiguidade o

vidro era um elemento caríssimo e indicava algo nobre. O trono de Deus, segundo

a cosmologia da época, está acima do mar, só que não é um mar de água, mas um

mar de vidro. No meio do trono e ao redor do trono estavam quatro animais

cercados de olhos pela frente e por trás. Quatro é o número dos elementos da

terra; olho indica conhecimento; olhos pela frente e por trás: conhecimento futuro e

passado.

V. 7: o primeiro animal era semelhante a um leão; o segundo é o touro; o terceiro é

o homem e o quarto é a águia. Isto quer mostrar a totalidade da criação. Em

resumo: o Deus que está no trono é um Deus Criador.

V. 8: cada animal tem 6 asas (Cf. Is 6,2) e dia e noite cantam a Deus. Portanto, é

toda uma criação que diariamente canta a Deus.

4 Ap 5,1-14

Aqui temos a visão do Cordeiro e do Livro:

V. 1: na mão de Deus existe um livro (= rolo de pergaminho). O fato de estar na

mão de Deus significa que Deus tem a posse do livro. O conteúdo do livro é a

história da salvação, ou seja, Deus é o Senhor da história. Trata-se de um livro

escrito por dentro e por fora, o que indica que está totalmente escrito, isto é, Deus

tem toda a história na sua mão. Este livro está selado com sete selos, ou seja, é

algo secreto.

V. 2: temos a expressão "anjo poderoso", o que indica um anjo forte, robusto,

atlético. O anjo pergunta quem é digno de abrir o livro, rompendo seus selos; isso

indica não a força, mas a dignidade ética, possibilidade moral, pois abrir o livro é

revelar o conteúdo de todo o livro.

V. 3: ninguém é capaz de abrir entre os seres criados os selos do livro.

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V. 4: o choro não é a frustração da curiosidade, mas é um elemento que provoca a

continuação da narração.

V. 5: um dos anciãos consola o autor dizendo que o leão da tribo de Judá (Cf. Gn

49,9) e o rebento de Davi (Cf. Is 11,1) alcançou a vitória, ou seja, o autor, antes de

apresentar Jesus, apresenta-o com dois títulos messiânicos: Leão de Judá e

Rebento de Davi. Ele revela o desígnio de Deus na sua qualidade messiânica. Ele

venceu (= vitória sobre o pecado e a morte) e porque venceu pode abrir os selos.

Por causa da sua ressurreição Cristo é o único que tem poder para revelar o plano

de Deus (= contéudo do livro);

V. 6: temos mais um símbolo: cordeiro (= atividade pascal), que está de pé (indica

que ele está vivo) e, ao mesmo tempo, é imolado (cordeiro morto). Isso indica a

primazia da ressurreição: em primeiro lugar está de pé e depois se fala que estava

imolado. Ele possui sete chifres e sete olhos: isto indica plenitude; os chifres

indicam poder (= ele tem poder em plenitude), os olhos indicam conhecimento (ele

tem a onisciência); diz-se que os olhos são o Espírito de Deus, portanto, Jesus tem

a plenitude do Espírito É a imagem do Cristo glorificado.

V. 7: o plano divino será executado pelo Cristo.

V. 8: ao receber o livro, os animais e os anciãos se prostram diante do Cordeiro.

Cada um tinha uma harpa (= instrumento litúrgico) e uma taça com incenso (=

oração dos santos). O Ap sempre faz menção às contínuas orações de

intercessão.

V. 9: começam a cantar um cântico novo. No Antigo Testamento sempre se canta a

ação de Deus no passado. Aqui se canta no futuro, pois o Cordeiro é capaz de

executar o plano de Deus. O cântico começa perto do trono de Deus.

No v. 11 se diz que é a multidão de anjos que canta a Deus.

No v. 13 são todos os seres vivos que cantam a Deus. Uma pequena liturgia

começa no céu e, como por ondas, atinge a terra inteira. Toda a criação é

envolvida neste hino de louvor. A esperança do canto é que esse reino de

sacerdotes reine sobre a terra.

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Ora, com isso o Cristo é o único que é capaz de nos fazer compreender o plano

divino. Deus é o Senhor da história e é Cristo quem nos faz entender a história.

5 Ap 6,1 - 8,1

Aqui temos as imagens dos sete selos. Os selos estão organizados em dois blocos:

os 4 primeiros acontecem na terra e os outros 3, no céu (4 +3, ou seja, as coisas

abrangem tanto a terra como o céu).

6,1-2: é o primeiro selo. Quem abre o selo é o Cordeiro, o único que tem poder. É

Cristo quem revela os desígnios de Deus. Quando o selo é aberto, aparece um

cavalo branco. Há uma série de possibilidades de interpretações do cavalo branco:

indica a vitória de Cristo (o branco é a cor de Deus e ele é vencedor. Cf. Ap

19,1ss). O fato de o cavaleiro ter na mão um arco significa que a vitória de Cristo

não é para agora, mas para o futuro, pois o arco atinge uma longa distância. Outra

interpretação: o arco era a arma de guerra dos partos, único povo que os romanos

não conseguiram vencer. Isso indica que Cristo é invencível. Outros afirmam que o

cavalo branco é o imperialismo, que provoca a guerra, a morte e a fome (= 3 outros

cavalos). Outros dizem que é a humanidade antes do pecado original.

6, 3-4: é o segundo selo. Temos um cavalo vermelho e ao seu montador foi dado o

poder de guerra. O vermelho é a cor do sangue, do martírio. A espada era a arma

de guerra. Esse cavalo indica as guerras.

6,5-6: é o terceiro selo. Temos um cavalo preto, cujo montador tinha na mão uma

balança. O cavalo negro indica a fome, a carestia; a balança indica o comércio; a

ordem (v 6c) indica uma extrema pobreza. Por que o óleo e o vinho não são

prejudicados? Alguns dizem que o óleo e o vinho eram os elementos do culto do

Templo de Jerusalém; outros afirmam que vinho e óleo são as coisas supérfluas,

ou seja, a carestia atinge o que é essencial à vida; outros afirmam que antes do

Apocalipse ser escrito houve uma grande fome nesta região e, quanto mais seca

se faz, melhor se faz o vinho e o azeite.

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6,7-8: é o quarto selo. Temos um cavalo verde. O seu montador é a morte e atrás

dela vem o Hades (= região em que estão os mortos). Esse cavalo tem poder sobre

uma quarta parte da terra (esses números quebrados indicam a parcialidade), ou

seja, não tem domínio total. A morte pode atingir a humanidade pela espada, pela

fome, pelas pestes e pelas feras. Esses cavalos não são estanques, eles

coexistem a agem ao mesmo tempo;

6, 9-11: é o quinto selo. Já não é algo que acontece sobre a terra, mas que

acontece diante do trono de Deus: a vida dos mártires está diante de Deus. Eles

estão diante de Deus e clamam a ele, fazendo como que uma espécie de pressão

(v. 10). Os mártires exigem justiça. Há uma pressão das orações, das súplicas e é

graças a essas súplicas que Deus faz justiça. A cada um é dada uma veste branca

(= participar da divindade). Foi pedido que esperassem, pois novos mártires iriam

chegar, ou seja, há ainda um período de perseguição e depois Deus fará justiça.

6,12-17: é o sexto selo. Temos aqui uma série de catástrofes: esses fenômenos

indicam que Deus vai começar a agir, Deus vai entrar na história. Não se trata do

juízo final, mas é a resposta de Deus à oração dos mártires; o sexto selo é a

resposta do quinto selo. Essa ação de Deus é típica da apocalíptica, é o seu jeito

de mostrar a ação de Deus com imagens.

7, 1-17: é uma visão intermediária antes da abertura do sétimo selo. Temos aqui

anjos que seguram os ventos (=ministros de Deus). No v. 2: um anjo subia do

Oriente (lado que nasce o sol): quer dizer que ele traz uma mensagem otimista. Ele

tem o selo do Deus vivo (Cf. Ez 9). Ezequiel dizia que o símbolo era um "tau". Ele

grita aos quatro anjos que não façam mal à terra até marcar os eleitos com a

marca de Deus na fronte (a fronte significa aquilo que orienta a vida ou significa

algo visível). 144 mil foram marcados. Marcar significa preservar, colocar de lado.

6 Ap 8-9

Temos a abertura do sétimo selo. Quando se abriu o selo, houve um silêncio de

meia hora. São dois símbolos: silêncio e meia hora. O silêncio indica uma expectativa da

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ação divina e meia hora indica um tempo bastante breve, ou seja, Deus vai agir em breve.

O sétimo selo provoca novo setenário: sete anjos com as trombetas.

As sete trombetas estão no mesmo esquema dos selos: 4 + 3. As três últimas

trombetas correspondem aos três "ais” (= maldição na Bíblia). As quatro primeiras

trombetas não atingem os homens, mas a natureza; as três últimas atingem os seres

humanos.

Nos selos se dizia que uma quarta parte foi atingida; nas trombetas se fala de um

terço, isto é, a ação de Deus atinge mais gente. A ação das trombetas atinge aqueles que

não foram marcados com o selo do Deus vivo. As trombetas simbolizam a ação sobre os

inimigos de Deus.

A ação das trombetas não é a ação final de Deus, mas simboliza a possibilidade de

Deus, a possibilidade do juízo.

As trombetas estão descritas tendo como base as 10 pragas do Egito (mas não

estão em ordem). As pragas não eram castigos, mas admoestações; assim, também as

trombetas são um modo de fazer com que os perseguidores da Igreja se convertam.

7 Ap 10

Não se trata do anjo da sétima trombeta, trata-se de um anjo forte. Ele desce do

céu e tem na mão um livrinho aberto. Esse anjo foi identificado por alguns como

personificação de Deus. Falávamos de um livro selado, agora temos um livrinho, ou seja,

o conteúdo é algo pequeno; o livro é aberto, isto é, o seu conteúdo é conhecido. O anjo

coloca o pé sobre a terra e o mar: sua mensagem atinge a terra inteira. Quando o anjo

pede que o autor guarde segredo, alguns acham que são os capítulos 11-13

(perseguição). Isto significa não fazer alarde para não provocar o medo. O anjo jura: não

haverá mais tempo, Deus não vai esperar mais. Isto significa que as seis trombetas

anteriores não são castigos de Deus, mas advertência. Como os inimigos não se

converteram, não há mais tempo e a sétima trombeta irá desencadear o juízo de Deus.

O autor pede o livro para o anjo. O anjo manda João comer o livro (=assimilar,

tomar conhecimento do conteúdo). O comer é doce, mas o digerir é amargo. À primeira

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vista, o conteúdo é alegre, mas a assimilação é amarga. A vitória de Deus (alegria) vem

pela amargues.

Enfim, esse pequenino livro indica os capítulos que vêm pela frente: é doce e

amargo por indicar o sofrimento da Igreja.

8 Ap 11

É o caso das duas testemunhas. Medir alguma coisa significa preservar ou destruir.

No v.2, o número 42 meses sempre indica perseguição. Haverá uma parte da

Igreja (átrio externo) que sucumbirá à perseguição.

V. 3: durante o tempo de perseguição temos duas testemunhas que irão profetizar,

ou seja, mesmo sendo perseguida, há gente de dentro da Igreja que continuará

profetizando (= duas testemunhas). Elas estão vestidas de saco (= veste de penitência).

No v. 4 as duas testemunhas são as duas oliveiras e dois candelabros que estão

diante do Senhor (cf. Zc. Entretanto, Zc fala de um candelabro e duas oliveiras); para

Zacarias, as duas oliveiras eram os príncipes Zorobabel e o sumo-sacerdote Josué, que

lideraram a volta do exílio e lutaram pela reconstrução de Jerusalém. Estas duas

testemunhas têm a característica de Josué e Zorobabel e possuem o objetivo de

reconstruir a Igreja (= oliveiras da Igreja).

No v. 5 vemos que um fogo da boca das testemunhas sairá se alguém quiser

prejudicá-las. Isso lembra Moisés que mata rebeldes com fogo.

No v. 6 vemos que elas têm o poder de fechar o céu para não cair chuva (cf.

profeta Elias). Essas duas testemunhas têm as características de Elias, que fechou o céu

por 3 anos e meio por causa da idolatria de Acab e Jezabel. Eles podem transformar a

água em sangue (= Moisés). Essas testemunhas têm características dos dois grandes

homens do Antigo Testamento.

V. 7: quando acabarem seu testemunho, serão mortas pela Besta.

V. 8: seus cadáveres ficarão na praça da grande cidade, que se chama Sodoma e

Egito, onde o Senhor delas foi crucificado. Essa cidade é depravada e oprime a Igreja.

Essa cidade é o lugar que o Senhor foi crucificado. Trata-se de Jerusalém? Não, mas de

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Roma. Como o Senhor foi crucificado em Roma? Trata-se da morte de Pedro e dos

mártires.

V. 9: a humanidade toda verá os seus cadáveres durante 3 dias e meio (número

imperfeito e em comparação com os 42 meses, é um número muito pequeno), ou seja, o

tempo de testemunhar da Igreja é muito maior que o tempo de vitória dos inimigos da

Igreja.

V. 11: 3 dias e meio depois o sopro de Deus os ressuscita.

V. 12: há uma ascensão das testemunhas aos olhos dos inimigos.

O fato de se falar de uma ressurreição e uma ascensão são um simbolismo: a

pregação dessas testemunhas continuará por meio de outras pessoas. Subir ao céu é a

recompensa de Deus.

Quem são essas duas pessoas? Tudo nos leva a pensar que o autor tinha em

mente Pedro e Paulo: morrem em Roma pela besta (Nero) e o fato de reviverem significa

com que a Igreja revive. Mesmo assim, as duas testemunhas indicam qualquer cristão

que dá testemunho. Pedro e Paulo são exemplo, mas não os únicos. As duas

testemunhas são todas as testemunhas da Igreja.

V. 15: temos aqui a 7a trombeta. Pelo ritmo das trombetas, espera-se que a 7a

traga uma catástrofe universal, mas ela destoa e traz esperança.

Quando o 7o anjo soa a trombeta, o céu grita dizendo que o Reino de Deus

chegou. A 7a trombeta anuncia a realeza de Deus.

Antes de entrar o novo setenário, temos os três sinais que mostram a luta entre o

bem e o mal.

9 Ap 12,1; 12,2; 15,1

12,1-2: a mulher revestida de sol. Embora seja feita uma leitura mariana, a figura

não é de Maria. A mulher aqui é a Igreja, que tem as características de Maria.

Como Maria é a mãe da Cabeça, ela se toma o protótipo para todos os membros.

Então, a Igreja tem as características de Maria. Essa Igreja tem dupla dimensão:

celeste e terrestre. É celeste porque está vestida do sol; o fato de ter a lua debaixo

dos pés significa que está na transcendência; a Igreja já reina, pois tem na cabeça

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uma coroa; é uma Igreja universal e gloriosa. Tem uma dimensão humana: está

grávida e sente dores de parto, trata-se de uma Igreja que ainda gera os filhos de

Deus (Igreja missionária);

12,3ss: dragão vermelho. O dragão é sempre símbolo de Satanás (cf. v. 9). Ele é

vermelho porque se alimenta do sangue dos mártires. Ele tem sete cabeças (=

grande vitalidade), tem um poder enorme (= 10 chifres); tem sete diademas, ou

seja, tem uma boa quantidade de ajudantes. O demônio terá instrumentos para

perseguir os cristãos: as duas bestas.

10 Ap 13

As bestas têm origens diferentes: uma do mar (v. 1) e outra da terra (v. 11). A besta

que vem do mar possui 10 chifres, 7 cabeças; sobre os chifres, 10 diademas e sobre a

cabeça um nome blasfemo: são as mesmas características do dragão (cf. 12,3), ou seja,

esta besta é a personificação do demônio. Dez diademas são 10 reis que fazem pacto

com ela. O nome blasfemo é uma referência aos títulos dos imperadores romanos.

No v. 2 vemos que a besta se parece com alguns animais: pantera, pés de urso e

boca de leão; esses animais são tirados de Dn 7,2-8, isto é, a besta é o que os animais

representavam para o profeta: uma potência militar. Assim, a besta que vem do mar é o

império Romano. Para o autor do Apocalipse, o império romano é o demônio

personificado.

O v. 3 fala de uma cabeça ferida. Podemos aludir a dois elementos históricos:

Morte de Júlio César (cabeça ferida); subida de Cesar Augusto (restabelecimento);

Morte de Nero: o império sofre com sua morte e ressurge com Vespasiano.

A segunda besta vem do mar: lugar dos demônios e, para quem está na Ásia, é o

caminho da Itália. Essa segunda besta vem da terra, tem dois chifres de cordeiro (=

pequeno), ou seja, esta besta possui um pequenino poder político, mas ela fala como um

dragão, isto é, seu poder não está nos chifres, mas na palavra. Esta besta está em função

da primeira e ela faz com que os habitantes da terra adorem a primeira besta. Esta

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pequena besta é o culto do imperador. Portanto, é o poder religioso do Império Romano,

enquanto que a primeira besta é o poder político do Império. Esta besta vem do mar

porque o culto do imperador nasceu em Pérgamo.

A besta tem um número, que é seu nome, é um nome em código: 666. Ao colocar o

número, o autor do Apocalipse dá a possibilidade de várias interpretações; para o autor, a

besta é Domiciano, que ele chama de Nero e, em hebraico, se escreve Q (100), S (60), R

(200); N (50), R (200), W (6), N (50), que na gematria resulta 666.

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PARTE IV: SÍMBOLOS DO APOCALIPSE

1, 4: Trono = majestade, domínio. Evoca o julgamento.

1, 8; 21,6; 22,13: Alfa e ômega = primeiro e último, princípio e fim.

1,12: Candelabro de ouro = o povo de Deus, as comunidades.

1,13: Túnica longa = símbolo do sacerdócio. Dignidade sacerdotal. Roupa ou a veste evoca a realidade profunda das pessoas.

1,13: Ouro = riqueza.

1,13: Cinto de ouro = símbolo de realeza.

1,14: Cabelos brancos = símbolo de eternidade, e não de velhice.

1,14: Olhos brilhantes = símbolo de ciência divina universal, sabedoria, destruição.

1,15: Pés de bronze = firmeza invencível.

1,16: Espada afiada = separação, destruição, palavra de Deus que julga e castiga.

1,16: Mão direita = símbolo de poder. Evoca a ação de Deus no êxodo.

1,20: Estrela = anjo, ou coordenador da comunidade.

2,13: Trono de Satanás = altar do templo de Zeus no alto da montanha em Pérgamo.

2,14: Prostituição = infidelidade, idolatria.

2,17; 19,14: Branco = vitória, glória, alegria, pureza.

2,17: Pedra branca = usada no tribunal pelo juiz para declarar alguém inocente.

2,27: Ferro, cetro de ferro = poder.

2,27: Barro, vasos de argila = fragilidade.

2,28; 22,16: Estrela da manhã = Jesus fonte de esperança.

3,3: Ladrão = Deus vem como ladrão, isto é, de maneira inesperada, imprevisível.

3,5; 20,12: Livro da vida = contém os nomes dos que vão viver sempre.

3,7: Chave = poder.

3,12; 21,2: Nova Jerusalém = o povo de Deus.

4,4: Coroa = poder de rei.

4.6; 22,1: Cristal = clareza, esplendor, transparência, ausência do mal.

4,8: Asas = mobilidade, velocidade em executar a vontade de Deus.

5,1: Livro = plano de Deus para a história humana.

5,1: Selo = segredo.

5,6; 14,1: Cordeiro = indica Jesus.

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Professores: André de Azevedo e Angelo Ricordi

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5,6: Chifre = poder, particularmente o poder do rei.

5,8: Incenso = oração dos santos que sobe até Deus.

6,2: Arco = arma característica dos partos; terror.

6,2-7: Cavalos = poder, exército que arrasa. Evocam a visão de Zacarias (Zc 1,8-10).

6,4: Vermelho = sangue, fogo, guerra, perseguição.

6,5: Preto = fome.

6,5: Balança = escassez de comida, custo de vida.

6,7: Esverdeado = cor de cadáver que se decompõe, doença.

7,9: Palma = triunfo.

8,2: Trombeta = voz sobre-humana que anuncia os acontecimentos do fim dos tempos.

9,2: Abismo = lugar debaixo da terra, onde os espíritos maus ficam presos.

9,3: Gafanhotos = invasores estrangeiros, os partos.

9,3: Escorpião = perfídia, traição.

9,14: Eufrates = região de onde costumavam vir os invasores, aqui os partos.

9,19: Cobra, serpente = poder mortífero.

10,1: Arco-íris = símbolo de onipotência e da graça de Deus. Evoca a aliança de Deus feita com Noé em favor da vida.

11,4: Duas oliveiras = personagens importantes. Evocam a visão do AT (Zc 4,3-14).

11,7: Besta-fera que sobe do abismo ou do mar (13,1) = Nero ou império romano.

12,1: Sol e lua, vestida com o sol, a lua debaixo dos pés = criação servindo ao povo de Deus.

12,1: Mulher = Maria gerando o Messias, povo santo dos tempos messiânicos, as comunidades em luta.

12,3: Dragão ou serpente (12,9) = poder do mal que opera no mundo, hostil a Deus e a seu povo.

12,3: Sete cabeças = São as sete colinas da cidade de Roma. Ver 17,9.

12,3: Dez chifres = Chifre sinal de poder e dez de totalidade.

12,4: Filho da mulher = messias, chefe do novo Israel.

12,14: Asas de águia = evoca a proteção com que Deus conduz o seu povo.

12,15: Água da boca da serpente = vômito, império romano.

13,1: Besta = império romano, o poder que encarna o mal.

13,1: Mar = caos primitivo, lugar onde sai a besta fera, símbolo do mal.

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13,2: Pantera, leão e urso = símbolos de voracidade, exploração, crueldade, sem misericórdia. Evocam a visão de Daniel 7,4-6.

14,4: Virgem = pessoa que rejeita a idolatria.

14,8; 18,2: Babilônia = Roma, que explora os povos para se enriquecer.

14,14: Foice afiada = imagem de julgamento divino.

14,14: Filho do Homem = imagem de Jesus tirada do livro de Daniel (7, 13).

15,6: Linho puro = conduta justa dos cristãos.

16,16: Armagedon = símbolo da derrota dos exércitos inimigos.

17,3: Sete cabeças e dez chifres = sete colinas, dez reis perseguidores.

17,4: Púrpura e escarlate, vermelho vivo = luxo e dignidade real.

19,7: Noiva, esposa = Igreja, povo de Deus

19,16: Rei dos reis, Senhor dos senhores = título do imperador romano dado a Jesus.

19,9: Núpcias do Cordeiro = vitória e festa final da união de todos com Deus.

20, 2-7: Mil anos = é o tempo que vai entre o fim da perseguição e o fim do mundo.

20,14: Lago de fogo = símbolo do destino de tudo que se opõe ao plano de Deus.

20,14: Segunda morte = é a morte da própria morte.

21,2: Nova Jerusalém = símbolo do novo povo de Deus.

21,19-20: Pedras preciosas = beleza, valor, algo sólido, reflexo da glória divina.