Análise Microbiológica Na Medicina Veterinária, Piometra Em Cadelas. Elaborado Por Kristhian...

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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO- PARANÀ MEDICINA VETERINÁRIA KRISTHIAN FELIPE SPACKI “A MICROBIOLOGIA COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE DOENÇAS NA MEDICINA VETERINÁRIA- PIOMETRA EM CADELAS” CAMPO MOURÃO 2014

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A MICROBIOLOGIA COMO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DEDOENÇAS NA MEDICINA VETERINÁRIA -PIOMETRA EM CADELAS,Elaborado por Kristhian Felipe Spacki

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  • FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURO- PARAN

    MEDICINA VETERINRIA

    KRISTHIAN FELIPE SPACKI

    A MICROBIOLOGIA COMO AUXLIO DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE

    DOENAS NA MEDICINA VETERINRIA-

    PIOMETRA EM CADELAS

    CAMPO MOURO

    2014

  • FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURO- PARAN

    MEDICINA VETERINRIA

    KRISTHIAN FELIPE SPACKI

    A MICROBIOLOGIA COMO AUXLIO DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE

    DOENAS NA MEDICINA VETERINRIA-

    PIOMETRA EM CADELAS

    TRABALHO INTEGRADOR

    Trabalho apresentado ao curso de Medicina

    Veterinria da Faculdade Integrado de Campo

    Mouro- PR como requisito parcial para

    avaliao no Projeto Integrador.

    PROFESSORA: ROBERTA RIBEIRO FERNADES

    CAMPO MOURO

    2014

  • SUMRIO

    A MICROBIOLOGIA COMO AUXLIO DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE DOENAS NA

    MEDICINA VETERINRIA- PIOMETRA EM CADELAS

    1.0 RESUMO.......................................................................................................................3

    2.0 INTRODUO...............................................................................................................4

    3.0 REVISO.BIBLIOGRFICA...........................................................................................5

    3.1 PIOMETRA EM CADELAS................................................................................5

    3.1.1 Sinais clnicos ............................................................................5

    3.1.2 Diagnstico.................................................................................6

    3.1.3 Danos causados.........................................................................7

    3.2 AGENTES ENVOLVIDOS NA PIOMETRA EM CADELAS...............................7

    3.2.1 Infeco......................................................................................7

    3.2.2 Microbiologia da piometra..........................................................7

    3.2.2.1 Escherichia coli..........................................................................8

    3.2.2.2 Streptococcus spp.....................................................................8

    3.2.2.3 Staphylococcus spp...................................................................9

    3.2.2.4 Corinebacterium spp...............................................................10

    3.2.2.5 Clostridium spp........................................................................11

    3.3 MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS...............................................................11

    3.3.1 gar Mc Conkey.......................................................................12

    3.3.2 gar sangue.............................................................................12

    3.3.3 BHI brain heart infusion........................................................13

    3.4 ANTIBITICOS INDICADOS PARA O TRATAMENTO..................................13

    3.5 RESISTNCIA BACTERIANA.........................................................................14

    3.5.1 Mecanismo de formao da resistncia...................................15

    3.5.2 Controle e preveno...............................................................16

    4.0 CONCLUSO..............................................................................................................19

    REFERNCIAS..................................................................................................................20

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Cadela com corrimento vulvar sanguinolento..........................................................6

    Figura 2- Ultrassom anecico caracterstico de piometra em cadela......................................6

    Figura 3- Estrutura E. coli........................................................................................................8

    Figura 4- E. coli corada no teste de gram................................................................................8

    Figura 5- Streptococcus spp corados no procedimento de gram............................................9

    Figura 6- Staphylococcus spp corados no procedimento de gram........................................10

    Figura 7- Corinebacterium spp, bastonetes em raquete........................................................10

    Figura 8- Clostridium spp, esporos e clulas vegetativas......................................................11

    Figura 9- Classificao da hemlise em gar sangue...........................................................12

    Figura 10- tero da cadela poodle durante a OSH...............................................................17

    Figura 11- Tcnica de semeadura por esgotamento.............................................................18

    Figura 12- 2 Formao de alos pelos antibiticos................................................................22

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Tabela de fundamentos das provas do Bactray para amostras I-II.......................20

    Tabela 2- : Tabela de fundamentos das provas do Bactray para amostras III.......................21

    Tabela 3- : Tabela com os resultados do antibiograma.........................................................21

  • 3

    1.0 RESUMO

    O complexo de alteraes que induzem ao quadro conhecido por piometra em cadelas inclui

    diversos fatores, ganhando destaque as alteraes hormonais e a infeco oportunista. O

    quadro clnico pode evoluir para leso tecidual por toxicemia, pois as bactrias produzem

    toxinas que podem inclusive chegar a circulao. Os sinais inespecficos incluem a letargia,

    depresso, inapetncia, anorexia, poliria, polidipsia, diarreia e vmito. Alm destes h o

    corrimento vulvar em piometra aberta e o inchao do tero em caos de piometra confinada.

    Como formas de diagnstico pode-se optar pelo ultrassom e raio-x, que iro evidenciar o

    aumento do volume uterino assim como alteraes na imagem decorrentes do acmulo de

    lquido. Caso o quadro no seja tratado pode-se evidenciar: hipotermia ou hipertermia,

    taquicardia, bradipinia leucopenia ou leucocitose, e em caso mais extremos de infeco e

    imunossupresso a leso pulmonar aguda, distrbio dos fatores de coagulao,

    trombocitopenia, alterao do estado mental e falncia cardaca/ heptica/ renal. Os agentes

    causadores so em principal Escherichia coli, sendo isolada em 59% a 96% dos casos. No

    ambiente aerbio podem ser isoladas tambm colnias de Streptococcus spp e

    Staphylococcus spp, e no cultivo anaerbio ganham destaque Corinebacterium spp e

    Clostridium spp. Para os processos laboratoriais so usados diferentes meios de cultura que

    se baseiam em fornecer ambiente timo de proliferao e em alguns seletividade quanto ao

    tipo de populao microbitica. Testes utilizando-se a cominao de meios de cultura e

    administrao de antibiticos so bons exemplos da interao entre farmacologia e

    microbiologia veterinria. O caso em questo engloba o estudo da piometra em cadela

    poodle, e devido a problemas durante os procedimentos de cultivo mostrou como resistncia

    bacteriana um problema que precisa ser solucionado.

    Palavras-chave: Microbiologia; Piometra; Bactrias.

  • 4

    2.0 INTRODUO

    Conforme Evangelista (2000) e Lima (2009), a infeco caracterizada como piometra

    denomina o quadro inflamatrio onde o tero encontra-se em estado de infeco bacteriana.

    O complexo-piometra uma das enfermidades que acometem o trato reprodutivo das

    cadelas e est presente na rotina veterinria. A infeco ocorre pela interao de fatores

    hormonais que predispem o organismo a invaso. Sendo relacionada a fmeas no diestro

    a progesterona o principal hormnio ativo, tendo as funes de aumentar a proliferao do

    tecido endometrial e relaxamento da cervix. A microbiota do ambiente externo se aproveita

    dessa oportunidade para proliferar-se em um ambiente com condies ideais e com pouca

    interferncia do sistema imune.

    O quadro clnico pode evoluir para leso tecidual por toxicemia, pois as bactrias

    produzem toxinas que podem inclusive chegar a circulao. Desta forma a piometra no

    tratada pode ser a primeira etapa de uma infeco generalizada. Desta forma, fazem-se

    necessrios os estudo de mtodos de diagnstico e tratamento, e isto envolve tambm

    exames microbiolgicos.

    O trabalho microbiolgico de extrema importncia no cotidiano veterinrio e este

    estudo engloba testes e tcnicas relacionada a piometra, juntamente com a relao de

    possveis tratamentos e manejo antibitico. Tem tambm o intuito de agregar

    conhecimentos a respeito da dinmica dos frmacos antibiticos, assim como sobre o

    desenvolvimento de resistncia, tema que assola toda a rea.

    O trabalho a seguir se baseia nestes tpicos e tem o objetivo apresentar um estudo

    de caso clnico relacionado a piometra, alm de relacionar de forma didtica pontos

    importantes no estudo microbiolgico da piometra em cadelas.

  • 5

    3.0 REVISO. BIBLIOGRFICA

    3.1 PIOMETRA EM CADELAS

    Sendo uma enfermidade relacionada a fmeas, o ponto bsico para a instalao do

    quadro a colaborao entre desarranjo hormonal e entrada de bactrias no ambiente

    uterino. Esta invaso est comumente atribuda ao relaxamento da crvix no diestro, uma

    ao direta da progesterona (EVANGELISTA, 2009).

    De acordo com Chen, Addeo e Sasaki (2014), o quadro clnico denominado piometra

    ocorre pela combinao entre alteraes hormonais especficas, somadas a proliferao

    bacteriana no tecido endometrial. A alterao hormonal relacionada a fase de formao

    ltea do ciclo estral, a fase do diestro, sendo que neste momento as concentraes

    plasmticas de progesterona so altas, levando a diferentes mecanismos: crescimento do

    tecido endometrial, secreo glandular e supresso das contraes do miomtrio.

    Este ambiente colabora para o acmulo de exsudato no interior do tero, que

    somado a desarranjos do sistema imune ideal para a proliferao de bactrias, que em

    caso patolgico podem trazer vrios danos que sero discutidos a seguir (LIMA, 2009).

    3.1.1 Sinais clnicos

    Segundo Oliveira (2014), a piometra ocorre mais comumente em cadelas adultas, de

    sete a oito anos. Aps os nove anos de idade, a prevalncia da infeco pode chegar a mais

    de 60% em cadelas inteiras. Em cadelas com idade inferior a seis anos, o aparecimento da

    enfermidade est relacionado com a administrao de progesterona ou estrgeno.

    Aps a visualizao da piometra em cadelas cabe uma segunda classificao, que

    altera em muito a demonstrao dos sinais clnicos e tambm o dano decorrente. O primeiro

    tipo a aberta, onde a secreo passa pela crvix e escorre pela vagina. O segundo a

    apresentao fechada, onde a crvix confina a secreo no tero, causando a distenso

    abdominal (CHEN; ADDEO; SASAKI, 2014).

    A observao dos sinais clnicos se baseia nos pontos mais comuns de qualquer

    infeco, que so a letargia, depresso, inapetncia, anorexia, poliria, polidipsia, diarreia e

    vmito. Porm, estes sintomas no so garantias de um diagnstico decisivo, e cabem alm

    destes fatores comportamentais outras observaes e testes complementares. Na piometra

    aberta a secreo caracterstica pode variar do aspecto purulento a mucoso, e

    possivelmente apresentar sangue (Figura 1). A palpao revela o tero aquecido, e nas

    piometras de caso fechado o aspecto dilatado do rgo (LIMA, 2009).

  • 6

    Figura 1: Cadela com corrimento vulvar sanguinolento

    Fonte: Lima (2009)

    3.1.2 Diagnstico

    A partir do momento em que instaurada a suspeita de piometra, parte-se para o

    segundo patamar, o diagnstico.

    De acordo com Evangelista (2009), o hemograma uma das principais ferramentas,

    onde em animais com piometra observa-se: anemia de grau leve ou moderado, causada

    pelo efeito supressor das toxinas bacterianas sobre a medula ssea, e tambm a grande

    migrao de hemcias para a regio da infeco; volume dos glbulos pode estar

    aumentado, devido a desidratao; leucograma alterado levemente em casos de piometra

    aberta e severamente em caso de piometra fechada, apresentando leucocitose acentuada

    caracterizada por neutrofilia com desvio esquerda, somada a possvel monocitose

    com evidncia de toxicidade de leuccitos

    Segundo Lima (2009), uma segunda ferramenta extremamente prtica e funcional no

    diagnstico de piometra em cadelas o ultrassom. O raio-x pode ser til, mas por critrios

    de mobilidade e possveis dvidas na interpretao prefere-se o ultrassom. Com este pode-

    se avaliar o aumento do volume uterino, assim como o tipo de contedo. Na piometra

    observa-se o tero como uma estrutura tubular, com fluido anecico (Figura 2).

    Figura 2: Ultrassom anecico caracterstico

    de piometra em cadela.

    Fonte: Lima (2009)

  • 7

    3.1.3 Danos causados

    Conforme Kalenski (2014), em cadelas a infeco uterina pode causar dano tecidual

    e supresso dos sistemas orgnicos, em decorrncia do grave processo inflamatrio e

    excessiva quantidade de toxinas bacterianas que entram na corrente sangunea.

    Em casos onde o processo avana pode ocorrer a sepse, que consiste numa

    resposta inflamatria sistmica como forma de conter a infeco bacteriana que atinge a

    circulao e tecidos adjacentes. Nestes casos podem ser constatados os seguintes sinais

    clnicos: hipotermia ou hipertermia, taquicardia, bradipinia leucopenia ou leucocitose

    (KALENSKI, 2014). No seguindo estgio, conhecido como sepse grave, podem ocorrer:

    Leso pulmonar aguda, distrbio dos fatores de coagulao, trombocitopenia, alterao do

    estado mental e falncia cardaca/ heptica/ renal (EVANGELISTA, 2009).

    3.2 AGENTES ENVOLVIDOS NA PIOMETRA EM CADELAS

    3.2.1 Infeco

    O complexo que culmina com a piometra tem incio com as alteraes hormonais

    decorrentes do perodo do diestro. O principal hormnio envolvido inicialmente o

    estrgeno, que estimula a proliferao das clulas endometriais e formao de criptas com

    receptores para a progesterona. Uma ao da progesterona a inibio do tnus da cervix,

    que ao se relaxar permite a infeco pela flora bacteriana da vagina e oriunda do nus, que

    invadem por via ascendente (LIMA, 2009).

    Os principais grupos presentes na infeco piometrosa esto comumente dispersos

    no ambiente e quando existe a oportunidade migram para o tero, onde tem a combinao

    de ambiente adequado e pouco incomodo por parte do sistema imune, que se encontra

    suprimido por ao da progesterona. Podem se listar outros fatores que levariam a infeco

    uterina, mas de forma pratica a ao hormonal a principal e mais comum porta de entrada

    (COGGAN, 2014).

    3.2.2 Microbiologia da piometra

    Segundo Oliveira (et al., 2014), a Escherichia coli a principal bactria associada a

    piometra, sendo isolada em 59% a 96% dos casos. No ambiente aerbio podem ser

    isoladas tambm colnias de Streptococcus spp e Staphylococcus spp, e no cultivo

    anaerbio ganham destaque Corinebacterium spp e Clostridium spp.

  • 8

    3.2.2.1 Escherichia coli

    A Escherichia coli tem grande importncia no quadro, sendo esta um bacilo

    pertencente a famlia Enterobacteriaceae. No caso de cadelas est presente em tecidos

    epiteliais, estando em comensalismo com o organismo, e em especial abundncia na vagina

    e nus (GOMES, 2014).

    O ambiente preferido por estas o aerbio, mas tambm sobrevivem em

    anaerobiose. Por isso so classificadas como anaerbio-facultativas. Na colorao de gram

    encontra-se no grupo negativo, tomando colorao rsea devido a conformao da parede

    celular. Uma segunda forma de identificao o teste de lactase, onde se comporta

    produzindo gs carbnico a partir de acares, como a lactose (GOMES, 2014).

    A morfologia da bactria caracterizada pela presena de flagelos ao redor da

    clula, podendo ser confundida com a Shigela spp. Biologicamente pouco exigente em

    quesitos de nutrio, e os danos caudados referem-se basicamente a sua proliferao e

    produo de toxinas. Possui fimbrias que lhe permitem aderir a parede do tecido,

    dificultando seu arrasto (HIRSH, 2003).

    Na proliferao excessiva produzem citocinas vasodilatadoras, estando comumente

    relacionadas a casos de choque sptico e morte por septicemia (COGGAN, 2014).

    Figura 3: Estrutura E. coli Figura 4: E. coli corada no teste de gram Fonte: (GOMES, 2014) Fonte: (GOMES, 2014)

    3.2.2.2 Streptococcus spp

    Os Streptococcus compreendem um grupo heterogneo de cocos que se dividem em

    um s plano, agrupando-se em cadeias de tamanho varivel. Estes microrganismos fazem

    parte da microbiota normal e so importantes agentes infecciosos tanto em animais quanto

    humanos (TRABULSI, 2005).

  • 9

    Para o cultivo destas bactrias necessita-se de meio rico, geralmente os baseados

    em sangue. No teste de gram adquirem a cor roxa (Figura 5), caracterstica das gram

    positivas. So consideradas imveis por no possuir estruturas como clios e flagelos. So

    catalase negativas e proliferam-se tanto em ambiente aerbio quando anaerbio, sendo por

    isso denominadas anaerbio-facultativas (TRABULSI, 2005).

    Segundo Hirsh (2003) a identificao dos Streptococcus , entretanto, at hoje,

    relativamente complexa e fundamentada num sistema dicotmico, com base na observao

    inicial das propriedades hemolticas das amostras. Desta forma so classificados como

    beta-hemolticos (quando causam a lise total das hemcias) e no-beta-hemolticos (quando

    causam a lise parcial das clulas).

    Desta forma nos casos de piometra a infeco da circulao pode se tornar grave em

    pouco tempo, devido a agressiva hemlise bacteriana.

    Figura 5: Streptococcus spp corados no procedimento

    de gram

    Fonte: Trabulsi (2005)

    3.2.2.3 Staphylococcus spp

    Possuem as mesmas caractersticas biolgicas descritas para os Streptococcus, e

    diferem-se pelo seu arranjo espacial, que se assemelha a um cacho de uva (Figura 6).

    Segundo Gomes (2014), o diferencial e principal teste utilizado para estas bactrias

    o teste de coagulase, separando o grupo em coagulase positivos e coagulase negativos. Os

    Staphylococcus so mais ativos na produo de toxinas e so devastadores ao cair na

    circulao sistmica. Sua faixa de temperatura ideal a do organismo, por isso esto

    sempre me estado de comensalismo com o indivduo e se proliferam rapidamente ao

    encontrar portas de entrada.

  • 10

    Figura 6: Staphylococcus spp corados

    no procedimento de gram.

    Fonte: : Gomes (2014).

    3.2.2.4 Corinebacterium spp

    As espcies do gnero Corynebacterium so bastonetes Gram positivos,

    curtos, pleomrficos, imveis, no esporulados. O gnero pertence classe

    Actinobacteria dos quais fazem parte os gneros Corynebacterium,

    Mycobacterium e Nocardia. As bactrias deste grupo possuem parede

    celular, contendo cidos graxos de cadeia longa que so os cidos

    miclicos. Os cidos miclicos dos corines possuem cadeias curtas com 28-

    40 carbonos. As espcies do gnero Corynebacterium esto distribudas em

    uma ampla gama de ambientes ecolgicos como: solo, esgoto e superfcie

    de plantas, sendo que algumas delas patgenos para os animais e o

    homem (GOMES, 2014).

    Estas bactrias no esto no grupo dos bacilos lcool cido resistentes, so catalase

    positivos e so anaerbios-facultativos. So imveis e exigentes nos meios de cultura, se

    proliferando melhor em meio sangue. Tem o formato de clava (Figura 7), e no formam

    esporos (TRABULSI, 2005).

    Figura 7: Corinebacterium spp, bastonetes em

    raquete.

    Fonte: Gomes (2014).

  • 11

    O gnero Corynebacterium spp um parasito preferencialmente obrigatrio das

    mucosas ou pele de mamferos. Ocasionalmente so encontrados em outras fontes, alguns

    so patognicos para os mamferos, possuindo um grande nmero de espcies; muitos

    habitats, incluindo importantes patgenos para os animais e para o homem (COGGAN,

    2014).

    3.2.2.5 Clostridium spp

    O gnero definido como aquele que rene bacilos Gram positivos esporulados

    (Figura 8), e anaerbios obrigatoriamente (na sua grande maioria). As clulas vegetativas da

    maioria das espcies so bacilos retos ou curvos, variando de pequenas formas de

    bastonetes cocides a formas longas, filamentosas com extremidades alongadas ou retas.

    Os endsporos ovais ou esfricos usualmente so maiores que as clulas vegetativas. A

    maioria das espcies no capsulada e praticamente todas so catalase negativas, e

    tambm a grande maioria formadora de gs por meio do metabolismo (GOMES, 2014).

    Por se proliferar em anaerobiose o cultivo em laboratrio depende da criao de um

    ambiente condizente. Muitas espcies produzem potentes exotoxinas, sendo que algumas

    espcies so patognicas para os animais, tanto pela infeco de ferimentos quanto pela

    absoro de toxinas. Na piometra estes atingem a circulao e podem infectar diversos

    tecidos do organismo (TRABULSI, 2005).

    Figura 8: Clostridium spp, esporos e clulas vegetativas.

    Fonte: : Gomes (2014).

    3.3 MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS

    De acordo com os estudos de Hirsh (2003), a infeco piometra engloba uma grande

    variedade de bactrias que esto presentes em diversas infeces. Sendo assim, para suas

  • 12

    classificaes e diagnstico so utilizados diferentes meios de cultura que se baseiam em

    fornecer ambiente timo de proliferao e em alguns seletividade quanto ao tipo de

    populao microbitica.

    3.3.1 gar Mc Conkey

    Meio que leva em sua composio cristal violeta e sais biliares, utilizados para inibir

    a proliferao de microorganismo gram-positivos (Especialmente enterococos e

    estafilococos). utilizada para identificar bactrias gram-negativas e sua reao de

    fermentao a lactose. A mistura comercial homogeneizada ao gar e hidratada, para que

    desta forma possam ser cultivadas colnias em meio slido (ANVISA, 2014).

    A incubao com este meio prolifera as colnias em 18 a 24 horas de estufa, e a

    conservao das amostras pode durar longos perodos se mantida entre 4 a 8C. A

    interpretao do meio Mc Conkey depende da variao de cora, que em original rosa

    avermelhado. Os bacilos que se desenvolvem nesta so gram negativos e as colnias cor

    de rosa so fermentadoras de lactose, enquanto as incolores no fermentadoras (HIRSH,

    2003).

    3.3.2 gar sangue

    Este um dos meios mais indicados para bactria exigentes, pois extremamente

    nutritivo. Oferece timas condies de crescimento e proliferao e utilizado na maioria

    das vezes por conter eritrcitos ntegros dispersos em forma homognea, sendo necessrio

    para a identificao de bactria hemolticas como Streptococcus e Staphylococcus

    (TRABULSI, 2005).

    Figura 9: Classificao da hemlise em gar

    sangue.

    Fonte: Trabulsi (2005).

  • 13

    Como incubao a 35 C as bactrias levam at 24 horas para formar colnias

    ntidas, e a hemlise fica bem definida, podendo ser classificada quanto ao tipo e tamanho

    do anel formado pela colnia (Figura 9). A interpretao desta hemlise consiste em: Beta

    hemlise, quando h um anel transparentes ao redor das colnias semeadas; Alfa hemlise:

    presena de um anel esverdeado ao redor das colnias; Gama hemlise: Ausncia de anel

    oriundo de hemlise (ANVISA, 2014).

    3.3.3 BHI brain heart infusion

    Meio nutritivo derivado da extrao de componentes de crebro e corao. Tem

    grande quantidade de peptona, nitrognio, carbono, enxofre, vitaminas e dextose. O meio

    tamponado atravs da utilizao do fosfato dissdico. indicado para testes de

    antibiograma, reao de coagulase em tubo e meio caldo para deteco de turvao

    (ANVISA, 2014).

    Conforme Hirsh (2003) a incubao de bactrias a 35C leva de 24 a 48 horas, e a

    de fungos precisa de 5 dias para expressar proliferao. Em meio caldo a turvao deixa a

    amostra esbranquiada e opaca. Em meio slido as colnias se apresentam de diferentes

    formas. Outro fator positivo deste meio seu ph, que se mantm em 7,4, sendo ideal para a

    maioria dos microorganismos .

    3.4 ANTIBITICOS INDICADOS PARA O TRATAMENTO

    Segundo Lima (2009), o uso de antibiticos bactericidas o mais indicado no

    tratamento da piometra. Os principais antibiticos utilizados so trimetropin sulfonamidas,

    ampicilina, amoxicilina mais clavulanato, cefazolina ou cefozolina.

    Antibiticos sistmicos de amplo espectro devem ser administrados

    concomitantemente durante o perodo de tratamento para prevenir uma septicemia e outras

    complicaes relacionadas. Quando a piometra estiver resolvida, recomendado acasalar a

    fmea no ciclo subsequente para prevenir uma recorrncia (LIMA, 2009).

    O efeito das sulfanomidas consiste m promover a aa bacteriosttica por meio da

    inibio do metabolismo do cido flico. As bactrias dependem desse coponente, e sem

    ele entram em estado de quase inatividade. Comumente feita a consorciao das

    sulfatonomidas com trimetropim, um diamini-pirimidina. O efeito das duas drogas

    sinrgico, pois atuam em passos diferentes da sntese do cido tetra-hidroflico (folnico),

    necessria para a sntese dos cidos nuclicos. O sulfametoxazol inibe um passo

    intermedirio da reao e o trimetoprim a formao do metablito ativo do cido tetra-

    hidroflico no final do processo (SPINOSA; GORNIAK; BERNARDI, 2011) .

    A ampicilina uma variante farmacolgica do grupo das penicilinas, com ao

    bactericida. O mecanismo de ao depende de sua capacidade de se ligar as protenas da

  • 14

    membrana citoplasmtica bacteriana. Deste modo inibe o crescimento e proliferao

    microbiana, podendo tambm provocar a lie de algumas espcies. mais efetiva contra

    bactrias de alta atividade metablica e pode ser administrada por via oral, com absoro de

    35 a 50 %, sendo metabolizada pelo fgado e excretada pelos rins (MADSON; PAGE;

    CHURCH, 2010).

    Segundo Spinosa, Gorniak e Bernardi, (2011) a amoxicilina tem uma grande

    abrangncia, sendo neste caso indicada especialmente pra o controle de E.coli. uma

    penicilina semissinttica de amplo espectro de ao, derivada do ncleo bsico da

    penicilina, e assim como o cido clavulnio tem via de absoro parental e entrica. Sua

    consorciao se deve ao fato de no ser efetiva contra bactrias produtoras de

    betalactamatases, por isso administrada com o cido clavulnico, um inativador desta

    enzima. Assim, amoxicilina + clavulanato de potssio um medicamento capaz de destruir e

    eliminar ampla variedade de micro-organismos.

    A cefazolina uma cefalosporina injetvel indicada para o tratamento de bactrias

    gram positivas em principal, sendo efetiva tambm contra algumas do grupo gram negativo.

    A via de administrao parenteral e a de excreo renal. Como todos os antibiticos

    beta-lactmicos (e.g. penicilinas), as cefalosporinas interferem na sntese da parede celular

    de peptidoglicano via inibio de enzimas envolvidas no processo de transpeptidao

    (MADSON; PAGE; CHURCH, 2010).

    3.5 RESISTNCIA BACTERIANA

    A resistncia microbiana refere-se a cepas de microrganismos que

    so capazes de multiplicar-se em presena de concentraes de

    antimicrobianos mais altas do que as que provm de doses

    teraputicas dadas. O desenvolvimento de resistncia fenmeno

    biolgico natural que se seguiu introduo de agentes

    antimicrobianos na prtica clnica. O uso desmedido e irracional

    desses agentes tem contribudo para o aumento daquele problema.

    As taxas de resistncia variam localmente na dependncia do

    consumo local de antimicrobianos (WANNMACHER, 2004).

    Os primeiros casos de resistncia aos antimicrobianos ocorreram entre os anos

    1930-1940, logo aps a introduo das primeiras classes de antibiticos, sulfonamidas e

    penicilina. A partir deste momento o problema s se agravou e inmeros estudos so feitos

    apontando as causas e futuros problemas decorrentes desta situao. Com o uso de

    protocolos antimicrobianos inapropriados e sem baseamento terico est se criando uma

    nova gerao de micro-organismos, praticamente imunes a antibiticos se comparados a

    suas mutaes antigas.

  • 15

    No cotidiano veterinrio so utilizados diversos grupos de antibiticos, cada qual com

    sua posologia estudada. O descumprimento destas indicaes e uso indiscriminado de

    frmacos so os principais meios de seleo que esto causando a resistncia de bactrias.

    Isso agrava casos clnicos e diminui as chances de tratamento na maioria dos casos

    (SPINOSA; GORNIAK; BERNARDI, 2011).

    3.5.1 Mecanismo de formao da resistncia

    A resistncia bacteriana surge como forma de adaptao dos indivduos mais

    adaptados ao ambiente e suas variaes. Desta foram bactrias que entraram em contato

    com o antibitico e se recuperaram ou no sofreram leso criam um grupo novo, totalmente

    tolerante ao frmaco (MADSON; PAGE; CHURCH, 2010).

    Outros fatores cruciais so o uso inadequado de antibiticos, que so administrados

    sem se saber ao certo suas caractersticas, indicaes e programa correto de

    administrao. Assim animais so tratados de forma leiga, e as bactrias ao invs de serem

    contidas e eliminadas so selecionadas e fortificadas. O descarte de embalagens de

    antibiticos no ambiente age da mesma foram, proporcionando a populao bacteriana

    ambiental uma das principais bases da resistncia: a seleo de indivduos adaptados

    (SPINOSA; GORNIAK; BERNARDI, 2011).

    O desenvolvimento da resistncia um fenmeno biolgico natural

    originado do prprio princpio evolutivo e da adaptao gentica de

    cepas de microrganismos que so capazes de multiplicar-se em

    presena de concentraes de antimicrobianos mais altos do que as

    que provm de doses teraputicas dadas a humanos. Nas clulas a

    resistncia bacteriana desenvolve-se a partir de mutaes

    cromossmicas ou aquisio de um novo material gentico pela troca

    direta de DNA ou plasmdeo, atravs de transduo por um

    bacterifago ou pela transformao, que consiste na incorporao de

    DNA pela bactria. A informao nesse material gentico possibilita a

    bactria desenvolver resistncia atravs da produo de uma enzima

    que inativa ou destri o antibitico, altera o stio de ligao do

    medicamento ou impede a ao do mesmo (WANNMACHER, 2014).

    O resultado de todo este descaso o aumento dos gastos com tratamento,

    diminuio das possibilidades de cura, perda de todo o avano na criao dos antibiticos

    aos quais se criou resistncia e o aumento no nmero de bitos de animais que foram

    infectados por super-bactrias.

  • 16

    3.5.2 Controle e preveno

    Como um dos principais problemas no setor farmacolgico a resistncia deve ser

    tratada com seriedade. Deve ser realizada a conscientizao sobre o assunto, uso

    consciente, venda de antibiticos s para profissionais qualificados e capacitao destes

    para que possam administrar os antibiticos em casos corretos e na posologia determinada.

    Para o controle destas novas bactrias resistentes cabe aos setores de pesquisa

    criar novas alternativas. Mas de nada adianta este avano se no existe o uso consciente.

    Por isso deve ser de conhecimento que o uso inadequado gera prejuzos, complicaes e

    perca de pacientes (MADSON; PAGE; CHURCH, 2010).

    Com isso podem-se estabelecer bases para uma nova abordagem na luta contra o

    desenvolvimento de resistncia bacteriana: desenvolvimento de protocolos teraputicos

    para os antibiticos de uso comum; promover a conscientizao sobre o uso consciente de

    antibiticos e seu descarte; prescrio de frmacos s sob receiturio profissional e

    autorizao de comrcio apenas para antibiticos que atendam os padres de eficcia,

    segurana e qualidade (WANNMACHER, 2014).

  • 17

    4.0 MATERIAL E MTODOS

    O material foi coletado de uma cadela da raa poodle, com nove anos, pesando 6.1

    Kg. O animal apresentava estado de nutrio regular, desidratao de 6%, sua temperatura

    retal era de 39,9C, frequncia respiratria de 40 respiraes por minuto e frequncia

    cardaca de 140 batimentos por minuto. Apresentava um comportamento aptico, pele e

    anexos com perda de elasticidade cutnea (des. 6%), mucosas levemente hipercoradas e

    linfonodos no reativos. Sistema digestivo foi observado dor a palpao abdominal, tempo

    de perfuso capilar era de 2 e o sistema gnito-urinrio apresentava secreo vaginal

    purulenta ftida e esbranquiada, o proprietrio no soube informar a data do ltimo cio. Em

    seguida, foram colhidas amostras de sangue para realizao de hemograma completo e

    avaliao de bioqumica srica da funo renal.

    A cadela apresentou hematcrito de 39.3%. A srie branca revelou severa

    leucocitose (40.2x10/uL). Na bioqumica srica observou-se 1.2 mg/dL de creatinina (0,5 a

    1,6mg/dL). O laudo ultrassonogrfico revelou a presena de uma dilatao em um dos

    cornos uterinos, paredes espessadas e com contedo lquido de grande celularidade. Aps

    a confirmao do diagnstico, optou-se pelo tratamento cirrgico

    (Ovariosalpingohisterectomia teraputica) para reverso do quadro (Figura 10).

    Figura 10: tero da cadela poodle durante a OSH.

    Fonte: Arquivo prprio

    Aps a retirada do tero foi armazenado e refrigerado, depois retirado para ser feito a

    coleta por meio de swabs estreis, foi aberto o tero e retirado direto da secreo interna,

  • 18

    imediatamente aps a coleta o swab foi acondicionado individualmente no tubo contendo

    meio de transporte (Stuart) para logo aps serem semeados.

    Para que a bactria fosse conservada at o dia da semeadura, foi feita a inoculao

    do swab com amostra no meio BHI caldo para ser incubado a 37 C, durante 48 horas

    garantindo que houve o crescimento de microorganismos. Um swab foi colocado em local

    aerobiose (com presena de oxignio) e o outro em local anaerobiose (sem oxignio). O

    processo para anaerobiose foi feito atravs do anaerobac (gerador de atmosfera com teor

    reduzido de oxignio), colocando o swab em um recipiente juntamente com o anaerobac,

    em seguida foram distribudos lentamente 20 ml de gua sobre toda a superfcie absorvente

    do anaerobac com o auxlio de uma pipeta; o recipiente foi lacrado e levado estufa.

    Aps as 48 horas as amostras foram retiradas do recipiente para realizar a

    semeadura por esgotamento, se acordo com o procedimento padro (Figura 11).

    Figura 11: Tcnica de semeadura por esgotamento

    Fonte: JUNIOR, 2014

    A semeadura foi realizada nas placas de cultura: gar Sangue e gar MacConkey.

    Duas placas foram para aerobiose e duas para anaerobiose, por 48 horas. Posterior a isso

    as placas foram retiradas da estufa e deixadas na geladeira para conservao. Passados

    dois dias as placas foram re-semeadas para obter um melhor isolamentos das colnias,

    onde metade das placas foram para anaerobiose e a outra para aerobiose.

    No dia posterior obteve-se o crescimento bacteriano, e as amostras foram utilizadas

    para ser feito o fixamento das bactrias nas lminas e serem coradas. O processo de

    colorao inicia adicionando o cristal violeta e escorrendo-o aps um minuto, em seguida foi

  • 19

    adicionado o lugol (fixador) e desprezado aps um minuto, para a descolorao foi usado o

    lcool absoluto e em seguida lavado com gua corrente. Por ltimo adicionou-se a fucsina,

    deixando-a por dez segundos e lavando com gua. Aps secas, as lminas foram

    visualizadas no microscpio ptico, contatando-se bacilos gram-positivos.

    A bactria que desejava ser isolada (E. colli) gram-negativa, sendo assim foram

    descartadas as culturas utilizadas para o processo de gram (gar Sangue). A cultura de

    meio gar MacConkey foi utilizada para recolher uma amostra da mesma e refazer a

    semeadura de colnias semelhantes para se obter o resultado esperado, sendo deixado

    novamente em BHI caldo.

    Na aula prtica foram realizados trs procedimentos, o primeiro a fita de oxidase

    que determina se a bactria contm essa enzima ou no, se o resultado for positivo a fita

    ficar roxa. O segundo procedimento feito foi a catalase, onde retirou-se com a pipeta uma

    quantidade da amostra de caldo BHI e colocou-se na lmina, em seguida adicionou-se uma

    gota de perxido de hidrognio que nesse caso iria formar bolhas se fossem gram-

    negativas. O ltimo procedimento feito foi o Bactray, que dividido em I-II e III.

    Iniciou-se o processo adicionando 1,0 ml da amostra bacteriana no Bactray de forma

    homognea, inclinou-se para trs o conjunto, num ngulo de aproximadamente 45 para a

    esquerda e em seguida para a direita, por fim apoiou-se o tray na mesa e inclinou-se para

    frente para obter uma perfeita distribuio do inculo em todos os substratos. O

    procedimento foi realizado em quatro tray, sendo encaminhados dois para anaerobiose e

    dois para aerobiose.

    O procedimento de antibiograma se iniciou com a coleta de amostra do contedo

    bacteriolgico, que foi adicionado a soluo salina estril (NaCl 0,85%) at se obter turvao

    compatvel com a suspeno desejada. Como meio de cultura foi utilizado Agar Mueller

    Hinton, mtodo no seletivo que compatvel e indicado para o processo. Utilizando-se o

    bico de Bunsen para se formar um ambiente estril ao redor da chama foram coletados 100

    l da suspeno de bactrias utilizando-se o micropipetador, e adicionado ao meio de

    cultura. Com o auxlio de um swab estril procedeu-se a homogeneizao da amostra pela

    placa, e em disposio de estrela foram colocados os discos embebidos em antibiticos

    utilizando pina para sua devida fixao. Os antibiticos testados foram: Amoxacilina +

    clavunalato; Cefalexina; Sulfametoxazol + Trimetoprim; Ciprofloxacina; Enrofloxacin.

    A placa permaneceu em incubao na estufa a 36 C, por 24 horas para que se

    pudesse evidenciar a formao de alos ao redor dos monodiscos, base da avaliao do

    antibiograma.

  • 20

    5.0 RESULTADO E DISCUSSO

    Obtivemos os seguintes resultados: na oxidase obteve-se uma colorao lils; na

    catalase o resultado foi negativo (sem presena de bolhas). O trmino do procedimento com

    o Bactray realizado atravs da observao da colorao de cada inculo e um

    comparativo com a tabela fixa (uma para o teste I-II e outra para o teste III) dos resultados

    das cores (Tabela 1 e 2). O resultado pode ser negativo e positivo para cada um, sendo que

    o clculo final para determinar a bactria feito virtualmente atravs do site do Bactray.

    Tabela 1: Tabela de fundamentos das provas do Bactray para amostras I-II

    Fonte: Bactray, 2014

  • 21

    Tabela 2: Tabela de fundamentos das provas do Bactray para amostras III

    Fonte: Bactray, 2014

    Aps os clculos finais, a bactria esperada (E. colli) no foi a isolada, o resultado

    que procedeu-se foi o da Acinetobacter baumannii.

    Como via didtica escolheu-se o antibiograma com amostra de Escherichia coli, e os

    resultado so demonstrados na tabela 3 e figura 12.

    Antibitico Classificao

    Amoxicilina + clavulanato

    Sensvel

    Cefalexina Sensvel

    Sulfametoxazol + Trimetoprim

    Sensvel

    Ciprofloxacina Sensvel

    Enrofloxacin Sensvel

    Tabela 3: Tabela com os resultados do antibiograma

    Fonte: Arquivo prprio

  • 22

    Figura 12 Formao de alos pelos antibiticos.

    Fonte: Arquivo prprio

    possvel concordar com Hirsh (2003) quanto ao fato de que a utilizao de meios

    de cultura seletivos e multiplicadores so o melhor caminho pra se conseguir identificar uma

    infeco bacteriana atravs de amostra, e por meio dos sinais de proliferao restringir o

    nmero de possveis agentes etiolgicos.

    Os sinais clnicos foram compatveis com as afirmaes de Evangelista (2009), Lima

    (2009) e Chen (2014), e isso se deve ao comportamento previsvel das infeces

    bacterianas no trato reprodutivo de cadelas. Os resultados de exames clnicos tambm se

    mostraram bem prximos dos exemplos destes autores.

    As etapas de isolamento da bactria causadora tiveram resultados pouco esperados,

    mas segundo Trabulsi (2005) podem ocorrer casos de infeco de culturas por

    Acinetobacter baumannii, pois isso pode ocorrer em ambientes hospitalares, como o local de

    coleta do material, ou por acidentes durante as etapas de processamento das culturas.

    Tambm pode se relacionar aos materiais deste autor a informao de que a bactria mais

    comum em infeces do trato reprodutivo de cadelas ser Escherichia coli.

    Os frmacos antibiticos citados por Lima (2009) disponveis para a prtica se

    mostraram efetivos no controle da bactria, formando alos descritos pelo autor.

    Confirmando os estudos de Wannmacher (2014), pode-se dizer que o isolamento de

    Acinetobacter baumannii exemplifica bem a utilidade de se combater o uso de antibiticos

    de forma descuidada, pois foi esta prtica que criou a resistncia destas bactrias. No

    momento no so relatados casos de infeces por ete agente em casos de piometra, mas

    o uso indiscriminado de frmacos deve ser abolido para evitar transtornos futuros, como dito

    por Spinosa, Gorniak e Bernardi (2011).

  • 23

    6.0 CONCLUSO

    A abordagem de caso clnico se mostrou a forma mais prtica de se integrar os

    conhecimentos tericos e a metodologia prtica. A reviso revelou que o complexo de

    fatores que levam a piometra comum, e por isso deve ser estudado para uma melhor

    abordagem na rotina veterinria.

    Os testes de antibiograma revelaram como estudos laboratoriais so extremamente

    teis, uma vez que por meio deste exemplo pode se escolher o frmaco baseando-se no

    efeito em pequena escala na placa de cultivo.

    A resistncia bacteriana se mostrou evidente na metodologia deste caso, uma vez

    que a contaminao por Acinetobacter baumannii se deve ao efeito de seleo ao qual esta

    foi submetida, criando exemplares presentes em ambientes hospitalares e laboratoriais.

    Os conhecimentos adquiridos e assimilados por este projeto sero de grande ajuda

    no futuro acadmico e profissional, devido a importncia e relativa frequncia de casos de

    infeco piometrosa em cadelas.

  • 24

    REFERNCIAS

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