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  A FÉ CRISTÃ

Carlos Martins Nabeto

A FÉ CRISTÃ

- Coletânea de Sentenças Patrísticas -

Volume 3

Maria, os Santos e osAnjos

1ª Edição2007  

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  Carlos Martins Nabeto

Direitos Autorais do Autor 

NABETO, Carlos Martins. 1969-A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 3.São Vicente: 2007.

(1ª edição, 96 páginas)

Bibliografia.Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o nº361.898, Livro 669, fls. 58.

1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literaturacristã primitiva I. Título

CDD – 281.1

Índices para Catálogo Sistemático:1. Literatura cristã primitiva 281.12. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.13. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.14. Patrística 281.15. Patrologia 281.1

Capa: Sílvio L. Medeiros – [email protected]

+NIHIL OBSTATpe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial

Santos, 21/12/04 – na festa de São Pedro Canízio +IMPRIMATUR Conforme o cânon 827, §3, do Código de DireitoCanônico, autorizo a publicação desta obra.

+d. Jacyr F. BraidoBispo Diocesano de Santos01 de janeiro de 2005

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos,

microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos,Internet e e-books ou outros, sem prévia autorização, por escrito, da editora.Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistemade processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra emqualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam-se também àscaracterísticas gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitosautorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente combusca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único,104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dosDireitos Autorais]). O autor concede licença especial para este e-book ser armazenado e distribuído pela Internet, apenas pelos siteshttp://www.veritatis.com.br e http://cocp.veritatis.com.br . 

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  A FÉ CRISTÃ

“Todo aquele que der testemunho de Mim diantedos homens, também Eu darei testemunho dele

diante de meu Pai que está nos céus” (Mat. 10,32).

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  Carlos Martins Nabeto

Série “Citações Patrísticas”

Volume 1- A Palavra de Deus / A Profissão de FéVolume 2- Deus Pai, Filho e Espírito SantoVolume 3- Maria, os Santos e os AnjosVolume 4- A Igreja de CristoVolume 5- Os 7 Sacramentos / A CriaçãoVolume 6- Escatologia e Questões Diversas 

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  A FÉ CRISTÃ

DEDICATÓRIA

 À minha esposa, Ana Paula,e filhos, Lucas e Victor.

 Aos meus pais,Modesto e Joaquina.

 Aos irmãos de Apostoladoe a todos os meus leitores em geral.

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  Carlos Martins Nabeto

SOBRE O AUTOR 

Carlos Martins Nabeto, casado e pai de dois filhos, nasceu emSão Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o paicomerciante e a mãe dona de casa.Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pelaUniversidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado

em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) epós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pelaPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário eAdvogado.Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornadoconscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador,em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fécatólica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro

Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dosmaiores sites católicos em língua portuguesa – onde desdeentão, além de suas atribuições familiares e seculares, dedica-se à publicação e tradução de artigos referentes ao CristianismoPrimitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis.Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras doCristianismo Primitivo (http://cocp.veritatis.com.br),visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegrade escritos do Período Patrístico. 

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL 17 

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL 17O PERÍODO PATRÍSTICO 19OCASIÃO DA PRESENTE OBRA 19

MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS 21 

1. MARIA 22 A) DESCENDENTE DE DAVI 22 

B) NOVA EVA 23 C) IMACULADA CONCEIÇÃO 25 D) VIRGEM ANTES DO PARTO DE JESUS 28 E) VIRGEM DURANTE O PARTO 30 F) VIRGEM APÓS O PARTO 31 G) A SEMPRE VIRGEM MARIA 33 H) ASSUNÇÃO AOS CÉUS 36 I) MÃE DE DEUS 41 J) MARIA E A IGREJA 47 K ) A MAIS BEM-AVENTURADA PORQUE CREU 48 2. SANTOS 50 A) EXISTÊNCIA 50 B) A PREDESTINAÇÃO DE ALGUNS 51 C) O MARTÍRIO 54 D) A EXPANSÃO DA IGREJA MEDIANTE A PERSEGUIÇÃO E O MARTÍRIO 58 E) I NTERCESSÃO DOS SANTOS 60 F) POSSIBILIDADE DAS APARIÇÕES 62 3. ANJOS 64 A) SUA EXISTÊNCIA 64 B) E NCONTRAM-SE HIERARQUICAMENTE ORGANIZADOS 68 C) TODO HOMEM POSSUI UM A NJO DA GUARDA 70 

4. IMAGENS X IDOLATRIA 72 A) VENERAÇÃO NÃO É ADORAÇÃO 72 B) CULTO MARIANO 74 C) POSSIBILIDADE DO USO DAS IMAGENS SAGRADAS 76 D) O SIMBOLISMO DAS VELAS 79 

ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODOPATRÍSTICO 81 

ÍNDICE ONOMÁSTICO 86 

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BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS 89 

LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES) 89 SITES CONSULTADOS 93 PARA SABER MAIS... 94 

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OBSERVAÇÃO

Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades

civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos depesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização eeditoração final.

Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE apresente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o

fomento da literatura cristã primitiva.

Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil paravocê, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seucoração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte

conta-corrente:

Banco 033 – Santander/BanespaAgência 0123 – Conta nº 01.029678-5

Sua doação favorecerá novas pesquisas para a ampliação destevolume, bem como incentivará novos projetos do Autor.

IMPORTANTE! ATENÇÃO!

Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá serencontrada e distribuída pelos seguintes sites:

APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR (http://www.veritatis.com.br)

COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO(http://cocp.veritatis.com.br)

É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outrossites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusiveimpressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação,nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somenteos sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdoda presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites

para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.

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  A FÉ CRISTÃ

PREFÁCIO

Com imensa satisfação, vejo nascer mais um e-book da Coleção  “Citações Patrísticas”, de autoria de Carlos Martins Nabeto.Muito maior é minha alegria ao saber que o tema envolve toda adoutrina da Igreja sobre os anjos, os santos e, principalmente,Nossa Senhora. Ela, que esmaga a cabeça da serpente, tambémesmaga todas as heresias!

A promessa de Deus feita à serpente foi cumprida, com efeito,na Santíssima Virgem: “Porei ódio entre ti e a mulher...” (Gen.3,15). De fato, Satanás não odeia a Mãe de Deus como tambéminduz a muitos homens, que andam perdidos nas trevas, a odiá-

la também. E não amar Maria como ela merece é uma espéciede ódio!

Nesse sentido, a obra de Carlos Nabeto vem prestar o tributodevido a Nossa Senhora, demonstrando que seu culto temorigem nos primórdios do Cristianismo. Mais do que isso: temorigem na Encarnação do Verbo, quando o Arcanjo São Gabriela saúda: “Ave, cheia de graça!” (Luc. 1,28) O anjo é o primeiroa louvá-la e nada mais fazemos do que seguir seu exemplo,

como também fez Nosso Senhor Jesus Cristo e o discípuloamado, que em sua casa a recolheu após a Crucificação (Jo.19,27).

Os tempos que hoje vivemos são cruciais para a Igreja. Muitosdos seus filhos, incorporados a ela e a Cristo pelo Batismo,andam afastados da verdadeira fé, professando os maisvariados erros. Não escapa nem mesmo a Virgem, cujosaltíssimos privilégios são rechaçados por um sem número deseitas protestantes.

Nabeto, em seu mais recente e-book, oferece uma maravilhosacontribuição para esses que odeiam, na prática, a Mãe de Jesus,passem a amá-la. E amá-la com todas as veras de sua alma, desua inteligência, de seu coração: reconhecendo que ela é a Mãede Deus, a Bem-Aventurada e Sempre Virgem Maria, concebidasem pecado original, assumpta ao céu para lá reinar com seuFilho.

Diz de Nossa Senhora o fundador dos Legionários de Cristo e doMovimento Regnum Christi, o pe. Marcial Maciel, LC:

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“A Maria devo tanto! Tudo nela, relacionado com a minha vida,está exposto por sua generosa entrega, por seu cuidado, por seu sacrifício, por sua fidelidade, em uma palavra, por seu amor 

de Mãe. Este amor me levou constantemente até Deus e apoiouminha entrega a Ele e à humanidade, e me ensinou também,desde o Cenáculo, o amor e a fidelidade à Igreja, sacramento desalvação.

Maria é a minha guia em minha entrega absoluta a Deus, aoaceitar incondicionalmente sua vontade; por Ela faço umaaceitação e uma entrega sem indecisões nem reservas, alegre econfiada, generosa e desinteressada, absoluta e fiel. Foi medada como Mãe ao pé da Cruz, e neste dom vindo do alto e

saído do próprio coração de Jesus Cristo contém os segredos deminha fidelidade e gozo eterno” (Carta de 29 de Maio de 1988).

Se para com a Santíssima Virgem nutrimos, os católicos,membros da única Igreja fundada por Cristo, sentimentosaltíssimos de louvor e gratidão, por causa das obras que Deusnela fez, nem por isso descuidamos de prestar o devido culto dehonra aos demais homens e mulheres que foram fiéis aochamado do Espírito Santo. A esses bem-aventurados, que no

céu gozam da visão beatífica, somos devedores de suas oraçõespor nós, de toda a sua vida tornada exemplo, e de sua respostagenerosa a Deus que os presenteou com as riqueza de suagraça.

Também sobre os demais santos, por isso, discorre o Autor.Corrijo-me: não discorre... Deixa que os Pais da Igrejadiscorram, com faz com a Virgem. É a voz desses escritoreseclesiásticos, primeiras testemunhas da Igreja nascente, muitosdeles contemporâneos dos Apóstolos, e todos eles, sem dúvida,herdeiros dos mesmos na fé ensinada por Jeus, que se fezpresente nas linhas deste e-book.

Lendo-o, percebemos que a fé dos Padres, a fé da IgrejaPrimitiva, a fé dos primeiros cristãos, acerca da Virgem e seusprivilégios, dos santos e dos anjos, de sua intercessão por nós,e do nosso culto de veneração a ele, é a fé da Igreja de hoje.Notamos claramente, pelas citações de tantos heróis da Igrejados primórdios, que a doutrina é a mesma, e a própria Igreja é

a mesma. Jesus fundou de fato uma Igreja: una, santa, católicae apostólica, e esta é aquela unida ao Sucessor de Pedro!

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Que a leitura de mais essa pérola do meu amigo Carlos Nabetoeleve nossa alma a Deus, confirmando-nos na fé de nossos Pais“Agostinho, Basílio, Efrém, Atanásio, Crisóstomo, Ambrósio,

Leão, Gregório etc.” , e sirva de instrumento para a conversãode tantos irmãos separados, para que, de volta à IgrejaCatólica, louvem Maria e os santos, para a perfeita adoração deNosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Rei do Universo.

Rafael Vitola Brodbeck

Pelotas-RS, 13 de agosto de 2007.

Memória de São Ponciano, Papa eSanto Hipólito, Presbítero, Mártires.

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INTRODUÇÃO GERAL

“Os melhores intérpretes dasSagradas Escrituras são os

Padres da Igreja”  (João Paulo II)

Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristãmas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19),centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por suapalavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua

ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar oEvangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso,com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At.2).

Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem sedefrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidadedos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aqueleque a acusa de "deturpar a Palavra de Deus" , visto que a Bíbliaseria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina...

Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atualpode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregouo pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?

A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado àIgreja...

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL

Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seuministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz ,mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez,quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6);infelizmente, nessa oportunidade única, nenhum dosevangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.

Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aosseus discípulos para que colocassem por escrito os seusensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele,

 pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15),afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulosestariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, osprimeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São

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Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição doSenhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somentepassaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim,que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem,

primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades,para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quandonecessário.

Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duasformas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz)e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novosdocumentos cristãos produzidos segundo a necessidade), comolemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita,consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13,

2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nemtodos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentrodos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e quesomente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade"  (1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, aschaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar ascoisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistênciado Espírito Santo (cf. At. 2,4).

Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus

(v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeirocânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo(com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para oscristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral  dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da TradiçãoOral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, porsi só, não relaciona os livros que devem ser aceitos comolegítimos.

Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição

oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fécristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seusrespectivos escritos, que demonstram posições não contrárias àBíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor,porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordemhierárquica.

Daí ser inegável a importância do período Patrístico para aIgreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristãque não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se"desenvolveram", ou seja, foram melhor explicadas,compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.

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O PERÍODO PATRÍSTICO

Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final doséculo I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e oséculo VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas

perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentosdo Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos pordiversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figurasanônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas SagradasLetras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradiçãooral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seusperseguidores e detratores como também afastou de vez operigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.

Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte

maneira:a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deusque, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintescaracterísticas:

1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros,mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;

2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam ossantos na Antigüidade cristã;

3)   Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações edeclarações eclesiásticas; e

4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc.I-VIII d.C.)

b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demaisescritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que nãorefletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".

Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é

considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade defé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tidopor infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ouquando certa passagem de seu escrito foi aprovado por umConcílio Ecumênico.

OCASIÃO DA PRESENTE OBRA

Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além denos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nosmostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas jácondenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram

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reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - averdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamentepor isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenhamretornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos

produzidos no Período Patrístico.Porém, embora já fosse possível encontrar em línguaportuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ouaté mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v.Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então -em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzissesomente as passagens mais importantes de toda essa vastaprodução literária, segundo uma abrangente ordem de matériase submatérias afins. É justamente esse espaço que

pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dosestudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...

Visando também demonstrar que a doutrina da Igrejapermaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo,apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s)versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que nãoexaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial daIgreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer -quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de

alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeirospadres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim,tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejoexplicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II(p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" àsfontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nossopensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento daIgreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e

de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igrejacontinua sendo considerado argumento decisivo em qualquercontrovérsia teológica.

Carlos Martins NabetoAos 13 dias de Janeiro de 2005,

Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367),bispo e doutor da Igreja.

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  A FÉ CRISTÃ

MARIA, OS SANTOS E OS ANJOS

 A Igreja, que desde o início modela a sua caminhada terrena

 pela caminhada da Mãe de Deus, repete constantemente, emcontinuidade com ela, as palavras do “Magnificat”. Nas profundidades da fé da Virgem Maria na Anunciação e naVisitação, a Igreja vai haurir a verdade acerca do Deus da

 Aliança; acerca de Deus que é Todo-poderoso e faz “grandescoisas” no homem: “santo é o seu nome”. No Magnificat, ela vê

debelado nas suas raízes o pecado do princípio da históriaterrena do homem e da mulher: o pecado da incredulidade e da“pouca fé” em Deus. Contra a “suspeita” que o “pai da mentira” fez nascer no coração de Eva, a primeira mulher, Maria, a quema tradição costuma chamar “nova Eva” e verdadeira “mãe dosvivos”, proclama com vigor a não ofuscada verdade acerca de

Deus: o Deus santo e onipotente, que desde o princípio é afonte de todas as dádivas, Aquele que “fez grandes coisas” nela,

Maria, assim como em todo o universo. Deus, ao criar, dá aexistência a todas as realidades; e ao criar o homem, dá-lhe a

dignidade da imagem e da semelhança consigo, de modosingular em relação a todas as demais criaturas terrestres. E não se detendo na sua vontade de doação, não obstante o

 pecado do homem, Deus dá-se no Filho: “Amou tanto o mundoque lhe deu o seu Filho unigênito” (Jo. 3,16). Maria é a primeiratestemunha desta verdade maravilhosa, que se atuará

 plenamente mediante “as obras e os ensinamentos” (cf. At 1,1)do seu Filho e, definitivamente, mediante a sua Cruz e

Ressurreição.

 A Igreja, que, embora entre “tentações e tribulações”, nãocessa de repetir com Maria as palavras do “Magnificat”, “escora-se” na força da verdade sobre Deus, proclamada então com tão

extraordinária simplicidade; e, ao mesmo tempo, desejailuminar com esta mesma verdade acerca de Deus os difíceis e

 por vezes intrincados caminhos da existência terrena doshomens. A caminhada da Igreja, portanto, já quase no final dosegundo milênio cristão, implica um empenhamento renovadona própria missão. Segundo Aquele que disse de si: “(Deus)

mandou-me a anunciar aos pobres a boa nova” (cf. Lc 4,18), aIgreja tem procurado, de geração em geração, e procura ainda

hoje, cumprir esta mesma missão.

(Carta Encíclica Redemptoris Mater nº 37) 

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1. Maria

O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê

acerca de Cristo; mas o que a fé ensina sobre Maria, ilumina,por sua vez, a sua fé em Cristo (CIC 487).

a) Descendente de Davi

“José foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, que se chamava Belém,

 porque era da casa e família de Davi, para se recensear  juntamente com Maria, sua esposa, que estava

grávida” (Luc. 2,4-5).  “Deus enviou seu Filho” (Gal. 4,4), mas para formar-lhe umcorpo, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desdetoda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho,uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galiléia,

 “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casade Davi, e o nome da Virgem era Maria” (Luc. 1,26-27) (CIC488). 

 Agostinho de Hipona

"Mateus, ao estabelecer a genealogia de Cristo segundo acarne desde Abraão, o pai do povo fiel, e a continuar nalinha descendente até Davi (Mt. 1,1-17) (...), teve em vistamostrar a função e dignidade real de Cristo (...) Lucas,querendo também fornecer a genealogia do Senhor segundoa carne, mas na linha sacerdotal, narra os graus de origemde seus antepassados (Lc. 3,23-38). Todavia, não menciona

os mesmos nomes de Mateus, isso porque a linhagemsacerdotal não era a mesma que a linhagem de sanguereal; esta teve como origem Davi. Ora, um de seus filhos(José), conforme o costume de então, desposara umamulher da tribo sacerdotal, o que fazia Maria pertencer auma e outra tribo, isto é, às tribos real e sacerdotal. Assim,quando José e Maria foram recenseados, está escrito seremeles da casa, isto é, da estirpe de Davi (Lc. 2,4), mas ocorreainda que Isabel, de quem está dito ser parenta de Maria,pertencia à tribo sacerdotal (Lc 1,5.36)" (De diversisquaestionibus 83).

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  A FÉ CRISTÃ

* * *

b) Nova Eva

“Porei inimizades entre a serpente e a mulher e entre a

sua posterioridade e a posterioridade dela”  (Gen.3,15).

A Virgem Maria cooperou para a salvação humana com livre fé eobediência. Pronunciou o seu “faça-se” em representação detoda a natureza humana. Pela sua obediência, tornou-se a novaEva, Mãe dos viventes (CIC 511). 

 Justino Mártir 

"Entendemos que [Jesus] se fez homem, por meio daVirgem, a fim de que o caminho que deu origem àdesobediência instigada pela serpente fosse também ocaminho que destruísse a desobediência. Eva era virgem eincorrupta; concebendo a palavra da serpente, gerou adesobediência e a morte. A Virgem Maria, porém, concebeufé e alegria quando o anjo Gabriel lhe anunciou a boa novade que o Espírito do Senhor viria sobre ela; a força doAltíssimo a cobriria com sua sombra, de modo que o Santo

que dela nasceria seria o Filho de Deus. Então respondeuela: 'Faça-se em mim segundo a tua palavra'. Da Virgem,portanto, nasceu Jesus, de quem falam as Escrituras (...)aquele por quem Deus destrói a serpente" (Diálogo comTrifão 100,4-5). 

 Ireneu de Lião

"Por conseguinte (...) encontra-se Maria, Virgem obediente(...) Eva, ainda virgem, fez-se desobediente e tornou-separa si e para todo o gênero causa de morte. Maria, Virgem

obediente, tornou-se para si e para todo o gênero humanocausa de salvação (...) A partir de Maria até Eva retoma-seo mesmo círculo. Não existe outro modo de desatar o nó anão ser fazendo com que os fios da corda onde se deu o nópercorram o sentido contrário (...) Eis porque Lucas inicia agenealogia de Jesus começando pelo Senhor indo até Adão(Lc. 3,23-38), evidenciando que o verdadeiro movimento dageração não procede dos antepassados até Cristo, mas vaide Cristo a eles segundo o Evangelho da Vida. Assim é que

a desobediência de Eva foi resgatada pela obediência deMaria. Com efeito, o nó que a virgem Eva atou com a

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incredulidade, Maria o desatou com a fé" (Contra asHeresias 3,22,4).

"Da mesma forma que aquela (Eva) foi seduzida paradesobedecer a Deus, esta (Maria) foi persuadida a obedecer

a Deus, por ser ela, a Virgem Maria, a advogada de Eva.Assim, o gênero humano, submetido à morte por umavirgem, foi dela libertado por uma Virgem, tornando-secontrabalanceada a desobediência de uma virgem pelaobediência de outra" (Contra as Heresias 5,19).

"Foi por meio de uma virgem (=Eva) desobediente que ohomem foi golpeado, caiu e morreu. Da mesma forma, épela Virgem [Maria], obediente à Palavra de Deus, que ohomem (...) encontrou de novo a vida (...) Era justo e

necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, a fim deque o mortal fosse absorvido e tragado pela imortalidade eEva fosse reconstruída em Maria. Deste modo, uma Virgemfeita advogada de uma virgem, cancelou e anulou adesobediência de uma virgem com a sua obediência devirgem" (Demonstração da Pregação Apostólica 33). 

Efrém da Síria

"O anjo Gabriel foi enviado a Maria para preparar umamorada para o seu Senhor. Nela, a raça dos homens vis einsignificantes se uniu com a raça divina que está acima detodas as paixões (...) Pela prole de Maria, tem sidoabençoada aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos(Gen 3,16), trazendo bênçãos, as mais profundas, a estamulher cuja prole destruiu a morte e a Satanás. E no seiode Maria se fez criança Aquele que é igual a seu Pai desde aeternidade; comunicou-nos sua grandeza e assumiu nossapequenez; conosco se fez mortal e nos infundiu sua vida afim de livrar-nos da morte (...) Maria é o jardim ao qual

desceu do Pai a chuva da bênção. Esta aspersão chegou atéo rosto de Adão e, assim, Este recobrou a vida e selevantou do sepulcro, já que por seus inimigos tinha sidosepultado no Xeol" (Carmina Soguita 1). 

Epifânio de Salamina

"Numa consideração exterior e aparente, dir-se-ia que deEva derivou a vida (...) Na verdade, é de Maria que deriva averdadeira Vida para o mundo; é ela que dá à luz o Vivente;é ela a Mãe dos viventes".

"Eva trouxe ao gênero humano uma causa de morte: por

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ela, a morte entrou no orbe da terra; Maria trouxe umacausa de vida e por ela a vida se estendeu a nós. Foi porisso que o Filho de Deus veio a este mundo: para que, ondeabundou o delito, superabundasse a graça; onde a morte

havia chegado, aí chegou a vida, para tomar seu lugar; eaquele mesmo que nasceu da mulher para ser nossa vida,haveria de expulsar a morte, introduzida pela mulher.Quando ainda virgem no paraíso, Eva desagradou a Deuspor sua desobediência. Por isto mesmo emanou da Virgem[Maria] a obediência própria da graça, depois que seanunciou o advento do Verbo revestido de corpo, o adventoda eterna Vida do céu" (Panárion 78,18,1-3). 

 Agostinho de Hipona 

Pelo sexo feminino caiu o homem e pelo sexo femininoencontrou o homem a sua reparação, pois uma Virgem deuà luz ao Cristo; e uma mulher anunciou a ressurreição! Pelamulher veio a morte; pela mulher chegou a vida!" (Sermão232,2).

"Nossa primeira queda teve lugar quando a mulher de quemherdamos a morte concebeu, em seu coração, o veneno daserpente. A serpente, com efeito, a persuadiu a pecar e estemau conselho encontrou guarida em seus ouvidos. Se nossa

primeira queda teve lugar quando a mulher concebeu emseu coração o veneno da serpente, não há de estranhar-nosque nossa saúde tenha sido restaurada quando outramulher concebeu em seu seio a carne do Todo-Poderoso.Um e outro sexo tinham caído; um e outro tinham que serrestaurados. Por uma mulher fomos entregues à morte; poruma mulher nos foi devolvida a saúde" (Sermão 289,2).

* * *

c) Imaculada conceição“Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”  

(Luc. 28b).

Esta santidade inteiramente singular da qual Maria é enriquecidadesde o primeiro instante da sua conceição, lhe veminteiramente de Cristo: em vista dos méritos de seu Filho, foiredimida de um modo mais sublime. Mais do que qualquer outrapessoa criada, o Pai a “abençoou com toda sorte de bênçãosespirituais, nos céus, em Cristo” (Ef. 1,3). Ele a escolheu n’Ele,

desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculadana sua presença, no amor (CIC 492). 

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  A FÉ CRISTÃ

vencer por todos os flancos o pecado, porque mereceu elaconceber e dar à luz a quem não teve pecado algum.Exceto, digo a esta Virgem, se tivéssemos podido congregartodos os santos e santas que aqui viviam e perguntássemos

se jamais tinham pecado, o que teriam respondido? (...)Não é verdade que teriam unanimemente exclamado: 'Sedissermos que não pecamos, enganamo-nos, e a verdadenão está em nós'?" (De Natura et Gratia 36,42). 

Teotecnos de Lívias

"Nasce como os querubins aquela (=Maria) que é de umbarro puro e imaculado". 

Concílio Regional de Latrão

"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprioDeus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,também depois do parto, conservou inalterada a suavirgindade". 

 João Damasceno

"Posto que a Virgem Mãe de Deus nasceria de Ana, anatureza não se atreveu a se antecipar ao germe da graça,mas permaneceu sem fruto até que a graça produzisse o

seu. Era conveniente, pois, que nascesse como primogênitaaquela da qual haveria de nascer o Primogênito de toda acriatura, em quem subsistem todas as coisas (Col. 1,15-17).Ó venturosa companheira: a vós está sujeita toda a criação!Por meio de vós, com efeito, ofereceu o Criador o melhor detodos os dons, ou seja, aquela augusta Mãe, a única que foidigna do Criador! Ó felizes entranhas de Joaquim, da qualsaiu uma descendência absolutamente sem mancha! Ó seioglorioso de Ana, no qual pouco a pouco foi crescendo e se

desenvolvendo uma criança completamente pura e, depoisde formada, foi dada à luz!" (Homilia I da Natividade deMaria 2). 

 André de Creta

"O corpo de Virgem é uma terra que Deus trabalhou, asprimícias da massa adamítica divinizada em Cristo, aimagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, obarro amassado pelas mãos do Artista divino" (Sermão daDormição de Maria 1).

"Hoje a humanidade, em todo fulgor da sua nobreza

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imaculada recebe a beleza antiga. As vergonhas do pecadotinham obscurecido o esplendor e o fascínio da naturezahumana. Mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência(=Jesus), esta natureza recupera, na sua pessoa, os antigos

privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito everdadeiramente digno de Deus (...) Hoje a reforma danossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetidoa uma transformação totalmente divina, recebe as primíciasda segunda criação" (Sermão da Natividade de Maria 1). 

Concílio Ecumênico de Nicéia II 

"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança darepresentação da cruz preciosa e vivificante, assim como asveneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,

quer em qualquer outro material adaptado, devem serexpostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nascasas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus eSalvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa eSanta Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos

 justos".

* * *

d) Virgem antes do parto de Jesus“Foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade daGaliléia, chamada Nazaré, a uma Virgem desposadacom um varão. O nome da Virgem era Maria”  (Luc.

1,26b.27b).

Desde as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou queJesus foi concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santono seio da Virgem Maria, afirmando também o aspecto corporaldeste evento: Jesus foi concebido “do Espírito Santo, sem

sêmen” (Concílio Regional de Latrão). Os Padres vêem naconceição virginal o sinal de que foi verdadeiramente o Filho deDeus que veio a uma humanidade como a nossa (CIC 496). 

 Inácio de Antioquia

"O Filho de Deus (...) verdadeiramente nasceu de umavirgem" (Epístola aos Esmirnenses 1,1). 

 Justino Mártir 

"'A Virgem há de conceber' (Is. 7,14), não do varão (...) A

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força de Deus, sobrevindo a ela, recobriu-a e fez que,embora virgem, se tornasse grávida" (Apologia 1,33). 

 Ireneu de Lião 

 “Que haveria de grande ou que sinal se produziria se uma  jovem desse à luz após ter concebido de varão? É justamente isto o que acontece com todas as mulheres quedão à luz" (Contra as Heresias 3,21,6). 

 Ambrósio de Milão 

Iria escolher Nosso Senhor Jesus para ser sua Mãe a quemse atrevesse a profanar o seio celeste com a intervenção deum varão ou uma mulher incapaz de guardar intacto opudor virginal? Aquela com cujo exemplo estimula as

demais virgens ao amor da integridade" (Da formação daVirgem 44-45).

"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos oevangelista a entender que ele não se atreveria a profanar otemplo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo daMãe de Deus" (Comentário ao Evangelho de Lucas). 

 Agostinho de Hipona

"Causa-te estranheza (ó Porfírio), porventura, o inusitadoparto de uma Virgem? Nem sequer isto deve constranger-te. Digo mais: isto deve conduzir-te a aceitar a ter piedadeporque Aquele que é admirável nasce admiravelmente" (ACidade de Deus 10,29,1.2).

"Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmotempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mastambém pelo corpo".

"Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. AIgreja dá à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça.

Nem em Maria, nem na Igreja, a virgindade impede afecundidade. E nem em uma, nem em outra, a fecundidadedestrói a virgindade" (Da Virgindade Consagrada 2,2).

"[Maria] dedicou a sua virgindade a Deus, quando ainda nãosabia a quem devia conceber, a fim de que a imitação davida celeste no corpo terreno e mortal se fizesse por voto,não por preceito; por opção de amor, não por necessidadede serviço" (Da Virgindade Consagrada 4,4).

"Está dito: 'Jesus Cristo foi formado 'da estirpe de Davi

segundo a carne', conforme o Apóstolo (Rom 1,3). Issosignifica que foi modelado do limo da terra (Gen 2,7) E

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 Agostinho de Hipona

"Nossa fé não é ficção. Nunca vimos o rosto da VirgemMaria da qual, sem contato de varão e sem detrimento desua virgindade no parto, nasceu o Senhor Jesus Cristo

milagrosamente" (A Trindade 8,5,7)."Cremos no Filho de Deus, que nasceu pelo Espírito Santoda Virgem Maria. De fato, o Dom de Deus, isto é, o EspíritoSanto, é que nos valeu tão grande humildade por parte deum Deus tão magnífico, a ponto de se dignar tomar nossanatureza toda inteira no seio de uma Virgem. Veio elehabitar num seio materno, deixando-o intacto" (Da Fé e doSímbolo 4,8).

"Causa-nos admiração o parto de uma Virgem (...) Suaintegridade virginal permaneceu inviolada na concepção eno parto" (Sermão 192,1). 

Papa Gregório I Magno de Roma

"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava avirgindade".

"O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde seachavam os discípulos, passando por portas fechadas; essemesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado,

manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para seadmirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente,tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer,Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem" (Homilia26,1).

* * *

f) Virgem após o parto

“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e oreclinou numa manjedoura, porque não havia lugar 

 para eles na estalagem”  (Luc. 2,7).

[Tal aprofundamento na fé da maternidade virginal leva a Igrejaa professar] a virgindade real e perpétua de Maria (cf. CIC 499). 

Orígenes de Alexandria

"Isto soa como algo de sagrado, pois para se falarpropriamente, aplica-se apenas ao caso de Jesus. Ele é oúnico menino que abre o seio de sua Mãe. Nas outras mães,

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o seio está aberto desde antes... Só o de Maria, sagrado edigno de toda veneração, permanece intacto" (Homilia 14sobre o Evangelho de Lucas). 

Efrém da Síria

"Virgem gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como asarça que ardia ao fogo sem se consumir". 

 Agostinho de Hipona 

  “Veio Ele (=Cristo) habitar num seio materno, deixando-ointacto".

"Mas os católicos (...), ao contrário, sempre creram navirgindade de santa Maria, no parto. Ele tomou de Maria umcorpo real e autêntico, tendo sua Mãe permanecido virgem

no parto, assim como depois do parto" (Contra Juliano1,2,4).

"Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o partodaquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, eque permaneceu virgem após ter dado à luz, fossecelebrado não somente com festejos humanos, mas comcânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1).

"Nosso Senhor entrou por sua livre vontade no seio daVirgem (...) Engravidou sua Mãe, todavia sem privá-la dasua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo, saiu emanteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira,revestiu aquela de quem se dignou nascer, com a honra deMãe e com a santidade de Virgem. Que significa isso? Quempode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa admirável! Mas nãonos é permitido calar aquilo de que somos incapazes deesclarecer (...) Não obstante, sentimo-nos constrangidos alouvar, para que o nosso silêncio não seja sinal deingratidão. Graças sejam dadas a Deus! Aquilo que não se

pode exprimir dignamente, pode-se crer firmemente"(Sermão 215,3).

"Maria: Jesus ao ser concebido em ti, encontrou-te virgeme, uma vez nascido, deixa-te virgem. Concede-te afecundidade sem te privar da integridade! De onde te vemtudo isso? (...) Dize-me, ó Anjo, de onde veio tal glória aMaria? E o Anjo diz: 'Eu já o declarei ao saudá-la - Ave,cheia de graça!'" (Sermão 291,6). 

Papa Leão I Magno de Roma

"O Filho de Deus foi concebido do Espírito Santo no seio da

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Virgem Maria, que O deu à luz, conservando a suavirgindade, como o concebeu conservando a sua virgindade"(Epístola a Flaviano 2). 

Concílio Regional de Latrão

"Maria, a Santa Mãe de Deus e imaculada Virgem (...)concebeu do Espírito Santo, sem semente viril, o próprioDeus Verbo; deu-O à luz sem perder a sua integridade e,também depois do parto, conservou inalterada a suavirgindade" (DZ 503).

* * *

g) A sempre Virgem Maria

“E deu à luz o seu Filho primogênito, enfaixou-o e oreclinou numa manjedoura, porque não havia lugar  para eles na estalagem”  (Luc. 2,7).

[Por tudo,] a Liturgia da Igreja celebra Maria como a Aeiparthenos, isto é, a “Sempre Virgem” (CIC 499 in fine). 

Efrém da Síria

"Virgem, ela (=Maria) O deu à luz e fica incólume em sua

virgindade / Inclinou-se e partiu-O e, assim Virgem, ela olevantou e o alimentou com seu leite / Ela é Virgem e assimmorre, sem que sejam violados os selos da sua virgindade"(Hino 15,2). 

 Ambrósio de Milão

"Que porta é esta senão Maria, que permanece fechada porser virgem? Portanto, esta porta foi Maria, através da qualCristo veio a este mundo graças a um parto virginal, semromper os claustros fecundos da pureza. Permaneceu

íntegro em seu pudor e se conservaram intactos os selos davirgindade, enquanto nascia Cristo de uma Virgem cujagrandeza não podia sustentar o mundo inteiro. Esta porta -disse o Senhor - há de permanecer fechada e não se abrirá.Bela porta: Maria, que sempre se manteve fechada e não aabriu! Passou Cristo através dela, mas não abriu" (Daformação da Virgem 52-53). 

Epifânio de Salamina

"Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; suaencarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse

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verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera acarne e que o dera à luz, não se preocuparia tanto emrecomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, nãoadmitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso

do seu corpo"."[O Filho de Deus] encarnou-se, isto é, foi gerado de modoperfeito por santa Maria, a sempre Virgem, por obra doEspírito Santo" (Ancoratus 119,5). 

 João Crisóstomo

"Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramentemãe". 

 Agostinho de Hipona

"Cristo nasceu, com efeito, da Mãe que, embora semcontato com varão, concebeu intacta e sempre intactapermaneceu. Concebeu virgem, dando à luz virgem, virgemmorrendo, embora fosse desposada com um carpinteiro,extinguindo todo orgulho da nobreza carnal. Uma virgemconcebe, virgem leva o fruto; uma virgem dá à luz epermanece perpetuamente virgem".

"Quanto ao que cremos a respeito de sua sepultura, essa féevoca a recordação daquele sepulcro novo que viria

testemunhar a ressurreição de Cristo para uma vida nova,tal como aconteceu com o seio virginal em relação ao seunascimento. Com efeito, assim como nesse sepulcronenhum morto foi sepultado (Jo. 19,41), nem antes, nemdepois, também no seio virginal de Maria, nem antes, nemdepois, ser mortal algum foi concebido" (Da Fé e do Símbolo5,11).

"Virgem concebeu, Virgem deu à luz, Virgem viveu até amorte, ainda que estivesse desposada com um operário"

(Da Instrução dos Catecúmenos 22,40)."Maria permaneceu virgem, concebendo o seu Filho. Virgemao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lodo seu seio, Virgem sempre" (Sermão 186,1). 

Cirilo de Alexandria

"Ela é Mãe e virgem! Que coisa admirável! Esse milagre medeixa extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtorfosse impedido de habitar no templo que ele próprio

construiu? Quem se humilhou tanto a ponto de escolheruma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo

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  A FÉ CRISTÃ

exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divinaUnidade; com santo temor veneremos a indivisível Trindadeao celebrar com louvores a sempre Virgem Maria! Ela é otemplo santo de Deus, que é seu Filho e esposo imaculado.

A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia noConcílio de Éfeso). 

Concílio Ecumênico de Constantinopla II 

"[O Verbo de Deus,] tendo-se encarnado da santa gloriosaMãe de Deus e sempre virgem Maria, nasceu dela" (DS422). 

 Ildelfonso de Toledo

"(Maria) Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua

prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teuFilho e, assim, permaneces honesta e íntegra após o parto.Não quero ver-te (=Joviano) questionando sobre o pudor denossa Virgem no parto; não quero ver-te corromper a suaintegridade na geração; não quero saber violada suavirgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues amaternidade porque foi virgem; não a prives da plena glóriada virgindade porque foi mãe. Se confundes uma dessascoisas, erras em tudo. Desconhecer a harmonia que as uneé ignorar por completo a verdade que encerram. Se nãopensas assim, estás errado e pecas contra a justiça. Senegas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injuriasgrandemente a Deus: negas que Ele possa fazer a Suavontade, que Ele possa manter virgem a quem encontrouvirgem. Mas, então, a divindade do Onipotente antes trouxedetrimento do que benefício a Maria: enfeiou-a Aquele quea enchera de beleza ao criá-la. Cesse o pensamento queassim julga; cale-se a boca que assim fala; não ressoe talvoz! Eis que Maria é Virgem por graça de Deus. Virgem de

homem, virgem por testemunho do anjo, virgem pordeclaração do Esposo, virgem sem sombra de dúvida,virgem antes da vinda de seu Filho, virgem após concebê-lo, virgem no parto, virgem após o parto. Fecundada peloVerbo e por Ele repleta, dignamente deu-O à luz, emnascimento humano sim, conforme a condição e a verdadedas coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto etotalmente íntegro. Isto ela deve a um dom divino, a umadivina graça, a uma divina concessão, mediante uma obratotalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita,mantendo-se virgem pela concepção e depois da concepção,

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pelo parto, com o parte e depois do parto, virgem com oque havia de nascer, com o que nascia, virgem depois doseu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem, escolhida paraesposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre

virgem, apesar do Filho e do Esposo, alheia a toda união econtato conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgemgloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verboencarnado, após a natividade do homem assumido emDeus, do homem unido a Deus, mais santa virgem ainda,santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, maisnobre, mais honrada, mais augusta" (Da VirgindadePerpétua de Maria). 

 João Damasceno

"Bem-aventurados sejam as entranhas e o ventre de ondesaíste; bem-aventurados os braços que te sustentaram e oslábios que se alegraram dando-te castos beijos, isto é, os deteus pais unicamente, de modo que sempre guardarás aperfeita virgindade!" (Homilia 1 da Natividade de Maria 6).

* * *

h) Assunção aos céus

“Foram dadas à mulher duas asas de uma grande

águia, a fim de voar para o deserto (...) fora da presença da serpente”  (Apoc. 12,14).

Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de todamancha e culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foiassunta em corpo e alma à glória celeste. E, para que maisplenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dossenhores e Vencedor do pecado e da morte, foi exaltada peloSenhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem é umaparticipação singular na ressurreição de seu Filho e uma

antecipação da ressurreição dos outros cristãos (CIC 966). 

Efrém da Síria

"Disse Maria: o Menino que gerei me tomou consigo / E meabrigou entre suas poderosas asas / Elevando-me às alturase explicando: / Os céus e as profundezas pertencem a teuFilho" (Hino do Natividade do Senhor 17). 

 Ambrósio de Milão

"Se ela (=Maria) morria com seu Filho, sabia que havia de

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ressuscitar com Ele, pois ela não ignorava o fato misteriosode que havia gerado Aquele que havia de ressuscitar" (DeInstitutione Virginis 7,49). 

Timóteo de Jerusalém 

"'Uma espada transpassará a tua alma!' (...) Destaspalavras, muitos concluíram que a Mãe do Senhor, mortapela espada, obteve o fim glorioso que é o martírio. Masnão foi assim. A espada metálica divide o corpo e não aalma. Nem era possível que tal acontecesse, porque aVirgem, imortal até hoje, foi transladada a partir do lugar desua assunção por Aquele que nela fez a sua morada"(Homilia sobre Simeão e Ana). 

Epifânio de Salamina

"Se alguém julgar que estamos laborando em erro, podeconsultar a Sagrada Escritura, onde não achará a morte deMaria, nem se foi morta ou não, se foi sepultada ou não. Equando João partiu para a Ásia, em parte alguma está ditoque tenha levado consigo a santa Virgem. Sobre isto, aEscritura silencia totalmente, o que penso ocorrer por causada grandeza transcendente do prodígio, a fim de não causarmaior assombro às mentes. Temo falar nisso e procuroimpor-me silêncio a esse respeito, porque não sei,realmente, se se podem achar indicações, ainda queobscuras, sobre a incerta morte da santíssima e bem-aventurada Virgem. De um lado, temos a palavra proferidasobre ela: 'Uma espada traspassará tua alma, para quesejam revelados os pensamentos de muitos corações'. Deoutro, todavia, lemos no Apocalipse de João, que o dragãoavançou contra a mulher, quando dera à luz um varão, eque lhe foram dadas asas de águia para ser transportada aodeserto, onde o dragão não a alcançasse. Isso pode ter-se

realizado em Maria. Nem digo que tenha permanecidoimortal, nem posso afirmar que tenha morrido. A SagradaEscritura, transcendendo aqui a capacidade da mentehumana, deixa a coisa na incerteza, em atenção ao Vasoinsigne e excelente, para que ninguém lhe atribua algumasordidez própria da carne" (Panarion 78,10-12). 

Pseudo-Melitão

"[Disseram os Apóstolos a Jesus:] 'Senhor, escolhestes estatua serva (=Maria) a fim de que se tornasse para Ti uma

residência imaculada (...) Portanto, pareceu-nos justo, anós, teus servos, que assim como Tu reinas na glória,

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depois de teres vencido a morte, Tu ressuscitas o corpo detua Mãe e conduze-a jubilosa contigo ao céu" (Do Trânsitoda Virgem Maria). 

Sacramentário de Bóbbio

"8 de janeiro: Festa da Assunção de Maria" Germano de Constantinopla

"Era necessário que a Mãe da Vida compartilhasse ahabitação da Vida" (Homilia da Dormição de Maria).

"Assim como uma criança procura e deseja a presença desua mãe, e como uma mãe ama viver em companhia de seufilho, assim também para ti (=Maria), cujo amor maternopelo seu Filho e Deus não deixa dúvidas, era conveniente

que tu voltasses para Ele. E, em todo caso, não era porventura conveniente que este Deus, que provara por ti umamor deveras filial, te tomasse em sua companhia?"(Homilia da Dormição de Maria 1).

"[Diz Jesus:] 'É preciso que onde Eu estou, tu tambémestejas, Mãe, inseparável de teu Filho'" (Homilia daDormição de Maria 3). 

 João Damasceno

"Maria não conheceu os tenebrosos caminhos que levam aoinferno, mas disposto para ela um caminho reto, plano eseguro em direção ao céu. Com efeito, se Cristo, que é averdade e a vida, disse: 'Onde eu estou, ali estará tambémmeu servidor' (Jo 12,26), com muito mais razão não deviamorar com Ele sua própria Mãe? Assim como ela Lhe deu àluz sem dor, assim também sua morte esteve isenta dedores. Funesta é a morte dos pecadores (Sl 34,22);daquela, ao contrário, em quem foi vencido o pecado, que éo aguilhão da morte, não teremos de dizer que a morte é oprincípio de uma vida superior e indefectível? Se emverdade é preciosa a morte dos santos do Senhor Deus dosexércitos, muito mais é o gloriosa translado da Mãe deDeus" (Homilia 1 da Natividade de Maria 3).

"Era necessário que aquela que vira o seu Filho sobre a cruze recebera em pleno coração a espada da dor (...)contemplasse este Filho sentado à direita de Deus" (Homilia2 da Natividade de Maria).

"É aqui que o Criador de todas as coisas recebe em suasmãos a alma sacrossanta que emigra daquele corpo, que é

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  A FÉ CRISTÃ

o receptáculo em que habitou o Senhor! Com razão quis Eleprestar esta honra àquela que, embora por natureza fossesua escrava, por uma altíssima e inefável decisão de suabondade, ao assumir verdadeiramente nossa carne, a fez

sua Mãe (...) Os coros dos anjos, segundo cremos,contemplaram - ó Virgem - tua saída deste mundo, por elesansiada (...) Os anjos e arcanjos te transladaram. Ante teutranslado, os espírito imundos que voam pelos ares seestremeceram de espanto. Com tua passagem o ar ficouabençoado e tudo foi santificado. O céu, com gozo, recebeutua alma. As potestades celestiais saíram ao teu encontro,cantando hinos sagrados, com festiva alegria eexpressando-se com estas ou parecidas palavras: 'Quem éesta que sobe toda pura, surgindo como a aurora, formosa

como a lua e brilhante como o sol? Ó, que formosa és etoda cheia de suavidade! O Rei te introduziu em suacâmara, onde as potestades te escoltam, os principados teabençoam, os tronos entoam cânticos em tua honra, osquerubins se maravilham e os serafins proclamam teuslouvores, já que, por divina disposição, foste constituídaverdadeira Mãe do Senhor'" (Homilia 1 da Assunção deMaria 1,1).

"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seu

nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meuDeus, como oferenda em honra de sua partida. Isto nãoserá favor para ela, mas servirá a mim mesmo e a vós, aquipresentes (...) Não é Maria que precisa de elogios; nós éque precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glóriapode receber ainda? A fonte da luz, como será iluminadaainda? Ela (Maria) cativou o meu espírito; ela reina sobre aminha palavra; dia e noite sua imagem me é presente. Mãe

do Verbo, dá-me de que falar! (...) Eis aquela cuja festacelebramos hoje em sua santa e divina assunção. Aqueleque (...) desceu ao seio virgíneo para ser concebido e seencarnar, sem deixar o seio do Pai; Aquele que através daPaixão marchou voluntariamente para a morte,conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai;como não poderia Ele atrair ao Pai sua Mãe segundo acarne? Como não elevaria da terra ao céu aquela que foraum verdadeiro céu na terra? Hoje, da Jerusalém terrestre, aCidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do alto:aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o

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  Carlos Martins Nabeto

Primogênito de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vemhabitar na Igreja das primícias! A arca do Senhor, viva eracional, é transportada ao repouso de seu Filho! As portasdo paraíso se abrem para acolher a terra portadora de

Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentora dadesobediência de Eva e da morte infligida a Adão! Aquelaque foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação doVerbo veio repousar em túmulo glorioso, como em tálamonupcial, para de lá se elevar até a câmara das núpciascelestes, onde reina em plena luz com seu Filho e seu Deus,deixando-nos também como lugar de núpcias seu túmulosobre a terra (...) Mas então? Morreu a fonte da vida, a Mãede meu Senhor? Sim, era preciso que o ser formado daterra à terra voltasse, para dali subir ao céu, recebendo o

dom da vida perfeita e pura a partir da terra, após ter-lheentregue o seu corpo. Era preciso que, como o ouro nocrisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e setornasse, pela morte, incorruptível, pura e, assim,ressuscitasse do túmulo (...) Erguei vossos olhos, Povo deDeus! Alçai vosso olhar! Eis em Sião a Arca do Senhor, Deusdos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestarassistência os Apóstolos, tributando seu derradeiro culto aocorpo que foi princípio de vida e receptáculo de Deus! Eis a

Virgem, filha de Adão e Mãe de Deus! Por causa de Adão,entrega o seu corpo à terra; mas por causa de seu Filho,eleva a alma aos tabernáculos celestes! Que toda a criaçãocelebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens, emsua alegria; a boca dos oradores, em seus panegíricos; ocoração dos sábios, em suas dissertações sobre essamaravilha; os anciãos de veneráveis clãs, em suascontemplações. Que todas as criaturas se associem nestahomenagem que, ainda assim, não seria suficiente. Todos,pois, deixemos em espírito este mundo com aquela que deleparte. Cantemos hinos sacros e nossas melodias se inspiremnas palavras: 'Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo'"(Homilia sobre a Dormição de Nossa Senhora).

"Como é possível que aquela que no parto ultrapassou todosos limites da natureza, agora se submeta às leis desta e seucorpo imaculado se sujeite à morte? (...) Certamente eranecessário que a parte mortal fosse deposta para se revestirde imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeito aexperiência da morte. Com efeito, Ele morre segundo acarne e com a morte destrói a morte; à corrupção concede

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a incorruptibilidade e o morrer faz d'Ele nascente daressusrreição" (Panegírico sobre a Dormição da Mãe deDeus 10). 

Sacramentário Gregoriano

"[Este é o] Dia em que a Santa Mãe de Deus sofreu a morteterrena, mas não permaneceu nas amarras da morte".

* * * 

i) Mãe de Deus

“Donde me vem que a Mãe do meu Senhor venha ter comigo?”  (Luc. 1,43).

Denominada nos Evangelhos “a Mãe de Jesus” (Jo. 2,1; 19,25),

Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito, desde antes donascimento do seu Filho, como “a Mãe do meu Senhor” (Luc.1,43). Com efeito, Aquele que ela concebeu do Espírito Santocomo homem e que se tornou verdadeiramente seu Filhosegundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, aSegunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa queMaria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos) (CIC 495). 

 Anônimo (séc. II) 

"Sob a vossa proteção procuramos refúgio, santa Mãe deDeus: não desprezeis as nossas súplicas, pois estamossendo provados, mas livrai-nos de todo o perigo, ó Virgemgloriosa e bendita" (Oração Egípcia). 

 Alexandre de Alexandria

"[Jesus] não teve apenas a aparência, mas tinha carne deverdade recebida de Maria, Mãe de Deus" (Epístola aAlexandre de Constantinopla 12). 

 Atanásio de Alexandria

"A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tempor finalidade e característica afirmar de Cristo Salvadorestas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser,visto que é a Palavra do Pai, seu esplendor e sabedoria; etambém que nestes últimos tempos, por causa de nós, sefez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe deDeus" (Da Trindade).

"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:Jeremias foi santificado desde o seio materno; também

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João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir avoz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade). 

 Ambrósio de Milão

"Dissemos que José era um varão justo, dando-nos oevangelista a entender que ele não se atreveria a profanar otemplo do Espírito Santo: o ventre do mistério, o corpo daMãe de Deus" (Comentário sobre o Evangelho de Lucas).

"Que há de mais excelente do que a Mãe de Deus?" (DeVirginibus 2,2,7). 

 João Crisóstomo

"Ó Filho único e Verbo de Deus: sendo imortal, vosdignaste, pela nossa salvação, encarnar-vos da Santa Mãe

de Deus e sempre virgem Maria, vós que sem mudança vostornaste homem e foste crucificado, ó Cristo Deus, que pelavossa morte esmagaste a morte; sois Um na Trindade,glorificado com o Pai e o Espírito Santo. Salvai-nos!" (OMonoghenis). 

 João de Antioquia

"[O título] 'Mãe de Deus' foi concebido, dito e escrito pormuitos Padres (...) Não há perigo algum em dizer e pensaras mesmas coisas daqueles doutores que na Igreja gozaramde boa reputação" (Epístola a Nestório 4). 

Concílio da União entre Orientais e Ocidentais

"Confessamos (...) Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho únicode Deus, Deus perfeito e homem perfeito (...), gerado antesdos séculos por seu Pai, segundo a divindade, e nos últimosdias, o mesmo, por causa de nós e para nossa salvação,gerado da Virgem Maria, segundo a humanidade. O mesmoconsubstancial ao Pai por sua divindade e consubstancial a

nós por sua humanidade, porque a união das duasnaturezas se realizou. E é porque confessamos um sóCristo, um só Filho, um só Senhor que, neste mesmopensamento da união sem mistura, confessamos a SantaVirgem Mãe de Deus, porque o Deus-Logos se encarnou"(Símbolo da União). 

Cirilo de Alexandria

"Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidamem dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.

realmente, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por quemotivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem

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Santíssima que o gerou? Essa verdade nos foi transmitidapelos discípulos do Senhor, embora não usassem estaexpressão. Assim fomos também instruídos pelos santosPadres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de

ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveusobre a santa e consubstancial Trindade, dá freqüentementeà Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus (...) Essaspalavras são de um homem inteiramente digno de lhedarmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir comtoda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma sópalavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras" (Maria,Mãe de Deus).

"Contemplo esta assembléia de homens santos, alegres e

exultantes que, convidados pela santa e sempre VirgemMaria e Mãe de Deus, prontamente acorreram para cá.Embora oprimido por uma grande tristeza, a vista dossantos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo. Nestemomento vão realizar-se entre nós aquelas doces palavrasdo salmista: 'Vede como é bom, como é suave os irmãosviverem juntos, bem unidos' (Sl. 132,1). Salve, ó mística esanta Trindade, que nos reunistes a todos nós nesta igrejade Santa Maria, Mãe de Deus. Salve, ó Maria, Mãe de Deus,venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada inextinguível,

coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, temploindestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter,virgem e mãe, por meio de quem é proclamado bendito nossantos evangelhos 'o que vem em nome do Senhor' (Mt21,9). Salve, ó Maria, tu que trouxeste em teu sagrado seiovirginal o Imenso e Incompreensível; por ti é glorificada eadorada a Santíssima Trindade; por ti se festeja e évenerada no universo a cruz preciosa; por ti exultam oscéus; por ti se alegram os anjos e os arcanjos; por ti são

postos em fuga os demônios; por ti cai do céu o diabotentador; por ti é elevada ao céu a criatura decaída; por titodo o gênero humano, sujeito à insensatez dos ídolos,chega ao conhecimento da verdade; por ti o santo batismopurifica os que crêem; por ti recebemos o óleo da alegria;por ti são fundadas igrejas em toda a terra; por ti as naçõessão conduzidas à conversão. E que mais direi? Por Maria, oFilho unigênito de Deus veio 'iluminar os que jazem nastrevas e nas sombras da morte' (Lc. 1,77); por ela osprofetas anunciaram as coisas futuras; por ela os Apóstolosproclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos

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ressuscitam; por ela reinam os reis em nome da SantíssimaTrindade. Quem dentre os homens é capaz de celebrardignamente a Maria, merecedora de todo louvor? Ela é Mãee virgem! Que coisa admirável! Esse milagre me deixa

extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosseimpedido de habitar no templo que ele próprio construiu?Quem se humilhou tanto a ponto de escolher uma escravapara ser a sua própria mãe? Eis que tudo exulta de alegria!Reverenciemos e adoremos a divina Unidade; com santotemor veneremos a indivisível Trindade ao celebrar comlouvores a sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo deDeus, que é seu Filho e esposo imaculado. A ele a glóriapelos séculos dos séculos. Amém" (Homilia no Concílio deÉfeso). 

Vicente de Lérins

"Theotokos [=Mãe de Deus], mas não no sentido imaginadopor certa heresia ímpia que sustenta que ela deva serchamada a Mãe de Deus não por outro motivo, mas apenasporque deu à luz àquele homem que posteriormente setornou Deus, exatamente como falamos de uma mulhercomo mãe de um sacerdote, ou mãe de um bispo, querendodizer que ela era tal não por ter dado à luz a alguém já

sacerdote ou bispo, mas dado à luz a alguém queposteriormente se tornou sacerdote ou bispo. Não dessaforma, afirmo, foi a santa Maria Theotokos - a Mãe de Deus- mas, pelo contrário, como disse anteriormente, porque emseu sagrado ventre se operou o mais sagrado dos mistériospelo qual, por singular e única unidade de Pessoa, como aPalavra na carne é carne, assim o Homem em Deus é Deus"(Comentários 15). 

Concílio Ecumênico de Calcedônia

"O sábio e salutar símbolo de Nicéia-Constantinopla erasuficiente, pela graça de Deus, para fazer conhecer demaneira perfeita e para consolidar a verdadeira fé (...) Mas,uma vez que aqueles que procuram destruir o ensinamentoda verdade difundiram, por suas heresias particulares,doutrinas vãs, alguns ousando desfigurar o mistério daEncarnação do Senhor diante de nós - recusando à Virgem onome de 'Mãe de Deus' - os outros introduzindo miscelâneae confusão, imaginando loucamente que a carne e adivindade não são mais que única natureza, e supondomonstruosamente que, em função dessa mistura, a

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  A FÉ CRISTÃ

natureza divina do Filho único seja capaz de sofrer; porcausa disso, desejando fechar a porta a todas as suasmaquinações contra a verdade, o santo e grande Concílioecumênico aqui presente, que ensina a inabalável doutrina

pregada desde o começo, decidiu, antes de tudo, que a fédos 318 padres [de Nicéia] deve permanecer ao abrigo dequalquer ataque. E ele confirma também o ensinamentoacerca da essência do Espírito dado mais tarde pelos 150padres reunidos na cidade imperial [de Constantinopla] porcausa dos pneumatômacos: eles levavam ao conhecimentode todos que não desejavam acrescentar nada aoensinamento de seus predecessores, como se este fosseincompleto, mas expunham claramente seu pensamentosobre o Espírito Santo, mediante o testemunho das

Escrituras, contra aqueles que tentavam rejeitar suaSoberania (...) Seguindo, por conseguinte, os santospadres, proclamamos todos a uma só voz um único emesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeitoem divindade, o mesmo perfeito em humanidade, o mesmoDeus verdadeiro e homem verdadeiro, feito de uma almaracional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo adivindade, consubstancial a nós segundo a humanidade,semelhante a nós em tudo, exceto no pecado, gerado pelo

Pai antes de todos os séculos quanto à sua divindade, mas,nos últimos dias, para nós e para a nossa salvação, geradopor Maria, a Virgem, a Mãe de Deus, quanto à suahumanidade, um único e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Filhounigênito, que reconhecemos possuir duas naturezas, semconfusão nem mudança, sem divisão nem separação; adiferença das naturezas não é absolutamente suprimidapela união, mas, ao contrário, as propriedades de cada umadas duas naturezas permanecem intactas e se unem numaúnica Pessoa ou hipostase" (Definição Dogmática). 

Lecionário Jerusalemitano

"[15 de agosto:] O dia de Maria, Mãe de Deus". 

 Anônimo (séc. V/VI) 

"Proclamamos-te bem-aventurada, nós, gerações de todasas estirpes, ó Virgem, Mãe de Deus. Em ti, Aquele que estáacima de tudo, Cristo, nosso Deus, dignou-se habitar.Felizes de nós, que temos a ti como nossa defensora,porque tu intercedes noite e dia por nós (...) Por isso telouvamos, gritando: 'Salve, ó cheia de graça! O Senhor é

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contigo" (Hino). 

Concílio Ecumênico de Constantinopla III 

"[Cristo foi] gerado (...) segundo a humanidade, peloEspírito Santo e por Maria Virgem, aquela que épropriamente e com toda a verdade Mãe de Deus" (DS555). 

 João Damasceno

"Ó casto casal, Joaquim e Ana: vós, observando a castidadeque prescreve a lei natural, fostes agraciados com dons queestão muito acima da natureza, já que colocastes no mundoaquela que, sem obra de varão, foi a Mãe de Deus. Vós,levando uma vida humana, piedosa e santa, tivestes uma

filha superior aos anjos e que é agora Senhora dos anjos. Ócriança preciosa e cheia de doçura! Ó lírio entre espinhos,gerado da nobre e régia estirpe de Davi! Por meio de ti adignidade real se uniu à do sacerdócio. Por ti a lei foitransformada e se manifestou o Espírito que antes estavaoculto debaixo da letra, passando a dignidade sacerdotal datribo de Levi para a de Davi (...) Bem-aventurados sejam asentranhas e o ventre de onde saíste; bem-aventurados osbraços que te sustentaram e os lábios que se alegraramdando-te castos beijos, isto é, os de teus pais unicamente,de modo que sempre guardarás a perfeita virgindade! Hojese iniciou a salvação do mundo: enaltece o Senhor toda aterra! Cantando, alegrai-vos e entoai salmos! Levantaivossa voz! Levantai vossa voz, exultai de júbilo, não temais,porque hoje nos nasceu, na santa Probática (=lar deJoaquim), a Mãe de Deus, da qual quis nascer o Cordeiro deDeus que tira o pecado do mundo" (Homilia 1 da Natividadede Maria 6).

"Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer seunome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não me censure,pois, se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meuDeus, como oferenda em honra de sua partida. (...) Asportas do paraíso se abrem para acolher a terra portadorade Deus, onde germinou a árvore da vida eterna, redentorada desobediência de Eva e da morte infligida a Adão! (...)Erguei vossos olhos, Povo de Deus! Alçai vosso olhar! Eisem Sião a Arca do Senhor, Deus dos exércitos, à qualvieram pessoalmente prestar assistência os Apóstolos,

tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio devida e receptáculo de Deus! Eis a Virgem, filha de Adão e

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  A FÉ CRISTÃ

Mãe de Deus! (...) Cantemos hinos sacros e nossasmelodias se inspirem nas palavras: 'Ave, cheia de graça: oSenhor é contigo'" (Homilia sobre a Dormição de Maria). 

Concílio Ecumênico de Nicéia II 

"Definimos, com todo rigor e cuidado, que, à semelhança darepresentação da cruz preciosa e vivificante, assim como asveneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,quer em qualquer outro material adaptado, devem serexpostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nascasas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus eSalvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa eSanta Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos

 justos" (DS 600-601).* * *

 j) Maria e a Igreja

“Todos os Apóstolos perseveraram unanimemente emoração, com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e

seus irmãos”  (At. 1,14).

Volte-se o olhar para Maria, a fim de contemplar nela o que é a

Igreja no seu mistério, na sua peregrinação na fé, e o que elaserá na pátria ao termo final da sua caminhada, onde a espera,na glória da Santíssima e indivisível Trindade, na comunhão detodos os santos, aquela que a Igreja venera como a Mãe do seuSenhor e como que a sua própria Mãe: assim como no céu,onde já está glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deusrepresenta e inaugura a Igreja na sua consumação no séculofuturo, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos avinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperançasegura e consolação diante do Povo de Deus em peregrinação

(CIC 972). 

Clemente de Alexandria

"Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo; umúnico Logos do universo e também um único Espírito Santo,idêntico em todo lugar. Há também uma única virgem quese tornou Mãe e me agrada chamá-la de Igreja" (Paed.1,6). 

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Efrém da Síria

"Maria é a terra na qual foi semeada a Igreja". 

 Ambrósio de Milão

"Sim, ela (=Maria) é noiva, mas Virgem, porque é tipo daIgreja, que é imaculada, mas é esposa: virgem concebeu-nos por obra do Espírito, Virgem deu-nos à luz sem dor"(Sobre o Evangelho de Lucas 2,7). 

 Agostinho de Hipona

"Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e honradacomo a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor (...) Ela étambém verdadeiramente Mãe dos membros [de Cristo](...) porque cooperou pela caridade para que na Igreja

nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça" (DaVirgindade Consagrada 6).

"A Igreja imita Maria" 9Enchiridion 34).

"Maria é parte da Igreja, um membro santo, um membroexcelente, um membro supereminente, mas um membro datotalidade do Corpo" (Sermão 25).

  “Se Cristo é a Cabeça da Igreja, Maria é o membro maissanto, a mais eminente da Igreja" (Sermão 25,7).

"A Igreja é semelhante a Maria" (Sermão 213).* * *

k) A mais bem-aventurada porque creu

“Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão decumprir as coisas que da parte do Senhor te foram

ditas”  (Luc. 1,45).

Ao anúncio de que conceberia “o Filho do Altíssimo” sem

conhecer homem algum pela virtude do Espírito Santo, Mariarespondeu com a “obediência da fé” (Rom. 1,5), certa de quenada é impossível para Deus: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Luc. 1,37). Assim, dando àPalavra de Deus o seu consentimento, Maria se tornou Mãe deJesus e, abraçando de todo o coração sem que nenhum pecadoa retivesse a vontade divina de salvação, entregou-se elamesma totalmente à pessoa e à obra de seu Filho, para servir,na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, aoministério da Redenção (CIC 494). 

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 Ireneu de Lião

"[Maria tornou-se] para si e para todo o mundo causa desalvação" (Contra as Heresias 3,22,4). 

 Agostinho de Hipona

"[Maria] cooperou com sua caridade a fim de que os fiéisnascessem na Igreja" (Da Virgindade Consagrada 6).

"Maria é mais bem-aventurada recebendo a fé de Cristo doque concebendo a carne de Cristo" (Irvig. 3).

"Maria é bem-aventurada porque enviou a Palavra de Deuse a pôs em prática; porque conservou mais a verdade noespírito do que a carne no seio" (Sermão sobre Mateus12,49).

"O anjo anuncia; a Virgem escuta, crê e concebe" (Sermão13).

"De nada teria servido a Maria a intimidade da maternidadecorporal se não tivesse, primeiro, concebido a Cristo demaneira mais feliz: em seu coração; e só depois em seucorpo" (Sermão 215).

"Cristo é acreditado e concebido mediante a fé. Em primeirolugar verifica-se a vinda da fé ao coração da Virgem e, em

seguida, vem a fecundidade ao seio da Mãe" (Sermão 293).

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2. Os Santos

Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de

renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível dasua atividade apostólica e do seu ela missionário (CIC 828 infine)

a) Existência

“Sede, pois, perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito”  (Mat. 5,48).

Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente queesses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram nafidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder doEspírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dosfiéis dando-lhes como modelos e intercessores (CIC 828). 

Gregório de Nissa

"Aquele que vai subindo jamais cessa de ir progredindo de

começo em começo por começos que não têm fim. Aqueleque sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece"(Hom. Cant. 8).

"A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (V.Mos.). 

 Ambrósio de Milão

"As vítimas triunfantes sejam postas no lugar em que Jesusé a vítima. Mas Jesus, que sofreu a paixão por todos, seja

colocado sobre o altar. Os mártires, que foram redimidospela paixão de Jesus, debaixo do altar. Reservara eu esselugar para mim, pois é justo que o sacerdote repouse ondecostumava oferecer a população, mas eu cedo às santasvítimas a parte da direita, pois é esse o lugar que cabe aosmártires" (Epístola 22,13). 

 João Crisóstomo 

 “De fato, não é pelos milagres que estamos acostumados aadmirar os santos (...) mas porque deram prova de vidaangélica" (Da Verdadeira Conversão 8). 

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  A FÉ CRISTÃ

 Agostinho de Hipona

"Na assembléia dos santos, vós sois glorificados e, coroandoseus méritos, exaltais os vossos próprios dons" (Comentáriosobre o Salmo 102,7). 

Martinho de Tours"É conveniente que se ponha, em virtude do bem comum, asepultura dos mártires lá onde se celebra a morte de Jesustodos os dias (...) Em virtude da identidade de destino,erigiu-se o túmulo do mártir lá onde se depositaram osmembros do Senhor imolado, de modo que os queestiveram unidos em uma mesma paixão estejam agorareunidos em um mesmo lugar sagrado" (Sermão 78).

* * *

b) A predestinação de alguns

“Conforme está escrito no profeta Isaías, ‘eis que envioo meu anjo ante a tua presença o qual preparará o teucaminho diante de ti’. Apareceu João Batista no deserto pregando o batismo de penitência, para remissão dos

 pecados”  (Mc. 1,2.4).

[No caso de Maria, por exemplo,] ao longo de toda a Antiga

Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão das santasmulheres. No princípio está Eva: a despeito da suadesobediência, ela recebe a promessa de uma descendência queserá vitoriosa sobre o Maligno, e a de ser a mãe de todos osviventes. Em virtude dessa promessa, Sara concebe um filhoapesar da sua idade avançada. Contra toda expectativahumana, Deus escolheu o que era tido como impotente e fracopara mostrar sua fidelidade à sua promessa: Ana, a mãe deSamuel, Débora, Rute, Judite e Éster, e muitas outras mulheres.

Maria sobressai entre esses humildes e pobres do Senhor qued’Ele esperam e recebem com confiança a salvação. Com ela,finalmente, excelsa filha de Sião, depois de uma demoradaespera da promessa, completam-se os tempos e se instaura anova economia (CIC 489). 

 Atanásio de Alexandria

"Houve muitos que já nasceram santos e livres do pecado:Jeremias foi santificado desde o seio materno; tambémJoão, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir avoz de Maria, Mãe de Deus" (Da Trindade). 

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  Carlos Martins Nabeto

 Agostinho de Hipona

"Entre a graça e a predestinação existe unicamente estadiferença: que a predestinação é uma preparação para agraça, e a graça é já a doação efetiva da predestinação. E

assim, o que diz o Apóstolo: "[a salvação] não provém dasobras, para que ninguém se vanglorie; pois somos todosobra de Deus, criados no Cristo Jesus para realizar boasobras" [Ef. 2,9s] significa a graça; mas o que segue: "asquais Deus de antemão dispôs para caminharmos nelas",significa a predestinação, que não se pode dar sem apresciência, por mais que a presciência possa existir sem apredestinação. Pela predestinação, Deus teve presciênciadas coisas que haveria de realizar; por isto; foi dito: "Ele fez

o que ia ser" [Is 45-LXX]. Mas a presciência pode versartambém sobre as coisas que Deus não faz, como o pecado -de qualquer espécie que seja. Embora haja pecados que sãocastigos de outros pecados, conforme foi dito: "entregou-osDeus a uma mentalidade depravada, para que fizessem oque não convinha" [Rm. 1,28], não há nisto pecado porparte de Deus, mas justo juízo. Portanto, a predestinaçãodivina, que versa sobre o que é bom, é uma preparaçãopara a graça, como já disse, sendo que a graça é efeito dapredestinação. Por isto, quando Deus prometeu a Abraão a

fé de muitos povos, dentro de sua descendência, disse: "Eute fiz pai de muitas nações" [Gn. 17,4s], e o Apóstolocomenta: "Assim, é em virtude da fé, para que, por graça,seja a promessa estendida a toda a descendência" [Rm.4,16]: a promessa não se baseia na nossa vontade mas napredestinação. Deus prometeu, não o que os homensrealizam, mas o que Ele mesmo havia de realizar. Se oshomens praticam boas obras no que se refere ao cultodivino, provém de Deus cumprirem eles o que lhes mandou,

não provém deles que Deus cumpra o que prometeu; deoutro modo, teria provindo da capacidade humana, e não dopoder divino, que se cumprissem as divinas promessas; emtal caso os homens teriam dado a Abraão o que Deus lheprometera! Não foi assim que Abraão creu; ele "creu, dandoglória a Deus e convencido de que Deus era poderoso pararealizar sua promessa" [Rm. 4,21]. O Apóstolo não empregao verbo "predizer" ou "pré conhecer" (na verdade Deus époderoso para predizer e pré-conhecer as coisas), mas elediz: "poderoso para realizar", e portanto, não obras alheias,mas suas. Pois bem; porventura prometeu Deus a Abraão

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que em sua descendência haveria as boas obras dos povos,como coisa que Ele realiza, sem prometer também a fé -como se esta fosse obra dos homens? E então Ele teria tido,quanto a essa fé, apenas "presciência"? Não é certamente o

que diz o Apóstolo, mas sim que Deus prometeu a Abraãofilhos, os quais seguiriam suas pisadas no caminho da fé:isto o afirma clarissimamente (...) O mais ilustre exemplarda predestinação e da graça é o próprio Salvador do mundo,mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo. Pois parachegar a ser tudo isto, com que méritos anteriores - seja deobras, seja de fé - pôde contar a natureza humana que nelereside? Peço que me responda: aquele homem que foiassumido, em unidade de pessoa, pelo Verbo eterno com oPai, para ser Filho Unigênito de Deus, de onde mereceu

isto? Houve algum mérito que tivesse ocorrido antes? Quefez ele, que creu, que pediu previamente para chegar a talinefável excelência? Não foi acaso pela virtude e assunçãodo mesmo Verbo que aquele homem, desde que, começou aexistir, começou a ser Filho único de Deus? Não foi acaso oFilho único de Deus aquele que a mulher, cheia de graça,concebeu? Não foi o único Filho de Deus quem nasceu daVirgem Maria, por obra do Espírito Santo, sem aconcupiscência da carne e por graça singular de Deus?

Acaso se pôde temer que aquele homem chegasse a pecar,quando crescesse na idade e usasse o livre arbítrio? Acasocarecia de vontade livre ou não era esta tanto mais livre,nele, quanto mais impossível que estivesse sujeita aopecado? Todos estes dons, singularmente admiráveis, eoutros ainda, que se possam dizer, em plena verdade,serem dele, recebeu-os de maneira singular, nele, a nossanatureza humana sem que houvesse quaisquermerecimentos precedentes. Interpele então alguém a Deuse diga-lhe: "por que também não sou assim?" E se, ouvindoa repreensão: "ó homem, quem és tu para pedires contas aDeus" [Rm. 9,20], ainda persistir interpelando, com maiorimprudência: "Por que ouço isto: ó homem, quem és tu?pois se sou o que estou escutando, isto é, homem - como oé aquele de quem estou falando - por que não hei de ser omesmo que ele?" Pela graça de Deus ele é tão grande e tãoperfeito! E por que é tão diferente a graça, se a natureza éigual? Certamente, não existe em Deus acepção de pessoas[Col. 3,25]: quem seria o louco, já nem digo o cristão, que

o pensasse? Fique manifesta, portanto, para nós, naqueleque é nossa cabeça, a própria fonte da graça que se difunde

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por todos os seus membros, conforme a medida de cadaum. Tal é a graça, pela qual se faz cristão um homem desdeo momento em que principia a crer; e pela qual o homemunido ao Verbo, desde o primeiro momento seu, foi feito

Jesus Cristo. Fique manifesto que essa graça é do mesmoEspírito Santo, por obra de quem Cristo nasceu e por obrade quem cada homem renasce; do mesmo Espírito Santo,por quem se verificou a isenção de pecado naquele homeme por quem se verifica em nós a remissão dos pecados.Deus, sem dúvida, teve a presciência de que realizaria taiscoisas. É esta a predestinação dos santos, que se manifestade modo mais eminente no Santo dos santos; quem poderianegá-lo, dentre os que entendem retamente osensinamentos da verdade? Pois sabemos que também o

Senhor da glória foi predestinado, enquanto homem tornadoFilho de Deus. Proclama-o o Doutor das Gentes no começode suas epístolas: "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamadopara ser apóstolo, escolhido para o Evangelho de Deus, queEle de antemão havia prometido por meio dos profetas, nassantas Escrituras, acerca de seu Filho o que nasceu daestirpe de Davi segundo a carne e foi constituído Filho deDeus, poderoso segundo O Espírito de santidade desde suaressurreição entre os mortos" [Rm. 1,1-4]. Jesus foi,

portanto, predestinado: aquele que segundo a carne haveriade ser filho de Davi seria também Filho de Deus poderoso,segundo o Espírito da santificação pois nasceu do EspíritoSanto e da Virgem" (Agostinho de Hipona, +430; DaPredestinação dos Santos 10).

"[A predestinação é] a pré-ciência e a preparação dosbenefícios divinos quanto aos que serão certamente salvos"(Do Dom da Perseverança 14,35).

"Desde o início do gênero humano, os que creram em

Cristo, os que de algum modo o conheceram ou viverampiedosamente segundo os preceitos que são seus, foram,sem dúvida alguma, salvos por Ele, onde quer queestivessem" (Epístola 102,12).

* * *

c) O martírio

“Cheios de confiança, temos mais vontade de nosausentarmos do corpo e estar presentes ao Senhor”  

(2Cor. 5,8).

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  A FÉ CRISTÃ

O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé;designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dátestemunho de Cristo morto e ressuscitado, ao qual está unidopela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina

cristã. Enfrenta a morte num ato de fortaleza (CIC 2473). 

Papa Clemente I de Roma

"Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos dosnossos atletas mais recentes. Apresentemos os generososdo nosso tempo, vítimas do fanatismo e da inveja, sofreramperseguição e lutaram até à morte. Tenhamos diante dosolhos os bons Apóstolos: por causa de um fanatismo iníquo,Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duasvezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passoupara o lugar que merecia na glória. Por invejas erivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezesfoi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-sepregador da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando,assim, uma notável reputação por causa da sua fé. Depoisde ensinar o mundo inteiro o caminho da justiça e de chegaraté os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lheinfligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o

lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo depaciência. A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódioiníquo, sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se,desta forma, para nós, um magnífico exemplo de fidelidade.Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, comoDanaides e Dircéia. Suportando graves e terríveis torturas,correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendofracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória. O

fanatismo dos perseguidores separou as esposas dosmaridos, alterando o que disse nosso pai Adão: 'É osso dosmeus ossos e carne de minha carne' (Gn. 2,23). Rivalidadese rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecerpovos numerosos. Escrevemos isto não apenas para vosrecordar os deveres que tendes, mas também para nosalertarmos a nós próprios, pois nos encontramos na mesmaarena e combatemos o mesmo combate. Deixemos aspreocupações inúteis e os vãos cuidados e voltemo-nos paraa gloriosa e venerável regra da nossa Tradição.

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradávelao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue

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de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos deDeus, seu Pai, esse sangue que, derramado para a nossasalvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência"(1ª Epístola aos Coríntios). 

Inácio de Antioquia"Somente quando o mundo não vir mais nada de meu corpoé que serei verdadeiramente discípulo de Cristo (...) BuscoAquele que morreu por nós; quero Aquele que por nósressuscitou" (Epístola aos Esmirnenses 3).

 “Sou vossa vítima [ó Deus] e me ofereço em sacrifício porvossa Igreja" (Epístola aos Efésios 21).

"De viagem da Síria para Roma, estou lutando com feras,

por terra e por mar, de noite e de dia. Acorrentado a dezleopardos, os milicianos da minha escolta militar (...) Esperopoder enfrentar com alegria as feras que estão preparandopara mim e peço a Deus que eu possa encontrá-las prontasa lançarem-se sobre mim. Se não quiserem, em mesmo asinstigarei para que me devorem num instante (...) Tenhamcompaixão de mim. Sei muito bem o que é útil para mim.Somente agora começo a ser discípulo, não me deixoimpressionar por coisa alguma, visível ou invisível, parapoder unir-me a Cristo. Fogo, cruzes, feras, lacerações,desconjuntura dos ossos, o corpo reduzido a pedaços, aspiores torturas caiam sobre mim: importante é unir-me aJesus Cristo. Que proveito poderão dar-me os prazeres domundo ou os reinos da terra? Nenhum! Para mim é melhormorrer por Jesus Cristo do que reinar sobre toda a terra. Aminha vida é busca contínua daquele que morreu por nós;quero Aquele que por nós ressuscitou. Vejam: meunascimento se aproxima! Nada melhor podeis fazer por mimdo que deixar que eu seja sacrificado a Deus (...) Rogo-vos:

não tenhais para comigo uma benevolência inoportuna!Deixem-me ser pasto das feras, pelas quais chegarei aDeus. Sou o trigo de Deus, moído pelos dentes das feraspara tornar-me o pão duro de Cristo (...) Quando o mundonão puder mais ver o meu corpo, serei verdadeiramentediscípulo de Cristo" (Epístola aos Romanos 6,1-2).

"O meu Amor está crucificado e não há mais em mim fogoterreno, mas uma água viva que brota em mim e me diz pordentro: 'Vai até o Pai'" (Epístola aos Romanos 7).

"Meu desejo terrestre (=Cristo) foi crucificado (...) Há emmim uma água viva que murmura e que diz dentro de mim:

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  A FÉ CRISTÃ

'Vem para o Pai'" (Epístola aos Romanos 7,2). 

Policarpo de Esmirna

"O chefe o constrangia, dizendo: 'Jura e te ponho emliberdade. Amaldiçoa a Cristo!' Ele (=Policarpo) respondeu:'Há oitenta e seis anos o sirvo e não me fez mal algum.Como posso blasfemar contra meu Rei e Salvador?'"(Martírio de Policarpo 9).

"Eu te bendigo, Senhor, por me terdes julgado digno destedia e desta hora, digno de ser contado no número dosvossos mártires (...) Guardastes vossa promessa, Deus dafelicidade e da verdade! Por essa graça e por todas ascoisas, eu vos louvo, vos bendigo e vos glorifico pelo eternoe celeste sacerdote, Jesus Cristo, vosso Filho bem amado.Por Ele, que está conosco e com o Espírito, vos seja dada aglória agora e por todos os séculos dos séculos. Amém"(Martírio de Policarpo 14,2.3). 

 Justino Mártir 

"Tendo os santos sido conduzidos diante do tribunal, disse oprefeito Rústico: 'Antes de tudo, submete-se aos deuses eobedece aos imperadores'. Justino disse: 'Nada há decensurável nem de condenável em nos submetermos aos

preceitos de nosso Salvador Jesus Cristo'. O prefeito Rústicodisse: 'Que doutrinas professas?' Disse Justino: 'Tenteiaprender todas as doutrinas, mas aderi às doutrinasverdadeiras dos cristãos, embora não agradem aos quepensam erradamente'. O prefeito Rústico disse: 'Essasdoutrinas te agradam, infeliz?' Justino disse: 'Sim, pois éuma crença justa que me faz segui-las'. O prefeito Rústicodisse: 'Que crença é essa?' Disse Justino: 'A piedade queprofessamos para com o Deus dos cristãos. Acreditamosque Ele é único, criador e artífice, desde o princípio, de todaa criação visível e invisível; e adoramos o Senhor JesusCristo, servo de Deus, cuja vinda para a raça humana foianunciada antecipadamente pelos profetas; devia vir comomensageiro da salvação e mestre de belos ensinamentos. Eeu, que sou apenas um homem, creio poder dizer apenaspouca coisa sobre sua divindade infinita, confessando aomesmo tempo o poder profético que anunciouantecipadamente, como eu disse, que Ele é o Filho de Deus(...)'. Disse o prefeito Rústico: 'Então, afinal, tu és cristão!"

Justino disse: 'Sim. Sou cristão!" (Atas do Martírio). 

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Tertuliano de Cartago

"Os olhos erguidos, as mãos estendidas (porque são puras),a cabeça descoberta (porque não temos do que nosenvergonhar). Não nos ditam palavras, oramos de coração

(...) Enquanto oramos, com as mãos erguidas para Deus,quantas unhas de ferro nos rasgam (...) Só esta atitude docristão que ora, mostra-o pronto para todos os suplícios.Vamos, excelentes governadores! Arrancai uma alma queora pelo Imperador! O crime estará aí, onde está overdadeiro Deus e seu culto" (Apologia 30,4.7). 

Cipriano de Cartago 

  “Aquele que venceu a morte uma vez pode vencê-la emcada um de nós" (Epístola 10,3).

"Se os mártires cristãos são em número tão grande, comose vê, ninguém deve considerar árduo e difícil ser mártir"(Epístola a Fortunato 11). 

Orígenes de Alexandria

"Para os nossos perseguidores que ainda não fizeramderramar o nosso sangue, não queremos ser ocasião depecarem e de se tornarem ainda mais ímpios. Por isso osevitamos, quando nos é possível. Do contrário, eles ficariam

com uma culpa ainda maior e teriam um castigo ainda maisduro toda vez que nós, em nosso egoísmo, pensássemossomente em nosso benefício e nos deixássemos matar,mesmo quando isso não fosse estritamente necessário"(Comentário sobre o Evangelho de João 28,18). 

Ósio de Córdoba

"Confessei Jesus Cristo na perseguição que Maximiano,vosso avô, provocou contra a Igreja. Se quiserdes repeti-la,encontrar-me-eis disposto a tudo sofrer, antes que trair averdade e derramar o sangue do inocente (...) Não meabalam nem vossas cartas, nem vossas ameaças; é inútilprossegui-las. Será mais vantajoso para vós renunciar àsopiniões de Ário e não escutar os orientais (...)" (Epístola aConstantino).

* * *

d) A expansão da Igreja mediante a perseguição e o martírio

“Quem se prender à sua vida, irá perdê-la;quem perder sua vida por causa de Meu amor, irá encontrá-la”  (At.

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  A FÉ CRISTÃ

1,14).

Com o maior cuidado, a Igreja recolheu as lembranças daquelesque foram até o fim para testemunhar a fé. São as “Atas dosMártires”. Constituem os arquivos da verdade escritos em

 “letras de sangue”. (CIC 2474). 

 Justino Mártir 

"Eu mesmo, quando me comprazia nos ensinamentos dePlatão, ouvia acusar os cristãos. Vendo-os, porém, semmedo diante da morte e de tudo o que se teme, compreendique era impossível que vivessem na malícia e devassidão(...) Desprezei essas mentiras, a calúnia e o julgamento da

multidão; quero ser visto como cristão e luto de toda formapara isso, confesso" (Apologia 2,13).

"É manifesto que nos cortam em pedaços, que nos colocamna cruz, que nos lançam nas cadeias, que nos entregam aosanimais e às chamas, mas nada nos impede de confessarJesus Cristo. Ao contrário, quanto mais nos maltratam, maisaumenta o número dos que se tornam fiéis e abraçam apiedade verdadeira. Acontece conosco o que vemos ocorrercom a videira: quando se lhe cortam alguns ramos, ela

cresce de novo, de maneira mais fecunda e mais vigorosa"(Diálogo com Trifão 110). 

Tertuliano de Cartago

"Mais poderosos nos tornamos todas as vezes que somospor vós (=o imperador) ceifados. O sangue dos mártires é asemente de novos cristãos" (Apologia 50). 

Cipriano de Cartago

"Para que se patenteie a fortaleza de ânimo e a firmeza da

fé que devemos considerar e louvar com simplicidade decoração, quando naquele tempo o intrépido [papa] Cornéliose assentou na cátedra de Roma, o tirano (=imperadorDécio) atacou os sacerdotes de Deus com palavras que seproferem e que não se dizem, afirmando que mais prefeririae toleraria um rival do que um sacerdote de Deus emRoma". 

Lactâncio

"Cresce a religião de Deus quanto mais é premida"

(Instituições 5,19,9). 

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 Agostinho de Hipona

"A Igreja avança em sua peregrinação através dasperseguições do mundo e das consolações de Deus" (ACidade de Deus 18,51).

* * *

e) Intercessão dos santos

“Disse Onias: ‘Este é o amigo de seus irmãos e do povode Israel: é Jeremias, profeta de Deus que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa”  (2Mac. 15,14).

Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos maisintimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na

santidade da Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terrapelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Porconseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraquezarecebe o mais valioso auxílio (CIC 956). 

 Inácio de Antioquia

"Meus irmãos: transbordo de amor por vós e é com alegriaque procuro vos fortalecer - não eu, mas Jesus Cristo;estando acorrentado por causa d'Ele, temo ainda mais, aopensar que continuo imperfeito. Vossa oração, contudo, metornará perfeito diante de Deus, para que eu obtenha aherança cuja misericórdia recebi, refugiando-me noEvangelho como na carne de Cristo e nos Apóstolos comono presbitério da Igreja" (Epístola aos Filadelfos 5). 

Frutuoso Mártir 

"Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo

mundo, do Oriente ao Ocidente [quando estiver junto deDeus]" (Ata de Frutuoso 1,7). 

Cipriano de Cartago

"Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem asnossas orações pelos irmãos" (Epístola 57). 

Orígenes de Alexandria

"O pontífice não é o único a se unir aos orantes. Os anjos eas almas dos justos também se unem a eles na oração" (Da

Oração)."Eles (os santos) conhecem os que são dignos da amizade

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  A FÉ CRISTÃ

de Deus e auxiliam os que querem honrá-Lo" (ContraCelso). 

Hilário de Poitiers

"Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance parapermanecer fiéis, não lhes faltará nem a guarda dos anjos,nem a proteção dos santos". 

Cirilo de Jerusalém

"Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes denós: patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires, para queDeus, por suas intercessões e orações, se digne receber asnossas".

"Em seguida (=na Oração Eucarística), mencionamos os que

  já partiram: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos emártires, para que Deus, em virtude de suas preces eintercessões, receba nossa oração" (CatequesesMistagógicas). 

 Jerônimo

"Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em suacarne mortal e ainda necessitados de cuidar de si, aindapodiam orar pelos outros, muito mais agora que járeceberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, umsó homem, alcançou de Deus o perdão para 600 milhomens armados e Estevão, para seus perseguidores. Serãomenos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulodiz que com suas orações salvara a vida de 276 homens,que seguiam com ele no navio (=naufrágio na ilha deMalta). E depois de sua morte? Cessará sua boca e nãopronunciará uma só palavra em favor daqueles que nomundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?" (Adv.Vigil. 6). 

 Agostinho de Hipona

"Portanto, como bem sabem os fiéis, a disciplina eclesiásticaprescreve que, quando se mencionam os mártires nesselugar durante a celebração eucarística, não se reza por eles,mas pelos outros defuntos que também aí se comemoram.Não é conveniente orar por um mártir, pois somos nós quenos devemos encomendar a suas orações" (Sermão 159,1).

 “Não deixemos parecer para nós pouca coisa; que sejamos

membros do mesmo corpo que elas (=Santa Perpétua eSanta Felicidade) (...) Nós nos maravilhamos com elas, elas

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  Carlos Martins Nabeto

sentem compaixão de nós. Nós nos alegramos por elas, elasoram por nós (...) Contudo, nós todos servimos um sóSenhor, seguimos um só Mestre, atendemos um só Rei.Estamos unidos a uma Cabeça; nos dirigimos a uma

Jerusalém; seguimos após um amor, envolvemos umaunidade" (Sermão 280,6). 

 João Cassiano

"Por vezes, é a intercessão dos santos que alcança o perdãodas nossas faltas (1Jo 5,16; Tg 5,14-15) ou ainda amisericórdia e a fé" (Conferência 20). 

  Inscrições e grafitos dos três primeiros séculosencontrados em cemitérios, catacumbas e túmuloscristãos: 

  “Santos mártires: lembrai-vos de Maria" (Cemitério deAquiléia).

"Sebaio, doce alma: pede e roga por teus irmãos ecompanheiros" (Cemitério de Gordiano).

"Anatólio (...) Que teu espírito descanse em Deus. Pede portua mãe" (Cemitério de Santa Priscila).

"Vicência: pede a Cristo por Febe e seu esposo" (Cemitériode São Calixto).

"Mártires santos, bons e benditos: ajudai a Ciríaco"(Cemitério de São Pânfilo).

"Pedro: pede a Cristo Jesus pelas almas dos santos cristãossepultados junto do teu corpo." (Grafito encontrado notúmulo de São Pedro).

"Genciano, fiel em paz (...) Que em tuas orações rogues pornós pois sabemos que estás em Cristo" (Túmulo na ViaSalária).

* * *

f) Possibilidade das aparições

“Eis que lhes apareceram Moisés e Elias falando com Jesus”  (Mat. 17,3).

Depois dos Apóstolos, o Senhor Deus pode permitir que ossantos – como Nossa Senhora – apareçam aos homens a fim denos exortar a uma vida santa e ao apostolado. Essas aparições,

porém, mesmo quando autênticas, nada acrescentam ao

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patrimônio da fé1. 

Gregório de Nissa

"Então o outro (ancião) estendeu a mão como para mostraralgo que de improviso havia aparecido. Gregório voltou avista na direção indicada, viu uma figura que era de umamulher muito mais linda que qualquer pessoa humana.Novamente, perturbado, desviou o olhar e se sentiu cheiode perplexidade; não sabia o que pensar acerca daquelavisão em que não conseguia olhar. O mais extraordinárioera que, apesar de ser noite escura, brilhava diante deleuma luz ao lado da figura aparecida, como se tivesse sidoacendida uma luz muito brilhante (...) Diz-se que Gregórioescutou a mulher que exortava ao evangelista João paraexplicar ao jovem (Gregório) o mistério da verdadeira fé.São João, por sua vez, se declarou totalmente disposto aobedecer a Mãe do Senhor e disse o que desejava de todo ocoração" (Vida de Gregório Taumaturgo). 

 Agostinho de Hipona

 “Pois nós sabemos, com efeito, não por vagos rumores, maspor testemunhas dignas de fé, que o confessor Félix, cujo

túmulo tu (=Paulino de Nola) veneras piedosamente comosanto asilo, deu não somente marcas de seus benefícios,mas até de sua presença, tendo aparecido aos olhos doshomens por ocasião do cerco da cidade de Nola pelosbárbaros. Esses fatos escepcionais acontecem graças àpermissão divina e estão longe de entrar na ordemnormalmente estabelecida para cada espécie de criatura” (Do Cuidado devido aos Mortos 16).

1 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Católicos Perguntam. São Paulo: O Mensageiro de Santo Antonio,1ª ed., 1997, pp. 111-115. 

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  Carlos Martins Nabeto

3. Anjos

a) Sua Existência“Depois veio outro anjo e parou diante do altar, tendoum turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos

 perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todosos santos sobre o altar de ouro que está diante do

trono de Deus”  (Apoc. 8,3).

A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a SagradaEscritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé.O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a

unanimidade da Tradição. Enquanto criaturas puramenteespirituais, são dotados de inteligência e de vontade. Sãocriaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas ascriaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória(CIC 328, 330). 

 Atenágoras de Atenas

  “Não somos ateus. Cremos em Deus Pai, Filho e Espíritosanto, mas ensinamos também que existe uma multidão deanjos servidores, ministros de Deus Criador e ordenador domundo nas coisas que aí se encontram e na sua ordem” 

 Justino Mártir  

  “Nós adoramos a Deus e a seu Filho por Ele gerado e aoEspírito profético que nos ensinou, bem como aos anjos quelhe são obedientes e semelhantes” (Apologia).

 Ireneu de Lião

 “Deus é o criador do céu e da terra e de todo o universo, eformador dos anjos e dos homens. Só Ele é Pai, Deuscriador, formador e moldador. Ele criou e formou ambas ascoisas, tudo: o visível e o invisível, neste mundo e no céu”.

  “Por conseguinte, criou também os seres espirituais. Ouniverso não foi criado nem formado pelos anjos. Deus nãonecessitava deles para esse fim” 

 “Os anjos são espirituais, não possuem carne”.

Clemente de Alexandria

  “Aquele que crê, reza com os anjos, mesmo que reze

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  A FÉ CRISTÃ

sozinho, porque com ele se reúne o côro dos santos queficam em sua companhia” 

Orígenes de Alexandria

  “Onde quer que exista uma Igreja de homens, ali haverátambém uma Igreja de anjos” 

 “O culto que se deve aos anjos é o de veneração e não deadoração”.

 “Cada diocese é dirigida por dois bispos: um secular e umanjo”.

  “Cada assembléia eclesiástica compreende também umaparte celestial formada por anjos, mensageiros de Deus quehabitam entre nós, que rezam com os homens e levam suas

orações aos céus. Apesar disso, os anjos nunca abandona, apresença de Deus. Sua amizade conosco é um sinal denosso bom relacionamento com Deus”.

 “Os anjos são diferentes uns dos outros”.

  “[Os anjos] estão em toda parte; vigiam e governam anatureza”.

 “Se somos merecedorres da presença dos anjos bons, estesnos assistem e nos inspiram bons pensamentos e se

comunicam com nossa alma durante o sono”. Atanásio de Alexandria

  “Os anjos vêem a face do Pai por uma participação noLogos, por uma graça do Espírito Santo”.

  “Os anjos foram criados antes do cosmos” (Carta aSerapião 111,4).

Basílio Magno de Cesaréia

 “Os anjos não foram criados como crianças imperfeitas que,aos poucos, foram se aperfeiçoando pelo exercício, de talforma que se fizeram dignos de receber o Espírito santo. Aocontrário, desde o primeiro instante de sua existência,

  juntamente e em conjunto com a sua substância,receberam a santidade, isto é, a graça santificante” (InPsalm. Hom. 32,4).

 Ambrósio de Milão

 “No batismo, o sacerdote atua na missão de um anjo” (De

Mysteriis 11,6). “Deus não tinha a necessidade de anjos, porém, o homem

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deles tem necessidade. Enquanto os homens foram criadosà imagem de Deus, os anjos o foram segundo o ministériode Deus” (Expos.Ps.108)

 “Todos aqueles que seguem a Cristo têm acesso aos anjos” 

(De Sacramentis 1,6).  “Os anjos foram criados antes do mundo material” (InExodum 27,185).

Cirilo de Jerusalém

 “Todos os côros celestiais tomam parte em cada batismo ecantam sobre o povo cristão” (Protocatechesis).

  “Os anjos podem, entretanto, serem chamados de ‘espíritos’ se a palavra designar algo que não é formado por

matéria bruta”. Jerônimo

  “Os anjos cuidam e velam até pelos pormenores docosmos” (Comm. In Eccles. 10,20).

 Agostinho de Hipona

  “Deus criou os anjos dando-lhes a natureza e infundindo-lhes, ao mesmo tempo, a graça” (A Cidade de Deus4,12,9,9).

  “Encontramos nas Escrituras que os anjos apareceram amuitas pessoas e achamos, portanto, que não é racionalduvidar de sua existência” (In Psal. 103).

"A palavra anjo é designação de um encargo, não denatureza. Se perguntarres pela designação da natureza, aresposta será: é um espírito; se perguntares pelo enviado:é um anjo. É espírito por aquilo que é; é anjo por aquiloque faz" (In Psal. 103,1,5).

 “Aos anjos não se oferece sacrifício; somente os veneramoscomo amor” (A Cidade de Deus 10,7).

 “Aos anjos celestes, que possuem a Deus na humildade e oservem na bem-aventurança, está submetida toda anatureza corporal e toda a vida irracional” (A Cidade deDeus 8,24).

  “Juntamente com os anjos, formamos uma só e mesmacidade de Deus” (A Cidade de Deus 10,7).

"Os santos anjos não alcançam o conhecimento de Deusmediante palavras soantes, mas pela própria presença da

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verdade imutável, isto é, do Verbo Unigênito, e conhecem oVerbo, o Pai e o Espírito Santo; sabem que Eles formam aTrindade inseparável, na qual as Pessoas em si mesmas sãouma única substância e, no então, não são três deuses,

mas um só Deus. Eles conhecem esta verdades melhor doque nós conhecemos a nós mesmos. Também conhecem ascriaturas na sabedoria de Deus (...) e nela conhecemigualmente a si mesmos" (A Cidade de Deus 11,29).

"Só conheceremos a natureza dos anjos de modoperfeitamente claro quando estivermos para sempre unidosa eles na posse da bem-aventurança eterna” (Enchiridion58).

Cirilo de Alexandria

  “Os anjos foram criados também à imagem de Deus,inclusive, incomparavelmente mais do que nós, em razãode sua espiritualidade superior à nossa” (Resposta a TibérioSociosqua 14).

 João Crisóstomo

 “O ar que nos rodeia está cheio de anjos”.

  “Que há de melhor, diga-me? Falar do vizinho e da vidaalheia, bisbilhotar tudo, ou se entregar com os anjos e com

as coisas feitas para nos enriquecer?” (Hom. In Io. 18).Papa Gregório I Magno de Roma

  “Os anjos são incomparavelmente mais íntimos de Deusque os homens (...) São espíritos e somente espíritos,enquanto o homem é espírito e carne” (Moralia in Job4,3,8).

 “[Os anjos] contemplam a Deus face a face” 

  “Comparados com os nossos corpos materiais, [os anjos]

são espíritos; mas comparados com Deus, que é Espíritoilimitado, são de certa forma materiais”.

 João Damasceno

  “Os anjos foram criados do nada; são incorpóreos quandocomparados com os homens, porém, não possuem omesmo grau de espiritualidade de Deus - puro espírito. Suaexata naturreza só pode ser conhecida por Deus” 

"Por serem espíritos (...) os anjos não são fisicamente

circunscritos. De fato, eles não possuem corpo, nem trêsdimensões, mas estão presentes e operam espiritualmente

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para onde quer que vão. Por outro lado, não podem atuarsimultaneamente em dois lugares distintos (...) Eficientes esolícitos no cumprimento da vontade de Deus, são velozes aponto de comparecer instantaneamente onde a vontade de

Deus os chama. Alguns defendem as várias partes domundo, presidem às nações e regiões, conforme a ordemdo Sumo Criador, governam as nossas coisas e prestam-nosajuda" (Exposição da Fé Ortodoxa).

  “[Os anjos] estão em um lugar determinado, embora nãono espaço: como não são como os homens tridimensionais,a bilocação é para eles um fenômeno de ordem espiritual”.

  “Os anjos estão onde atuam, isto é, onde exercem seupoder”.

  “[Os anjos] são imortais pela graça. Contemplam a Deuspela iluminação própria que Deus lhes concede”.

  “A obra dos anjos no céu consiste em louvar a Deus; naterra, servem o Senhor e revelam seus mistérios”.

  “O conhecimento do futuro lhes advém unicamente darevelação de Deus”.

 “Os anjos foram criados antes dos homens e antes mesmodo cosmos”.

* * *

b) Encontram-se Hierarquicamente Organizados

"Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, ascriaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações,

 principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele" (Col.1,16).

Na literatura e no cinema existem muitas histórias sobre

habitantes de outros planetas, geralmente representados comomais inteligentes e poderosos que nós, pobres mortais ligados àterra. Mas nem o mais engenhoso dos escritores de ficçãocientífica poderá fazer justiça à beleza deslumbrante, àinteligência poderosa e ao formidável poder de um anjo. Se istoé assim na ordem inferior das hostes celestiais - na ordem dosanjos propriamente chamados assim -, que não dizer dasordens ascendentes de espíritos puros que se encontram acimados anjos? Na Sagrada Escritura enumeram-se os arcanjos, osprincipados, as potestades, as virtudes, as dominações, ostronos, os querubins e os serafins. É muito possível que umarcanjo esteja a tanta distância de um anjo, em perfeição, como

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este de um homem (A Fé Explicada, p. 32).

Orígenes de Alexandria

  “Conforme o grau de iluminação que receberam, os anjospossuem funções diversas na administração do universo. Asdominações, virtudes e potestades são destinadas a dirigiros outros anjos. Os anjos têm, portanto, uma certasubordinação entre si”.

  “Um homem iluminado com a luz do conhecimentosobrenatural percebe a presença dos anjos: vê os anjos e aseu chefe, Miguel. O mesmo com relação aos arcanjos,tronos, dominações, potestades e virtudes celestiais”.

 Atanásio de Alexandria “As hierarquias celestes encerram muitos mistérios” (Cartaa Serapião 1,13).

Basílio Magno de Cesaréia

"Também os anjos, os arcanjos e todas as potênciascelestiais recebem do Espírito [Santo] a santidade" (Epístola159,2).

Papa Gregório I Magno de Roma

  “Sabemos pela autoridade da Escritura que existem noveordens de anjos: anjos, arcanjos, virtudes, potestades,principados, dominações, tronos, querubins e serafins.Existem anjos e arcanjos em quase todas as páginas daBíblia e os livros dos profetas falam de querubins e serafins.São Paulo também, escrevendo aos efésios, enumeraquatro ordens de anjos, quando disse: ‘sobre todoprincipado, potestade, virtude e dominação’ e, em outraocasião, escrevendo aos colossenses, disse: ‘nem tronos,

dominações, principados ou potestades’. Se unirmos estasduas listas, temos cinco ordens; e agregando os anjos earcanjos, querubins e serafins, temos nove ordens deanjos” 

Eusébio de Cesaréia

  “Anjos, arcanjos, espíritos, forças divinas, exércitoscelestiais, virtudes, tronos, dominações são orientados peloEspírito Santo. Eles cantam o ‘Laudate Dominum de coelis’ 

para exaltação da glória de Deus. A fé reconhece estaspotestades divinas para o serviço e a liturgia de Deus todo-

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poderoso” (Praeparatio Evang. 7).

 João Crisóstomo

 “Os serafins louvam a Trindade, rodeiam o altar celestial doqual a Igreja é o modelo neste mundo” 

 “Na capital celeste, Jerusalém, nossa mãe comum, estão osserafins, querubins, muitos milhares de arcanjos einumeráveis anjos” (Hom. In Seraphin 1).

  “Saber que o lugar dos serafins é junto a Deus é maisimportante que o conhecimento de sua natureza” (Hom. InSeraphin 2).

Cirilo de Jerusalém

  “Não podemos sondar a natureza dos querubins, nemsequer conhecemos a diferença entre tronos, dominações,virtudes, podestades, poderes e anjos. Só sabemos que adiferença implica em graus diversos do conhecimentoanjélico de Deus”.

Cirilo de Alexandria

  “Anjos e arcanjos servem a Deus e o adoram em hinossempiternos” (Contra Juliano 3).

Gregório de Nanzianzo

  “Os anjos contemplam a face do Pai, mas a íntimaprofundidade do mistério lhes está oculto. Os anjos earcanjos vêem apenas a glória de Deus, não sua próprianatureza, que está oculta por trás dos querubins” 

 João Damasceno 

  “Não apenas anjos e arcanjos, potestades e virtudes, mastambém os tronos, querubins e serafins, os supremos dahierarquia angélica, rodeiam o corpo de Maria e, cheios de

alegria, cantam seus louvores” (Hom. 1 In Dormit.).* * *

c) Todo Homem possui um Anjo da Guarda

“Viva o Senhor, cujo anjo foi o meu guardião” (Jdt 13,20).

Desde a infância até a morte, a vida humana é cercada pelaproteção e pela intercessão dos anjos. Cada fiel é ladeado porum anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida. Ainda

aqui na terra, a vida cristã participa, na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus (CIC

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4. Imagens x Idolatria

Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta,reconhecer o “nada da criatura”, que não existe a não ser porDeus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat , louvá-Lo,exaltá-Lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidãoque Ele fez grandes coisas e que seu Nome é santo. A adoraçãodo Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, daescravidão do pecado e da idolatria do mundo. A idolatria nãodiz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é umatentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é

Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra eveneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate dedeuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder,do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiroetc. (...) A idolatria nega o Senhorio exclusivo de Deus; é,portanto, incompatível com a comunhão divina (CIC 2097,2113).

a) Veneração não é adoração“Moisés, saindo ao encontro de seu sogro, prostrou-se

diante dele e o beijou”  (Ex. 18,7).

O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiromandamento, que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada auma imagem se dirige ao modelo original e quem venera umaimagem, venera nela a pessoa que nela está pintada. A honraprestada às santas imagens é uma veneração respeitosa e nãouma adoração, que só compete a Deus (CIC 2132). 

Policarpo de Esmirna

"Eles não sabem que nós não poderíamos esquecer o Cristoque sofreu para salvar aqueles que estão salvos no mundointeiro, nem adorar ninguém mais. Nós o adoramos porqueEle é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nos os amamoscomo discípulos e imitadores do Senhor e dignamentedevido à sua afeição sem par por seu Rei e Mestre.

Possamos também nós nos tornar seus seguidores ediscípulos companheiros" (Martírio de Policarpo 17,2-3). 

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Orígenes de Alexandria

"[O idólatra é aquele que] refere a qualquer coisa que nãoseja Deus a sua indestrutível noção de Deus" (Contra Celso2,40). 

 Agostinho de Hipona"Nós, os cristãos, não cremos em Pedro, mas n'Aquele emquem Pedro acreditou; sendo deste modo que somosedificados pelas palavras de Pedro anunciadoras do Cristo"(A Cidade de Deus 8,54).

"Acontece, porém, que a cidade terrena teve certos sábioscondenados pela doutrina de Deus; sábios que, porconjecturas ou artifícios dos demônios, disseram que

deviam amistar muitos deuses com as coisas humanas (...)A cidade celeste, ao contrário, conhece um só Deus, único aquem se deve o culto e a servidão, em grego chamada'latréia' (adoração), e pensa com piedade fiel não ser devidosenão a Deus. Tais diferenças deram motivo a que essacidade e a cidade terrena não possam ter em comum as leisreligiosas" (A Cidade de Deus 19,17).

"Oferece-se o sacrifício a Deus e não aos mártires, aindaque seja celebrado em suas memórias ou capelas; e porque

quem celebra é sacerdote de Deus e não dos mártires. Osacrifício que é o Corpo de Cristo, não se oferece aosmártires, porque eles mesmos são o corpo de Cristo" (ACidade de Deus 22,10).

"Honremo-los (=os anjos) com espírito de amor, não deservidão (=adoração)".

"O diabo se alegra muito com os pecados de luxúria eidolatria". 

Papa Gregório I Magno de Roma

"Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foramcolocadas na igreja para ser adoradas, mas para instruir asmentes dos ignorantes" (Epístola 9,105).

"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, nãopara ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem

o é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendemo caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que não

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79). 

 Agostinho de Hipona

"Ela (=Maria) fez a vontade do Pai e a fez totalmente; e,por isso, vale mais para Maria ter sido discípula de Cristo doque sua Mãe" (Sermão 72,A,7)."Na verdade, era digno e de todo conveniente, que o partodaquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, eque permaneceu virgem após ter dado à luz, fossecelebrado não somente com festejos humanos, mas comcânticos sublimes de louvor pelos anjos" (Sermão 193,1). 

Beda Venerável 

"Introduziu-se na Igreja o belo e salutar costume de cantar

diariamente esse cântico de Maria (=Magnificat) nasalmodia do louvor vespertino (...) e precisamente na horadas vésperas, para que nossa mente, fatigada e tensa pelostrabalhos e pelas muitas preocupações do dia, ao chegar otempo do repouso, volte a encontrar o recolhimento e a pazde espírito" (1,4). 

Germano de Constantinopla

"[Cristo quis] ter, por assim dizer, a proximidade dos teuslábios e do teu coração (=Maria). Desta maneira, Ele atendea todos os desejos que lhe exprimes, quando sofres pelosteus filhos, e Ele realiza, com o seu poder divino, tudo o quelhe pedes" (Homilia 1).

 “Tu (=Maria) habitas espiritualmente conosco e a grandezada tua vigilância sobre nós faz ressaltar a tua comunidadede vida conosco" (Homilia 1). 

 João Damasceno

"Quando se tornou Mãe do Criador, tornou-se

verdadeiramente a soberana de todas as criaturas" (Da FéOrtodoxa 4,14).

"O céu, com gozo, recebeu tua alma. As potestadescelestiais saíram ao teu encontro, cantando hinos sagrados,com festiva alegria e expressando-se com estas ouparecidas palavras: 'Quem é esta que sobe toda pura,surgindo como a aurora, formosa como a lua e brilhantecomo o sol? Ó, que formosa és e toda cheia de suavidade! ORei te introduziu em sua câmara, onde as potestades te

escoltam, os principados te abençoam, os tronos entoamcânticos em tua honra, os querubins se maravilham e os

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serafins proclamam teus louvores, já que, por divinadisposição, foste constituída verdadeira Mãe do Senhor'"(Homilia 1 da Assunção de Maria 1,1). 

Concílio Ecumênico de Nicéia II 

"Maria é representada como trono de Deus, que carrega oSenhor e o entrega aos homens, como caminho que leva aCristo, mostrando-O, como suplicante, em atitude deintercessão e sinal da presença divina no caminho dos fiéisaté o dia do Senhor, como protetora que estende seu mantosobre os povos ou como Virgem misericordiosa de ternura.A Virgem é habitualmente representada com seu filho, oMenino Jesus, que carrega nos braços: é a relação com ofilho que glorifica a Mãe. Às vezes ela O abraça com

ternura; outras vezes, hierática, parece absorta nacontemplação daquele que é o Senhor da história (Ap 5,9-14)".

* * *

c) Possibilidade do uso das imagens sagradas

“Pôs no Santuário dois querubins feitos de madeira deoliveira, de dez côvados de altura”  (1Reis 6,23).

No entanto, [ainda que proibido pelo primeiro mandamento,]desde o Antigo Testamento Deus ordenou ou permitiu ainstituição de imagens que conduziriam simbolicamente àsalvação através do Verbo encarnado, como são a serpente debronze (Num. 21,4-9), a arca da Aliança e os querubins (Ex.25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26). Foi fundamentando-se nomistério do Verbo encarnado que o Sétimo Concílio Ecumênico,em Nicéia, em 787, justificou contra os iconoclastas, o culto dosícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjose de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou

uma nova “economia” de imagens (CIC 2130, 2131).

Orígenes de Alexandria

"Assim sendo, portanto, cada justo que imita o melhor quepossa o Salvador, ergue uma estátua à imagem do Criador.Realiza isto contemplando a Deus com um coração puro,tornando-se uma réplica de Deus (...) Deste modo, oEspírito de Cristo habita, se assim posso dizer, em suas

imagens". 

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Basílio Magno de Cesaréia

"A honra prestada a uma imagem venera nela a pessoaque nela está representada" (Spir. 18,45). 

Gregório de Nissa

"O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas eajuda grandemente" (Penegírico de São Teodoro). 

Teodoreto de Ciro

"Os pintores, ao representar na tela ou na parede ashistórias passadas, não apenas alegram os olhos de quemas contemplam, mas também conservam vivas por muitotempo as memórias dos eventos que já se foram" (HistóriaEclesiástica 1,1). 

Papa Gregório I Magno de Roma

"Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas, nãopara ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender,mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagemo é para os ignorantes: mediante essas imagens, aprendemo caminho a seguir. A imagem é o livro daqueles que nãosabem ler" (Epístola a Sereno 9,13).

"Ao contemplar [as imagens], possam [os analfabetos] ler,pelo menos nas paredes, aquilo que não são capazes de lernos Livros" (Epístola a Sereno). 

 João Damasceno

"Como fazer a imagem do Invisível? Na medida em queDeus é invisível, não o represento por imagens, mas desdeque viste o Incorpóreo feito homem, fazes a imagem daforma humana, já que o Invisível se tornou visível na carne

e, assim, pintas a semelhança do Invisível (...) AntigamenteDeus, que não tem corpo nem face, não poderia serabsolutamente representado através de uma imagem. Masagora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu entre oshomens, tornou-se possível para mim fazer uma imagem doDeus que vi. Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria(...) Estaríamos realmente no erro se fizéssemos umaimagem do Deus invisível, que não tem traços nem linhassensíveis (...) Mas depois que Deus, em sua bondade

inefável, se encarnou e foi visto em carne na terra (...),depois que Ele viveu com os homens, tendo assumido a

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natureza, a densidade, a figura, a cor da carne, nós não nosenganamos ao fazer a sua imagem (...) Represento Deus, oInvisível, não na medida em que é invisível, mas na medidaem que se tornou visível em nosso favor, participando da

carne e do sangue" (Das Imagens 1,6.8.16)."O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é paraos analfabetos" (Das imagens 1,17).

"A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. Éuma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculodos campos estimula o meu coração para dar glória aDeus". 

Concílio Ecumênico de Nicéia II 

"Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé,conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou nãoescritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Umadelas é a representação pictória das imagens, que concordacom a pregação da história evangélica, crendo que, deverdade e não de aparência, o Verbo de Deus se fezhomem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisasque se iluminam mutuamente têm, sem dúvida, umsignificado recíproco".

"Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossossantos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemosser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos,com todo rigor e cuidado, que, à semelhança darepresentação da cruz preciosa e vivificante, assim como asveneráveis e sagradas imagens pintadas quer em mosaico,quer em qualquer outro material adaptado, devem serexpostas nas santas igrejas de Deus, nas alfaias sagradas,nos paramentos sagrados, nas paredes e nas mesas, nascasas e nas ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus eSalvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa eSanta Mãe de Deus, dos santos anjos e de todos os santos

 justos".

"Quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que estápintada".

"Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações,mais serão levados a se recordar dos modelos originais eimportantes da fé".

"Aquele que se prostra diante do ícone, prostra-se diante dapessoa (a hipóstase) daquele que na figuração é

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representado". 

Teodoro Studita

"Aquilo que por um lado é manifestado pela tinta e pelopapel, por outro, no ícone, é manifestado pelas várias corese pelos outros materiais" (Antirrheticus 1,10). 

Papa Adriano I de Roma

"Aquele falso sínodo que se reuniu sem a Sé Apostólica (...),indo contra a Tradição dos Padres mais venerados, paracondenar as sagradas imagens, seja anatematizado napresença de nossos apocrisiários (...) e cumpra-se a palavrade nosso Senhor Jesus Cristo: 'As portas do inferno nãoprevalecerão contra ela', e também: 'Tu és Pedro...'. A Sé

de Pedro brilhou com primazia sobre toda a terra e ela é acabeça de todas as Igrejas de Deus" (Epístola ao PatriarcaTarásio).

"Graças a um rosto visível, o nosso espírito serátransportado, por um atrativo espiritual, até à majestadeinvisível da Divindade, através da contemplação da imagemem que está representada a carne, que o Filho de Deus sedignou assumir para a nossa salvação. E, sendo assim, nósadoramos e conjuntamente louvamos, glorificando-O em

espírito, este mesmo Redentor, porque, como está escrito:'Deus é Espírito' e é por isso que nós adoramosespiritualmente a sua Divindade" (Carta aos Imperadores).

* * *

d) O simbolismo das velas

“Sobre o candelabro de ouro puro conservará emordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente”  

(Lev. 24,4).

Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos.Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dossinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na culturahumana, adquire precisão nos eventos da Antiga Aliança e serevela plenamente na pessoa e na obra de Cristo (CIC 1145). 

Hipólito de Roma

"Com a presença do bispo, ao cair da noite, o diácono trará

a lucerna e aquele, de pé, no meio de todos os fiéispresentes, dará graças (...): 'Graças te damos, Senhor, pelo

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teu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual nosiluminaste, revelando-nos a luz incorruptível. Atingindo,portanto, o fim do dia e chegando ao início da noite, tendo-nos beneficiado da luz do dia, que criaste para a nossa

sociedade, e não carecendo agora da luz da tarde, pela tuagraça, te louvamos e te glorificamos, pelo teu Filho JesusCristo, nosso Senhor, pelo qual a ti seja a glória e o poder ea honra com o Espírito Santo, agora e sempre, e pelosséculos dos séculos. Amém'" (Tradição Apostólica 64).

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ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico

Padre/Escritor FalecimentoAbércio de Hierápolis . . . . 215Adriano I de Roma (papa). . . . 795Afrate da Pérsia . . . . . ~375Agostinho de Hipona . . . . 430Alexandre de Alexandria . . . 325Ambrósio de Milão . . . . 397Anastácio I de Roma (papa) . . 402Anastácio II de Roma (papa) . . 498Anastácio do Sinai. . . . . ~700

André de Creta . . . . . ~750Aristides de Atenas . . . . 130Atanásio de Alexandria . . . 373Atenágoras de Atenas . . . 181Basílio de Ancira . . . . 364Basílio de Selêucia . . . . 469Basílio Magno de Cesaréia . . . 379Beda Venerável . . . . . 735Bento de Núrsia . . . . . 547

Bonifácio I de Roma (papa) . . 422Caio (ou Gaio) . . . . . 217Calisto I de Roma (papa). . . . 222Capreólogo . . . . . ~440Cassiodoro . . . . . ~575Celestino I de Roma (papa) . . 432Cesário de Arles . . . . . 543Cipriano de Cartago . . . . 258Cirilo de Alexandria . . . . 444Cirilo de Jerusalém . . . . 386Clemente I de Roma (papa) . . 101Clemente de Alexandria . . . 215Columbano . . . . . 615Cornélio I de Roma (papa) . . . 253Cromácio de Aquiléia . . . . 407Dâmaso I de Roma (papa) . . . 384Dionísio de Alexandria . . . 265Dionísio de Corinto . . . . 166Dionísio I de Roma (papa) . . . 268

Efrém da Síria . . . . . 373Egéria . . . . . . ~420

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Enéias de Gaza . . . . . 518Epifânio de Salamina . . . . 403Estevão I de Roma (papa) . . . 257Eudóxio de Constantinopla . . . 369

Eusébio de Alexandria . . . ~450Eusébio de Cesaréia . . . . 340Eustáquio de Antioquia . . . ~350Eutíquio . . . . . . ~582Filoxeno da Síria . . . . 523Firmiliano da Capadócia . . . 268Frutuoso Mártir . . . . . 259Fulgêncio de Ruspe . . . . 533Gelásio I de Roma (papa) . . . 496Germano de Constantinopla . . ~730

Gregório de Nanzianzo . . . 379Gregório de Nicéia . . . . ~séc. VGregório de Nissa . . . . 394Gregório I Magno de Roma (papa) . 604Gregório II de Roma (papa) . . 731Gregório III de Roma (papa) . . 741Hegésipo . . . . . . 117Hermas de Roma . . . . 140Hilário de Poitiers . . . . 367

Hipólito de Roma . . . . 235Hormisdas de Roma (papa) . . 523Ildelfonso de Toledo . . . . 667Inácio de Antioquia . . . . 107Inocêncio I de Roma (papa) . . 417Ireneu de Lião . . . . . 202Isidoro de Pelúsio . . . 435Isidoro de Sevilha. . . . . 636Jerônimo . . . . . . 420João Cassiano . . . . . 435João Crisóstomo . . . . 403João Damasceno . . . . 749João de Antioquia . . . . ~420João II de Roma (papa) . . . 535João IV de Roma (papa) . . . 642João Mosco . . . . . 619Júlio I de Roma (papa) . . . 352Justino Mártir . . . . . 165Lactâncio . . . . . . 317

Leão I Magno de Roma . . . 461Libério I de Roma . . . . 366

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Marcelo de Ancira . . . . ~340Martinho de Braga . . . . 579Martinho de Tours . . . . 397Máximo Confessor . . . . 662

Máximo de Turim . . . . 466Melitão de Sardes . . . . ~170Metódio de Olimpo . . . . 311Minúcio Félix . . . . . ~200Nestório . . . . . . 451Nicetas de Remesiana . . . ~420Nilo Magno de Ancira . . . . 430Optato de Milevi . . . . ~400Orígenes de Alexandria. . . . 253Ósio de Córdoba . . . . ~400

Pacômio . . . . . . 346Panciano . . . . . . 392Papias de Hierápolis . . . . 130Paulino de Nola . . . . . 431Pedro Crisólogo . . . . . 450Pedro de Alexandria . . . . 311Pelágio I de Roma (papa) . . . 561Pelágio II de Roma (papa) . . . 590Policarpo de Esmirna . . . . 156

Prudêncio de Espanha. . . . 405Rufino de Aquiléia . . . . 410Serapião de Thmuis . . . . 362Severiano de Gábala . . . . 431Silvestre I de Roma (papa) . . 335Simeão de Tessalônica . . . ~séc. VSimplício de Roma (papa) . . . 483Sirício de Roma (papa) . . . 399Sisto III de Roma (papa) . . . 440Sócrates de Constantinopla . . 440Sozómeno . . . . . . ~450Sulpício Severo . . . . . 420Teodoreto de Ciro . . . . 460Teodoro Studita . . . . . séc. VIIITeófilo de Antioquia . . . . 182Teotecnos de Lívias . . . . ~600Tertuliano de Cartago . . . 220Vicente de Lérins . . . . 450Vigílio de Roma (papa) . . . 555

Zacarias de Roma (papa) . . . 752Zeferino de Roma (papa) . . . 217

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Zenão de Verona . . . . 371

Escritos Anônimos Ano de ComposiçãoAtas dos Mártires . . . . ~165

Constituições Apostólicas . . . ~400Constituições Egípcias . . . ~450Didaqué . . . . . . ~90Decreto Gelasiano . . . . 495Epístola a Diogneto . . . . ~200Epístola de Barnabé . . . . ~74Lecionário Jerusalemitano . . . ~450Mártires de Lião . . . . . ~175Pseudo-Agostinho . . . . ~séc. VIPseudo-Clemente . . . . ~séc. IV

Pseudo-Dionísio . . . . . ~séc. IVPseudo-Hipólito . . . . . ~séc. VPseudo-Justino . . . . . ~séc. IIIPseudo-Melitão . . . . . ~séc. IIISacramentário de Bobbio . . . ~650Sacramentário Gregoriano . . . ~750

Concílios Ecumênicos Ano de RealizaçãoConcílio Ecumênico de Calcedônia . 451

Concílio Ecumênico de Constantinopla I 381Concílio Ecumênico de Constantinopla II 553Concílio Ecumênico de Constantinopla III 681Concílio Ecumênico de Éfeso . . 431Concílio Ecumênico de Nicéia I . . 325Concílio Ecumênico de Nicéia II . . 787

Concílios Regionais Ano de Realização Concílio da União Oriental/Ocidental . 433Concílio Regional de Antioquia . . 324Concílio Regional de Arles I . . 314Concílio Regional de Arles II . . ~475Concílio Regional de Braga . . . 561Concílio Regional de Cartago III . . 397Concílio Regional de Cartago IV . . 418Concílio Regional de Elvira . . . 306Concílio Regional de Frankfurt . . 794Concílio Regional de Friul . . . 796Concílio Regional de Hipona . . 393

Concílio Regional de Laodicéia . . 367Concílio Regional de Latrão . . 649

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Concílio Regional de Milevi . . . 416Concílio Regional de Orange II . . 529Concílio Regional de Palmari . . 501Concílio Regional de Pávia . . . 850

Concílio Regional de Quiersy . . 853Concílio Regional de Roma I . . 382Concílio Regional de Roma II . . 680Concílio Regional de Sárdica . . 343Concílio Regional de Toledo IV . . 633Concílio Regional de Toledo VI . . 638Concílio Regional de Toledo XI . . 675Concílio Regional de Toledo XV . . 688Concílio Regional de Toledo XVI . . 693Sínodo de Ambrósio . . . . 389

Sínodo Permanente de Constantinopla ~545

Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano de ComposiçãoApócrifo Odes de Salomão . . . séc. II d.C.Apócrifo Vida de Adão e Eva . . séc. II d.C.Atos Apócrifos de João . . . séc. III d.C.Evangelho Apócrifo de Pedro . . séc. II d.C.Protoevangelho Apócrifo de Tiago . séc. I d.C.Talmud Babilônico . . . . séc. V d.C.

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Decreto Gelasiano, 84Didaqué, 84Dionísio de Corinto, 81Efrém da Síria, 24, 26, 32, 33,

36, 48, 81Egéria, 81Enéias de Gaza, 82Epifânio de Salamina, 24, 33,

37, 74, 82Epístola a Diogneto, 84Epístola de Barnabé, 84Eusébio de Alexandria, 82Eusébio de Cesaréia, 69, 82Eustáquio de Antioquia, 82

Eutíquio, 82Evangelho Apócrifo de

Pedro, 85Filoxeno da Síria, 82Firmiliano da Capadócia, 82Frutuoso Mártir , 60, 82Fulgêncio de Ruspe, 82Germano de

Constantinopla, 38, 75, 82

Gregório de Nanzianzo, 70,82Gregório de Nicéia, 82Gregório de Nissa, 50, 63, 77,

82Gregório Taumaturgo, 63, 71Hegésipo, 82Hermas de Roma, 82Hilário de Poitiers, 20, 61, 82Hipólito de Roma, 26, 79, 82

 Ildelfonso de Toledo, 35, 82 Inácio de Antioquia, 28, 30,

56, 60, 82 Inscrições e grafitos, 62 Ireneu de Lião, 23, 29, 49, 64,

82 Isidoro de Pelúsio, 82 Isidoro de Sevilha, 82 Jerônimo, 61, 66, 71, 82 João Cassiano, 62, 82

 João Crisóstomo, 26, 34, 42,50, 67, 70, 82

 João Damasceno, 27, 36, 38,46, 67, 70, 74, 75, 77, 82

 João de Antioquia, 42, 82 João Mosco, 82 Justino Mártir , 23, 28, 57, 59, 64,

82Lactâncio, 59, 82Lecionário Jerusalemitano, 45, 84

Martinho de Tours, 51, 83Mártires de Lião, 84Máximo Confessor , 83Máximo de Turim, 83Melitão de Sardes, 74, 83

Metódio de Olimpo, 83Minúcio Félix , 83Nestório, 42, 83Nicetas de Remesiana, 83Nilo Magno, 83Optato de Milevi , 83Orígenes de Alexandria, 26,

31, 58, 60, 65, 69, 71, 73, 74, 76, 83Ósio de Córdoba, 58, 83Panciano, 83

Papa Adriano I de Roma,79

Papa Clemente I de Roma,55

Papa Gregório I Magno deRoma, 31, 67, 69, 73, 77

Papa Leão I Magno deRoma, 32

Papias de Hierápolis, 83

Pedro Crisólogo, 83Pedro de Alexandria, 83Policarpo de Esmirna, 57, 72,

83Protoevangelho Apócrifo

de Tiago, 30, 85Pseudo-Agostinho, 84Pseudo-Clemente, 84Pseudo-Dionísio, 84Pseudo-Hipólito, 84

Pseudo-Justino, 84Pseudo-Melitão, 37, 84

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Rufino de Aquiléia, 83Sacramentário de Bóbbio,

38Sacramentário

Gregoriano, 41, 84Serapião de Thmuis, 83Severiano de Gábala, 83Simeão de Tessalônica, 83Sínodo de Ambrósio, 85Sínodo Permanente de

Constantinopla, 85Sócrates de

Constantinopla, 83

Sulpício Severo, 83Talmud Babilônico, 85Teodoreto de Ciro, 77, 83Teodoro Studita, 79, 83

Teófilo de Antioquia, 83Teotecnos de Lívias, 27, 83Tertuliano de Cartago, 58,

59, 83Timóteo de Jerusalém, 37Vicente de Lérins, 44, 83

 Zenão de Verona, 84

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Bibliografia e Sites Consultados

Livros (fontes de citações)

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3. __________. "O Cuidado Devido aos Mortos". São Paulo:Paulinas, 1ª ed., 1990. Trad. Nair de Assis Oliveira.

4. ALFARO, Juan Ignacio. "O Apocalipse em Perguntas eRespostas". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1996. Trad. Maria

Stela Gonçalves e Adail Ubirajara Sobral.5. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. "A Minha Igreja".Lorena: Cléofas, 2ª ed., 1999.

6. __________. "Escola da Fé I: Sagrada Tradição". Lorena:Cléofas, 1ª ed., 2000.

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9. BATTISTINI, Frei. "A Igreja do Deus Vivo". Petrópolis:Vozes, 18ª ed., 1992.10. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. "Católicos

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11. __________. “Curso de Eclesiologia”. Rio de Janeiro:Mater Ecclesiae, s/ano.

12. __________. “Curso de História da Igreja”. Rio deJaneiro: Mater Ecclesiae, s/ano.

13. __________. "Curso de Iniciação Teológica". Rio de

Janeiro: Mater Ecclesiae, s/ano.14. __________. "Curso de Mariologia". Rio de Janeiro:

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16. __________. "Quinze Questões de Fé". Aparecida:Santuário, 6ª ed., 1989.

17. BETTI, Artur. "O que o Povo Pergunta?". Petrópolis:

Vozes, 3ª ed. 1994.18. BOROBIO, Dionisio (org.). "A Celebração na Igreja 1:

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Liturgia e Sacramentologia Fundamental". São Paulo:Loyola, 1ª ed., 1990. Trad. Adail U. Sobral.

19. __________. "A Celebração na Igreja 2:Sacramentos". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1993. Trad. Luiz

João Gaio.20. __________. "A Celebração na Igreja 3: Ritmos eTempos da Celebração". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000.Trad. João Rezende Costa.

21. BOURGERIE, Denis. "Vinte Razões Porque Eu souCatólico". Campinas: Logos, 5ª ed., 1998.

22. CARVAJAL, Luis González. "Nossa Fé: Teologia paraUniversitários". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1992. Trad.José A. Ceschin.

23. CHAPPIN, Marcel. "Introdução à História da Igreja".

São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Píer Luigi Cabra.24. COMBY, Jean. "Para Ler a História da Igreja: das

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25. COSTA BRITO, Ênio José da; TENÓRIO, Waldecy(orgs.). "Milenarismos e Messianismos Ontem e Hoje". SãoPaulo: Loyola, 1ª ed., 2001.

26. COUTINHO, Joaquim Ximenes. "Profissão de FéCatólica". Santos: s/edit., 1ª ed., 1996.

27. CUNHA, Egionor. "A Cruz e as Cruzes". São Paulo:Ave Maria, 1ª ed., 1993.28. __________. "A Santíssima Trindade". São Paulo:

Ave Maria, 1ª ed., 1993.29. __________. "A Senhora Contestada". São Paulo:

Ave Maria, 1ª ed., 1993.30. __________. "Bíblia, Sangue e Medicina". São Paulo:

Ave Maria, 1ª ed., 1993.31. __________. "Imagens e Santos". São Paulo: Ave

Maria, 1ª ed., 1993.32. DELUMEAU, Jean. "As Razões de Minha Fé". São

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1991. Trad. Eunice Gruman.33. DENZINGER, Enrique. "El Magisterio de la Iglesia".

Barcelona: Herder, 3ª ed., 1963.34. DOMERGUE, Benoit. "Notas sobre Reecarnação". São

Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. Yvone Maria de CamposTeixeira da Silva.

35. DREYFUS, François. "Jesus Sabia que era Deus?".São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. José Nogueira

Machado.36. DUPUIS, Jacques. "Introdução à Cristologia". São

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Paulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Aldo Vannucchi.37. ESCRIVÁ, Josemaria. "Para que Todos se Salvem".

São Paulo: Quadrante, 1ª ed., s/ano.38. FIORENZA, Francis S.; GALVIN, John P. (org.).

"Teologia Sistemática: Perspectivas Católico-Romanas" (2volumes). São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1997. Trad. PauloSiepierski.

39. FISICHELLA, Rino. "Introdução à TeologiaFundamental". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000. Trad. JoãoPaixão Netto.

40. FORTE, Bruno. "Introdução à Fé". São Paulo: Paulus,1ª ed., 1994. Trad. Artur Diniz Neto.

41. __________. "Introdução aos Sacramentos". SãoPaulo: Paulus, 1ª ed., 1996. Trad. Georges I. Maissiat.

42. FRANGIOTTI, Roque. "História da Teologia: PeríodoPatrístico". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1992.

43. __________. "História das Heresias - Séculos I -VII". São Paulo: Paulus, 1ª ed., 1995.

44. FUITEM, Diogo Luís. "A Fé Católica em Perguntas eRespostas". São Paulo: Loyola, 1ª ed., 2000.

45. GAMBARINI, Luiz Alberto. "Perguntas e Respostassobre a Fé" (2 volumes). Campo Limpo: Vida Nova/Ágape,5ª ed., 1990.

46. GARCÍA PAREDES, José C.R.. "A Verdadeira Históriade Maria". São Paulo: Ave Maria, 1ª ed., 1988. Trad. SuelyMendes Brazão.

47. GILBERT, Paul. "Introdução à Teologia Medieval". SãoPaulo: Loyola, 1ª ed., 1999. Trad. Dion Davi Macedo.

48. GOEDERT, Valter Maurício. "Culto Eucarístico Fora daMissa". São Paulo: Paulinas, 1ª ed., 1987.

49. __________. "Teologia do Batismo". São Paulo:Paulinas, 2ª ed., 1988.

50. GOMES, Cirilo Folch. "Riquezas da Mensagem Cristã".Rio de Janeiro: Lumen Christi, 2ª ed., 1989.

51. HAMMAN, A. "Os Padres da Igreja". São Paulo:Paulinas, 3ª ed., 1980. Trad. Isabel Fontes Leal Ferreira.

52. JOÃO PAULO II. "A Virgem Maria: 58 Catequeses doPapa sobre Nossa Senhora". Lorena: Cléofas, 1ª ed., 2000.

53. __________. "Carta Apostólica Duodecim Saeculum".Petrópolis: Vozes, 1ª ed., 1988.

54. JORNET, Charles. "O Matrimônio Indissolúvel". SãoPaulo: Ave Maria, 1ª ed., 1996. Trad. José Joaquim Sobral.

55. KEHL, Medard. "A Igreja: uma Eclesiologia Católica".São Paulo: Loyola, 1ª ed., 1997. Trad. João Rezende

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  A FÉ CRISTÃ

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Sites Consultados

1. AGNUS DEI (http://www.agnusdei.cjb.net)2. CATHOLIC ANSWERS (http://www.catholic.com)3. CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO

(http://cocp.veritatis.com.br)4. CORUNUM CATHOLIC APOLOGETICS

(http://www.cin.org/users/jgallegos/contents.htm)5. ICTIS (http://www.ictis.cjb.net)6. NEW ADVENT (http://www.newadvent.org)7. SOU CATÓLICO, SOU IGREJA

(http://www.na.com.br/users/toni/)8. VERITATIS SPLENDOR (http://www.veritatis.com.br)

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  Carlos Martins Nabeto

Para Saber Mais...

1. ALTANER, Berthold; STUIBER, Alfred. Patrologia: Vida,Obras e Doutrina dos Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas.

2. AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de. Escola da Fé I:Sagrada Tradição. Lorena:Cléofas

3. GOMES, Cirilo Folch.   Antologia dos Santos Padres. SãoPaulo:Paulinas.

4. HAMMAN, A.. Os Padres da Igreja. São Paulo:Paulinas.5. LACARRIÈRE, Jacques. Padres do Deserto: Homens

Embriagados de Deus. São Paulo: Loyola.

6. LIÉBAERT, Jacques. Os Padres da Igreja: Séculos I-IV. SãoPaulo: Loyola.

7. MANZANARES, Cesar Vidal. Dicionário de Patrística.Aparecida:Santuário.

8. MORESCHINI, Cláudio; NORELLI, Enrico. História daLiteratura Cristã Antiga Grega e Latina. 3 volumes. SãoPaulo: Loyola. 

9. PADOVESE, Luigi. Introdução à Teologia Patrística. SãoPaulo:Loyola.

10. TRESE, LEO J..   A Fé Explicada. São Paulo:Quadrante.11. VV.AA.. Catecismo da Igreja Católica. 

Petrópolis:Vozes etal.

Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temasrelacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca

existente no topo da página do site Veritatis Splendor –Memória e Ortodoxia Cristã

http://www.veritatis.com.br 

Para ler obras patrísticas na íntegra, acesseCOCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo

http://cocp.veritatis.com.br 

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“Com efeito, a Virgem Maria éreconhecida e honrada como averdadeira Mãe de Deus e doRedentor. Ela é tambémverdadeiramente Mãe dos membrosde Cristo porque cooperou pelacaridade para que na Igreja

nascessem os fiéis que são osmembros desta Cabeça”  (Agostinhode Hipona).

“Aos que fizeram tudo o que tiveram

ao seu alcance para permanecer fiéis,

não lhes faltará nem a guarda dos