Au

la 3

A Matriz Curricular

de Arte no Ensino Fundamental

Profa. Me. Ana Beatriz Buoso Marcelino

Período: 10/09 a 23/09

Carga horária: 08 horas

Conversa inicial • Prezados(as) cursistas

Continuamos caminhando positivamente! Vocês têm contribuído significativamente para o sucesso deste curso. Para concluir a etapa 3 preparamos esta conversa sobre os conteúdos que seguem.

Abraços a todos.

Ana Beatriz.

Conteúdos da aula Nesta aula iremos abordar sobre:

• A Matriz Curricular de Arte - Ensino Fundamental;

• Teoria da atividade e Periodização do desenvolvimento humano;

• Orientações metodológicas.

Parte 1 A Matriz Curricular de Arte do

Ensino Fundamental

• O ensino de Arte das escolas municipais da cidade de Bauru é orientado por este documento que é parte integrante do Currículo Comum - Ensino Fundamental de Bauru (MESQUITA; FANTINI; ASBHAR, 2016).

Matriz Curricular de Arte disponível em:

http://www.bauru.sp.gov.br/arquivos2/arquivos_site/sec_educacao/curriculo_ef2.pdf

Características do Documento

Sua construção se baseou na coletividade, contando com a participação de orientadores, coordenadores e arte-educadores do sistema municipal de ensino junto a outros profissionais e colaboradores da Área.

Possui caráter flexível e norteador que permite liberdade ao trabalho do arte-educador que em seu dia a dia continua a construí-lo conforme as demandas de reflexão, reelaboração, crítica e movimento.

Em sua parte teórica , nosso currículo aborda sobre a problematização da

ARTE considerando-a como

complexa, fruto de debates históricos, de difícil definição, que permeia a área da educação para alicerçar as ações que investem no desenvolvimento humano.

Conforme vimos na aula anterior, Vygotsky considera a Arte como propiciadora da aquisição da linguagem e do pensamento através da qualificação das funções psicológicas superiores, promotoras do desenvolvimento humano.

“[...] uma necessidade primária e

representa uma das possibilidades de reverter o acelerado processo de desumanização em que vivem as sociedades modernas.”

(MESQUITA; FANTINI; ASBHAR, 2016, p. 392-393)

Em sintonia com o pensamento de Vygotsky, nosso Currículo concebe a

Arte como:

A necessidade da Arte Disponível no link:

https://www.youtube.com/watch?v=ybhIUmtHIqs

Para refletir... Vídeo:

No vídeo, o sociólogo e jornalista Marcelo Coelho, elucida sobre a necessidade da

Arte em transcender a significação dos

objetos do mundo, ultrapassando os limites da realidade objetiva em vista de uma realidade superior, plena do desenvolvimento, do progresso e da transformação social, superando sua concepção ultrapassada de funcionalidade, lazer e entretenimento.

Para Vygotsky o papel social da arte relaciona as funções psicológicas superiores: criação, imaginação, subjetivação, ressignificação e tradução de mundo por meio da linguagem não-verbal, de transcender e ultrapassar a existência imediata. Desse modo:

“[...] quanto mais ricas forem as experiências vivenciadas pelas crianças, mais possibilidades terão de desenvolver a

imaginação e a criatividade em suas ações.” (ASBAHR; MANCUSO; FANTINI, 2016, p. 393)

Assim, nosso currículo aposta em intervenções pedagógicas direcionadas pelo arte-educador, munidas de proposições facilitadoras para o despertar da consciência e à formação crítica dos alunos, na tentativa de promover o desenvolvimento humano e superar as concepções mais equivocadas sobre a Arte.

Objetivo Geral da Área “Desenvolver a consciência estética frente à realidade

compreendendo a Arte como atividade genuinamente humana capaz de sintetizar, por meio de suas expressões, a criatividade e a poética do homem, sabendo identificar a diversidade de manifestações artísticas elaboradas ao longo da história, os contextos nos quais foram produzidas, por meio do estudo e do exercício de processos de apreciação e criação, respeitando e valorizando o patrimônio artístico e cultural da humanidade, bem como, o papel do artista como trabalhador e produtor da cultura.” (ASBAHR; MANCUSO; FANTINI, 2016, p. 396)

Eixos Curriculares / Objetivos por Eixo

TEATRO

DANÇA

MÚSICA

ARTES VISUAIS

Lei 13.278 de 02/05/2016, Art. 26

“[...] garantir aos estudantes a apreensão das elaborações estéticas desenvolvidas ao longo do tempo nessa área do conhecimento, assim como, as técnicas, ferramentas e materiais criados e/ou sistematizados na trajetória da história da Arte.”

“[...] proporcionar aos estudantes o contato com os elementos que constituem essa expressão artística para a compreensão de que se trata de uma linguagem, assim como a reflexão sobre a íntima ligação entre as singularidades culturais e o som produzido por determinado povo.”

“Fazer arte com o corpo, tornar o corpo material expressivo enquanto se movimenta no espaço, [...] ter consciência das potencialidades do próprio corpo e dos movimentos que podem ser realizados por ele [...]. Experimentar diferentes formas de movimento e trazer à reflexão o papel da dança no âmbito social, ao longo da história.”

“[...] assumir diferentes identidades, experimentar e compreender de forma mais significativa diferentes realidades. [...] o entendimento da manifestação teatral enquanto possibilidade de expressão artística, bem como de constituição da individualidade, seja por se colocar no lugar do outro, seja no assistir o outro, tudo isso por meio da encenação. Espera-se que o aluno se aproprie dos aspectos singulares da manifestação artística cênica e a compreenda como uma forma de trabalho no campo da produção humana.”

Os conteúdos curriculares • Foco na formação do ser humano, considerando-

se:

– A questão cultural e histórica;

– As etapas do desenvolvimento;

– As funções e estruturas do processo psicológico superiores;

– A organização estrutural por semestre;

– Caráter exequível atrelado à realidade da estrutura escolar;

– Metodologicamente articulados e indissociáveis.

Pensando-se metodologicamente, a fim de atrelar os conteúdos

curriculares da Matriz curricular de Arte à Teoria Histórico-cultural, que

fundamenta o Currículo do município de Bauru, partimos agora para o

estudo introdutório sobre a Teoria da Atividade e a Periodização.

Parte 2

Teoria da atividade e

Periodização do desenvolvimento humano

Para iniciarmos a conversa, vamos refletir sobre a seguinte questão:

O que se espera da arte-educação na perspectiva Histórico-

Cultural?

Mas, como isso ocorre?

Espera-se que, com a arte-educação, os alunos se apropriem da cultura humana, desenvolvendo

ao máximo as suas funções psíquicas superiores.

Esse processo se dá pela Atividade

E o que é atividade?

Atividade não é sinônimo de comportamento, mas o modo pelo qual o homem se relaciona com a realidade a fim de assegurar sua sobrevivência.

A atividade é orientada por motivos.

Estrutura da Atividade

• Atividade Animal A estrutura da atividade animal caracteriza-se

por uma relação imediata entre o objeto da atividade e a necessidade que leva o animal a agir sobre aquele objeto.

Atividade Humana • A estrutura da atividade humana é coletiva e

caracteriza-se por uma relação indireta e mediatizada por signos e instrumentos.

Atividade é composta por:

MOTIVO, NECESSIDADE e OBJETO.

MOTIVO: o que move o sujeito para a satisfação

da necessidade. O motivo contém a identidade entre necessidade e objeto apto a atendê-la.

A atividade humana se complexificou de modo a se estabelecer como cadeia de

ações para atender a um objetivo.

• Exemplo:

– A fim de assegurar sua sobrevivência e orientado por um motivo como, por exemplo, tornar-se um profissional, o indivíduo realiza diversas ações: estuda, frequenta as aulas, faz tarefas, estágios, etc.

O sentido da Atividade Ao realizarmos uma atividade atribuímos um

sentido a esta, entretanto, o sentido pessoal precisa estar associado à significação social.

Assim, fazer tarefa para ganhar ponto é apenas um estímulo. Fazer tarefa para aprender é um motivo

formador de sentido correspondente ao significado social, neste caso, da atividade de estudo.

O sentido só será coincidente com o significado social da atividade se existir uma relação consciente entre o

MOTIVO da atividade e os FINS das ações.

Mas, por que a ênfase na Atividade?

Porque o desenvolvimento das funções psicológicas encontra-se na dependência dos processos concretos nos quais o sujeito está envolvido, ou seja, da atividade da criança.

CRIANÇA

(Sujeito)

SOCIEDADE

(Objeto)

ATIVIDADE

RELAÇÃO

Mas, toda atividade tem a mesma importância para o desenvolvimento?

As diversas atividades desempenhadas pela criança não têm o mesmo peso ou importância para seu desenvolvimento psíquico – algumas têm papel mais decisivo.

Em cada estágio do desenvolvimento uma determinada atividade assume primazia como força motriz do desenvolvimento psíquico e da personalidade:

Atividade-guia (ou atividade principal)

O que é atividade guia ou atividade principal?

É aquela cujo desenvolvimento governa as mudanças mais importantes nos processos

psíquicos e traços psicológicos da personalidade da criança em cada estágio do

desenvolvimento.

Atenção: não se trata da atividade que ocupa mais tempo na vida da criança, mas a preponderante em cada etapa de seu

desenvolvimento.

Periodização e Atividades-guia

• Comunicação Emocional Direta

• Atividade objetal exploratória Primeira Infância

• Jogo de papéis

• Atividade de estudo Infância

• Comunicação íntima pessoal

• Atividade profissional/estudo Adolescência

Atividades-guia Sabendo-se da importância da atividade-guia na

promoção do desenvolvimento segue, em destaque, duas que fazem parte da infância:

Jogo de papéis

Atividade de estudo

Mas, qual é o papel da brincadeira no desenvolvimento humano e qual sua relação com a

Arte?

“A brincadeira produz uma pequena aparência do que ela influencia, e somente uma análise interna profunda faz com que ela possibilite determinar seu curso de movimento e seu papel no desenvolvimento pré-escolar.” (VYGOTSKY, 2002).

Antes de respondermos à questão proposta, segue o link com um trecho do filme

“Up Altas Aventuras”

• Sinopse Carl Fredricksen é um vendedor de balões

que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. Após um incidente, Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado. Para evitar que isto aconteça, ele põe balões em sua casa, fazendo com que ela levante voo. Carl quer viajar para uma floresta na América do Sul, onde ele e Ellie sempre desejaram morar, mas descobre que um problema embarcou junto: Russell, um menino de 8 anos.

Link: http://youtu.be/LsDMoZZDM_c

Os personagens do filme são dotados de imaginação e criatividade, ressignificando os objetos do mundo em que vivem. No entanto, necessitam do direcionamento de uma pessoa mais desenvolvida hábil de transmitir o saber sistematizado para qualificar esse processo de mediação do mundo, como os pais, professores ou os próprios colegas.

Para tanto a Arte-educação entra como peça-chave para investir nesse processo, assunto esse, tratado a seguir através de algumas proposições metodológicas.

Parte 3

Orientações Metodológicas

“Ter minimamente a noção de como a arte vem sendo ensinada no decorrer do tempo, suas relações com a educação no contexto escolar e um olhar sobre o processo histórico social, são fundamentos essenciais para o encaminhamento de um trabalho de educação em arte. De modo a se conseguir uma educação mais realista e mais crítica, objetivando um compromisso efetivo com a melhoria da qualidade do ensino.” (ASBAHR;

MANCUSO; FANTINI, 2016, p. 401)

Nosso currículo aposta na Proposta Triangular do Ensino da Arte (BARBOSA; CUNHA, 2010) como norteadora das ações do professor. Esse

método acorda com a teoria que embasa

nosso currículo, investindo na formação de sujeitos mais críticos e sensíveis.

Aliado à Proposta Triangular, as proposições metodológicas de nosso currículo também consideram a educação estética, a interculturalidade e o uso das novas tecnologias (FUSARI, 1992).

E entendendo a Arte enquanto cultura contempla o método marxista materialismo dialético que ensina a compreender

o homem enquanto um ser histórico e social.

O currículo reitera a importância de se investir sobretudo, em uma metodologia viva, aliando os conteúdos ao método, após um diagnóstico no qual se tem o referencial de significação do aluno, seu histórico e seu conhecimento intuitivo.

Num primeiro momento...

O professor, mediando os conhecimentos aos códigos artísticos, irá expor e explicar seu conhecimento cultural, os conteúdos formais que fazem parte da linguagem da arte, apresentando assim um saber sistematizado promotor do desenvolvimento do aluno.

Num segundo momento...

• Apreciação e análise dos objetos artísticos a fim de que os alunos construam signos internos, subjetivando conceitos;

• Nesse momento cabe ao arte-educador intervir com questionamentos, desafiando os níveis de aprendizado de cada aluno, inserir saberes contextualizando o conteúdo tratado.

E na sequência... • A proposição do fazer artístico

problematizado para que o aluno saia de sua zona de apredizado real para a zona de conhecimento iminente. (VYGOTSKY, 2002)

E para finalizar... • A avaliação final do processo de aprendizagem

a ser direcionado pelo professor contando com a participação de todos os envolvidos no processo com discussões e registros verbais e/ou não-verbais.

Estamos chegando ao fim desta aula e a partir dos conteúdos abordados até aqui, específicos de nossa área, atrelados à teoria hitórico-cultural, podemos apostar enquanto arte-educadores no papel que a escola tem em relação às mudanças nas relações sociais e culturais assim, nos cabe refletir sobre ações em arte-educação mais desafiadoras e inquietantes, firmando um real compromisso com o desenvolvimento de nossos alunos e, consequentemente à transformação social.

Finalizando...

Para refletir...

Maurits Cornelis Escher Galeria de Arte, 1956 (litografia).

Referências • BARBOSA, Ana Mae; CUNHA, Fernanda Pereira da (Orgs.). Abordagem

Triangular no Ensino das Artes e Culturas Visuais. São Paulo: Cortez, 2010.

• FUSARI, M. F. R. A arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.

• LEONTIEV, Alexis. O Homem e a Cultura. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte, 1978, p. 261-284. Disponível em: http://ead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/61/LEONTIEV%20O%20homem%20e%20a%20cultura.pdf

• MESQUITA, A. M.; FANTIN F. S. B.; ASBHAR, F. F. S. (Orgs.). Currículo Comum para o Ensino fundamental Municipal. Bauru: Prefeitura municipal de Bauru, 2016.

• VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.