A IMPORTÂNCIA E A VALORIZAÇÃO DO PAPEL DO … · para entender a organização do trabalho...
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A IMPORTÂNCIA E A VALORIZAÇÃO DO PAPEL DO PEDAGOGO NA ESCOLA
PÚBLICA
Nilza Angela Cavassin¹ Maria Madselva Ferreira Feiges²
RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar alguns elementos teórico-
metodológicos resultado do estudo realizado no PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional com a finalidade de compreender a função social do
pedagogo a partir de sua trajetória histórico-social, delineando seu perfil profissional
na perspectiva de um Projeto Político Pedagógico emancipador.
.
Palavras-chave: Educação, Pedagogo, Valorização Profissional.
Introdução
Este artigo refere-se a minha experiência no exercício da função de
pedagoga e do diálogo com outros(as) colegas pedagogos(as) que também
traduziram seus limites e possibilidades diante da organização do trabalho
pedagógico escolar. Uma questão cotidiana incomoda os pedagogos: como obter
reconhecimento e valorização do trabalho deste profissional na escola?
Neste sentido, o texto aborda um breve histórico da Pedagogia no Brasil
para entender a organização do trabalho pedagógico no âmbito das Diretrizes
Curriculares para o Curso de Pedagogia, o quadro comparativo das atribuições do
pedagogo e das contribuições dos pedagogos que participaram do GTR (Grupo de
Trabalho em Rede) de 2011.
___________________
1- Pedagoga da Rede Estadual de Educação no NREAM – Norte. email: [email protected]
2- Orientadora. Mestre em Educação – Universidade Federal do Paraná – Professora do Setor de
Educação email: [email protected]
2
BREVE HISTÓRICO DA PEDAGOGIA NO BRASIL
A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga, paidós (criança) e agogé
(condução). No decurso da história do Ocidente, a Pedagogia firmou-se como
correlato da educação. Entendida como prática social, a educação tem sua origem
ligada à da própria humanidade. A compreensão do fenômeno educativo e sua
intervenção intencional fez surgir um saber específico que modernamente associa-
se ao termo pedagogia. Assim, a indissociabilidade entre a prática educativa e a
sua teorização elevou o saber pedagógico ao nível científico.
Paidagogia designava, na Grécia antiga, o acompanhamento e a vigilância
do jovem. O paidagogo (o condutor da criança) era o escravo cuja atividade
específica consistia em guiar as crianças à escola, seja a didascaléia, onde
receberiam as primeiras letras, seja o gymnásion, local de cultivo do corpo.
(GHIRALDELLI, 2006, p.09).
No Brasil, o Curso de Pedagogia passou por diversas trajetórias e,
paralelamente, o processo de construção de identidade do pedagogo.
Para traçar um perfil do profissional pedagogo é necessária a construção da
trajetória histórica da Pedagogia no Brasil, visando compreender a formação de
professores e defendê-la no contexto sócio histórico e sua representação que
caracterizam a formação do pedagogo e na legislação a relevância de sua atuação
na prática escolar.
O Parecer 5/2005 do Conselho Nacional da Educação define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia. Com base neste Parecer,
apresento um quadro histórico do Curso de Pedagogia no Brasil para facilitar
algumas compreensões.
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LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
Decreto Lei
nº 1.190/1939
- No Brasil, o curso de Pedagogia, ao longo de sua história definiu como
seu objeto de estudo e finalidade os processos educativos em escolas e em
outros ambientes a educação de crianças nos anos iniciais de escolarização,
além da gestão educacional.
- Nas primeiras propostas para este curso foi atribuído o “estudo da forma de
ensinar”.
- Na primeira regulamentação o Curso de Pedagogia foi caracterizado como
lugar de formação de “técnicos em educação”.
- Eram professores primários que realizavam estudos superiores em
Pedagogia para, mediante concurso, assumirem funções de administração,
planejamento de currículos, orientação a professores, inspeção de escolas,
avaliação do desempenho dos alunos e dos docentes, de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico da educação, no Ministério da Educação, nas
secretarias dos estados e dos municípios.
- A padronização do curso de Pedagogia é decorrente da concepção
normativa da época, que alinhava todas as licenciaturas ao denominado
“esquema 3+1”, pelo qual era feita a formação de bacharéis nas diversas
áreas das Ciências Humanas, Sociais, Naturais, Letras, Artes, Matemática,
Física, Química.
- O curso de Pedagogia oferecia o título de bacharel a quem cursasse três
anos de estudos em conteúdos específicos da área como fundamentos e
teorias educacionais e o título de licenciado que permitia atuar como
professor, aos que, tendo concluído o bacharelado, cursassem mais um ano
de estudos, dedicados à Didática e à Prática de Ensino.
- O curso de Pedagogia dissociava o campo da ciência Pedagogia, do
conteúdo da Didática, abordando-os em cursos distintos e tratando-os
separadamente.
- Aos licenciados em Pedagogia era concedido o registro para lecionar
Matemática, História, Geografia e Estudos Sociais, no primeiro ciclo do
ensino secundário. A dicotomia entre bacharelado e licenciatura levava a
entender que no bacharelado se formava o pedagogo que poderia atuar
como técnico em educação e, na licenciatura, formava-se o professor que
iria lecionar as matérias pedagógicas do Curso Normal de nível secundário,
tanto no primeiro ciclo, o ginasial - normal rural, ou no segundo.
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LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
Lei nº 4.024/1961
Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Nacional
- Fixou-se o currículo mínimo do curso de bacharelado em Pedagogia,
composto por sete disciplinas indicadas pelo Conselho Federal de Educação
e mais duas escolhidas pela instituição.
- Esse mecanismo centralizador da organização curricular pretendia definir a
especificidade do bacharel em Pedagogia e visava manter uma unidade de
conteúdo, aplicável como critério para transferências de alunos, em todo o
território nacional.
Parecer nº 251/1962
- Manteve-se o esquema 3+1 para o curso de Pedagogia.
Parecer nº 292/1962
do Conselho Federal
de Educação
- A licenciatura previa o estudo de três disciplinas: Psicologia da Educação,
Elementos de Administração Escolar, Didática e Prática de Ensino, esta
última em forma de Estágio Supervisionado.
- Mantêm a dualidade, bacharelado e licenciatura em Pedagogia. Nos
termos deste Parecer que não poderia haver a ruptura entre conteúdos e
métodos manifesta a mesma estrutura curricular do esquema 3+1.
Lei da Reforma
Universitária nº
5.540/1968
- A graduação em Pedagogia forma os especialistas em educação com a
oferta de habilitações: Supervisão, Orientação, Administração e Inspeção
Educacional e outras especialidades necessárias ao mercado de trabalho.
Parecer nº 252/1969
do Conselho Federal
de Educação
- Dispõem sobre a organização e o funcionamento do curso de Pedagogia.
- A finalidade do curso é a preparação de profissionais da educação,
assegurando possibilidade de obtenção do título de especialista, mediante
complementação de estudos.
Resolução nº 2/1969
Do Conselho
Federal
de Educação
- Determina a formação de professores para o ensino normal e de
especialistas para as atividades de orientação, administração, supervisão e
inspeção no curso de graduação em Pedagogia, resultando o grau de
licenciado.
- Como licenciatura, permitia o registro para o exercício do magistério nos
cursos normais, posteriormente denominados magistério de 2º grau e o
argumento de que “quem pode o mais pode o menos” ou de que “quem
prepara o professor primário tem condições de ser também professor
primário”, permitia o magistério nos anos iniciais de escolarização.
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LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
Resolução nº 2/1969
Do Conselho
Federal
de Educação
- No processo de desenvolvimento social e econômico do país, com a
ampliação do acesso à escola cresceram as exigências de qualificação
docente para orientação da aprendizagem de crianças e adolescentes das
classes populares que traziam para dentro das escolas visões de mundo
diversas e perspectivas de cidadania muito variadas.
- A complexidade organizacional e pedagógica proporcionada pela
democratização da vida civil e da gestão pública também trouxe novas
necessidades para a gestão escolar, com funções especializadas e
descentralizadas, maior autonomia e responsabilidade institucional.
- A formação para a docência, para cargos de direção, assessoramento às
escola e aos órgãos de administração dos sistemas de ensino foi valorizada,
inclusive nos planos de carreira. Em todas estas atividades os licenciados
em Pedagogia provaram qualificação.
Início da
Década de 1980
- Várias universidades efetuaram reformas curriculares, no curso de
Pedagogia para formar professores para atuarem na Educação Pré-escolar
e nas séries iniciais do Ensino de 1º Grau , no centro das preocupações e
das decisões, estavam os processos de ensinar, aprender, além do de gerir
escolas.
- O curso de Pedagogia vai amalgamando experiências de formação inicial e
continuada de docentes, para trabalhar tanto com crianças quanto com
jovens e adultos.
- Ampliam-se disciplinas e atividades curriculares dirigidas à docência para
crianças de 0 a 5 e de 6 a 10 anos e oferecem-se diversas ênfases nos
percursos de formação dos graduandos em Pedagogia para contemplar:
educação de jovens e adultos; a educação infantil; a educação na cidade e
no campo; a educação dos povos indígenas; a educação nos
remanescentes de quilombos; a educação das relações étnico-raciais; a
inclusão escolar e social das pessoas com necessidades especiais, dos
meninos e meninas de rua; a educação a distância e as novas tecnologias
de informação e comunicação aplicadas à educação; atividades educativas
em instituições não escolares, comunitárias e populares.
- O curso de Pedagogia passou a ser objeto de severas críticas que destacava o
tecnicismo na educação, fase em que os termos pedagogia e pedagógico passaram
a ser utilizados apenas em referência a aspectos metodológicos do ensino e
organizativos da escola.
6
LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
Início da
Década de 1980
- Alguns críticos do curso de Pedagogia e das licenciaturas em geral, entre
eles docentes sem ou com pouca experiência em trabalho nos anos iniciais
de escolarização entendiam que a prática teria menor valor eram
responsáveis por disciplinas “fundamentais” destes cursos.
- Ponderavam ainda que estudar processos educativos, entender e manejar
métodos de ensino, avaliar, elaborar e executar planos e projetos,
selecionar conteúdos, avaliar e elaborar materiais didáticos eram ações
menores.
- Já outros críticos, estudiosos de práticas e de processos educativos,
desenvolveram análises, reflexões e propostas consistentes em diferentes
perspectivas, elaborando corpos teóricos e encaminhamentos práticos.
- Fundamentavam-se na concepção de Pedagogia como práxis em face do
entendimento que tem a sua razão de ser na articulação dialética da teoria e
da prática.
- Firmaram a compreensão de que a Pedagogia trata do campo teórico
investigativo da educação, do ensino e do trabalho pedagógico que se
realiza na práxis social.
- O movimento de educadores, em busca de um estatuto epistemológico
para a Pedagogia contou com adeptos de abordagens até contraditórias.
- Disso resultou uma ampla concepção acerca do curso de Pedagogia que
incluía a docência, nas séries iniciais do Ensino de 1º Grau e também na
Pré-Escola como a área de atuação do egresso do curso, por excelência.
A partir da metade
da
Década (1985)
- É bastante expressivo o número de instituições em todo o país que
oferecem essas habilitações na graduação.
- O reconhecimento dos sistemas e instituições de ensino sobre as
competências e o comprometimento dos Licenciados em Pedagogia,
habilitados para o magistério.
- Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental é evidente, inclusive pelo
quantitativo de formadas(os) e formandos(as) em Pedagogia, em diferentes
habilitações , que se dirigem ao Conselho Nacional de Educação (CNE)
para solicitar apostilamento em seus diplomas, com vistas ao exercício da
docência nestas etapas.
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LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
A partir da metade da
Década (1985)
- A justificativa para essa solicitação é a de que os estudos feitos para a
atuação em funções de gestão tanto administrativa quanto pedagógica de
instituições de ensino, como para o planejamento, execução,
acompanhamento e avaliação de processos educativos escolares ou não,
tiveram suporte importante de conhecimentos sobre a docência nos anos
iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil.
- Tem crescido o número de licenciados em outras áreas do conhecimento,
buscando formação aprofundada na área de gestão de instituições e de
sistemas de ensino, em especial, por meio de cursos de especialização.
- Sem desconhecer a contribuição dos cursos de Pedagogia para a
formação destes profissionais e de pesquisadores na área, não há como
sustentar que esta seja exclusiva do Licenciado em Pedagogia.
Década
de
1990
- Com uma história construída no cotidiano das instituições de ensino
superior, o curso de graduação em Pedagogia foi se constituindo como o
principal locus da formação docente dos educadores para atuar na
Educação Básica: na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
- A formação dos profissionais da educação no curso de Pedagogia, ou a ou a
passasse a constituir reconhecidamente, um dos requisitos para o o
desenvolvimento da Educação Básica no País.
Lei 9394/1996
Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Nacional
- Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que,
nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos
reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009.).
I - professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na
educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela
Lei nº 12.014, de 2009).
II - trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com
habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e
orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado
nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009).
III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou
superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009).
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LEIS/PARECERES
PROPOSIÇÕES
Lei 9394/1996
Lei de Diretrizes e
Bases da Educação
Nacional
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a
atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos
objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá
como fundamentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009).
I - a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos
fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009).
II - a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados
e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009).
III - o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições
de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009).
- Art.62: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação
mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal. (Regulamento).
- Art. 67: Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais
da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos
planos de carreira do magistério público:
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos.
Pareceres do
Conselho Nacional
de Educação de nº
776/1997, 583/2001
e 67/2003
- Formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) EJA alfabetização, nos
cursos de Ensino Médio de Modalidade Normal.
- Disciplinas pedagógicas e em cursos de Educação Profissional, na área de
serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos.
Parecer nº 05/2005
do Conselho
Nacional de
Educação/CP
- As Diretrizes Curriculares para o Curso de Pedagogia aplicam-se à
formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio de
modalidade Normal e em cursos de Educação Profissional, na área de
serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos.
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LEIS / PARECERES
PROPOSIÇÕES
Parecer nº 05/2005
do Conselho
Nacional de
Educação/CP
- As Diretrizes Curriculares visam estabelecer bases comuns para que os
sistemas e as instituições de ensino possam planejar e avaliar a formação
acadêmica e profissional oferecida, assim como acompanhar a trajetória de
seus egressos, em padrão de qualidade reconhecido no País. O curso de
Pedagogia terá sua carga horária de no mínimo 3.200 horas de efetivo
trabalho acadêmico, com a seguinte distribuição: 2.800h dedicadas às
atividades formativas; 300h dedicadas ao Estágio Supervisionado; 100h de
atividades teórico-práticas de aprofundamentos.
- A formação oferecida abrangerá funções relativas à docência e
participação na gestão, avaliação de sistemas e instituições de ensino em
geral, a elaboração, a execução e o acompanhamento de programas e
atividades educativas.
- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
periódico remunerado para esse fim; - Piso salarial profissional; - Progressão
funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do
desempenho; - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incluído na carga de trabalho; - condições adequadas de trabalho.
- Sendo a docência a base da formação oferecida, os seus egressos
recebem o grau de Licenciados(as) em Pedagogia, com o qual fazem jus a
atuar como docentes na Educação Infantil, nos iniciais do Ensino
Fundamental e em disciplinas pedagógicas dos cursos de nível médio, na
modalidade Normal e de Educação Profissional na área de serviços e apoio
escolar e em outras em que disciplinas pedagógicas estejam previstas, no
planejamento, execução e avaliação de programas e projetos pedagógicos
em sistemas e unidades de ensino, e em ambientes não-escolares.
Resolução
nº 01/2006
Conselho Nacional
de Educação
- Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à
formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.
- § 1º Compreende-se a docência como ação educativa e processo
pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-
raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da
Pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos
científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de
10
LEIS / PARECERES
PROPOSIÇÕES
Resolução
nº 01/2006
Conselho Nacional
de Educação
aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no
âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo.
- Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de
professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na
modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio
escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos
pedagógicos.
Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem
participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino,
englobando:
I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de
tarefas próprias do setor da Educação;
II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de
projetos e experiências educativas não escolares;
III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo
educacional, em contextos escolares e não escolares.
Art. 7º O curso de Licenciatura em Pedagogia terá a carga horária mínima
de 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, assim distribuídas:
I - 2.800 horas dedicadas às atividades formativas como assistência a
aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas,
consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições
educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza,
participação em grupos cooperativos de estudos;
II - 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em
Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando
também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto
pedagógico da instituição;
III - 100 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas
específicas de interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da
extensão e da monitoria.
- Art.10: As habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes
entrarão em regime de extinção, a partir do período letivo seguinte à
publicação desta Resolução.
11
A função do Pedagogo Escolar no Estado do Paraná de acordo com o Plano
de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica Lei Complementar
nº 103 de 15/03/2004 define as atribuições de acordo com o Artigo 4º, I e II da
Resol. Nº 01/2006 do Conselho Nacional de Educação. I - planejamento, execução,
coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da
Educação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e
avaliação de projetos e experiências educativas não escolares.
O PAPEL DO PEDAGOGO NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
ESCOLAR
O que é ser Pedagogo
A Escola é uma instituição social que tem a finalidade de democratizar o
saber sistematizado e propiciar aquisição dos instrumentos que possibilitam o
acesso a esse saber. Assim a função específica da escola é garantir aos seus
alunos a apropriação sistemática do saber científico historicamente acumulado,
articulando as experiências de vida e a realidade social daqueles a quem deve
educar.
A escola está inserida na “sociedade global” e na chamada “sociedade do
conhecimento” onde violentas e profundas transformações no mundo do
trabalho e das relações sociais vêm causando impactos desestabilizados a
toda humanidade, e conseqüentemente exigindo novos conteúdos de
formação e novas formações de organização e gestão da educação
ressignificando o valor da teoria e da prática da administração da
educação. Sabe-se que a escola não se encontra arbitrariamente
desvinculada e sim integrada a uma política educacional que lhe fornece
diretrizes. (PRAIS, 1990, p.83)
12
A valorização do profissional pedagogo compreende a trajetória histórica e
conceitual de seu percurso de especialista da educação a pedagogo- profissional
responsável por atividades de gestão da educação como, planejamento,
supervisão, orientação educacional, Formação Continuada, avaliação e
implementação de atividades educacionais o que pressupõe a existência de
carreira pública para o pedagogo.
No Paraná, especialmente na gestão do Governo Jaime Lerner (1995 a
2002) a função pedagogo passou a ser desempenhada por profissional com
qualquer licenciatura, ou seja, o Diretor, por livre escolha, indicaria um professor
para o exercício desta função de pedagogo. A superação desta distorção ocorre
com a implantação de política pública que aprovou o Plano de Carreira do
Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, Lei Complementar nº
103, de 15/03/2004. No Art. 5º § 4º há a exigência da graduação em Pedagogia
para o exercício do cargo de Professor-Pedagogo para atividades de coordenação,
administração escolar, planejamento, supervisão e orientação educacional.
Nesta perspectiva, defende-se o papel do pedagogo como mediador do
trabalho pedagógico na escola pública.
(...) a Pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos,
maneiras de ensinar, mas antes disso ele tem um significado bem mais
amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a
problemática educativa na sua totalidade e historicidade, ao mesmo tempo,
uma diretriz orientadora da ação educativa. O pedagógico refere-se à
finalidade da ação educativa, implicando objetivos sociopolíticos a partir
dos quais se estabelecem formas organizadas e metodológicas da ação
educativa. A pedagogia estuda as práticas educativas tendo em vista
explicitar finalidades, objetivos sociopolíticos e formas de intervenção
pedagógica para a educação, o pedagógico se expressa, justamente, na
intencionalidade e no direcionamento dessa ação. Esse posicionamento é
necessário, porque as práticas educativas não se dão de forma isolada das
relações sociais, políticas, culturais e econômicas da sociedade.
(LIBÂNEO, 2004, p.29).
Neste sentido, o pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da
prática educativa, direta ou indiretamente vinculadas à organização e aos
processos de aquisição de saberes e modos de ação, com base em objetivos de
formação humana definidos coletivamente no Projeto Político Pedagógico.
13
Assim, o trabalho do pedagogo junto ao professor de cada disciplina na
orientação do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos é de suma
importância para explicitar a função mediadora da escola entre conhecimento e a
comunidade, o que pressupõe também a presença do professor como mediador
direto entre o conhecimento e o aluno. O pedagogo atua no sentido de esclarecer o
método, as formas de organização curricular do conhecimento na prática docente.
“É do pedagogo a responsabilidade de transformar o conhecimento difuso em
sistematizado e assimilável, ou saber escolar.” (SAVIANI, 1985 p.27).
Cabe ao Pedagogo dar suporte ao trabalho docente, utilizando-se do
conhecimento, próprio da sua função o que pode levar o aluno a apropriar-se da
matéria (conteúdo), objeto do processo ensino e aprendizagem. O autor afirma
ainda que:
A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores
no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos,
métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e
compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos
teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento
pedagógico e o trabalho de sala de aula. (LIBÂNEO, 1996, p.54).
O reconhecimento do papel do pedagogo depende da intencionalidade e
especificidade do trabalho pedagógico junto à comunidade escolar. Desta forma, o
envolvimento do pedagogo com questões do cotidiano escolar não deve extrapolar
seu tempo e espaço do fazer pedagógico, já que problemas de disciplina,
acompanhamento de entrada e saída de alunos, etc., são problemas da escola e do
seu coletivo que deve planejar ações para enfrentamento destas questões.
Fazer pedagogia é fazer prática teórica por excelência. É descobrir e
elaborar instrumentos de ação social. Nela se realiza de forma essencial, a
unidade entre teoria e prática. (...) O pedagogo é aquele que não fica
indiferente, neutro, diante da realidade. Procura intervir e aprender com a
realidade em processo. O conflito, por isso, está na base de toda a
pedagogia.” Percebe-se aqui o pedagogo como articulador do trabalho
coletivo da escola, articula a concepção da escola às relações e
determinações políticas, sociais, culturais e históricas. (GADOTTI, 2004,
p.34).
14
O Pedagogo e o Projeto Político Pedagógico
Dentre as atividades específicas do pedagogo, uma delas é a tarefa de
planejamento que compreende a (re)elaboração do Projeto Político Pedagógico e do
Plano de trabalho Docente e da política de Formação Continuada no interior da
escola.
Entende-se que o Projeto Político Pedagógico é um instrumento que descreve
e revela a identidade da escola em suas intenções e concepções. É uma forma de
organizar o trabalho pedagógico. A responsabilidade pela construção deste Projeto
de sociedade e de educação é de toda comunidade escolar:
como um processo democrático de decisões, preocupa-se em ministrar uma
forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos,
buscando delimitar as relações competitivas, corporativas e autoritárias,
rompendo com a rotina do mundo impessoal e racionalizado da burocracia
que permeia o interior da escola (...). (VEIGA, 1995, p.13)
A relação entre o projeto de sociedade e de educação com os projetos
individuais de cada aluno, professor, pai, funcionário instaura no Projeto Político
Pedagógico fundamentos para o exercício da participação coletiva na organização
pedagógica e administrativa, como também no próprio resgate da função social da
escola.
O Pedagogo e o Plano de Trabalho Docente: reconfiguração da relação
pedagógica
A valorização do papel do pedagogo como profissional da educação pretende
superar práticas que sustentam rótulos como aquele que “faz tudo na escola”,
“bombeiro” e “tapa buraco”, referências que desqualificam o seu trabalho. Uma das
atividades mais importantes do Pedagogo é a tarefa de planejamento que é uma
atividade de reflexão/ação transformadora de realidade.
15
O planejamento escolar consiste numa atividade de previsão da ação a ser
realizada, implicando definição de necessidades a atender, objetivos a
atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem
empregados, tempo de execução e formas de avaliação. O processo e a
prática, de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados,
considerando-se numa atividade necessária à tomada de decisões.
(LIBÂNEO, 2001, p. 123)
Neste sentido, o Plano de Trabalho Docente adquire o caráter mediador entre
o Projeto Político Pedagógico e a efetivação de seus objetivos em sala de aula. É
um documento que antecipa a ação do professor, organizando o processo de ensino
e aprendizagem. Registra o que fazer, como fazer, quando fazer, com quem fazer e
para que fazer. O pedagogo realiza a articulação entre os conteúdos e a
metodologia nas condições concretas de ensino e aprendizagem, uma vez que é
responsável pela organização do trabalho pedagógico da escola como um todo.
Assim, deve conhecer as possibilidades e as relações entre diversos contextos
desta organização, sendo-lhe possível prever e prover, de forma sistemática, os
recursos e a distribuição do tempo e espaço escolares, para que as atividades
planejadas sejam realizadas, além de analisá-las quanto a sua efetividade para
promoção da aprendizagem.
Pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o
processo de formação cultural. É, pois, aquele que domina as formas, os
procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do
patrimônio cultural acumulado pela humanidade. (...) A palavra pedagogia
traz sempre ressonâncias metodológicas, isto é, de caminho através do qual
se chega a determinado lugar. Aliás, isto já está presente na etimologia da
palavra: conduzir (por um caminho) até determinado lugar. (SAVIANI, 2005,
p.28)
O caráter educativo da função pedagogo como profissional que organiza o
trabalho pedagógico escolar reveste-se de caráter reflexivo, investigativo e científico
do processo educativo. Desta forma, a natureza da atividade do pedagogo não pode
ser delegada a outro profissional, pois o seu campo de estudos possui uma
identidade e uma problemática próprias. A função do pedagogo na instituição
16
escolar é indiscutível, pois é este profissional que planeja, organiza, orienta, avalia e
juntamente com os demais atores escolares que executam as ações educativas
com vistas à qualidade no e do processo ensino aprendizagem.
Na articulação do trabalho pedagógico, pressupõe-se a atuação do pedagogo
junto ao professor na elaboração do Plano de Trabalho Docente como expressão do
currículo em sala de aula, entendendo que este, na sua natureza não é neutro, pois
os conteúdos selecionados também não o são, uma vez que expressam e legitimam
uma intencionalidade que vincula as finalidades da educação e a quem se destina. É
papel de o pedagogo articular os conteúdos, a concepção de homem, sociedade e
educação pensados coletivamente no Projeto Político Pedagógico da escola, com a
finalidade de direcionar explicitamente a prática educativa. Sob esta perspectiva, o
Plano de Trabalho Docente é político e pedagógico, pois permite vivenciar a
dimensão transformadora do conteúdo.
A efetivação do planejamento participativo pressupõe a organização de hora-
atividade concentrada como possibilidade de trabalho coletivo.
Esta concepção de Plano de Trabalho Docente supera a visão burocrática do
planejamento e imprime um direcionamento político-pedagógico comprometido com
a aprendizagem de todos os alunos. É interessante lembrar que tal atribuição está
definida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Artigo 13, incisos
II,III e IV.
Art.13 Os docentes incumbir-se-ão de:
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos,
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento.
O Pedagogo e a Avaliação
A avaliação é parte constitutiva da prática humana. Desta forma, o pedagogo
deve contribuir para ampliar o debate sobre esta prática no interior da escola.
De acordo com a concepção de avaliação estabelecida no Projeto Político
17
Pedagógico, as práticas avaliativas constituem um ato contínuo que deve
compreender de maneira sistemática as possibilidades e conflitos das condições
pedagógicas, dos métodos e técnicas desenvolvidos para consecução dos objetivos
do processo ensino-aprendizagem com vistas na promoção dos educandos. Assim,
o pedagogo explicita os pressupostos do trabalho educativo, afim de:
Proporcionar dados que permitam à escola promover a reformulação
do currículo em favor da adequação de conteúdos e métodos de ensino;
Possibilitar ao estudante, com defasagem em alguns conteúdos, novas
oportunidades de recuperação e conseqüente aprendizagem dos mesmos;
Corrigir deficiências provenientes de práticas pedagógicas
conservadoras;
Considerar os esforços dos estudantes que apresentam problemas no
relacionamento familiar e de ordem sócio-econômicos que podem refletir na
aprendizagem.
Oportunizar aprendizagem eficiente que possibilite ao educando
compreender a sociedade de forma crítica.
As dificuldades de avaliação do processo educativo nos chamam atenção
para a necessidade do que fazer durante todo o processo avaliativo.
(...) a avaliação é algo inerente à própria prática humana, na atividade
educativa ela ganha relevância especial, porque é aí que se
consubstanciam as potencialidades de atualização histórico-cultural do ser
humano, pela qual se forjam as personalidades dos indivíduos, dando
condições para sua atuação cada vez mais efetiva como sujeitos. Nunca se
deve esquecer que a importância de um processo educativo deriva do fato
de que é em seu interior que se realiza a formação humana de cujo êxito
depende o futuro do indivíduo e também o da sociedade. Por isso, a
importância da avaliação é função direta da necessidade de se evitar a má
formação do indivíduo, que lhe impõe marcas indeléveis que nunca serão
detectadas pelos mecanismos convencionais de avaliação do produto, mas
que poderão comprometer irremediavelmente sua vida e seu desempenho
social. Em educação, é pela realização de um bom processo que se podem
aumentar as probabilidades de realização de um bom produto; daí a
importância da constante e adequada avaliação desse processo. (PARO,
2001, p.38 e 39).
18
O registro dos resultados da avaliação escolar devem subsidiar a tomada de
decisões em relação à continuidade do trabalho pedagógico, superando práticas
seletivas que decidem quem será excluído do processo.
Os Regimentos Escolares preveem a recuperação de estudos de forma
paralela a serem ofertadas concomitantemente às atividades letivas, com vistas às
aprendizagens desejadas, em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, Art. 24º, inciso V:
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
Neste caso, o assessoramento do pedagogo ao professor, quanto ao sistema
de avaliação e acompanhamento específico do aluno adquire significado
transformador da realidade educacional porque propõe verificar as aprendizagens e
defasagens ainda existentes com o propósito de mudar esta realidade.
O Pedagogo e os Órgãos Colegiados
O pedagogo tem espaço assegurado nos órgãos colegiados da escola. A
tarefa de planejar, executar e avaliar a prática pedagógica reconfigura a função do
pedagogo nestes órgãos, especialmente no Conselho de Classe.
Nos Conselhos Escolares o pedagogo atua no sentido de analisar e propor a
efetivação do Projeto Político Pedagógico em termos da identidade escolar que se
realiza nos diversos setores do estabelecimento.
19
Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados compostos por
representantes das comunidades escolar e local, que têm como atribuição
deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas,
financeiras, no âmbito da escola. Cabe aos Conselhos, também, analisar as
ações a empreender e os meios a utilizar para o cumprimento das
finalidades da escola. Eles representam as comunidades escolar e local,
atuando em conjunto e definindo caminhos para tomar as deliberações que
são de sua responsabilidade. Representam, assim, um lugar de participação
e decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das
demandas educacionais, possibilitando a participação social e promovendo
a gestão democrática. São, enfim, uma instância de discussão,
acompanhamento e deliberação, na qual se busca incentivar uma cultura
democrática, substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa
e cidadã. (PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DOS
CONSELHOS ESCOLARES, 2004, Caderno 1, p. 34 e 35)
Entendo que o Conselho de Classe é o espaço mais adequado para avaliação
sistemática do desempenho docente e da gestão escolar na sua totalidade, cabe ao
pedagogo propor novos redimensionamentos deste conselho para averiguar a
dimensão pedagógico-educativa deste órgão, na perspectiva de superar a visão de
“análise de notas” descolada da prática docente.
O Conselho de Classe é um órgão colegiado em que vários professores
das diversas disciplinas juntamente com os coordenadores pedagógicos, ou
mesmo os supervisores e orientadores educacionais, reúnem-se para
refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos alunos das diversas áreas
ou ciclos. (DALBEN, 2004.p.31).
É nesta perspectiva pedagógica e política de repensar a função de pedagogo
na reconfiguração da própria gestão democrática que realizei a implementação de
meu projeto, como parte constitutiva do Programa de Desenvolvimento Educacional.
20
A implementação do projeto de intervenção “A importância e valorização do
papel do pedagogo na escola pública”
Para compor o estudo proposto no PDE (Programa de Desenvolvimento
Educacional) frequentei a disciplina “Função Social do Pedagogo” ministrada no
curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná que contribuiu para a
elaboração deste Artigo, especialmente na concepção do papel do pedagogo na
organização e mediação do trabalho pedagógico na escola pública.
A leitura de vários autores permitiu compreender a concepção, a formação e a
identidade do pedagogo na trajetória da educação brasileira, como também as
diferentes abordagens da atuação deste profissional à luz da dimensão sócio-política
da educação pública.
Essa proposta realizou as seguintes ações:
- estudo das atribuições do pedagogo à luz do Projeto Político Pedagógico, do
Regimento Escolar e das atribuições do Concurso para Pedagogos, Edital nº
37/2004 com a finalidade de compreender a abrangência dessas atribuições.
- entrevista com a pedagoga de um estabelecimento de ensino do município de
Colombo, Área Metropolitana Norte de Curitiba, no segundo semestre de 2011 para
compreender as tarefas cotidianas do pedagogo, com base nesses documentos.
- o GTR - Grupo de Trabalho em Rede com participação dos pedagogos no grupo
“on line”, com o objetivo de compartilhar experiências e vivências da prática
pedagógica.
A partir das reflexões extraídas dos documentos a participante apresentou
alguns depoimentos na forma de desabafo: “quantas atribuições e nem nos damos
conta” e “depois dizem que o pedagogo não faz nada”.
Por outro lado, na entrevista com a pedagoga enfatizou seu papel como:
“uma profissional que estudou e se preparou para mediar o processo ensino-
aprendizagem, para dar suporte pedagógico em todos os setores da escola”.
Quanto às principais atribuições do pedagogo, a entrevistada distinguiu:
“assessoramento ao Plano de Trabalho Docente”, acompanhamento do rendimento
escolar discente e frequência às aulas para tomar medidas junto aos órgãos
competentes; orientação aos professores quanto ao preenchimento do Livro
21
Registro de Classe e acompanhamento à recuperação/avaliação junto com os
professores e alunos.”.
Ainda considerou a importância do “Plano de Trabalho Docente com
detalhamento das atividades; a frequência dos alunos às aulas e o
acompanhamento do rendimento escolar junto com os Pais e ou/ responsáveis”.
Relatou que encontra dificuldade no “contato com os pais /responsáveis,
devido à falta de atualização de telefones na Ficha Individual do Aluno. Citou ainda
dificuldade na “formação do Grêmio Estudantil”. .
Os Grupos de Trabalho em Rede – GTR/2011 constitui-se uma das atividades
da turma do PDE/2010 e caracterizou-se pela interação à distância entre o professor
PDE e os profissionais da Rede Pública Estadual, no período de outubro a
novembro, cujo objetivo é a socialização e discussão das produções, atividades
desenvolvidas e troca de experiências.
A reflexão acerca da importância do pedagogo na instituição escolar explicitou
seu papel na organização do processo ensino aprendizagem, enfatizando a função
da leitura, do estudo, da escrita e na articulação dos conteúdos com vistas a fazer
e refazer sua práxis pedagógica.
Sua contribuição pode recriar o espaço educativo da escola como um
ambiente em que a disciplina, a ética, a cidadania permeiem os conhecimentos
necessários à formação humana. Reconhecem que as orientações metodológicas,
sugestões de leituras e dinâmicas junto aos professores objetivam realizar aulas
mais atrativas para que o aluno perceba a importância do ato de aprender como
uma ação que envolve responsabilidade do aluno e do professor, uma vez que se
um deles, aquele que ensina ou aquele que aprende, tiver uma variável, obter-se-á
modificações no resultado.
Assim o professor poderá (re)direcionar o ato de aprender para além do ato de
receber informações, o que pressupõe decompor em partes e compreender,
assimilar a informação compreendida, transformando o conhecimento dos sujeitos
do processo em sabedoria.
O pedagogo organiza ambiente de convivência entre os docentes,
estabelecendo caminhos de pesquisa e estudo com vistas a integração, seriedade,
compromisso e responsabilidade coletiva de uma educação democrática.
22
As ações dos pedagogos, neste sentido contribuem para que a escola realize o
trabalho educativo de forma consciente frente a complexidade e especificidade dos
conflitos decorrentes do trabalho pedagógico, desvelando os limites e as
possibilidades da formação e história de cada profissional.
Assim, a atuação deste profissional em várias instâncias da prática educativa,
direta ou indiretamente vinculadas à organização e aos processos de aquisição de
saberes e modos de ação, reafirmam os objetivos de formação humana definidos
coletivamente no Projeto Político Pedagógico.
A questão reflexiva sobre o papel do pedagogo na organização e mediação
do trabalho pedagógico da Escola Pública possibilitou compreender a
responsabilidade de todos os sujeitos do processo educativo na produção do
fracasso ou sucesso escolar dos alunos. Nesta perspectiva, evidenciou-se o papel
da escola na lida com problemas como: indisciplina e entrada atrasada de alunos e
prática pedagógica individualmente que revela desconhecimento sobre a realidade
escolar. Assim prioriza-se o tempo do pedagogo para mediar as atividades de
planejamento e acompanhamento da prática docente.
Destaca-se ainda a figura do pedagogo como profissional que coordena as
ações pedagógicas, socializa as decisões, descentraliza as ações, acata e
encaminha todas as deliberações. Evidencia-se seu papel ainda como uma
“bússola” que não pode ser ignorada pelos demais profissionais da escola, porque
dá suporte para a efetivação do trabalho docente e estabelece relações estreitas
com o professor, buscando situações mais adequadas de ensino-aprendizagem dos
alunos da escola pública.
Esta concepção pressupõe a superação do pedagogo constituído nos
jargões educacionais como "tarefeiro", "bombeiro", "faz tudo". Por outro lado, o
exercício das novas atribuições do pedagogo exige capacitação para argumentar e
orientar as didáticas, metodologias, avaliações, métodos, uso de equipamentos e
estratégias que possibilitem a qualidade da educação.
As participantes do Grupo de Trabalho em Rede/2011 avaliaram outras
dificuldades cotidianas no exercício de sua função de pedagogo como:
- incentivar os alunos nos estudos, de forma a sentirem-se valorizados e
capazes de fazer o seu melhor;
23
- resistência de alguns professores em relação aos alunos com frequência às
aulas;
- realizar mudanças efetivas no Conselho de Classe, como medidas
transformadoras da realidade escolar;
- abuso de autoridade por parte de alguns professores;
- a falta de atualização dos endereços telefônicos dos pais;
- mudança de concepção do professor quanto à utilização de outros recursos
didáticos como TV- pendrive como facilitador de aulas mais dinâmicas;
- cumprimento das normas regimentais como não uso do celular em sala de
aula;
- resistência ao cumprimento das exigências legais e pedagógicas quanto à
recuperação de estudos para alunos com dificuldades de aprendizagem;
- baixa participação de pais no acompanhamento aos estudos de seus filhos;
-evasão escolar no ensino médio noturno especialmente de alunos maiores
de 18 anos.
O estudo decorrente das análises do Projeto Político Pedagógico, do
Regimento Escolar, do Edital nº 37/2004 do Concurso de Pedagogo da Secretaria de
Estado da Administração do Paraná e das contribuições dos participantes do Grupo
de Trabalho em Rede e da entrevista com a pedagoga da escola possibilitou a
construção de um quadro comparativo com as atribuições do pedagogo.
24
Quadro comparativo das atribuições do Pedagogo ITENS DE ANÁLISE
PROJETO POLITICO
PEDAGÓGICO
REGIMENTO ESCOLAR
CONCURSO PARA PEDAGOGOS
EDITAL 37/ 2004
CONTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES
Pla
ne
jam
en
to
-Elaborar com o corpo docente, o currículo pleno do estabelecimento de ensino, em consonância com as diretrizes pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação; -Subsidiar a Direção, com critérios para a definição do Calendário Escolar, organização das classes, do horário semanal e distribuição de aulas; -Promover e coordenar reuniões sistemáticas de estudo e trabalho para o aperfeiçoamento constante de todo o pessoal envolvido nos serviços de ensino; - Coordenar o processo de seleção dos livros didáticos, se adotados pelo estabelecimento, obedecendo às diretrizes e aos critérios estabelecidos pela Secretaria de Estado da Educação;
-Elaborar seu plano de coordenar a construção coletiva e a efetivação da proposta pedagógica curricular do estabelecimento de ensino, a partir das políticas educacionais da SEED e das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais;
-Organizar a hora-atividade dos professores do estabelecimento
de ensino, de maneira a garantir que esse espaço-tempo seja de
efetivo trabalho pedagógico;-Subsidiar o aprimoramento teórico-
metodológico do coletivo de professores do estabelecimento de
ensino, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiências,
debates e oficinas pedagógicas;
-Acompanhar o trabalho docente, quanto às reposições de horas-
aula aos discentes;
-Acompanhar as atividades desenvolvidas nos Laboratórios de Química, Física e Biologia e de Informática; - Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção para a qualidade de ensino para todos; Orientar o processo de elaboração dos Planos de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores do estabelecimento de ensino; -Colaborar com a direção na distribuição das aulas, conforme orientação da SEED; -Coordenar, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas, a partir de critérios legais, didático-pedagógicos e do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; -Organizar as reposições de aulas, acompanhando junto à direção as reposições de dias, horas e conteúdos aos discentes; - Coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico e do Plano de Ação do estabelecimento de ensino; - Acompanhar a Prática Profissional Supervisionada dos funcionários do Programa Nacional de Valorização dos Trabalhadores em Educação – Pro funcionário,
-Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico e para a elaboração de propostas de intervenção na realidade da escola; -Organizar a hora-atividade do coletivo de professores da escola, de maneira a garantir que esse espaço-tempo seja de reflexão-ação sobre o processo pedagógico desenvolvido em sala de aula; -Orientar o processo de elaboração dos planejamentos de ensino junto ao coletivo de professores da escola; -Coordenar o espaço- tempo escolar a partir do projeto político pedagógico e da proposta curricular da escola, intervindo na elaboração do calendário letivo, na formação de turmas, na definição e distribuição do horário semanal das aulas e disciplinas, do “recreio”, da hora atividade e de outras que interfiram diretamente na realização do trabalho pedagógico; - Participar e intervir, junto à direção, da organização do trabalho pedagógico escolar no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar; - Coordenar, junto a direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas a partir de critérios legais, pedagógico- didáticos e da proposta pedagógica da escola; -apresentar propostas, alternativas, sugestões e/ou críticas que promovam o desenvolvimento e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar, conforme o projeto político pedagógico, e a proposta curricular e o plano de ação da escola e as políticas educacionais da SEED; -Coordenar a construção coletiva e a efetivação da proposta curricular da escola, a partir das políticas educacionais da SEED/PR e das Diretrizes Curriculares Nacionais do CNE; -Subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores da escola, promovendo estudos sistemáticos, troca de experiência, debates e oficinas pedagógicas.
- Assessorar a realização do Plano de Trabalho Docente, propondo medidas ao desenvolvimento dos aspectos qualitativos do ensino e da aprendizagem. - Orientar o preenchimento dos Livros Registros de Classe. -Organizar a ação planejadora dentro de critérios que facilitem a realização do trabalho pedagógico com mais segurança, credibilidade, confiança entre seus pares, podendo prever medidas corretivas. -Oferecer suporte teórico-metodológico ao trabalho docente, tanto no PTD, PPP, Regimento Escolar e Conselho de Classe. -Conduzir o planejamento escolar como um todo, possibilitando a previsão de ações, a fim de atender e sanar dificuldades apontadas no cotidiano da escola com metas, procedimentos e recursos cabíveis à realidade da instituição.
25
ITENS DE ANÁLISE
PROJETO POLITICO
PEDAGÓGICO
REGIMENTO ESCOLAR
CONCURSO PARA PEDAGOGOS
EDITAL 37/ 2004
CONTRIBUIÇÃO DOS
PARTICIPANTES
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- Participar, sempre que convocado, de cursos, semi-nários, reuniões, encontros, grupos de estudo e outros eventos;
- Participar da elaboração de projetos de formação continuada dos profissionais do estabelecimento de ensino, que tenham como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar;
-Participar da elaboração do projeto de formação continuada de todos os profissionais da escola, tendo como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar; -Elaborar o projeto de formação continuada do coletivo de professores e promover ações para sua efetivação;
- Promover e coordenar reuniões sistemáticas de estudo e trabalho para o aperfeiçoamento constante de todo o pessoal envolvido no processo educativo. - Contribuir para ampliar o debate sobre práticas no interior da escola, reformulando-os.
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- Subsidiar o Diretor e o Órgão Colegiado da Direção com dados e informações relativas aos serviços de ensino prestados pelo estabelecimento e o rendimento do trabalho escolar;
-Coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação de propostas de intervenção decorrentes das decisões do Conselho de Classe; -Organizar, junto à direção do colégio, a realização dos Pré-Conselhos e dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no estabelecimento de ensino; -Participar do Conselho Escolar, quando representante do seu segmento, subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar; -Participar e intervir, junto à direção, na organização do trabalho pedagógico escolar, no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar; -Propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e de sua participação nos diversos momentos e Órgãos Colegiados do colégio; -Acompanhar os aspectos de sociabilização e aprendizagem dos alunos, realizando contato com a família com o intuito de promover ações para o seu desenvolvimento integral; -Acompanhar a frequência escolar dos alunos, contatando as famílias e encaminhando-os aos órgãos competentes, quando necessário;
-Propiciar o desenvolvimento da representatividade dos alunos e sua participação nos diversos momentos e órgãos colegiados da escola; -Participar do Conselho Escolar subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar; -Organizar a realização dos conselhos de classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido pela escola e em sala de aula, além de coordenar a elaboração de propostas de intervenção decorrentes desse processo;
- Assessorar o Grêmio Estudantil. - Acompanhar, apoiar e dar suporte técnico e logístico às instâncias colegiadas. - Integrar o colegiado escolar e atuar na escola detectando aspectos a serem redimensionados, com base na participação de todos para identificar as causas e propor
alternativas e soluções. -Manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com colegas, alunos, pais e demais segmentos da comunidade.
26
ITENS DE ANÁLISE
PROJETO POLITICO
PEDAGÓGICO
REGIMENTO ESCOLAR
CONCURSO PARA PEDAGOGOS
EDITAL 37/ 2004
CONTRIBUIÇÃO DOS
PARTICIPANTES A
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O
-Elaborar com o Corpo Docente os planos de recuperação a serem propor-cionados aos alunos que obtiverem resultados de aprendizagem abaixo dos de-sejados; -Acompanhar o processo de ensino, atuando junto aos alunos e pais, no sentido de analisar os resultados da aprendizagem com vistas à sua melhoria; -Elaborar com o professor da disciplina, plano especial de estudos, em atendimento aos alunos promovidos em regime de progressão parcial, impossibilitados de cursar a disciplina em contra-turno; -Instituir uma sistemática permanente de avaliação do Plano Anual do estabele-cimento de ensino, a partir do rendimento escolar, do acompanhamento de egressos, de consultas e levantamento junto à comu-nidade; -Assessorar e avaliar a implementação dos programas de ensino e dos projetos pedagógicos desenvolvidos no estabelecimento de ensino; -Analisar e emitir parecer sobre progressão parcial, adaptação de estudos, em casos de recebimento de transferências, de acordo com a legislação vigente.
- Solicitar autorização dos pais ou responsáveis para realização da Avaliação Educacional do Contexto Escolar, a fim de identificar possíveis necessidades educacionais especiais; - Proceder à análise dos dados do aproveitamento escolar de forma a desencadear um processo de reflexão sobre esses dados, junto à comunidade escolar, com vistas a promover a aprendizagem de todos os alunos; - Assegurar a realização do processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; - Organizar registros para o acompanhamento da prática pedagógica dos profissionais do estabelecimento de ensino; -Coordenar a análise de projetos a serem inseridos no Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; - Acompanhar o processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino; - Coordenar e acompanhar o processo de Avaliação Educacional no Contexto Escolar, para os alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem, visando encaminhamento aos serviços e apoios especializados da Educação Especial, se necessário; - Orientar, coordenar e acompanhar a efetivação de procedimentos didático-pedagógicos referentes à avaliação processual e aos processos de classificação, reclassificação, aproveitamento de estudos, adaptação e progressão parcial, conforme legislação em vigor; - Orientar e acompanhar o desenvolvimento escolar dos alunos com necessidades educativas especiais, nos aspectos pedagógicos, adaptações físicas e curriculares e no processo de inclusão na escola.
- Implantar mecanismos de acompanhamento e avaliação do trabalho pedagógico escolar pela comunidade interna e externa; - Informar ao coletivo da comunidade escolar os dados do aproveitamento escolar, de forma a promover o processo de reflexão-ação sobre os mesmos para garantir a aprendizagem de todos os alunos; - Atuar, junto ao coletivo de professores, na elaboração de projetos de recuperação de estudos a partir das necessidades de aprendizagem identificadas em sala de aula, de modo a garantir as condições básicas para que o processo de socialização do conhecimento científico e de construção do saber realmente se efetive; - Coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do projeto político pedagógico e do plano de ação da escola;
- Acompanhar o rendimento escolar discente e a frequência às aulas, tomando medidas junto aos órgãos competentes. -Acompanhar a recuperação de estudos junto aos professores e alunos. - Organizar registros sobre o de acompanhamento da vida escolar dos alunos. - Coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação de propostas de intervenções decorrentes de decisões do Conselho de Classe. - Acompanhar o processo de ensino, atuando junto aos alunos e pais, no sentido de analisar os resultados da aprendizagem com vistas à sua melhoria. - Acompanhar a frequência escolar dos alunos, contatando as famílias e encaminhando aos órgãos competentes, sempre que atingir li,ites indesejáveis
27
ITENS DE ANÁLISE
PROJETO POLITICO
PEDAGÓGICO
REGIMENTO ESCOLAR
CONCURSO PARA PEDAGOGOS
EDITAL 37/ 2004
CONTRIBUIÇÃO DOS
PARTICIPANTES O
UTR
OS
-Propor à implementação de projetos de enriquecimento curricular a serem desenvolvidos pelo estabelecimento e coordená-los, se aprovados; -Exercer as demais atribuições decorrentes deste Regimento e no que concerne à especificidade de cada função. -Orientar o funcionamento da Biblioteca Escolar, para garantia do seu espaço pedagógico; -Elaborar o Regulamento da Biblioteca Escolar, juntamente
com o seu responsável;
- Organizar registros de acompanhamento da vida escolar do aluno; - Zelar pelo sigilo de informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias; - Cumprir e fazer cumprir o disposto no Regimento Escolar. - Coordenar o processo democrático de representação docente de cada turma; - Manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com colegas, alunos, pais e demais segmentos da comunidade escolar; - Coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso didático-pedagógico, a partir do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; - Participar da organização pedagógica da biblioteca do estabelecimento de ensino, assim como do processo de aquisição de livros, revistas, fomentando ações e projetos de incentivo à leitura; - Orientar a comunidade escolar na construção de um processo pedagógico, em uma perspectiva democrática; - Participar na elaboração do Regulamento de uso dos espaços pedagógicos; - Acompanhar os estagiários das instituições de ensino superior quanto às atividades a serem desenvolvidas no estabelecimento de ensino; - Promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social; - Coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar; - Acionar serviços de proteção à criança e ao adolescente, sempre que houver necessidade de encaminhamentos; - Manter contato com os professores dos serviços e apoios especializados de alunos com necessidades educacionais especiais, para intercâmbio de informações e trocas de experiências, visando à articulação do trabalho pedagógico entre Educação Especial e ensino regular;
- Observar os preceitos constitucionais, a
legislação educacional em vigor e o Estatuto da criança e do Adolescente, como fundamentos da prática educativa. - Promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social e de ampliação do compromisso ético-político com todas as categorias e classes sociais; - Desenvolver projetos que promovam a interação escola-comunidade, de forma a ampliar os espaços de participação, de democratização das relações, de acesso ao saber e de melhoria das condições de vida da população; - Orientar a comunidade escolar a interferir na construção de um processo pedagógico numa perspectiva transformadora; - Coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar da escola, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar; - Analisar os projetos de natureza pedagógica a serem implantados na escola; - Coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso didático-pedagógico, a partir do Projeto Político-Pedagógico do estabelecimento de ensino; - Participar da organização da biblioteca da escola, assim como do processo de aquisição de livros e periódicos; - responsabilizar-se pelo trabalho pedagógico-didático desenvolvido na escola pelo coletivo dos profissionais que nela atuam;
- Zelar pelo sigilo de
informações pessoais de alunos, professores, funcionários e famílias. - Acionar serviços de proteção à criança e ao adolescente, sempre que houver necessidades de encaminhamentos. .
Percebe-se que as contribuições das participantes estão inclusas no Projeto Político Pedagógico, no Regimento Escolar e no Edital nº 37/2004 de concurso para pedagogos da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência do Paraná que demonstrou um certo grau de coerência entre as atribuições dos documentos e as práticas efetivas na escola.
28
Algumas considerações
O papel do pedagogo está relacionado com a etimologia da palavra, pois
realmente é um trabalho de “conduzir”, orientar professores, pais e alunos para que
a escola atinja seu objetivo principal: ensinar bem de modo que todos aprendam. E
para que isso ocorra é necessário que a organização do trabalho pedagógico
pressuponha participação de todos os envolvidos no processo educativo.
O reconhecimento e a valorização do pedagogo adquiriu força a partir da
implantação do Plano de Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação
Básica do Paraná – Lei Complementar nº 103 de 15/03/2004.
Nesta perspectiva de valorização pressupõe políticas públicas de Formação
Continuada que possibilitem o aprimoramento de cada profissional com vista a
superar as lacunas decorrentes das constantes reestruturações do curso de
Pedagogia.
A compreensão mais objetiva e explícita da atuação do pedagogo como
mediador da prática educativa dá-se especialmente na assessoria à elaboração do
Plano de Trabalho Docente.
A identificação de um conjunto de dificuldades que perpassam a questão da
gestão escolar e o entendimento de que alguns deles devem ser resolvidos do ponto
de intervenção do gestor escolar, cria condições para superar conflitos entre diretor
e pedagogo.
A hora-atividade como espaço privilegiado para avaliação e busca de
alternativas que possam ser incorporadas no Plano de Trabalho Docente adquire
importância e valor político-pedagógico.
O estudo dos documentos: Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar e
Concurso para Pedagogos – Edital nº 37/2004 evidenciou a necessidade de
reconfigurar a real função do Projeto Político Pedagógico, no contexto da gestão
democrática para criar condições adequadas à prática mediadora do pedagogo.
O trabalho do pedagogo é um constante desafio com grandes
responsabilidades. A partir do que fazemos e dos encaminhamentos que
apontamos, criamos condições mais adequadas às práticas educativas de um
Projeto Político Pedagógico emancipador.
29
REFERÊNCIAS
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Escolares: Democratização da escola e construção da cidadania. Brasília: MEC,
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