A importância do comissário de voo para a atividade turística e de aviação civil
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Isabelle Brandão Mamede Galvão
EditoraSONECA
Isabelle Brandão Mamede Galvão
A IMPORTÂNCIA DO COMISSÁRIO DE VÔO PARA A ATIVIDADE TURÍSTICA E DE AVIAÇÃO CIVIL
2
Editora Soneca
Diretor ResponsávelAna Carolina Cardoso
Revisão Bárbara Costa
Capa e IlustraçãoRayssa Marques Gondim
_____________________________________________________________________
Todos os direitos desta edição reservados a Editora SonecaRua Capitão Mor Gouveia, 01 - Lagoa Nova CEP 59078-900 Natal/RN – Brasil / Fone: 3233-0000
Pedidos e Depto. Comercial: [email protected]
3
EditoraSONECA
Fale conosco: www.editorasoneca.com.br
Impresso no Brasil2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
GALVÃO, Isabelle Brandão Mamede.
A importância do comissário de voo para a atividade turística e de aviação civil/Isabelle Mamede Galvão . – Natal: Editora Soneca, 2013. 55p. : Il.
ISBN XXX-XXX
1. Aviação. I. Título
4
Sumário
APRESENTAÇÃO.........................................................................................................5Capítulo 1 - ASPECTOS GERAIS DO TURISMO........................................................10Aspectos de Turismo...............................................................................................15O Turismo e o Lazer como um Direito Comum a todos......................................16Capítulo 2 - A AVIAÇÃO
CIVIL...............................................................................18Capítulo 3- BREVE CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONALCOMISSÁRIO DE VÔO..........................................................................................................................23Capítulo 4 - A IMPORTÂNCIA DO COMISSÁRIO DE VÔO PARA A ATIVIDADE TURÍSTICA E DE AVIAÇÃO CIVIL..............................................................................29
5
Perfil dos Profissionais Comissários de Vôo de Aviação Civil............................................................................................................................30A Importância do Comissário de Vôo para a Atividade Turística e de Aviação Civil............................................................................................................38Características, Atribuições e Capacitação dos Comissários de Vôo...........................................................................................................................42Vantagens, Perspectivas e Mudanças na área de Comissaria de Vôo...........................................................................................................................44REFERÊNCIAS............................................................................................................47
6
Apresentação
O problema se constitui em virtude da busca de uma valorização da
profissão de Comissário de Vôo, tanto pela existência de um número
insignificante de trabalhos científicos ou obras publicadas nesta área,
quanto pela falta de conhecimento sobre a dita profissão em sua essência.
Através da averiguação de como trabalha esse profissional tão importante
e essencial no setor de viagens do mundo todo, uma resposta seria obtida.
Nesse contexto, é mister que se busque uma resposta no que
concerne ao tipo de relação existente entre o Comissário de Vôo, o
turismo e o turista (já que a maioria dos viajantes aéreos é turista), ao
qual o Comissário lida diretamente, pois se faz necessário que sejam
investigadas as ligações básicas entre o Comissário de Vôo e o Turismo,
dentro de um contexto ou ambiente do Transporte Aéreo Comercial, tão
importante e imprescindível para o pleno desenvolvimento do turismo. É
7
de suma importância a obtenção de um resultado para este problema:
qual será o real vínculo e influência que a figura do Comissário de Vôo tem
no turismo, no momento em que os turistas escolhem e utilizam o avião
como meio de transporte para a prática do turismo.
A carreira de Comissário de Vôo encontra-se num estágio promissor.
O transporte aéreo tem um potencial de uso muito grande, visto que no
Brasil ele ainda é pouco utilizado. E ainda: as contratações de Comissários
de Vôo passam por uma ótima fase. Como exemplo deste fenômeno, a
companhia aérea TAM vem contratando uma média de 100 comissários
por mês, nos últimos seis anos. E a companhia aérea Varig reiniciou as
admissões há três anos, depois de seis anos sem contratações.
Parece claro afirmar que este é um setor em expansão, e que
mesmo assim, não foi ainda analisado junto ao fenômeno Turismo, que
também evolui a cada dia. Este é um questionamento que deve ser
reiterado neste estudo freqüentemente, pois é o turismo que impulsiona
boa parte das viagens aéreas no mundo globalizado atual.
Outro ponto que deve ser analisado é a questão do Terrorismo,
quando este pode influenciar na relação que existe entre o Comissário de
Vôo e os passageiros (turistas ou não). Após os atentados do 11 de
Setembro de 2001 nos Estados Unidos, a aviação civil mundial viu-se
obrigada a tomar novas medidas numa tentativa de melhorar a segurança
aérea, dentre elas, maior treinamento com os comissários, tanto para
inibir o uso de armas a bordo quanto para evitar a guarda de utensílios
cortantes e perfurantes.
8
Os atentados de 11 de Setembro foram realmente um divisor de
águas para a aviação civil. Isso autoriza concluir que há uma necessidade
de resposta também para o que mudou, de fato, no cotidiano profissional
do Comissário de Vôo após esses atentados terroristas.
Por fim, que papel será esse que o Comissário de Vôo desempenha
dentro da atividade turística e que importância ele tem para a mesma e
para a aviação civil atualmente? E ainda: o que mudou nos processos
normais de trabalho do Comissário de Vôo após os atentados do 11 de
Setembro nos Estados Unidos?
Ao analisar a conjuntura de trabalhos científicos ou livros publicados
sobre a descrição da profissão de Comissário de Vôo, foi visto que um
número bastante pequeno de trabalhos existiam na cidade do Natal, e que
este poderia ser o primeiro realizado nesta Universidade. Em razão disso,
surgiu o primeiro dos diversos motivos para a concretização deste
trabalho.
Em linhas gerais, na situação em que se encontra o tema deste
estudo, é lícito supor que a realização deste trabalho é de suma
importância para o estudo da atividade turística dos dias atuais, pois a
profissão de Comissário de Vôo está intrinsecamente ligada ao transporte
aéreo, e este à atividade turística, como parte insubstituível no processo
turístico, visto que o mesmo tem como ponto fundamental o
deslocamento de pessoas de seu local de origem para o local a ser
visitado.
O referido estudo será abordado de forma geral e em nível tanto
nacional quanto internacional (pelo fato de avaliar as conseqüências dos
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atentados terroristas do 11 de Setembro nos Estados Unidos na prática da
profissão), na medida em que as Empresas Aéreas Brasileiras realizam
vôos internacionais, para que sejam explicitadas todas as características
da atividade e sua situação no Brasil.
No que tange à viabilidade deste estudo, tem-se que o mesmo se
torna viável, pois o tema abrange um assunto atual e que não possui uma
teoria realmente fundamentada, não sendo isto um obstáculo à realização
deste estudo, mas sim um estímulo ao mesmo.
O estudo da profissão de Comissário de Vôo e suas várias facetas
dentro de um contexto turístico não encontra hoje nenhum suporte ou
embasamento teórico que faça valer a sua importância no cenário turístico
e de viagens (nacionais ou internacionais), tão comum nos dias de hoje e
que a cada dia cresce mais.
Partindo deste ponto, é clara a relevância desse trabalho, visto que
será um incentivo para que outras obras sobre o mesmo tema sejam feitas
e também para que a relação comissário de vôo – turismo – turista seja
posteriormente analisada mais profundamente.
Atualmente, um dos grandes vetores do turismo e da globalização é
o avião. Em razão disto, a profissão de Comissário de Vôo e o próprio
transporte aéreo necessitam ser situados dentro do cenário turístico no
nível de desenvolvimento em que é encontrado hoje. O transporte aéreo
e, obviamente, a aviação civil, encontram-se num estágio de seu
crescimento bastante satisfatório, especialmente para um número cada
vez maior de pessoas, na medida em que o acesso ao transporte aéreo
aumentou nos últimos anos, seja para a prática do turismo ou não. E,
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inserido neste contexto diretamente, está o Comissário de Vôo. Portanto,
sua importância para o turismo e para a aviação civil constitui-se hoje
numa simples e pura interrogação.
O presente Estudo teve como delimitação os Comissários de Vôo da
Empresa Aérea TAM, sendo estes somente os hospedados no Hotel
Ayambra nesta cidade, hotel este localizado na Avenida Gov. Sílvio
Pedrosa, Nº 170, Bairro de Areia Preta, onde as entrevistas e os
questionários desta pesquisa foram aplicados.
No total foram sessenta (60) os comissários de vôo entrevistados na
Cidade do Natal, Estado do Rio Grande do Norte, no período que foi do
Mês de Outubro ao Mês de Novembro do Ano de 2004.
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Capítulo 1 - ASPECTOS GERAIS DO TURISMO
Mesmo sendo francesa a origem da palavra “Tour”, o seu uso dentro
de um contexto turístico veio da Grã-Bretanha. “The Tour” ou “The Grand
Tour” era a viagem que os filhos dos aristocratas ingleses realizavam com
seu preceptor. Estes jovens ingleses viajavam com o objetivo de
complementar a sua educação, já que normalmente eles se divertiam
mais do que estudavam. A literatura sobre o “Grand Tour” é vasta. De
acordo com Arrillaga, 1976, isso ocorreu devido aos ingleses viajarem
saindo do lugar de origem e voltando ao mesmo no fim da viagem,
ocorrendo paradas em vários pontos. Por proporcionarem prazer, estes
pontos foram considerados turísticos, admitindo-se, assim, palavras que
derivavam daquela raiz comum, nos idiomas francês, italiano, holandês,
espanhol e alemão.
A conceituação do turismo é uma tarefa que gera controvérsias, de
acordo com os autores que tratam do assunto. O turismo está
intrinsecamente ligado às viagens, mas quanto às viagens, nem todas são
turísticas.
Assim que os estudos científicos sobre o turismo começaram a
surgir, muitos conceitos têm sido criados, tanto para o turismo quanto
para o turista.
O primeiro conceito data de 1911, onde o economista austríaco
Hermann Von Schullern zu Schattenhofen dizia que:
Turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do
12
turista de um determinado município, país ou estado. (apud. ANDRADE, 1998, p. 33).
É preciso acentuar que desde este primeiro conceito muitos outros
surgiram, como o conceito da chamada “Escola Berlinesa” de 1929, que
depois foi refeito em 1939; o conceito da “Escola Polonesa”; e, mais tarde,
outros estudos deram origem a outras definições, algumas pobres, outras
com mais visão.
Já Andrade (1998, p. 38) deu a seguinte definição para turismo:
“Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento, a
promoção e a execução de viagens, e os serviços de recepção,
hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos, fora de suas
residências habituais.”
Face ao exposto, o conceito de turismo mais aceito do ponto de
vista formal é o dado pela Organização Mundial do Turismo (OMT):
Soma de relações e de serviços resultantes de um câmbio de residência temporário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou profissionais. (DE LA TORRE, 1992, p. 19)
Como se pôde verificar, o turismo possui diversas definições e
conceituações dadas por diversos autores e em épocas diferentes.
Portanto, constitui-se num fenômeno complexo. Com base nesses
conceitos vistos, ficou evidenciado que os mesmos excluem da prática da
atividade turística as viagens realizadas por razões de negócios ou de
lucros. No entanto, esse tipo de viagem é responsável por boa parte da
ocupação dos meios de transportes, dos meios de hospedagem, da
estrutura de entretenimento, das locadoras de veículos, dos espaços para
13
eventos. Todos esses elementos são empreendimentos turísticos. Cumpre
frisar que não foi por puro acaso que as expressões “turismo de negócios”
ou “turismo de eventos” foram criadas.
Deste modo, Ignarra (1999, p. 25) define o turismo como:
O deslocamento de pessoas de seu local de residência habitual por períodos determinados e não motivados por razões de exercício profissional constante. Uma pessoa que reside em um município e se desloca para outro diariamente para exercer sua profissão não estará fazendo turismo. Já um profissional que esporadicamente viaja para participar de um congresso ou para fechar um negócio em outra localidade que não a de sua residência estará fazendo turismo.
Por tudo isso, os viajantes são consumidores de serviços turísticos,
independentemente de quais sejam as suas motivações.
Embora exista ainda alguns círculos, em destaque os leigos, que
vêem o turismo simplesmente como “a indústria de viagens de prazer”,
essa atividade se constitui em algo mais complexo do que simplesmente
um negócio ou comércio. Burkart & Medlik, 1974, dizem que o turismo é
um amálgama de fenômenos e relações, fenômenos estes que surgem por
causa do movimento de pessoas e sua permanência em vários destinos.
No turismo existe um elemento dinâmico – a viagem – e um elemento
estático – a estada.
A viagem e a estada ocorrem fora da localidade de residência. Lá as
pessoas realizam atividades que não são comuns no seu dia a dia. O
movimento de pessoas também é particular, por ser temporário – o turista
tem sempre planejado voltar para sua casa depois de certo tempo. A visita
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à localidade visitada não objetiva o lucro, então as motivações dos turistas
correspondem a razões espirituais ou vitais, mais próprias e íntimas.
Os pontos mais relevantes do processo turístico são o tempo de
permanência, o caráter não lucrativo da visita e, um ponto que é pouco
explorado pelos autores em geral, a busca do prazer por parte dos
turistas. O turismo é uma atividade onde o indivíduo busca o prazer por
livre e espontânea vontade. Fica demonstrado, então, que a categoria
livre escolha deve ser incluída como de fundamental importância no
estudo do turismo.
Algumas diferenças devem ser ditas. Primeiro, viagem não quer
dizer a mesma coisa que turismo. O turismo tem na viagem apenas uma
parte, havendo muitas viagens que não são de turismo. Como exemplo
tem-se as viagens de negócios, viagens de estudo, viagens para visitar
parentes em ocasiões especiais, como doença ou morte, podem ser mais
que um prazer, compromissos sociais.
Observa-se que os indivíduos que viajam por razões alheias ao
turismo, fazem uso dos mesmos serviços que o turista. É o caso de
homens de negócios ou profissionais que estão a trabalho, que várias
vezes trazem o cônjuge para vivenciar com eles os momentos em que não
estão trabalhando e praticar o turismo. Segundo Barretto, 1995, existem
esquemas para atender aos turistas e aos acompanhantes de pessoas que
estão participando de congressos e eventos.
Através dos anos pensou-se que o turismo estava baseado no tripé
agências, hotéis e transportadoras. Esta definição também precisa de uma
revisão. No que tange aos hotéis, nem todos são turísticos e nem todo
15
turismo inclui hotel. Existem hotéis que atendem principalmente homens
de negócios, executivos, portanto não têm sua existência dependente do
turismo. O turismo inclui alojamento, mas não depende somente da
hotelaria, já que existem vários tipos de alojamentos que não são hotéis.
Todas as agências vivem do turismo, mas o contrário também pode
ocorrer. É por isso que existem muitas agências hoje especializadas
somente em eventos. Há uma tendência atual, em função da tecnologia
da informática, em que o futuro turista, conectado a uma rede, pode
comprar seu pacote ou mesmo fazer suas reservas diretamente com as
operadoras sem sair de casa.
Há também algumas exceções às definições que também devem ser
esclarecidas. Existem viagens turísticas com duração de mais de 90 dias,
mais comumente entre a classe alta, pois possui grande poder aquisitivo.
Há exemplos em que o turismo é praticado junto com a assistência das
obrigações familiares. Existe uma variedade de casos que devem ser
analisados com enfoque na motivação da pessoa e com o objetivo de sua
viagem.
Outro ponto a ser analisado no turismo é toda a preparação
envolvida. Para que uma pessoa possa viajar há todo um grupo de
pessoas que organiza o planejamento receptor na localidade a ser visitada
e que também presta serviços na mesma como: providenciar vias de
acesso, saneamento básico, alojamento, alimentação, recreação.
Um atrativo natural como as Cataratas do Iguaçu, nunca poderia ser
visitado sem uma preparação prévia como a construção de caminhos,
alojamentos com água potável e luz, supermercados, farmácias, etc. Sem
16
este conjunto de comodidades seria praticamente impossível que as
pessoas saíssem de suas casas correndo certo risco de vida e sem
nenhum conforto.
O turismo que acontece nos dias de hoje, chamado metaforicamente
de “indústria turística” pela escola norte-americana, implica:
1. Estrutura de apoio ao turista no seu local de origem, formada
pelas agências ou operadoras;
2. As transportadoras que facilitarão o deslocamento, a viagem de
fato;
3. O equipamento receptor na localidade de destino, os serviços
prestados aos turistas e toda a gama de relações entre turistas e
pessoas residentes na localidade visitada, aspecto este que se
revela como sendo o ponto mais importante dentro do fenômeno
turístico.
Aspectos de Turismo
O turismo se encontra inserido em nossa sociedade desde há muito
tempo, assim sendo, um fenômeno social. O indivíduo viajante que se
encontra viajando sozinho sempre existiu. Mas no momento em que as
viagens se transformam num fenômeno coletivo, surgem instituições,
relações, normas de situações que não existem ou em sua fase inicial.
Tem-se que estruturar o conceito de turismo em seu agente ativo, o
turista, não é adequado. Mas sim, as correntes de viajantes são de suma
importância ao se conceituar o turismo. A relevância da quantidade de
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pessoas que viajam por prazer ou distração é o que determina, com
precisão, a existência de questões técnicas, financeiras e culturais em
cada lugar (país ou região) que se dá o nome do turismo.
Os grupos de viajantes são formados pelos indivíduos que se
deslocam de um lugar a outro através dos transportes (coletivos ou
particulares), que fazem uso dos alojamentos e demais serviços turísticos.
Os grupos de viajantes podem ser classificados quanto a sua
nacionalidade (nacionais e estrangeiros), o lugar a que se dirigem (turismo
exterior ou interior), a seus meios econômicos e profissão, e a outro
conjunto de critérios que são de grande importância para o seu
conhecimento e tratamento.
Atualmente o turismo é mais um turismo de férias do que de
viagem. Isso não desqualifica dizer que se trata de um conjunto de
correntes de viajantes. Os turistas modernos irão viajar menos (mas em
termos de deslocamentos e não de quilômetros), mas não vão deixar de
ser viajantes.
Um outro ponto de fundamental importância ao se conceituar o
turismo é o chamado turismo receptivo, que é o conjunto de bens e
serviços que recebe, acolhe, atende e protege o turista, como por
exemplo, as empresas e os estabelecimentos turísticos, os profissionais,
etc.
O turismo em sua totalidade não está integrado somente pelas
pessoas que viajam e pelos bens e serviços que tanto são oferecidos
quanto utilizados, mas que entre um processo e outro ocorre uma gama
18
de relações e situações de caráter econômico, sociológico e até político,
em grande parte assistidas pelo Direito.
O que ocorre é que os relacionamentos dentro da atividade turística
não ocorrem somente entre turista e a equipe de receptivo, “pela
amplitude que se dê ao conceito deste sem que também tenha relações
entre as próprias empresas turísticas e entre aquelas e estas com as
autoridades.” (ARRILLAGA, 1976, p. 25).
O Turismo e o Lazer como um Direito Comum a todos
O Turismo se encontra hoje dentro de um campo maior, o lazer. O
lazer é definido como sendo todas as atividades praticadas fora do
ambiente de trabalho, das obrigações familiares, sociais e religiosas.
O lazer se constitui atualmente num direito que deveria ser
empregado a todos os cidadãos, tanto quanto o direito à segurança, ao
transporte, à saúde e à educação. A vida do ser humano abrange pontos
muito mais amplos, como os lúdicos, criativos e imaginativos.
Segundo Trigo (2000, p. 11) “as pessoas em geral possuem
habilidades e aspirações que podem se manifestar em diversos campos:
no profissional, importante para sua sobrevivência e realização pessoal; e
na diversão, cultura, esportes, artes, viagens e turismo.”
Tanto as viagens quanto o turismo deveriam ser um direito legítimo
e acessível a todas as pessoas. De modo que nem o turismo nem as
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viagens consistem em algo supérfluo, que só se destina às pessoas de
classe abastada.
É possível se viajar por prazer e diversão, mas também por outras
razões:
Congressos, feiras e convenções;
Negócios ou reuniões técnicas e profissionais;
Eventos esportivos, políticos ou sociais;
Religião;
Saúde;
Finalidades artísticas ou culturais.
20
Capítulo 2 - A AVIAÇÃO CIVIL
21
Os franceses e os alemães foram os precursores no transporte
aéreo. Os franceses desenvolveram e construíram aeroplanos no início da
era da aviação; e os alemães eram grandes conhecedores das técnicas de
construção e operação de dirigíveis, o que demonstrou o grande potencial
de um meio de transporte que voava e que estava a serviço da
humanidade, e vindo a comprovar, alguns anos mais tarde, como o meio
de transporte aéreo é mais rápido, eficiente e seguro ao se comparar com
os demais.
Entre os anos de 1910 e 1914, a Deutsche Luftschiffahrts A. G.
Direktion, conhecida na época como Delag, realizou com uma frota de
quatro dirigíveis um serviço de transporte regular de passageiros, mesmo
sem horários programados, saindo da cidade de Friedrichshafen para
outras cidades da Alemanha. Mas com o começo da Primeira Guerra
Mundial, em 1914, este serviço acabou sendo prejudicado e foi
interrompido. Mas durante os quatro anos em que operou, a empresa
transportou cerca de 34 mil passageiros e percorreu mais de 273 mil
quilômetros de vôo, sem que houvesse nenhum acidente grave.
Com a Primeira Guerra Mundial surgiu uma nova geração de
aeronaves que marcou essa época: os ingleses da Sopwith-Pup, Shipe e
Camel; os alemães Fokker Triplane Dr – I, VII e VIII; e o francês Spad XIII,
entre outros. Quando a guerra acabou, os conhecimentos sobre os
aeroplanos, os motores, as hélices e as técnicas de vôo haviam crescido, o
que, aliado a uma grande quantidade de aviadores disponível, fez
renascer a idéia de se utilizar o avião como meio de transporte rápido e
22
eficiente, sem mencionar o glamour e o status envolvidos no transporte
aéreo.
Partindo desta idéia, a Alemanha passou a ser pioneira na realização
de vôos comerciais utilizando os aeroplanos, o que começou a ocorrer no
dia 5 de fevereiro de 1919 pela empresa Deutsche Luft Reederei, na
ligação Berlim-Weimar com biplanos DFW de dois lugares e AEG de cinco
lugares. Deste modo, Berlim-Weimar é considerada a primeira rota de
serviço regular de transporte aéreo de passageiros no mundo.
No que tange ao primeiro serviço aéreo regular diário, o mesmo
ocorreu no dia 25 de agosto de 1919, pela companhia aérea inglesa Air
Transport & Travel Ltd.
Segundo Palhares, 2002, embora já houvessem rotas aéreas ligando
as principais regiões do planeta, como a Alemanha, a Inglaterra, a França
e os Estados Unidos; seria necessário ainda a realização de grandes
sucessos em vôos experimentais e alguns anos de experiência para que a
humanidade pudesse se certificar da real potencialidade do transporte
aéreo comercial.
Ainda de acordo com Palhares, 2002, quatro são as conquistas
consideradas como grandes impulsionadoras da aviação comercial:
1) A travessia do Atlântico Sul: como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil em 1922, o capitão-de-fragata Sacadura Cabral e o contra-almirante Gago Coutinho realizam a travessia de Lisboa ao Rio de Janeiro, com escalas na África e na própria costa brasileira;2) O vôo exploratório tríplice, iniciado pelo aviador inglês Alan Cobham, em fins de 1925, rumo à Índia e a Burma (antiga Birmânia, atualmente Mianmá), voando um total de 28.968 quilômetros em 210 horas em um Havilland DH-50. No ano seguinte, Cobham faz a segunda parte do vôo exploratório, indo da Inglaterra
23
para a África do Sul e, finalmente, em junho de 1926, ele terminou sua viagem aterrisando na Austrália, comprovando a possibilidade de estabelecer rotas aéreas a partir da Inglaterra para todos estes países;3) O vôo Lindberg, em maio de 1927, sobre o Atlântico Norte, quando Charles Lindberg, em um monoplano monomotor Ryan batizado Spirit of St. Louis, voou de Nova York até Paris, sem escalas, em cerca de 33 horas e 39 minutos. Lindberg, para completar sua pioneira e corajosa façanha, fez o caminho de volta da mesma forma, tornando-se o primeiro homem a cruzar o Atlântico pelo ar, sem escalas;4) A travessia do Oceano Pacífico: Charles Kingsford Smith e sua tripulação de três aviadores/navegadores decolaram de São Francisco no dia 31 de maio de 1928 no monoplano trimotor Fokker batizado Southern Cross, com destino a Brisbane, na Austrália, localidade alcançada dez dias depois, com escalas em Honolulu, Havaí, Suva e nas Ilhas Fiji.
Torna-se evidente que após estas conquistas aeronáuticas ocorridas
na década de 1920, o transporte aéreo comercial pôde se desenvolver
plenamente. A partir da metade da década de 1950 ocorre uma grande
transformação no transporte aéreo comercial com o surgimento de
aeronaves maiores como os modelos Comet, Caravelle, Boeing 707 e
Douglas DC-8. Já no fim dos anos 60 e início dos anos 70, surgem as
primeiras aeronaves wide-body, que fizeram com que a aviação comercial
se desenvolvesse ainda mais.
O transporte aéreo se constitui atualmente como um dos setores
mais ativos da economia global. Ele se faz importante ao estimular as
relações econômicas e o movimento de pessoas e mercadorias (tanto
nacional como internacionalmente falando) intra e entre as nações. A
globalização vem gerando intensas mutações nos padrões da demanda no
que tange à mobilidade em nível mundial e modificando os costumes dos
24
consumidores, elevando continuamente o tráfego e gerando uma
segmentação cada vez maior do transporte aéreo.
Cumpre frisar que os níveis de atividade do transporte aéreo
correspondem diretamente à velocidade dos negócios no mundo
globalizado e reage de maneira instantânea às políticas conjunturais. Fica
patente que a importância do transporte aéreo para a vida moderna é
muito maior do que o retorno financeiro que ele pode garantir.
No Brasil, um país de grandes dimensões, o transporte aéreo vem
crescendo e se desenvolvendo gradativamente com a economia desde por
volta do ano de 1927 e acabou se favorecendo da estabilização da
economia a partir de 1994. E mesmo com as transformações ocorridas na
última década no setor, o mesmo não parou de crescer, sendo também
uma opção relevante na escolha das pessoas por meios de transporte.
Não esquecendo o que significa para o Brasil o transporte aéreo, na
medida em que o país possui sérios problemas de acessibilidade.
Face ao exposto, o planejamento do transporte aéreo torna-se
bastante importante, pois é uma atividade que deve ser encarada de
forma séria e deve situar-se entre os principais objetivos do País, como a
integração, o crescimento e a segurança nacionais. Desde 1986 o Instituto
de Aviação Civil (IAC) vem desenvolvendo seu papel no planejamento de
aeroportos e no estudo do transporte aéreo em suas diversas dimensões.
O Instituto de Aviação Civil foi criado pelo Decreto n° 92857, de 27
de junho de 1986, e é uma organização do Comando da Aeronáutica,
diretamente subordinado ao Diretor-Geral do Departamento de Aviação
Civil. O Instituto tem por responsabilidade a coordenação de tudo que
25
estiver relacionado ao Transporte Aéreo, à Infra-estrutura Aeroportuária e
a Instrução Profissional.
O IAC é responsável por diversos projetos e estudos na área do
transporte aéreo e qualifica um número cada vez maior de profissionais na
aviação civil, para que estejam sempre prontos a colocar em prática
qualquer desafio que se impõe na aviação.
Com uma vasta experiência e prática no planejamento do transporte
aéreo, da infra-estrutura aeroportuária e no direcionamento da
qualificação profissional – inclusive com o desenvolvimento de Cursos
baseados em princípios científico-pedagógicos atualizados para que os
profissionais da aviação civil sejam qualificados, o IAC vem alavancando
com sucesso o nível de qualidade do meio aeronáutico.
O Departamento de Aviação Civil (DAC) é uma organização
subordinada ao Comando da Aeronáutica – Ministério da Defesa, cuja
missão é estudar, orientar, planejar, controlar, incentivar e apoiar as
atividades da Aviação Civil pública e privada, além de manter o
relacionamento com outros órgãos no trato dos assuntos de sua
competência.
Antes mesmo do Comando da Aeronáutica ser criado, o DAC já
existia. No dia 22 de abril de 1931, por meio do decreto nº 19.902,
assinado pelo então Presidente da República Getúlio Vargas, nasceu o
Departamento de Aeronáutica Civil, na época subordinado diretamente ao
Ministério da Viação e Obras Públicas. Hoje, o Departamento de Aviação
Civil, com sede no Rio de Janeiro, tem por finalidade a consecução dos
objetivos da Política Aeroespacial Nacional no setor da Aviação Civil.
26
Dentro da estrutura do DAC existem quatro Sub-departamentos:
Planejamento, Infra-Estrutura, Operações e Técnico. Também fazem parte
do DAC o Instituto de Aviação Civil (IAC) e os Serviços Regionais de
Aviação Civil (SERAC), sete ao todo espalhados pelo país.
Capítulo 3 - BREVE CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL COMISSÁRIO DE VÔO
A caracterização do Comissário de Vôo começa por sua
nomenclatura. Na verdade, há três termos que podem ser usados:
Comissário de Vôo, Comissário de Bordo ou, para somente as mulheres,
27
Aeromoça. Cumpre frisar que o termo Comissário de Vôo é o mais atual,
não sendo os demais considerados incorretos, todos significam a mesma
coisa.
No início do século 20, mesmo antes da Primeira Guerra Mundial, os
dirigíveis mais famosos já utilizavam uma equipe para serviços de bordo.
Em 1919, com a criação de diversas linhas aéreas, quem atendia os
passageiros eram os controladores de rádio ou até mesmo os mecânicos
dos aviões. Mas esta situação mudou no ano de 1930, quando o
empresário americano S. A. Stimson, presidente da companhia aérea
Boeing Air Transport, idealizou a profissão de Aeromoça, hoje chamada de
Comissária de Vôo. No dia 15 de Maio, oito aeromoças – que possuíam
conhecimentos de enfermagem – iniciaram o trabalho na rota Oakland-
Cheyenne, um vôo com cinco escalas.
O Comissário de Vôo é o auxiliar do comandante da aeronave,
responsável pelo cumprimento das normas inerentes à segurança, ao
atendimento dos passageiros a bordo e da guarda de bagagens,
documentos, valores e malas postais que lhe tenham sido confiados pelo
comandante.
Para tanto, a função do Comissário de Vôo não é somente receber
bem os passageiros e lhes proporcionar todo o conforto necessário
durante o vôo. O comissário é um especialista em segurança, ou seja, ele
é o responsável no que concerne ao cumprimento das normas e
procedimentos de segurança no avião.
Fica claro que a função de anfitrião é bastante importante também,
para isso o preparo psicológico é muito relevante. Pelas próprias
28
características do vôo, é comum o passageiro não se sentir bem e isso
pode gerar mudanças no comportamento. É tarefa do comissário saber
identificar quando essas situações ocorrem e a partir disto tomar as
atitudes convenientes para manter o passageiro relaxado. E isto não é de
fácil execução, visto que na aeronave podem existir dezenas ou mesmo
centenas de pessoas diferentes, com medos, aflições e reações que não
se pode prever. Isso autoriza concluir que se faz de grande importância
que o comissário demonstre equilíbrio, autoridade e simpatia ao mesmo
tempo, sem excluir a elegância, que já se tornou marca registrada desses
profissionais ao longo dos anos.
Resumidamente, o Comissário de Vôo deve apresentar as seguintes
características pessoais:
Bom humor;
Entusiasmo;
Espírito de servir;
Humildade;
Personalidade participativa;
Facilidade de relacionamento;
Apresentação pessoal;
Ser bilíngüe.
Na teoria, a profissão de Comissário de Vôo demonstra um glamour
e um romantismo que na prática não ocorre. Esta profissão, de fato, não é
como outra qualquer. Aspectos da profissão como a distância da família e
dos amigos alguns dias por semana (incluindo feriados e fins de semana)
podem realmente ser decisivos no momento da escolha por esta profissão.
29
Mas, por outro lado, se existe uma predisposição ao gosto por viagens ou
por conhecer lugares e pessoas novas, neste caso tem-se uma pessoa
pronta para exercer o cargo.
Com referência à remuneração nesta área, ela é boa para os
comissários de vôos nacionais e em início de carreira (em torno de R$
1.500,00 a R$ 1.800,00, dependendo da companhia aérea e das horas
trabalhadas). Cabe frisar que para ingressar na profissão faz-se necessário
somente o Ensino Médio.
É preciso entender que nesta profissão o dia a dia é bastante difícil.
Voando muitas horas (em média 80 por mês) para obter uma
remuneração razoável, trabalhar até seis dias ininterruptamente e obter
apenas um dia de folga, e ainda permanecer até 12 horas de pé em um
vôo internacional, é necessário ainda que o comissário tenha uma
disciplina britânica ao cumprir os horários de escala, que também podem
não ser muito convencionais. Acrescentando a isto um bom humor latente,
muita disposição, facilidade de trabalhar em grupo, paciência e tato ao
lidar com pessoas, incluindo os passageiros mais exigentes e os que
promovem verdadeiros escândalos em virtude do medo de voar.
Em contrapartida, quem ingressa nesta profissão entra em contato
direto com diferentes culturas, se torna uma pessoa bem informada e se
posicionará na vanguarda dos costumes e dos estilos de comportamento
dos mais varados povos e culturas.
É preciso ressaltar que inúmeras vezes o grupo de vôo torna-se uma
grande família: incontáveis vezes estão juntos no Natal, no Reveillon, ou
seja, dias em que se deveria estar com a família verdadeira.
30
No passado, esta era uma profissão considerada exercida por
modelos. Cabe frisar que este aspecto em particular ficou perdido no
passado. “Queremos muito mais do que um rostinho bonito”, afirma
Marcella Matos, da TAM. De acordo com a mesma, aspectos do
comportamento como dedicação, disciplina, relacionamento com os
colegas e com os passageiros são muito mais relevantes que os atributos
físicos.
O caminho que se deve percorrer para chegar a ser um Comissário
de Vôo não é dos mais fáceis.
Para adquirir a Licença de Comissário de Vôo, é indispensável
freqüentar e obter aprovação de uma Escola de Aviação que seja
homologada pelo Instituto de Aviação Civil (IAC) e pelo Departamento de
Aviação Civil (DAC), com o objetivo de obter o conhecimento teórico-
prático estabelecido pelo Manual de Curso de Comissário de Vôo, com
carga horária de no mínimo 138 horas-aula.
Mas, antes de todo este processo, alguns requisitos básicos da
pessoa que quer se tornar Comissário de Vôo devem ser preenchidos
como:
Para as mulheres: ter no mínimo 18 anos e no máximo, 28
anos; ter o Ensino Médio completo e ter a altura mínima de
1,60 m.
Para os homens: ter no mínimo 18 anos e no máximo, 30 anos;
ter o Ensino Médio completo e ter a altura mínima de 1,65 m.
31
Para ambos os sexos, o peso tem que ser proporcional à altura e a
aparência deve ser agradável. Possuir domínio sobre línguas estrangeiras
é imprescindível, principalmente se for a língua inglesa.
Após a etapa de ensino-aprendizagem, o aluno, já aprovado pela
Escola de Aviação, deverá realizar o exame elaborado pelo DAC do
Ministério da Defesa. Subseqüentemente, o aluno aprovado neste último
exame, recebe o Certificado de Conhecimentos Teóricos (CCT) e pode
candidatar-se a uma vaga em qualquer empresa aérea.
Selecionado e admitido, o candidato irá receber instrução no
equipamento, respeitando o programa e a carga horária do Manual do
Curso de Comissário de Vôo do IAC.
Cumprida a instrução prática e teórica no equipamento, a empresa
deverá solicitar, por meio do Serviço Regional de Aviação Civil (SERAC), o
Certificado de Habilidade Técnica (CHT), que possui validade de três
meses, para a partir disto o candidato iniciar a etapa de treinamento em
vôo. A empresa irá oferecer este treinamento em vôo com no mínimo 15
horas, devendo-se levar em conta 1 hora para cheque pelos profissionais
credenciados pelo DAC.
Comprovado o treinamento em vôo e feito o cheque, a empresa
aérea, através do SERAC, irá solicitar ao DAC a licença e o CHT
permanente do futuro Comissário de Vôo. Com este certificado a pessoa já
pode ser considerada pronta para trabalhar como Comissário de Vôo. E
para garantir o constante treinamento destes profissionais, o DAC exige
que o CHT seja renovado a cada dois anos. Este certificado tem muita
importância para a segurança do passageiro.
32
Capítulo 4 - A IMPORTÂNCIA DO COMISSÁRIO DE VÔO PARA
A ATIVIDADE TURÍSTICA E DE AVIAÇÃO CIVIL
A presente pesquisa foi realizada com Comissários de Vôo da
empresa aérea TAM. Foram aplicados, primeiramente, questionários (ver
Apêndice) com perguntas tanto abertas quanto fechadas a dez (10)
Comissários. A partir daí foi elaborado, de acordo com as respostas
33
obtidas, um questionário somente com perguntas fechadas. Este último foi
aplicado com cinqüenta (50) Comissários da mesma empresa aérea.
Os dados obtidos estão dispostos em forma de gráficos, o que
permite uma melhor visualização dos fatos encontrados na pesquisa.
Perfil dos Profissionais Comissários de Vôo de Aviação Civil
De acordo com o gráfico abaixo, pode-se verificar que a profissão de
Comissário de Vôo ainda é constituída, em grande parte, por mulheres.
Tem-se que 82% dos entrevistados é do sexo feminino, e apenas 18% do
sexo masculino.
GRÁFICO 1Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Com relação à Idade, foi visto que 100% dos entrevistados são
jovens, com faixas de idades que variam de 23 anos até os 31 anos, sendo
que uma predominância maior ocorre na faixa de idade que vai de 23
34
Sexo
18%
82%
MasculinoFeminino
anos até 25 anos, com 55% dos entrevistados nesta faixa etária, a
segunda faixa de idade ocorre dos 26 anos até os 28 anos de idade, com
36% dos entrevistados nesta faixa etária, e a última faixa etária vai dos 29
anos até os 31 anos de idade, com 9% dos entrevistados, de acordo com o
gráfico abaixo:
GRÁFICO 2
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
No quesito que diz respeito ao Estado Civil dos entrevistados, foi
observado que a imensa maioria é solteira, contando com 82% dos
entrevistados. Isto se deve, em parte, ao tempo muito longo que os
comissários passam fora de seu ambiente familiar e social, dificultando um
eventual estreitamento de laços fraternais com um parceiro por muito
tempo. O restante dos entrevistados é casado ou mora junto (18%), não
havendo ninguém separado ou viúvo, como mostra o gráfico na página
seguinte.
35
Idade
55%36%
9% 23 - 25
26 - 2829 - 31
36
GRÁFICO 3
Estado Civil
82%
18%Solteiro
Casado/Junto
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Foi pesquisado também o Grau de Instrução dos comissários de vôo.
Tem-se que 50% dos entrevistados possui o Ensino Superior Incompleto,
33% possui o Ensino Superior Completo e 17% possui o Segundo Grau
Completo, sendo este último um pré-requisito para aqueles que almejam a
profissão de comissário de vôo, de acordo com o gráfico abaixo:
GRÁFICO 4
37
Grau de Instrução
17%
50%
33%
Segundo GrauCompleto
SuperiorIncompleto
SuperiorCompleto
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Vale salientar que se torna bastante difícil o ingresso em ensino
regular para os comissários, pois os mesmos não possuem uma rotina de
trabalho como a maioria das pessoas, estando na maior parte do tempo
viajando, fora da cidade onde mora.
A renda mensal dos comissários de vôo gira em torno de R$ 1001,00
e R$ 3500,00, ou seja, 9% dos comissários entrevistados alegou possuir
renda mensal entre R$ 1001,00 e R$ 2000,00, enquanto que a grande
maioria (91%) alegou possuir renda mensal entre R$ 2001,00 e R$
3500,00. Isso só demonstra o quanto um comissário de vôo possui renda
mensal superior à da maioria da população, pois o mesmo não precisa
possuir nenhum curso de nível superior e acaba embolsando por mês um
valor em dinheiro que muitas vezes pessoas com nível superior não
embolsam. Isso acaba valorizando por um lado a profissão de comissário
de vôo, beneficiando os profissionais dessa área. O gráfico abaixo
demonstra essa realidade:
GRÁFICO 5
38
Renda Mensal
9%
91%
Entre R$ 1001,00 eR$ 2000,00Entre R$ 2001,00 eR$ 3500,00
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
A Renda Mensal Familiar também se mostrou relativamente elevada.
40% dos entrevistados disse possuir mais de R$ 5001,00 de renda mensal
familiar, outros 40% alegou possuir entre R$ 3501,00 e R$ 5000,00 de
renda mensal familiar, e a menor parte (20%) alegou possuir entre R$
2001,00 e R$ 3500,00 de renda mensal familiar. Tem-se que a
remuneração do comissário de vôo está em um ótimo patamar
atualmente, de acordo com o gráfico abaixo:
GRÁFICO 6
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Com relação à origem, ou seja, à cidade natal dos comissários
entrevistados, a mesma se mostrou bem diversificada. Cidades como
Porto Alegre – RS, Campinas – SP, Teresópolis – RJ, Curitiba – PR, Erechim –
39
Renda Mensal Familiar
20%
40%
40%
Entre R$ 2001,00 e R$ 3500,00
Entre R$ 3501,00 e R$ 5000,00
Acima de R$ 5001,00
RS, Nova Xavantina – MT, Martinópolis – SP, Ribeirão Preto – SP e etc.
foram citadas. No que tange à cidade em que os comissários de vôo
residem atualmente, a grande maioria, ou seja, 82% alegou morar em São
Paulo Isto acaba por demonstrar outro aspecto desta profissão: a
necessidade de adaptação à cidade de São Paulo, uma vez que a TAM
Linhas Aéreas possui sua base na cidade. O gráfico na página seguinte
ilustra este fato.
GRÁFICO 7Residência Atual
82%
18% São Paulo
Outras
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
No que se refere ao Tempo de Carreira de cada um dos
entrevistados, a maioria, ou seja, 37% declarou estar trabalhando nesta
profissão há 4 anos, 27% declarou estar trabalhando como comissário de
40
vôo há 5 anos, 18% declarou estar trabalhando há 7 anos, 9% declarou
estar trabalhando há 3 anos e outros 9% declarou estar trabalhando há 6
anos. Como se pôde notar, quase 100% dos entrevistados está em início
de carreira. Isto demonstra que a dita profissão não está em decadência
ou mesmo estagnada. O gráfico abaixo demonstra isto:
GRÁFICO 8Tempo de trabalho
9%
37%
27%
9%
18%3 anos
4 anos
5 anos
6 anos
7 anos
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
No que tange ao domínio de Línguas Estrangeiras, 82% dos
comissários de vôo entrevistados alegou possuir o domínio de alguma
língua estrangeira, contra 18% que declarou não ter conhecimento
41
nenhum nesse quesito. Dos que declararam possuir o domínio de alguma
língua estrangeira, 37% alegou possuir o domínio de 2 línguas
estrangeiras, 27% o de 1 língua estrangeira e 18% o domínio de 3 línguas
estrangeiras, como mostra o gráfico abaixo:
GRÁFICO 9
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
De acordo com o gráfico da página a seguir, a predominância entre
os entrevistados é do domínio da língua inglesa, seguida do espanhol, logo
após do francês, e do árabe e italiano, que ficaram num mesmo patamar.
Nesta profissão o domínio de línguas estrangeiras é de suma importância,
uma vez que qualifica o comissário de vôo a um nível mais elevado entre
os demais, capacitando o mesmo para vôos internacionais.
42
Quantidade de Línguas Estrangeiras
18%
27%
37%
18%Nenhuma
1 Língua
2 Línguas
3 Línguas
GRÁFICO 10
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Quanto à especificação se os entrevistados realizavam Vôos
Domésticos, Internacionais ou ambos, tem-se que 64% declarou trabalhar
tanto em vôos domésticos quanto internacionais, ou seja, ambos; 36%
declarou trabalhar apenas nos vôos domésticos e nenhum dos
entrevistados realizava somente vôos internacionais. O gráfico abaixo
mostra este fato:
43
Inglês Espanhol ItalianoFrancês Árabe
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Língua Estrangeira
GRÁFICO 11Vôos Domésticos e Internacionais
36%
64%
Somente domésticos Domésticos e Internacionais
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
A Importância do Comissário de Vôo para a Atividade Turística e
de Aviação Civil
Com o enorme avanço que o transporte aéreo tem proporcionado
aos viajantes civis e, em conseqüência ao turismo, a figura do Comissário
de Vôo acaba se destacando e até influenciando na atividade turística,
devido ao seu contato direto com os turistas no avião, quando os mesmos
estão cada vez mais fazendo uso do mesmo para praticar o turismo.
No que concerne à importância do Comissário de Vôo para a
atividade turística, foi observado nos resultados dos questionários
aplicados o seguinte:
44
GRÁFICO 12
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Tem-se como aspecto mais importante para a atividade turística o
fato de o comissário de vôo proporcionar segurança aos turistas que
viajam de avião. De fato, a figura do comissário de vôo se constitui na
mais importante dentro do avião, no que diz respeito à segurança da
tripulação e dos passageiros que estão viajando por motivos de turismo ou
não.
A essência do comissário de vôo é de um Técnico em Segurança. O
serviço de bordo é um fator secundário na execução desta profissão, fato
que é desconhecido da maioria das pessoas, o que acaba por não valorizar
devidamente o profissional. Toda a responsabilidade no que tange à ajuda
à tripulação e aos passageiros no caso de acidentes ou emergências recai
sobre o comissário de vôo.
45
1
Promover a Seg...
Satisfação do Tur...
Dar Informações ..
.
Promover o Entre...
0
5
10
15
20
Importância do Comissário de Vôo para a Atividade Turística
Promover a Segurança Satisfação do Turista
Dar Informações turísticas Promover o Entretenimento
O que qualifica o comissário de vôo para atuar como técnico em
segurança é a vasta gama de treinamentos teóricos e práticos no curso
preparatório para que ele possa prestar atendimento em situações de
emergência e/ou segurança. Dentre as disciplinas ministradas aos futuros
comissários de vôo durante o curso, tem-se: Medicina Aeroespacial,
Primeiros Socorros, Higiene, Segurança de Vôo, Emergência e
Sobrevivência na Terra, no Mar, na Selva, no Deserto, no Gelo e no Fogo,
Marinharia, Combate ao Fogo, Meteorologia, Noções de Psicologia e etc.
Além disso, depois que o comissário de vôo passa a trabalhar
normalmente, a cada ano ocorre na empresa aérea uma reciclagem, onde
os conhecimentos teóricos e práticos do curso preparatório são revisados,
visando sempre à qualificação do comissário de vôo como Técnico em
Segurança.
Como técnicos em segurança, os comissários de vôo são
responsáveis por deixar os passageiros à par dos procedimentos de
segurança e emergência, cumprindo rigorosamente todas as normas e
procedimentos técnicos de segurança à bordo e ainda auxiliando o
Comandante da aeronave e atendendo os passageiros à bordo.
Como segundo aspecto mais importante do comissário de vôo para
a atividade turística está o fato de o comissário de vôo ser responsável por
parte da satisfação do turista que viaja de avião, de acordo com os
entrevistados (ver gráfico no. 11). Por estar em contato direto com o
turista no avião, o comissário de vôo pode interferir positiva ou
negativamente no saldo final de satisfação do turista na viagem, tanto
46
quanto o recepcionista do Hotel onde o qual pode se hospedar, por
exemplo, no que diz respeito ao Atendimento.
Outro aspecto importante que esta profissão proporciona ao turismo
está nas Informações Turísticas (ver gráfico no. 11). Por estarem quase
todos os dias viajando a trabalho, os comissários de vôo acabam obtendo
informações turísticas das diversas localidades aonde chegam depois de
um vôo, pois os mesmos também são turistas, só que de uma maneira
limitada. Durante um vôo os passageiros acabam sempre questionando ou
procurando informações sobre a localidade para onde o vôo está se
dirigindo. Esta não é uma das funções do comissário de vôo, mas ele está
apto a desempenhá-la em virtude do que a sua profissão lhe proporciona.
E, por último, está o fator Entretenimento (ver gráfico no. 11). Além
de promover a segurança e o bem-estar dos passageiros, o comissário de
vôo atua um pouco como psicólogo e sua arma é o entretenimento. Com
um pouco de bom humor e paciência é possível tornar a viagem (vôo) um
pouco mais satisfatória para aqueles passageiros que não estejam tão
felizes com o vôo naquele momento. A satisfação dos clientes é muito
importante para o comissário de vôo e para a companhia aérea.
Enfim, ficou evidenciado que a importância do comissário de vôo
para a atividade turística está na segurança. Segurança esta que é
proporcionada pelos comissários de vôo aos turistas que viajam de avião,
quando estes profissionais são acima de tudo e primordialmente, Técnicos
em Segurança.
No que se refere à importância do comissário de vôo para a Aviação
Civil, foi verificado através da pesquisa que a Segurança é um aspecto
47
determinante na profissão de Comissário de Vôo, ou seja, que a
importância do mesmo para a aviação civil atual está na segurança que
este profissional está apto a proporcionar aos passageiros, pelos mesmos
motivos já citados anteriormente no que tange à importância do
comissário de vôo para a atividade turística. Logo após vem o
atendimento, a operação de portas, o entretenimento e uma parcela que
não vê importância alguma do comissário de vôo para a aviação civil
atual, de acordo com o gráfico abaixo:
GRÁFICO 13
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Como foi visto, a aviação civil se encontra hoje num nível de
segurança bastante elevado, e isto ocorre em decorrência do Comissário
de Vôo. Mas nem sempre foi assim. A atenção dada ao fator segurança só
foi acontecer nos últimos vinte anos, em virtude do grande número de
vítimas fatais em acidentes aéreos que poderia ter sido evitado mesmo
depois de ocorrido o acidente. Foi a partir daí que o comissário de vôo
48
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Técnicos emSegurança
Atendimento àbordo
Operação deportas
Entretenimento Não vêimportância
Importância do Comissário de Vôo para a Aviação Civil
começou a ser preparado, treinado e qualificado para agir em
emergências e/ou acidentes aéreos.
Características, Atribuições e Capacitação dos Comissários de Vôo
Com base nas entrevistas realizadas com os comissários de vôo,
torna-se evidente e imprescindível que para ter êxito nesta profissão, o
comissário de vôo deve possuir as seguintes características pessoais:
Bom humor;
Entusiasmo;
Espírito de servir;
Humildade;
Personalidade participativa;
Facilidade de relacionamento;
Apresentação pessoal;
Ser bilíngüe;
Adaptar-se à falta de rotina;
Estar sempre informado;
Saber lidar com o público;
Desinibição;
Paciência;
Simpatia;
Versatilidade.
A combinação dos fatores acima é determinante no profissional
comissário de vôo para que ele tenha sucesso na profissão.
49
Convém ressaltar ainda nas características do comissário de vôo que
o mesmo atua em companhias de transporte aéreo, é assalariado, com
carteira assinada que trabalha em equipe ou de forma individual, com
supervisão ocasional ou permanente, dependendo da ocupação. Trabalha
em horários irregulares nos períodos diurno ou noturno em grandes
altitudes. Pode estar exposto a ruídos, radiação, material tóxico, micro-
vibrações, doenças infecto-contagiosas, baixa umidade e baixos índices de
oxigênio. Permanece em pé por longos períodos e pode estar sujeito a
situações de estresse físico e emocional.
Quanto às atribuições do comissário de vôo, a pesquisa mostrou as
seguintes tarefas que o comissário de vôo deve desempenhar:
1. Checar os equipamentos e instalações a bordo de aeronaves;
2. Controlar entrada e saída de alimentos e materiais de limpeza;
3. Atender aos passageiros;
4. Demonstrar procedimentos de segurança e de emergência;
5. Servir refeições preparadas e bebidas;
6. Zelar pela manutenção da limpeza das aeronaves;
7. Preparar relatórios e/ou documentação;
8. Agir em situações de emergência;
9. Trabalhar com segurança.
Com referência à capacitação dos comissários de vôo, foi verificado
nos resultados da pesquisa que anualmente ocorre reciclagem, tanto na
teoria quanto na prática, como já foi mencionado. São reforçados os
conceitos de Primeiros Socorros, Atendimento ao Cliente, Sobrevivência na
Terra, no Mar, na Selva, no Deserto, no Gelo e no Fogo, Técnicas de
50
Segurança, Emergências e etc. Ocorrem também nessas reciclagens
simulações de acidentes para o treinamento prático.
Vantagens, Perspectivas e Mudanças na área de Comissaria de
Vôo
Dentre as vantagens da profissão de comissário de vôo citadas na
pesquisa, pode-se demonstrar esta situação no gráfico da página seguinte.
GRÁFICO 14
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
51
Vantagens da Profissão
Conhecer vários lugares e culturasGrande noção de conhecimento do BrasilConviver com pessoas diferentesCultura elevadaSalárioPoder viajar de graça para qualquer lugar do BrasilOs familiares têm descontos em passagens aéreasConhecer sempre os melhores lugaresLiberdadeNão há rotina no casamentoNunca estar no mesmo lugarO curso de comissário é curtoPouco investimento inicialAmigos dentro e fora do BrasilNão é necessário curso superiorSolidão
As vantagens acima estão qualificadas de acordo com sua
importância, baseado nas opiniões dos comissários de vôo entrevistados
no decorrer da pesquisa de campo, ou seja, a vantagem que está com
maior valor (“conhecer vários lugares e culturas”) foi considerada a mais
importante para os profissionais dessa área e assim sucessivamente,
como mostra o gráfico acima.
Como se pôde ver, as vantagens desta profissão proporcionam aos
comissários de vôo muitos benefícios, tais como grande desenvolvimento
cultural, interpessoal, econômico, geográfico, intelectual, entre outros.
As perspectivas na área de Comissaria de Vôo são favoráveis.
Mesmo com o desaparecimento do glamour originado quando surgiu a
profissão na década de 1930, e que prosseguiu ainda três ou quatro
décadas depois, a possibilidade de desaparecimento desta profissão com
o advento das Empresas Aéreas de Baixo Custo não existe. Isto pode ser
explicado pelo fato de que em qualquer que seja a empresa aérea (de
baixo custo ou não), a presença do comissário de vôo é imprescindível
para a operação de portas no avião (abertura e fechamento das mesmas
quando os passageiros entram e saem) nem que os mesmos possuam
somente esta função. Isto ocorre porque o Piloto e o Co-piloto se
encontram inaptos para esta função, uma vez que devem permanecer na
Cabine de Comando. O que realmente é uma tendência atual e mundial é
a extinção ou redução do serviço de bordo, uma vez que a prioridade na
aviação é a segurança, e o comissário de vôo é responsável por isso.
Um grande divisor de águas para a Aviação Civil atual e para a área
de Comissaria de Vôo foram os Atentados do 11 de Setembro de 2001 nos
52
Estados Unidos. Após esta data, a situação da aviação civil nacional e
internacional passou por grandes mudanças.
Apesar de no Brasil não existir uma “cultura do terrorismo”, algumas
mudanças ocorreram nas empresas aéreas brasileiras, dentre as quais
foram observadas na pesquisa deste trabalho as seguintes:
Todas as portas e divisórias do avião foram blindadas;
Passou-se a usar um código para entrar na cabine de
comando;
Não se é mais permitida a visita de passageiros à cabine de
comando (é estritamente proibida);
Todas as facas de metal foram retiradas das refeições;
A atenção aos passageiros e à sua bagagem aumentou
(principalmente àqueles que demoram no banheiro);
A segurança foi reforçada;
Os comissários de vôo passaram a ter treinamentos de cargas
perigosas;
A comunicação com o passageiro mudou (atualmente é dada
uma importância maior ao que ele diz).
Face ao exposto, é de fácil compreensão que depois dos atentados
do 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos a aviação civil não foi
mais a mesma. Ficou evidenciado com este fato a fragilidade da
segurança no transporte aéreo mundial, e que nos dias de hoje todo o
esforço é concentrado na aprimoração da segurança dentro do avião e
fora, nos aeroportos, e uma das formas disso ocorrer é através também do
profissional comissário de vôo.
53
REFERÊNCIAS
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54
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