A Importância da Produção de Material Didático Impresso Para a EAD
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino
A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO PARA A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
ANA PAULA NASCIMENTO GONÇALVES
PABLO DA SILVA NUNES
MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU
2012
i
ANA PAULA NASCIMENTO GONÇALVES
PABLO DA SILVA NUNES
A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO PARA A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
TRABALHO Final de Curso apresentado à coordenação do Curso de Pós-
Graduação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista Latu Sensu em Planejamento, Implementação e
Gestão do Ensino a Distância.
Aprovado em 01 de setembro de 2012.
BANCA EXAMINADORA
Luciana Ferreira Furtado de Mendonça (Orientadora)
UFF
Vera Maria B. Werneck
UERJ
Vânia Marins Nobre
UAB
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que amam a Educação e veem no processo
ensino-aprendizagem, seja no ensino presencial ou na Educação à Distância, a
oportunidade de descobrir um pouco mais do universo que nos cerca e de construir
sua consciência, diante de tudo o que Deus criou.
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer inicialmente à Deus, que me amparou, dando-me
forças para prosseguir durante todo o curso, e à Jesus Cristo, que é o SENHOR e
SALVADOR da minha vida. Agradeço ao meu marido, que me apoiou durante o
curso, com sua compreensão e amor, nos muitos períodos em que estive dedicada
às atividades curriculares e às minhas filhas que souberam entender esses
momentos.
Agradeço também a orientadora Luciana Ferreira Furtado de Mendonça por
todo o apoio prestado, carinho e o estímulo que nos transmitiu durante a orientação
do trabalho e a todos os tutores que, com entusiasmo e dedicação, nos conduziram
até aqui.
“Quando amamos o que fazemos cada conquista tem um significado
especial.”
iv
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a importância dos materiais didáticos
impressos para o ensino na modalidade de EAD. Descreve de forma sucinta as
principais características que tais materiais devem possuir e demonstra os principais
aspectos inerentes a elaboração de material impresso. Foi utilizada pesquisa
teórico-documental, a qual foi baseada nas referências citadas ao final do artigo.
v
ABSTRACT
This study aims to analyze the importance of printed educational materials for
teaching in ODL mode. Briefly describes the main features that such materials should
possess and demonstrate the main aspects inherent in the preparation of printed
material. We used theoretical and documentary research, which was based on the
references cited at the end of the article.
vi
SUMÁRIO:
1. Introdução ............................................................................................................. 1
1.1. Justificativa ..................................................................................................... 1
1.2. Objetivos ........................................................................................................ 2
1.3. Organização do Trabalho ............................................................................... 3
2. Pressupostos Teóricos ......................................................................................... 4
2.1. A Educação a Distância no Brasil .................................................................. 4
2.2. A importância dos Materiais Didáticos Impressos: Vantagens e limitações da
Mídia Impressa na EAD ........................................................................................... 6
2.3. A importância dos Materiais Didáticos Impressos .......................................... 9
2.4. Vantagens e limitações da Mídia Impressa na EAD. ................................... 12
2.5. Implicações dos MDI para o aprendizado dos discentes ............................. 17
2.6. Características dos MDI – Design Instrucional ............................................. 20
3. Resultados e Discussões .................................................................................... 28
4. Conclusão ........................................................................................................... 31
5. REFERÊNCIAS: ................................................................................................. 36
1
1. Introdução
1.1. Justificativa
A Educação aberta e a distância vem mostrando-se cada vez mais importante
no contexto da sociedade contemporânea, como forma de atender às necessidades
educacionais e a educação continuada, como afirma BELLONI (2003, p.3):
“(...) nas sociedades radicalmente modernas as mudanças sociais ocorrem
em ritmo acelerado, sendo especialmente visíveis no espantoso avanço das
tecnologias da informação e comunicação (TIC) e provocando, senão
mudanças profundas, pelo menos desequilíbrios estruturais no campo da
educação. Nesta fase da modernização tardia, a intensificação do processo
de globalização gera mudanças em todos os níveis e esferas da sociedade
(e não apenas nos mercados), criando novos estilos de vida, e de consumo,
e novas maneiras de ver o mundo e de aprender.” (Giddens 1991 e 1997)
Como vemos a educação vem sendo submetida às profundas mudanças que
ocorrem na sociedade, seja na modalidade presencial ou na Educação à Distância.
As técnicas de ensino, recursos didáticos e instrucionais têm como foco os
discentes, tendo o material impresso grande importância, neste novo cenário
educacional.
Para que possamos visualizar todas as questões que serão levantadas sobre
os materiais didáticos impressos (MDI) é necessário fazermos um breve
levantamento de momentos e projetos que foram marcantes para o desenvolvimento
da educação à distância (EAD) no Brasil. Como se costuma imaginar, a EAD não
teve seu início com a presença crescente das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) na vida cotidiana da população, sendo importante ressaltar que
o e-learning, baseado em uma tecnologia atual que facilita a troca de informações no
ambiente virtual, é um estágio deste processo e não a origem da EAD.
Com o desenvolvimento das tecnologias de escrita e comunicação começam
a surgir novas formas de relacionamento professor-aluno e o emprego de diferentes
2
tipos de mediações. Foram sendo então, planejadas novas ferramentas para
trabalhar com este novo modelo de educação que surgia. Uma metodologia de
ensino que minimizasse as barreiras de espaço e tempo entre alunos e professor,
buscando democratizar o acesso à educação formal e dinamizar o processo de
ensino, dando mais autonomia para o aluno na construção do seu conhecimento.
Assim foram organizados os primeiros modelos de EAD.
Apesar do avanço da tecnologia e de utilização no ensino, ainda hoje o
material impresso continua a ser largamente empregado tanto na educação
presencial como no ensino a distância. Tal aspecto será analisado, de forma a
permitir a reflexão do porquê do material impresso ser tão aceito e de conservar,
mesmo diante das novas tecnologias de comunicação, seu papel como difusor de
conteúdos e saberes.
1.2. Objetivos
O presente estudo busca apresentar uma reflexão sobre a importância
dos materiais impressos na EAD, buscando analisar como o material didático
impresso pode ser um elemento facilitador do aprendizado, bem como as
características que deve possuir a fim de que seja adequado ao EAD.
Metodologia do Trabalho
O trabalho foi estruturado a partir da pesquisa bibliográfica realizada em livros
que abordam o assunto e também em artigos e trabalhos que refletiam sobre os
materiais didáticos na EAD. A leitura priorizou os livros, sendo realizados
fichamentos de cada um dos mesmos e somente após essa leitura, o grupo passou
a verificar mais artigos e trabalhos na tentativa de aprofundar questões, e para esse
material também foram sendo realizados resumos.
3
O critério para sedimentar os assuntos que integrariam o corpo do estudo foi
a estrutura voltada para análise da importância dos MDI para a EAD e reflexões
decorrentes. Assim desejamos estruturar um trabalho voltado para leitores,
professores, equipe multidisciplinar que atua com a EAD, mas não buscando
finalizar, concluir ou esgotar um assunto, mas tão somente refletir e inventariar
aspectos que são demasiadamente importantes para nós colaboradores no
planejamento de materiais didáticos para o EAD.
A análise dos resultados apresenta uma síntese de toda a leitura efetuada, e
até mesmo da disciplina Materiais Didáticos Impressos feita durante o curso, de
forma a permitir prosseguir com a discussão acerca do assunto que seria
complementada com uma aplicação prática investigando pior exemplo um curso na
EAD e seu material, onde tais estudos poderiam ser discutidos, mas que seria um
momento seguinte ao ora efetuado que se restringiu a análise do material e
fundamentação teórica.
1.3. Organização do Trabalho
O estudo está organizado nos seguintes capítulos, a saber:
1- A Educação a Distância no Brasil;
2- A importância dos Materiais Didáticos Impressos: Vantagens e limitações da
Mídia Impressa na EAD;
3- Discussão e Resultados
4- Considerações Finais
4
2. Pressupostos Teóricos
2.1. A Educação a Distância no Brasil
No Brasil, o Instituto Radio-Monitor (1939) e o Instituto Universal Brasil (1941)
foram as instituições que deram o pontapé inicial, de forma contundente, para o
desenvolvimento desta modalidade de ensino. Utilizando principalmente as cartas e
o radio, tecnologias que se mostravam eficientes na comunicação, como meio de
transmissão do conhecimento. A primeira experiência de destaque da EAD foi a
criação do Movimento de Educação de Base – MEB (1964), que utilizava o rádio
para difundir um sistema articulado de educação popular. Como o rádio estava
presente em diversas casas e atendia uma grande parte da população, ficou
definindo assim um formato de ensino em massa.
A partir das experiências do MEB, surgiram outros projetos que também se
destacaram neste cenário, por obter uma grande aceitação popular, como o Projeto
Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia, que apresentava uma baixa taxa de
evasão (apenas 15%), pelo uso de novas tecnologias, como o Telecurso 2000 da
Fundação Roberto Marinho com uma parceria governamental, que utilizava os
recursos audiovisuais da televisão para apresentar um conteúdo contextualizado
com o cotidiano do aluno – que em geral era de adultos. Vale também ressaltar que
o governo federal vem, desde 1973, promovendo projetos de EAD visando o ensino
e aperfeiçoamento de professores. Tendo seu início com o fortíssimo Projeto Logos.
Com a popularização da internet na década de 90 a oferta de cursos a distância
aumentou de forma exponencial.
Mesmo com este desenvolvimento, a EAD ainda era vista com inferioridade
no que diz respeito à qualidade de ensino frente à educação presencial. Isso porque,
5
segundo Effting (2010) havia uma “aplicação indiscriminada e pouco criteriosa por
parte de algumas instituições”. Tanto que se fizeram necessários embasamentos na
legislação para oficializar e regimentar esta modalidade educacional. O que só
ocorreu em 1996, através da LDB (lei 9.394/96), quando a EAD foi apresentada com
possibilidade para atuar em todos os níveis educacionais, ou seja, desde a
educação básica do fundamental até os cursos de pós-graduação. E com base no
Decreto Lei 5.622 de 2005, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou o
sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que não é uma instituição física, mas
sim um sistema gestor e financiador visando, prioritariamente, a formação de
professores.
A UAB surge com o desafio de atender a população de uma forma ampliada e
também dar garantias à qualidade do ensino superior público. E estes desafios estão
presentes em seus cinco princípios fundamentais.
1. Expansão pública da educação superior, considerando os processos de
democratização e acesso.
2. Aperfeiçoamento dos processos de gestão das instituições de ensino
superior, possibilitando sua expansão em consonância com as propostas
educacionais dos estados e municípios;
3. A avaliação da educação superior à distância tendo por base os
processos de flexibilização e regulação em implementação pelo MEC;
4. As contribuições para a investigação em educação superior à distância
no país.
5. O financiamento dos processos de implantação, execução e formação de
recursos humanos em educação superior à distância. (UAB, 2005)
Cabe ressaltar que para a expansão qualitativa do ensino superior não se
restringe ao aumento quantitativo de vagas em cursos na modalidade EAD, sendo
necessário o comprometimento com a estrutura dos cursos disponibilizados, aspecto
esse, que tem sido priorizado pela Universidade Aberta do Brasil.
Partindo destes alicerces a EAD vem cada vez mais ganhando confiança da
população em geral e firmando-se como modalidade de ensino diferenciada.
Mostrando que os preceitos didáticos e pedagógicos que permeiam um curso a
6
distância não são iguais aos do ensino presencial. Cada vez mais urge a
necessidade de uma pedagogia diferenciada, outra sintaxe pedagógica, que não
significa apenas transportar textos para o formato digital, e sim criar um projeto
pedagógico a altura das novas demandas sociais dentro do contexto brasileiro.
2.2. A importância dos Materiais Didáticos Impressos: Vantagens e
limitações da Mídia Impressa na EAD
Nos últimos anos as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) têm
sido importantes na elaboração e propagação dos cursos a distância. E, neste
cenário de tecnologias, cada dia mais inovador, tem-se a preocupação sobre todo o
material didático empregado nestes cursos. Os recursos para esta modalidade de
ensino devem ser pensados para atuarem em coletivo com a intenção de apresentar
um conteúdo e fazer às vezes do mediador.
Segundo Sales (2005) pode-se dividir a EAD em quatro gerações, baseando-
se nas mídias utilizadas para a transmissão do conhecimento: a primeira geração
teve como característica o uso das mídias impressas via correspondência. Na
Segunda Geração os recursos utilizados eram fitas de áudio, televisão, fitas de
vídeo e fax. Na Terceira Geração foram utilizados como o correio eletrônico,
computadores, mídia impressa, CD, vídeo conferência (surgimento das TICs). E na
úlitma, a Quarta Geração, são empregadas redes de computadores, internet,
transmissões em banda larga, interação por vídeo ao vivo, AVA dinâmicos (chat,
fóruns, etc.)
Ainda segundo Sales (2005) o tipo de mídia escolhido para a divulgação do
material didático é um passo de referencial para identificar o exercício da
modalidade de educação a distância. Desta forma os modos que as inovações
7
tecnológicas são utilizadas também remontam o processo de evolução da EAD. Pois
não são as ferramentas que marcarão o futuro da educação, mas sim os novos
papéis a serem desempenhados por professores e alunos. Se não houver mudança
de paradigmas na educação estaremos apenas consumindo novas tecnologias,
desenvolvendo formas tradicionais de educar, consideradas modernas, porém,
apenas pelo uso de recursos tecnológicos avançados.
A EAD que conhecemos hoje está baseada na interação, seja ela síncrona ou
assíncrona, como forma de construção do conhecimento. Averbug (2003) aponta
dois erros que são comuns no processo de planejamento de programas para cursos
a distância: “tentar escolher apenas uma única tecnologia para todas as situações e
necessidades de cursos” e “selecionar tecnologias antes de identificar as
necessidades e requerimentos educacionais”.
O MDI, por ter o papel de mediador do ensino, evoluiu juntamente com o
desdobramento de novas perspectivas pedagógicas para os cursos à distância. O
texto impresso retrata o que o professor normalmente diria se estivesse diante dos
alunos.
Com a crescente utilização da mídia digital no EAD e mesmo com sua
introdução no ensino presencial, surge uma dicotomia entre ensino com o uso da
tecnologia e o ensino tradicional, onde eram usados o quadro de giz, o quadro
branco, e o material impresso. Isso na realidade não acontece de forma estanque,
nem no ensino presencial, pois a tecnologia vem aos poucos integrando o espaço da
sala de aula junto ao professor e alunos, e também no EAD onde ainda hoje, apesar
da interatividade proporcionada pela WEB, o material impresso é largamente
empregado e tem seu papel e valor para o aprendizado. Assim estes recursos
devem ser empregados de acordo com a finalidade e com suas características
8
próprias, considerando a organização pedagógica e tendo em vista a melhor
adequação e aproveitamento dos conteúdos.
O ambiente digital trás a possibilidade de o aluno ver cores, movimentos,
dimensões, que o levam a ter mais condições de imaginar exemplos reais, já o
material impresso, busca esse efeito através de figuras, cores, porém não
proporciona a noção do movimento. Neste sentido a citação abaixo trás a reflexão:
“O ambiente digital e sua multimodalidade devem ser explorados com a
finalidade de promover experiências unicamente possíveis por meio daquela
mídia e contribuir para a aprendizagem do aluno de forma diferenciada
daquela do material impresso. Isso não inclui a disponibilização de um
grande volume de informações em aulas baseadas na WEB.” (Barreto C.
Cristiane e outros 2007, p.8)
Segundo a autora a utilização dos recursos digitais deve ser feita para
conteúdos e aspectos que se adequem a este recurso, havendo em paralelo outros
conteúdos educacionais onde se deve manter o emprego de materiais impressos.
Contudo é importante o trabalho de elaboração do material impresso de EAD, de
forma a adequá-lo a esta modalidade de ensino. Esta adequação do material dá-se
por muitas razões e possivelmente a mais clara é o fato de o professor, que antes
participava diretamente e presencialmente, neste novo modelo, já não está
presencialmente, mas está ali na forma de tutor online ou ainda, presencial em
alguns momentos, a fim de atender aos alunos que necessitem de auxílio ou
informações.
O material impresso para a EAD deve possuir uma estrutura própria que
satisfaça as necessidades desse discente que apoiado em uma plataforma digital
procura alcançar o aprendizado de forma autônoma.
“A tecnologia envolvida na elaboração de um texto é bastante familiar e
razoavelmente conhecida por desenhistas instrucionais, e por especialistas
responsáveis pela elaboração de conteúdos. Diagramadores experientes
contribuem para um design adequado a um texto cuja substância decorre
da experiência de profissionais do ensino ou da pesquisa que eles
acumularam em anos de prática em publicações variadas, tais como livros-
9
texto e artigos científicos. O custo de preparação e replicação de materiais
impressos é relativamente baixo quando comparado a outras mídias, tais
como aulas baseadas na WEB, TV ou e formato de vídeo”. (Barreto C. e
outros 2007, p.8)
A mídia impressa também possui desvantagens, principalmente quando
comparada a recursos proporcionados, hoje em dia, pela WEB e por complexos
softwares de ensino. Podemos citar alguns como o fato da mídia digital demonstrar
exemplos com dimensões, movimentos, vídeos que podem em muito auxiliar o
ensino, favorecendo a aprendizagem. Por mais que um texto impresso possua
recursos como tabelas, fotos, ilustrações, ele não retrata propriamente uma
realidade, fazendo com que o leitor tenha que fazer uma interação com suas
vivências para que possa imaginar aquele fato, o que nem sempre acontece
plenamente, pois algumas vezes trata-se de assuntos não experimentados na
realidade daquele discente. Outro aspecto importante de ser ressaltado é a
interatividade possibilitada pelos recursos da WEB como os fóruns, onde os alunos
podem discutir conteúdos e isso realmente é dificultado em uma turma grande,
partindo-se apenas da leitura de um texto.
O uso concomitante da tecnologia do EAD agregada à materiais impressos
bem elaborados, poderá facilitar muito a leitura e a participação dos alunos em
fóruns de discussão e assim o tutor poderá direcionar a aprendizagem, corrigindo
incorreções e ampliando conhecimentos.
2.3. A importância dos Materiais Didáticos Impressos
É certo que a EAD passou por profundas transformações desde a fase
impressa para a fase analógica e mais recentemente para a fase digital. Já nesta
fase são grandes as inovações, já contamos com a WEB 2.0, onde a interatividade
10
vem tornando-se essencial e facilitadora da aprendizagem por muitas razões. Surge
então uma pergunta: por que ainda hoje, com toda a estrutura fornecida pelos
recursos de informática, o meio impresso ainda tem um grande valor para os
discentes. Por que muitos alunos ainda necessitam imprimir e ler seus
apontamentos? Como o meio impresso complementa e alimenta o processo ensino-
aprendizagem, mesmo contando-se com os modernos recursos da WEB? A
resposta a isso talvez seja a estrutura já formada, já consolidada, de como o
aprendizado tem acontecido. A escrita é o alicerce da história e ainda hoje está
amplamente presente em nossa vida, em revistas, jornais, etc.
Sem nos aprofundarmos nas questões que levaram ao surgimento da EAD
como veículo para atingir maior número de pessoas e qual a ideologia que
predominava, é importante compreendermos melhor a importância da EAD no
cenário educacional atual , tendo em vista a estrutura da educação a distância, suas
características, ferramentas, forma de interação com o aluno, as mídias da EAD, etc.
Algumas características da EAD, tal como a separação física entre
professores e alunos faz com que esta tenha necessidade de um planejamento que
preveja essas condições e ,desta forma,a organização da atividade de ensino será
totalmente estruturada para esta metodologia, englobando os recursos de
comunicação que serão empregados, de forma a permitir a interação e a
cooperação entre tutores/ alunos e entre os próprios discentes. Também aí, as
mídias a serem empregadas na apresentação dos conteúdos, deverão ser
adequadas aos propósitos.
São muitas as possibilidades que a EAD com a utilização da WEB tem
proporcionado. São elaborados objetos de aprendizagem, ou seja, o próprio
conteúdo a ser ensinado, de forma coerente para o aprendizado, levando em conta
11
as teorias da aprendizagem. Assim são organizados objetos instrucionais,
exercícios, atividades, simulações, essenciais para o aluno desenvolver e fixar o
conteúdo. Fica claro como, apesar dos alunos estarem sós diante do seu
computador, eles estão envolvidos por um trabalho integrado, com tutores, e diante
de uma apresentação totalmente estudada para possibilitar sua aprendizagem e
integração, podendo cooperar junto a todo o grupo, usando inclusive mídias
síncronas que lhes permitem estar tempo real conversando online com colegas e
tutores. Ressalta-se, porém, que a Educação a Distância não segue um modelo
único, variando em função da concepção de educação que a norteia, e da proposta
da própria instituição que desenvolve os cursos, e assim entende-se porque ainda
hoje existem cursos mal organizados.
Buscando garantir a qualidade da Educação a Distância, o MEC criou os
Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância, onde delineia os
requisitos necessários para a criação de cursos superiores na modalidade EAD, que
vão desde a apresentação no Projeto Político Pedagógico da concepção da
educação, o currículo, as formas de comunicação, os conteúdos, os processos de
avaliação, a equipe multidisciplinar, o material didático, além de toda a estrutura de
apoio aos discentes. Ressalta-se que este Projeto Político Pedagógico que inclui a
concepção de educação acaba por demonstrar a linha que o curso seguirá, assim
pensando-se em uma abordagem crítica, onde o aluno constrói seu conhecimento,
contando com a constante interação com tutores e cooperação com todos os
envolvidos no processo ensino-aprendizagem, ter-se-á toda a estrutura do curso
voltada para esse tipo de educação, onde o conteúdo será apresentado de forma a
levar o aluno a posicionar-se, a raciocinar, o aluno terá uma atitude ativa diante do
curso, os exercícios buscarão facilitar essa apropriação dos conteúdos de forma
12
reflexiva, com o auxílio dos tutores, as mídias buscarão propiciar esse aprendizado e
a avaliação será como reflexo desta concepção, uma avaliação onde o aluno se
posicionará criticamente diante dos conteúdos assimilados.
Apesar de todos os recursos existentes na educação a distância que buscam
facilitar a interação entre alunos e tutores, percebe-se grande utilização dos
materiais impressos e desta forma, este recurso deve ser planejado com atenção e
segundo critérios específicos, adequados a EAD.
2.4. Vantagens e limitações da Mídia Impressa na EAD.
Podemos imaginar muitas características dos materiais impressos que o
tornam agradáveis para o educando. Uma delas é o fato de permitir a leitura a
qualquer hora, sem nenhum equipamento ou restrição, podendo ser transportado
com facilidade e lido em qualquer local, durante locomoções e em qualquer horário
livre. É claro que esta facilidade limita-se ao volume do material impresso, pois no
caso de muitos livros, ou de materiais pesados, esta facilidade não existiria.
(BARRETO, Cristiane Costa. Material impresso como recurso educacional: isso é
história?)
A facilidade de marcação é uma possibilidade que os materiais impressos
permitem (apesar de os digitais também possibilitarem) e assim o leitor, sempre que
julgar importante poderá assinalar um trecho ou oração, que mais tarde poderá
auxiliá-lo em uma revisão. Além desses aspectos, cabe um, de cunho econômico,
que é o maior acesso, já que ainda hoje, há famílias que não possuem
computadores ou acesso a internet, e assim, a necessidade do uso de livros ainda é
grande. (BARRETO, Cristiane Costa. Material impresso como recurso educacional:
isso é história?)
13
A utilização do material impresso ocorre também devido a sua característica
de agregar grande quantitativo de informações, como é o caso dos cursos de
graduação, onde é necessário o estudo de conteúdos extensos.
Com a crescente utilização da mídia digital no EAD e mesmo com sua
introdução no ensino presencial, surge uma dicotomia entre ensino com o uso da
tecnologia e o ensino tradicional, onde eram usados o quadro de giz, o quadro
branco, e o material impresso. Isso na realidade não acontece de forma estanque,
nem no ensino presencial, pois a tecnologia vem aos poucos integrando o espaço da
sala de aula junto ao professor e alunos, e também no EAD onde ainda hoje, apesar
da interatividade proporcionada pela WEB, o material impresso é largamente
empregado e tem seu papel e valor para o aprendizado. Assim estes recursos
devem ser empregados de acordo com a finalidade e com suas características
próprias, considerando a organização pedagógica e tendo em vista a melhor
adequação e aproveitamento dos conteúdos.
O ambiente digital trás a possibilidade de o aluno ver cores, movimentos,
dimensões, que o levam a ter mais condições de imaginar exemplos reais, já o
material impresso, terá que através de figuras, cores, porém não proporciona a
noção do movimento, mas tem a possibilidade de trazer uma grande quantidade de
informações que numa página digital seria menos possibilitado. Neste sentido a
citação de Cristiane Costa Barreto trás a reflexão:
“O ambiente digital e sua multimodalidade devem ser explorados com a
finalidade de promover experiências unicamente possíveis por meio daquela
mídia e contribuir para a aprendizagem do aluno de forma diferenciada
daquela do material impresso. Isso não inclui a disponibilização de um
grande volume de informações em aulas baseadas na WEB.”
14
Segundo a autora a utilização dos recursos digitais deve ser feita para
conteúdos e aspectos que se adequem a este recurso havendo, em paralelo, outros
conteúdos educacionais onde se deve manter o emprego de materiais impressos.
Contudo é importante o trabalho de elaboração do material impresso de EAD,
de forma a adequá-lo a esta modalidade de ensino. Esta adequação do material dá-
se por muitas razões e possivelmente a mais clara é o fato de o professor, que antes
participava diretamente e presencialmente, neste novo modelo, já não está
presencialmente, mas está ali na forma de tutor online ou ainda, presencial em
alguns momentos, a fim de atender aos alunos que necessitem de auxílio ou
informações.
O material impresso para a EAD deve possuir uma estrutura própria que
satisfaça as necessidades desse discente que apoiado em uma plataforma digital
procura alcançar o aprendizado de forma autônoma.
“A tecnologia envolvida na elaboração de um texto é bastante familiar e
razoavelmente conhecida por desenhistas instrucionais, e por especialistas
responsáveis pela elaboração de conteúdos. Diagramadores experientes
contribuem para um design adequado a umtexto cuja substância decorre da
experiência de profissionais do ensino ou da pesquisa que eles acumularam
em anos de prática em publicações variadas, tais como livros-texto e artigos
científicos. O custo de preparação e replicação de materiais impressos é
relativamente baixo quando comparado a outra mídias, tais como aulas
baseadas na WEB, TV ou e formato de vídeo”. (BARRETO).
A mídia impressa também possui desvantagens, principalmente quando
comparada a recursos proporcionados, hoje em dia, pela WEB e por complexos
softwares de ensino. Podemos citar alguns como o fato da mídia digital apresentar
cores, movimentos, dimensões, que podem em muito auxiliar o ensino, favorecendo
a aprendizagem. Por mais que um texto impresso possua recursos como tabelas,
fotos, ilustrações, ele não retrata propriamente uma realidade, fazendo com que o
leitor tenha que fazer uma interação com suas vivências para que possa imaginar
15
aquele fato, o que nem sempre acontece plenamente, pois algumas vezes trata-se
de assuntos não experimentados na realidade daquele discente.
Outro aspecto importante de ser ressaltado é a interatividade possibilitada
pelos recursos da WEB como os fóruns, onde os alunos podem discutir e isso
realmente é dificultado em uma turma grande, partindo-se apenas da leitura de um
texto. É claro que o uso concomitante da tecnologia do EAD agregada a materiais
impressos bem elaborados, poderá facilitar muito a leitura e comentários dos alunos
em fóruns de discussão e assim o tutor poderá direcionar a aprendizagem,
corrigindo incorreções e ampliando conhecimentos.
Diante da realidade brasileira, é importante comentar que há um grande
número de alunos, que são analfabetos funcionais, ou seja, passaram pela escola e
pelos anos letivos, mas ainda não dominam plenamente o processo de leitura e
escrita. Tal aspecto influencia grandemente o aprendizado já que para a leitura de
materiais didáticos impressos e seu pleno entendimento são necessários a
capacidade de leitura e interpretação de textos. Certamente esse aspecto também
acarretará dificuldades na leitura de materiais ou aplicativos disponibilizados na
WEB. Porém neste caso, existe um fator amenizador que é o aspecto de que nossos
alunos cresceram assistindo TV, com programas, desenhos, filmes infantis, que lhe
são familiares e desta forma a WEB torna-se mais atraente. Isso corrobora em parte
a grande disseminação da internet, das mídias e redes sociais para essa geração
televisiva.
Mas o que seria realmente o “Analfabetismo funcional”? Segundo a Wikipédia,
a enciclopédia livre, temos:
“Analfabetismo Funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo
com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases,
sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de
interpretação de textos e de fazer operações matemáticas. Também é
definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de quinze anos, e que
16
possui escolaridade inferior a quatro anos, embora essa definição não seja
muito precisa, já que existem analfabetos funcionais com curso superior de
escolaridade.
Existem três níveis distintos de alfabetização funcional:
Nível 1 – Também conhecido como alfabetização rudimentar, compreende
aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e
frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldade de compreensão de
números grandes e em fazer as operações básicas.
Nível 2- Também conhecido como a alfabetização básica, compreende
aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair
informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a
respeito do mesmo; e também conseguem realizar as operações aritméticas
básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigida uma maior
quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas.
Nível 3 – também conhecido como alfabetização plena, compreende
aqueles que detêm pleno domínio da leitura , da escrita, dos números e das
operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas).
No Brasil é grande o desafio ao tratarmos de alfabetização pois o problema
do analfabetismo funcional no Brasil é grave, principalmente nas escolas
públicas:
“Segundo dados do IBOPE, no Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca
de 68% da população ( 30% no nível 1 e 38% no nível 2). Somados esses
68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente
analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da
leitura, da escrita, e das operações matemáticas , ou seja, apenas 1 em
cada 4 brasileiros ( 25% da população) são plenamente alfabetizados, isto
é , estão no nível 3 de alfabetização funcional.
Esses índices tão altos de analfabetismo funcional no Brasil devem-se à
baixa qualidade dos sistemas de ensino público, à falta de infraestrutura das
instituições de ensino (principalmente as públicas) e à falta de hábito e
interesse de leitura do brasileiro. Em alguns países desenvolvidos e/ou com
um sistema educacional mais eficiente, esse índice é inferior a 10%, como
no caso da Suécia , por exemplo.”
Nossa geração cresceu acostumada ao ambiente televisivo e a maioria das
crianças era pouco habituada à leitura de livros. Desta forma fica fácil
compreendermos porque a os recursos trazidos pela mídia digital foram bem
aceitos. Perguntamos então: Porque as escolas ainda hoje pouco empregam estes
recursos para incentivar e facilitar a aprendizagem?
Mesmo no material impresso é importante não esquecermos a função da
imagem. O uso de figuras, ilustrações, cores e sombreamentos pode ser um
chamado para a atenção do aluno, uma informação destacada poderá ser mais bem
assimilada, pois a atenção do aluno estará voltada para a formatação do texto. Não
17
é estranho vermos crianças quando recebem livros procurarem as ilustrações e de
antemão imaginarem estórias, e isso demonstra a importância da ilustração.
2.5. Implicações dos MDI para o aprendizado dos discentes
Existem teorias que fundamentam o processo ensino-aprendizagem. Na
perspectiva do construtivismo sócio-interacionista é estudado a aquisição do
conhecimento pelo alunos, o seu crescimento individual e a construção ativa do
saber pelo educando. As teorias de concepção sócio interacionista explicam o
desenvolvimento humano como resultado da ação recíproca entre o homem e o
meio, destacando-se como as duas principais teorias, nessa perspectiva
interacionista, a Teoria Sócio-Histórica de Vygotsky e a Epistemologia Genética de
Jean Piaget.
Há algumas teorias que fundamentam o processo de aprendizagem na
educação a distância. Dentre as mais significativas estão a Teoria Construtivista de
J. Bruner (1990) , a Teoria da Flexibilidade Cognitiva de R. Spiro (1990) e a Teoria
da Inclusão de D. Ausubel (1978) . Segundo Borras (1998, apoud Lima, 2002) a
instrumentalidade para a aprendizagem, com enfoque na Internet, pode ser
fundamentada nos princípios da Teoria Construtivista, da Teoria da Conversação de
G, Pask (1975) e da Teoria do Conhecimento Situado , de J. Lave (1998, 1990). A
perspectiva construtivista é considerada possível de ser aplicada na prática
educativa da educação à distância por vários autores, entre estes, Lima (2002),
Rodriguez e Hansdchud, (1999) e Jonassem (1996).
A partir da premissa da importância da interatividade para a EAD será
abordada a perspectiva sócio interacionista, que estuda o conhecimento como
18
resultado da interação entre o sujeito e o meio. Cabe discutirmos o que é o meio na
EAD.
A Teoria Sócio-Histórica de Vygotsky e a Epistemologia Genética de Jean
Piaget trazem pontos de convergência e também de divergência. Segundo Lobo
Neto
“...têm em ponto de concordância , entre outros,o fato de ambas
sustentarem que o desenvolvimentoe a aprendizagem resultam da ação
simultânea e necessária dos fatores individuais e dos fatores sociais. Têm
como ponto de diferença, entre outros (...) enquanto Piaget privilegia os
fatores internos, individuais e genéticos, Vygotsky privilegia os fatores
externos, sociais e adquiridos.” (2000, p.33)
Para Vygotsky o indivíduo interage com o meio e suas construções são
baseadas nesta interação, onde as diferentes experiências são em grande parte
responsáveis pelo aprendizado e pelas construções individuais feitas por cada
sujeito neste processo de troca. Para Piaget (apud COLL, 1999) a interação do
sujeito com o objeto físico, constitui-se em suporte das ações.
Diante das duas teorias temos a importância do indivíduo e do meio, e a partir
daí a enfoque sobre a interação. Neste caso o papel do meio social não de ativador
e sim de formador das funções psicológicas, uma vez que varia o ambiente.
Aprender é um processo dialético do indivíduo, ao contrastar seu ponto de vista
pessoal com o outro. (CASTORINA, 1998).
Para Cortês (2002), a incorporação, no plano individual, intrapsicológico, do
que foi assimilado através da interação entre o indivíduo e o meio, constitui-se num
dos conceitos chaves da teoria de Vygotsky, denominado internalização – “a
construção interna de uma operação externa”. Assim, segundo Cortês, pode-se
entender através do contato do indivíduo com o meio, aqui intermediado pelo uso da
Internet, as inúmeras possibilidades de interação e internalização.
19
No Conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal Vygotsky aborda o que o
indivíduo é capaz de fazer a partir da cooperação de outros, ou seja, o que ainda
não faz sozinho mas que é capaz de alcançar com orientação. Através de atividades
mediadas os conceitos espontâneos são transformados em conceitos científicos,
alcançando níveis mais elevados de desenvolvimento, havendo a aprendizagem.
Segundo Piaget (1966) a vida é auto regulação, e para manter um equilíbrio
dinâmico com o meio ambiente, desenvolvemos a inteligência. Quando esse
equilíbrio se rompe, o indivíduo age sobre o que lhe afetou, buscando se
reequilibrar. Assim existe um movimento de adaptação que ocorre pela acomodação
e assimilação. A aprendizagem se dá na ação do indivíduo em procurar adapta-se
ao novo, acomodando sua estrutura e assim assimilando-as, de acordo com as
diferentes fases de sua vida e das características dessas fases. Assim, de acordo
com a tória Piagetiana, o nível da estrutura mental define os limites dentre os quais a
situação problema apresentada será assimilada. Assim o professor deve até mesmo
pelos erros, verificar o nível de construção mental que os alunos estão evidenciando
de forma a perceber se os mesmos estão em fase de construção daquele
conhecimento ou se realmente ainda não iniciaram nenhum avanço em relação da
construção / assimilação de uma situação problema. Na EAD esse aspecto é
percebido quando os tutores acompanham nos fóruns o crescimento individual de
cada aluno e questionam, corrigem e orientam a caminhada da construção do saber.
Jonassem (apud Deschênes, 1998) chama a atenção sobre a importância de
que as informações sejam colocadas ao alcance do aprendiz, através de vários
ângulos pelos quais possam ser consideradas, e ainda, que o conhecimento ocorre
a partir da atividade cognitiva de criação de sentido pelo aprendiz.
“No contexto das tecnologias da informação, para produzir conhecimento é
preciso antes desconstruir a informação, descobrindo lhe as relações já
20
instituídas, problematizar o fato, elevando-o à instância do virtual, para
então reconstruir o acontecimento, novamente em fato, mas contextualizado
segundo as mesmas ou novas relações possíveis. Para construir um
conhecimento a partir da informação já pronta, criadora de fatos, é preciso
subvertera relação vertical, autoritária, expressa na informação já dada.”
(AXT, 2000, p. 57)
2.6. Características dos MDI – Design Instrucional
A educação sempre se valeu de meios que viabilizassem a relação entre o
professor e o aluno, de forma a facilitar a transmissão de conteúdos formais, como
os recursos instrucionais e os materiais didáticos. Assim, na escola, sempre
estiveram presentes recursos como o quadro de giz, os projetores, e quanto aos
materiais didáticos, o mais importante, o livro, que viabilizava o acompanhamento, a
leitura e o estudo dos conteúdos curriculares. A nova tecnologia vem avançando e
ajudando muito neste processo. No que tange a EAD essa mediação é essencial,
dado a distância entre o professor e o aluno, assim os livros e o MDI, e até mesmo
as páginas da WEB e os recursos permitidos pelas TICs irão substanciar o processo
de comunicação, que viabilizará o ensino, e desta forma a EAD é bastante
dependente do suporte técnico para a comunicação.
É certo que na EAD, ainda hoje, o material didático impresso (MDI) é
largamente empregado, em forma de apostilas, fascículos ou mesmo livros didáticos,
que são disponibilizados em meio físico, ou ainda de forma velada, lançados online,
sem qualquer adequação em sua estrutura, e que se sabe serão largamente
impressos pelos alunos.
Abusaha, Peacock e Achterberg (1997) relatam que 57% dos participantes de
um curso que utilizava teleconferência como mídia principal, solicitaram que mais
material impresso fosse incluído nos próximos cursos, dado as dificuldades em se
21
reter o conteúdo somente com as apresentações em vídeo ou transmissão
simultânea.
Para o planejamento dos MDI vários aspectos devem ser verificados tais
como os objetivos do curso e das disciplinas, a apresentação dos conteúdos de
forma clara e sucinta, as atividades de auto avaliação, a introdução de mecanismos
que possibilitem a expansão de conhecimentos, o espírito investigador e crítico, com
apoio de leituras complementares e indicação de sites ou materiais. Ao elaborar o
MDI para a EAD é muito importante ter em foco o cotidiano do aluno, para que haja
mais facilidade de compreensão do assunto que estará sendo apresentado, assim
as exemplificações devem estar associadas a valores e conhecimentos que
provavelmente aqueles alunos detêm. Os MDI devem ser concebidos dentro da
perspectiva da aprendizagem significativa, e tratando-se de EAD esse aspecto é
essencial.
Litwin (2001) em a psicologia cognitiva e suas derivações no campo da
didática enfatizou que as práticas rotineiras , descontextualizadas dos problemas
autênticos, dificilmente possibilitam a capacidade de reflexão. Trata-se de ensinar
problemas reais, e não selecionar para o ensino “problemas de mentira”,
“pedagogizados” os quais não implicam um desafio para o estudante e este se
habitua a resolvê-los aplicando fórmulas prontas.
Os livros tradicionais empregados na educação presencial muitas vezes
retratam os conteúdos numa linguagem culta e com exemplos que muitas vezes
demonstram fenômenos ou fatos, sem grande preocupação de tornar o exemplo
observável pelo aluno (de forma autônoma), e ocorre a necessidade de o professor
intervir, abordando o exemplo sob uma forma capaz de ser compreendida pelo
aluno. No EAD, esse aspecto é importante, e neste caso os MDI devem ser
22
amplamente planejados, organizados e revisados para que o aluno possa
compreender o assunto. Esse aspecto contribuirá para a autonomia do aluno que
construirá seu aprendizado em seu tempo e baseado nas interações dos fóruns,
chats, mas com a base do MDI ou das leituras feitas. Os MDI deverão assim ter
linguagem e formato que facilitem uma leitura interativa e de fácil assimilação. A
linguagem usada deve ser dialógica, para que na ausência física do professor, o
ensino possa acontecer. Os MDI deverão garantir a compreensão, a motivação, para
isso sendo usada linguagem simples, clara e até mesmo com tom de proximidade,
como que fosse o professor ali falando com o aluno, de forma a ampará-lo e motivá-
lo.
Quanto a forma podemos dizer que o design dos MDI (design instrucional)
deve ser organizado de forma a estimular a leitura, evitando uma massa de leitura
contínua, devendo ter trechos de conteúdo, pausados com ilustrações,
exemplificações, diálogos, possibilidades de complementar informações, etc. Para
facilitar a leitura dinâmica e clara são empregados recursos como caixas de diálogo,
que podem ser caixas de vocabulário, sempre que aparecer um termo de difícil
entendimento ou que seu significado não é amplamente conhecido. São usados
também caixas com ilustrações, exemplificações, ou com uma proposta de texto
complementar, de site ou referência, ou ainda uma fórmula a ser empregada, uma
reflexão, etc. Essas caixas são recursos que tornam o MDI mais agradável e
interativo, possibilitando ao leitor interagir junto ao material e construir de diferentes
formas o seu saber. Esse aspecto também é muito importante no que tange a
atender os diferentes níveis cognitivos ou de participação dos alunos, assim alunos
que estão bastante interessados poderão avançar em conteúdos, pesquisas e
sugestões expressas nestas caixas. Cabe apenas ressaltar que o cuidado com a
23
forma não desfaz a importância do cuidado com o conteúdo, assim é preciso manter
a integração dos conteúdos, a sequência lógica, etc.
Fala-se de forma geral que os alunos não gostam de ler, são resistentes e
que por isso têm tanta dificuldade em escrever (apesar desse aspecto não limitar-se
a educação presencial), mas paremos para refletir sobre um pequeno exemplo: o
que faz uma criança na terceira série em seus momentos livres, ler sem solicitação a
um livro como por exemplo “ Marley e Eu”. Muitos aspectos estão envolvidos e
muitos livros poderiam ter sido citados, mas certamente o fato daquele assunto irao
encontro dos anseios e realidades do leitor fez toda a diferença no que tange a
motivação.
Na definição de Soares
(...) o livro didático é uma difícil proposta pedagógica de um conteúdo
correto e atualizado, selecionado do vasto campo de conhecimento em que
se insere, por critérios rigorosos, para fins de formação escolar,
apresentando sob forma didática adequada aos processos cognitivos
próprios a esse conteúdo, e ainda própria à etapa do desenvolvimento em
que se encontre o aluno, aos processos interativos que caracterizam a sala
de aula e às circunstâncias sociais e culturais em que se insere a escola.
A utilização do livro didático já em sala de aula é um processo que exige
cuidado, pois é necessária a habilidade de o professor fazer com que o conteúdo
seja acompanhado por toda a turma. Tratando-se de EAD torna-se uma proposta
ainda mais complexa, pois o MDI não poderá ter a mesma estrutura do livro
convencional, ou pelo menos, não vir trabalhado isoladamente, ele terá sempre
como preocupação para o elaborador o fato de torná-lo entendível.
Ainda tratando sobre a EAD citamos Umberto Eco (1996)
“apesar das diferenças o computador é um instrumento alfabético. Na sua
tela correm palavras, linhas e para usar um computador é preciso ser capaz
de ler e escrever. Nesse sentido continua a tela do computador como que
um livro na qual se pode ler sobre o mundo na forma de palavras e
páginas.”
24
Mas o próprio Umberto Eco (1996) retrata várias diferenças entre o livro
impresso e o eletrônico, pela estrutura hipertextual. Diz ele quanto ao meio impresso
“(...) lê-se da esquerda para a direita, ( ou da direita para a esquerda, ou de
cima para baixo, de acordo com diferentes culturas), sempre em um sentido
linear. “Ao contrário, em um texto eletrônico, organizado sobre a forma de
hipertexto, há uma rede multidimensional na qual cada ponto ou nó pode
ser potencialmente conectado com qualquer outro nó.”
A leitura no meio digital, apesar de apresentar algumas características
similares a do material impresso, como textos para leitura, imagens e propostas de
atividades, vai além, pois permite a interação entre o leitor-navegador com o texto e
muitas possibilidades se abrem para a pesquisa e para o aprendizado. Neste livro o
leitor navegador poderá navegar por todo o texto, clicar em links, cruzar e comparar
informações, etc. Contudo é preciso observar que tudo isso é uma novidade e que
também trás uma dificuldade que trata da própria constituição dos veículos livro e
computador como meios de comunicação. Na tela do computador os textos estão
dispostos verticalmente, condicionando o corpo e o olhar do leitor a uma posição
vertical, além de todos os sentidos estarem envolvidos de forma geral com essa
estrutura. Assim a leitura não é confortável, não tem ângulo, cansando o leitor que
na maior parte das vezes prefere imprimir e ler a vontade o material, às vezes
deitado ou numa inclinação que lhe facilite a leitura.
Uma característica que o MDI deve privilegiar é o elemento imagético, de
forma a potencializar o entendimento do assunto, assim, cada disciplina ou assunto
empregará diferentes tipos de imagens como quadro com fórmulas, figuras, partes
do processo, fluxogramas, mapas, corpo humano, de forma a possibilitar ao aluno
maior compreensão do assunto. Tal recurso muitas vezes pouco explorado nos
livros convencionais deve ser amplamente empregado no MDI para a EAD.
25
Muitos conteúdos são por vezes maçantes e extremamente descritivos, como
por exemplo, as disciplinas Biologia, Física, Matemática e outras, possuem grande
número de informações nomes, processos são transmitidos aos alunos, e neste
caso ilustrações, fotos, esquemas e até mesmo caixas de diálogo poderão tornar o
texto mais leve e proporcionará maior entendimento. Nas ciências humanas, apesar
de possibilitarem maior associação a realidade humana, possuem em geral
conteúdos extensos onde existe muita facilidade para ilustrações, neste caso devem
ser colocadas caixas que suavizem o texto, entremeando questionamentos,
reforçando idéias. O uso de analogias poderá levar o aluno a estabelecer relações
com a atualidade e com sua realidade. È importante que a diagramação do MDI crie
um ambiente textual agradável, leve e motivador para a leitura.
As figuras abaixo mostram como cores, ilustrações podem auxiliar na
compreensão dos conteúdos, dentro de seus contextos ou até mesmo sendo
utilizada unicamente para dar a idéia de uma mensagem completa. Sendo
extremamente importantes na elaboração de materiais impressos.
FIGURA 1 - O USO DE EXPRESSÕES E CORES PARA RESSALTAR UMA IDEIA
26
FIGURA 2 – IMAGENS QUE RETRATA UM CONTEÚDO ESPECÍFICO
Mas o que é Desenho Instrucional? Após buscas por definições práticas e
simplificadas o que podemos dizer é que:
“Desenho Instrucional é o desenvolvimento sistemático de materiais e
processos educativos visando à alta qualidade do aprendizado.
Fundamenta-se em teorias comportamentais, cognitivas e construtivistas, a
fim de solucionar problemas relacionados à capacitação e educação.
Envolve etapas de análise de necessidades, análise dos objetivos
educacionais, análise das condições ambientais sob as quais o aprendizado
deve ocorrer, bem como a avaliação de materiais educativos, processos e
resultados. Pode ser aplicado ao planejamento e desenvolvimento de
cursos, materiais e atividades didáticas através de diferentes mídias.” Fonte:
http://www.idprojetoseducacionais.com.br
27
E, sintetizando estas ideias podemos entender que o desenho instrucional
ocorre em vários níveis e busca permitir e facilitar o entendimento do assunto pelo
aluno, esclarecendo, ampliando , exemplificando, contextualizando o conteúdo. É
usado para tornar o MDI e a aula de EAD entendíveis ao aluno, facilitando o
aprendizado.
Na sala de aula o professor emprega elementos como o tom da voz, o andar,
a expressão facial, a gesticulação, trazendo exemplos e dados que buscam
enriquecer a aula a partir dos elementos que ele vai diagnosticando no meio. Assim
percebe que um aluno ainda não compreendeu o assunto e reformula o problema,
trazendo para um outro cenário, etc. Na EAD isso não é possível e o MDI deve
trazer o conteúdo esperado, de uma forma próxima, esperando exemplificar e mais
uma vez reforçar para os alunos que alinda não tenham entendido, com um
vocabulário simples e próximo ao aluno. É importante que o autor/professor se
mostre, escreva apresentando-se e exponha o que será visto qual sua importância e
porque é interessante, assim como faríamos numa aula presencial. Não é possível
entrar com um livro frio e conteúdos estanques como se ali lendo o material do EAD
não existisse um aluno, com emoções, anseios e necessidade de aprender. Os
alunos devem saber como serão avaliados em relação à disciplina ou ao conteúdo.
No MDI é importante imaginar exemplos, analogias posicionando-se como se
estivesse diante de uma turma e um conteúdo a ser ensinado, sem que pudesse
fala-lhes, mas que aquele meio impresso devesse envolver todas as explicações e
exemplificações necessárias à compreensão de todos os alunos. É importante que
após a abordagem dos conteúdos, haja a prática, a realização de exercícios e a
reflexão sobre aquele assunto.
28
A palavra escrita pode ser servir para envolver, comover, desafiar, questionar,
mas também pode desmotivar, cansar ou dificultar a aprendizagem. É preciso usar a
escrita para tornar a aula mais envolvente, próxima e desafiadora, já que a
motivação e a atenção precisam ser trabalhadas na EAD.
3. Resultados e Discussões
Tendo-se em vista a pesquisa teórico-documental realizada observa-se que
no EAD é necessário o planejamento conjunto dos meios e ferramentas que serão
empregados para a interação entre tutores e professores. O material impresso,
sendo um dos recursos empregados na transmissão dos conteúdos é organizado a
partir das características do próprio conteúdo, bem como no perfil dos alunos, de
forma a possibilitar uma comunicação eficaz, permitindo ao aluno uma
aprendizagem dinâmica e proporcionando maior autonomia ao mesmo. Assim, O
material impresso deve ser elaborado com cuidados especiais, lembrando sempre
que o professor não está presente no momento em que o aluno lê o material e desta
forma o próprio texto a ser lido deve ter a capacidade de fazer-se claro e estimulante
ao aluno. Algumas características que o material impresso deverá ter estão
sintetizadas no quadro abaixo:
CARACTERÍSTICAS QUE O MATERIAL IMPRESSO DEVE POSSUIR
Linguagem
simples e clara.
Visa permitir que o aluno compreenda o que está sendo
descrito. Sempre que surgir a necessidade do uso de uma
palavra que o aluno não tenha conhecimento o sentido da
palavra deve estar no texto, separado por vírgulas ou
travessões. É importante não deixar de esclarecer nenhum
29
pré-requisito à compreensão do assunto.
Precisão e
rapidez.
O texto impresso na EAD deve ser preciso, isto é, ter certa
concisão, evitando prolongamentos que podem prejudicar a
compreensão do assunto pelo aluno.
Linguagem
coloquial e direta.
Visa proporcionar a sensação de proximidade entre o autor e o
aluno, gerando uma sensação de familiaridade e estimulando
a curiosidade pela leitura. O texto deve conversar com o aluno,
daí o grande uso de interrogativas, como se fosse uma
conversa pessoal e agradável .
Ter consistência. Trazer informações importantes sobre o conteúdo e adequado
ao objetivo da disciplina.
Apresentar
conexões com o
conteúdo e
outros meios,
seja diferentes
mídias, livros,
etc.
A sugestão de outros meios onde o aluno poderá encontrar o
conteúdo é importante para permitir o avanço dos alunos,
estimulando a pesquisa e a oportunidade de ampliação do
conhecimento. O texto então será dialógico, na medida em
que estimula o aluno a outras leituras.
Evite frases com
negativas.
Facilitar o entendimento pelo aluno, e negativas podem trazer
incompreensões.
Use caixas de
diálogo.
Caixas com palavras citadas no texto e seu significado; ou
caixas com indicações de leituras , filmes, sites , etc.; caixas
com exemplos e citações que possam facilitar o aprendizado;
caixas com figuras, charges, diálogos que busquem interagir
com o aluno. As caixas de diálogo são importantes para dar
30
leveza ao texto e inserir comentários necessários.
Layout do
material
impresso.
O texto deve ter leveza, trazendo o conteúdo de forma
agradável a leitura. Com linguagem clara, períodos curtos,
concisos, de fácil compreensão, dialógicos e proporcionando
ao aluno a curiosidade pela pesquisa.
Atividades
introduzidas ao
longo do
conteúdo.
É importante que o aluno tenha o feedback se está
compreendendo o assunto ao longo do mesmo, assim devem
ser introduzidas atividades após pequenos conteúdos, de
forma a permitir ao aluno o aprendizado e a fixação em
frações do mesmo.
O Ensino a Distância tem representado uma possibilidade para proporcionar a
democratização do ensino. Isso pode ser demonstrado pelo crescimento do número
de alunos nos últimos anos, que vêem no EAD uma oportunidade de ensino sem as
dificuldades inerentes à distância e horários. Tem ocorrido assim, uma crescente
valorização da Educação a Distância devido à crença na sua capacidade de cumprir
metas de instrução com uma baixa razão custo/benefício e largo alcance do número
de pessoas, já que pode atingir pessoas de locais distantes e vários alunos. Neste
contexto, considerando as especificidades do EAD, observamos que existe uma
variedade de recursos que podem ser utilizados com o objetivo de levar o aluno a
desenvolver sua autonomia no processo de construção do conhecimento. Entre eles
está o material didático impresso (MDI). Porém é importante observar que o EAD
necessita de uma estrutura diferenciada, não bastando uma simples transposição do
material usado presencialmente. São necessárias reformulações a nível pedagógico
e metodológico, e uma estrutura tecnológica adequada.
31
Segundo Umberto Eco (1996), o que difere um texto eletrônico de um
impresso baseia-se em um ponto central. No primeiro as informações são
organizadas na forma de hipertexto que apresentam uma rede multidimensional
onde os pontos chaves estão interconectados. Enquanto no segundo o texto é
apresentado de uma forma linear. Porém a aplicação de um desenho instrucional
adequado pode reorganizar o conteúdo de forma que o texto impresso também
possua características de hipertextos dentro do seu desenvolvimento.
Um desenho instrucional bem estruturado faz com que o aluno concentre-se
no objetivo para o qual o material foi produzido e a clareza no conteúdo visa uma
maior absorção por parte do aluno. Desta forma, o caráter imagético de um MDI é
um fator de destaque que deve ser explorado na produção para o EAD. O autor de
um MDI deve sempre buscar a utilização de variados tipos de imagens como quadro
com fórmulas, figuras, partes do processo, fluxogramas, mapas, etc., de forma a
possibilitar ao aluno maior compreensão do assunto. Portanto, uma equipe
multidisciplinar que trabalha de forma cooperativa, com a liderança democrática que
focará a utilização máxima das capacidades profissionais, permitindo a interação
participativa, promove condições para que o material impresso seja elaborado,
revisado, discutido de forma a aplicar satisfatoriamente a visão pedagógica e o
desenho instrucional que foi pensado para abordar diferentes aspectos que devem
ser alcançados pelo aluno para que ele consiga desenvolver-se com autonomia
rumo ao aprendizado.
4. Conclusão
Ao analisarmos, de forma geral, o contexto sócio-econômico e educacional
brasileiro verifica-se que ainda existe grande desigualdade no acesso ao ensino,
32
tanto na educação básica como no ensino superior. Esta dificuldade para o acesso
a educação ou mesmo para a permanência na escola se dá em grande parte devido
a questões sócio-econômicas, ou ainda, devido à própria história da formação da
sociedade brasileira.
Políticas públicas têm sido adotadas a fim de expandir a educação à
população, buscando também diminuir as desigualdades de acesso, como por
exemplo, a adoção de cotas para negros nas universidades, medida que tenta
oportunizar vagas a uma parcela da sociedade que num processo histórico vêm
sendo prejudicada. Podemos citar também projetos como o bolsa família, que busca
ampliar a permanência das crianças pobres nas escolas.
De forma geral a necessidade de ampliação de oportunidades de ensino é uma
realidade, seja devido ao aumento populacional ou ainda, devido ao crescente nível
de qualificação exigido pelo mercado de trabalho, surgindo a necessidade da
educação continuada.
Ainda assim percebe-se, no Sistema educacional brasileiro, no que tange ao
ensino público, que este tem se defrontado com muitas dificuldades, tais como
evasão escolar, baixo aproveitamento, deficiência de estabelecimentos de ensino
em muitas regiões do Brasil, falta de professores em número suficiente em muitas
escolas, etc.
Podemos verificar que tais fatores demandam uma ampliação no sistema
educacional de ensino. O Ensino a Distância tem, neste sentido, representado uma
possibilidade para proporcionar a democratização do ensino. Isso pode ser
demonstrado pelo crescimento do número de alunos nos últimos anos, que veem no
EAD uma oportunidade de ensino sem as dificuldades inerentes à distância e
horários.
33
Tem ocorrido assim, uma crescente valorização da Educação a Distância
devido à crença na sua capacidade de cumprir metas de instrução com uma baixa
razão custo/benefício e largo alcance do número de pessoas, já que pode atingir
pessoas de locais distantes e vários alunos . No entanto, esse aumento na demanda
pela EAD tem levado a uma vulgarização desta modalidade educacional, com a
proliferação de núcleos promotores de educação a distância e de materiais
didáticos, sem a devida qualificação e compreensão de seus limites e
potencialidades. (Aretio, 1997). Compreendemos que o uso da tecnologia da
informação na educação tem tido momentos de fascínio e sedução e outros
momentos onde existe certa frustração. Isso se dá porque a tecnologia por si não
consegue suprir a adequação pedagógica necessária a cada caso e a cada
conteúdo a ser ensinado, ou seja, não se pode esquecer a dimensão pedagógica do
conteúdo impresso ou mesmo do conteúdo disponibilizado online. A EAD é uma
modalidade de educação, que sendo realizada a distância guarda a necessidade de
articulação de conteúdos, objetivos, a iniciativa do educando, enfim guarda extrema
preocupação com o caráter pedagógico. Embora essa preocupação esteja presente
no processo de elaboração do material didático, não pode se limitar a ele é
importante que perpasse toda a estrutura do curso.
“Visões pós-fordistas do futuro acreditam que os avanços das TICs poderão
revolucionar a pedagogia no século XXI, da mesma forma que a inovação
de Gutemberg revolucionou a educação a partir do século XV. O que não
significa que estas tecnologias substituirão o discurso escrito na educação,
mas que seu uso intensivo e integrado certamente provocará mudanças nos
modos de ensinar e aprender e na própria forma do discurso escrito, que se
adapta aos poucos às máquinas informáticas.” (HOLMBERGT,1990)
É importante observar que o EAD necessita de uma estrutura diferenciada,
não bastando a transposição do modelo de educação presencial. São necessárias
reformulações a nível metodológico e uma estrutura tecnológica adequada, além de
estar amparado legalmente. Para a implementação do EAD é necessário haver o
34
trabalho integrado de uma equipe multidisciplinar, que realizará de forma organizada
a elaboração de materiais didáticos apropriados ao ensino a distância, os
instrumentos de avaliação formativa e somativa, o acompanhamento dos alunos por
meio de tutores online e nos pólos presenciais. É importante que toda esta equipe
esteja ciente das especificidades do ensino a distância e que haja uma gestão que
enfatize a colaboração, a integração e o comprometimento com a qualidade do
trabalho desenvolvido. Formar essa equipe não é tarefa fácil, por abranger
diferentes profissionais, como professores, pedagogos, técnicos em informática,
gerenciadores de redes e softwares, tutores presenciais e online, web designer e
outros. Esta equipe multidisciplinar é necessária, pois o ensino a distância exige
uma capacidade de comunicação que venha a minimizar ou suprir a falta do
professor, proporcionando ao aluno condições para interagir com o material
disponibilizado e com as mídias de forma a construir seu aprendizado. As TICs
representam para o EAD a forma de possibilitar esta interação, seja entre alunos e
tutores, com a coordenação, entre os próprios discentes, etc., num formato
denominado espiral, onde a comunicação simples e rápida é viabilizada.
São muitas as dificuldades ainda existentes quando tratamos de EAD, seja
nível de elaboração dos materiais didáticos, textos, onde muitas vezes os
professores que os elaboram ainda não têm a noção a nível de cumprimento de
prazos, necessários ao planejamento de um curso a distância, já que o texto ainda
passará por revisão, por diagramação e por adequação de designer, etc. Também
há dificuldades a nível tecnológico, pois o EAD demanda uma estrutura de
microcomputadores mais apropriada, com sistema de redes e amplo acesso a
internet, o que muitas vezes não existe, principalmente quando tratamos dos pólos
do interior do Brasil. Desta forma deve ser avaliada esta importante crítica, pois
35
como democratizar o ensino tendo dificuldades para implementação do EAD
principalmente nos locais mais distantes e carentes de recursos, onde seria mais
importante estar focando sua implantação. Devemos ter cuidado para não reproduzir
as mesmas desigualdades que o ensino presencial.
Manter um ambiente cooperativo, acolhedor e integrado, para a realização de
um trabalho adequado a metodologia de EAD não é fácil tendo em vista as
diferentes formações e características dos profissionais. Para uma gestão
democrática que prestigie as diferentes capacidades é importante que a equipe
esteja ciente de custos, das necessidades para estruturação de um curso a distância
e do compromisso desta equipe com o aprendizado do aluno. Esses aspectos
necessitam estar sendo constantemente acompanhados por um gestor que realize
essa coordenação, tornando o ensino de qualidade. Para essa coordenação devem
coexistir medidas como reuniões mostrando as metas e necessidades comuns ao
grupo total e reuniões menores que tratarão de aspectos direcionados a cada
função. Deve haver sempre a participação de profissionais que trabalharão de forma
multidisciplinar
Enfim, com uma equipe multidisciplinar,trabalhando de forma cooperativa,
coma liderança democrática que focará a utilização máxima das capacidades
profissionais, permitindo a interação participativa, há condições para que o material
impresso seja elaborado, revisado, discutido de forma a abordar diferentes olhares
que do ponto de vista pedagógico permitirão ao aluno desenvolver-se com
autonomia rumo ao aprendizado.
36
5. REFERÊNCIAS:
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