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    A ergonomia e uma nova visão na aquisição de mobiliário para

    escritórios

    Mariana Furtado Riccio –  [email protected]

    Master em Arquitetura

    Instituto de Pós-graduação

    Belo Horizonte, MG, 18 de junho de 2012

    Resumo

    Atualmente, praticamente todos os locais de trabalho utilizam computadores. As condições de

    trabalho no terminal de computador são mais severas quando há inadequações, causando aschamadas doenças ocupacionais (DORT e LER). Considerando que as empresas buscammenor custo na aquisição do mobiliário, por não ter a visão de que esse comportamento pode

     prejudicar a produtividade e a saúde do trabalhador, a pesquisa tem como foco mostrar ascaracterísticas e benefícios que um mobiliário certificado pode trazer para o usuário e aempresa. Para alcançar o objetivo, o trabalho começa com a exposição da evolução dosambientes de escritórios e das normas aplicadas ao mobiliário que estabelece requisitosminimos para sua fabricação. Outra etapa são resultados de duas pesquisas de campo: uma,mostrando as caracteristicas que as mesas e cadeiras devem ter na visão do usuário, extraidade livro Ergonomia: Projeto e Produção de Itiro Iida, e outra, realizada em Belo Horizontecom 50 entrevistados, mostrando os requisitos para aquisição do mobiliário, na visão do

    responsável pela compra (arquitetos, compradores, diretores, gerentes etc.). Os resultadosencontrados indicam que a visão das empresas, tende a ser inversa ao que as normasestabelecem e o que os usuários pensam. Se a empresa tiver uma nova visão da aquisição domobiliário, poderá garantir maior capacidade produtiva e melhor qualidade de vida dotrabalhador.

    Palavras-chave: Qualidade de vida. Ergonomia. Normas. Aquisição de mobiliário paraescritórios.

    1. Introdução

    Com o crescimento das empresas e a intensificação dos trabalhos em ambientes de escritórios,houve a demanda de espaços para um maior número de pessoas, necessitando de um melhor

     planejamento desses espaços.

    O planejamento dos espaços evoluiu buscando a melhoria da qualidade dos serviços

    oferecidos pela empresa, visando à consolidação da imagem corporativa, e considerando

    também a qualidade de vida do trabalhador.

    A integração das áreas administrativas, humanizando e otimizando os espaços de forma a

    melhorar o desempenho dos trabalhadores, e a adoção de padrões estéticos coerentes com aimagem que a organização quer transmitir, foram resultados dessa evolução.

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     Nos anos 80, houve mudanças nos ambientes de escritório com a introdução da informática e

    a instalação de computadores nos postos de trabalho.

     Nesse novo contexto, a imagem do trabalhador atual é “sentado diante de um computador

    onde se requer pouca força física, mas muita atenção, concentração mental para as tomadas de

    decisões” (IIDA, 2005).

    Também, a tecnologia tornou o ambiente de trabalho mais compartilhado e flexível,

     possibilitando maior interação entre os membros da equipe. Os postos de trabalho são mais

    compactos constituídos por acessórios e componentes que dão maior flexibilidade.

    A organização dos espaços e a concepção do layout, incluindo o mobiliário, são fundamentais

    em relação ao funcionamento da empresa e seus usuários, tendo em vista que, “a qualidade do

    espaço influi no aumento da produtividade, no bem estar do funcionário e na qualidade de

    vida” (Revista Projeto, 2003).

    Além isso, temos a importante contribuição da ergonomia, que reduz drasticamente as

    conseqüências nocivas sobre o trabalhador, visando a “saúde, segurança, satisfação e mai or

    eficiência no trabalho” (IIDA, 2005).

    O problema da pesquisa foi identificar as características e benefícios que um mobiliáriofabricado dentro dos padrões de ergonomia pode trazer para o usuário e a empresa.

    A pesquisa parte do pressuposto que, as empresas, para reduzirem os custos, adquirem

    mobiliários inadequados, sem qualidade e sem especificação técnica ou tem a visão da

    aquisição de mobiliário como despesa e não recurso para realização do trabalho.

    Além disso, a grande oferta do mercado moveleiro faz com que existam empresas que

     produzam móveis de forma amadora e sem considerar as normas técnicas, enquanto outras se

     preocupam com a fabricação de móveis de qualidade seguindo as normas e atestando ascaracterísticas ergonômicas.

    Acredita-se que a pesquisa possa esclarecer e diferenciar dos demais, um produto com

    ergonomia certificada, além de contribuir para despertar o olhar crítico dos envolvidos na

    aquisição do mobiliário, não como um custo a mais, mas considerando que o investimento

    gera um retorno em bem estar e produtividade do trabalhador.

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    2. A Evolução dos Espaços de Escritórios

    A Revolução Industrial foi um marco significativo para a evolução desses espaços. O

    aparecimento de indústrias resultou na concentração do setor administrativo e controle da

     produção criando assim, novos espaços para escritórios.

    Uma nova forma de organização do trabalho, o taylorismo, foi criada a fim de extrair o

    máximo da capacidade produtiva humana, racionalizando o trabalho operacional através do

    estudo do tempo e movimento de cada tarefa a ser realizada. A padronização do mobiliário e

    rigidez do layout assegurava a hierarquia, disciplina e linearidade do processo de trabalho.

    Figura 1 –  Padronização do mobiliário

    Fonte: Andrade, Cláudia (2007)

    Apesar de manter a organização do processo, as condições de trabalho eram péssimas, uma

    vez que o foco era a produção e não a qualidade de vida do trabalhador.

     Na década de 30, as inadequadas condições projetuais e ambientais dos locais de trabalhoforam motivos de preocupação por parte dos arquitetos e designers, que propuseram

    melhorias na qualidade dos ambientes de locais de trabalho, sendo assim os pioneiros em

    responder a essas necessidades.

    O arquiteto Frank Loyd Wigth foi o pioneiro em adotar sistema central de climatização de ar e

    mobiliário específico de trabalho em aço.

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    Figura 2 –  Interior do edifício da Johnsons Wax, arquiteto Frank Loyd WigthFonte: Andrade, Cláudia (2007)

    Figura 3 –  Estação de trabalho projetada pelo arquiteto Frank Loyd Wigth

    Fonte: Andrade, Cláudia (2007)

     Na década de 70, com um sistema de produção voltado para a economia do tempo, onde a

     política da qualidade tem como foco, da produção ao consumidor final, as empresas investem

    na participação dos funcionários de nível técnico no processo produtivo, gerando novos

    cargos de especialistas. As estruturas das empresas aumentam, demandando um espaço paraos novos empregados.

    A nova concepção espacial em planta livre, o Open Plan, tem como foco a rapidez nas

    comunicações e flexibilidade na organização do espaço. Condena o taylorismo pela

    massificação e segregação hierárquica, reduzindo essas características através do convívio em

    um mesmo espaço com chefes e chefiados. Apresentam layout com esquemas mais orgânicos,

    mobiliários distribuídos segundo linhas de fluxo e relações de proximidade. O custo com

    iluminação e ar condicionado é reduzido uma vez que os ambientes não são fechados com

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    divisórias altas, além de considerar instalações com fácil mudança da infra-estrutura elétrica e

    telecomunicações.

    A introdução da informática nos anos 80 reduziu os custos e agilizou os processos de trabalho

    aumentando a capacidade de produção das empresas.

    Atualmente, a concepção de espaços para escritórios tendem a desenvolver espaços mais

    abertos, amplos e mobiliários com estações mais compactas, compostas por acessórios e

    componentes que dão mais flexibilidade e instalação de infra-estrutura de melhor qualidade

    como piso elevado, sistema de iluminação artificial, sistema de ar condicionado e forro

    acústico.

    O uso de mobiliário auto-portante com painéis divisores mais leves e suspensos auxilia na

    circulação de ar e eficiência nos serviços de limpeza. As mesas dispõem de poucas gavetas e

    há uma redução no número de armários individuais.

    Figura 4 –  Mobiliário com painéis divisores e gaveteiro fixo.

    Fonte: Alberflex

    Equipamentos como computadores, telefone, fax e impressora são indispensáveis para a

    realização do trabalho em escritórios.

    O ambiente de escritórios tornou-se mais compartilhado, a integração, a comunicação e o

    contato visual são premissas desse novo conceito.

    As empresas transformaram-se em estruturas complexas e que almejam projetos específicos

    com objetivo de transmitir uma imagem corporativa, e o mobiliário, em alguns casos, é um

    fator determinante para que isso aconteça.

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     Na economia atual, a cultura de gestão de espaços geralmente está baseada em custos. As

    empresas para enxugar os custos, adquirem mobiliário inadequado, sem qualidade e sem

    especificação técnica.

    Viabilizar a aquisição de mobiliário compatível com a necessidade e demanda da empresa é

    garantir a qualidade do espaço, bem estar do funcionário e conseqüentemente maior

     produtividade.

    3. Ergonomia no Mobiliário para Escritórios

    A intensificação do uso de computadores em estações de trabalho inadequadas e os avanços

    da tecnologia de informação e telecomunicações “causaram inúmeros prejuízos à saúde dos

    trabalhadores e um número sem precedentes de processos trabalhistas para as empresas,

    fizeram surgir normas e requisitos ergonômicos específicos que resultaram em ajustes

    importantes nos mobiliários destinados ao uso em escritórios” (ANDRADE, 2007).

    Atualmente, existem postos de trabalhos com computadores em praticamente todas as

     profissões. As condições de trabalho no terminal de computador são mais severas quando há

    inadequações, causando fadiga visual, problemas de postura, dores musculares do pescoço e

    ombros, dores nos tendões dos dedos, que são as chamadas doenças ocupacionais (DORT e

    LER). Essas patologias são a segunda causa mais freqüente de afastamento de profissionais

    no Brasil de acordo com Nanci Corbioli.

    A ergonomia estuda os fatores que influenciam no desempenho do sistema produtivo,

    reduzindo as conseqüências sobre o trabalhador visando a saúde, segurança e eficiência

     produtiva.

    O posto de trabalho para escritório consiste num conjunto integrado de mesa e cadeira. Os

    dois componentes estão relacionados entre si favorecendo ou dificultando a atividade a ser

    realizada, preservando ou prejudicando a saúde do trabalhador.

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    Figura 5 –  Conjunto integrado: mesa e cadeira.

    Fonte: Alberflex

     No Brasil existem normas específicas aplicadas aos postos de trabalhos para escritórios,

    exigindo padrões mínimos a serem seguidos pela indústria moveleira.

    A norma NR-17 Ergonomia expedida pelo Ministério do Trabalho, estabelece requisitos

    ergonômicos mínimos para se ter um ambiente adequado como, bordas arredondadas,

    superfícies separadas para teclado e monitor com regulagem de altura, mesas com

     profundidades adequadas, tipo, textura, cor dos materiais de acabamento, acessórios de apóia- pés, cadeiras mais confortáveis com regulagem de ajuste da altura do assento, encosto e

     braço.

    As normas da ABNT são aplicadas para móveis de escritórios, que especifica características

    físicas e dimensionais para mesas, cadeiras, bem como estabelece métodos para determinação

    da estabilidade, da resistência e da durabilidade dos móveis. São elas: NBR 13966 e NBR

    13962.

    O produto que é fabricado dentro das normas pode ser submetido a testes e ensaios realizados

     pela ABNT que emitirá certificação, caso o produto tenha preenchido todos os requisitos de

    análise.

    3.1. Aplicação das Normas ao Mobiliário para Escritório

    3.1.1. Cadeiras

    As vantagens do trabalho assentado são inúmeras em relação ao trabalho em pé, pois consome

    menos energia reduzindo a fadiga, a pressão mecânica sobre os membros inferiores e a

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     pressão hidrostática da circulação nas extremidades que alivia o trabalho do coração, além de

     permitir o uso simultâneo dos pés e mãos.

    Também tem suas desvantagens, como o aumento da pressão sobre as nádegas, restrição dos

    alcances, além de o assento, se mal projetado, provocar estrangulamento da circulação

    sanguínea nas coxas e pernas.

     Na posição sentada, todo o peso do tronco acima da bacia é transferido para o assento

    aliviando a pressão sobre os membros inferiores. O contato do corpo com o assento se dá

    através de dois ossos de forma arredondada situados na bacia, chamados tuberosidades

    isquiáticas, cobertas apenas por tecido muscular e uma pele grossa.

    Figura 6 –  Estrutura óssea: tuberosidades isquiáticas.

    Fonte: Iida, Itiro (2005)

    “Em apenas 25cm² de superfície da pele sob as tuberosidades concentram-se 75% do peso

    total do corpo sentado” (IIDA, 2005).

    O estofamento confeccionado em espuma de poliéster, com no mínimo 25 mm de espessura,

    com o índice de dureza de acordo com a ISO 2439, de 135 a 660N e densidade 27kg/m³ a

    30kg/m³, colocada sobre uma base rígida auxilia na distribuição da pressão e proporciona

    maior estabilidade ao corpo, reduzindo o desconforto e a fadiga.

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    Figura 7 –  Distribuições de pressões sobre o assento.Fonte: Iida, Itiro (2005)

    O revestimento do assento em material antiderrapante com capacidade de dissipar o calor e o

    suor gerados pelo corpo são características importantes das cadeiras.

    A norma NBR 13962 recomenda largura de 40 cm e profundidade útil entre 38 e 44 cm para

    assentos. Também deve ter estabilidade, durabilidade e resistência a uma carga vertical

    mínima no eixo da cadeira de 1500N, cerca de 150 kg.

    A estabilidade da cadeira é garantida pela fabricação de base com cinco pés, pois não tomba

    facilmente. Segundo Iida (2005) recomenda-se que uma cadeira tenha durabilidade de 15

    anos.

    O encosto deve ter cerca de 35 a 50 cm de altura acima do assento, forma côncava com

    espaço vazio de 15 a 20 cm entre o assento e o encosto para acomodar as nádegas e a

    curvatura da coluna vertebral.

    Os apóia-braços ajudam a guiar o corpo durante o ato de sentar-se e levantar-se e serve para

    relaxamento dos antebraços.

    Figura 8 –  Cadeira com apóia-braços

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    Fonte: Alberflex

    As freqüentes variações de posturas servem para aliviar as pressões sobre os discos verticais e

    as tensões dos músculos dorsais de sustentação, reduzindo-se a fadiga.

    Segundo a norma NBR 13962, as cadeiras são classificadas de acordo com o uso. A cadeira

    ideal para postos de trabalho com atividades com uso de equipamentos de computador deverá

    ser a tipo A, que possibilita ajustar várias regulagens. Já a cadeira do tipo C poderá ser

    utilizada em locais com posto de trabalhos que tenham maior rotatividade, como salas de

    reuniões, onde as pessoas geralmente não passam longos períodos sentados.

    TIPO DE CADEIRASRegulagens  A  B  C 

    H assento X  X  X H lombar X  X  X Inclinação do encosto X  X  - Profundidade útil do assento X  -  - Inclinação do assento X  -  - 

    Tabela 1 –  Classificação das regulagens das cadeiras

    Fonte: ABNT, NBR 13962

    3.1.2. Mesas

    O dimensionamento das mesas contém duas variáveis, a altura e a superfície de trabalho.

    A altura é regulada pela posição do cotovelo (3 a 4 cm acima do cotovelo). A norma NBR

    13966 estabelece a altura mínima de 72 cm e máxima de 75 cm. Uma mesa baixa causa

    inclinação do tronco e cifose lombar, pois aumenta a carga sobre o pescoço e o dorso

     provocando dores. Já a mesa alta causa abdução e elevação dos ombros e postura forçada do

     pescoço provocando fadiga dos músculos do ombro e pescoço.O vão livre entre o assento e a mesa deve ser de pelo menos 20 cm.

    O conjunto integrado deverá ter um arranjo de mesa com altura de 74 cm e cadeiras

    reguláveis entre 47 e 57 cm mais apóia-pés regulável de 0 a 20 cm para acomodar as pessoas

    de menor estatura.

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    Figura 9 –  Conjunto integrado: mesa e cadeira.

    Fonte: Iida, Itiro (2005)

    “A superfície da mesa deve ser dimensionada de acordo com o tamanho da peça a ser

    trabalhada, os movimentos necessários à tarefa e o arr anjo do posto de trabalho” (IIDA,

    2005).

    Com relação ao brilho, as superfícies devem ter classificação fosca ou semi-fosca, de acordo

    com as faixas UB estabelecidas na NBR 13966, garantindo que não haja reflexão.

    A área de alcance máximo será obtida girando os braços estendidos em torno do ombro cujos

    arcos estão entre 55 a 65 cm de raio. 

    A norma NBR 13966 estabelece profundidade mínima da mesa de 60 a 110 cm, raio de borda

    de contato com o usuário (borda reta com quinas arredondadas) de no mínimo de 2,5mm para

    não prejudicar a circulação de sangue nos braços.

    Figura 10 –  Detalhe do raio da borda de contato com o usuário.

    Fonte: ABNT, NBR 13966

    O posto de trabalho, montado com seus componentes e acessórios, deve apresentar um espaço

    livre de no mínimo 60 cm na largura da mesa, destinado à acomodação e à movimentação dos

    membros inferiores dos usuários.

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    Figura 11 –  Acomodação para os membros inferiores.

    Fonte: ABNT, NBR 13966

    3.2. Aplicabilidade dos conceitos à realidade

    A NR-17, criada no início dos anos 90, é uma “norma extremamente genérica e que não cria

    nenhum parâmetro efetivo técnico para a definição do mobiliário, mas dá um norte genérico

    do que deve ser o mobiliário adequado” (Revista Projeto, 2003).

    As normas da ABNT que vieram depois, em 1998, já representam um grande passo, porqueestabelecem parâmetros bem definidos de como deve ser o mobiliário.

     Nesse sentido, a NR-17 e a coletânea das normas da ABNT se complementam.

    Dessa forma, a especificação técnica de mobiliário deverá atender aos seguintes critérios:

    (...) critério técnico, de atendimento às normas e necessidades de quem vai trabalharnaquele mobiliário; critérios com relação ao desempenho técnico dos materiais aserem utilizados; critérios de desempenho relacionados ao uso daquele mobiliário,como durabilidade, flexibilidade, facilidade de manutenção, segurança para o

    usuário; e os critérios estéticos, relacionados ao estilo do mobiliário, ao design, aoacabamento etc. É claro que também existe o critério custo. (REVISTA PROJETO,2003).

    A empresa deve trabalhar na especificação e aquisição de mobiliários para escritórios,

    levando em conta a preocupação com as questões como ergonomia e durabilidade do

    mobiliário e dos materiais, visando diminuir o risco de problemas trabalhistas e questões

    legais.

    De acordo com estudo feito para a associação pelo economista José Pastore, daUniversidade de São Paulo, no primeiro ano de afastamento de um funcionário, as

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    empresas gastam em média 89 mil reais com encargos sociais e com o salário de seu

    substituto. Somados, os custos patronais com o afastamento por doençasocupacionais no Brasil representam cerca de 12,5 bilhões de reais/ano, fora outros20 bilhões de reais anuais para pagamento de aposentadorias, indenizações etratamento médico. Esses números mostram que é melhor, e mais barato, investir na

     prevenção e na melhoria das condições de trabalho, aí inclusos mobiliário eacessórios adequados à atividade (CORBIOLI, 2005).

    3.3.Pesquisa

    Uma pesquisa realizada em Belo Horizonte (MG) com 50 pessoas, envolvidas na

    especificação e aquisição de mobiliário para escritório (arquiteto, comprador, diretor)

    apresentou o seguinte ranking de características consideradas importantes na hora da decisãoda compra do mobiliário, em ordem decrescente:

    1-  Custo

    2-  Qualidade de vida do trabalhador

    3-  Durabilidade

    4-  Design

    5-   Normas

    A pesquisa também mencionava o conhecimento da norma NR-17, cujo resultado mostrouque 60% não a conheciam.

    Outra pesquisa, extraída do livro Ergonomia: Projeto e Produção, de Itiro Iida, apontam as

    características consideradas importantes para as mesas na visão dos usuários de postos de

    trabalho informatizados:

    1-  Vão livre para acomodação das pernas

    2-  Durabilidade

    3-  Acabamento

    4-  Área do tampo para colocar os equipamentos

    5-  Resistência

    E também, para as cadeiras;

    1-  Conforto

    2-  Regulagem de altura do assento

    3-  Acabamento

    4-  Durabilidade

    5- 

    Regulagem da altura do encosto.

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    A pesquisa mostra que o custo do mobiliário é o fator mais importante na escolha do produto

    a ser adquirido, apesar de buscarem a qualidade de vida do trabalhador, produtos duráveis e

    com apelo estético.

    O desconhecimento da norma NR-17 faz com que as empresas acabem não exigindo dos

    fornecedores, que os mobiliários sejam fabricados de acordo com as normas e que tenham

    certificações de ergonomia.

    Aspectos considerados pelo usuário como vão livre para acomodação das pernas e área de

    superfície de trabalho adequada à atividade, apesar de serem bem definidos pelas normas da

    ABNT, em algumas situações tem seu tamanho reduzido para atender à quantidade de postos

    num mesmo lugar. Em outras situações, as mesas são superdimensionadas para determinada

    atividade.

    Além disso, os usuários também consideram importante, cadeiras com regulagem de altura do

    assento e do encosto, que ajudam no ajuste de acordo com a estatura de cada um, além de

     possibilitar variações de postura, reduzindo a fadiga.

    4. Conclusão

    A visão da aquisição de mobiliário para escritório como despesa e não como recurso para a

    realização do trabalho foi confirmada pela pesquisa.

    O desconhecimento das normas reflete no processo de compra, gerando uma visão

    equivocada, uma vez que as empresas buscam a qualidade de vida do trabalhador, mas não

    exigem dos fornecedores, mobiliários com padrões mínimos de ergonomia para o posto de

    trabalho, sendo que, na visão do usuário, o conforto é a característica mais importante.

     Não existe caro ou barato, o que deve ser levado em consideração são os benefícios que um

    mobiliário com ergonomia certificada poderá trazer para o usuário e a empresa.

    O mobiliário de qualidade tem seu custo mais elevado, mas se a empresa tiver a visão da

    aquisição como recurso, ou seja, como patrimônio, de um produto resistente, e que atenda aos

     padrões ergonômicos, o investimento inicial será mais diluído pela maior vida útil, enquanto o

    mobiliário de baixo padrão terá sua vida útil reduzida e poderá causar problemas de saúde em

    seus funcionários, acarretando afastamentos e ações trabalhistas contra a empresa.

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    Referências

    ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13961: móveis paraescritórios: cadeiras. Rio de Janeiro, 2002.

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    IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção/ Itiro Iida. 2ª edição ver. e ampl. São Paulo:Blucher, 2005. ISBN978-85-212-0354-3

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