A Contribuição da Psicopedagogia no Ensino da Educação...

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A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Cristiane de Souza Boza¹ Laura Bianca Monti² Artigo de conclusão de Curso de Pós- Graduação apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de especialização. Orientadora: Laura Bianca Monti. CURITIBA 2007 ____________________ ¹Aluna do Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço: Rua: Nicola Pelanda, 860, CEP 81930-360, tel: 9908-6980. ²Orientadora do Curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.

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A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Cristiane de Souza Boza¹ Laura Bianca Monti²

Artigo de conclusão de Curso de Pós-Graduação apresentado ao Curso deEspecialização em Psicopedagogia, daFaculdade de Ciências Humanas, daUniversidade Tuiuti do Paraná, comorequisito parcial à obtenção do título deespecialização. Orientadora: Laura Bianca Monti.

CURITIBA 2007

____________________ ¹Aluna do Curso de Especialização em Psicopedagogia, da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço:

Rua: Nicola Pelanda, 860, CEP 81930-360, tel: 9908-6980.

²Orientadora do Curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.

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A Contribuição da Psicopedagogia no Ensino da Educação de Jovens e Adultos

Resumo: O presente artigo teve como principal objetivo, verificar de que forma a

Psicopedagogia pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem dos alunos que

freqüentam a Educação de Jovens e Adultos. A metodologia baseou-se na aplicação

de instrumentos de apoio aplicados durante o processo a quinze alunos da

Educação de Jovens e Adultos do 1º. Período, pertencentes a uma escola da rede

municipal de ensino de Curitiba. Em um primeiro momento foi realizada a

observação em sala de aula para o levantamento dos instrumentos de apoio a

serem aplicados. A partir de então, elaborou-se um plano de intervenção, com a

finalidade de mostrar a importância da Psicopedagogia para o ensino da Educação

de Jovens e Adultos. Enquanto processo de intervenção, observou-se que o trabalho

foi gerador de novas experiências para os alunos, possibilitando aos mesmos uma

reflexão sobre suas conquistas e evidenciando que a Psicopedagogia auxilia no

processo educativo dos alunos.

Palavras-chave: Psicopedagogia; Educação de Jovens e Adultos; ensino-

aprendizagem.

The contribution of Psicopedagogia in Education and the Education of Young

Adults Abstract: This article had as main objective, seen how the Psicopedagogia can help

in the process of teaching-learning of the students who attend the Education of Youth

and Adult. The methodology based on the application of tools to support applied

during the process of fifteen students of Education, Youth and Adult of the 1st.

Period, a school belonging to the network of municipal education of Curitiba. In a first

moment was held the observation in the classroom for the removal of support

instruments to be applied. Since that time, there has developed a plan of action, with

the aim of showing the importance of Psicopedagogia for education and the

Education of Young Adults. While the intervention process, it was observed that the

work was generating new experiences for students, enabling them to a reflection on

his achievements and showing that the Psicopedagogia helps in the educational

process of the students.

Keywords: Psicopedagogia; Education, Youth and Adult; Teaching-learning.

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A visão de mundo dos alunos que freqüentam a Educação de Jovens e

Adultos após um determinado tempo afastado da escola, é uma visão de serem

protagonistas de histórias reais e de vivências valiosas, conquistadas pela vida. As

escolas que ofertam a Educação de Jovens e Adultos recebem alunos que

apresentam aspectos diferenciados: idades variadas, vivências pessoais e

profissionais, origens, motivação, interesse, projetos de vida, ritmos de

aprendizagem e estruturas de pensamento completamente diferente uns dos outros,

precisando ser considerados pelos professores em seu trabalho pedagógico.

Nota-se que a procura pela escola pelos jovens e adultos, não acontece de

uma forma tão simples. Como acontece em muitos casos, trata-se de uma decisão

que envolve família, o trabalho, as condições de acesso e as distâncias percorridas

entre casa e escola, um processo contínuo de idas e vindas, de ingressos e

desistências. Freqüentar a escola torna-se um grande desafio na vida do aluno.

Geralmente os alunos esperam encontrar um modelo tradicional de ensino, ou

seja, exercícios para serem copiados do quadro-negro, um lugar onde o professor é

o único detentor do saber e que somente transmite conteúdos que posteriormente

são recebidos passivamente pelo aluno. Acreditam que a quantidade de tarefas e

exercícios levará a uma boa aprendizagem.

Apresentou-se o histórico e o campo da Psicopedagogia e da Educação de

Jovens e Adultos no Brasil, para que se possa ter um conhecimento geral sobre o

assunto.

A Psicopedagogia surgiu no Brasil no final da década de 70, investigando

porque algumas pessoas apresentavam problemas de aprendizagem. Nessa época,

as dificuldades de aprendizagem eram associadas à uma disfunção neurológica

denominada disfunção cerebral mínima (DCM).

De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada

da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento

independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de

processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos,corretores e preventivos

próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p.21). A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e o de ensinar, os fatores

externos e internos que o interferem positivamente ou negativamente, buscando

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juntar os aspectos cognitivos, afetivos e sociais. O objeto de estudo da

Psicopedagogia estrutura-se em torno do processo de aprendizagem humana.

A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que ocorre de uma

demanda, o problema da aprendizagem, situados além dos limites da Psicologia e

da Pedagogia. Como se preocupa com problemas de aprendizagem, inicialmente

deve entender como se dá o processo de aprendizagem. Sendo assim, a

Psicopedagogia estuda as características da aprendizagem: como é que se

aprende, como se dá as alterações na aprendizagem e de que forma reconhecê-las,

tratá-las e preveni-las.

O trabalho psicopedagógico pode ser preventivo e clínico. O trabalho

preventivo apresenta diferentes níveis de prevenção. No primeiro nível, o

psicopedagogo atua nos processos educativos, tentando diminuir a “freqüência dos

problemas de aprendizagem”. No segundo nível, o objetivo é tentar diminuir e tratar

dos problemas de aprendizagem já instalados. E no terceiro nível, o principal

objetivo é eliminar os transtornos já instalados.

No trabalho clínico, o psicopedagogo precisa reconhecer sua própria

subjetividade dentro da relação. Cabe ao psicopedagogo, saber como se constitui o

sujeito. As transformações em suas etapas da vida; o que é ensinar e o que é

aprender e como os sistemas e os métodos educativos interferem na aprendizagem

do aluno.

Alicia Fernández (apud. BOSSA, 2000 p. 23) coloca que enquanto

psicopedagogos precisamos aprender sobre como os outros sujeitos aprendem, e

esse saber só é possível com uma formação que se oriente sobre três pilares:

a) prática clínica;

b) construção teórica;

c) tratamento psicopedagógico-didático.

Em seu livro “A inteligência aprisionada”, Alicia Fernández nos traz a

percepção para uma concepção de processo da aprendizagem em que o ensinante

(portador do conhecimento) e o aprendente (portador de sua inteligência – sujeito

pensante) estabelecem uma relação entre ambos através de vínculos construídos.

Alguns fatores quando postos em jogo nesta relação firmada através de

vínculos, proporcionam a aprendizagem. Os fatores são: “seu organismo individual

herdado; seu corpo construído especularmente, sua inteligência autoconstruída

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interacionalmente e a arquitetura do desejo, desejo que é sempre desejo do desejo

de Outro”.

Dessa forma, para se entender a questão de “como é que se aprende”, é

necessário ter em mente que a presença do ensinante e do aprendente é de

extrema importância, e o vínculo que se estabelece entre ambos é essencial.

Segundo Sara Paín (apud. FERNÁNDEZ, 1990 p. 51) define: “A

aprendizagem é um processo que permite a transmissão do conhecimento de um

outro que sabe (um outro do conhecimento) a um sujeito que vai chegar a ser

sujeito, exatamente através da aprendizagem”.

O ensinante pode transformar o seu ensinar em conhecimento, através de

quatro níveis de elaboração (orgânica, corporal, intelectual e desejante) e ao

integrar-se ao saber, o conhecimento é aprendido e pode ser utilizado. O sujeito da

aprendizagem tem um saber que o sustenta. Um saber que é produto de sua busca

pelo conhecimento, pela busca do aprender.

O processo de aprendizagem se dará frente à articulação de quatro níveis:

desejo, inteligência, organismo e corpo. Estes quatro níveis constituem o sujeito

aprendente, que por sua vez, se constroem através de uma inter-relação constante e

permanente com o meio familiar e social.

Alicia Fernandez (1990) nos trouxe uma dimensão humana para a concepção

de sujeito da aprendizagem. Apresenta o cuidado até na escolha dos termos

utilizados que caracterizam os sujeitos envolvidos neste processo, demonstrando

que são muito mais que professor-aluno, pai-filho,irmão-irmã, e são sim, ensinante e

aprendente.

Sendo assim, ação e reflexão devem fazer parte da prática da atuação

profissional dos educadores da Educação de Jovens e Adultos.

Maria Amélia Giovanetti (2003), nos chama a atenção para a dimensão

relacional presente na Educação de Jovens e Adultos, o que nos leva a refletir que a

Educação de Jovens e Adultos deve ser compreendida não somente como uma

relação de ensino e aprendizagem de conteúdos, mas sim como relação humana

que se dá entre sujeitos com diferentes identidades, histórias e trajetórias em um

contexto escolar específico. Essa vivência do espaço escolar está profundamente

articulada com as experiências sociais e educativos vividos por professores e alunos

da educação de Jovens e Adultos fora da escola.

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HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

Já nos tempos do Brasil Colônia e do Império, se discutia sobre o tema

analfabetismo. Na década de 1940, o analfabetismo passou a ser considerado um

problema nacional, com a comprovação do alto índice de analfabetismo de na

população acima de 18 anos de idade.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º

4.024/61, houve uma reformulação na educação brasileira, que causou uma nova

perspectiva para a educação básica e para a educação de adolescentes e adultos

em particular.

Aproveitando os recursos disponíveis do Plano Nacional de Educação, em

1960, a Prefeitura do Recife, sob a administração popular de Miguel Arraes, com

apoio da União, criou o Movimento de Cultura Popular (MCP). A proposta do MCP

visava ao atendimento educacional, tanto para crianças quanto para adultos, e

estava voltada às necessidades da população pobre, recuperando a cultura como

elemento de transformação da realidade.

Em 1960, nasce no MCP o “Método Paulo Freire” de Alfabetização de

Adultos, que partia do pressuposto de que o analfabetismo era decorrente da

situação de pobreza gerada pela estrutura social e econômica não igualitária. A

educação de base de adultos e a alfabetização deveriam sempre partir de um

exame crítico da realidade social, econômica, cultural e existencial dos estudantes,

da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los.

Havia um profundo comprometimento do educador com os estudantes.

Paulo Freire criticou a educação chamada “bancária”, em que o educador

apenas depositava conhecimentos e os alunos passivamente os recebiam, propondo

uma ação educativa que fosse transformadora por meio do diálogo.

Para FREIRE (1988), a leitura do mundo precede a leitura da palavra. O ato

de ler se dá na experiência existencial. Primeiramente, a leitura do pequeno mundo

em que se vive; depois, a leitura da palavra, que, nem sempre, ao longo da

escolarização, é a leitura da “palavra mundo”. Os “textos”, as “palavras”, as “letras”

do contexto vivido aumentam a capacidade de perceber e se fixam numa série de

coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão vai se dando na relação com os

analfabetos, na relação desses com seus irmãos mais velhos e com seus pais.

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O “Método Paulo Freire” considerava imprescindível que o professor

alfabetizador pesquisasse o universo vocabular dos alunos. Desse universo de

palavras de grande riqueza fonêmica, que fazia parte do contexto local e também

nacional, eram trabalhadas, em ordem crescente, as dificuldades fonéticas. A partir

de então, um conjunto de famílias fonêmicas das palavras, eram organizadas em

fichas, denominadas de "fichas de descoberta". Assim, o alfabetizando juntava as

sílabas e fazia novas combinações fonêmicas que, necessariamente, deviam formar

novas palavras. Da decodificação das palavras escritas, partia-se para a

decodificação da situação existencial codificada (FREIRE, 2005). A eficácia e a

validade do "Método Paulo Freire" consistiam em partir da realidade do

alfabetizando, do que ele já conhecia, do valor pragmático das coisas e dos fatos de

sua vida cotidiana, de suas situações existenciais, para a superação do senso

comum.

No final da década de 90, aconteceram vários encontros, congressos,

seminários e conferências nacionais e internacionais sobre a Educação de Jovens e

Adultos (EJA). No Brasil, houve encontros estaduais e regionais, como o Encontro

Nacional de EJA, em setembro de 1996, na cidade de Natal com o objetivo de

preparar um documento para ser apresentado à V CONFINTEA (Conferência

Internacional de Educação de Adultos).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/96 alterou a

concepção de Suplência, definindo a EJA como uma modalidade da Educação

Básica. O parecer da Câmara de Educação Básica n.º 11/2000 do Conselho

Nacional de Educação (CNE) , enfatiza a necessidade de se criar um modelo

pedagógico específico para a EJA, que promova situações pedagógicas que

atendam às necessidades de aprendizagem de jovens e adultos, reconhecendo e

valorizando suas experiências de vida.

Dessa forma, a EJA, que passa a iniciar pela alfabetização, garante o direito à

educação plena, compreendendo diferenças que existem, aos olhos dos jovens e

dos adultos, em conceitos de cidadania e de preparação para o trabalho. Possibilita-

se que as escolas, num movimento social dinâmico de combate ao analfabetismo,

trabalhem a diversidade existente, de forma séria e comprometida com essa

modalidade de ensino.

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CONFIGURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A EJA é uma categoria organizacional, constante da estrutura da educação

nacional, com finalidades e funções específicas, e sua ênfase não está somente

centrada nos conteúdos escolares, mas também na formalização de saberes

trazidos das práticas sociais e experiências vividas.

As salas de aula da EJA são caracterizadas por alunos que apresentam

inúmeras experiências de vida, demandas, necessidades e motivações

heterogêneas, idade diferenciadas, aos níveis de construção do conhecimento

escolar e às expectativas pessoais.

A experiência de escolarização na EJA tem diferentes sentidos e significados

pessoais e sociais para aqueles que a buscam. Os adultos procuram a EJA, por

razões diferenciadas, tais como: ajudar seus filhos nas tarefas escolares, melhorar o

relacionamento com as outras pessoas, manter seu emprego ou pelo desejo de

aprender a ler, o que não lhe foi possível na sua idade escolar. A experiência de

voltar a estudar amplia horizontes e permite a descoberta de que a vida está em

constante processo de construção.

Sendo assim, é de extrema importância, que os professores que trabalham

com a educação de adultos, assumam uma prática pedagógica que enfatize o

exercício da reflexão através da discussão, da investigação, do diálogo, do

questionamento, e da cooperação na resolução de problemas, considerando as

experiências vividas e compartilhadas pelos estudantes. É preciso que a equipe

escolar disponibilize materiais diversificados e recursos educativos como revistas,

jornais, textos, filmes, músicas, poesias, entre outros.

A Escola Municipal Maria Neide Gabardo Betiatto, está localizada na Rua

Antonio Augusto de Brito, 1050 Bairro Umbará - Curitiba PR Tel / FAX: (41) 3348-

6633 CEP: 81930-605 e-mail: [email protected]

A Escola é inspirada nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade

humana. Tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo

para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho. Oferece aos seus

alunos ensino com base nos seguintes princípios fundamentais da

Constituição Federal e da Estadual, da Lei Orgânica do Município e da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

- igualdade de condições para o acesso e a permanência do aluno na escola;

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- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a

arte e o saber;

- pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

- respeito à liberdade e apreço à tolerância;

- gratuidade do ensino em escola mantida pelo Poder Público Municipal, com

isenção de taxas e contribuições de qualquer natureza;

- valorização dos profissionais do ensino, garantida na forma da lei;

- gestão democrática e colegiada no ensino público municipal, na forma da lei;

- garantia de padrão de qualidade no ensino;

- valorização da experiência extra-escolar;

- vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

NÍVEL E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO

A Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto atende a

Educação Básica nas etapas da Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino

Fundamental com as seguintes especificações:

- Educação Infantil com oferta do Pré-Escolar para crianças na faixa etária de 4 e 5

anos, atendendo legislação vigente e critérios mínimos para funcionamento;

- Ensino Fundamental com oferta de 5 anos iniciais organizados em dois Ciclos, do

1º ao 5º ano, com implantação gradativa da nova nomenclatura do Ensino

Fundamental obrigatório de 9 anos e adequação da idade de ingresso, a partir de

2007, atendendo a Resolução Nº 03/05 – CNE, o Parecer Nº 01/06 - CEE e as

Deliberações Nº 03/06 e 05/06 – CEE, conforme segue:

a) Ciclo I organizado em três anos – 1º , 2º e 3º ano.

A idade de ingresso no Ciclo I - Ensino Fundamental obrigatório de 9 anos,

atenderá ao disposto na legislação educacional vigente.

b) Ciclo II organizado em dois anos – 4º e 5º ano - destinado aos educandos

que concluíram o Ciclo I ou classificados ou reclassificados para o mesmo.

- Educação de Jovens e Adultos, programa aprovado para a Rede Municipal de

Ensino, pela Deliberação n.º 005/91, de 08 de fevereiro de 1991, do CEE-PR,

equivalente aos quatro primeiros anos do ensino fundamental, em função da

demanda existente, destinada a jovens maiores de 14 anos e adultos que não

cursaram ou não concluíram os estudos regulares em idade apropriada.

A organização do tempo está estruturado da seguinte forma:

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- O ano letivo está organizado em 200 dias letivos mais 3 dias, que são indicados

para a Semana Pedagógica na Escola;

- A carga horária semanal é de 20h;

- A carga horária diária é de 4 h;

- O horário de funcionamento da escola é o seguinte:

Manhã: Entrada: 7:30horas

Saída: 11:30h

Tarde: Entrada: 13horas

Saída:17horas

Noite: 18:00h

Saída: 22:00h

Permanência: Educação de Jovens e Adultos acontece das 18:00 às 19:00 horas.

CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR Após sete anos de efetivo trabalho pedagógico sendo desenvolvido, faz-se

presente a necessidade de analisar o perfil da comunidade com o objetivo de buscar

informações que caracterizem quem são os alunos que freqüentam a escola, como

vivem, quais as expectativas deles e de suas famílias no que se refere ao papel da

escola para que esta venha atender a comunidade de forma eficiente e eficaz,

conhecendo os valores que permeiam suas vidas, e, conseqüentemente, dando o

melhor atendimento possível aos alunos da escola por parte de todos os profissionais

que atuam com eles, já que estes devem ser o foco de todas as atenções na

instituição.

A Escola Municipal Professora Maria Neide Gabardo Betiatto atende também

alunos na Educação de Jovens e Adultos, a partir de 14 anos de idade.

A análise indica que as famílias esperam que a escola colabore, principalmente

na formação da criança como um cidadão e também esperam que ela contribua na

educação dos mesmos. Que a verdadeira função da escola ainda é a transmissão de

conhecimentos, mas organizada de forma que prepare o aluno para enfrentar os

desafios da vida.

O relacionamento das famílias com os professores é bom, porém levanta-se a

necessidade de envolver mais a comunidade na escola, buscando criar o sentimento

de pertencimento, e que a participação dos pais, não limite-se a estar na escola

somente quando é solicitado, ou ainda, após vários chamados, que a escola possa

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colaborar com a formação integral das crianças, mas que os papéis fiquem bem

definidos: cabe a família atender as necessidades básicas de seus filhos, como saúde,

alimentação, lazer, entre outras, para que a escola possa atender as necessidades no

que se refere a formação acadêmica dos alunos, buscando seu crescimento contínuo.

Basicamente os alunos demonstram gostar da escola, e algumas atividades

desenvolvidas na escola, trazem maior prazer, entre elas: o aprender, as aulas de

educação física e o laboratório de informática.

A estrutura familiar é constituída por crianças que vivem com o pai, a mãe, e

os irmãos. Alguns casos de crianças que vivem apenas com as mães e outras que

vivem com os avós. Também observa-se que a maioria das mães trabalham fora para

ajudar no orçamento doméstico, e os filhos ficam sob a responsabilidade dos avós.

Apesar do pouco tempo de convívio entre os pais e filhos, a maioria afirma

preocupar-se com os horários de seus filhos no que refere-se ao momento de dormir,

de ver televisão, com a leitura praticada elas crianças e os programas de televisão

que assistem. A maioria dos pais também afirmam que auxiliam seus filhos nas

tarefas escolares.

Grande parte das famílias demonstram interesse pelo que seus filhos lêem e

assistem na televisão. A principal leitura é a Bíblia, revistas além de assistirem

programas infantis, telejornais e novelas.

Nos finais de semana, a comunidade reúnem-se com as famílias, para o

tradicional almoço familiar. Percebemos ainda que muitos de nossos alunos auxiliam

mas tarefas domésticas.

Percebe-se que vivem com relativo conforto. A maioria das residências são

próprias, de alvenaria e possuem eletrodomésticos que garantem conforto, porém

uma pequena porcentagem moram em terrenos invadidos, próximos ao Rio Ponta

Grossa e a linha do trem.

O bairro apresenta certa infra-estrutura, com algumas ruas sem asfalto, falta

de ligação na rede de esgoto. Mas por outro lado conta com ônibus, Unidade de

Saúde, escola, iluminação pública compatíveis.

Nota-se que as famílias, vieram para os vários loteamentos por vontade própria

e buscando uma melhoria na qualidade de vida.

Ações no sentido de trazer a comunidade para dentro da escola ainda

mostram-se necessárias. Espera-se que com a implantação do programa

Comunidade Escola, este passe a perceber mais a importância da escola na

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comunidade e, principalmente, a importância dela para os seus usuários; Afinal, a

escola só existe para satisfazer as necessidades locais de uma comunidade que

certamente apresenta muitos anseios cabendo a escola estar aberta para tal, fazendo

o papel de mediadora entre a necessidade e a satisfação dos seus desejos: Uma

Escola de Qualidade para Todos.

Percebemos ainda uma melhora significativa na qualidade de vida dos

membros de nossa comunidade se compararmos os dados referentes a pesquisa

realizada em 2000 na última reelaboração da proposta pedagógica da escola.

CONDIÇÕES SÓCIO – CULTURAIS Foi elaborada uma pesquisa de levantamento do perfil Sócio – Econômico

das famílias dos alunos desta escola, visando melhor conhecimento dos interesses,

hábitos, valores que permeiam suas vidas e atitudes.

A pesquisa revelou que a maioria dos pais entrevistados freqüentou a escola

por mais de 4 anos.

A amostra indica que vivem em casas de alvenaria contendo de 3 a 5 peças,

no mesmo bairro da escola. O rendimento monetário é de 1 a 4 salários mínimos,

sendo o pai e a mãe os principais contribuintes na renda familiar, atuando na maioria

em atividades variadas(autônomos, comerciantes, empresas). Detectou-se ainda,

que apenas 7% dos jovens acima de 14 anos trabalham ara aumentar a renda.

A maioria dos alunos mora com os pais, passando o dia com a mãe, ou com a

avó.

A pesquisa também evidencia a satisfação da comunidade frente ao

desempenho da escola, ressaltando o interesse de permanência dos alunos na

mesma.

Este é o segundo levantamento da realidade da comunidade que freqüenta a

escola, no entanto é necessário o conhecimento e análise desses dados, pois, é a

partir da consideração destes que se efetivará de forma qualificada o trabalho da

escola como um todo.

CONDIÇÕES FÍSICA DA INSTITUIÇÃO 1 – Salas de aula compatíveis com o número de alunos; (1 metro quadrado por

aluno):

a) Número de salas de aula na escola – 12 salas

12

b) Número de alunos por sala: 32 alunos por sala

2 – Espaço para funcionamento de ambientes administrativos

a) Direção: 01 sala

b) Secretaria: 01 sala

c) Equipe Pedagógica: 01 sala

3 – Espaço destinado à Biblioteca ou Farol do Saber, com acervo bibliográfico

compatível.

a) Número de Títulos: 800 títulos

b) Número de Livros: 1150 livros

c) Assinatura de Revistas: 1 (Nova Escola)

RECURSOS MATERIAIS

MATERIAL PERMANENTE QUANTIDADE

01 VÍDEO CASSETE 01

02 APARELHO DE DVD 02

03 TELEVISÃO 15

04 RETROPROJETOR 01

05 TELA PARA RETROPROJETOR 01

06 APARELHO DE SOM 05

07 COMPUTADOR 20

08 IMPRESSORAS 5

09 APARELHO FAX 01

10 MÁQUINA FOTOGRAFICA 03

11 FILMADORA 01

12 MIMEÓGRAFOS 02

13 VENTILADORES DE TETO 14

14 AMPLIFICADOR 01

15 BEBEDOURO 01

16 AR CONDICIONADO 02

17 ARMARIOS DE AÇO NAS SALAS 14

18 ARQUIVOS DE AÇO 05

19 QUADROS NEGROS 14

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PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS E PEDAGÓGICOS DA INSTITUIÇÃO CONCEPÇÃO

Para Vigotsky nós não nascemos humanos e sim vamos humanizando com o

tempo. O que humaniza são os desafios que o meio nos propõe. O plano interno não

pré–existe, mas é constituído pelo processo de internalização fundado nas ações,

nas interações sociais e na linguagem (que foi humanamente e historicamente

inventada).

A educação e a cultura são inteiramente significativos para a criança neste

sentido, pois quando ela age ativamente, mediante processos interativos de caráter

verbal e não verbal com o seu ambiente, vai aprendendo formas, conteúdos e usos

lingüísticos próprios de sua comunidade por exemplo.

Visto que os fenômenos psicológicos são elaborados humanamente à

medida que os indivíduos participam de interações sociais, percebe – se que as

práticas que acontecem na sociedade e na cultura passam a se tornar práticas

particulares de cada ser humano. Enquanto educadores “funcionamos” enquanto

modelos ao nosso educando, modelos de transformação à sua prática , devemos

entender que, o desenvolvimento humano estará dependendo da quantidade e da

qualidade das interações sociais que o indivíduo desenvolve com a sua cultura e

com o meio em que vive; quanto mais humanizado ele estiver, mais consciente de si

ele vai se sentir, tornando – se cada vez mais capaz de reconstruir seu próprio

pensamento.

Podemos dizer em poucas linhas que para a criança aprender ela precisa

apresentar suas funções básicas biológicas em bom estado, mas, além deste, ela

necessita também da mediação (interferência e ajuda) de um outro indivíduo, para

que através da linguagem, lhe apresente este mundo tão repleto, atribuindo–lhe significados.

A significação é uma construção coletiva, e a criança à medida que vai

interagindo com o meio, com o objeto, juntamente com o auxílio do professor, do

colega de turma, e através da linguagem que vai de certa maneira explicando esta

significação posta pela cultura, os signos (marcas que o próprio Homem cria)

começam então a ser compreendidos e entendidos pela criança. A imagem (objeto)

e a palavra (linguagem) contribuem neste processo, modelando o pensamento

atribuindo–lhe então o significado.

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Vigotsky enfatiza o aspecto interacionista, pois considera que é no plano

intersubjetivo, isto é, na troca entre as pessoas, e na interação com as pessoas, com

os objetos que a criança estabelece ou pelo menos inicia a estabelecer um sentido

para aquilo que se vê. Assim ela é capaz de representar os fenômenos, portanto

aprender.

O desenvolvimento do ser humano é então um processo contínuo de

transformações propiciadas pela interação entre ele e a sociedade em que está

inserido, por toda a sua vida. Para Lima, o “ desenvolvimento é um processo

integrado, que abrange todos os aspectos da vida humana (físico, emocional,

cognitivo e social), e complexo, no qual diversas funções são formadas “., sua

personalidade, que o caracterizará como indivíduo único do grupo”.

Durante este desenvolvimento, para a escola, é necessário resgatar a

singular importância da infância. Dentre muitos autores, Kramer(2006, p.13) aponta

que esta “ é entendida como período da história de cada um, que se estende, na

nossa sociedade , do nascimento até aproximadamente dez anos de idade”. Portanto,

segundo esta mesma autora, neste período os sujeitos são marcados pelo seu poder

de imaginação, pela fantasia, pela criação, pela brincadeira, entendida como

experiência da cultura. Sendo assim, em nossa escola, entende-se a criança como

“cidadãs detentoras de direitos, que produzem cultura e são nelas produzidas”. (

KRAMER, 2006, p. 15).

Neste percurso, a escola apresenta papel importante para formar hábitos,

rotinas, exploração do mundo, apontar as transformações das coisas, estimular o

domínio da língua falada e escrita, e , acima de tudo, transmitir os conhecimentos

acumulados pela humanidade, ensinando conceitos e conteúdos das diversas áreas

do conhecimento. ( LIMA, 1997)

O papel da escola, portanto, é democratizar o conhecimento, numa sociedade

desigual, onde muitas vezes, para algumas crianças, é o único lugar onde esta entrará

em contato com a cultura e com o conhecimento elaborado. Dentro desta perspectiva

o currículo deve estar situado historicamente, contendo as atividades nucleares da

escola, estabelecendo parâmetros que deverão nortear a ação educativa.

Faz–se necessário também compreender e efetivar a educação inclusiva em

nosso contexto escolar, que se empenha na busca da garantia de acesso a todos os

cidadãos às políticas que lhes cabem por direito.

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Para que as transformações aconteçam dentro da escola é necessário que os

profissionais envolvidos tomem para si a tarefa de pensar estas questões de forma

reflexiva e coletiva, é necessário que todos os agentes institucionais percebam-se

como gestores e técnicos da educação inclusiva. O processo de inclusão não é

facilmente alcançado apenas por intermédio da instauração de uma lei, exige

medidas gradativas da escola como um todo, de reformulação do ensino, desta

forma, percebemos a necessidade de buscarmos fundamentação e formação junto a

cursos, palestras e através da prática diária, para pensarmos e construirmos juntos

propostas e ações para melhor trabalhar com os alunos de inclusão.

O processo de inclusão, não é facilmente aceito, mas enquanto educadores

responsáveis, devemos buscar, promover da melhor forma planos, metas e ações

pedagógicas para atender estes educandos que nos chegam.

“Pensar que queremos uma educação especial para todos e um mundo

especial, para cada um de nós, em que nosso olhar esteja atravessado pela dignidade

e respeito aos outros e a suas diferenças. Esse é um processo gradativo, que possui

como pré–requisito: ética e responsabilidade. Um desafio e tanto para nossa reflexão

enquanto educadores”.(Facion, 2006)

Os desafios do milênio, sobretudo os que se referem à urgente necessidade de

reduzir a miséria e a exclusão social, requerem a instauração de um sistema

permanente de educação de jovens e adultos, com o objetivo de promover a

escolarização fundamental possibilitando a participação autônoma da vida

democrática e do mercado de trabalho.

Esse sistema educacional será baseado pelos valores apresentados na

Conferência Internacional de Hamburgo, na Lei 9394/96, no Parecer CEB 11/00, que

estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e

Adultos, na Deliberação 08/00 do CEE e nas Diretrizes Curriculares da Secretaria

Municipal. Assim, a Educação de Jovens e Adultos, modalidade estratégica do

esforço da Nação em prol de uma igualdade de acesso à educação como bem

social, terá seu processo de ensino-aprendizagem em consonância com os

Parâmetros Curriculares Nacionais, com as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Ensino Fundamental, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de

Jovens e Adultos e com as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal da

Educação de Curitiba.

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Conforme prevê os Parâmetros Curriculares Nacionais o currículo da educação

de jovens e adultos terá como competências básicas:

a) desenvolvimento da capacidade de aprender e continuar aprendendo, da

autonomia intelectual e do pensamento crítico;

b) constituição de significados socialmente construídos e reconhecidos como

verdadeiros sobre o mundo físico e natural, sobre a realidade social e política;

c) domínio de competências e habilidades necessárias ao exercício da cidadania e

do trabalho;

d) desenvolvimento da capacidade de relacionar a teoria à prática e o

desenvolvimento da flexibilidade para novas condições de ocupação ou

aperfeiçoamento posteriores;

e) uso das várias linguagens como instrumento de comunicação e como processo

de constituição de conhecimento e de exercício da cidadania.

De acordo com as Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental:

• Os princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do

Respeito ao Bem Comum;

• Os Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do exercício da

criticidade e do respeito à Ordem Democrática;

• Os Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, e da Diversidade de

Manifestações Artísticas e Culturais.

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e

Adultos as três funções da EJA são: reparadora, equalizadora e permanente.

A função reparadora da EJA, para os analfabetos e para os iletrados significa

a restauração de um direito negado: o direito de uma escola de qualidade.

A alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos,

num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda

sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos

pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. O desafio é oferecer-lhes

esse direito. A alfabetização tem também o papel de promover a participação em

atividades sociais e econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito

básico para educação continuada durante a vida.

Quanto à eqüidade, é a forma pela qual se distribuem os bens sociais de

modo a garantir uma redistribuição e alocação em vista de mais igualdade. Por essa

função o indivíduo que teve sustada sua formação, qualquer tenha sido a razão,

17

busca restabelecer sua trajetória escolar de modo a readquirir um ponto igualitário

no jogo da sociedade.

A educação, como uma chave indispensável para a "sociedade do

conhecimento", vai se impondo cada vez mais nesses tempos de grandes mudanças

e inovações nos processos produtivos. Ela possibilita ao indivíduo jovem e adulto

retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências

adquiridas na educação extra-escolar e na própria vida, possibilitar um nível técnico

e profissional mais qualificado.

Nesta linha, a educação de jovens e adultos representa uma promessa de

efetivar um caminho de desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades.

Nela, adolescentes, jovens, adultos e idosos poderão atualizar

conhecimentos, mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas

opções de trabalho e de cultura. A EJA é uma promessa de qualificação de vida

para todos, inclusive para os idosos que têm muito a ensinar para novas gerações. A

consciência da importância do idoso para a família e para sociedade ainda está por

se generalizar.

Uma educação permanente realmente dirigida às necessidades das

sociedades modernas não pode continuar a definir-se em relação a um período

particular da vida - educação de adultos, por oposição à dos jovens por exemplo ou

a uma finalidade demasiada circunscrita - a formação profissional distinta da

formação geral. Doravante, temos de aprender durante toda a vida e uns saberes

penetram e enriquecem os outros.

Esta tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda vida

é a função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que

nunca, ela é um apelo para educação permanente e criação de uma sociedade

educada para a equidade e diversidade.

Os termos "Jovens e Adultos" indicam que, em todas as idades e em todas

épocas da vida, é possível formar e se desenvolver, constituir conhecimentos,

habilidades, competências e valores que conduzem a realização de si e ao

reconhecimento do outro como sujeito. (Magda Becker Soares, Diretrizes

Curriculares Nacionais para EJA, p. 3, 5 e 6).

E ainda, conforme as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal da

Educação: Educação para a Sustentabilidade, Filosofia e Gestão Democrática.

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Para o desenvolvimento do trabalho, iniciou-se com observações em sala de

aula para que pudessem ser escolhidos os instrumentos de apoio a serem

trabalhados com a população da Educação de Jovens e Adultos, de uma Escola da

Rede Municipal de Ensino, localizada na cidade de Curitiba.

O perfil da população trabalhada varia na faixa etária de 17 à 62 anos, sendo

5 do sexo masculino e 10 do sexo feminino.

Foram elaboradas atividades diferenciadas que contribuíssem no processo de

alfabetização dos alunos. As atividades desenvolvidas propiciaram aos alunos

pensar em grupo; a resolver desafios que fogem dos mais convencionais; a

aprender com música; jogos e atividades diferenciadas, contemplando as várias

áreas de aprendizagem.

Buscou-se auxílio na Psicopedagogia, pois, atua diretamente com o aluno,

ajudando em suas dificuldades e trabalhando com suas expectativas e desejos de

aprendizagem.

As atividades elaboradas envolveram trava-línguas; interpretação de textos;

poesias e poemas; textos enigmáticos; rimas; adivinhas, adedanha; cruzadinhas;

caça-palavras; quebra-cabeça; jogo da memória; dominó; autoditado; música; arte;

dobraduras; recorte; colagem entre outros. Através do uso dos jogos e das

atividades elaboradas, os alunos puderam se apropriar do conhecimento através do

pensamento criativo, da imaginação, do raciocínio, do trabalho desenvolvido em

grupo, da interação social, descobrindo o prazer da aprendizagem, ao mesmo

tempo, em que desenvolvem sua capacidade de encontrar soluções para si

mesmas, seja nos conteúdos escolares ou em seu cotidiano.

Dessa forma, o trabalho desenvolvido, foi uma grande oportunidade em

mostrar aos alunos que existem outras formas de se aprender, formas prazerosas

de aprender conteúdos que se relacionam com suas vidas, e tentar se desfazer de

alguns paradigmas.

Diante destes aspectos, a Psicopedagogia vem como uma grande aliada no

processo educativo dos alunos que freqüentam a Educação de Jovens e Adultos,

ajudando alunos e professores nas suas caminhadas, rumo a dignidade, cidadania e

autonomia, motivos fundamentais para o desenvolvimento de um país coerente para

todos que dele fazem parte.

O presente artigo, trouxe em evidência que a Psicopedagogia contribui de

forma significativa no processo de ensino-aprendizagem, dos alunos que freqüentam

19

a Educação de Jovens e Adultos. Os resultados alcançados foram satisfatórios e a

continuidade no trabalho se faz necessário e de grande importância para todos que

formam a comunidade escolar da Educação de Jovens e Adultos.

O trabalho desenvolvido na escola foi de grande valia, pois, possibilitou

conhecer um pouco mais do aluno que freqüenta esta modalidade de ensino, seu

mundo, seus desejos e o que querem para o seu futuro.

A Educação de Jovens e Adultos por ser caracterizada por realidades

diversificadas, merece aprofundamento, conhecimento e elaboração de instrumentos

de apoio específicos para cada contexto, visando a aprendizagem.

Diante disso, criar um ambiente que apresente formas diferenciadas de

aprender, resgata o desejo dos alunos e dessa forma a aprendizagem tradicional

dará lugar a uma aprendizagem contextualizada e significativa para os alunos.

A contribuição da Psicopedagogia é de extrema importância para uma nova

forma de pensar, sentir e agir frente aos conteúdos e no sentido de auxiliar nos

processos de ensino-aprendizagem dos alunos, de suas dificuldades e facilidades

que, articulados no conjunto, configuram a identidade da comunidade escolar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª. Ed. Porto alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba. 2006

FAGALI, Eloísa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional e Aplicada: aprendizagem escolar e dinâmica e construção na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1993.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas,

1990.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1988.

FREIRE, A.M.A. A voz da esposa: a trajetória de Paulo Freire. Disponível em:

http://ppbr.com/ipf/bio/esposa.html Acesso em 07 ago. 2007.

Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos – Alunas e Alunos da EJA. Brasília:2006.

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 14.ed. São Paulo:

Cortez, 2005.

SOARES, Leôncio; GIOVANETTI, Maria Amélia Gomes de Castro; GOMES, Nilma

Lino. Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. 1ed. Belo Horizonte: Autêntica,

2005.

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ANEXOS

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DEPOIMENTOS DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

“Essas atividades são boas, fazem a gente “quebrar a cuca”. “A gente chega cansado do trabalho na escola e com essas atividades a canseira logo passa”. “Já consigo ler o nome do ônibus e das placas”. “Não vejo a hora de aprender a ler a Bíblia”. “Não estou nem tomando o meu remédio para depressão. Na escola eu me sinto tão bem e me divirto tanto”.

“Pensei que nunca seria capaz de aprender, já estou velha e a minha cabeça não funciona. Mas não é que estou começando a aprender um pouquinho?”

23

FOTOS DOS ALUNOS REALIZANDO ATIVIDADES

CAÇA-PALAVRAS

CRUZADINHAS

QUEBRA-CABEÇA

24

TRABALHO EM GRUPO

JOGO DA MEMÓRIA