A Compatibilidade Electromagnética de equipamentos electrónicos (Instalador Abr2013)
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I ELECTRICIDADE E ELEORÓNICA Opinião IEP
A Compatibilidade Electromagnética de equipamentDs electrónicos
~m Textos_Paulo Cabral [[email protected]); Esaú Cardoso [[email protected]]: ~ Laboratório de Metrologia e Ensaios do Instituto Electrotécnico Português ~ Fotos e imagens_IEP
Quando na imagem do televisor surgem riscas, sempre que na
cozinha se liga a varinha mágica, ou quando o computador blo
queia ao ribombar um trovão nas proximidades e se perde todo
o trabalho que estávamos a fazer, estamos perante problemas
de Compatibilidade Electromagnética (CEM). Esta é a designação
que se dá a um processo que foi sendo estudado cada vez mais
à medida que os equipamentos electrónicos se introduziram nas
nossas vidas: a televisão, a aparelhagem de alta-fidelidade, o tele
móvel, o forno microondas, o computador, o leitor de DVD e tantos
outros. Também a outros níveis, os sistemas de comunicação, de
diagnóstico médico, de controlo do tráfego aéreo, etc., levantam
questões sérias de CEM.
Em termos simplistas. podemos dizer que a CEM consiste nas
regras de "boa educação" que devem ser respeitadas pelos
equipamentos eléctricos e electrónicos, de forma a conviverem
harmoniosamente entre si.
Como se define a CEM
Entende-se por Compatibilidade Electromagnética a capacidade
do equipamento para funcionar satisfatoriamente no seu ambiente
electromagnético sem introduzir perturbações electromagnéticas
intoleráveis a outro equipamento nesse ambiente.
A compatibilidade electromagnética é conseguida quando um
equipamento (ou um sistema) eléctrico ou electrónico satisfaz
as seguintes três condições básicas:
• O equipamento não produz interferências electromagnéticas
a si próprio;
• O equipamento não produz interferências electromagnéticas
noutros equipamentos quando estes estão inseridos no seu
ambiente electromagnético adequado ou habitual;
• O equipamento é imune a interferências electromagnéticas
geradas por outros equipamentos que com ele partilham o mesmo ambiente electromagnético.
60 ~ O lnstetedor Ab( 13 www.otnstlltador com
Porquê a actual preocupação com a CEM
Quando durante a descolagem e a aterragem do avião em que
seguimos surge uma Indicação para desligar o telemóvel ou o
computador portátil, o que se pretende é evitar problemas de
compatibilidade electromagnética. A radiação electromagnética
proveniente do nosso equipamento electrónico pode interferir com
os sistemas de navegação e controlo do avião, podendo causar
comportamentos imprevisíveis da aeronave.
Quando o monitor de um electrocardiógrafo apresenta leituras
erradas de forma intermitente no momento em que alguém passa
por perto a falar ao telemóvel, estamos na presença de problemas
de compatibilidade electromagnética.
Quando um helicóptero se descontrola misteriosamente e se des
penha ao passar perto de uma antena emissora de uma rádio local
ou de uma torre de emissão de uma estação de televisão, ocorreu
uma situação grave de CEM.
Podemos compreender como este tipo de situações extr~mamen
te preocupantes, a par de outros problemas de menor gravidade
que podem ocorrer em ambiente doméstico, obrigaram os fabri
cantes e os poderes públicos a tenw_r limitar os efeitos prejudiciais
das interferências electromagnéticas.
A CEM é por isso uma força motriz no desenvolvimento da tecno
logia, exigindo um amplo consenso entre fabricantes e poderes
públicos para que a sociedade em geral beneficie da cada vez
mais rápida evolução da electrónica.
O controlo dos fenómenos CEM
Na tentativa de controlar estes fenómenos de compatibilidade
electromagnética nos dispositivos electrónicos, as entidades que se ocupam das questões normativas em todo o mundo elaboraram
(e estão em processo continuo de elaboração e revisão) normas
e legislação específicas. Pretende-se que todos os equipamentos ou sistemas electrónicos, incluindo os que se destinam a usos domésticos, sejam aprovados em rigorosos ensaios laboratoriais de compatibilidade electromagnética, de acordo
com as normas aplicáveis.
A União Europeia estabeleceu legislação específica no âmbito CEM. Presentemente, está em vigor a directiva 2004/108/ CE relativa à aproximação das legislações dos Estados-Mem
bros respeitantes à compatibilidade electromagnética (directiva CEM). Em Portugal esta directiva foi transposta pelo Dec-lei n.0
325/2007 (alterado pelo Dec-lei n.0 20/2009). Trata-se de uma directiva de marcação CE, e o seu incumprimento pode acarretar
pesadas sanções e obrigar à retirada dos produtos do mercado.
A lista de normas harmonizadas no âmbito da directiva CEM é publicada no Jornal Oficial da União Europeia (a versão mais recente é de 2012-10-23). A conformidade de um equipamen
to com as normas harmonizadas que lhe são aplicáveis no âmbito da CEM confere presunção da conformidade desse equipamento com os requisitos essenciais da directiva.
Aspectos práticos da CEM
Há diversas formas para as perturbações electromagnéticas se transmitirem desde a "fonte" da perturbação até à sua
"vítima". Os fenómenos que originam problemas de CEM nos equipamentos podem ser transmitidos por condução (através de linhas eléctricas. sejam estas de energia ou de comunicação) ou por radiação (propagação através do ar ou de outro meio dieléctrico). Podem ainda resultar de descargas electrostáti
cas (quem nunca sentiu um violento choque eléctrico ao tocar na porta de um automóvel num dia seco?). Ver figura 1.
Por wndu~o
Por radia~o
Descargas Electrostáticas
Emlssilo Susceptibilidade ou Imunidade
Radiaç!o ~
~~ >))) ~ I I ~
Conduç!o
Fig. 1 - Tipos de interferência
Fala-se em CEM por emissão quando se avaliam as perturbações que um determinado equipamento provoca na sua vizinhança electromagnética. Ao contrário, quando se pretende avaliar se um equipamento suporta sem problemas as perturbações previsíveis no seu ambiente electromagnético, fala-se na sua imunidade, ou susceptibilidade, às perturbações.
Conceptualmente, diz-se que existe compatibilidade electromagnética quando os níveis de emissão e de imunidade dos equipamentos respeitam o modelo esquematizado na figura 2.
I ELECTRICIDADE E ELECTRÓNICA Opinião IEP
perturbações
Nfvel mlnimo de Imunidade ou susceptibilidade do equipamento
Ambiente elacttomacn6tlco
Nlvel mblmo de perturbações emitidas pelo equipamento
Fig. 2 - Modelo base para a abordagem à CEM
Desde que cada equipamento respeite individualmente os níveis de emissão
e de imunidade estabelecidos, garante-se que ao operarem no mesmo
ambienta electromagnético típico não causarão interferências entre si.
Qualquer equipamento poda ser encarado (do ponto de vista da CEM)
como um conjunto de portos de entrada e de saída das perturbações (isto é, imunidade e emissão, respectivamente) nos quais serâ necessário
avaliar se os níveis estabelecidos são respeitados.
EMISSAO
PonfM PlrtUhadO'I tom ~arot equlpemrnlo•
IMUNIOAOE
(NO 'fM(Ofh Ofl\j>III'P!I'\tO .. '" .... ~ ... " ......... ,. Fig. 3 - Modelo CEM de um equipamento electrónico
Melhorar e divulgar estes conceitos é uma das tarefas de quem elabo
ra os documentos normativos (organismos de normalização nacionais,
europeus e internacionais). O objectivo é que todos nós (fabricantes
e consumidores) possamos beneficiar plenamente das tecnologias
ao nosso dispor.
Serviços CEM do IEP
Os laboratórios do IEP prestam numerosos serviços de avaliação
da CEM em produtos eléctricos e electrónicos, de acordo com as
normas europeias (EN) e internacionais (IEC e CISPR) aplicáveis a cada
tipo de equipamento.
Estes laboratórios estão acreditados pelo IPAC, Instituto Português de
Acreditação, para efectuar ensaios CEM, entre muitos outros. Estão
igualmente reconhecidos a nivel europeu (acordos EEPCA do CENELEC)
e a nível internacional (esquema CB da IEC), fazendo parte de acordos que permitem o reconhecimento mútuo de certificados de produtos eléctricos e electrónicos.
62• O tnslolodot Abfll wwwolnslaledouom