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  • Presidente da RepblicaLuiz Incio Lula da Silva

    Ministro da EducaoFernando Haddad

    Secretrio ExecutivoJos Henrique Paim Fernandes

    Secretrio de Educao BsicaFrancisco das Chagas Fernandes

  • Diretor do Departamento de Articulao e Desenvolvimento dos Sistemas de Ensino Horcio Francisco dos Reis Filho

    Coordenadora Geral do Programa Nacional de Valorizao dos Trabalhadores em Educao Sirlene Alves dos Santos Pacheco Coordenao Tcnica do Profuncionrio Eva Socorro da Silva Ndia Mara Silva Leito Apoio Tcnico Adriana Cardozo Lopes

    Coordenao Pedaggica - CEAD/UnB Bernardo KipnisDante Diniz BessaFrancisco das Chagas Firmino do NascimentoJoo Antnio Cabral de Monlevade Maria Abdia da SilvaTnia Mara Piccinini Soares

    Equipe de Produo - CEAD/UnBCoordenao Pedaggica - Maria de Ftima Gerra de SouzaGesto Pedaggica - Maria Clia Cardoso LimaCoordenao de Produo - Bruno da Silveira DuarteDesigner Educacional - Ticyana FujiwaraReviso - Daniele Santos Capa e editorao - Evaldo Gomes e Tlyo NunesIlustrao - Nestablo Ramos

    F383m Ferreira, Ivan Dutra.

    Meio ambiente, sociedade e educao / Ivan Dutra Ferreira Braslia : Centro de Educao a Distncia CEAD, Universidade de Braslia, 2006.

    80p. - (Profuncionrio - curso tcnico de formao para os funcionrios da educao)

    ISBN 85-86290-

    1. Brasil. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Bsica. II. Srie

    CDU: 370

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

  • Apresentao Voc, cursista do Profuncionrio, da habilitao de Tcnico em Meio Ambiente e Manuteno de

    Infraestruturas Escolares, j est bem adiantado em sua caminhada. Depois dos seis mdulos pedaggicos e dos

    trs tcnicos comuns s outras habilitaes, voc comeou a se dedicar ao que especfico ao seu papel como gestor dos

    vrios espaos escolares, que desejamos se tornem educativos. A escola, entretanto, no se limita a seu prprio mbito material. Ela

    est inserida no Planeta Terra, em um meio ambiente com o qual troca intensas relaes. Voc, como cidado, educador e profissional, tambm

    tem responsabilidade por este mundo mais amplo do bairro, da comunida-de, do Municpio, do Estado, do Pas. Tal o objeto de estudo deste Mdulo.

    OBJETIVOS

    Levar os funcionrios ao conhecimento das concepes de meio ambiente e de seus fundamentos cientficos, de forma a desenvolver reflexes sobre a interao entre sociedade, meio ambiente e educao, como pr-condies de sua atuao como gestor do espao educativo e mediador dos conflitos com o entorno natural. Inserir os funcionrios em aes de rotina e atividades especiais que resgatem a harmonia da natureza se situa a escola.

    EMENTA

    Noes bsicas de ecologia, meio ambiente e sua preservao. Contribuies da fsica, qumica e biologia. Equilbrio ecolgico. A ocupao da natureza do terri-trio brasileiro e do Municpio pelo homem em suas atividades econmicas: os impactos ambientais. Educao escolar e meio ambiente. Preservao dos manan-ciais hdricos. Manejo do lixo na comunidade e na escola. Desenvolvimento social e ambiental.

  • Mensagem do Autor

    Neste mundo de Deus, num canto do Planeta Terra e numa cidade maravilhosa do Brasil, nasceu um garoto que chamaram de Ivan.

    Bebeu leite, bebeu gua, respirou, chorou, se agitou, cres-ceu at chegar a esta foto, a ao lado.

    Estudou sempre em escolas pblicas. No Rio de Janeiro, onde nasceu, fez primrio, ginsio e cientfico. Era assim que se chamavam, naquela poca, o ensino fundamental e o ensi-no mdio tudo na escola pblica.

    Tambm fez faculdade pblica. Cursou Qumica. Foi profes-sor, coordenador e diretor, em escolas pblicas e particulares, durante mais de trinta anos.

    Depois fez especializao, mestrado e doutorado em Meio Ambiente. Trabalhou em empresas, pblicas e privadas, e no Ibama, como consultor de Meio Ambiente.

    Do tamanho do mundo de Deus a sua gratido.

    E, tambm, grande assim, o seu desejo de que o Brasil possa garantir que outros garotos como ele, filho de dona-de-casa e de fuzileiro naval, possam chegar at onde ele che-gou.

    Com esse texto do Profuncionrio, quero chegar at voc. Partilhando o que aprendi e aprendendo com quem continuo

    a partilhar em nosso espao comum: a escola.

    Ivan

  • Sumrio

  • UNIDADE 1 CONCEITOS fUNDAMENTAIS 11

    1 Introduo1.2 Matria e energia

    1.3 Estados fsicos, mudanas de estado, ponto de fuso e ponto de ebulio

    1.4 Densidade e propriedades organolpticas

    UNIDADE 2 MEIO AMBIENTE: O qUE ISSO? 21 2.1 Introduo

    2.2 Clima e temperatura2.3 Sistemas, ecossistemas e cadeias alimentares

    2.4 Biosfera, biodiversidade e equilbrio ecolgico

    UNIDADE 3: HISTRIA, ECONOMIA E IMPACTOS AMBIENTAIS 313.1 Introduo3.2 Impactos ambientais: aqui, ali, acol, em qualquer lugar3.3 Principais questes ambientais globais3.4 Principais questes ambientais no BrasilUNIDADE 4 A SOCIEDADE E O MEIO AM-BIENTE: PARTICIPAO CONSCIENTE 51

    4.1 Introduo4.2 Energia e meio ambiente

    4.3 Consumo e meio ambiente4.4 A participao da sociedade

    UNIDADE 5 VOC, SUA ESCOlA E O MEIO AMBIENTE 69

    REfERNCIAS

    BIBlIOGRfICAS 79

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    1 Introduo

    H muitos sculos, a humanidade explora o ambiente que a cerca. Nessa explorao, esto envolvidos aspectos que devem ser investigados pela cincia. Observando, realizando experincias, analisando os resultados obtidos e entendendo o porqu das coisas, os seres humanos adquirem conhecimentos. Muitos desses conhecimentos so usados para melhorar as nossas vidas.

    Explorando e investigando, aprendemos a utilizar o fogo como fonte de luz e calor, a gua lquida para mover engenhos, o vapor de gua para movimentar as locomotivas, o vento para mover moinhos e o solo para a agricultura em grande escala. Isso significa um conhecimento cientfico e tecnolgico.

    O conhecimento cientfico est intimamente associado ao conhecimento tecnolgico, pois

    necessitamos sistematizar os conhecimentos adquiridos, para que a nossa curiosidade natural seja transformada em saber. Procurando saber como e porque as coisas acontecem, fazendo comparaes, estabelecendo

    relaes de causa e efeito assim que se faz cincia.

    Buscamos, na cincia, teorias e experimentos que nos permitam fazer ou confirmar previses. S possvel fazer isso quando se adquire um conhecimento cientfico dos fatos.

    Entretanto, quando falamos de meio ambiente, ou seja, das questes ambientais que envolvem o nosso planeta, nosso pas, nossa cidade e nosso bairro, falamos tambm de outras coisas, alm de cincia.

    Nas questes ambientais, alm disso, esto envolvidos aspectos polticos, legais, sociais, ideolgicos, filosficos, ticos e, at mesmo, religiosos. Por ser uma discusso to abrangente, se quisermos entender os problemas ambientais que cercam e ameaam o futuro dos nossos descendentes, no podemos falar nem pensar bobagens. Para que isso no acontea, precisamos saber o significado correto de alguns conceitos fundamentais.

    Se soubermos com preciso o significado de certas expresses e termos usados pelos cientistas e professores, podemos entender os reais riscos a que estamos submetidos

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    com o desenvolvimento econmico atual, tanto em nosso pas como no mundo.

    Por isso mesmo, devemos comear pelo comeo. Ou seja, antes de nos aprofundarmos nas questes ambientais de nosso tempo, temos obrigao de buscar entender como usar corretamente os conceitos fundamentais que envolvem a relao Homem / Natureza.

    isso que vamos fazer a partir desse ponto.

    1.2 Matria e energia

    Podemos dividir o Universo em duas partes: matria e energia. Isso porque, at agora, as cincias no foram capazes de provar que possa haver, no Universo, algo alm da matria e da energia.

    Mesmo que no conheamos a natureza real da matria, sabemos que os qumicos a decompem para determinar seus constituintes: substncias, elementos, molculas e tomos. Os fsicos, por sua vez, buscam saber o que mantm esses constituintes unidos.

    Os componentes dos reinos mineral, vegetal e animal formam a matria. Os materiais sejam eles slidos, lquidos ou gasosos so formas de matria.

    A matria pode ser descrita por meio de suas propriedades. Do mesmo modo que voc pode descrever uma pessoa pela sua altura, seu peso, pela cor de sua pele ou de seus cabelos, pelo seu sotaque e por sua roupa, as espcies de matria apresentam propriedades.

    As propriedades da matria podem ser divididas em duas categorias: as propriedades qumicas e as propriedades fsicas. Por exemplo, a capacidade de uma substncia de enferrujar-se uma propriedade qumica, enquanto a cor que a ferrugem possui uma propriedade fsica.

    Uma propriedade fsica bsica da matria sua massa. A massa de uma substncia no varia com a temperatura, presso ou localizao no espao. Se voc tem uma massa de 60 kg, ter esta mesma massa na Terra, na Lua ou em qualquer parte do Universo.

    A palavra universo (do latim universus, todo inteiro, composto de unus e versus) tem vrias acepes, podendo ser designado como a totalidade das coisas objeto de um estudo que se vai fazer ou de um tema do qual se vai tratar. Portanto, o termo pode ser designado como a Totalidade das coisas.

    Em fsica, a massa , bem a grosso modo, o mesmo que quantidade de matria. Existem dois conceitos distintos de massa. A massa inercial que uma medida da resistncia de um corpo acelerao e que se define a partir da 2 Lei de Newton, e a massa gravitacional, que a quantidade de massa que provoca a atrao gravitacional entre corpos e que se define pela Lei da Gravitao Universal.

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    A matria oferece resistncia a um empurro ou a um puxo. Tanto um empurro quanto um puxo so tipos de fora. Uma fora algo que tende a modificar a posio ou a direo do movimento de um objeto. Podemos dizer ento que a matria apresenta reao s foras. O fato de um objeto resistir a um puxo ou empurro mostra que ele formado de matria.

    Massa no deve ser confundida com peso. A massa de um de um corpo constante, o peso no. Nas mesmas condies, os pesos de dois objetos esto na mesma razo que suas massas. Em outras palavras: se duas pessoas tm a mesma massa, tero o mesmo peso somente se estiverem submetidos mesma gravidade.

    Veja bem: no devemos confundir gravidade com gravitao. Gravitao a fora de atrao que existe entre todas as partculas com massa no universo. A gravitao responsvel por prender objetos superfcie de planetas e por manter objetos em rbita em torno uns dos outros.

    A gravidade a fora de atrao que a Terra exerce sobre um corpo material colocado sobre sua superfcie, em seu interior ou em sua vizinhana. Em palavras simples: a gravidade a fora que nos puxa para baixo, que nos segura nas cadeiras, que faz o nosso po cair no cho.

    As balanas, os dispositivos mais comumente usados para medir massas e pesos so, na verdade, pesadores, e no medidores de massa. Elas no medem diretamente a massa de um objeto e sim o seu peso. Peso a fora de atrao gravitacional que a Terra exerce sobre um corpo.

    Qualquer corpo esteja ele na Lua, na Terra e no espao possui a mesma massa, sempre. Contudo, seu peso pode variar muito, porque a ao da fora de atrao gravitacional da Lua bem menor, equivalente a 1/6 da fora gravitacional da Terra. No espao, como a acelerao da gravidade quase inexistente, o seu peso seria praticamente igual a zero.

    A energia por sua vez, no tem peso. Ela s pode ser medida quando liberada ou absorvida ou, ainda, transformada. Energia a capacidade de realizar trabalho. Sua definio no muito clara para as pessoas que, muitas vezes, fazem uma grande confuso.

    Quando um astrlogo ou uma cartomante, ou uma pessoa supersticiosa fala em energias positivas e negativas, no est usando o conceito fsico de energia. Para a cincia, a energia no

    Um fogueto espacial possui uma grande quantidade de energia qumica (no combustvel) pronta a ser utilizada enquanto espera na rampa. Quando o combustvel queimado, esta energia transformada em calor, uma forma de energia cintica. Os gases de escape produzidos impelem o fogueto para cima.

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    tem sinal, no boa ou ruim, apesar de ser bastante perceptvel.

    Os seres humanos so dotados de sentidos que registram a presena de vrias formas de energia. Nossos olhos percebem a energia luminosa. Nossos ouvidos captam a energia sonora. Temos nervos que so sensveis energia trmica e energia eltrica.

    bem verdade que a energia qumica, a energia nuclear e a energia eletromagntica se apresentam como formas de energia que os seres humanos no podem perceber. Mas, mesmo assim, no so necessariamente boas ou ruins, positivas ou negativas. So apenas formas de energia.

    Em geral, a energia, da mesma maneira que a matria, no criada, nem destruda. Precisamos ter isto em mente, para podermos compreender os grandes problemas ambientais que preocupam a cincia, muitos deles envolvendo a obteno de formas de energia que sustentem o avano da nossa civilizao.

    Tomemos, por exemplo, a energia que gastamos em um passeio a p. Ns a recebemos dos alimentos que comemos.

    Um livro que esteja colocado sobre a estante tem uma energia, a chamada energia potencial. O livro recebeu essa energia quando algum o levou at a prateleira da estante. Portanto, a energia armazenada em um corpo classificada como potencial, isto , capaz de vir a realizar um trabalho.

    J qualquer objeto em movimento possui energia cintica. De alguma forma podemos dizer que tudo tem energia cintica, pois os cientistas acreditam que tudo que existe no universo, de alguma maneira, se move.

    A energia cintica de um objeto depende de sua massa e de sua velocidade. Assim, um caminho carregado e em alta velocidade tem elevada energia cintica. Uma lesma, mesmo em movimento, tem baixa energia cintica. Esse mesmo caminho, comparado com um nibus espacial, teria uma energia cintica pequena.

    A cincia encontrou fortes razes para afirmar que a quantidade total de energia permanece constante quando ela transformada de uma espcie em outra.

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    Matria e energia, quando estudadas em mbitos no avanados da Fsica, parecem duas espcies inteiramente diversas de realidade. Contudo, as duas so inseparavelmente ligadas. Em 1905, Albert Einstein exprimiu a relao entre matria e energia por meio da clebre frmula E= mC, na qual E representa a energia, m a massa e C a velocidade da luz.

    Experincias recentes mostraram que a frmula de Einstein correta, ao estabelecer que h uma proporcionalidade entre massa e energia, isto , quando uma cresce, a outra tambm aumenta, e quando uma diminui, a outra decresce.

    Hoje em dia, supomos que a quantidade total de matria e energia no Universo permanea constante. As leis da Fsica nos mostram que a massa e energia no se perdem nas reaes qumicas e fsicas. .

    Se tudo que ocupa lugar no espao e tem massa matria, ento todos os seres vivos so feitos de matria. Todos precisamos de energia para que nosso organismo funcione. Isso vale para todos, seja uma planta, uma bactria ou um ser humano.

    Nas atividades cotidianas, precisamos de vrios tipos de matria e energia. Para nossa sobrevivncia, precisamos dos alimentos que fornecem energia para nossas funes vitais.

    Atividade: Converse com um professor de cincias, fsica ou qumica de sua escola

    e pergunte a ele qual a diferena entre massa e peso. Registre sua resposta. Faa a mesma pergunta para um estudante da 8 srie ou do ensino mdio. Registre sua resposta e compare as duas com as

    noes deste texto

    1.3 Estados fsicos, mudanas de estado, ponto de fuso e ponto de ebulio

    A matria pode se apresentar em trs estados fsicos, em geral, visveis aos nossos olhos:

    Slido: possui forma e volume constantes, alm de alta resistncia a deformaes.

    lquido: possui volume constante e forma que varia de acordo com o recipiente onde est contido.

    Aos 26 anos, Albert Einstein publicou trs artigos que revolucionaram a Fsica, dentre eles a Teoria da Relatividade.

    Para saber mais sobre fsica visite os sites: www.fisica.net/mecanicaclassica ouwww.fisica.net/mecanicaclassica/materia_e_energia.php

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    Gasoso: possui forma e volume variveis. O gs tende a ocupar todo o espao disponvel do recipiente onde est contido.

    Sabemos que, quando resfriamos, a gua contida em um recipiente pode transformar-se em gelo; e se a aquecermos, ela pode se transformar em vapor. Em outras palavras, a gua pode sofrer mudanas de estado fsico. No apenas a gua, mas a matria em geral pode sofrer mudanas de um estado fsico para outro. Essas mudanas recebem denominaes especficas, como podemos observar no quadro a seguir:

    Na fuso, na vaporizao e na sublimao de uma substncia, sempre h recebimento de calor isto , aumento da temperatura e/ou diminuio da presso. Na solidificao, na condensao e na ressublimao, sempre h perda de calor isto , diminuio da temperatura e/ou aumento da presso.A vaporizao, como ocorre, recebe denominaes diferentes. So elas: evaporao, ebulio e calefao.

    Voc j reparou que uma pea de roupa no varal seca lentamente e que a gua na chaleira ferve rapidamente? Pois bem, no primeiro caso h evaporao da gua e, no segundo caso, uma ebulio. J a gota dgua na frigideira quente sofre calefao. O que distingue as trs formas de vaporizao a velocidade com que o lquido passa para o estado gasoso.

    Alm dos estados fsicos, podemos perceber as diferentes espcies de matria por meio de suas propriedades. As diferentes espcies de matria possuem propriedades que as identificam e diferenciam: so as propriedades especficas da matria.

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    Comecemos pelos metais. At o sculo XVIII, os metais conhecidos eram o ouro, a prata, o cobre, o ferro, o estanho, o zinco e o chumbo. Obtidos com uma tecnologia muito simples, eram os nicos disponveis para a fabricao de ornamentos, utenslios e ferramentas.

    Com o desenvolvimento tecnolgico ao longo dos sculos seguintes, outros metais foram extrados e isolados. O alumnio, por exemplo, abundante na natureza e mais barato que o ouro, a prata e o cobre, s foi utilizado para produo de objetos no fim do sculo XIX. A influncia do desenvolvimento tecnolgico o fator determinante para a utilizao de um material pela sociedade. Isso sempre envolve, alm da matria a ser transformada, certa quantidade de energia.

    A fuso de um metal, por exemplo. O ponto de fuso a temperatura na qual uma determinada espcie

    de matria passa do estado slido para o estado lquido, sob determinada presso. Para fundirmos certa quantidade de ferro e obtermos o to necessrio ao, precisamos atingir uma temperatura muito elevada, ou

    seja, o ponto de fuso do ferro.

    Por outro lado, quando queremos preparar um cafezinho, fervemos um pouco de gua. Dizemos que a gua atinge o seu ponto de ebulio, isto , a temperatura na qual uma determinada espcie de matria passa do estado lquido para o gasoso, sob determinada presso.

    O ponto de fuso e o ponto de ebulio das substncias qumicas permitem saber as faixas de temperatura nas quais certas espcies de matria, numa determinada presso, se encontram no estado slido, no estado lquido ou no estado gasoso.

    Atividade: redija em seu memorial suas percepes dos fenmenos da evaporao e da

    ebulio. Relacione-as a modificaes climticas, quanto temperatura e umidade.

    Para saber mais sobre mudanas fsicas entre no site http://www.fisica.net/mecanicaclassica

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    1.4 Densidade e propriedades organolpticas

    Outro conceito importante para podermos entender as questes ambientais a densidade.

    Quando colocamos materiais diferentes em um recipiente contendo gua, notamos que alguns afundam e outros flutuam na gua. Isso ocorre por conta da densidade caracterstica de cada substncia.

    A densidade de um corpo depende da quantidade de massa e do volume ocupado por ele.

    Um bom exemplo , na verdade, uma velha pegadinha. Uma pessoa nos pergunta, pedindo que respondamos rapidamente, o que pesa mais, se 1 kg de chumbo ou 1k g de algodo.

    No susto, muitas pessoas respondem que 1 kg de ferro, confundindo dois conceitos diferentes: massa e densidade. Apesar de as massas serem iguais, o volume ocupado pelo algodo muito maior, porque a densidade do algodo muito menor.

    A densidade de um corpo a relao entre a massa (m) e o volume (V) ocupado pelo corpo.

    Massas iguais de uma mesma substncia, quando em diferentes estados fsicos, possuem a seguinte relao:

    O estado slido em geral mais denso que o lquido e este mais denso que o gasoso.

    importante conhecermos a densidade das substncias para podermos entender questes ambientais. Por exemplo, devemos saber se mais leve o ar quente ou o ar frio o correto dizer menos denso para podermos entender porque a poluio que sai de uma chamin sobe facilmente para a atmosfera.

    Quando queremos entender as questes que envolvem um possvel degelo acelerado nos plos da Terra, devemos procurar entender por que o gelo flutua na gua lquida. Devemos compreender que, para que um corpo flutue na

    Para saber mais sobre densidade visite o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Densidade ou http://cienciaemcasa.cienciaviva.pt/densidade.html

    Um dos efeitos do aquecimento global o degelo, que vem ocorrendo em vrias partes do mundo. Segundo especialistas, a regio em torno do oceano rtico a mais afetada. Nos ltimos anos, a camada de gelo desse oceano se tornou 40% mais fina e sua rea diminui 14%.

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    gua, necessrio que a relao entre sua massa e o volume ocupado pelo corpo, isto , sua densidade, seja menor que a densidade da gua no estado lquido.

    Em outras palavras, os materiais que flutuam na gua so menos densos que a gua e os que afundam so mais densos. Isso tambm pode ser percebido quando h um derramamento de petrleo no mar, por exemplo. O petrleo derramado no afunda, fica na superfcie. Percebendo isto, podemos concluir que o petrleo menos denso do que a gua.

    As propriedades organolpticas so caractersticas das espcies qumicas e podem ser verificadas pelos sentidos. Alm dos estados de agregao da matria slido, lquido ou gasoso podemos citar a cor, o sabor, o odor e o brilho.

    Alguns materiais possuem cor, isto , so coloridos, como o ouro, a prata e o cobre. Outros no possuem cor, isto , so incolores, como a gua, o lcool e a acetona. Por meio do paladar, percebemos o sabor caracterstico de alguns materiais como o sal de cozinha, limo, vinagre, leite de magnsia. Outras so inspidas, no possuem sabor, como a gua destilada.

    Pelo olfato percebemos que alguns materiais possuem odor, como o ter, o lcool, a gasolina e o vinagre. Outras, como a gua, ouro, areia comum e sal de cozinha so inodoros, isto , no possuem odor.

    Atividade: voc reparou que os materiais incolores (gua, lcool e acetona) so tambm os

    usados para fazer limpeza? Pergunte ao professor de cincias de sua escola o porqu desta coincidncia.

    Registre em seu memorial.

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    2.1 Introduo

    Conceituamos aqui meio ambiente como o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem

    fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

    Por exemplo, todas as guas continentais (rios e lagos, por exemplo) e costeiras fazem parte do meio ambiente. As guas superficiais e subterrneas, assim como o ar e o solo, tam-bm compem o meio ambiente. A rigor, considera-se meio ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem, consti-tuindo o seu mundo.

    Meio ambiente o espao onde se desenvolvem as atividades humanas e a vida dos animais e vegetais.

    um sistema formado por elementos com o qual o ho-mem interage, se adaptando, transformando-o e utilizan-

    do-o para satisfazer suas necessidades.

    Meio ambiente um conceito que engloba todos os aspectos do ambiente que afetem o homem, seja como indivduo ou como parte dos grupos sociais.

    Por isso mesmo, no devemos separar o homem do meio am-biente. Formamos um nico sistema. Proteger o meio ambien-te proteger a ns mesmos. garantir a nossa sobrevivncia nesse planeta.

    Para podermos proteger o meio ambiente, precisamos conhe-cer algumas caractersticas desse complexo sistema que es-tamos includos. Sem informao no poderemos fazer muita coisa e podemos fazer coisas erradas, o que ainda pior.

    Por isso mesmo, nas prximas pginas, veremos, separadamen-te, algumas das caractersticas importantes do meio ambiente.

    2.2 Clima e temperatura

    Na Terra, h ventos, tempestades, chuva, neve e outros fen-menos climticos. Esses fenmenos ocorrem particularmente

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    TEna troposfera, ou seja, a parte da atmosfera que vai da su-

    perfcie da Terra at a base da estratosfera. Isso significa uma altitude de at 17 km.

    O clima guiado pela energia do Sol, sendo resultante de uma combinao de fatores como temperatura, umidade, presso atmosfrica, nuvens e ventos. O clima no se distingue to claramente. Em geral, no varia muito em determinada regio, quando usamos como referncia o tempo correspondente vida dos seres humanos. Entretanto, levando em considera-o o tempo geolgico, o clima pode variar muito numa de-terminada regio da Terra.

    No sentido original, o clima usado para dividir o mundo em regies. As regies climticas podem ser classificadas com base na temperatura, bem como na quantidade e regularidade das chuvas.

    A temperatura definida pelos fsicos como a medida da energia cintica associada ao movimento das partculas que compem um dado sistema fsico. No nosso dia-a-dia, comumente se associa a temperatura s noes de frio e calor.

    A temperatura devida transferncia da energia trmica, ou seja, calor. Essa transferncia se d entre um e outro sistema. Quando dois ou mais sistemas esto na mesma temperatura, dizemos que eles esto em equilbrio trmico e, nesse caso, no h transferncia de calor.

    Quando existe uma diferena de temperatura, o calor trans-ferido do sistema de temperatura maior para o sistema de temperatura menor at atingir um novo equilbrio trmico. Veja bem, no h transferncia de frio! O que transferido, sempre, a energia trmica ou calor. Essa transferncia de calor pode acontecer por conduo, conveco ou radiao.

    Conduo trmica um dos meios de transferncia de calor que geralmente ocorre em materiais slidos. Por exemplo, o cabo de uma colher esquenta quando ela mergulhada na sopa quente. A chapa do fogo se aquece quando acende-mos o bico de gs. O espeto na churrasqueira se aquece tan-to que temos que segurar em um cabo que diminua a condu-o trmica.

    Troposfera a camada atmosfrica que se estende da superfcie da Terra at a base da estratosfera. (0 - 7/17 km), a temperatura diminui com a altitude, esta camada responde por oitenta por cento do peso atmosfrico, sua espessura mdia de aproximadamente 12 km, atingindo at 17 km nos trpicos e reduzindo-se para em torno de sete quilmetros nos plos.

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    A conveco um processo de transferncia de calor que nos interessa muito aqui. A atmosfera apresenta o fenmeno da conveco que est na origem da formao das chuvas, da manuteno de uma temperatura confortvel para os seres vivos e da disperso dos poluentes gasosos s para citar alguns exemplos.

    A transmisso de calor por radiao tem muito interesse nessa nossa conversa. A radiao solar

    a energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que transmitida sob a forma de radiao eletromagntica. Cerca de metade desta energia emitida como luz visvel. O restante emitido como radiaes infravermelhas conhecidas popularmente

    como calor e como radiao ultravioleta.

    A radiao solar fornece para a atmosfera terrestre a energia necessria para sustentar a maioria das cadeias trficas que sero explicadas mais adiante. Sendo assim, essa energia que sustenta a vida na Terra. Ela a principal responsvel pela qualidade da atmosfera terrestre e pelas caractersticas clim-ticas do planeta.

    A energia solar incidente sobre a atmosfera e a superfcie terrestre pode ser refletida, absorvida ou transmitida. Parte substancial da energia recebida sobre a superfcie terrestre reenviada para o espao sob a forma de energia refletida. As nuvens, as areias claras e a neve so bons exemplos de refle-tores, reenviando para o espao entre 30 e 40% da radiao recebida. A absoro atmosfrica da energia solar est na ori-gem do efeito estufa, assunto que abordaremos na prxima unidade.

    Por enquanto, convm saber que a radiao terrestre, resul-tante do retorno para o espao da radiao solar por via do aquecimento da Terra, retida por gases com grande capaci-dade de absoro, como o vapor dgua e o gs carbnico.

    Apenas uma frao da radiao solar que chega s camadas superiores da atmosfera, atinge a superfcie terrestre, devido

    O sol uma estrela mdia, possui 333000 vezes a massa da Terra, est a cerca de 150 milhes de km do nosso planeta e seus raios demoram aproximadamente 8 minutos para chegar Terra.

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    TEreflexo e absoro dos raios solares pela atmosfera. Esta fra-

    o que atinge o solo dependente da espessura da camada atmosfrica atravessada. Essa espessura, por sua vez, depen-de do ngulo de incidncia do Sol, sendo maior ao nascer e pr-do-sol. Por isso, que podemos ver diferentes coloraes do cu ao longo do dia, assim como as variaes da tempe-ratura.

    A temperatura est ligada quantidade de energia trmi-ca ou calor num sistema. Quanto mais se junta calor a um sistema, mais a sua temperatura aumenta. Ao contrrio, uma perda de calor provoca um abaixamento da temperatura do sistema. Muitas propriedades fsicas da matria dependem da temperatura.

    Desse modo, um aumento na temperatura mdia anual da Ter-ra poder afetar muito os processos vitais em nosso planeta. Em outras palavras, seria um grande problema para a huma-nidade.

    Atividades: Convide um colega para estudar as diversas formas como o sol incide no

    prdio escolar e influencia a temperatura das salas de aula e outros ambientes. Use o termmetro em diversos horrios, na sombra externa, no ambiente externo ensolarado, em locais das salas sombreadas e ensolaradas. Faa uma planilha, registre os resultados e comente em seu memorial. Discuta entre os colegas funcionrios as conseqncias para o estudo dos

    alunos.

    2.3 Sistemas, ecossistemas e cadeias alimentares

    Um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos unidos por alguma forma de interao ou interdependncia. Trata-se de um conjunto, no qual seus elementos se integram direta ou indiretamente, de modo tal que uma alterao em qualquer deles afeta os demais.

    Conhea mais sobre o fenmeno do aumento de temperatura no site: www.climatempo.com.br ou www.cptec.inpe.br

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    Ficou difcil? Vamos explicar de outro modo. Por exemplo, vamos imaginar uma cesta de pes. O conjunto formado por um certo nmero de ele-mentos que, embora estejam na mesma cesta, no interagem, nem se integram. Em outras palavras, se voc tirar ou colocar mais pes na cesta, no vai fazer a menor diferena para os pes que l esto. O mesmo no ocorreria em um aqurio com um certo nmero de peixes. claro que eles interagem e se integram em um espao comum. Aumentar ou diminuir a quantidade de peixes no aqurio faria di-ferena. A cesta de pes um conjunto de elemen-tos. O aqurio mais do que isso um sistema.

    Quando consideramos um sistema como um conjunto de fenmenos que se processam mediante

    fluxos de matria e energia, devemos pensar que existem relaes de dependncia mtua entre os fenmenos. Esse o caso dos estudos ambientais, quando se deve

    analisar o meio ambiente como um sistema, o sistema ambiental.

    Esses sistemas so definidos, incluindo-se, alm dos elemen-tos fsicos, biticos e socioeconmicos, os fatores polticos e institucionais. O sistema ambiental, em geral, dividido em trs subsistemas: o fsico, o bitico e o antrpico.

    A denominao mais utilizada para os sistemas ambientais Ecossistema. Essa palavra vem do idioma grego, no qual oykos quer dizer casa. Ecossistema um termo que designa o conjunto formado por todos os fatores biticos e abiticos que atuam, ao mesmo tempo, sobre determinada regio. Va-mos ver o que isso?

    O prefixo bio significa vida e por isso mesmo fatores biticos so aqueles associados presena

    de seres vivos ou suas relaes. Por extenso desse raciocnio, so abiticos os fatores que se caracterizam, no pela presena de seres vivos ou suas relaes, mas

    sim pelas propriedades fsicas e qumicas do ambiente considerado.

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    TEConsideramos como fatores biticos, por exemplo, as diver-

    sas populaes de animais, as plantas e as bactrias. Fatores externos como a gua, o sol, o solo e o vento so considera-dos abiticos.

    Os ecossistemas so, no fundo, o objeto de estudo da Eco-logia. So sistemas altamente complexos e dinmicos, com tendncia para a auto-organizao e auto-renovao. A ma-tria est em um ciclo constante dentro de um ecossistema. Dentro de um ecossistema em equilbrio, o que os seres vivos retiram do ambiente, eles devolvem. Isso ocorre desde o in-cio da vida na Terra, em um ciclo, at os dias de hoje.

    Alm da matria, a energia tambm passa por todos os com-ponentes de um ecossistema. Contudo, enquanto a matria circula, a energia flui, ou seja, no retorna ao ecossistema.

    Os ecossistemas possuem uma constante passagem de ma-tria e energia de um nvel para outro, que se inicia sempre por um produtor e termina em um decompositor. Isso o que chamamos de cadeia alimentar. Obrigatoriamente, para existir uma cadeia alimentar, devem estar presentes os produtores e os decompositores.

    Alm desses, outros componentes esto presentes todos dessas cadeias, de uma forma ou de outra, so espcies que vivem em um mesmo ambiente e esto fortemente ligadas entre si. A fora dessa unio est na busca pelo alimento: uns servem de alimento aos outros, transferindo-lhes a matria que forma seus corpos e a energia que acumulam para reali-zar as suas funes vitais.

    Os primeiros a agitar essa cadeia alimentar so os vegetais. Eles usam a luz do sol, na fotossntese, para produzir ener-gia. Sendo os primeiros a receber a energia do sol e, a seguir, transform-la, os vegetais so chamados de produtores. De-vemos nos lembrar de que a nica fonte externa de energia em nosso planeta a luz do Sol. Ento, nos vegetais que a coisa comea a funcionar.

    Os elos seguintes da cadeia alimentar so os seres vivos que, incapazes de produzir o prprio alimento, devem busc-lo em ou-tros seres. So os consumidores que vo se alimentar de outros seres vivos. Os consumidores primrios so os que se alimentam dos produtores. Os consumidores secundrios alimentam-se de consumidores primrios e os tercirios do seqncia. O nmero de elos de consumidores nessas cadeias depende da riqueza de

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    espcies que convivem no mesmo ambiente.

    Nas cadeias alimentares, alm dos produtores e consumido-res, h tambm o importante elo dos decompositores, seres que tambm se alimentam de outros, s que, nesse caso, mor-tos. So eles os seres vivos capazes de decompor substncias de modo a torn-las disponveis para serem assimiladas pelos produtores. Com eles, a cadeia alimentar realimentada e fe-cha um ciclo.

    Produtores - so aqueles seres que fabricam o seu prprio alimento, por meio da fotossntese, sejam

    eles terrestres ou aquticos.

    Animais so os animais, que obtm sua energia e alimentos comendo plantas ou outros animais. No realizam fotossntese e, por isso mesmo, so incapazes de fabricar seu prprio alimento.

    Decompositores so, em sua maioria, seres microscpicos cuja presena no percebida facilmente por ns. Em geral, no pertencem nem fauna e nem flora, alimentando-se, no entanto, dos restos deles.

    So fungos e bactrias.

    Para um ambiente aqutico, podemos exemplificar com a se-guinte cadeia:

    Algas caramujos peixes carnvoros aves aquticas decompositores

    Para um ambiente terrestre, teramos como um bom exemplo a seguinte cadeia, em uma floresta:

    folhas de rvores gafanhoto ave raposa decompositores

    Desse modo, matria e energia passam de um elo a outro da cadeia alimentar, seguindo o sentido dos produtos aos consu-midores e, destes, ao decompositores. Parte da energia do sis-tema transformada ao longo das atividades que os seres vivos desenvolvem para sobreviver. Os ltimos elos da cadeia esto adaptados para sobreviver com parcelas cada vez menores de energia. um fluxo de energia, associado a um ciclo de mat-ria, pois no caso desta, no h perda ao longo do processo.

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    Atividade: Faa uma planta de todo o terreno da escola, localizando, na devida escala, os

    prdios, as reas externas modificadas (ptios cimentados, quadras de esporte, etc.) e as reas de terreno com ou sem natureza preservada. Calcule os metros quadrados de cada rea e discuta com os colegas a possibilidade de resgatar uma rea de meio ambiente, conforme definido acima. Escreva em seu memorial o potencial educativo de seu exerccio e

    de seu projeto.

    2.4 Biosfera, biodiversidade e equilbrio ecolgico

    Imagine um conjunto de terra, gua e ar, com cerca de um qui-lmetro de espessura. Um quilmetro medido do subsolo ou do fundo do mar, por exemplo at determinadas altitudes. Nesses mil metros, imagine que teramos atmosfera, oceanos, rios, lagos e solo, entre outros meios propcios existncia de vida. Agora pense nele como se fosse um grande terreno de meio bilho de quilmetros quadrados de superfcie. Voc acaba de imaginar a biosfera. Alis, voc nem precisa imagi-nar muito; basta olhar sua volta, pois voc faz parte dela.

    A biosfera a poro da Terra ocupada pelos seres vivos. o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, a zona potencialmente habitvel do planeta. O homem, como ser vivo, faz parte da biosfera. A biosfera contm milhes de espcies de seres vivos, cada uma desempenhando um papel nico em relao ao todo.

    Essa grande coletividade de seres vivos, ou seja, o nmero de espcies diferentes sejam elas animais, vegetais, ou qualquer outro tipo de ser vivo que componha um determinado ecos-sistema, chamado pelos cientistas de biodiversidade. Dessa forma, pode ser chamada de biodiversidade toda a variedade de vida que compe um determinado ambiente ou mesmo o prprio planeta.

    As florestas tropicais, no somente as do Brasil so extre-mamente importantes para o planeta. Tanto pela sua biodi-versidade, quanto manuteno das condies ambientais locais e globais, so fundamentais para controlar a poluio

    A noo de biosfera foi criada h mais de uma centena de anos. Em 1875, o gelogo austraco Edouard Zuss utilizou esse termo pela primeira vez, ao se referir aos vrios invlucros do globo terrestre.

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    atmosfrica, para a manuteno de temperaturas confortveis e para a regularizao das chuvas. No entanto, so as algas azuis, principalmente as marinhas, que renovam e mantm as taxas de oxignio no planeta.

    Qualquer ecossistema e seu conjunto - a Terra, est sujeito a desequilbrios. Dependendo da intensidade, as alteraes sbi-tas podem ser absorvidas pelos ecossistemas, sem maiores danos. Essa capacidade se deve a um conjunto de foras inter-nas que formam o que se chama de equilbrio ecolgico.

    Essas foras internas so resultantes das complexas relaes entre o meio bitico e o meio fsico. Mesmo complexas rela-es no conseguem resistir a ataques sucessivos e cada vez mais fortes. A capacidade de resposta de um ecossistema no infinita.

    Atividades: Entreviste pessoas idosas de seu municpio e pergunte a elas sobre as mudanas da

    paisagem urbana e rural; sobre as matas, as rvores de madeira de lei, os animais que j no existem. Registre em seu memorial esses depoimentos. Em sua cidade existe algum bosque pblico ou jardim

    botnico?

    Conhea mais sobre biosfera no site: http://www.projetobiosfera.com.br/

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    3.1 Introduo

    A histria da humanidade foi feita de maneira tal que sempre se extraiu da natureza tudo de que precisvamos. Extramos e continuamos extraindo, de maneira direta ou no, tudo aqui-lo de que necessitamos para a nossa sobrevivncia imediata, para usar no futuro e para obter o que o meio ambiente no nos oferece diretamente, por meio das transaes financeiras e trocas.

    Nossos antepassados, em geral, agiam de forma a esgotar uma determinada fonte de recursos naturais, abandonando-a, e, depois, partindo em busca de novos locais para explorar.

    Com a descoberta de continentes desconhecidos e com os grandes inventos criados pela humanidade ultimamente, hou-ve um enorme aumento das relaes comerciais entre os po-vos. Aumentando os impactos causados por essas mudanas, a humanidade inventou as mquinas e descobriu novas fontes de energia. Isso permitiu a industrializao, ou seja, a produ-o em massa. Com isso, a situao transformou-se radical-mente.

    A populao mundial cresceu de modo quase incontrolvel. As cidades tornaram-se essas enormes aglomeraes de pes-soas. O mais srio de tudo que o sistema econmico dos pases mais ricos e poderosos foi sendo imposto para o resto do mundo e, com isso, o modo de vida desses pases foi sen-do reproduzido em outros mais pobres, menos desenvolvidos e com menor grau de justia social.

    Assim, para dar conta de tantas mudanas, produzindo cada vez mais produtos e em quantidades sempre maiores, foi ne-cessrio explorar as riquezas do nosso planeta Terra numa ve-locidade muito grande. O que no vem mais permitindo a sua lenta recomposio natural.

    cada vez mais difcil para os seres humanos sair do lugar onde vivem, quando a natureza j no responde s suas ne-cessidades de sobrevivncia, e fixar-se em outra regio.

    Agora temos de enfrentar os resultados da explorao incon-seqente dos recursos naturais, convivendo com um ambien-te muito degradado. Precisamos encontrar solues viveis e imediatas para interromper a destruio e recompor o am-biente vital deste planeta.

    O nomadismo (freqente deslocamento de pessoas em busca de recursos) ainda ocorre com alguns povos asiticos, como os esquims.

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    3.2 Impactos ambientais: aqui, ali, acol, em qual-quer lugar

    A cincia considera impacto ambiental qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meio ambiente, desde que afetem direta ou indiretamente os animais e os vegetais; a sade, a segurana e o bem-estar das pessoas; as atividades sociais e econmicas; as condies sanitrias, da paisagem e dos recursos ambientais de uma dada regio.

    Normalmente, considera-se que esses impactos devem ser resultantes de atividades humanas. possvel considerar, tambm, que um fenmeno natural pode causar impactos ambientais. Por exemplo, a erupo de um vulco pode dei-xar a atmosfera de uma regio muito alterada. Um tsuna-mi, um terremoto e um furaco so outros exemplos de fenmenos naturais que podem provocar muitos impactos ambientais.

    mais comum, porm, que associemos a expresso impacto ambiental a coisas ruins provocadas por uma obra, um pro-jeto, uma construo. Devemos nos lembrar do velho ditado que diz: No se faz uma omelete sem quebrar ovos. Qual-quer obra causa mudanas, no somente no ambiente onde feita, como tambm, dependendo da sua importncia, at em lugares distantes dela.

    Essas coisas no so estranhas ao nosso dia-a-dia, como mui-ta gente pensa. Vejamos.

    Imagine que seja preciso comprar cimento para reformar sua escola. Suponha que esse cimento venha de uma indstria situada em outro Estado. A indstria provoca mudanas na vida de outras pessoas e que podem estar bem distantes de voc.

    Essas modificaes podem ser ruins, mas podem ser boas tambm. Se a fbrica de cimento est poluindo o ar daquela cidade, ruim. Se a fbrica de cimento est criando empregos e gerando renda para os habitantes daquela cidade, bom. Em outras palavras, a reforma da sua escola pode estar aju-dando a melhorar ou a piorar a vida de pessoas como voc.

    Um tsunami (ou tsunmi, do japons significando literalmente onda de porto) uma onda ou uma srie delas que ocorrem aps perturbaes abruptas que deslocam verticalmente a coluna de gua, como, por exemplo, um sismo, atividade vulcnica, abrupto deslocamento de terras ou gelo, ou ainda devido ao impacto de um meteorito dentro ou perto do mar. H quem identifique o termo com maremoto - contudo, maremoto refere-se a um sismo no fundo do mar, semelhante a um sismo em terra firme e que pode, de fato originar um (a) tsunami.

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    Com isso, importante que o cidado saiba, sempre, quais so as modificaes que uma obra traz, para poder decidir se contra ou a favor dessa obra. claro que os impactos am-bientais causados pela reforma de uma escola so pequenos. Isso foi apenas um exemplo, para voc entender a ligao en-tre os fenmenos ambientais.

    Nesse ponto, voc deve estar se perguntando: Essa no! Impacto ambiental tambm pode ser positivo?.

    Pode, sim. Vamos fazer uma comparao. Quando nasce um beb saudvel e choro, em geral, as pessoas passam por momentos de grande contentamento, at de euforia.

    Mas... Quem tem filhos sabe das alteraes que eles causam em nossas vidas, ao nascer. Nossos horrios mudam, nosso sono se altera, nossa responsabilidade aumenta. Tudo isso forma um conjunto de situaes novas em nosso ambiente, alterando-o.

    Apesar disso, quem teria coragem de chamar um bebezinho de impacto negativo? Pois , existem impactos positivos. So aqueles que mudam para melhor as nossas vidas.

    Entretanto, os impactos ambientais negativos podem ser muito significativos nas grandes obras, nos grandes proje-tos, nas grandes decises do governo.

    Mas, no se preocupe demais. As leis ambientais brasileiras so muito boas e protegem os direitos do cidado. Se aquela fbrica que fornece o cimento para a reforma da sua escola estiver poluindo o ar de uma cidade, ela vai ser obrigada a instalar filtros nas chamins, para evitar a poluio. No fazer isso pode dar multa e at cadeia para os responsveis.

    No caso de uma obra que ainda vai ser construda, a lei obriga que sejam feitos estudos completos, para fazer uma previso de todas as alteraes ambientais possveis. Depois que esse estudo concludo, ele deve ser traduzido para uma lingua-gem bem simples, de modo que as pessoas interessadas pos-sam entender essa previso e as medidas que sero tomadas para que a obra seja feita dentro da lei.

    Conhea mais sobre as leis de proteo ambiental no site http://www.ibama.gov.br

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    De todo modo, o cidado deve estar bem informado sobre o que ocorre no apenas em sua rua, na sua cidade. Deve conhecer, tambm, os grandes impactos ambientais que ocor-rem em nosso planeta e em nosso pas, em especial.

    Isso porque cada uma das nossas decises, cada um dos nos-sos atos, cada um dos nossos votos nas eleies tem a ver com o mundo como um todo. Estamos todos ligados, conec-tados como se diz hoje em dia, formando uma rede. Essa rede que pode evitar que o nosso futuro comum seja muito ruim.

    Atividade: possvel que a construo de uma escola ou de um hospital equipamentos

    to reivindicados pela populao possa ter um impacto ambiental negativo? Voc morava no bairro de sua escola quando ela foi construda? Escreva em seu memorial os impactos dela sobre o ambiente e a vida da comunidade, a partir da lembrana de seus

    moradores.

    3.3 Principais questes ambientais globais

    Voc certamente j ouviu algum dizer a palavra globalizao. claro que essa palavra tem a ver com o globo terrestre, com um fenmeno de natureza global.

    A globalizao facilmente percebida quando se compra uma cala feita na China ou um computador feito no Vietnam em um mercado do nosso bairro. Tambm pode ser percebida pelo cinema, pela msica e at pela fama da nossa seleo de futebol...

    Esse processo de integrao econmica, social, cultural e espacial tornou mais baratos e acessveis, por exemplo, os meios de transporte e de comunicao entre as diversas naes, no final do sculo XX. um processo de formao daquilo que ficou conhecido como a Aldeia Global, uma expresso que quer dizer o quanto estamos todos ligados uns aos outros, mesmo quando distantes em nosso planeta.

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    Esse processo de globalizao no novo, coi-sa recente. Para ser mais preciso, as sociedades do mundo esto em processo de globalizao h muito tempo. No entanto, no final do ltimo sculo, principalmente aps a Segunda Guerra Mundial, a globalizao intensificou-se de modo nunca visto.

    Com isso, as grandes cidades tendem a ficar mui-to parecidas, as grandes empresas se expandem mundo afora, h uma verdadeira revoluo tec-nolgica nas comunicaes, na informtica e na eletrnica, o mundo comea a se dividir em blo-cos comerciais e as culturas populares locais ten-dem a ser substitudas por uma cultura chamada de global.

    Podemos dizer que a globalizao um processo econmico e social que integra os pases e as pessoas do mundo todo, facilitando a vida de muita gente.

    Contudo, a globalizao um fenmeno capitalista e comple-xo. Seu desenvolvimento realmente ocorreu a partir do pero-do conhecido como Revoluo Industrial e, como ficou oculta da maioria das pessoas, as pessoas ainda discutem muito os resultados da globalizao. Tanto podemos encontrar pessoas que se posicionam a favor como contra.

    Um dos aspectos negativos apontados nessas discusses a grande instabilidade econmica que se

    cria no mundo, pois qualquer fenmeno que acontece num determinado pas atinge rapidamente outros pases, assim como uma epidemia se alastra a todos os pontos

    do planeta como se de um nico ponto se tratasse.

    Um dos aspectos positivos, apontados pelos defensores da globalizao, a facilidade com que as novidades se propa-gam entre pases e continentes. o que se chama de o aces-so fcil e rpido informao e aos bens.

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    Essa tal de Aldeia Global se explica, portanto, pela criao de uma rede que deixa as distncias cada vez mais curtas, facilitando as relaes culturais e econmicas de forma rpida e eficiente. como se morssemos todos em uma mesma cidade, em uma mesma vila, em uma mesma aldeia.

    Bem, se verdade que existem aspectos positivos e negativos no fato de morarmos na Aldeia Global, uma coisa no se pode negar: essa globalizao est causando problemas ambien-tais globais.

    Hoje sabemos que existem problemas ambientais que atin-gem os pases, sem se importar com as suas fronteiras. So problemas que envolvem o ar, a gua, o solo, a vegetao, os animais e o prprio homem.

    A Terra depende de cada uma das suas partes. Essas partes dependem umas das outras. Elas interagem, constituindo-se numa rede complexa de relaes. Desse modo, os efeitos am-bientais da explorao descontrolada das riquezas naturais acabam atravessando os limites geogrficos do local onde se originaram.

    As conseqncias de um problema ambiental local podem passar, muitas vezes, alm desses limites e de forma impre-visvel. A esse tipo de situao, damos o nome de problemas ambientais globais.

    Existem vrios problemas ambientais globais, por exemplo, a contaminao das guas subterrneas, o agravamento do chamado efeito estufa, a ocorrncia de um fenmeno co-nhecido como chuva cida e a reduo da quantidade do gs oznio nas partes mais altas da atmosfera.

    A destruio da camada de oznio na verdade, de oxignio\oznio que protege o planeta, um dos mais srios problemas ambientais globais que enfrentamos. A cincia constatou esse problema no incio da dcada de 1980 e as evidncias cientficas obtidas assustaram a comunidade internacional de cientistas.

    Como sabemos, a atmosfera uma camada gasosa que en-volve a Terra. Ela se prolonga at altitudes que ultrapassam 500 km. Essa mistura de gases tem o nitrognio como prin-

    A camada de oznio que se acha dentro da atmosfera (entre 20 e 40 quilmetros de altura) desempenha uma funo importante no clima porque, ao absorver as radiaes ultravioletas do Sol, atua como reguladora do calor.

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    cipal componente, com cerca de 80%. O teor de oxignio corresponde a pouco mais de 20%. Todos os outros gases componentes do ar, somados, correspondem a apenas 1% aproximadamente.

    importante observarmos a quantidade muito pequena dos outros gases na atmosfera, pois os impactos ambientais sobre quantidades to pequenas podem ser severos.

    As camadas mais baixas da atmosfera, a que fica mais perto do solo e onde ns vivemos, chama-se troposfera. Mais aci-ma, fica a estratosfera, distante de 15 a 55 km da superfcie da crosta terrestre. Na estratosfera est a camada de oznio.

    A palavra oznio vem do grego ozein que quer dizer mau cheiro, cheiro forte. Por causa do odor que

    exala, sabemos quando ele est presente, como nos aparelhos ozonizadores domsticos usados para purificar

    a gua que bebemos.

    O oznio, cuja frmula qumica O3, formado pelo elemen-to qumico oxignio. Cada molcula de oznio compe-se de trs tomos de oxignio. Est presente em toda a atmosfera, tanto na parte mais alta, quanto na parte mais baixa. Aqui em-baixo ele indesejado, pois geralmente resultado da polui-o atmosfrica.

    L em cima, contudo, o oznio tem uma funo muito im-portante, diminuir a entrada e os efeitos negativos de deter-minados raios emitidos pelo sol pois fazem muito mal ao seres vivos, principalmente ao homem.

    O Sol responsvel pela luz e calor que temos na Terra, sus-tentando a nossa sobrevivncia. O contato do Sol com a Ter-ra ocorre por meio da absoro da radiao solar que passa pela atmosfera Essa radiao, a energia solar, vem nos raios emitidos pelo Sol, como a luz que podemos ver, chamada luz visvel, e tambm nos raios infravermelhos e ultravioletas, en-tre outros.

    Todos esses raios so importantes para a manuteno da vida na Terra. Os raios ultravioletas em excesso, contudo, fazem mal aos seres vivos, e a Terra protegida dos seus efeitos por conta dessa grande camada de ar contendo oznio. Ela fun-

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    ciona como um filtro solar natural, pois no deixa esses raios passarem em excesso.

    A proteo da camada de oznio tem de ser mantida, se no os raios ultravioletas passaro em excesso, prejudicando a sade dos homens, dos animais e das plantas. Sem o oznio para nos proteger dos raios ultravioletas, tomar sol sem cui-dado pode causar vrios problemas sade, como queima-duras na pele, cncer de pele; inflamao da crnea, catarata, cegueira e a reduo da resistncia a doenas.

    As plantas tambm sofrem os efeitos desses raios, pois o seu tamanho diminui, elas perdem o seu valor nutritivo, sofrem o ataque de pragas. A vida marinha muito prejudicada e, em regies onde a pesca responde pela alimentao da popula-o, h srias conseqncias, devido reduo de protenas na dieta alimentar e diminuio da produtividade na ativida-de pesqueira.

    Infelizmente, esse problema vem acon-tecendo h vrias dcadas. Os cientistas, estudando a composio da atmosfera, descobriram que, em alguns pontos, a quantidade de oznio havia diminudo muito. Ento surgiu a expresso Bura-co na Camada de Oznio.

    Na verdade, no um buraco. A camada de oznio est diminuindo em todo o planeta. Isso porque esto chegando at a estratosfera substncias artificiais que entram na fabricao de produtos usados por ns, em grandes quantidades.

    Essas substncias, em contato com essa camada, destroem-na e no so destrudas com facilidade. Essas substncias so muito estveis, quer dizer, podem permanecer na atmosfera por muitos anos. No se decompem facilmente, nem per-dem suas caractersticas, at atingirem a estratosfera.

    Como a indstria vinha produzindo em grande quantidade e a sociedade consumindo, claro um grande nmero de pro-dutos que reduzem o oznio da estratosfera, medidas concre-tas foram tomadas por meio de leis que probem o uso dessas substncias pela indstria.

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    que produtos so esses?

    Os viles dessa histria so aqueles produtos que possuem clorofluorcarbonetos em sua composio. Os

    clorofluorcarbonetos so substncias qumicas criadas em laboratrio. So conhecidos pela sigla CFCs. So artificiais, ou seja, no existem na natureza.

    Eles podem ser utilizados como gases refrigerantes em gela-deiras, freezers e aparelhos de ar condicionado. Tambm po-dem ser utilizados como solventes para limpeza de superfcies metlicas e para fazer bolhas em materiais de plstico.

    Acordos internacionais foram assinados, estabelecendo pra-zos para que as indstrias adaptassem suas tecnologias, bus-cando novas substncias que tenham o mesmo efeito, mas que no tragam prejuzos para a sade dos seres vivos.

    Em 1987, mais de 150 pases concordaram em reduzir e eli-minar a produo e o consumo de substncias que destroem a camada de oznio, mesmo antes que substncias e tecno-logias alternativas estivessem totalmente desenvolvidas. At Abril de 2004, o Protocolo de Montreal, que estipula prazos para o congelamento e reduo do consumo das substncias destruidoras da camada de oznio foi ratificado por 186 pa-ses. O Brasil assinou esse protocolo em 1990.

    Um outro problema ambiental global comeou a ser criado no perodo histrico conhecido como Revoluo Industrial. Du-rante esse perodo, nos sculos XVIII e XIX, houve um grande crescimento da indstria.

    Na Noruega, em 1881, um cientista observou uma chuva po-luda, qual ele deu o nome de precipitao suja. No havia indstrias no local e o cientista suspeitou que a poluio pu-desse ter vindo da Gr-Bretanha. Hoje sabemos que ele es-tava certo. Existe uma corrente de vento que carrega toda a poluio produzida na Gr-Bretanha em direo Noruega, Sucia e Finlndia. Esses trs pases sofrem grandes impactos ambientais por conta da poluio na chuva, vinda da Gr-Bre-tanha e dos pases do Leste Europeu.

    A queima de carvo e de combustveis fsseis e os poluen-tes industriais lanam xidos de enxofre e de nitrognio na

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    atmosfera. Esses gases se juntam com o vapor de gua. O resultado so as chuvas, a geada, a neve e a neblina contendo uma carga de cido sulfrico ou cido ntrico.

    So cidos fortemente corrosivos que, ao carem na superf-cie, alteram a composio qumica do solo e das guas, afe-tando as cadeias alimentares e destruindo florestas e planta-es. So capazes de corroer estruturas metlicas e calcrias, podendo destruir obras de arte, monumentos e edificaes.

    Monumentos histricos como a Acrpole grega; o Coliseu romano; o Taj Mahal indiano; as catedrais de Notre Dame e de Colnia, na Frana e na Alemanha, respectivamente, so exemplos de monumentos afetados por esse problema am-biental global. Essa chuva tambm afeta as cavernas, atacando suas estalactites e estalagmites, formaes de grande beleza.

    O termo chuva cida foi usado pela primeira vez por Robert Angus Smith, um cientista in-gls, para descrever a chuva que ocorreu sobre a cidade de Manchester no incio da Revoluo Industrial. Um dos maiores problemas dessas chuvas o fato de elas poderem ser transpor-tadas atravs de grandes distncias.

    Embora a gua da chuva seja naturalmente cida, devido a uma pequena quantidade de dixido de carbono (CO2) dissolvido na at-mosfera, a chamada chuva cida provocada principalmente por fbricas e carros que quei-mam combustveis fsseis, tais como carvo mineral e petrleo.

    Uma grande parte da Europa j est seriamente alterada pela acidez da chuva. L, como nos EUA, as usinas termoeltricas emitem muito dixido de enxofre que lanado na atmosfe-ra. A chuva cida tambm libera metais txicos presentes no solo e esses, por sua vez, podem ir para os rios e ser utiliza-dos pelas pessoas, com srios riscos de problemas de sade humana e animal. Os lagos tambm podem ficar acidificados, perdendo toda a sua vida.

    A chuva cida cria clareiras na floresta quando rvores so atingidas e morrem. Algum tempo aps, as plantas que se uti-lizam da sombra das rvores morrem e o processo continua at se formar uma clareira. Essas chuvas podem destruir flo-restas inteiras.

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    Hoje em dia, o carvo, o petrleo e o gs natural so utilizados para suprir a maior parte da energia que utilizada no mundo. Essa proporo pode ser diminuda, sem perda na qualidade de vida.

    Utilizar mais e melhor o transporte coletivo; diminuir o nmero de carros particulares em circulao; utilizar fontes de energia menos poluentes; utilizar combustveis com baixo teor de en-xofre: so algumas atitudes que podemos tomar para diminuir o problema da chuva cida.

    Essas atitudes tambm so adequadas para se combater um outro problema ambiental global: o agravamento do Efeito Estufa. O efeito estufa um fenmeno natural por meio do qual a Terra busca manter sua temperatura constante. Como a atmos-fera muito transparente luz solar, ns pensamos que toda a radiao que o Sol nos envia, a atraves-sa. No bem assim. Cerca de 35% da radiao que recebemos refletida e mandada de volta ao espao. Os outros 65% so retidos na Terra.

    Agora imagine uma caixa de vidro, toda fechada exceto na parte de baixo. Ou seja, como se fos-se um grande caixote de vidro, com a boca vira-da para baixo. Pense que ela grande o suficiente para voc poder entrar. Imagine que ela esteja colo-cada na luz do sol. Voc iria sentir um caloro, no ? Claro que sim. Mas, a maior parte do calor que voc sentiria no viria diretamente do Sol e sim do cho, do solo. A caixa funcionaria como uma estufa para plantas: entra luz, mas no sai o calor.

    O que ocorre o seguinte: a luz solar consegue atravessar e bem a atmosfera. Ao tocar no solo, ela muda de freqncia e volta sob a forma de calor. Podemos fazer uma comparao com a energia do movimento das mos de um violonista. Essa energia passada para as cordas do instrumento que, por sua vez, a devolve sob a forma de sons.

    Repetindo: a luz vem do sol, atravessa a atmosfera e, ao tocar no solo, volta sob a forma de calor. Os gases

    que formam a atmosfera retm boa parte desse calor, evitando que ele volte para o espao exterior e se perca;

    se dissipe.

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    A esse fenmeno natural e benfico d-se o nome de Efeito Estufa, fazendo uma comparao com a estufa para plantas. Gases como o dixido de carbono, metano, xidos de nitro-gnio e, principalmente, o vapor dgua so os responsveis pelo trabalho de reter esta radiao na Terra.

    Sem o efeito estufa, a Terra seria um imenso deserto. Seria um planeta muito frio noite e muito quente durante o dia. Se a Terra no fosse coberta por esse cobertor de ar, a atmosfe-ra seria demasiado fria para a vida. As condies seriam to hostis vida que o planeta seria inabitvel pelo menos pelas formas de vida que conhecemos.

    No entanto, nos ltimos anos, a concentrao de dixido de carbono na atmosfera tem aumentado enormemente. Esse aumento ocorre por causa da utilizao de petrleo, do gs e carvo e pela destruio das florestas tropicais. A concentra-o de outros gases que tambm contribuem para o agrava-mento do efeito de estufa, tais como o metano e os clorofluor-carbonetos. O efeito conjunto desses gases pode vir a causar um aumento da temperatura global. Estima-se que o chamado aquecimento global ser de 2 e 6C nos prximos 100 anos.

    Se tal fato ocorrer, ir alterar todos os climas da Terra. Com isso, o nvel mdio dos oceanos poder subir, em mdia, 30 cm pelo menos. claro que, se essa tragdia ocorrer, in-terferir na vida de milhes de pessoas que hoje habitam as reas costeiras mais baixas.

    Desde a poca pr-histrica, o dixido de carbono tem tido um papel determinante na regulao da temperatura global do planeta. Entretanto, o uso de combustveis fsseis e utiliza-o de processos industriais diversos levam acumulao, na atmosfera, de gases favorveis ocorrncia do efeito estufa. Por isso, o possvel aumento da temperatura terrestre em todo o planeta tem, cada vez mais, preocupado os cientistas.

    De fato, desde o sculo XIX, ocorre um aumento gradual da temperatura global. Isso pode tambm ser causado por varia-es naturais, umas lentas, durante vrias dezenas de milhes de anos, outras bruscas, s vezes em apenas algumas dcadas.

    Esses fenmenos naturais complexos e imprevisveis podem ser a explicao para as alteraes climticas que a Terra tem sofrido. As oscilaes anuais da temperatura ocorridas no s-culo XX estiveram bastante prximas daquelas verificadas no sculo anterior. Dessa forma, os cientistas no podem afirmar,

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    de modo incontestvel, que o aumento de temperatura global esteja de alguma forma relacionado com um aumento do Efei-to Estufa. Contudo, acredita-se, hoje em dia, que mais pro-vvel que essas mudanas estejam sendo provocadas pela atividade humana descontrolada, sem aquilo que os cientistas chamam de sustentabilidade.

    O problema que se torna quase impossvel comparar direta-mente esse aquecimento global com as mudanas anteriores no clima, devido rapidez com que tudo est acontecendo e lenti-do com que a humanidade vem lidando com essas questes.

    Assim, o aumento de 2 a 6C que se prev para os prximos 100 anos seria maior do que qualquer aumento de temperatu-ra registrado desde o incio da civilizao. Ou seja, caso essas previses se confirmem, o aumento da temperatura terrestre ter sido causado pelo homem. Provavelmente assistiremos s maiores catstrofes naturais jamais registradas no planeta.

    Ocorre que o aquecimento global entrou na pauta poltica mundial apenas na dcada de 1980. A conferncia interna-cional conhecida por Rio 92, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, deu incio a uma srie de discusses entre os repre-sentantes das mais diversas naes. Houve consenso em se recomendar a adoo de um protocolo segundo o qual os pa-ses industrializados reduziriam suas emisses combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relao aos n-veis de 1990 at o perodo entre 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto, como ficou conhecido o documento, foi ratificado por mais de 60% dos pases emissores em 2004. Entretanto, no foi ratificado pelo maior emissor de gases estufa do planeta, os Estados Unidos.

    Atividade: no seu Municpio ocorrem queimadas? Elas poderiam ser evitadas? Como?

    Entreviste um vereador ou um diretor de seu sindicato e pergunte qual sua opinio a respeito. Registre em

    seu memorial.

    3.4 Principais questes ambientais no Brasil

    No Brasil, antes da ocupao do territrio pelos portugueses, os milhes de habitantes indgenas sobreviviam, sem grandes

    Veja mais sobre o Protocolo de Kyoto no site:http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf

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    problemas, utilizando os recursos naturais. Durante o perodo colonial, somente a zona da mata do Nordeste foi seriamente afetada pela substituio das florestas pelos canaviais.

    No sculo XIX, intensificaram-se as aes de devastao em mais reas do nosso territrio. A expanso do capitalismo mercantil, que multiplicou os cafezais no sudeste e outras cul-turas de exportao, encontrou uma aliada nas crenas reli-giosas. Elas justificavam a ao dos exploradores, pregando que os recursos naturais eram infindveis.

    Como se v, as causas das agresses ao meio ambiente tm razes histricas. No Brasil e nos outros pases, elas so de ordem poltica, econmica e cultural. A sociedade brasileira ainda no d a devida importncia preservao do meio am-biente, mesmo com um risco muito grande para sua sobrevi-vncia, em um processo de degradao irresponsvel.

    Essa irresponsabilidade tem um custo. E a conta ser paga quando enfrentarmos os problemas causados pela poluio e as doenas derivadas desses problemas. Por causa da m gesto pblica, carncias em outras reas dificultam os investimentos necessrios na rea ambiental. Estamos atrasados nesse combate e isso s aumenta a nossa conta.

    A fauna brasileira, por exemplo, uma das mais ricas do mun-do. Mesmo assim, algumas espcies da fauna brasileira esto extintas e muitas outras correm o risco de extino. As prin-cipais causas so: a destruio de ambientes naturais; a caa e a pesca predatrias; a introduo de espcies exticas, ou seja, estranhas ao nosso ambiente; a poluio.

    O trfico de animais silvestres outro grande problema, pois movimenta fortunas, e, por isso mesmo, se tornou um neg-cio muito rentvel para os chamados biopiratas.

    Com relao s plantas, a situao no melhor. As florestas tm sido as mais atingidas. O aumento e a mudana da popu-lao para o interior tm provocado a derrubada da vegetao, para acomodar tanto as pessoas, quanto as novas culturas agr-colas. Essa ocupao tem sido realizada sem um planejamento ambiental adequado, com srios impactos negativos.

    A biopirataria a explorao, manipulao, exportao e/ou comercializao internacional de recursos biolgicos que contrariam as normas da Conveno sobre Diversidade Biolgica, de 1992.

    Conhea melhor alguns projetos desenvolvidos para proteo das culturas indgenas no site http://www.socioambiental.org/home_html

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    As queimadas sem controle, por exemplo, provocam reduo da floresta e contribuem para aumentar a concentrao de gs carbnico na atmosfera, agravando o aquecimento do plane-ta. Alm disso, o fogo interfere na sade pblica e na econo-mia nacional, ao afetar diretamente a vegetao, o ar, o solo, a gua e os animais. importante ressaltar que as queimadas podem ser feitas sob a orientao tcnica dos rgos ambien-tais. Mesmo nesse caso, todo o cuidado pouco.

    H um interesse mundial na proteo da Amaznia. Dizem at que ela o pulmo do mundo, o que um grande equvoco. Primeiro, porque todo o oxignio produzido por essa floresta tropical mida consumido por ela mesma. Em segundo lugar, porque a maior parte do gs oxignio da nossa atmosfera pro-duzida nos oceanos. Alm disso, o pulmo no um rgo que produza oxignio e, portanto, a comparao no cabvel.

    H outra razo para a cobia da Amaznia. Estima-se que ape-nas cerca de 2% da gua do planeta doce, sendo cerca de 90% localizada no subsolo sob a forma de aqferos e no lenol fretico e nos plos, sob a forma de geleiras e neve. Ora, a Amaznia concentra a maior parte da gua de superf-cie no-poluda do Brasil e boa parte da gua do mundo.

    Cerca de 70% da gua consumida mundialmente so utilizados para irrigao. Aproximadamente 20% vo para a indstria e 10% so usados nas residncias. Isso faz com que, atualmen-te, a carncia de gua seja uma ameaa paz mundial, pois j existe uma disputa intensa pelos recursos hdricos, como em muitos pases da sia e do Oriente Mdio.

    A ONU calcula que 1 bilho de pessoas no tem acesso gua tratada, o que acaba causando a morte de milhes de crian-as, por doenas como clera, esquistossomose, hepatites e malria. sempre bom lembrar que a escassez de gua no mundo causada pela falta de cuidado com o meio ambiente. Uma das maiores agresses para a formao de gua doce a ocupao e o uso desordenado do solo. E o Brasil precisa se preocupar urgentemente com isso.

    Em nosso pas, o acesso terra continua sendo um dos maio-res desafios a ser vencido. Existem dois tipos de cidade no Brasil: a cidade legal, registrada em rgos pblicos, e a ci-dade ilegal ou seja, a cidade que construda margem da lei, sem a urbanizao adequada. A legislao destinada a ordenar o uso e a ocupao do solo aplicada cidade legal, mas no outra, justamente a que mais cresce.

    Conhea mais sobre a Amaznia no site: http:www.amazonia.org.br

    O aqfero Guarani o maior reservatrio de gua doce subterrnea que possui uma rea de aproximadamente 5 vezes o Estado de So Paulo.

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    H uma relao direta entre as moradias pobres e as reas am-bientalmente mais sensveis, como as margens de crregos, rios e reservatrios; as vrzeas; as encostas muito inclinadas; os mangues; e reas de proteo ambiental, conhecidas como APA. Os habitantes mais pobres passam a ser considerados inimigos do meio ambiente, embora tudo isso ocorra devido falta de planejamento urbano, aos erros e s omisses da administrao pblica.

    As conseqncias dessa ocupao desorganizada so as enchentes e o desmoronamento de encostas; o assoreamento dos rios; o desmatamento que compromete os cursos de gua; depsitos irregulares de lixo e esgoto a cu aberto.

    O solo tambm afetado pela agricultura brasileira, nos casos em que o uso do solo feito sem a tcnica adequada. Trata-se, na verdade, de um fenmeno mundial que se situa entre as maiores causas da desertificao. O excesso de cultivo e pr-ticas deficientes de irrigao so alguns dos problemas mais comuns, junto com o desmatamento e as queimadas.

    Outro problema ambiental brasileiro o crescimento popula-cional. Os adultos com poder aquisitivo mais alto, por terem tambm mais acesso informao, utilizam mtodos anticon-cepcionais eficazes. J a maior parte da sociedade brasileira no tem acesso aos mesmos recursos e , contraditoriamente, aquela que suporta o peso de no realizar um controle maior da natalidade.

    O crescimento populacional uma das maiores causas de impacto ambiental no Brasil e no mundo. Pobreza e meio am-biente esto interligados. Uma vez que o Brasil, por ter aumen-tado sua populao em quinze vezes ao longo dos ltimos 120 anos, um dos pases de maior crescimento, estamos diante de uma grande presso ambiental.

    Outro grande problema ambiental brasileiro o lixo, princi-palmente porque, em nosso pas, mais de 85% da populao vive nas cidades. Nas regies metropolitanas, o lixo j se tor-nou um grande problema. Estima-se que quase 70% do lixo das cidades com mais de 200 mil habitantes seja jogado a cu aberto e que cada brasileiro produza 1 kg de lixo domstico por dia.

    O tempo de decomposio dos materiais varia conforme sua natureza, por exemplo: papel 3 meses, madeira 6 meses, restos orgnicos 6 a 12 meses, cigarro 1 a 2 anos, chiclete 5 anos, lata de ao 10 anos, plstico mais de 100 anos, vidro 4000 anos e lata de alumnio no decompe.

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    Consideremos a esperana de vida estimada ao nascer no Bra-sil, para ambos os sexos, de 71,3 anos. Ela coloca o Brasil na 86 posio no ranking da ONU, considerando 192 pases ou reas no perodo 2000-2005. Realmente, no parece muito bom esse nmero, mas a esperana de vida ao nascer, no Brasil, elevou-se em mais 7,9 anos para os homens e mais 9,5 anos para as mulheres, entre 1980 e 2003. E isso muito bom.

    No entanto, quanto mais pessoas houver no Brasil e quanto mais elas viverem, mais lixo ser produzido. Todos queremos que as pessoas vivam muito tempo e com renda suficiente para comprar aquilo de que precisam, temos de nos preparar para dar um destino adequado ao lixo que produziremos ao longo de nossas vidas.

    Por exemplo, se a pessoa viver 70 anos, ter produzido em torno de 25 toneladas de lixo. Quando multiplicamos esse va-lor pelo nmero de habitantes, temos um problema gravssi-mo a ser enfrentado. Afinal, j somos mais de 187 milhes de brasileiros. Produzimos todos os dias 137.809 toneladas de lixo, alm de 16 milhes de metros cbicos de esgoto.

    Outro problema ambiental brasileiro, relacionado com a po-luio, a falta de saneamento bsico. Menos de 10% do es-goto domstico tratado no Brasil. Ou seja, cerca de 90 % do esgoto domstico brasileiro vai parar nos rios, lagos, praias a poluio mais visvel. A Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2000 (PNSB - 2000), divulgada pelo IBGE em 2002, revela um Brasil cado na sujeira.

    De 5.564 municpios, 47,8% no tm servio de esgoto sani-trio e 68,5% dos resduos das grandes cidades so deposita-dos em lixes. Apenas 451 cidades fazem a coleta seletiva.

    Por isso, os males do sculo XIX, como a febre amarela, a hepatite, os diversos tipos de diarria e a dengue, por serem problemas ambientais, continuam presentes no sculo XXI.

    Mas, nem tudo negativo. O levantamento de 2000 do IBGE indica que a situao do saneamento bsico no Brasil apre-senta melhoras em relao ao ano de 1989. Aumentou em 10% o nmero de municpios servidos por esgotamento sa-nitrio, a cobertura de abastecimento de gua chega a 97,9% das cidades e a coleta de lixo est sendo feita em 99,4% dos municpios do pas.

    Os nmeros mostram que a falta de saneamento existente nas comunidades pobres do interior do pas se repete nas grandes

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    cidades. As principais capitais brasileiras no so excees. Em So Paulo, 35% do esgoto coletado no recebe tratamento. No Rio de Janeiro, esses nmeros chegam a mais de 50%. Rio Branco, Manaus, So Lus e Belo Horizonte, em 2000, no dis-punham de tratamento, sequer para uma lata de seu esgoto.

    A qualidade da gua que vai para as casas dos brasileiros tambm muito preocupante. De forma surpreendente, o vo-lume de gua sem tratamento aumentou de 3,9% em 1989, para 7,2%, em 2000. vergonhoso: o nmero, alm de alto, em vez de diminuir, aumentou.

    A PNSB-2000 mostra que a sujeira nacional no culpa ex-clusiva dos governantes. O percentual de lixo jogado na rua pela populao chega a 25%, nos municpios de 500 mil a um milho de habitantes. um volume muito alto, que reflete o fracasso das diversas campanhas de conscientizao e reve-la um trao negativo e persistente da cultura dos brasileiros. Dados da ONU revelam que as regies costeiras do sul e do sudeste do Brasil so as mais poludas do mundo.

    Outro grande problema ambiental brasileiro o desperdcio. Infelizmente, esse mal se tornou parte de nossa cultura, inde-pendentemente da classe social. Ainda segundo o IBGE, desde o campo at a mesa do consumidor, 20% dos alimentos so desperdiados. Cerca de 50% da gua tratada desperdiada no pas. Jogamos fora muita coisa que poderia ser reciclada. Muita gente no sabe que, a cada tonelada de papel que se reciclasse, cerca de 40 rvores deixariam de ser cortadas.

    A gua que retorna aos cursos dgua, aps o uso, para poder ser consumida novamente pela populao, deve passar por vrios tratamentos, por meio de processos muito caros.

    Para piorar, usamos gua tratada para a lavagem de carro, de caladas, de ruas. Tomamos banhos demorados e lavamos a loua utilizando mais gua do que o necessrio. Sem contar os vazamentos nas torneiras e na tubulao, nos quais cada gota d gua desperdiada, em um dia inteiro de pinga-pinga, corresponde a 46 litros de gua tratada jogada fora.

    Os brasileiros desperdiam, a cada ano, metade da energia eltrica produzida pela hidreltrica de Itaipu no mesmo pero-do. No usamos bem os nossos aparelhos eltricos e lmpa-das. O uso racional da energia eltrica pode evitar novos apa-ges, gastos muito elevados com novas usinas e impactos ambientais, claro.

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    Atividade: convide um colega de trabalho e faa uma inspeo em todas as torneiras e

    vasos sanitrios da escola, para verificar se no h vazamentos e desperdcios. Registre o que observaram no memorial. Reflita e proponha alguma ao educativa na escola, com reflexo nas residncias dos alunos. Por exemplo: com a colaborao de professores, um controle dos gastos de gua das

    famlias e das respectivas contas.

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    4.1 Introduo

    Atualmente, as questes ambientais devem ser colocadas em um lugar importante no espao poltico. O assunto, de to gra-ve, deve ser conduzido na forma de um movimento social que exija a participao de todos os indivduos.

    Devemos nos lembrar que direito a um ambiente sadio e equilibrado um Direito Humano fundamental. Desse modo, as questes ambientais abrem possibilidades de influncia da sociedade, no processo de tomada de deciso poltica.

    Os impactos ambientais globalizados sobre as sociedades atuais, bem como seus reflexos para as futuras geraes, fize-ram com que o combate de natureza ambiental atravessasse fronteiras, tornando-se, tambm, globalizado.

    De acordo com a Carta das Naes Unidas e com os princpios do direito internacional, os Estados tm

    o direito soberano de explorar seus prprios recursos, conforme a sua poltica ambiental e de tal modo que as atividades realizadas dentro de sua jurisdio ou sob seu controle no prejudiquem o meio ambiente de outros

    Estados.

    A proteo ao meio ambiente, desde 1972, reconhecida como direito fundamental dos indivduos, condio neces-sria para que sejam garantidos outros direitos das geraes presentes e das geraes futuras.

    A proteo ao meio ambiente um direito individual, de cidada-nia, pelo prprio fato de a cidada-nia ser uma ligao poltica entre o indivduo e a estrutura de poder. A Constituio Federal de 1988 es-tabeleceu abertura de canais para participao efetiva na vida social, seja do cidado ou da coletividade. Afinal, s existe o regime democr-tico quando se assegura aos cida-dos o direito pleno de participar na elaborao de polticas pblicas.

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    De acordo com a Constituio, a proteo ambiental um di-reito fundamental de todos os cidados brasileiros, uma vez que o meio ambiente um bem de uso comum do povo. As-sim, direito da comunidade participar na formulao e exe-cuo das polticas ambientais. A participao do cidado na defesa do meio ambiente fundamental, porque a qualidade do meio ambiente reflete na qualidade de vida da populao.

    preciso destacar que a participao um processo perma-nente de conquista. Para que esse processo seja legtimo, efe-tivo e eficaz imprescindvel que o cidado seja bem informa-do. Quando desinformados, nossa participao fica compro-metida. Podemos no ter condies de opinar ou podemos opinar de modo equivocado.

    Nessa unidade, discutiremos a origem dos principais problemas ambientais globais e do Brasil e as formas que a sociedade possui para ajudar a combat-los. Nessa discusso, tm papel de destaque as formas de obteno de energia e o consumo.

    4.2 Energia e meio ambiente

    Podemos dizer que a totalidade da energia que utilizamos aqui na Terra provm do Sol.

    Toda a energia que utilizamos resultado da utilizao e transformao dos recursos oferecidos pela natureza, tendo o Sol como fonte primria de energia, em praticamente todos os casos.

    Antes da inveno da mquina a vapor, as pessoas queima-vam lenha para fazer o fogo em pequenas propores. Aps a introduo dessa mquina, a devastao de florestas ocorreu com grande rapidez e intensidade.

    A utilizao dos combustveis fsseis para a gerao de ener-gia pela humanidade tem aproximadamente 150 anos. Re-centemente, o crescimento da indstria automobilstica tem aumentado essa utilizao, ao pr um gigantesco nmero de veculos em circulao no planeta.

    Por outro lado, a industrializao dos pases desenvolvidos e, tambm, dos pases em desenvolvimento vem criando a

    Conhea mais sobre a histria da energia no site: http://www.memoria.eletrobras.com/index.asp

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    necessidade cada vez maior de energia, o que provoca signifi-cativos impactos negativos ao meio ambiente do planeta.

    Quando construmos uma usina para gerar energia, sempre haver algum impacto sobre o meio ambiente. As usinas hi-dreltricas, pelo alagamento das reas destinadas aos reser-vatrios de gua, modificam o ecossistema da regio. As usi-nas termeltricas causam impactos ainda mais significativos ao meio ambiente, ao consumirem combustveis fsseis no renovveis e altamente poluentes, que emitem gases preju-diciais atmosfera. As usinas termonucleares apresentam algum risco de vaza