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Processos Cognitivos
19. A Mente: processos cognitivos, emocionais e conativos
O saber, o sentir, o fazer
Os trs processos mentais so:
Os processos cognitivos, que esto relacionados com o saber, com o conhecimento,reportam-se criao, transformao e utilizao da informao do meio interno e
exterior. Associam-se questo O qu?. No mbito dos processos cognitivos est a
percepo, a memria e a aprendizagem.
Os processos emotivos, que esto relacionados com o sentir; so estados vividos pelosujeito caracterizados pela subjectividade. Correspondem s vivncias de prazer e
desprazer e interpretao das relaes que temos com as pessoas, objetos e ideias.Esto associados questo Como?. No mbito dos processos emotivos est a emoo, o
afeto e o sentimento.
Os processos conativos, que esto relacionados com o fazer; expressam-se em aes,comportamentos. Correspondem dimenso intencional da vida psquica. Esto
associados questo Porqu?. No mbito dos processos conativos esto relacionados os
conceitos de intencionalidade, tendncia e esforo de realizao.
20. O carcter especfico dos processos cognitivos
A cognio consiste no conhecimento humano e animal sob diferentes formas:
percepo, aprendizagem, memria, conscincia, ateno, inteligncia. Os processos
cognitivos so complexos, porque implicam um conjunto de estruturas que recebem, filtram,
organizam, modelam, retm os dados provenientes do meio. No mbito dos processos
cognitivos est a percepo, a memria e a aprendizagem.
Percepo
A percepo um processo cognitivo atravs do qual contactamos com o mundo, que
se caracteriza pelo facto de exigir a presena do objecto, da realidade a conhecer. Nesse
sentido, distingue-se de outros processos cognitivos, como, por exemplo, a memria. Pela
percepo, organizamos e interpretamos as informaes sensoriais (informaes veiculadas
pelos rgos dos sentidos). A percepo no um mecanismo automtico e simples de
apreenso do real, como podemos compreender ao analisar o processo perceptivo.
O processo perceptivo
O conhecimento que temos do que ocorre neste momento construdo por diferentes
sistemas sensoriais: pela viso, olfato, audio, tato, paladar e ainda pelo sentido doequilbrio e o sentido dos movimentos corporais. Os diferentes modos de interao com o
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mundo so processados paralelamente pelos sistemas sensoriais, que so sensveis a
determinados tipos de estmulos. Embora a recepo sensorial seja diferente para os
diferentes rgos dos sentidos, h elementos que so comuns, formando o chamado processos
perceptivo. Temos como processo perceptivo: a recepo do estmulo; a transformao desse
estmulo em impulsos nervosos; a descodificao desses impulsos nervosos e a resposta, que j uma interpretao da descodificao dos impulsos.
A percepo comea nos rgos receptores que so sensveis a estmulos especficos.
Ao processo de detetar e receber os estmulos nos rgos dos sentidos d-se o nome de
sensao. A maior parte das entradas sensoriais percebem-se como uma sensao identificada
com um estmulo especfico, que traduzido em impulsos nervosos que so conduzidos ao
sistema nervoso central e processados pelo crebro.
A nossa relao com o meio est condicionada pela sensibilidade dos nossos
receptores sensoriais, que diferem nas diversas espcies animais. Por exemplo, ns no vemos
os raios ultravioletas nem os infravermelhos, embora alguns insectos e pssaros possuam essa
capacidade. O mesmo se passa com a audio, o olfacto e o gosto. este primeiro contacto
que se estabelece com o meio ambiente que a sensao. Ora, a percepo mais do que a
simples captao dos estmulos: envolve a interpretao das informaes sensoriais
recebidas. Tomemos, como exemplo, o perfume que ainda se mantm na nossa roupa: a
sensao forneceu-nos a informao simples do odor; a percepo interpretou-o e deu-lhe um
sentido ao identificarmos o odor do perfume, este produziu em ns um bem-estar, que ser
acrescido se o associarmos a uma pessoa especial que nos o ofereceu. Di a diferena entresentir e percepcionar, entre sensao e percepo.
A percepo uma actividade cognitiva que no se limita ao registo da informao
sensorial: implica a atribuio de sentido, que remete para a nossa experincia. Da que um
golo seja visto de forma diferente pelo adepto da equipa que o marcou e pelo adepto da
equipa que o sofreu.
As percepes, diferentemente das sensaes, so fruto de um trabalho complexo de
anlise e de sntese, destacando o seu carcter activo e mediatizado pelos conhecimentos,
experincias, expectativas e interesses do sujeito.
A percepo como representao
Os receptores de cada sistema sensorial so especializados em determinado tipo de
informao. As informaes so enviadas para diferentes reas do crebro, onde so
representadas. Contudo, a realidade aparece-nos como um conjunto unificado e contnuo,
como se apreendessemos de forma directa tudo o que nos rodeia, o que uma iluso.
No s o processo no directo como as percepes no so cpias do mundo nossavolta. A percepo no reproduz o mundo como um espelho, o crebro no regista o mundo
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exterior tal e qual como ele ; constri uma representao mental ou imagem da realidade.
Por exemplo, a percepo visual, que a grande fonte de informao sobre o mundo, envolve
todo um processo biolgico complexo em que o estmulo visual transformado, no se
projetando no nosso crebro como um slide num ecr. Os estmulos luminosos, que
sensibilizam a nossa retina, so codificados em impulsos nervosos, que so transmitidos pelosnervos pticos s reas visuais do crtex, que os processam como uma representao.
no crebro que se vo estruturar e organizar as representaes do mundo, no
crebro que se d sentido ao que vemos e ouvimos. Por isso se diz que no crebro que se
ouve, se v, se sente o frio, o calor, os cheiros, os sabores. A informao proveniente dos
rgos sensoriais tratada pelo crebro. nesta estrutura do sistema nervoso que ganha
sentido e significado.
A interpretao da realidade
Ao analisarmos os mecanismos de percepo, conclumos que a viso que temos do
mundo no uma reproduo da realidade, mas uma interpretao. Assim, as percepes
visuais, designadamente a constncia perceptiva, fundamentam esta interpretao que
fazemos do mundo.
Constncia de tamanhopercepcionamos o tamanho de um objecto ou de uma pessoaindependentemente da distncia a que se encontre. Ora, o mesmo objecto, apresentado
a diferentes distncias, forma na retina imagens com diferentes tamanhos: quanto mais
longe est, mais pequeno parece. o crebro que interpreta os dados que recebemantendo constante o tamanho. Percecionamos um lpis como tendo o mesmo
tamanho, quer esteja a meio metro de ns ou a cinco metros.
Constncia da forma um objecto nunca forma a mesma imagem retiniana: a luz diferente, a incidncia e o ngulo do olhar so diferentes, a distncia muda, entre
muitas outras variantes, mas, no entanto, ns reconhecemo-lo. O reconhecimento
envolve sistemas elaborados em que intervm as experincias anteriores do sujeito, as
memrias armazenadas, as aprendizagens do sujeito, a capacidade para fazer
inferncias. Percecionamos sempre a roda de um automvel como redonda, mesmo que
o ngulo de viso lhe d uma forma elptica, percecionamos a porta como retangular
quando, ao abri-la, ela perde essa forma.
Constncia do brilho e da corns mantemos constante o brilho e a cor dos objectos,mesmo quando as circunstncias fsicas nos do outra informao. Percecionamos uma
casa branca em plena luz do sol e mantemos constante essa cor noite; percecionamos
o sangue sempre vermelho, a neve sempre branca, independentemente da quantidade
de luz. A memria e a experincia retm as caractersticas dos objectos, que so
actualizadas quando percecionamos mesmo em circunstncias fsicas muito adversas.
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Estes exemplos mostram que a imagem que temos do mundo construda:
corrigimos mentalmente, e de modo automtico, o contedo da nossa percepo de modo a
manter a regularidade do mundo externo. Estas caractersticas da percepo facilitam a
adaptao ao meio, dando consistncia ao mundo que nos rodeia.
A percepo , ento, um processo cognitivo complexo em que intervm as nossas
estruturas fisiolgicas (os receptores sensoriais, as estruturas do sistema nervoso) e as nossas
experincias pessoais (que do sentido e significado ao que percecionamos).
Face a um meio que nos envolve pleno de estmulos de toda a ordem, a percepo
exerce um processo de seleo que nos permite captar apenas os estmulos que nos
interessam e que so significativos para ns.
Para se compreender bem este processo cognitivo importante reconhecer a
subjectividade da nossa percepo do mundo: percebemos o meio que nos rodeia em funodos nossos conhecimentos anteriores, das nossas necessidades, dos nossos interesses, valores
e expectativas, e no de uma maneira neutra e objectiva. Alm disso, a percepo permite-
nos ir para alm do que nos dado no momento: permite-nos antecipar consequncias,
prever acontecimentos e prepararmo-nos.
O interesse sobre determinado objecto ou assunto torna-nos mais sensveis
percepo do que lhe est relacionado. Os estmulos perceptivos so selecionados pela nossa
ateno de acordo com os nossos interesses. No damos, assim, a mesma ateno a tudo o
que nos rodeia. A expectativa afeta tambm as nossas percepes podendo at levar-nos aerrar: quando estamos espera de uma pessoa frequente sermos iludidos e percecionarmos
essa pessoa noutras que passam.
Percepo social
A percepo social o processo que est na base das interaes sociais: como
conhecemos os outros e como interpretamos o seu comportamento. o modo como
percepcionamos as situaes sociais e o comportamento dos outros que orientam o nosso
prprio comportamento. A percepo social est, assim, muito relacionada com os grupossociais e com o contexto social em que a pessoa est inserida.
Percepo e cultura
A forma como percepcionamos o mundo varia com a cultura, com o contexto cultural.
O modo como um chins, um europeu, um americano ou um indiano representam o mundo
diferente. Por exemplo, as culturas que vivem sobretudo base da agricultura, sabem olhar
para o cu e prevr que, p.e., daqui a meia hora vai chover. Por outro lado, eu, que s me
preocupo com o estado climtico para saber como tenho que me vestir, olho para o cu e
consigo percepcionar se ou no possvel que chova, mas apenas isso, pois para mim, a
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importncia do estado climatrio dminuta, apenas serve para saber como me visto naquele
dia, por outro lado, para as pessoas que sobrevivem da agricultura, crucial saberem como
vai estar o tempo, para elas uma coisa muito mais importanto, ento percepcionam o
estado do tempo, o vento e o clima de uma maneira muito mais profunda, retirando muitas
informaes dessa percepo do que eu). Assim, a nossa cultura influencia a qualidade danossa percepo.
Memria
A memria a capacidade que nos permite evocar conhecimentos, lembranas,
experincias. Se perdssemos a memria, deixaramos de ser quem somos, porque o que
fomos, o que somos e o que seremos depende, em grande parte, da memria.
a nossa memria que retm conhecimentos, informaes, ideias, acontecimentos,
encontros. E este patrimnio torna-nos nicos, assegurando-nos a nossa identidade pessoal. graas memria que estruturamos o presente e que possvel pensarmos e projectarmos o
futuro. a memria que nos assegura que continuaremos a aprender novos conhecimentos,
novos conceitos, novos sentimentos e novas experincias. por termos memria que no
pousamos a mo numa chapa em brasa, que no nos aproximamos de um animal perigoso, que
paramos no semforo vermelho, que falamos, entre muitas outras coisas. Aprendemos a lidar
com o meio e a memria que actualiza, sempre que precisamos, os comportamentos
aprendidos adaptados situao. Para alm da complexidade dos processos inerentes
memria, esta est na base de todos os processos cognitivos, pelo que sem memria no h
cognio. a memria que nos permite representar o mundo.
Processos da memria
Vivemos num mundo que nos bombardeia, constantemente, com uma quantidade
imensa de informao que se traduz em estmulos. Se captssemos todos os estmulos, no
teramos possibilidade de funcionarmos como organismos. Poderemos ento dizer que
estamos programados para filtrar os estmulos e para recusar os dados que so irrelevantes.
Cabe ao crebro seleccionar o que relevante para assegurar a prpria sobrevivncia do
indivduo e da espcie. Se registssemos e recordssemos todos os estmulos, seramosincapazes de responder adequadamente ao que efectivamente importante.
A informao recebida pelos rgos dos sentidos, retida em dcimas de segundo e
em seguida processada. H, ento, um conjunto complexo de processos, os chamados
processos da memria ou processos mnsicos, que prevm: codificar a informao sensorial
(codificao); armazenar a informao (armazenamento); recuperar e utilizar a informao
no processo de interpretao e aco sobre o meio (recuperao); e esquecer (o
esquecimento).
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A codificao o primeiro processo da memria, e da qualidade desta dependem
todos os processos seguintes. Esta prepara as informaes sensoriais para serem armazenadas
no crebro. Consiste na traduo de dados num cdigo, que pode ser acstico, semntico ou
icnico (visual). A codificao reporta-se tambm aprendizagem deliberada, isto , a
aprendizagem de algo que exige esforo e que temos como objectivo declarado memorizar.Neste caso, a ateno que dedicamos s informaes a memorizar implica uma codificao
mais profunda. Depois de codificada, a informao armazenada durante um perodo varivel
de tempo.
Relativamente ao armazenamento, no h nenhum lugar no crebro onde se guarde
um acontecimento, com se de um disco de DVD se tratasse. Cada um dos elementos que
constituem a memria de um dado acontecimento est registado em vrias reas cerebrais,
em diferentes cdigos, contribuindo cada um deles para formar o acontecimento que
evocamos. Quando uma experincia codificada e armazenada, ocorrem modificaes nocrebro de que resultam traos mnsicos designados por engramas. Cada informao, cada
engrama, produz modificaes nas redes neuronais que, mantendo-se, permitem que se
recorde o que se memorizou, sempre que necessrio. Para que uma informao se mantenha
de modo permanente e estvel necessrio tempo. O processo de fixao complexo,
estando o material armazenado sujeito a modificaes contnuas.
A recuperao o processo onde se recupera a informao: lembramo-nos,
recordamos, evocamos uma informao. Neste processo temos duas fases: o reconhecimento
e a evocao. O reconhecimento onde tentamos saber se temos o conhecimento quepretendemos evocar e fazemos vrios caminhos para obter a resposta pretendida; a evocao
quando trazemos o conhecimento, a resposta, ao de cima.
O esquecimento, ao contrrio do que muitas pessoas pensam, no um defeito,
uma condio da existncia da prpria memria. A nossa memria precisa de ser renovada, no
entanto, esta tem limites, pelo que a funo do esquecimento libertar espao na memria
para a reteno de novas informaes.
Memrias
O tempo que uma recordao perdura muito varivel. No retemos, assim, todas as
informaes que recebemos durante o mesmo tempo. Esta caracterstica sugere uma
classificao da memria quanto durao: memria a curto prazo e memria a longo
prazo.
Memria a curto prazo
A memria a curto prazo uma memria que retm a informao durante um
perodo limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para memria a longo prazo. Na
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memria a curto prazo, distinguem-se duas componentes: a memria imediata e a memria
de trabalho.
Na memria imediata, o material recebido fica retido durante uma fraco de tempo
cerca de trinta segundos. Na memria de trabalho, mantemos a informao enquanto ela
nos til. Quando lemos um texto ou vemos um filme, estamos a usar a memria a curto
prazo. Retemos por momentos aquilo que lemos, ouvimos ou vimos para que quando
chegarmos ao final do texto ou do filme o possamos compreender. Por exemplo, quando
estamos a fazer um teste que tem um texto, retemos esse texto temporariamente para
podermos responder s perguntas isto a memria de trabalho.
A memria imediata e a memria de trabalho so complementares, formando a
memria a curto prazo. Qualquer informao que tenha estado na memria a curto prazo e
que se tenha perdido, estar perdida para sempre, s se mantendo se transitar para a
memria a longo prazo.
Memria a longo prazo
A memria a longo prazo um tipo de memria que alimentada pelos materiais da
memria a curto prazo que so codificados em smbolos. A memria a longo prazo retm os
materiais durante horas, meses ou toda a vida. Na memria a longo prazo h diferentes
modalidades de armazenamento da informao para diferentes registos: visual, auditivo,
olfactivo, tctil e ainda da linguagem e do movimento. Assim, diferentes reas do crebro so
activadas quando se trata de recordar informaes visuais, auditivas, motoras, etc.
Distinguem-se dois tipo de memria a longo prazo que dependem de estruturas
cerebrais diferentes: a memria no declarativa e a memria declarativa.
A memria no declarativa, tambm designada por memria implcita ou sem
registo, uma memria automtica, que mantm as informaes subjacentes questo
Como?. Por exemplo: como andar de bicicleta, como lavar os dentes, como pentear o
cabelo, etc. H actividades mais complexas que so da responsabilidade deste tipo de
memria, por exemplo, como conduzir um automvel.
Quando desenvolvemos estes comportamentos, no temos conscincia de que so
capacidades que dependem da memria. S quando comeamos a aprender que prestamos
ateno a todos os detalhes e tomamos conscincia dos vrios comportamentos que
envolvem, por exemplo, conduzir um automvel. O exerccio, o hbito, a repetio do
conjunto das prticas tornaram essa actividade automtica, relfexa. S se acede a este tipo
de memria agindo, da que tenhamos tanta dificuldade em explicar, atravs de palavras,
determinadas prticas, como, por exemplo, explicar como se apertam os atacadores das
sapatilhas. S o conseguimos explicar exemplificando.
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Muitos destes comportamentos so essenciais vida do nosso dia a dia, dispensando a
nossa ateno. Para executarmos estas actividades no precisamos de reflectir, localizarmo-
nos no tempo ou realizar algum tipo de reconhecimento, a no ser que nos perguntem onde e
quem que nos ensinou a conduzir, por exemplo. A maior parte destes comportamentos
envolvem a actividade motora. A leitura tambm faz parte deste tipo de memria: no incioda aprendizagem, soletramos slaba a slaba, palavra a palavra; depois de tanta prtica, j
lemos um texto de forma fluente e rpida.
Amemria declarativa, tambm designada por memria explcita ou memria com
registo, implica a conscincia do passado, do tempo, reportando-se a acontecimentos, factos,
pessoas. graas a este tipo de memria que conseguimos descrever as funes das reas
pr-frontais, os heternimos de Fernando Pessoa, o nome dos nossos avs, o aniversrio da
nossa me, entre muitas outras coisas.
Distinguem-se dois tipos de memria declarativa: a memria episdica e a memria
semntica. A memria episdicaenvolve recordaes, como os rostos dos nossos familiares e
amigos, as nossas msicas preferidas, factos e experincias pessoais. Da aparecer associada
ao termos autobiogrfica, porque se reporta a lembranas da nossa vida pessoal. A
memria episdica , portanto, uma memria pessoal que manifesta uma relao ntima
entre quem recorda e o que se recorda.
A memria semntica refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo, como, por
exemplo, as leis da qumica, os factos histricos, as frmulas matemticas, as regras
gramaticais, os nossos conhecimentos de lnguas estrangeiras, etc. Neste tipo de memria,
no h localizao no tempo, no estando ligada a nenhum conhecimento ou aco
especficos. Assim, sabemos que 5 x 5 = 25 este conhecimento faz parte da memria
semntica. Se, entretanto, associarmos que quem nos ajudou a aprender a tabuada do cinco
foi a nossa av, este dado j faz parte da memria episdica.
Memria construda
Quando evocamos um objecto, facto ou acontecimento, a sua representao na
memria no um reproduo fiel. Algumas representaes podem estar associadas aexperincias positivas ou negativas, o que afecta o modo como as produzimos e
reproduzimos. Pode acontecer, por exemplo, vermos um colega sorrir quando falamos na
Torre de Belm, pois poder ter ocorrido nesse local um acontecimento afectivo importante.
Isto quer dizer que as representaes implicam uma seleco da informao, a sua
codificao, a associao a experincias anteriores ou a acontecimentos relevantes.
Marcadas pela experincia, pelas emoes, pelos afectos, as representaes so
guardadas pela memria, sendo activadas sempre qe necessrio. A realidade exterior ausente
pode ser substituda por uma realidade interior mantida pela memria.
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Processo activo
Se guardarmos na memria do nosso computador um ficheiro com os trabalhos de
psicologia, esperamos recuper-los, mesmo passados alguns anos, do mesmo modo em que os
guardamos. No caso da memria humana, as coisas passam-se de forma diferente.
A nossa memria no reproduz os acontecimentos como se de um filme se tratasse. A
informao que apreendemos de um mesmo episdio da vida , j partida, diferente.
Enquadramos a informao, os acontecimentos, nos conhecimentos que j temos, no contexto
das nossas experincias e expectativas. Da que a mesma histria seja contada de diferentes
formas por diferentes pessoas, pois cada uma vai dar mais ou menos importncia a um ou
outro dado. Vai acrescentar interpretaes prprias que so reflexo da sua experincia, dos
seus sentimentos. A memria reconstri, assim, os dados que recebe dando relevo a uns,
distorcendo ou omitindo outros.
H um outro fenmeno que concorre para esta distoro ou afectao: quando os
acontecimentos esto muito marcados pela emoo, os pormenores escapam. Neste caso, o
crebro preenche estas falhas, reconstri, portanto, a memria. Quando contamos um
histria repetidamente, vamos acrescentando pormenores, tornando-a mais elaborada. s
vezes difcil distinguir o que se recorda do que na realidade aconteceu. Por tudo isto se diz
que a memria um processo activo, no sentido em que dinmico.
No temos, no entanto, coscincia deste processo. As representaes que retemos
aparecem-nos to claras que acreditamos ser a reproduo fiel do que realmente aconteceu.Assim se explica que uma mesma ocorrncia possa ser objecto de descries no coincidentes
por diferentes pessoas presentes. E tal no significa que as pessoas mintam. Isto acontece
porque as diferentes pessoas registam na memria a sua interpretao do momento afectada
por outras informaes, por sentimentos e emoes.
Memria colectiva
Assim, como a memria individual condio da identidade pessoal, h tambm uma
memria colectiva que parte integrante da identidade de cada famlia, grupo social ounao. Do passado retm-se determinados factos e esquecem-se outros: h uma seleo e
uma idealizao do passado. Assim se explica que na histria das naes e dos grupos sociais
haja um apagamento de determinados factos e a exaltao de outros, de forma a reforar os
laos sociais; que nas famlias o passado aparea como um conjunto de actos e
acontecimentos exemplares e edificantes. Os monumentos aos mortos, as cerimnias em que
se comemoram determinados acontecimentos tm como objectivo manter uma memria de
grupo que transmitida de gerao em gerao.
Esquecer para memorizar
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Podemos definir esquecimento como a incapacidade de recordar, de recuperar dados,
informaes, experincias que foram memorizados. Esta incapacidade pode ser provisria ou
definitiva.
Geralmente, associa-se ao termo esquecimento um valor negativo, sendo, muitas
vezes, considerado um falha, uma patologia da memria. Contudo, o esquecimento
essencial, a prpria condio da memria: por esquecermos que continuamos a reter
informaes adquiridas e experincias vividas. Seria impossvel conservar todos os materiais
que armazenamos, pelo que o esquecimento que nos permite adquirir novos contedos. O
esquecimento tem, assim, uma funo selectiva e adaptativa: afasta a informao que no
til e necessria, assim como os contedos conflituosos.
Habitualmente, quando falamos de esquecimentos, referimo-nos memria a longo
prazo. Na memria a curto prazo, os materiais retidos por breve perodo de tempo ou se
apagam para reter novos dados ou para passar para a memria a longo prazo.
Esquecimento regressivo
O esquecimento regressivo ocorre quando surgem dificuldades em reter novos
materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente. Este tipo
de esquecimento especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode ser devido
degenerescncia dos tecidos cerebrais. Contudo, as investigaes mais recentes mostram que
numa vida intelectualmente activa e empenhada, diminuem significativamente os efeitos do
envelhecimento.
Esquecimento motivado
Freud apresentou uma concepo de esquecimento: ns esqueceriamos o que,
inconscientemente, nos convm esquecer. Assim, os contedos traumatizantes, penosos, as
recordaes angustiantes seriam esquecidos para evitar a angstia e a ansiedade,
assegurando, assim, o equilbrio psicolgico. Este processo designa-se por recalcamento.
Segundo Freud, seria atravs do recalcamento que os contedos do inconsciente seriam
impedidos de aceder ao ego, conscincia. Este processo um mecanismo de defesa atravsdo qual pensamentos, desejos, recordaes e sentimentos dolorosos so afastados da
conscincia com o objectivo de reduzir a tenso provocada por conflitos internos. Os
contedos recalcados, esquecidos, no poderiam ser recuperados atravs de um acto de
vontade. Segundo Freud, s atravs do mtodo psicanaltico se poderia aceder s recordaes
recalcadas.
Esquecimento por interferncia da aprendizagem
As investigaes mais recentes tendem a explicar o esquecimento atravs dos
processos de interferncia: as novas memrias interferem com a recuperao das memrias
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mais antigas. Esta explicao tem vindo a substituir a concepo mais vulgar, segundo a qual
o esquecimento seria devido decadncia ou desaparecimento do trao mnsico ou engrama.
Actualmente, pensa-se que o que acontece ao material que no conseguimos recordar ter
sofrido modificaes, geralmente por efeito de transferncias de aprendizagens e
experincias posteriores. Muitas vezes, pensa-se que se esqueceu determinado contedoquando, o que se passa, que sofreu tantas transformaes que no o reconhecemos.
Aprendizagem
Os nossos comportamentos, como lavar os dentes, tomar banho, comer,
cumprimentar os nossos amigos, entre muitos outros, so aprendidos, isto , adquiridos no
processo de socializao, ao longo do tempo, em diferentes contextos. O modo como
andamos, como arrumamos as nossas roupas e livros, com cumprimentamos e sorrimos ao
outros, a linguagem, a leitura, tudo isto resulta da aprendizagem.
Podemos, definir aprendizagem como uma modificao relativamente estvel do
comportamento ou do conhecimento, que resulta do exerccio, experincia, treino e estudo.
um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se
manifesta em comportamentos.
Contudo, nem todas as mudanas de comportamento so produto da aprendizagem;
h um conjunto de comportamentos que fazem parte da nossa matriz gentica e que se
actualizam eficazmente sem exigirem aprendizagem, como pestanejar, fazer a digesto,
respirar, etc. As alteraes comportamentais que so provocadas por doenas e leses etambm fadiga, fome, ingesto de alcool ou drogas, tambm no se consideram
aprendizagem, apesar de terem como consequncia alteraes no comportamento.
Podemos afirmar que no ser humano a aprendizagem a base do conjunto de
comportamentos que o distinguem dos outros animais. O ser humano um ser inacabado,
devido ao seu programa gentico aberto, e o seu carcter prematuro que o disponibiliza
para a aprendizagem. O que parecia uma desvantagem transformou-se numa capacidade para
se adaptar ao meio de forma flexvel. A imaturidade do ser humano, que torna dependente
dos adultos durante tanto tempo, colocou no centro da sua evoluo e desenvolvimento aaprendizagem. A aprendizagem um processo cognitivo fundamental no processo de
adaptao ao meio, um processo cognitivo que nos torna humanos.
Processos de aprendizagem
H comportamentos que esto directamente relacionados com os estmulos do meio e
que so previsveis a partir da presena do estmulo. Este tipo de comportamentos insere-se
no que se designa por aprendizagens no simblicas. Outros comportamentos, como
cumprimentar as pessoas, escrever o sumrio, ler um livro, so aprendizagens simblicas,
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porque envolvem a maneira como interpretamos a realidade e como regulamos o nosso
comportamento.
Aprendizagem no associativa
Da imensa quantidade de estmulos a que estamos sujeitos em cada momento,ignoramos a maior parte deles porque nos habituamos, no lhes dando, por isso, ateno. A
habituaoconsiste, ento, em aprender a no reagir a determinado estmulo, e graas a
esta que seleccionamos do meio ambiente o que nos interessa, centrando a nossa ateno no
que essencial para ns. a habituao que nos permite acostumar a sons inicialmente
distratores e aprender a trabalhar eficientemente num ambiente ruidoso.
A sensitizao uma outra forma de aprendizagem. Enquanto que pela habituao se
aprendem as caractersticas de um estmulo sem importncia ou benigno, pela sensitizao
aprendem-se as propriedades de um estmulo ameaador ou prejudicial. Uma pessoa que seassustou com o disparo de uma pistola vai reagir mais activamente do que o normal a
qualquer rudo no minutos aps o disparo. Atravs da sensitizao, os seres humanos e os
outros animais aprendem a apurar os seus reflexos para se prepararem para a defesa ou para
a fuga.
A habituao e a sensitizao so duas formas de aprendizagem no associativa,
porque o indivduo aprende as caractersticas de um s tipo de estmulos.
Aprendizagem associativa
A aprendizagem associativa mais complexa do que a habituao e a sensitizao,
que so as formas mais simples de aprendizagem. Existem dois tipos de aprendizagem
associativa: o condicionamento clssico e o condicionamento operante.
* O condicionamento clssicoFoi o investigador russo Ivan Pavlov quem, ao estudar os reflexos digestivos do co,
descobriu uma forma de aprendizagem presente nos seres humanos e noutros animais: o
reflexo condicionado. Resumidamente, as condies da experincia que Pavlov fez foram:
apresentava a carne ao co e este salivava; em seguida, apresentava a carne acompanhada
pelo som de uma campainha e o co salivava (repetiu vrias vezes esta associao carne
mais som); no fim, ao ouvir o som da campainha, o co passou a salivar.
A descoberta que o investigador fez que um estmulo (som), que no provocava
qualquer resposta especfica, depois de associado a outro estmulo (carne), passou, por si s,
a provocar a salivao. Assim, podemos distinguir:
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Estmulo neutro estmulo que, antes do condicionamento, no produz a respostadesejada (por exemplo, o som da campainha);
Estmulo no condicionado ou incondicionado estmulo que desencadeia uma resposta
no aprendida (por exemplo, salivar com o cheiro da carne);
Resposta incondiconada resposta inata, no aprendida (por exemplo, salivar com o
cheiro da carne);
Estmulo condicionado estmulo neutro que, associado ao estmulo incondicionado,
passa a provocar uma resposta semelhante desencadeada pelo estmulo
incondicionado. (por exemplo, o som da campainha, depois de associado carne, passa
por si s a provocar a salivao);
Resposta condicionada resposta que, depois do condicionamento, se segue ao
estmulo, que antes era neutro (por exemplo, salivar quando ouve o som da campainha);
Podemos dizer que o co aprendeu a salivar ao som da campainha. Este tipo de
aprendizagem, que se designa por condicionamento clssico (ou respondente, ou pavloviano),
est presente quer nos animais, quer nos seres humanos. uma aprendizagem que no
envolve a vontade do sujeito: o sujeito passivo.
So vrios os exemplos de comportamentos humanos aprendidos por condicionamento
clssico. Por exemplo, se apanhmos um choque ao ligar um candeeiro, passaremos a sentirreceio quando no aproximamos dele.
Nas suas investigaes, Pavlov constantou que a resposta condicionada podia ser
extinta: se o estmulo condicionado fosse apresentado vrias vezes sem ser seguido do
estmulo incondicionado, a resposta condicionada acabava por desaparecer.
* O condicionamento operanteO investigador norte-americano Rufus Skinner desenvolve uma experincia que o vai
conduzir descoberta do modo como tantas das nossas aprendizagens se processam e se
mantm.
Para controlar melhor as variveis da experncia, criou um dispositivo experimental
que tem o seu nome, a caixa de Skinner, que apresenta um dispositivo automtico que
liberta o alimento quando accionado. O investigador realizou, ento, a seguinte experincia:
colocou um rato esfomeado na caixa operante ou caixa de Skinner; o animal explora o
ambiente cheirando, deambulando no interior da caixa; por acaso, acciona a alavanca
recebendo uma poro alimento; a partir de vrias tentativas bem-sucedidas, o rato passa a
premir a alavanca para receber alimento.
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Esta experincia mostra que o rato aprendeu a obter alimento: graas ao reforo
(consequncia positiva), o animal aprendeu a carregar na alavanca. No caso de se suspender o
reforo, a resposta aprendida extingue-se. Relativamente ao reforo, podemos abordar trs
conceitos:
Reforo estmulo que, por trazer consequncias positivas, aumenta a probalidade de
uma resposta ocorrer. O reforo pode ser positivo ou negativo.
Reforo positivo estmulo que tem consequncias positivas, agradveis, e que se
segue a um dado comportamento (por exemplo, o alimento o reforo positivo que
leva o rato a carregar na alavanca);
Reforo negativo o sujeito evita uma situao dolorosa, se se comportar de
determinado modo. a eliminao do estmulo que permite evitar a situao dolorosa(por exemplo, Skinner colocou o rato numa caixa cujo cho produzia choques
elctricos que eram eliminados se uma alavanca fosse accionada - rato aprendia que
para evitar dor deveria premir a alavanca).
Quer o reforo positivo quer o negativo tm as mesmas consequncias: fortalecer,
aumentar a ocorrncia de um comportamento. Os dois tipos de reforo aumentam a
probalidade de que a resposta ocorra.
importante distinguir reforo negativo e castigo. O castigo um procedimento que
diminui a probalidade de ocorrer um resposta atravs do recurso a um estmulo aversivo. O
castigo ou punio infligido quando no h uma resposta ou quando a resposta no a
desejvel. Por exemplo, uma multa devida a uma infraco de trnsito visa evitar que o
comportamento indesejvel se repita. Assim, enquanto o reforo negativo visa aumentar a
ocorrncia do comportamento, o castigo visa diminuir ou evitar que um comportamento no
desejvel se repita.
A recompensa o procedimento ou estmulo usado para aumentar a probalidade de
resposta - correspondente ao reforo positivo do condicionamento operante.
Em sntese:
Condicionamento clssico Condicionamento operante
EstmulosAssociao entre estmulosneutros e incondicionados.
O comportamento acompanha-do de consequncias positivas.
Natureza docomportamento
Reflexos, respostasautomticas.
Comportamentos aprendidos,adquiridos.
Tipo de resposta Involuntria. Voluntria.
Papel do sujeito Passivo; o comportamento dosujeito mecnico.
Activo; o sujeito opera para obtersatisfao e evitar dor.
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Os novos conhecimentos podem aumentar e enriquecer os esquemas cognitivos
preexistentes, podem modific-los ou podem suscitar a criao de novos esquemas. Contudo,
este processo complexo, porque os esquemas cognitivos no so como as formas dos bolos
onde se deita a massa; so estruturas dinmicas que proporcionam os conhecimentos que j
possumos e integram os conhecimentos novos. S h aprendizagem se houver esta relao,este processo de integrao.
* Aquisio de procedimentos e competnciasPara executarmos uma determinada tarefa, temos de desenvolver um conjunto de
aces concertadas, que se designam por procedimentos. Na competncia escrita, implica a
identificao das letras, das slabas e a coordenao motora que permite que as desenhemos.
Se hoje conseguimos escrever com rapidez, tal deve-se ao facto de termos exercitado muito
um conjunto de aces que nos permitem escrever rapidamente e de forma automtica. Talcomo a escrita, a leitura uma competncia que exigiu um conjunto de procedimentos que a
tornaram automtica.
Sempre que surge a necessidade de aprender algo de novo, uma nova competncia,
mobilizamos os esquemas gerais relacionados. Assim, se, por exemplo, precisarmos de
aprender a andar de mota, vamos recuperar, da nossa memria a longo prazo, o que sabemos
sobre andar de bicicleta. Aplicamos os esquemas gerais desta competncia nova tarefa,
fazendo as adaptaes necessrias, integrando os novos elementos que nos permitem ser
eficazes. Com a repetio, vamos progressivamente corrigindo as aces inadequadas erepetimos as que avaliamos como adequadas, at o processo se tornar automtico. A partir de
a, andar de mota passar a fazer parte da memria a longo prazo. Fica assim assegurado
que, mesmo daqui a muito tempo, podemos recuperar este saber fazer.
Como aprendemos, quando aprendemos
A aprendizagem um processo cognitivo que implica que o ser humano interaja com o
meio, a partir da sua experincia de vida. Para se adaptar, cada um de ns tem de gerir a
informao que recebe, tendo em conta as solicitaes da situao e as informaes que j
possumos. Assim se explica que, face a uma mesma situao, diferentes pessoas aprendam
de forma diferente e que o resultado da aprendizagem seja tambm diferente. que a
aprendizagem um processo pessoal, que envolve a totalidade da pessoa: o seu pensamento,
as suas emoes, os seus sentimentos e afectos, a sua histria de vida.
Ao aprender, modificamo-nos e reorganizamo-nos interiormente. O modo como
integramos uma informao ou conhecimentos novos resulta de uma sntese entre o que
somos e o que sabemos, entre as representaes do mundo que possumos e o que se nos
apresenta de novo. isto que explica que uma mesma informao tenha significados
diferentes para diferentes sujeitos. Da que no se possa ensinar a mesma coisa do mesmo
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modo a todas as pessoas; assim se explica por que razo no aprendemos da mesma maneira
as mesmas coisas, mesmo que a informao seja a mesma.
A motivao
Sabemos, por experincia prpria, que se aprende melhor e mais depressa se tivermosmotivao, se estivermos interessados por um assunto ou tema. Motivados, temos uma
atitude activa e empenhada no processo de aprendizagem e, por isso, aprendemos melhor.
Contudo, a relao entre a aprendizagem e a motivao dinmica: frequente
interessarmo-nos, empenharmo-nos, quando comeamos a aprender. Por essa razo, no
devemos resistir ao investimento em aprendermos determinado assunto s porque, partida,
no nos interessa, pois a motivao pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.
Os conhecimentos anteriores
Os conhecimentos anteriores que possumos sobre um assunto podem condicionar a
nossa aprendizagem. H conhecimentos, aprendizagens prvias, que, se no tiverem sido
concretizados, no nos permitem aprender. Da, ouvirmos frequentemente dizer que no se
consegue ter sucesso numa determinada matria porque faltam bases. Uma nova
aprendizagem s acontece quando o material novo se incorpora, se relaciona, com os
conhecimentos e saberes que possumos. Por isso, os programas escolares da diferentes
disciplinas tm de ter em conta o que nos anos anteriores foi leccionado.
A quantidade de informao
A nossa possibilidade de aprender novas informaes limitada: no podemos
integrar grandes quantidades de informao ao mesmo tempo. Por essa razo, necessrio
proceder-se a uma seleco da informao relevante, organizando-a de modo a poder ser
gerida em termos de aprendizagem. Principalmente agora, que vivemos numa poca em que
circula tanta informao, e em que to fcil aceder a ela, mais se justifica a necessidade de
rigor na sua seleco.
A diversidade das actividades
Sabe-se que, quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais
diferenciadas forem as tarefas, maior a motivao e a concentrao e melhor decorre a
aprendizagem.
A planificao e a organizao
A forma como aprendemos pode determinar, em grande parte, o que aprendemos. A
definio clara de objectivos, a seleco de estratgias, a planificao e a organizao do
nosso trabalho por etapas, so essenciais para uma aprendizagem bem-sucedida. Para alm
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da eficcia, a planificao e a organizao promovem o controlo dos nosso processos de
aprendizagem e, desse modo, a autonomia.
A cooperao
A forma como cada um de ns encara um problema e a forma de o solucionar diferente. Da que determinados tipos de problemas sejam mais bem resolvidos e a
aprendizagem seja mais eficaz se trabalhamos de forma cooperativa com os outros. So as
diferentes perspectivas face a um problema que podero sugerir diferentes alternativas para
a sua resoluo. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a interaco e a ajuda mtua,
possibilita a resoluo de problemas complexos de forma mais eficaz e elaborada.